Fibra Nº 3

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Director: Jorge Fiel

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José Matias, business director da Compuware

A capacidade de entender

“O que nós trazemos aos nossos clientes é a capacidade de entender, pelos olhos do utilizador, qual é o desempenho que está a ter de um determinado serviço”, explica José Matias, 35 anos, director de negócio da Compuware

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Mensal

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Ano I

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N.º 3

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Março de 2011

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8 euros

O novo agregador das comunicações

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A guerra das patentes

Em nome da defesa da propriedade intelectual, os fabricantes de software estão a processar-se uns aos outros. Ninguém fica de fora: Apple, Microsoft, HTC, Nokia, Motorola. Não passa uma semana sem um processo. É a grande guerra das patentes das tecnologias usadas nos smartphones

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LTE everywhere

Tudo leva a crer que a LTE satisfará as necessidades infindáveis dos clientes, sempre em busca de larguras de banda que lhes permitam um acesso online / everywhere / anywhere a todo o tipo de conteúdos, em tempo real. Os pontos de vista dos especialistas

Diogo Vasconcelos, presidente da APDC

O grande desafio é passar do e-gov para o we-gov Pág. 31



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Destaques

EDITORIaL

O Magalhães fez os nossos filhos mais inteligentes?

O novo agregador das comunicações

Director-geral João David Nunes jdn@briefing.pt Director Jorge Fiel jf@briefing.pt Directora de Arte Patrícia Silva Gomes psg@briefing.pt Editor Executivo Hermínio Santos hs@briefing.pt Editor Online António Barradinhas ab@briefing.pt Redacção Av. Infante D. Henrique, 333H, 44 1800-282 Lisboa Directora de Marketing Maria Luís T. 925 606 107 ml@briefing.pt Distribuição por assinatura Preço: 85€ (12 edições) assinaturas@briefing.pt Tiragem média mensal: 2.500 ex. Depósito legal: 321206/10 N.º registo ERC: 125953 Editora Enzima Amarela - Edições, Lda Av. Infante D. Henrique, 333H, 44 1800-282 Lisboa T. 218 504 060 • F. 210 435 935 fibra@briefing.pt • www.fibra.pt Propriedade Boston Media – Comunicação e Imagem, SA Impressão: Sogapal, Rua Mário Castelhano, Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena

Comunicação, Design e Multimédia Av. Marquês de Tomar, 44-7 1050-156 Lisboa Tel: 217 957 030 geral@motioncreator.net

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Bill Gates fez sempre questão de impor aos filhos limites de tempo ao uso diário da internet e computador. A net é uma invenção maravilhosa, mas o que é demais é moléstia. Num primeiro esboço do balanço científico da experiência portuguesa de massificação da banda larga nas escolas, um grupo de investigadores da Carnegie Mellon University tira a conclusão preocupante de que esse esforço prejudicou os resultados escolares – entre 2005 e 2009 as notas baixaram 6,3 por cento. “É óptimo os estudantes terem acesso à tecnologia mas ela não é o mais importante para ter sucesso escolar. O mais importante é ter bons professores e uma escola onde as pessoas se sintam estimuladas a estudar”, chama a atenção Diogo Vasconcelos, 42 anos. “O Magalhães transformou-se num problema político. Não houve tempo para experimentar, tirar conclusões e depois massificar. Creio que foi mais uma opção política do que educativa”, acrescenta o homem que à frente da APDC ensaiou, com sucesso, uma nova narrativa para o sector das comunicações e tecnologias da informação. Será que o Magalhães tornou os nossos filhos mais inteligentes? O debate está escancarado.

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COmO É TRaBaLHaR Em...

“bora aí jogar uma partida de matraquilhos?”

Uma mesa de matraquilhos sempre à disposição – e que dispensa a introdução de chapa na ranhura. Todos se tratam por tu, num ambiente informal em que a gravata foi banida. Sejam bem-vindos à Google Portugal, que paga pequenos-almoços, almoços e jantares aos seus colaboradores – e também comparticipa na mensalidade do ginásio. E há sushi duas vezes por mês

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PmE

Inquérito IBM: Para a frente é que é o caminho

Oito em cada 10 PME não têm dúvidas: inovação e crescimento são as suas prioridades para este ano de 2011. Apenas 21 por cento aposta estrategicamente na redução de custos e no aumento da eficiência. De acordo com um estudo levado a cabo pela IBM, 62 por cento dos 2112 decisores de PME inquiridos planeia aumentar os orçamentos das TI nos próximos 12 a 18 meses, com o objectivo de extrair da informação o conhecimento que permita tomar melhores decisões

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PaSSEIO PÚBLICO

Filipa sabe piano e podia ter sido soprano

Filipa Carvalho, directora jurídica e de regulação da Sonaecom, aprendeu piano e é dotada de excelentes ouvido e voz, pelo que não espanta que tenha sonhado ser uma soprano, como Callas ou Agnes Baltsa. Acabou por cursar Direito e completar o MBA com uma pós-graduação feita em cenário real de guerra: a OPA da Sonaecom, que ela classifica como “um momento super desafiante, que mudou o sector e fez mais pela banda larga e a televisão em Portugal do que qualquer regulador”

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RESTaURanTE

Fazer figura em cima de Santa Apolónia

Bem perto do Museu de Artilharia, e do Estado-Maior do Exército, mesmo por cima da estação de Santa Apolónia, ao cimo de uma ladeira, fica o restaurante Faz Figura. Num sítio destes, escusado será dizer, a vista é deslumbrante – sobre o rio, a ver-se a outra margem. Por alguma razão se chama Rua do Paraíso. Manuel Falcão foi lá e gostou do que comeu

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O mUnDO à mInHa PROCURa

Tiago relaxa dos treinos a jogar PES na PSP3

Tiago Pires, 30 anos, o melhor surfista português de sempre, anda com uma robusta Canon G 10, relaxa dos treinos jogando PES na PSP3, ouve Metallica, Pearl Jam ou The Killers no seu iPod touch, anda sempre com um Macbook debaixo do braço e um Blackberry da TMN no bolso Março de 2011

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debate

No Fibra 1, Eduardo Cintra Torres levantou 10 questões sobre a RTP e o serviço público de televisão. Até ao fim do ano vamos procurar respostas a essas perguntas

2011 Deve a RTP manter dois canais internacionais, quando um chega

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Luís Gonçalves da Silva docente na Faculdade de Direito de Lisboa e ex-vogal da ERC

Francisco Rui Cádima docente na FCSH-UNL

Francisco Sena Santos jornalista e docente na ESCS

Ricardo Jorge Pinto jornalista e docente na Universidade Fernando Pessoa

Antes de mais, importa sublinhar que entendo que o modelo de serviço público deve ser urgentemente objecto de profunda reflexão e consequente adaptação, de modo a obter equilíbrio financeiro e a não continuar a onerar excessivamente os portugueses, como tem acontecido. Um bom exemplo da desadaptação do serviço público é o que se passa com os dois canais internacionais RTP África e RTP I, cuja prestação deve ser melhorada. Aliás, considero que estes canais não têm tido a atenção devida por parte de todos nós – incluindo os responsáveis da RTP –, apesar da sua importância para a língua e cultura nacionais. No entanto, o serviço público tem de ser visto como um todo, de forma integrada, pelo que constituiria um erro, antes de ser objecto de reflexão, introduzir modificações avulsas sem (re)definir os objectivos e uma estratégia geral para os alcançar. Há um ponto que considero essencial: o modelo de serviço público – incluído o da radiodifusão sonora – tem de ser (re)dimensionado de acordo com as capacidades financeiras do país, abstendo-se de concorrer com os canais privados e, deste modo, falsear a concorrência. Em suma, é absolutamente necessário, aproveitando a reconhecida qualidade dos profissionais da RTP, fazer serviço público de acordo com a capacidade financeira de Portugal e recentrá-lo nos seus objectivos naturais. É que mais importante do que saber o serviço público que queremos, é saber o serviço público que financeiramente podemos ter.

Hoje em dia, na era da hiper-fragmentação do sistema televisivo, se há, em teoria, serviço público de televisão que tenha ainda uma legitimidade quase indiscutível, é justamente na oferta internacional, desde que devidamente enquadrada pelas políticas de defesa da língua, da cultura lusófona e do marketing turístico e cultural português. Diria que é mesmo neste âmbito onde mais se poderá fazer sentir a ausência do audiovisual público, uma vez que em termos de prestação de serviço público através das redes generalistas nacionais, o cumprimento da missão é hoje bastante menos relevante e necessário, e, historicamente, sempre foi um verdadeiro embuste. A não ser no segundo canal, que, esse sim, se aproxima mais do conceito e da missão estabelecida no contrato de concessão. Basicamente, concordo com o deputado Paulo Pisco, do Partido Socialista, que no ano passado considerava os canais internacionais da RTP Internacional como projectos “sem ambição, um desperdício de recursos e oportunidades para chegar aos luso-falantes”. Havendo agora subdivisão da distribuição, melhor seria economizar nesta matéria e prescindir da RTP África, passando esses conteúdos (melhor seria “outros” conteúdos) para uma janela específica da RTP I.

Mais do que discutir a RTP, estimula-me é a discussão sobre o que deve ser o Serviço Público (SP) de televisão e de rádio, pago pelos contribuintes. Entendo que SP é algo que está muito para além do mercado e da preferência imediata da audiência. A sociedade merece que não seja o mercado o único a ditar o que podemos “ouver”. O SP deve surpreender a audiência, pô-la a pensar, a questionar as ideias adquiridas. Deve cumprir as exigências que são óbvias: independência, pluralismo, imparcialidade. Deve ser audacioso e tratar os temas difíceis com inteligência. Tem de ser capaz de enfrentar riscos. Incluindo o de, às vezes, se dirigir a públicos minoritários. Não concebo o SP sem, por exemplo, programas que cultivem o gosto por todas as músicas. E para todas as outras artes. Não concebo o SP sem que este seja um viveiro de criadores e uma fábrica de formas. Não concebo o SP sem sábia programação infantil e juvenil – lembro a “Rua Sésamo”, alfabetizadora de milhões de crianças, com origem no SP nos EUA. É evidente que desejo que o SP seja muito mais. Lastimo que a informação falhe o mergulho a fundo no mundo lusófono. Desejo mais e melhor SP. Aspiro um canal como o Arte, para o mundo lusófono. A insuflar alento ao mundo lusófono. É caro? Não, se for bom investimento em Portugal.

A vossa pergunta chegou-me grávida, porque já traz uma resposta lá dentro. Ao dizer que “um chega”, referindo-se aos dois canais internacionais da RTP, pressupõe um excedente, numa visão típica do paradigma comunicativo da massificação. No sistema de comunicação global em que vivemos, parece obsoleta a solução de canais de difusão internacional (porque a difusão por cabo e satélite faz com que todos possam ser canais internacionais). A verdade é que vários países parecem continuar a apostar em veículos comunicativos de afirmação internacional sejam eles de base estatal ou privada (ex. BBC International, France 24, CNN, Aljazeera, Sky News). Neste caso, a decisão de utilizar canais públicos de televisão num formato internacional parece obedecer a uma estratégia de afirmação política (que pode ser questionada, mas não rejeitada). O uso de um único canal, ou de vários canais, pertence à lógica editorial, onde a tendência é, desde os anos 70, segmentar audiências através do uso de vários canais (sem multiplicação de conteúdos). Assim, a minha resposta é: dois é pouco.

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O novo agregador das comunicações


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ENTREVISTa

Filipe Santa Bárbara jornalista

“Compu quê? Era isto que os clientes perguntavam. O grande desafio da Compuware quando chegou a Portugal foi fazer com que o seu brand se tornasse conhecido. A equipa que abriu o escritório fez um trabalho excelente”, afirma José Matias, 35 anos, director de negócio em Portugal da multinacional nascida em Detroit e que está no nosso país desde 1996. Para este ano, as expectativas são positivas

José Matias, business director da Compuware Portugal

Ramon de Melo

“Somos uma referência”

Fibra | Como é que a Compuware intervém no mercado português? José Matias | A Compuware intervém no mercado português exactamente nas mesmas áreas em que intervém mundialmente. Nasce como uma empresa de ser6

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viços que geria áreas de sistemas de informação de grandes empresas, originalmente muito ligadas ao sector automóvel… Fibra | Tem a ver com a cidade onde nasceu… JM | Exactamente, daí a Com-

puware ser uma das poucas empresas sediadas em Detroit, senão a única empresa de tecnologia de alguma dimensão sediada na cidade. É assim que vive durante cerca de uma década: como uma empresa de serviços. Na década de 80 começa a desenvolver um O novo agregador das comunicações


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conjunto de soluções e ferramentas para resolver problemas que foram sendo encontrados nos clientes. Começámos, então, a criar soluções que acabaram por criar duas unidades de negócio: uma como fabricante de software e a outra como prestador de serviços. Ainda no fim da década de 80 e início de 90, faz-se a fusão de ambas as unidades tornando a Compuware naquilo que ela é hoje – um fabricante de software. Originalmente, a empresa trabalhava exclusivamente a área de mainframe, pelo que, na década de 90, através de aquisições e desenvolvimento interno, nascem as outras áreas de actividade onde a Compuware se insere hoje. São elas, por um lado, a área de application performance management, por outro, a área de IT Portfolio Management.

“A Compuware conta com parceiros de grande dimensão, nacionais e internacionais. Fruto de parcerias internacionais destacaria a Cisco, a Accenture e a Capgemini. No caso nacional, a Novabase tem um peso muito relevante naquilo que é o nosso trabalho diário”

Fibra | Qual é a ligação que Portugal tem com a casa mãe em Detroit? JM | A Compuware Portugal é uma subsidiária da casa mãe. Fibra | Em Portugal só actuam na área comercial? Vendem as soluções da casa mãe? JM | Exactamente, é uma subsidiária no terreno, portanto, tem em Portugal todas as áreas que a empresa tem na sede, no seu país de origem, em todos os países onde opera. Temos aqui em Portugal a área de vendas, assim como temos a área de execução. Fibra | Quais são os principais parceiros da Compuware em Portugal? JM | A Compuware conta com parceiros de grande dimensão, nacionais e internacionais. Fruto de parcerias internacionais destacaria a Cisco, a Accenture e a Capgemini. No caso nacional, a Novabase tem um peso muito relevante naquilo que é o nosso trabalho diário. Algumas empresas mais pequenas como a Visionway ou o IT Peers, empresas especializadas em determinadas temáticas, vão trabalhando connosco no dia-a-dia, no mercado português. O novo agregador das comunicações

“O nosso pilar principal de actividade está à volta da temática de Application Performance Management, soluções que permitem aos nossos clientes identificar de forma muito orientada aquilo que se está a passar com os serviços que eles prestam aos seus clientes”

Fibra | Que produtos é que a Compuware oferece aos clientes? JM | O nosso pilar principal de actividade está à volta da temática de Application Performance Management, soluções que permitem aos nossos clientes identificar, de forma muito orientada, aquilo que se está a passar com os serviços que eles prestam aos seus clientes, ou seja, ter a capacidade de perceber, pelos olhos de quem usa, qual é a qualidade de serviço que estão a prestar, bem como, a partir dessa informação, conseguir rapidamente identificar e resolver os problemas de desempenho ou disponibilidade aplicacional que possam surgir. O segundo pilar é a área de IT Portfolio Management: ter a capacidade de ajudar os nossos clientes a gerir e priorizar o que têm para fazer e executar correctamente e reportar sobre o que fazem. Por fim, também actuamos no mainframe, a nossa área tradicional. Fibra | Qual é hoje a aposta estratégica da empresa? JM | Definindo o que é a estratégia da empresa hoje, destacaria a área de Application Performance Management. Exemplificando: se nós formos a um cliente, um operador de telecomunicações, por exemplo, e se estamos a utilizar um terminal, seja ele qual for, para aceder a uma determinada aplicação e ela não funciona, ou há partes da informação que estou a pedir e que não aparecem, a nossa tarefa é fazer com que os nossos clientes saibam disto. O que nós trazemos aos nossos clientes é a capacidade de entender, pelos olhos do utilizador, qual é o desempenho que está a ter um determinado serviço.

“No início de Abril vai dar-se o kick off mundial da Compuware para o novo ano fiscal onde esperamos algumas mudanças, no sentido de levar as nossas soluções a patamares cada vez mais elevados, naquilo que é a capacidade de endereçarmos os desafios que os clientes sentem no dia-a-dia”

Fibra | No fundo fazem uma avaliação do desempenho do serviço… JM | Exactamente. Depois de ganhar visibilidade e entender qual é o comportamento do serviço, vou ter certamente problemas. Então, a segunda fase da análise é solucionar esses problemas.

>>> Março de 2011

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ENTREVISTa

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Fibra | Como foi a entrada no mercado português? Quais as principais dificuldades? JM | Começou desde logo pelo nome. Nalguns casos, quando chegamos aos clientes perguntam “Compu quê?”. Este foi o grande desafio da Compuware quando chegou a Portugal, fazer com que o seu brand se tornasse conhecido. Neste caso, a equipa que abriu o escritório português, e ainda estão cá muitos deles, fizeram um trabalho excelente. A Compuware tornou-se uma referência em todas as áreas onde actua.

“Internacionalmente a área de telecomunicações é um segmento relevante para a Compuware. Historicamente, no caso da subsidiária portuguesa, estaria a esconder se dissesse que também o é. Não tem sido, mas é claramente uma aposta estratégica da Compuware para o nosso futuro a curto e médio prazo”

Fibra | Qual a facturação em Portugal? JM | A empresa fala em números no final do ano fiscal, que está para breve. Posso, no entanto, dizer que a subsidiária portuguesa, nos últimos três, quatro anos, tem cumprido os seus objectivos. Aparentemente, este ano não vai ser excepção. Fibra | Tem alguma colaboração com as universidades portuguesas? JM | Temos vindo a desenvolver alguns contactos com algumas universidades, no sentido de endereçar duas coisas: a primeira, a identificação de recursos e a partilha daquilo que é a nossa tecnologia e o valor que ela pode dar aos nossos clientes nas universidades, (portanto, a criação de laboratórios nalgumas universidades que permitam aos alunos ter contacto com a tecnologia da Compuware tão cedo quanto possível); a segunda vertente, um pouco mais pedagógica, é a ligação entre processos, metodologias e ferramentas. Ou seja, recorrer ao conhecimento que alguns núcleos e grupos de investigação dentro de universidades têm, em processos à volta destas áreas de tecnologia, e utilizar essa experiência e conhecimento para, em conjunto com a nossa tecnologia, tentar criar ofertas para o mercado. Fibra | Então e ligação aos mercados PALOP? JM | Existe uma ligação da Compuware, mas não existe uma liga-

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ção da Compuware Portugal. Esses países são geridos a partir da África do Sul. Fibra | Recentemente a Compuware foi distinguida com o galardão major vendor atribuído pelo IDC. O que é que isso representa para a empresa? JM | Essa distinção, como qualquer outra distinção que a Compuware recebe, como a da Gartner, por exemplo, significa o reconhecimento do trabalho de uma equipa de pessoas que internacionalmente trabalha diariamente no sentido de ajudar os nossos clientes a resolver problemas. Fibra | Qual o futuro da Compuware? JM | No início de Abril vai dar-se o kick off mundial da Compuware para o novo ano fiscal onde esperamos algumas mudanças, no sentido de levar as nossas soluções a patamares cada vez mais elevados, naquilo que é a capacidade de endereçarmos os desafios que os clientes sentem no dia-a-dia. Fibra | As operadoras de telecomunicações, tanto em Portugal, como no estrangeiro, são importantes, em termos de receitas, para a Compuware?

JM | Internacionalmente a área de telecomunicações é um segmento relevante para a Compuware. Historicamente, no caso da subsidiária portuguesa, estaria a esconder se dissesse que também o é. Não tem sido, mas é claramente uma aposta estratégica da Compuware para o nosso futuro a curto e médio prazo. Queremos estar presentes de uma forma mais vincada no sector das telecomunicações, o que aliás já fazemos a partir deste escritório onde está, não apenas a subsidiária portuguesa, mas também a gestão da Europa de Leste, do mercado do Médio Oriente e Norte de África. Nestes mercados, em particular no mercado do Médio Oriente, os operadores de telecomunicações têm um peso muito grande na nossa facturação. Destacaria até a Vodafone como um grande cliente internacional da Compuware nesta área. Fibra | Quais as grandes tendências do mercado português para os próximos anos? JM | Não vejo as tendências do mercado português tão diferentes das do mercado internacional. Até diria que, da experiência partilhada que temos no escritório, concluímos que, nalguns casos, a maturidade dos clientes portugueses é bastante elevada.

PERFIL

As motas são uma paixão José Matias iniciou a sua experiência profissional em 1994 na área técnica da ControlData passando, posteriormente, para a área comercial, onde decidiu apostar mais fortemente. Há quase oito anos na Compuware Portugal, o business director português confessa-se um “homem de hobbies”. É apaixonado por motas, principalmente as BMW, e pela fotografia, tendo sido distinguido em alguns concursos. Relativamente a leituras, confessa que “gosta muito de ler sobre o mundo”, destacando o seu livro preferido: “Uma Breve História de Quase Tudo”. Pai de um menino e uma menina, de cinco e sete anos, respectivamente, considera muito difícil dizer qual o seu gadget favorito. Mesmo assim consegue destacar dois: a caneta LightScribe Pulse e o iPad.

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Uma visão portuguesa do Mundo global Somos uma Consultora de Comunicação exclusivamente portuguesa e independente. Percebemos Portugal e os portugueses, as companhias e instituições, como ninguém. É exatamente por isso que os nossos Clientes contam connosco para se afirmarem internacionalmente. Gerimos diariamente programas de Comunicação em 13 outros países.

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Cloud computing

A desmaterialização dos serviços O mercado vai privilegiar a desmaterialização de serviços e dados que serão executados/armazenados em servidores e darão aos utilizadores maior segurança, custos menores e maior flexibilidade no acesso à informação

Uma das tendências que se perspectivam para 2011 é a afirmação da cloud computing. Já com alguma expressão, em termos quantitativos no âmbito das Tecnologias de Informação e Comunicações (TIC), a cloud computing tem registado crescimentos muito acentuados em alguns sectores de actividade. O mercado vai privilegiar cada vez mais a desmaterialização de serviços e dados que serão executados/armazenados em servidores e darão aos utilizadores maior segurança, custos menores, e maior flexibilidade no acesso à informação. A Vodafone dispõe de um conjunto alargado de serviços disponibilizados em cloud computing e dirigidos ao mercado empresarial e vai continuar a investir no sentido de lançar novas ofertas neste formato e manter-se na vanguarda da inovação no mercado. É de esperar a crescente adopção por parte das empresas deste tipo de serviços, de que são exemplo as soluções Vodafone One Net e Vodafone Web Tools, lançadas em Setembro de 2010, ambas baseadas nesta nova arquitectura de sistemas. A utilização desta tecnologia apresenta um conjunto de vantagens que rapidamente as empresas podem alavancar em termos de processos de negócio e competitividade, permitindo assim uma relação positiva de custo/benefício. O Vodafone One Net é uma solução inovadora de comunicações para empresas que integra todos os serviços de voz fixa, voz móvel e internet fixa, disponibilizando no telemóvel funções avançadas de gestão de chamadas, até aqui apenas disponíveis em centrais telefónicas, e que dispensa as empresas dos investimentos associados à aquisição e manutenção deste tipo de equipamentos. 10

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“Para além dos preços competitivos e da poupança de custos, a completa integração do telefone fixo com o telemóvel coloca as comunicações ao serviço da empresa sem restrições de locais, tecnologias ou custos, o que é disruptivo face aos produtos da concorrência”

“O Vodafone One Net não tem custo de investimento inicial e, mediante uma mensalidade única por utilizador e escritório, todas as comunicações entre fixos e móveis da empresa custam zero”

Este serviço permite ainda acrescentar utilizadores, números de telefone ou escritórios, dando flexibilidade às empresas para competir num mercado cada vez mais dinâmico. Com uma gestão simples e facilitada o Vodafone One Net permite personalizar e controlar o serviço fixo e móvel através de um simples portal de selfcare. As empresas passam também a ter um único fornecedor para todos os serviços de comunicações, com as vantagens que daí resultam. Para além de apresentar preços muito competitivos e de permitir poupança de custos, a completa integração do telefone fixo com o telemóvel, realizada pela primeira vez pela Vodafone com esta solução, coloca as comunicações ao serviço da empresa sem restrições de locais, tecnologias ou custos, o que é disruptivo face aos produtos da concorrência. O Vodafone One Net não tem qualquer custo de investimento inicial e, mediante uma mensalidade única por utilizador e escritório, todas as comunicações entre utilizadores fixos e móveis da empresa custam 0 euros, assim como as comunicações de números fixos no escritório para a rede fixa nacional, mesmo as efectuadas a partir de um telefone móvel. Adicionalmente, a Vodafone assegura toda a implementação, manutenção e suporte do serviço, o que permite à empresa poupar também nos custos operacionais. Para além das vantagens de redução de custos e aumento de eficiência, as PME passam a poder usufruir de funções avançadas de gestão de chamadas que tipicamente, estão apenas disponíveis em centrais telefónicas de empresas de grande dimensão. E, dada a elevada necessidade de mobilidade neste segmento, as funciona-

Sofia Mendes directora de Marketing Empresarial da Vodafone Portugal

lidades dos telefones fixos estão disponíveis de igual forma nos telefones móveis, bem como em todos os escritórios, independentemente do número de colaboradores em cada local, sem necessidade de investimentos nem custos de manutenção. Adicionalmente, através das soluções Vodafone Web Tools, profissionais e empresas têm à sua disposição um conjunto inovador de soluções de segurança, email, alojamento, domínios e criação de websites personalizados. A aposta em serviços baseados em cloud computing desenhados à medida do segmento empresarial vai permitir à Vodafone reforçar a sua posição de liderança neste mercado e continuar a contribuir para o aumento da produtividade das empresas em Portugal. O novo agregador das comunicações


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Como é trabalhar em...

Portugal

Canetas, blocos e headphones misturam-se com uma mesa de matraquilhos e um estilo informal. Bem-vindos à Google Portugal! Um escritório que paga as refeições dos funcionários, desde o sushi aos iogurtes, mas também lhes cuida da linha

A comida é por conta da casa Corria o ano de 2007 quando a Google se instalou em Portugal, na Quinta da Fonte, em Oeiras. Há cerca de dois anos mudou para o número 110 da Avenida da Liberdade, em pleno coração da cidade de Lisboa. A Google quase dispensa apresentações, mas pode ser classificada como uma empresa de tecnologia que tem por missão organizar a informação global e torná-la acessível e útil aos utilizadores. Em Portugal, colaboram cerca de 10 pessoas, com idade média a rondar os 30. No open space, salta-nos à vista o logótipo da empresa em tudo o que é caneta, bloco e até headphones. Quando olhamos para o lado, lá está uma mesa de matraquilhos que é usada para descomprimir depois do almoço. O tratamento é por tu e Paulo Barreto, country manager da Google Portugal, comenta que “aqui não há gravatas, utilizamos um estilo relativamente informal”, realçando que existem muitas diferenças entre a Google Portugal e outros escritórios da empresa no mundo. E em que difere esta de outras empresas? A Google tem a política de oferecer comida e bebida a todos os seus funcionários que, em Portugal, podem fazer as suas refeições gratuitamente em três restaurantes da Avenida da Liberdade. Sempre que é preciso abastecimento do supermercado, como bolachas ou iogurtes, são feitas encomendas e a conta fica para a empresa. Os sabores nipónicos do sushi chegam ao escritório dois dias por mês. A Google também se preocupa com a linha dos seus empregados e oferece-lhes, além de um suplemento para massagens, uma participação no pagamento das mensalidades do ginásio. “Há tanta coisa, que eu nem sei. Não utilizamos tudo!”, comenta o gestor. Entre outras coisas, por trimestre há sempre um day off, seja para ir à bola, ao cinema ou fazer uma qualquer outra actividade, explica. A equipa portuguesa foca-se apenas no marketing e vendas, e Paulo Barreto acrescenta também que para trabalhar na Google os requisitos são muito exigentes: só os melhores de certas universidades são admitidos. Neste processo, exigente, a última palavra é do cofundador da empresa, Larry Page. 12

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“Google all over the world”

O open space da Google Portugal

Jogo de matraquilhos

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A equipa da Google Portugal

Teresa Nogueira e Sofia Hissa a reunir na zona de chill out Google

Placard com vários Doodles

Teresa Nogueira, account strategist

A Google Portugal no feminino

Um dos presentes oferecidos a clientes Google

Mafalda Franco Frazão, account manager

Pedro Carvalho, operations manager, e Marco André, marketing manager, em reunião

Paulo Barreto, country manager

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Estudo

Inovar e crescer é o caminho Quando questionados sobre a orientação estratégica para 2011, 79 por cento das PME inquiridas revelou que a inovação e o crescimento seriam as suas prioridades, sendo que apenas 21 por cento citou a redução de custos e o aumento de eficiência À medida que as economias em todo o mundo procuram soluções para recuperarem, as Pequenas e Médias Empresas (PME) enfrentam um conjunto de desafios e oportunidades para rumarem ao sucesso. As PME actuais perceberam que têm de lidar com desafios estratégicos opostos: manter os custos baixos, aumentando a eficiência dos seus modelos de negócio, sem com isso comprometer o crescimento. Os resultados do estudo Inside Midmarket: a 2011 Perspective1, apoiado pela IBM e conduzido pela KS&R, Inc são bastante reveladores da consciencialização da necessidade, cada vez maior, de infundir inteligência nos modelos de gestão empresarial. Quando questionados sobre a orientação estratégica para 2011, 79 por cento dos inquiridos revelou que a inovação e o crescimento seriam as suas prioridades, sendo que apenas 21 por cento citou a redução de custos e o aumento de eficiência. Comparações entre estes resultados e os do ano anterior evidenciaram a importância das Tecnologias da Informação (TI) enquanto catalisadores da inovação e crescimento. De facto, mais de metade das PME planeiam aumentar os orçamentos das TI nos próximos 12 a 18 meses. Um dos objectivos deste investimento é precisamente conseguir extrair da informação o conhecimento que permita tomar melhores decisões, como o confirmaram 62 por cento dos inquiridos. Ao mesmo tempo, pretendem as PME aumentar os índices de trabalho colaborativo, alcançar novos clientes e melhorar a mobili14

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62%

dos inquiridos planeiam aumentar os orçamentos das TI nos próximos 12 a 18 meses, com o objectivo de extrair da informação o conhecimento que permita tomar melhores decisões

“Lidar com desafios estratégicos opostos – manter os custos baixos, aumentando a eficiência dos seus modelos de negócio, sem com isso comprometer crescimento – é o desafio actual para as PME”

dade dos colaboradores. Surge, neste contexto, a opção por software avançado de análise de negócio que permita extrair valor da informação e desenhar padrões, projectando o futuro com base em capacidades preditivas. Como avança o estudo, as PME que conseguem gerir melhor a dualidade eficiência versus crescimento são as que melhor compreendem o potencial da tecnologia enquanto alavanca da diferenciação em ambientes competitivos. Nesse sentido, os orçamentos das TI das PME, afirmaram os inquiridos, prevêem investimentos em áreas como: - Análise Preditiva de Negócio e Gestão da Informação para melhor coligir, agregar e transformar dados em inteligência e conhecimento - Gestão de Desempenho do Negócio para monitorizar o desempenho económico e financeiro versus os objectivos de negócio - Colaboração para conduzir à inovação, melhorar a produtividade dos colaboradores e conseguir um melhor foco no cliente - Virtualização, cloud computing e software as a service para tirar partido da infra-estrutura partilhada e melhorar eficiências, reduzir custos e melhorar a escalabilidade. Também as PME portuguesas precisam de compreender que alinhar as prioridades das TI com o negócio não é suficiente. O investimento é crítico e decisivo. E, seguramente que as empresas que reconhecerem os benefícios de soluções analíticas, preditivas e de cloud computing, serão as melhor posicionadas para a construção de um planeta mais inteligente.

Henrique Arnaud Farinha director de Global Business Services da IBM Portugal

A amostra inclui 2,112 decisores das áreas de negócio e de tecnologias de informação das PME (100-1000 colaboradores) de várias indústrias, incluindo banca, retalho, produtos de consumo, grossistas, transportes, produtos industriais e seguradoras. Os participantes representam países como Estados Unidos, Reino Unido, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Suíça, Alemanha, França, Itália, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Espanha, Japão, China, Brasil, Índia, Rússia, Austrália, México, Coreia, Singapura, África do Sul, Polónia, Nova Zelândia e República Checa. O estudo foi conduzido no quarto trimestre de 2010 para captar o actual e o futuro estado dos negócios e as prioridades de TI e de investimento

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O novo agregador das comunicações



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SmartPhonEs

Fátima de Sousa jornalista fs@briefing.pt

A dúvida surge quando se analisa a enchente de processos sobre as patentes da tecnologia dos “telefones espertos”. Os fabricantes processam-se uns aos outros em nome da propriedade intelectual. E pode ser o consumidor a pagar a factura de tanta litigância…

João Ribeiro/Who

A grande batalha das patentes

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O mercado de smartphones explodiu no último ano. Estes telemóveis que fazem muito mais do que chamadas – e por isso merecem o qualificativo de “espertos” – estão a vender-se bem: a IDC, empresa norte-americana de pesquisa de mercado, estima que em 2010 se terão vendido 55 por cento mais do que no ano anterior. Porém, não foram apenas as vendas que dispararam. Os processos judiciais também. Em nome da defesa da propriedade intelectual, os fabricantes de software estão a processar-se uns aos outros. Ninguém fica de fora: Apple, Microsoft, HTC, Nokia, Motorola… Não passa uma semana, segundo as contas da Lex Machina, uma base de dados independente que estuda este fenómeno, sem que seja instaurado um processo. O fenómeno é claro: no último trimestre de 2010 foram abertos nos Estados Unidos 25 processos por violação de patente contra dois no mesmo período de 2006. Feitas as contas, só no ano passado os tribunais encheram-se de 79 diferendos para dirimir. É um novelo intrincado, onde nem sempre é fácil saber quem processa quem. Eis alguns exemplos. Em Março último, a Apple levou a HTC a tribunal, acusando-a de ter infringido cerca de 20 patentes, relativamente a ecrãs tácteis, controlos do menu e outras tecnologias. Dois meses depois, o fabricante de Taiwan contra-atacava, reclamando a suspensão das vendas de iPhones, iPods e iPads nos Estados Unidos com base na alegação de que usam tecnologia HTC. Em Outubro, a Microsoft processou a Motorola, alegando que os smartphones com sistema operativo Android violam nove das suas patentes. Por sua vez, a Motorola processou a Apple, o mesmo tendo feito a Nokia, garantindo que o iPhone e o iPad incorporam tecnologia made in Finlândia. O gigante norte-americano respondeu na mesma moeO novo agregador das comunicações

Em nome da defesa da propriedade intelectual, os fabricantes de software estão a processar-se uns aos outros. Ninguém fica de fora: Apple, Microsoft, HTC, Nokia, Motorola… Não passa uma semana sem que seja instaurado um processo

Esta é uma guerra que envolve milhões e milhões de dólares. Mas qual será o desfecho? Se um destes processos por infracção de patentes for bem sucedido poderá conduzir a uma injunção

“Pode acontecer que os fabricantes se sentem à mesma mesa e alcancem uma solução satisfatória. Pode acontecer como a guerra civil americana, em que todos projectam um resultado cor-de-rosa, sem dor, e algo muito diferente acabe por acontecer”

“As regras estão estabelecidas há muito e é fundamental para o crescimento da indústria que haja respeito pelos direitos de propriedade intelectual. A Motorola tem de deixar de infringir as nossas invenções patenteadas nos seus smartphones Android”

Joshua Walker

Horacio Gutiérrez

ceo LexMachina

vice-presidente da Microsoft

da e processou a Nokia por… violação de patentes… É uma lista sem fim à vista. Um dos principais personagens é a Apple, que se tem mantido em silêncio. Alan Hely, director de comunicação corporativa da Apple Europa, limitou-se a responder, quando solicitado pelo Fibra a reagir a este fenómeno, que a empresa “não faz comentários sobre litigância pendente”. Diferente tem sido a postura da Microsoft, cujo vice-presidente Horacio Gutiérrez se tem desdobrado em declarações públicas sobre esta guerra de patentes. Assim que o processo contra a

Motorola deu entrada nos tribunais e na Comissão de Comércio Internacional, em Washington, emitiu um comunicado explicando que o que está em causa são funcionalidades essenciais para a experiência do utilizador de smartphones, nomeadamente a sincronização do email, agenda e contactos, bem como as aplicações que notificam sobre perda de bateria ou força do sinal. “Temos uma responsabilidade para com os nossos consumidores, parceiros e accionistas — a de salvaguardar os milhões de dólares que investimos to>>>

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dos os anos no desenvolvimento de produtos inovadores. A Motorola tem de deixar de infringir as nossas invenções patenteadas nos seus smartphones Android”, justifica Gutiérrez, no comunicado, a que o Fibra teve acesso. São estas inovações da Microsoft que, alega, fazem com que os smartphones sejam… espertos. No blogue tecnet.com, explica que em causa está a tecnologia Exchange ActiveSync que permite aos utilizadores gerirem muito mais do que o email e a agenda: “gerirem as suas vidas”. E isso porque – continua – “a Microsoft passou mais de 30 anos a desenvolver tecnologia de ponta”. “As regras estão estabelecidas há muito e é fundamental para o crescimento da indústria que haja respeito pelos direitos de propriedade intelectual”, finaliza, deixando um recado: “A julgar pelas recentes acções da Apple e da Oracle, não estamos sozinhos”. Esta é uma guerra que envolve milhões e milhões de dólares. Mas qual será o desfecho? Se um destes processos por infracção de patentes for bem sucedido poderá conduzir a uma injunção. E, se por um lado é verdade que o alcance de uma injunção pode ser limitado a uma funcionalidade tão específica e tão insignificante como um botão ou um widget, também é verdade que, em teoria, pode encerrar uma empresa se a infracção for comprovada. Observador deste fenómeno, Joshua Walker, ceo da Lex Machina, comenta, por isso, em declarações ao Fibra, que “pode acontecer que os fabricantes se sentem à mesma mesa e alcancem uma solução satisfatória para o diferendo que os opõe”. Ou “pode acontecer como a guerra civil americana, em que todos projectam um resultado cor-derosa, sem dor, e algo muito diferente acabe por acontecer”. No meio desta guerra onde ficam os consumidores, aqueles que têm feito crescer o mercado 18

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Alan Hely, director de comunicação corporativa da Apple Europa, limitou-se a responder, quando solicitado pelo Fibra a reagir a este fenómeno, que a empresa “não faz comentários sobre litigância pendente”

de smartphones? Para já, entende Walker, como espectadores. Mas, a prazo, podem vir a pagar a factura. Se todos os fabricantes vencerem os processos que instauraram, haverá menos transacções de propriedade intelectual e os smartphones poderão ficar menos…espertos. Ou mais caros, por transferência para o consumidor dos custos de licenciamento. Os mais atingidos por esta vaga de processos e contra-processos têm sido os fabricantes de telemóveis com software Android. No primeiro trimestre de 2010, quando esta guerra deflagrou, detinham uma quota de mercado (nos EUA) de 28 por cento contra 21 por cento da Apple. No limite, o que está em causa é a conquista do mercado.

“Fantasma ou realidade, os ceo das empresas tecnológicas vêem o seu próprio futuro, pessoal e corporativo, associado à computação móvel. Mais especificamente, o crescimento nesta área é massivo e, o aumento do rendimento, um factor crucial. Em certa medida, o crescimento da receita é indissociável do fenómeno da litigância em torno dos telemóveis”, sustenta o responsável da Lex Machina. Resumindo a sua leitura deste fenómeno, Joshua Walker inspirase no estratega militar da Prússia Carl von Clausewitz que deixou para a História um pensamento célebre: “A guerra é a continuação da política por outros meios”. Mais de dois séculos depois, a litigância é a concorrência por outros meios.

TRANSPARÊNCIA

Um bosque que precisa de ser iluminado Os dirigentes corporativos navegam através de complexas questões legais sobre direitos e patentes como têm navegado pelas questões financeiras e de concorrência. Mas “sem dados, ou pior, com dados errados”. A opinião é de Joshua Walker, presidente da Lex Machina, uma base de dados sobre a litigância em torno da propriedade intelectual que se propõe conferir transparência a este fenómeno. Tem a sua génese num projecto da Universidade de Stanford, o IP Litigation Clearinghouse, cujos fundadores dedicaram mais de 90 mil horas a compilar uma espécie de almanaque da litigância sobre patentes e propriedade intelectual nos Estados Unidos. Foi a complexidade desta litigância que inspirou o nome: da expressão latina, de origem grega, Deus ex machina, o deus surgido da máquina para resolver todos os problemas. “Aspiramos ajudar os nossos heróis: os utilizadores do sistema global de propriedade intelectual, cidadãos, empresários, juristas, qualquer pessoa que queira obter as respostas certas”.

Na opinião de Walker, “por excesso ou por defeito, a protecção da propriedade intelectual pode devastar o comércio à escala mundial”. Daí a necessidade de dados. Dados para os juízes, que “estão a julgar estes processos baseados em assunções empíricas incorrectas ou mesmo sem dados”. Para os legisladores, que “têm dirigido o seu trabalho para falsos problemas e, provavelmente, ignorado os verdadeiros”. Para os fabricantes, que “precisam de uma visão quantificada sobre os reais riscos e recompensas das patentes e da litigância”. Para os investidores, que “carecem de avaliar rigorosamente as estratégias de licenciamento, para que a litigância deixe de parecer uma lotaria em que todos se focam nos ganhos e ignoram as perdas”. A Lex Machina propõe-se tornar mais transparente este dossiê: “Quer para os peritos, quer para os neófitos, é um bosque cerrado que precisa de ser iluminado”

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REDE 4G

Mais rápida e mais além. Este é o mote da LTE ou rede de 4.ª geração de telemóvel que abre novas possibilidades aos clientes para usufruírem de serviços que requerem elevadas capacidades de transmissão. Será possível ver, com toda a tranquilidade, televisão via internet ou fazer uma web-conferência. Três especialistas falam sobre novo mundo que já está em marcha

A 4.ª maravilha

Tudo começou em 2004, ano em que teve início o 3GPP (3rd Generation Partnership Project), um projecto cujo objectivo era criar um sistema de comunicações móveis de elevadas performances. Conhecido como LTE (Long Term Evolution) ou rede de 4.ª geração, trata-se de uma evolução da actual tecnologia que contempla a total mobilidade e interoperabilidade com as redes actuais de GSM e UMTS. Três especialistas na matéria expli20

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caram ao Fibra o que significa esta nova geração de redes e quais as principais diferenças entre o 4G e o 2G/3G. Gabriel Abrantes, director de Planeamento Estratégico da Rede Optimus, diz que a LTE significa uma melhoria da performance e da capacidade de rede, que permitirá suportar serviços mais exigentes e com uma melhor experiência de utilização, tornando reais as promessas de televisão de alta qualidade nos terminais móveis e

jogos multi-jogadores em tempo real. Manuel Soares, director de rede Vodafone Portugal, diz que a LTE foi concebido para aumentar a performance face às redes 3G, reduzir os custos de investimento e exploração e aumentar a flexibilidade da utilização do espectro. Para este especialista a LTE é, de facto, a tecnologia mais promissora para no futuro satisfazer as necessidades do público – utilizadores dos serviços de dados

– e dos operadores de redes móveis. A grande novidade do 4G passa pelo acesso a serviços que hoje não estão disponíveis num telemóvel, escreve Nuno Parreira, da Samsung Electrónica Portuguesa. Aceder à televisão móvel e vídeos, em tempo real, realizar conferências web, fazer downloads de música e interligar toda uma nova geração de equipamentos, máquinas e dispositivos, independentemente do local onde nos encontramos, são as grandes novidades. O novo agregador das comunicações


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Online, everywhere, anywhere A Long Term Evolution vai satisfazer as necessidades infindáveis dos clientes, sempre em busca de larguras de banda que lhes permitam um acesso online/everywhere/anywhere a todo o tipo de conteúdos, em tempo real Assistimos hoje, e a um ritmo vertiginoso, à alteração dos hábitos dos utilizadores de banda larga, graças a factores como a velocidade e as melhores condições de acesso ao interminável mundo da internet. Neste contexto, a LTE é o próximo grande passo na evolução das redes dos operadores móveis na satisfação das necessidades infindáveis dos seus clientes, sempre em busca de larguras de banda que satisfaçam adequadamente as suas necessidades, e que permitam um acesso online/everywhere/anywhere a todo o tipo de conteúdos, em tempo real. A sigla LTE significa Long Term Evolution e é a evolução da tecnologia de acesso 2G/3G actual, especificada pelo 3GPP (3G Partnership Project), sendo uma evolução que contempla a total mobilidade e interoperabilidade com as redes actuais de GSM e UMTS. A LTE oferece um meio de transporte mais eficiente para os dados, permitindo a oferta de maiores larguras de banda a um custo similar ao oferecido com as actuais redes 3G. A LTE irá permitir um melhor desempenho face ao HSPA, a tecnologia actualmente preponderante no 3G. Inicialmente serão oferecidas velocidades de pico até 150Mbps em downlink (do terminal do utilizador para a estação rádio/rede) e 60 Mbps no uplink (da rede para o terminal), velocidades estas já testadas com sucesso pela Optimus, sendo que, em condições normais de utilização, os débitos médios rondarão os 30 Mbps. A LTE traz também uma melhoria da performance e da capacidade da rede, uma menor latência e a oferta de uma qualidade de serviço mais controlada, o que permitirá suportar serviços mais exigentes e com uma O novo agregador das comunicações

“A LTE significa uma melhoria da performance e da capacidade da rede, que permitirá suportar serviços mais exigentes e com uma melhor experiência de utilização, tornando reais as promessas de televisão de alta qualidade nos terminais móveis e jogos multi-jogadores em tempo real”

“A oferta existente é ainda incipiente e pouco diversificada, assim como a procura, que crescerá com o surgimento de serviços que permitam tirar um efectivo valor destas novas redes e das suas capacidades”

melhor experiência de utilização, tornando reais as promessas de televisão de alta qualidade nos terminais móveis e jogos multi-jogadores em tempo real, entre muitos outros serviços inovadores, ainda em fase de análise conceptual ou já em desenvolvimento. A LTE assenta numa arquitectura de rede mais simplificada face às hoje existentes, baseando-se numa arquitectura ALL-IP, ou seja, onde todos os serviços, como voz, vídeo ou jogos, serão transportados sobre IP. Uma das grandes questões que se coloca em torno da LTE prende-se com a disponibilização de bandas de frequência para a sua operação. Actualmente, em Portugal, o GSM opera predominantemente na banda dos 900 MHz e o UMTS opera na banda dos 2100 MHz. Teoricamente, a LTE poderá funcionar em qualquer uma destas bandas ou em outras frequências, como nos 2600 MHz, porém, na perspectiva da cobertura, será melhor funcionar nas frequências mais baixas, por exemplo, nos 850 MHz do Dividendo Digital (frequências que serão libertadas em 2012 com a transição da TV do analógico para o digital), apesar de neste caso haver menos espectro disponível, o que terá consequências ao nível da largura de banda disponibilizada ao utilizador. Assim, é expectável que as primeiras redes de LTE a aparecer venham a operar na banda dos 2600 MHz. Em Portugal a atribuição de espectro por parte da ANACOM para a disponibilização da LTE está prevista para este ano. Ao operador exige-se a capacidade de preparar a sua rede para o lançamento comercial da LTE, em que uma premissa importante é a existência de terminais, sendo expectável que este ano surjam os

Gabriel Abrantes director de Planeamento Estratégico de Rede Optimus

primeiros verdadeiramente comercializáveis e inter-operáveis com as redes LTE/3G/2G. A oferta existente é ainda incipiente e pouco diversificada, assim como a procura, a qual crescerá com o surgimento de serviços que permitam tirar um efectivo valor destas novas redes e das suas capacidades. Não esqueçamos, porém, que as redes actuais de banda larga móvel continuarão a permitir uma óptima experiência de utilização por parte dos clientes, pois estão harmonizadas com as suas necessidades presentes e futuras. A Optimus está consciente de que é necessário estar preparada para a LTE, tendo considerado já no plano de modernização da sua rede, a instalação de uma plataforma avançada e inovadora multi-sistema, que permitirá a evolução para a LTE, e que está apoiada na infra-estrutura existente, com os consequentes investimentos adicionais relevantes que são necessários. A LTE está, portanto, a chegar para marcar mais uma evolução notável no mundo das redes móveis, com o primeiro grande impacto a sentir-se na banda larga móvel. Face à tendência mundial, Portugal, não será, naturalmente, excepção. Março de 2011

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REDE 4G

Tecnologia promissora A LTE foi concebido para aumentar a performance face às redes 3G, reduzir os custos de investimento e exploração e aumentar a flexibilidade na utilização do espectro

Manuel Soares director de Rede da Vodafone Portugal

A Vodafone quer liderar a introdução em Portugal da LTE (Long Term Evolution), a 4.ª Geração da rede de telemóveis, tal como o fez em todas as outras fases, da 2.ª (GSM) e 3.ª (UMTS) gerações. Isto não significa, no entanto, que deixe de investir na 3,5ª geração (HSPA), que continua a apresentar grandes potencialidades de desenvolvimento. Prova do seu empenho em continuar a liderar as sucessivas fases do aumento de velocidade da rede móvel foi a demonstração das novas aplicações potenciadas pela tecnologia LTE realizada há cerca de um ano, no edifício Vodafone no Porto. Tratou-se da primeira demonstração de uma estação-base a funcionar nos modos 3G e 4G/LTE. Foi, na altura, possível apresentar um leque completo de serviços de entretenimento, informação e serviços de segurança, incluindo video-on-demand, jogos, controlo remoto da domótica da residência, GPS de navegação avançada e monitorização das estradas e estado do veículo. A LTE é, de facto, a tecnologia mais promissora para no futuro satisfazer as necessidades do público – utilizadores dos serviços de dados – e dos operadores de redes móveis. Dado que o espectro rádio usado pelas redes móveis está completamente ocupado, o lançamento da LTE pressupõe o acesso a blocos adicionais de espectro. Esta tecnologia irá proporcionar maior velocidade e menor tempo de resposta a um maior número de utilizadores. O acesso a conteúdos de imagem de alta definição irá decerto crescer consideravelmente, tirando partido da maior 22

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“Esta tecnologia irá proporcionar maior velocidade e menor tempo de resposta a um maior número de utilizadores. O acesso a conteúdos de imagem de alta definição irá decerto crescer consideravelmente, tirando partido da maior rapidez e capacidade da 4.ª Geração”

“Na União Europeia, as bandas de espectro disponíveis situam-se nos 2,6 GHz. Porém, na Alemanha, onde a Vodafone lançou a sua rede LTE em 2010, foi disponibilizado espectro na banda dos 800 MHz, e há iniciativas em curso noutros países, incluindo Portugal, para disponibilizar espectro também nesta gama de frequências”

rapidez e capacidade da 4.ª Geração. A utilização de jogos de alta definição em modo interactivo será mais simples. A realidade superará decerto mesmo os cenários mais imaginativos. Desenvolvido pelo 3GPP (a entidade responsável pelos standards a que obedecem as tecnologias móveis em vigor na Europa e em boa parte do mundo), a LTE foi concebido para aumentar a performance face às redes 3G, reduzir os custos de investimento e exploração e aumentar a flexibilidade na utilização do espectro. Estruturado como um sistema completamente baseado no protocolo IP, viabiliza o surgimento de novos terminais totalmente IP e facilita o acesso destes a aplicações na web. Como está integrado na família GSM, permite uma integração simples com as redes móveis actuais. Como chegamos agora à chamada 4.ª Geração? Recordemos que, a partir do início deste século (até então, o tráfego de voz foi dominante), as redes móveis evoluíram para o 3G, disponibilizando serviços de dados com débitos e capacidades sempre crescentes. A evolução foi acompanhada pela oferta de terminais com capacidades de débito cada vez mais elevadas e acesso simplificado ao serviço. A expectativa é que, no futuro, o tráfego de dados mantenha os actuais níveis de crescimento – de 70 a 90 por cento ao ano, nas redes móveis europeias mais desenvolvidas. Em Portugal, foi já ultrapassado o número de 1,5 milhões de equipamentos de banda larga móvel, incluindo nesta classificação apenas smartphones e pens USB.

O lançamento da 4.ª Geração será, portanto, o corolário desta evolução. Como o acesso a bandas de espectro adicionais é decisivo para o lançamento da LTE, os processos de atribuição já começaram em vários países, normalmente sob a forma de leilões. A primeira rede móvel europeia a introduzir a LTE foi a TeliaSonera, na Suécia e Noruega. Recentemente, a Verizon, nos Estados Unidos, e a NTT DoCoMo, no Japão, abriram redes comerciais de LTE. Na União Europeia, as bandas de espectro disponíveis situam-se nos 2,6 GHz. Porém, na Alemanha, onde a Vodafone lançou a sua rede LTE em 2010, foi disponibilizado espectro na banda dos 800 MHz e há iniciativas em curso noutros países, incluindo Portugal, para disponibilizar espectro também nesta gama de frequências. Como sempre, a Vodafone está na primeira linha da inovação e desenvolvimento das redes móveis. E, naturalmente, beneficiando das sinergias proporcionadas pelo grupo – e sem prejuízo de continuar a desenvolver as potencialidades da 3G –, a Vodafone Portugal posiciona-se, como sempre, no sentido de manter a liderança na oferta de serviços inovadores e eficientes aos clientes. Assim tem sido e assim será no futuro. O novo agregador das comunicações


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Admirável mundo novo A grande novidade do 4G passa pelo acesso a serviços que hoje não estão disponíveis num telemóvel. Aceder à televisão móvel e vídeos, em tempo real, realizar conferências web, fazer downloads de música e interligar toda uma nova geração de equipamentos, máquinas e dispositivos, independentemente do local onde nos encontramos, são as grandes novidades Com o primeiro trimestre de 2011 ainda a decorrer, a Quarta Geração de Comunicações Móveis já se afigura, sem surpresa, como protagonista do maior crescimento verificado na história do mercado móvel. Estima-se que o peso da tecnologia 4G triplique nos próximos 24 meses valendo qualquer coisa como 6,6 mil milhões de euros em 2012. Acreditamos que a entrada da Long Term Evolution (LTE ou 4G) no nosso país irá acontecer no decorrer do próximo ano. Actualmente, existem licenças comerciais de 4G na Áustria, Dinamarca, Estónia, Finlândia, Alemanha, Hong-Kong, Japão, Noruega, Polónia, Suécia e Uzbequistão. A LTE é uma inevitabilidade para Portugal e a atribuição de licenças será certamente um tema na ordem do dia nos próximos meses. No contexto actual de transição do 3G para o 4G, o grande desafio das marcas é encontrar soluções viáveis que acompanhem a explosão crescente no acesso a dados através de dispositivos móveis e o correspondente aumento do número de utilizadores de telemóveis, tablets e/ou portáteis. Enquanto marca líder tecnológica de mercado, a Samsung encara o desafio promovendo produtos inovadores, quer a nível da tecnologia, quer do design. No início de Fevereiro, lançámos, nos Estados Unidos, o Galaxy S 4G. É o smartphone mais rápido à venda no mercado americano. Oferece a melhor experiência móvel e um nível de entretenimento sem paralelo: TV3 HD Móvel, velocidade de download de 21 Mbps e ultra-rapidez na partilha de emails, redes sociais e vídeos. O novo agregador das comunicações

6,6 mil

milhões de euros é quanto valerá a tecnologia 4G em 2012

“Para o consumidor final a ideia de que pode fazer tudo o que quer num dispositivo móvel é a grande mais-valia da nova tecnologia. Prevê-se que a Anacom lance um leilão para atribuição de licenças 4G no decorrer do próximo trimestre”

Estamos conscientes de que os utilizadores querem e precisam que os equipamentos móveis de 4.ª geração respondam às suas necessidades em rapidez, mas também em funcionalidade. A ideia é assegurar consumidores satisfeitos e realizados. Aplicada a terminais como smarthphones e tablets, a tecnologia 4D permite velocidades de navegação ultra-rápidas (entre 100 a 150 megabits por segundo), mais qualidade no acesso a dados, maior nitidez de imagem e acesso a serviços/produtos mais sofisticados. A grande novidade do 4G passa pelo acesso a serviços que hoje não estão disponíveis num telemóvel. Aceder à televisão móvel e vídeos, em tempo real, realizar conferências web, fazer downloads de música e interligar toda uma nova geração de equipamentos, máquinas e dispositivos, independentemente do local onde nos encontramos, são as grandes novidades. Tendo em conta que a LTE poderá ampliar o acesso à internet de alta velocidade aos utilizadores urbanos e suburbanos, incluindo áreas isoladas e zonas rurais, o factor acessibilidade poderá fazer toda a diferença no esbater desta dicotomia já que irá permitir diminuir o “fosso digital” na Europa. Para o consumidor final a ideia de que pode fazer tudo o que quer num dispositivo móvel é a grande mais-valia da nova tecnologia. Prevê-se que a Anacom lance um leilão para atribuição de licenças 4G no decorrer do próximo trimestre. Naturalmente, só nessa altura as operadoras poderão começar a disponibilizar ao público a nova “revolução” do mercado móvel.

Nuno Parreira Responsável pela gestão de uma equipa, coordenação do portefólio de equipamentos e pela implementação de estratégias comerciais e de marketing na Samsung Electrónica Portuguesa

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passeio público

Jorge Fiel jornalista jf@briefing.pt

Filipa Carvalho, directora jurídica e de regulação da Sonaecom, aprendeu piano e é dotada de excelente ouvido e voz, pelo que não espanta que tenha sonhado ser uma soprano, como Callas ou Agnes Baltsa. Acabou por cursar Direito e completar o MBA com uma pós-graduação feita em cenário real de guerra: a OPA da Sonae sobre a PT

Ramon de Melo

Sem mal-entendidos com a vida

A combinação entre uma ideia muito forte de justiça e a influência dos filmes de Perry Mason revelou-se demolidora. Como agravante, nunca foi tímida e sempre se sentiu muito à vontade a falar e a argumentar em público. “Desde miúda que queria ser advogada”, afirma Filipa Carvalho, 38 anos, directora jurídica e de regulação da Sonaecom. Filipa tornou-se advogada, como queria ser quando era miúda, mas manda a verdade que se diga que, 24

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neste momento, é mais gestora do que advogada propriamente dita, e o seu primeiro sonho, regado entre a infância e a adolescência, foi o de ser cantora lírica, uma soprano famosa como Maria Callas ou Agnes Baltsa. A culpa foi do pai, que desde pequenina a habituou a ouvir música erudita (Beethoven, Mozart, etc.) no apartamento da família no bairro do Graham (uma zona residencial da classe média/alta, junto à Avenida

da Boavista, no Porto), e providenciou para que tivesse lições de piano. Mais nova das duas filhas (a irmã mais velha é economista) do matrimónio entre um comercial e uma professora de Português e Francês na Escola Gomes Teixeira (e autora de manuais escolares), Filipa foi educada num ambiente de exigência. No Natal de 1982, ano em que completou 10 anos, os pais deram-lhe O novo agregador das comunicações


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de prenda uma viola, que aprendeu a tocar sozinha, e que se juntou a uma voz privilegiada (“há quem diga que canto bem”, reconhece) ao piano, instrumentos que ainda usa nas noites de convívio com os amigos. Sacrificou no altar dos estudos o sonho de ser uma soprano famosa mas nunca abandonou a música. Cantou no Círculo Portuense de Ópera e agora, todas as segundas-feiras à noite, ensaia no coro do Colégio do Rosário, frequentado pelas suas filhas (Mariana, nove anos, e Benedita, de seis). Neste momento, o coro está a ensaiar a “Gloria”, de Vivaldi, que depois apresentará no circuito das igrejas do Porto (S. Francisco, Congregados, Grilos, etc.). “A oferta de ópera no Porto é fraquíssima”, lamenta Filipa, que é frequentadora regular da Casa da Música e se sente feliz por as filhas partilharem a sua paixão pela música (Mariana canta e aprende piano, enquanto Benedita vai estudar flauta transversal) e a acompanharem aos espectáculos – em Dezembro, em Paris, a família foi toda divertirse a ver o My Fair Lady. Apesar de estar sempre a viajar até Lisboa, não aproveita para dar uma saltada ao S. Carlos. “É raríssimo ficar a dormir em Lisboa. Esforço-me por equilibrar a minha vida profissional com a pessoal e por isso tento jantar todos os dias em casa, em família, com as minhas filhas”, explica Filipa, casada com um empresário do sector papeleiro. A meio do curso, feito na Católica do Porto, ainda lhe passou pela cabeça ir para juiz, mas no final acabou por fazer um tradicional estágio de advocacia, no escritório de Óscar Queirós Costa, a que acrescentou um MBA, opção que denuncia o início de um óbvio namoro com a gestão. Nesta altura já era perfeitamente claro para ela que não queria deixarse atolar nas terríveis insuficiências processuais dos tribunais. Preferia ser advogada de empresa. Concluídos estágio de advocacia e MBA, teve o seu primeiro emprego no Corporate Finance do BPI, em Tenente Valadim, a escassas centenas de metros do bairro onde nasceu e cresceu. O novo agregador das comunicações

“É raríssimo ficar a dormir em Lisboa. Esforço-me por equilibrar a minha vida profissional com a pessoal e por isso tento jantar todos os dias em casa, em família, com as minhas filhas”

“A OPA da Sonaecom sobre a PT foi um momento super desafiante, que mudou o sector. Fez mais pela banda larga e a televisão em Portugal do que qualquer regulador”

Em 1998, o ano da Expo de Lisboa, deitou âncora na Sonae. A mudança foi simples. No final do ano de estágio no BPI, souberam que a directora jurídica da Sonaecom andava à procura de gente para reforçar o seu departamento (que tinha então apenas três pessoas) e recomendaram-na. Era o início de uma bonita história de amor entre ela e a empresa, que dura há mais de uma dúzia de anos. A ascensão foi rápida. No final de 2003, estava ela grávida da Benedita, aceitou o convite para dirigir o departamento jurídico, a que acrescentaria, mais tarde, a responsabilidade da área da regulação, passando a dirigir uma equipa de 24 pessoas. Pelo meio viveu intensamente, no coração da batalha, a OPA da Sonaecom sobre a PT, um combate apaixonante que durou um ano e meio. “Foi um momento super desafiante, que mudou o sector. A OPA fez mais pela banda larga e a televisão em Portugal do que qualquer regulador”, afirma Filipa, que para poupar a família às consequências do excesso de trabalho, não raro trabalhava aos fins-de-semana, das seis às onze da manhã, para ao meio dia poder conviver com as filhas. Ao obrigá-la a conhecer a legislação, de trás para a frente e da frente para trás, e a perceber os mecanismos da regulação, a OPA foi para ela uma espécie de segunda pósgraduação, feita em cenário real de ambiente de guerra. “Gosto imenso do que faço. Como tenho uma equipa espectacular, posso envolver-me mais nas questões de gestão e estratégia, o que me realiza muito”, declara a directora jurídica e de regulação da Sonaecom que, por inerência desta função, lida regularmente com três entidades reguladoras: Anacom, ERC e Autoridade da Concorrência. Numa área em que é decisiva a resposta à pergunta “Pode ou não fazer-se?”, o departamento de Filipa é super-relevante, pelo que se compreende que ela, uma advogada com MBA e uma passagem por um grupo financeiro, se sinta superrealizada profissionalmente.

“Dá-me gozo estudar muito bem um assunto, defender uma posição, conseguir convencer as outras pessoas da justeza do nosso ponto de vista e influenciar a realidade, atingindo os nossos objectivos”

“Dá-me gozo estudar muito bem um assunto, defender uma posição, conseguir convencer as outras pessoas da justeza do nosso ponto de vista e influenciar a realidade, atingindo os nossos objectivos”, confessa esta mulher entusiasmada e inconformista, permanentemente bem disposta e optimista, sem malentendidos com a vida, que vive na Rua da Constituição, enquanto não acabam as obras da casa que está a construir junto ao Parque da Cidade do Porto, pratica regularmente ginástica e ioga – e adora viajar em família (este ano ainda não decidiram se vão a Itália ou a Nova Iorque). Março de 2011

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EFicácia onlinE

Trindade é boa mas não chega

António Sampaio/Who

Tem website? Está numa rede social? Possui um desdobramento adequado ao universo mobile, sob a forma de site ou app? Se a resposta foi sim a tudo, congratule-se, pois faz parte de uma minoria que entende estas três etapas como elementos inseparáveis ou complementares e não graduais ou substituíveis. Contudo, a mera garantia desta trindade não é motivo de descanso

A noção de uma presença online eficaz é um conceito ainda meio nublado. Arriscaria apontar que, hoje em dia, são poucos os que possuem um pleno conhecimento do que isto implica e menos ainda aqueles que a detêm efectivamente. Na verdade, se atentarmos na evolução da internet mais recente, podemos conceber três etapas genéricas. Estas etapas acabam por ser definidas pelas plataformas que suportam grandes concentrações de interesse. E embora estas etapas tenham sido progressivas, surgindo uma após a outra, devemos hoje concebê-las como complementares, se estiver26

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“A ocupação transversal de plataformas é importante e assegura visibilidade acrescentada, mas o modo como estes suportes são desenhados e apresentados vai incidir com relevo no sucesso ou insucesso experienciado na internet”

mos a dissertar sobre a eficácia na web. Consideremos o website como a grande propriedade de uma marca, para a análise da etapa inicial. Aqui, o importante seria assegurar findability em primeiro lugar, para podermos falar de conversão, em segundo. O SEO na angariação de tráfego foi uma componente fundamental, não apenas no esqueleto dos websites, mas também nas referências em directórios e outros sistemas extrasite. De facto, o website revestia-se de uma capa passiva, como uma montra, na expectativa de que a proactividade de pesquisa das massas

resultasse em visitas, directa ou indirectamente. Mais tarde conhecemos a emergência da vertente social, iniciada pelos blogues e cimentada com as redes sociais. Nesta etapa, é comum falarse de “participação”, por oposição a “publicação”. Surgem termos como web 2.0 para de alguma forma definir uma trend em design, práticas em development e justificar vendas mais ingénuas, mas o importante a reter é a ideia de mingle entre marca e consumidor - um ombrear inédito em que o segundo teve voz activa na construção ou destruição do primeiro. O novo agregador das comunicações


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Como etapa consequente, última e contemporânea destaco a “possibilidade mobile” no acesso à internet. Diversos estudos independentes indicam que 2011 será o ano em que a navegação online via smartphone ou tablet ultrapassará em número aquela realizada via desktop ou laptop. A espontaneidade, pontualidade, rapidez ou casualidade são os factores principais desta migração de dispositivos, e definem as características da comunicação, em volume, incidência, recorrência, georeferência e até contexto. Depois de reflectir sobre estes três momentos evolutivos, e se utiliza a web numa óptica business oriented, saberá em que ponto se encontra. Neste momento, a sua presença online é composta por um website? Tem presença em alguma rede social? Possui um desdobramento dessa presença devidamente adequado ao universo mobile, sob a forma de um site ou app? Se a resposta foi sim a tudo, congratule-se, pois faz parte de uma minoria que entende estas três etapas como elementos inseparáveis ou complementares e não graduais ou substituíveis. Contudo, a mera garantia desta trindade não é motivo de descanso. É possível que ainda esteja apenas a meio caminho de uma presença eficaz. Certamente que a ocupação transversal de plataformas é importante e assegura visibilidade acrescentada, mas o modo como estes suportes são desenhados e apresentados vai incidir com relevo no sucesso ou insucesso experienciado na internet. E se não forem estruturados da forma mais assertiva, não será a simples ocupação de online real estate que vai proporcionar o ROI desejado. Ao contrário dos demais sistemas publicitários, a internet permite medir em tempo real as reacções, cliques, percursos, pesquisas e comportamentos dos consumidores. São métricas de ouro que oferecem conclusões sobre delimitações de interesses, attention spans e conversões. Conceber um web design que não contemple estas noções logo à partida, é olvidar o factor eficácia no seu website, por muito cross browO novo agregador das comunicações

“2011 será o ano em que a navegação online via smartphone ou tablet ultrapassará a realizada via desktop ou laptop. A espontaneidade, pontualidade, rapidez ou casualidade são os factores principais desta migração que definem as características da comunicação, em volume, incidência, recorrência, georeferência e até contexto”

“Ao contrário dos demais sistemas publicitários, a internet permite medir em tempo real as reacções, cliques, percursos, pesquisas e comportamentos dos consumidores”

ser compatibility ou flash-free interface que o mesmo possa orgulhosamente ostentar. A prova clara do êxito desta ideologia reside justamente na fundação da Research&Design, empresa que represento, e um fruto do sucesso das campanhas pay per performance levadas a cabo pelo grupo ActualSales. Por seu lado, ter uma página no Facebook poderá também não bastar por si só. Existem aproximadamente 600 milhões de utilizadores nesta omnipresente rede social, que não vão perder preciosos segundos de fuga às obrigações profissionais diárias em likes gratuitos ou permanências em perfis estáticos. O Facebook permite integração de micro sites ou aplicações que oferecem potencialidades de engagement e difusão viral das marcas como nenhuma outra plataforma do género. A eficácia aqui, passa por enriquecer o social networking com o ênfase igual ou superior que deu ao seu website quando o construiu no passado, e não por deixar-se existir passivamente, na expectativa de um boost no SEO que conduza o tráfego dali para fora. Finalmente, quando consideramos uma extensão mobile, devemos ter em conta as correctas adequações ergonómicas inerentes a diferentes tamanhos de ecrã e interacções touch ou via teclado. É importante perceber que um acesso mobile vive de consultas fugazes, não de conteúdos longos, semelhantes àqueles que são lidos em ecrãs de grande resolução. As velocidades no acesso e navegação não são as mesmas, as linguagens de código menos permissíveis e a permanência em páginas é (ainda mais) reduzida. No entanto, isto não é sinónimo de impacto menor porque estes factos não devem ser vistos como restrições - mas sim como características. Em resumo, a evolução das três etapas deve agora ser entendida como um todo, não como fases passageiras em que a última suplanta a anterior. E a cirúrgica análise da informação ou métrica do design, é a derradeira ferramenta para uma presença online eficaz.

Mário Coelho director-geral da Research&Design (grupo ActualSales)

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GEossocialização

O novo patamar da vida digital Para a geração que dispõe de acesso à web desde o início da sua escolarização, as produções, recomendações, opiniões e as meras trivialidades da realidade quotidiana da sua horda de compinchas digitais, elevados genericamente à categoria de amigos pela flexibilização do conceito de amizade, são tão ou mais relevantes do que a actividade das estrelas pop

Um dos mais curiosos e marcantes fenómenos sociológicos do início deste milénio foi o crescimento fulgurante do interesse pela realidade, que cada vez mais suplanta, no seu conjunto, a atenção dedicada ao mundo da ficção, fantasia, fama, e aos seus protagonistas. Este fenómeno começou a ficar patente com os primeiros reality shows televisivos, os quais demonstraram o interesse dos espectadores nos temas quotidianos e na elevação do comum dos mortais ao estatuto de estrela, mas o mesmo foi depois potenciado e acelerado pelas ferramentas digitais e pela internet. Assim, para a geração que dispõe de acesso à web desde o início da sua escolarização – as produções, recomendações, opiniões e as meras trivialidades da realidade quotidiana da sua horda de compinchas digitais, elevados genericamente à categoria de amigos pela flexibilização do conceito de amizade, são tão ou mais relevantes do que a actividade das estrelas pop. A vida passou assim a ter uma componente digital que ora decorre em paralelo, ora se confunde com a experiências no contexto físico e que se desenvolve no palco da chamada Web 2.0 ou web social. A web social assenta essencialmente em dois pilares: a construção de grafos sociais, isto é a reprodução e ampliação, no digital, das redes de relacionamento social do mundo físico, e a actualização de estados vivenciais. Estes 28

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“Como a instantaneidade é já um dado adquirido, estão criadas as condições para a adopção da Geossocialização que estabelece uma ponte entre os planos digital e físico – e adiciona o domínio do “onde” aos “o quê, quem e quando”

“As interacções digitais mais ricas em informação de contexto permitirão às marcas desenhar ofertas talhadas para cada um dos seus fãs, apresentandoas no momento em que estejam mais receptivos à compra e mais próximos do local em que a possam concretizar”

pilares começaram por compreender os domínios do “o quê, quem e quando” e, até um certo ponto, isso parecia suficiente. Contudo, chegou um momento em que tal, não só não parecia estar à altura da promessa do digital de amplificação da realidade, como parecia não reproduzir muita da riqueza da existência física, faltando-lhe, por exemplo, a instantaneidade ou a capacidade de partilha imediata onde quer que fosse. A necessidade aguçou o engenho e, graças à internet no telemóvel nasceu o lifesharing, a partilha do caudal de palavras e imagens que reflectem o pulsar da vida a todo o instante. Num momento em que a instantaneidade é já um dado adquirido, estão criadas as condições para a adopção da Geossocialização que consiste na introdução da dimensão espacial na socialização digital. A Geossocialização estabelece uma ponte entre os planos digital e físico e permite adicionar o domínio do “onde” aos “o quê, quem e quando”, e uma contextualização adicional à “Vida Digital”. Se por um lado, esta novidade comporta alguns riscos ao nível da gestão da privacidade, não é menos verdade que esses riscos podem ser mitigados e que a mesma vai seguramente ampliar o manancial de informação disponível sobre as intenções e as interacções humanas e a sua articulação com o mundo físico. Conseguimos já antever que as interacções digitais tenderão a ser mais inteligíveis e mais intensas, porquanto mais ricas em infor-

Nuno Gama director de Internet e Serviços Multimédia Optimus

mação de contexto, mas também será possível às marcas desenhar ofertas talhadas para cada um dos seus fãs, apresentando-as no momento em que aqueles possam estar mais receptivos à compra e mais próximos do local em que a possam concretizar. A Optimus não podia deixar de estar na vanguarda deste movimento, tendo lançado recentemente o Optimus Wizi Location, uma aplicação que abre a porta, em Portugal, às potencialidades da Geossocialização, permitindo partilhar no Facebook informação sobre o local onde estamos ou sobre o percurso que estamos a fazer e destinada a clientes de qualquer operador móvel com iPhone ou um smartphone Android, tratandose de um lançamento verdadeiramente pioneiro num território fora dos EUA e para outros telemóveis que não apenas o iPhone. No futuro, é de esperar que os utilizadores queiram e possam adicionar mais elementos de contexto à socialização digital – as temperaturas, os odores, as texturas … É também provável que seja mais uma vez a Optimus a trazer esse futuro aos portugueses. Por enquanto, tornou possível uma nova forma de resposta à pergunta mais frequente das comunicações através de telemóvel: “Onde estás?”. O novo agregador das comunicações


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aplicação

Táxis no drive-in Os acidentes rodoviários são a 9.ª causa de morte no mundo e o custo do congestionamento rodoviário na Europa está estimado em 1% do PIB, sendo um problema de grande proporção, daí ser fundamental apostar numa maior eficiência do tráfego. Foi neste contexto que surgiu o projecto Drive-in, desenvolvido no âmbito do Programa Carnegie Mellon Portugal Os acidentes rodoviários são a 9.ª causa de morte no mundo e o custo do congestionamento rodoviário na Europa está estimado em 1 por cento do PIB, sendo um problema de grande proporção, daí ser fundamental apostar numa maior eficiência do tráfego. Foi neste contexto que surgiu o projecto DRIVEIN, desenvolvido no âmbito do Programa Carnegie Mellon Portugal, e que está a mudar a forma como se faz investigação na área de redes veiculares na Europa. Encontrar uma frota com dimensão suficiente, foi um dos desafios iniciais do projecto. De acordo com as nossas simulações preliminares, precisávamos de uma frota com cerca de 500 veículos para atingir um bom nível de conectividade da rede veicular na cidade do Porto. O raio de comunicação de cada carro é limitado em ambiente urbano a poucas centenas de metros, pelo que é necessário recorrer a outros veículos como re-transmissores. A primeira frota com que falámos foi exactamente a frota da RadiTáxis do Porto que procurava dar um salto tecnológico na forma como geria os seus veículos e a adjudicação dos serviços. Esta era feita via rádio-voz, perguntando-se qual o veículo mais perto de cada localização dos pedidos de táxis feitos à central da RadiTáxis. O processamento de cada chamada levava muito tempo, perdendo-se inúmeras chamadas por causa disso. Casando a necessidade tecnológica da RadiTáxis de um sistema de comunicação digital com os veículos com conhecimento da localização exacta de cada carro, e a necessidade do projecto DRIVE-IN de ter O novo agregador das comunicações

“Esta parceria levou à criação da Geolink, uma empresa startup do programa Carnegie Mellon Portugal, que desenvolveu um avançado sistema de despacho de veículos com base em localização por GPS e comunicações móveis de dados. Este sistema engloba ainda o navegador NDrive, que leva o motorista à porta do cliente no tempo mínimo, evitando rotas congestionadas”

uma frota de 500 táxis para auxiliar a concepção e validação dos protocolos desenvolvidos, foi possível desenhar uma parceria estratégica que tem dado excelentes resultados. Esta parceria levou à criação da Geolink, uma empresa startup do programa Carnegie Mellon Portugal, que desenvolveu um avançado sistema de despacho de veículos com base em localização por GPS e comunicações móveis de dados. Este sistema engloba ainda o navegador NDrive, que leva o motorista à porta do cliente no tempo mínimo, evitando rotas congestionadas. Também através de uma parceria com a Portugal Telecom, foi possível alavancar o atendimento telefónico numa solução de central telefónica virtual, sendo hoje possível despachar um serviço de pedido de táxi em poucos segundos. Estes pedidos também podem agora ser feitos pela internet ou pelo telemóvel, aproximando a RadiTáxis dos seus potenciais clientes. Este sistema de despacho teve ainda apoio do Instituto de Mobilidade e Transportes Terrestres (IMTT), que visa reduzir o impacto ecológico da circulação dos táxis nas cidades, minimizando a circulação destes à procura de passageiros e fazendo com que o serviço vá ter com o táxi através de redes de comunicações móveis e terminais de despacho instalados nos carros. A exequibilidade deste projecto só é possível graças ao empenho de todos os parceiros envolvidos no projecto, composto por uma equipa multidisciplinar de investigadores da Faculdade de Ciências

Michel Ferreira Investigador do projecto Drive-in, desenvolvido no âmbito do programa Carnegie Mellon Portugal; professor auxiliar da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto; investigador do Instituto de Telecomunicações.

e Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Universidade de Aveiro, Instituto de Telecomunicações, e da Carnegie Mellon University, em parceria com o IMTT, a NDrive, Geolink e a RadiTáxis. No final do Drive-in queremos ter navegação informada através de comunicação veículo-a-veículo, disponível pelo navegador NDrive, assim como toda uma série de outras aplicações assentes nestas comunicações e acessíveis na frota de táxis associada ao projecto. Será possível, nomeadamente, ter jogos multi-jogador entre passageiros em táxis diferentes, uma aplicação que também tem sido desenhada no âmbito do projecto, cobrindo a área de entretenimento. Março de 2011

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taBlEts

Surfar a onda actual de glamour A onda actual de glamour que os tablets vivem, deve ser aproveitada para as publicações ocuparem o seu espaço e criarem a sua personalidade neste, e noutros canais, mas não podem deixar de ser sóbrias e focadas nos resultados

Pedro Seabra partner e ceo da ViaTecla

Desde o lançamento do iPad que se tem vindo a assistir a uma grande discussão sobre como os tablets podem vir a revitalizar o negócio dos media, nomeadamente da imprensa escrita. Claramente este novo tipo de dispositivos traz grandes oportunidades para as publicações: desde a desmaterialização face ao papel, à facilidade de distribuição, à possibilidade de complementar os conteúdos com elementos multimédia, à interactividade, até a novas formas de publicitar e estabelecer uma relação com o consumidor mais efectiva. Os tablets vieram proporcionar ao mercado uma nova gama de dispositivos, algo entre o smartphone e o computador portátil. Oferecem maior mobilidade, maior facilidade de utilização face ao portátil, um ecrã que se assemelha mais a um livro ou revista, e maior capacidade de armazenamento do que os smartphones. Estes dispositivos são claramente o meio ideal para ler, ver e armazenar as publicações que normalmente utilizamos e que queremos ter por perto. No entanto, grandes desafios se apresentam aos publishers. As possibilidades e caminhos a seguir, relativamente à passagem de cada publicação para um meio como os tablets, levantam questões críticas ao negócio. Como o fazer? Criar uma nova publicação, potenciando o dispositivo investindo numa nova estrutura editorial e criativa? Ou potenciar uma publicação já existente, fazendo um upgrade com elementos ricos, tais como vídeos, som, animações, mais imagens e ligação a outros canais? Acredito que o meio-termo será neste momento o caminho mais seguro, ou seja, fazer um upgrade a partir de uma publicação já existente, que tem já o seu cravo editorial e man30

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“As possibilidades e caminhos a seguir, relativamente à passagem de cada publicação para um meio como os tablets, levanta questões críticas ao negócio. Como o fazer? Criar uma nova publicação, potenciando o dispositivo investindo numa nova estrutura editorial e criativa? Ou potenciar uma publicação já existente?”

“Quando temos um dispositivo como um tablet nas mãos as expectativas de serviço são grandes. Este dispositivo confere uma maior agilidade e facilidade na forma como trabalhamos e isso vai ser exigido pelos utilizadores em relação a cada serviço ou aplicação consumida”

cha gráfica bem definidas. Os tablets ainda estão longe de estar massificados, estão nas mãos de um grupo restrito de utilizadores e os investimentos devem ser controlados nos tempos que correm. Aproveitar bem o que estes dispositivos nos proporcionam, sem descaracterizar a publicação, é uma forma de traçar um novo caminho em algo que é ainda muito incipiente. As disrupções são necessárias e são elas que fazem o futuro, mas descaracterizar um título e perder a ligação que o leitor tem com a publicação é também um grande risco. As possibilidades são inúmeras e as escolhas têm que ser feitas em função de cada título. Este novo canal permite uma criatividade sem limites onde se podem seguir muitos caminhos dependendo dos objectivos e ambições de cada publicação. Assumindo que o utilizador vai fazer um uso efectivo da publicação, e não apenas ver os “bonecos”, deve ser dada especial atenção à usabilidade e facilidade de acesso ao conteúdo, permitindo, nesse caso, até a criação de novos modelos de negócio. Quando temos um dispositivo como um tablet nas mãos as expectativas de serviço são grandes. Este tipo de dispositivo veio conferir uma maior agilidade e facilidade na forma como trabalhamos e isso vai ser exigido pelos utilizadores em relação a cada serviço ou aplicação consumida. Esta é também a grande oportunidade para estender o negócio ao permitir que o utilizador pesquise o arquivo da publicação que subscreveu, que guarde artigos e crie dossiês temáticos. Estes dispositivos permitem também criar serviços associados às publicações como directórios, bases de dados, simuladores, calculadoras, recursos relacionados com a publicação.

São formas efectivas de potenciar os conteúdos já existentes nas organizações mas que estão parados e não são devidamente potenciados. Um dos factores a não descartar é entender que actualmente qualquer publicação tem de se apresentar em multicanal e deve ter um ponto de ligação e contacto. Os tablets têm um grande potencial, mas o sucesso da sua utilização por parte dos media está na maximização da utilização de cada canal da forma mais efectiva e intuitiva, sem perder a identidade da publicação, criando uma ligação forte com o leitor no meio que mais lhe seja útil em cada momento. A onda actual de glamour que estes dispositivos vivem, deve ser aproveitada para as publicações ocuparem o seu espaço e criarem a sua personalidade neste, e outros canais, mas não podem deixar de ser sóbrias e focadas nos resultados. O novo agregador das comunicações


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Entrevista

Hermínio Santos jornalista hs@briefing.pt

“É óptimo os estudantes terem acesso à tecnologia embora isso não seja o mais importante para ter sucesso escolar. Essencial é ter bons professores, escola e famílias que criem um ambiente propício ao estudo, o que exige trabalho, concentração e determinação. A banda larga é um instrumento, mas não um fim em sim mesmo. A iniciativa Magalhães transformou-se num problema político”, afirma Diogo Vasconcelos, 42 anos, presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC)

Diogo Vasconcelos, presidente da APDC

Ramon de Melo

“Magalhães transformou-se num problema político”

Fibra | Qual o balanço que faz do seu mandato à frente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Telecomunicações (APDC)? Qual é marca que deixa na instituição? O novo agregador das comunicações

Diogo Vasconcelos | Acho que é muito positivo, ao longo destes três anos, não só foi possível fazer uma ampla reestruturação interna, como, sobretudo, relançar a associação e torná-la relevante.

O que fizemos foi, numa primeira fase, colocar na agenda o tema da urgência do país em avançar com novas infra-estruturas de comunicações – e isso foi conseguido – e, numa segunda fase, o >>>

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ENTREVISTa

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“As comunicações, hoje em dia, são as artérias vitais da sociedade. De maneira que valem não só por si mas também por aquilo que hoje em dia permitem fazer”

tema de como mudar o paradigma competitivo português através das oportunidades que essas novas infra-estruturas criam. Para que tal aconteça tem que haver um conjunto de novos modelos de negócios, novos serviços, novas aplicações e isso só se faz com uma grande interacção entre o sector das comunicações e das tecnologias de informação e todos os outros que podem beneficiar com isso. Por isso, numa segunda fase, estivemos a trabalhar sobre como é que se pode criar esse tipo de ecossistema colaborativo. Todas as grandes crises do passado deram origem a novos períodos de crescimento que foram moldados pelo crescimento de novas indústrias facilitadas por novas infra-estruturas. Esta crise deveria ser um turning point e para isso é preciso focar os recursos escassos que existem na inovação em todas as áreas: empresas, sociedade e serviços públicos. Onde vemos um problema, devemos ser parte da solução; foi essa a postura da APDC. Identificar os desafios que a sociedade portuguesa enfrenta e mobilizar as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para criar novas respostas.

“Todas as grandes crises do passado deram origem a novos períodos de crescimento que foram moldados pelo crescimento de novas indústrias facilitadas por novas infra-estruturas”

Fibra | A APDC também deixou de ser apenas comunicações e passou a integrar as tecnologias de informação… DV | As comunicações hoje em dia são as artérias vitais da sociedade. De maneira que valem, não só por si, mas também por aquilo que hoje em dia permitem fazer. Mudaram radicalmente a forma como o mundo se organiza. Fibra | Mas a integração das tecnologias de comunicação foi uma aposta deste mandato. DV | Claramente. As comunicações são indispensáveis mas, na prática, existem não como um fim em si mesmo. TIC e comunicações são coisas que têm de andar a par e par. Quando se fala hoje de inovação normalmente tendese a falar na área empresarial mas entendo que o conceito de inovação é muito mais vasto. É também 32

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“Esta crise deveria ser um turning point e para isso é preciso focar os recursos escassos que existem na inovação em todas as áreas: empresas, sociedade e serviços públicos”

a nossa capacidade de inovar na sociedade, o que significa criar novas respostas aos grandes desafios que a sociedade enfrenta. Um tempo de crise deve ser um tempo de grande criatividade social. E é durante estes tempos que tudo fica em aberto, onde se podem e dever discutir novos futuros possíveis. Fibra | Implica mudar comportamento, atitudes… DV | Mais do que isso. Um exemplo prático. Daqui a 20 anos, 1/4 dos portugueses terá mais de 65 anos. Obviamente que a sociedade não está preparada para isso. Parte da resposta tem a ver com as pessoas estarem ligadas entre si e aos serviços de que necessitam, para poderem ficar nas suas comunidades com um certo tipo de apoios em vez de irem para soluções institucionais, desde muito cedo. Isso passa por uma colaboração muito grande entre as comunicações e muitos outros sectores. O mesmo se diga na área da saúde. Grande parte das despesas da saúde é com doenças crónicas, com as quais temos de viver ao longo de muitas décadas. A solução não passa por mais hospitais ou mais médicos, passa por dar mais poder aos doentes para que eles sejam capazes de cuidar melhor de si próprios. Significa que o sector das comunicações tem que abrir a sua cadeia de valor, convidando outros sectores a co-criar novas soluções. Fibra | Ou seja, as TIC estão em toda a parte. DV | São um enabler. Antes as tecnologias eram um dos drivers da inovação, hoje em dia são um enabler, facilitam. E o facto de estarem disponíveis de forma massificada, a um preço cada vez mais acessível, faz com que deixe, na prática, de fazer grande sentido a distinção entre high tech e low tech. Algumas das inovações mais interessantes nem sequer surgiram nos países ocidentais. Quem popularizou os pagamentos por SMS não foi nenhuma empresa de Sillicon Valley. Foi o Quénia, com o O novo agregador das comunicações


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M-Pesa. É um país enorme, onde quase ninguém tinha conta bancária, nem onde guardar o dinheiro com segurança, nem tinha sequer forma de enviar dinheiro para a família. A Safari Telecom concebeu um software que permitiu que uma pessoa, em qualquer loja acreditada, possa entregar dinheiro, que é creditado no telemóvel, e enviado por SMS. O próprio governo queniano paga os ordenados através do sistema, que hoje está em 21 países, mudando de forma radical o acesso ao crédito, como o impacto que isso tem. O próprio micro crédito não foi inventado em Wall Street, nasceu no Bangladesh e só é possível por causa da tecnologia muito barata, que permite operações de muito baixo custo. Mesmo em tecnologias mas avançadas, a fibra óptica, por exemplo, os indianos já estão a desenvolver modelos com custos baixos. Jorge Souto | As dinâmicas demográficas ditam uma cada vez maior percentagem de população com mais de 65 anos. Qual o papel das TIC na melhoria da qualidade de vida destes cidadãos e como pode a APDC ser um agente catalisador nesta mudança? DV | O papel das TIC é fundamental porque a nova visão do envelhecimento é as pessoas estarem ligadas ao trabalho, por exemplo. Deveriam ser experimentados sistemas mais flexíveis. É um erro as pessoas reformarem-se tão cedo. Não se deviam reformar numa sexta-feira, saírem às seis da tarde e depois, na segundafeira seguinte, terem 20 anos à frente sem nada para fazer, que é o que acontece. As grandes questões das pessoas mais idosas são isolamento, depressão e solidão. Isso significa que tem de haver cuidados de saúde personalizados que permitam às pessoas estarem contactáveis e poderem contactar alguém a partir das suas casas. Mas, acima de tudo, importa que sejam reconhecidas como um activo valioso e não como um fardo pela sociedade. A tecnologia é vital, mas não chega. É preciso

“A nova fase é a do Estado a inovar com as pessoas. Não se limita a prestar serviços às pessoas mas devolvelhes poder para elas co-criarem serviços. Isso significa que não basta entregar serviços, é preciso mobilizar os recursos da sociedade para que ela possa ter um papel mais activo”

Jorge Souto director do mestrado em Audiovisual e Multimédia da Escola Superior de Comunicação Social de Lisboa

combinar inovação tecnológica com inovação social. A pedido da vice-presidente da Comissão Europeia, Nellie Kroos, responsável pela Agenda Digital, integrei um pequeno painel de alto nível encarregue de avaliar o programa Ambiente Assisted Living, que financia o desenvolvimento de novas tecnologias para aumentar a independência das pessoas mais velhas. Falei com gente de toda a Europa, desde as operadoras de telecomunicações a governos locais e nacionais. Apesar da mais-valia do programa, o que temos não passa ainda de um mercado de projectos-piloto. Andamos a encher de gadgets as casas dos séniores, temos de passar a inovação em larga escala. Isso implica, novos tipos de colaboração entre o sector público e privado, design e envolvimento dos utilizadores. A nossa reflexão levou a Comissão Europeia a escolher o tema Active and Healthy Ageing para testar o conceito de European Innovation Partnerships. O objectivo é criar mais dois anos de vida com saúde para todos os europeus. Se as pessoas perceberem que a linha da frente da saúde não apenas é o hospital, é o supermercado, o ginásio, a escola, o centro dia, são as suas casas, percebem que o facto de estarem informadas é boa parte da resposta para esta nova visão para o envelhecimento. Portugal precisa rapidamente de uma estratégia para esta área.

“É um erro as pessoas reformarem-se tão cedo. Não se deviam reformar numa sexta-feira, saírem às seis da tarde e depois, na segunda-feira seguinte, terem 20 anos à frente sem nada para fazer, que é o que acontece”

Fibra | A Comissão Europeia divulgou as conclusões de um estudo sobre disponibilidade de serviços públicos online, onde Portugal aparece em 1.º lugar, entre 32 países, empatado com a Áustria e Malta. Sente que este resultado se deve muito ao trabalho que desenvolveu como presidente da UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento? DV | Claro que houve muito trabalho de fundação feito na altura em que trabalhei com o Governo, entre Novembro de 2002 e Julho de 2005. Acho muito positivo que Portugal evolua nesses rankings, >>>

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ENTREVISTa

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que vão ter de evoluir no futuro porque hoje em dia o grande desafio é passar do e-gov para o we-gov. Ou seja, todo o esforço de modernização que houve até agora na administração pública, em todos os países da OCDE, foi ligado à ideia de performance; entregar mais e melhores serviços; fazer “para as pessoas”. O grande desafio hoje é motivar os utilizadores a gerar os seus próprios conteúdos e soluções. O grande debate é saber se devemos melhorar o modelo ou se devemos mudar de modelo. Não é uma resposta óbvia porque há diferentes perspectivas sobre isso.

“O Governo não tem uma estratégia para a web social. Não existe pois o que temos é ainda uma noção, diria, 1.0. do poder. O poder é visto ainda como um exercício de “comando e controlo” e não como um exercício de orquestração colectiva, de mobilização da sociedade”

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Fibra | Defende que deve ser mudado? DV | Sim, claramente. Daí o meu empenhamento na inovação social. Nas últimas décadas, tivemos um Estado acima das pessoas (segurança, guerra), depois (logo a seguir à Segunda Guerra Mundial), um Estado a servir as pessoas (welfare State). É chegada a hora de uma terceira revolução: um Estado a criar e inovar com as pessoas (inovação social). Isto é: não se limita a prestar serviços às pessoas mas devolve-lhes poder para elas co-criarem serviços. Isso significa que não basta entregar serviços, é preciso mobilizar os recursos da sociedade para que ela possa ter um papel mais activo. Isto – e é uma opinião enquanto cidadão – tem a ver com expectativas crescentes que temos, como cidadãos informados: expectativas de emporwerment, de feedback, de participação. Somos consumidores passivos, ou cidadãos activos e exigentes, empenhados na construção do futuro? O serviço público é prestado pelo próprio Estado ou este é uma plataforma aberta, onde podemos participar? Devemos falar em serviços públicos ou em orçamentos públicos, dando espaço para os cidadãos participarem, com a sua criatividade e energia, na prevenção dos problemas? O Estado deve canalizar os nossos impostos para resolver problemas ou capacitar a sociedade civil a de-

“A agenda económica em Portugal não pode ser apenas as das grandes empresas de hoje mas, sobretudo, é necessário criar condições para que haja novas empresas grandes amanhã. Nenhuma empresa, por maior que seja, consegue inovar sozinha. As empresas, tal como o Estado, devem ser plataformas de inovação”

“É um erro da nossa política económica a obsessão com alguns mercados em que Portugal se pode tornar relevante porque lhes empresta credibilidade – Líbia, Venezuela. São mercados interessantes para certas áreas que têm pouco valor acrescentado. Uma empresa só aprende com clientes exigentes e os mercados mais exigentes não são esses”

senvolver novas soluções? Aquilo que é bonito e interessante na APDC é ser, ao longo dos seus 25 anos, uma entidade da sociedade civil no seu melhor, independente, livre. A sociedade civil é um espaço de respiração absolutamente vital numa democracia madura. A grande prioridade das políticas públicas deve ser desenvolver as capacidades da sociedade e não alimentar a doce ilusão dos tempos modernos, de um futuro garantido pelo Estado. Fibra | Tendo em conta a sua análise, considera que a APDC deu um contributo positivo para o desenvolvimento das TIC em Portugal? DV | Sem dúvida. Através de uma análise das centenas de vídeos disponíveis no Canal de TV da APDC (http://tv.apdc.pt), pode ver a evolução dos temas em discussão nos últimos três anos. O primeiro debate que fizemos foi sobre as redes de nova geração. Foi um contributo para colocar a questão na agenda e acelerar as decisões que eram necessárias tomar, do ponto de vista do mercado, do regulador e do Governo. Creio que a APDC deu um excelente contributo para que Portugal avançasse e estivesse na linha da frente na construção de redes de nova geração, entretanto assumida, e muito bem, como uma prioridade politica. A própria APDC estimulou o Governo a criar uma solução de financiamento para as redes de nova geração com o Banco Europeu de Investimentos e, numa segunda fase, a criação de duas iniciativas de financiamento de novas aplicações, uma para empresas e outra para a administração pública para criar novos serviços. As redes do futuro são a chave para novos empregos, novas competências, novos mercados e para a redução de custos e um investimento necessário e complementar de outras infra-estruturas, permitindo-lhes ser “inteligentes”. Mas sem novos serviços, a apetência por estas redes ficará muito aquém do seu potencial. Os grandes drivers do progresso e da O novo agregador das comunicações


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mudança terão de ser a criatividade e a inovação de consumidores e empreendedores na criação de novos modelos de negócio e no estímulo a novos padrões de consumo. Outro debate que lançámos foi o do impacto das tecnologias de informação na eficiência energética. Na sequência da iniciativa mundial Smart 2020, fomos a primeira associação a fazer um relatório sobre a realidade nacional, o Smart Portugal 2020, coordenado pelo engenheiro Jorge Vasconcelos. Esse trabalho permitiu calcular o valor económico da utilização das TIC em vários sectores, redes eléctricas, indústria, imobiliário, transportes. Como é que essa eficiência energética contribuía, não só para os objectivos com que Portugal se comprometeu em termos da estratégia europeia, mas também como isso criava novas oportunidades e serviços e qual o valor económico que isso gerava. Fibra | Temos melhor e-gov, uma boa rede de fibra óptica, o Magalhães, mas o país não avança, continua na cauda da Europa. O que se passa? DV | Há vários países dentro de Portugal. Há um que avança e é muito competitivo, a nível global, e há outro que está excessivamente dependente do Estado. Acho que se verifica em Portugal um fenómeno que é comum a outros países da Europa continental: somos melhores a conservar o que temos, do que a dar as boas vindas ao que chega de novo. O grande desafio que Portugal e a Europa enfrentam é o de mudança estrutural, e isso passa por novas empresas que cresçam rapidamente. Essas são as empresas que criam mais emprego. Por exemplo, nos últimos sete anos, nos EUA, 74 por cento do emprego líquido não foi criado nem pelas grandes empresas que existiam há muito tempo nem pelo próprio Estado, mas sim pelas young innovative companies – empresas jovens mas que crescem rapidamente. Nem todas são assim, obviamente, mas estas criam emprego mais qualificado e fazem produtos mais competitiO novo agregador das comunicações

vos. A agenda económica em Portugal tem de mudar: a prioridade não pode estar nas grandes empresas de hoje, mas nas grandes empresas de amanhã. É daí que virá o emprego. A inovação radical é a única forma de criar emprego: novos produtos por novas empresas para novos mercados. Nenhuma empresa, por maior que seja, consegue inovar sozinha. As empresas, tal como o Estado, devem ser plataformas de inovação.

Pedro Seabra ceo ViaTecla

“Somos consumidores passivos ou cidadãos activos? O serviço público é prestado pelo próprio Estado ou podemos ter uma palavra a dizer? Devemos falar em Orçamento do Estado ou em orçamento público, gerido pelos cidadãos? O Estado deve subsidiar ou capacitar a sociedade civil a desenvolver novas soluções?”

Pedro Seabra | Que conselho dá às empresas tecnológicas para se internacionalizarem? Num ecossistema altamente competitivo e com países já há muito posicionados na venda global, com o lobby e o modelo montado, onde Portugal pode vir a ser competitivo? DV | Transformarem-se em empresa meta-nacionais, que não estejam dependentes de uma estratégia do sítio onde nasceram. Significa encontrarem a nível mundial gente que com elas possa colaborar. Tentar interessar investidores internacionais de venture capital, incluindo corporate investors, e não ficarem dependentes apenas do mercado português. No nicho em que entrarem, tentarem ser das melhores a nível mundial. É fácil de dizer mas difícil de concretizar. Há um país pequeno que conheço relativamente bem, que é Israel, que pode ser claramente apontado como exemplo de uma politica de inovação bem sucedida. Em 40 anos passou de um país que vendia laranjas e têxteis de baixo valor, para ser o país que mais investe em I&D, o segundo em skils tecnológicos, o único em que 1/3 das exportações são tecnologia avançada. É o primeiro país não americano no Nasdaq e o segundo no mundo em termos de atracção de venture capital. Como é que um país pequeno se transforma em poucas décadas numa start-up nation? Focaram a sua politica de inovação na criação de novos produtos capazes de vencer nos mercados mundiais mais exigentes. A nossa política económica tem estado obcecada com

“Acho que se verifica em Portugal um fenómeno que é comum a outros países da Europa continental: somos melhores a conservar o que temos, do que a dar as boas vindas ao que chega de novo”

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ENTREVISTa

Edição vídeo desta entrevista em www.fibra.pt

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mercados em elevado crescimento – como Angola – ou em que Portugal se pode tornar relevante porque lhes empresta credibilidade – Líbia, Venezuela. Uma empresa só aprende com clientes e mercados exigentes. Israel apostou em mercado muito exigentes: japonês, sul-coreano, alemão, norte-americano. No caso concreto de Portugal é preciso dar visibilidade às melhores empresas portuguesas tecnológicas para que elas possam atrair capital de risco internacional. O nosso capital de risco é demasiado nacional e demasiado bancário. Temos de complementar os investidores nacionais de venture capital com outro tipo de investidores: venture capitalists internacionais e corporate investors. Isso é vital para abrir mercados sofisticados, melhorar a gestão e dar mais mundo às empresas. Fibra | Um artigo assinado por investigadores da Carnegie Mellon University concluiu que a introdução da banda larga nas escolas portuguesas, através da massificação do Magalhães, prejudicou os resultados escolares. O que pensa disso? DV | É óptimo os estudantes terem acesso à tecnologia mas ela não é o mais importante para ter sucesso escolar. O mais importante é ter bons

professores e escola e famílias que criem o ambiente propício ao estudo, o qual exige trabalho, concentração e determinação. A banda larga é um instrumento, não um fim em sim mesmo. A iniciativa Magalhães transformou-se num problema político. Devia ser realizada em escala reduzida, os seus efeitos estudados, tiradas conclusões pedagógicas e depois massificar, analisadas as alternativas possíveis. A forma como se desenvolveu traduziu uma opção política, não uma opção educativa. Na sua génese tem um bom objectivo, que é dotar todos, sem discriminação social, com um instrumento que é fundamental hoje em dia, mas é discutível é que o modelo tenha sido o melhor, em termos pedagógicos, de mercado e de sustentabilidade. Por outro lado, com todo o respeito pela JP Sá Couto, creio que Portugal não qualquer vocação para produzir hardware, é uma actividade com baixo valor acrescentado e que exige uma escala brutal – e é por isso que essa especialização reside hoje no Extremo Oriente – não na Europa nem nos EUA. Onde nos devemos focar é no software educativo: usar a escala desse programa para desenvolver competências neste domínio, onde há menos barreiras à entrada e onde Portugal pode competir com os melhores. Mais importante que o

Magalhães, foi o reforço da banda larga nas escolas, que faz com que hoje Portugal tenha condições ímpares. Dotar cada estudante de um portátil leva-nos à questão de saber se a internet nos torna mais inteligentes ou menos.

António Granado editor multimédia da RTP e professor de Jornalismo na Universidade Nova de Lisboa

PERFIL

O rosto da sociedade da informação Vive em Londres, é muito requisitado para conferências, seminários e tudo o que tenha a ver com a sociedade do conhecimento. Nada de extraordinário num homem que, entre Novembro de 2002 e Julho de 2005, liderou a UMIC – Agência para a Sociedade do Conhecimento, criada no âmbito da Presidência do Conselho de Ministros. Naquela estrutura foi responsável pela Sociedade de Informação, e-government e Banda Larga, bem como pela desenvolvimento de iniciativas como os campus virtuais, a Biblioteca do Conhecimento Online, o Portal do Cidadão, as compras electrónicas na Administração Pública, as ligação das escolas em banda larga, o voto electrónico e a rede de Inclusão Digital. A 16 de Maio de 2008, foi eleito Presidente da APDC. É formado em Direito (Universidade Católica) e pós-graduado em Direito das Comunicações (Universidade Coimbra), Gestão e Ciência Política (Universidade Católica).

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“A tradição política portuguesa, e em particular no actual contexto, não é propriamente a de um Governo aberto nesse sentido”

António Granado | Ouvi no congresso iRedes, em Burgos, a responsável pela comunicação das redes sociais do governo chileno, dizer que 21 dos 22 ministros do Chile twitam eles próprios directamente. Veremos alguma vez isto acontecer em Portugal? Quando? O que nos falta para uma maior aproximação entre eleitores e eleitos? Que cinco conselhos daria aos responsáveis políticos? DV | O Governo não tem uma estratégia para a web social. Existe uma estratégia nos EUA, no Canadá, no Reino Unido. Já nem sequer falo ao nível do sector público mas sim da administração pública. Qual é a estratégia para a administração pública estar na web social? Não existe. No Reino Unido, por exemplo, grande parte dos embaixadores tem blogues. Até o próprio ministro dos Negócios Estrangeiro. Aliás, quem começou isso foi o David Milliband. Portugal é um dos países onde há mais distância entre o cidadão e o poder político. Quanto mais distância houver, pior para a sociedade porque o poder rodeia-se de uma certa liturgia e passa a ser um exercício de dependência, ao passo que se a distância for mais curta, o poder é uma actividade de serviço que está permanentemente sob escrutínio, tem a preocupação da transparência. Assume-se como um Governo aberto. Ora, em Portugal, não é essa claramente a ideia. A tradição política portuguesa, e em particular no actual contexto, não é propriamente a de um Governo aberto nesse sentido. Mesmo em França, que é um país conservador, há muitos exemplos de responsáveis da administração pública e do governo que têm blogues, interagem, que não se importam de ser escrutinados. Aqui temos os assessores de imprensa a twittarem em nome dos seus representados. O novo agregador das comunicações


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Seis razões para sorrir ao futuro As PME que sobreviveram à austeridade económica estão em condições de aproveitar as oportunidades actuais e têm seis boas razões para estar entusiasmadas com o futuro

Sandra Lopes ccs sales manager da Colt

Os últimos anos têm sido penosos para muitas Pequenas e Médias Empresas (PME). As que conseguiram ultrapassar os tempos adversos foram forçadas a ser criativas, inovar e manter os custos reduzidos para poderem continuar a oferecer um serviço excelente aos clientes. Não é seguro que Europa já tenha ultrapassado os tempos mais adversos, mas há sinais económicos que motivam algum optimismo. Ao mesmo tempo, algumas das maiores inovações tecnológicas actuais estão hoje ao alcance das PME – tecnologias que proporcionam a velocidade e a escalabilidade e permitem às empresas mais pequenas competirem com as maiores. É importante ter uma estrutura de Tecnologias de Informação (TI) robusta. Dados da União Europeia (UE) mostram que em muitos países os dias de trabalho perdidos em PME, devido a falhas nesta estrutura, são o dobro dos perdidos por doença. E as paragens causam danos na sua reputação juntos dos fornecedores, clientes e potenciais investidores. Os custos reais são enormes. As PME que sobreviveram à austeridade económica estão em condições de aproveitar as oportunidades actuais. Eis as seis razões para estarem entusiasmadas com o futuro: 1. Existem hoje menos concorrentes. De acordo com dados da UE, em 2010, desapareceram 150 mil empresas; 2. Menos grandes concorrentes. Nos tempos de abundância, as grandes empresas estão sempre à procura de novas áreas de crescimento e receitas em áreas de negócios de nicho das PME. Agora estão focadas no core business, pelo que é um excelente momento para investir no crescimento do negócio de nicho; O novo agregador das comunicações

“Os dias de trabalho perdidos em PME devido a falhas na estrutura de TI são o dobro dos perdidos por doença. E as paragens causam danos na sua reputação juntos dos fornecedores, clientes e potenciais investidores. Os custos reais são enormes”

“As próximas histórias de sucesso de PME serão daquelas que aproveitarem as vantagens trazidas pelas novas tecnologias e tirem partido do fluxo económico em que estão envolvidas”

3. Recuperação da procura. Após vários anos de restrições, as empresas estão a voltar à normalidade. Os sistemas precisam de actualizações para fazer face às necessidades resultantes dos novos negócios. As oportunidades são enormes para quem estiver em condições de aproveitar este movimento positivo; 4. As grandes organizações estão a rever os seus fornecedores. A época de restrições obrigou a uma maior criatividade nos processos de contratação de serviços. Manter o status quo não é aceitável quando um fornecedor rival oferece mais por menos. A oportunidade de entrar no sector entreprise pode ser uma mais valia inestimável para players pequenos e inovadores; 5. Nova tecnologia abre novos mercados. Os sistemas baseados na cloud são eficientes, escaláveis e seguros e dão às PME acesso a capacidades de computação que dantes só estavam ao alcance das grandes empresas. Ao implementarem enterprise grade services, as PME podem suportar grandes negócios com Service Level Agreements, normalmente apenas disponíveis ao sector enterprise. 6. Nova tecnologia cria novas áreas de produto e serviço. O consumo em massa de produtos digitais, como a internet de banda larga, criou novas oportunidades que ameaçam mudar os moldes de cada indústria. Apesar das oportunidades serem infindáveis, as PME sabem que o crescimento demasiado rápido poderá ser tão perigoso quanto um doloroso abrandamento. Planificar o crescimento é tão importante quanto conquistar novos clientes.

As PME precisam de uma abordagem modular na utilização dos sistemas TI e de conectividade que sejam acessíveis e comparáveis com as que as grandes empresas têm para oferecer – não há necessidade de pagar antecipadamente por capacidades que poderão nem sequer ser usadas, mas seria contra-producente ter uma solução que não pudesse ser reforçada. Independentemente da rapidez de crescimento, as PME têm de garantir sistemas acessíveis e escaláveis comparáveis aos oferecidos pelas principais grandes empresas concorrentes. Muitas PME enfrentam o desafio da redução dos custos operacionais ou despesas enquanto mantêm os níveis de inovação e flexibilidade para reagir aos factores externos. Em muitos casos, podem responder a estes desafios de forma simples através de uma implementação estratégica inteligente das TI, obtendo melhorias em áreas críticas do negócio e demonstrando a eficácia enquanto facilitador do crescimento e flexibilidade. Perceberem que novas oportunidades estão ao seu alcance será vital para o sucesso dos negócios a longo prazo. Os mercados europeus estão mais magros, ajustados e prontos para acolher novas ideias. As próximas histórias de sucesso de PME serão daquelas que aproveitarem as vantagens trazidas pelas novas tecnologias e tirem partido do fluxo económico em que estão envolvidas. Março de 2011

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PT cria data center na Covilhã Um dos maiores data centers da Europa vai ser instalado pela Portugal Telecom (PT) na Covilhã. Este novo projecto permitirá a criação de 500 postos de trabalho directos e indirectos. O projecto foi apresentado, no início de Fevereiro, por Zeinal Bava e o autarca Carlos Pinto, numa cerimónia que teve lugar no salão nobre da Câmara Municipal da Covilhã. Com 45 mil m², o centro está inserido na aposta da PT na área da cloud computing, e terá como principal foco “o

aumento significativo da capacidade de armazenamento e processamento de dados de empresas e de serviços de cloud computing para empresas portuguesas e internacionais, e vai posicionar a PT como um player nesta área da tecnologia no mercado europeu”.

Portugal cresceu mais na inovação

Microsoft forma directores escolares

Portugal foi o país que mais cresceu no ranking europeu de inovação, liderando a lista de países “moderadamente inovadores” e subindo uma posição na tabela geral dos 27 da União Europeia (UE), revelou a Comissão Europeia. A tabela divulgada pelo Innovation Union Scoreboard, em Bruxelas, que avaliou os 27 Estados-membros da UE, indica que Portugal ocupa agora a 15.ª posição. Comparando com a edição de 2007, Portugal subiu sete posições, estando agora à frente de países como a Itália, Espanha e Grécia.

A Microsoft Portugal lançou a 2.ª edição do programa de desenvolvimento “Líderes Inovadores”, em parceria com o Ministério da Educação, envolvendo cem directores de escolas/agrupamentos do ensino básico e secundário. Tal como na primeira edição, esta iniciativa é composta por um conjunto de workshops nas áreas da Gestão, Liderança e Marketing e Comunicação, ministrados por especialistas nacionais e internacionais. Está prevista também a criação e implementação de um plano de melhoria em áreas previamente identificadas e que será acompanhado pelos líderes empresariais.

Cardmobili ganha prémio em Barcelona

Porto Editora em 1.º lugar na AppStore

A empresa portuguesa Cardmobili venceu o prémio “Aplicação do ano” atribuído pelo público no Mobile Premier Awards, uma competição internacional de referência que distingue as aplicações inovadoras para dispositivos móveis. Esta aplicação permite que os utilizadores passem a gerir no seu telemóvel e online todos os seus cartões, utilizando a aplicação para mostrar a respectiva imagem e informação no visor em qualquer altura, em qualquer lugar. Para além deste prémio, a empresa portuguesa ganhou vários concursos e foi reconhecida em vários eventos como, por exemplo, o Mobile Europe 2.0 ou o Vodafone Mobile Clicks 2010.

Os conteúdos da Porto Editora para o iPad ocupam o top português e brasileiro da loja online da Apple, com um registo de 140 mil downloads até ao momento, revelou a editora. O Dicionário da Língua Portuguesa e a Diciopédia mobile ocupam os primeiros lugares do top iPad Free Apps da App Store portuguesa e o pack “10 dicionários” está no primeiro lugar do top iPad Reference Paid Apps.

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pessoas Stephen Elop, o actual ceo da Nokia, vendeu a sua participação na Microsoft e investiu um milhão de euros na fabricante finlandesa. Na base desta operação está o facto de o presidente executivo da Nokia não querer alimentar suspeitas de ser um infiltrado da Microsoft. A venda das acções e o investimento de Elop funciona como um compromisso para com a empresa finlandesa visto que, após o anúncio da parceria entre a Nokia e a Microsoft, foram levantadas suspeitas de que Stephen Elop poderia não estar a lutar pelos interesses da empresa. Alguns apelidaram-no de ”cavalo de Tróia”. Carlos Matias, líder da fabricante portuguesa de purificadores de ar Airfree, viu a sua empresa ser nomeada para o Prémio Inventa, de patentes nacionais, com o Air Sterilization System. Através de uma tecnologia simples – “ferver o ar” - os purificadores Airfree esterilizam o ar a altas temperaturas, no interior dos aparelhos, sem no entanto aquecer os ambientes. Paul Otellini, presidente executivo da Intel, vai ser nomeado para um comité de especialistas que faz assessoria ao presidente norte-americano Barack Obama na área do emprego. Segundo informações da Casa Branca, Otellini fará parte do Conselho de Emprego e Competitividade do presidente, criado em Janeiro, e que tem por objectivo a promoção do crescimento e o aumento nas contratações. O novo agregador das comunicações


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Nokia e Microsoft confirmam parceria A Nokia e a Microsoft anunciaram uma parceria estratégica para o futuro. A partir de agora, o sistema operativo de grande parte da linha de smartphones Nokia vai passar a ser fabricado pela empresa de Steve Ballmer. Em carta aberta, Steve Ballmer e Stephen Elop, ceo da Microsoft e da Nokia, respectivamente, referem que esta parceria vai aumentar a escala de ambas as empresas, “o que se traduzirá em vantagens significativas para os consumidores, programadores, operadores móveis e empresas em todo o mundo”.

Apple desenvolve iPhone mais barato A Apple está a criar uma linha mais barata de iPhones e a fazer uma revisão no software para os dispositivos, revelou o Wall Street Journal. Acelerar as vendas dos seus smartphones é o objectivo principal da marca norte-americana. Quem viu o protótipo afirma que este novo dispositivo tem, aproximadamente, metade do tamanho do actual iPhone 4 e pretende-se que a sua venda aconteça em conjunto com a linha de produtos Apple. Estima-se que o novo iPhone já esteja disponível no Verão. No entanto, estas informações não foram confirmadas por nenhuma fonte da empresa de Steve Jobs. O novo agregador das comunicações

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Zon aposta em conteúdos televisivos na internet

Sony Ericsson lidera mercado Android em Portugal

A Zon vai disponibilizar conteúdos televisivos nos computadores pessoais, telemóveis ou tablets dos seus subscritores e o serviço estará operacional a partir do Verão. Numa primeira abordagem a este tipo de negócio, e sem avançar quais os conteúdos a disponibilizar, o presidente da Zon, Rodrigo Costa, caracteriza o serviço como um portal de acesso aos conteúdos dos quais a empresa detenha também os direitos para internet. Relativamente aos investimentos na rede de acesso, estes podem ser potenciados no futuro, visto que, em projectos como a televisão sobre a internet, os consumidores são obrigados ter uma maior largura de banda o que, nas palavras de Rodrigo Costa, “à medida que venha a acontecer, vamos perder clientes na área da televisão, o que vai ser compensado, não tenho dúvidas, pela necessidade de acesso à internet”.

De acordo com dados da GFK, empresa que audita as vendas de mercado português de telecomunicações, a Sony Ericsson foi, em Dezembro de 2010, líder em Portugal nas vendas de equipamentos com Android. No segundo semestre de 2010 a Sony Ericsson apostou no lançamento de vários smartphones da gama Xperia que combinam o hardware da marca com o sistema operativo Android, da Google. Os principais destaques vão para os telefones X8, X10, X10 mini e X10 mini pro.

Portugal em primeiro nos serviços públicos online Portugal é o país da União Europeia mais avançado em sofisticação e disponibilidade de serviços públicos online, de acordo com o relatório “eGov Benchmark 2010”. O estudo da Comissão Europeia destaca para Portugal “boas práticas”, tais como a implementação do Cartão do Cidadão, a ferramenta Empresa Online, o serviço de declarações electrónicas de impostos e a página virtual da Segurança Social. Este é o 9.º estudo conduzido pela Comissão Europeia de avaliação do desempenho europeu em matéria de governação electrónica.

Tackable, a rede social para jornalistas Chama-se Tackable e define-se como uma plataforma móvel de fotojornalismo e foi lançada este ano em 34 jornais de São Francisco, nos EUA. Segundo informação publicada no site, o objectivo é transmitir, através de smartphones, informações e fotos sobre o que está acontecer em tempo real em diversos locais, contribuindo assim para os artigos que os repórteres escrevem. Para já, a aplicação permite apenas o envio de fotos e legendas mas poderá vir a incluir textos, áudio e vídeo.

AOL compra The Huffington Post A AOL anunciou a compra, por 231 milhões de euros, do The Huffington Post, um influente site de notícias e comentários fundado em 2005 e que conta actualmente com 25 milhões de visitantes únicos. Num comunicado conjunto divulgado na altura do negócio, afirma-se que esta compra criará um grupo “global, nacional e local de conteúdos para a era digital e em várias plataformas – online, telemóveis, tablets e vídeo”.

PC ficam para trás em 2011 A venda de dispositivos como smartphones, tablets e netbooks suplantará em 2011 a venda de PC, sendo de esperar, contudo, “um maior impacto desta alteração” no contexto internacional do que no português, revela um estudo divulgado pela consultora Deloitte. “Apesar de o PC não desaparecer, o caminho futuro aponta para a diversidade a nível de dispositivos, processadores e sistemas operativos, com alterações de modelos de negócio e o surgimento de novas oportunidades relacionadas com novos dispositivos, aplicações e periféricos”, revela o estudo “TMT Predictions 211”, que antevê cenários na áreas de Tecnologia, Media e Telecomunicações. 40

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400 milhões usam banda larga móvel A GSM Association (GSMA), a principal associação mundial do sector móvel, avançou que, em todo o mundo, são mais de 400 milhões os utilizadores que recorrem aos serviços de internet de banda larga através de ligações móveis (HSPA), um crescimento de 100 por cento, face ao ano anterior. Os números apresentados revelam que, a cada mês, existem 17 milhões de novos clientes de ligações HSPA em todo o mundo. No ano anterior os valores registados ao nível das adesões mensais rondaram os 9 milhões.

Utilizadores de redes sociais acima dos 45 triplicam A Marktest divulgou os dados do Bareme Internet 2010 que revelam que a faixa etária a partir dos 45 anos é aquela onde a utilização das redes sociais mais cresceu no ano passado. O relatório revela que o acesso às redes sociais pela faixa etária a partir dos 45 anos subiu de 1,7 por cento, em 2009, para 5,4 por cento, no ano que passou. Actualmente, cerca de 25 por cento dos portugueses com mais de 15 anos acedem frequentemente a redes sociais como o Facebook, MySpace e Hi5 e é precisamente a idade o factor com maior influência no recurso a este tipo de serviços, pois são os mais novos que se destacam na sua utilização. O novo agregador das comunicações


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SÉRIES

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Miguel Vicente é fã do Dr. House

Apesar de hoje em dia não ter o tempo para seguir uma série completa, há vários anos que sou fã de House MD e continuo a parar para ver o episódio completo, sempre que o apanho na FOX. É sem dúvida a série que mais me inspira, que mais emoções despertou ao longo do tempo, e que me coloca alguma perspectiva sobre a paixão, quase obsessão, em se ser o melhor naquilo que se faz, e o impacto que isso provoca nas outras pessoas e no mundo que as rodeia. De um modo um pouco estranho, faz-me também pensar no “porquê” de tudo o que fazemos, em particular pela complexidade da resposta através das várias personagens da série. Confesso que me identifico incrivelmente com o melhor amigo do House, o Wilson, mas tenho muitos momentos de House, quando digo ou faço o que acredito ser necessário, e não o que o “contrato social normal” – para usar uma expressão da série – nos diz.

Segunda-feira • 21h30 Repetição: Segunda-feira • 00h45 Sexta-feira • 22h20

O novo agregador das comunicações

Miguel Vicente Technical Audiences Manager da Microsoft. Licenciado em Engenharia Informática e Computação pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, está há mais de 3 anos na Microsoft Portugal. Começou por gerir o programa Microsoft Student Partners, passando pela formação e desenvolvimento de competências dos Parceiros Microsoft e, actualmente, é responsável pela gestão e comunicação para audiências técnicas da empresa, Developers e IT Pros, através dos programas MSDN e TechNet. Confessa-se apaixonado (“e talvez obcecado”) pelo que faz Março de 2011

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hoBBy

Laila Ferreira

“Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo.” Este é o hobby de Laila. É mostrar aos outros que as pedras no caminho podem sempre ser aproveitadas para “empreendermos um castelo”. É desbravar o trilho da esperança. É fazer com que os outros acreditem que é sempre possível fazer mais e melhor. Desde os 18 anos que dedica o tempo livre ao voluntariado na área da educação e do empreendedorismo. Tudo começou na Alemanha, onde Laila viveu durante três anos e desenvolveu um projecto de alfabetização, leccionando português para a comunidade portuguesa local. “Acredito que o empreendedorismo começa nos bancos da escola”, explica Laila. E é lá que passa, efectivamente, grande parte dos seus tempos livres. Laila foi já presidente da Associação de Pais e é agora membro do Conselho Geral de Escolas. Integra também outras iniciativas ligadas ao empreendedorismo na Junior Achievement Portugal e na Câmara de Comércio Americana. Hoje orgulha-se de juntar o útil ao agradável e, além de outras responsabilidades na empresa relacionadas ao negócio, é responsável pela área de inovação social da HP, que apoia projectos educacionais e comunitários que integram a tecnologia para estimular o empreendedorismo e ampliar o alcance da educação.

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Laila Ferreira Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa e Mestrado em Gestão pela mesma instituição, fez Erasmus na Alemanha e acabou por lá ficar três anos, desempenhando funções no Ministério da Juventude alemão, na área de Educação no Departamento de Orientação Profissional. Em Portugal, passou pela Siemens e integrou a HP em 1994, onde já assumiu diversas funções como responsável de canal, direcção de Marketing de Serviços, direcção de Marketing Empresarial e responsável pela área de alianças O novo agregador das comunicações


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Restaurante

Manuel Falcão director-geral da Nova Expressão

Lavar a vista e ter boa mesa Faz Figura

quais um Redoma rosé que deve ser mesmo ideal para um almoço na esplanada. Na dúvida os conselhos do chefe de mesa são certeiros – assim como as suas memórias dos anos mais militarizados e políticos da casa, digamos assim.

Rua do Paraíso 15B (por cima de Santa Apolónia) Telefone: 218 868 981

Bem perto do Museu de Artilharia, e do Estado-Maior do Exército, mesmo por cima da estação de Santa Apolónia, ao cimo de uma ladeira, fica o restaurante Faz Figura. Num sítio destes, escusado será dizer, a vista é deslumbrante – sobre o rio, a ver-se a outra margem. Por alguma razão se chama Rua do Paraíso. No início, há quase 40 anos, o local estava para ser uma espécie de clube para oficiais superiores do Exército. Depois do 25 de Abril ganhou o formato de restaurante e, durante uns anos, foi o local certo para encontrar alguns dos nomes que estiveram ligados ao Conselho da Revolução e, mais tarde, para muitos encontros políticos. Com o andar do tempo o restaurante foi decaindo até que, há cerca de cinco anos, a nova gerência, a cargo de dois irmão, Nuno e Pedro Dias, tomou conta da ocorrência – de início de forma tímida, depois mexendo na decoração, na ementa, na carta de vinhos. Hoje a rodagem está (bem) feita e o Faz Figura apresentase bem.

A geografia O local só aparentemente é de difícil estacionamento, mas como o restaurante dispõe de vallet parking, tudo corre sem problemas – deixe a chave do carro ao cuidado do porteiro e pode ir descansado saborear a vista e a comida. À entrada há um pequeno bar e depois começa a desenvolver-se o restaurante, na realidade em vários espaços: uma sala interior, sobre o comprido, com janelas rasgadas sobre a esplanada, uma esplanada que é um espaço cheio de luz e que, a partir da Primavera, é um excelente local; depois há uma sala exterior, mais pequena e agradável, e uma espécie de sala semi-privada, com uma varanda arredondada, e uma única mesa circular onde cabem oito pessoas e que é, talvez, o melhor local de todo o resO novo agregador das comunicações

Custos operacionais taurante – se tiver que levar um grupo de clientes estrangeiros a jantar peça esta mesa e insista na reserva. É uma mesa com procura, mas vale a pena pedi-la porque, na realidade, é a mesa de restaurante com melhor localização e vista em Lisboa.

Cozinha variada O Faz Figura reivindica para si o rótulo de cozinha portuguesa contemporânea e é certo que tem razão. Sem demasiada esquisitice e bom apego às tradições culinárias, inova de forma sensata e vai acompanhando o que as estações do ano têm para oferecer – por exemplo, em Janeiro e Fevereiro, teve uma temporada de lampreia. Um exemplo do que digo tem a ver com um prato, salvo erro de origem ribatejana, e que muito aprecio – chama-se pivetes e na realidade é pedaços de rabo de boi estufado. Aqui, no Faz Figura, há uma versão elaborada deste petisco que dá pelo nome de rabo de

boi estufado com risoto de açafrão. Em querendo, há um extenso menu de degustação com sete propostas (quatro entradas, um prato de peixe, um de carne e uma sobremesa) e há também pratos feitos por encomenda, como, por exemplo, capão à Freamunde e vitela de Lafões no forno. Assuntos sérios. Nas entradas, destacaria as vieiras com puré de aipo e trufa negra ou a terrina de foie grãs com especiarias. Nos peixes fico sempre na dúvida entre os filetes negros de peixe-galo e o polvo em crosta de milho com vinagrete de cebola roxa. Nas carnes o rosbife é de se lhe tirar o chapéu, assim como a perdiz recheada ou a empada de aves. Nas sobremesas designo um clássico algarvio: tarte de figo e alfarroba. A garrafeira está em boa fase – há vinhos com a marca do próprio restaurante (e cervejas também, por acaso) e, para além dos bons vinhos da casa, há sempre algumas recomendações – entre os

A vista é soberba, a cozinha é boa, as mesas são confortáveis e os vinhos são bem escolhidos. Resultado – a coisa não é das mais baratas mas também, atendendo a algumas modernices que se vêem por aí, não é das mais caras. Se pretende impressionar alguém, vale a pena ir ao Faz Figura – não terá razões de queixa. Se acha que vai frequentar o local com frequência é de considerar tornar-se membro do respectivo clube – terá um desconto nas despesas e será convidados para eventos como provas de vinhos ou de petiscos regionais. Informações em www.fazfigura.com . Um almoço ou jantar para duas pessoas, sem demasiados devaneios, oscila entre os 60 e os cem euros, dependendo da extensão do menu e das escolha do vinho. Se contar com 80 euros para duas pessoas, em circunstâncias normais, não andará longe da realidade. Mas quem partilhar a refeição consigo só pode ficar contente.

BANDA SONORA

Corea, Clarke & White Forever Em 1972 Chick Corea pôs de pé um projecto chamado Return To Forever que revelou a cantora Flora Purim e o seu marido, o percussionista Airto Moreira, e ainda o baixista Stanley Clarke. O jazz de fusão estava em fase ascendente, Corea tomou um dos lugares dianteiros com esse álbum e seguiu essa direcção, com formações diferentes, até 1977. Em 2008, Corea decidiu fazer reviver a ideia com uma digressão acústica, que se prolongou pelo ano seguinte e que incluía, para além de Chick Corea e Stanley Clarke, o baterista Lenny White. Dessa digressão saíram as gravações que estão no primeiro CD deste duplo álbum, e que inclui alguns dos temas mais conhecidos da banda original Return To

Forever, um inédito e alguns standards, tudo em versão acústica – com uma sonoridade surpreendente para quem só conhece os originais. O CD 2 é todo um episódio, regista a gravação de um ensaio da digressão, onde também participaram o violinista Jean Luc Ponty, a cantora Chaka Kahn e o guitarrista Bill Connors – e estas são gravações espontâneas e verdadeiramente arrebatadoras. O disco 2 termina com o registo ao vivo do clássico 500 Miles High, no festival de Jazz de Monterey, em 2009. Cá por mim, só o CD 2 já valia a compra. Duplo CD Concord Jazz

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Viajantes

Patagónia

Pueblito Serrano

Restaurante Tapas, em Punta Arenas

Cruzando o Estreito de Magalhães

Pinguim Magalhânico

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Natal com a Dona Orfélia em Baños de Lunlunta, com a mulher Ariane Carvalho

La Piojera em Santiago, bebendo Terremotos e comendo Enpanadas

Inspirado pelo livro “Na Patagónia” de Bruce Chatwin e com vontade de reviver a aventura de Fernão de Magalhães, decidiu fazer as malas e partir em Dezembro de 2010 rumo à Patagónia. Para Iva, alugar uma pick-up é “fundamental e um must por estas bandas, pelo que este destino transmite-nos a ideia de que continuamos a ser pioneiros nestas ‘Terras do Fim do Mundo’. Há sempre um pedaço de mar e terra por onde ninguém passou antes”. No que diz respeito a lugares e experiências, entre muitas outras, sugere a cidade marítima de Puerto Natales no meio dos Fiordes, a Pinguinera de Isla Magdalena com os seus 60 mil pinguins Magalhânicos ou a vista dos Cuernos del Paine no Valle del Francés, a pé ou a cavalo. Para dormir, elege o Hotel Cabo de Hornos, em Punta Arenas, o Hotel Explora, em Torres del Plaine, e o Hotel Indigo, em Puerto Natales. E porque um ponto importante das viagens é a gastronomia, o ceo da Duvideo aconselha-nos uma “experiência única” no El Remezón em Punta Arenas ou “algo menos exótico quando a carteira já está em fim de viagem” no La Luna’s Restaurant, também em Punta Arenas. Para ilustrar e guardar memórias deste destino, Ivan Dias não levou consigo uma máquina fotográfica: “Pela primeira vez rendi-me totalmente ao App Hipstamatic para o iPhone4! Gostei!”, comenta. 44

Dezembro de 2010

Café em Puerto Natales

Ivan Dias Sócio e ceo da Duvideo, desde o inicio de 2011. Licenciou-se em Comunicação Social na Universidade do Minho e trabalha na Duvideo desde 2000. Co-produtor e co-autor do filme “Fados de Carlos Saura”. Foi também o primeiro produtor do Programa Iniciativa

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montra

Cartier cria perfume lunar O novo perfume feminino da Cartier, Cartier de Lune, garante um momento de graciosidade aliando as flores ao brilho lunar. A fragrância é composta por um autêntico ramo de Madressilvas, Rosas Selvagens, Ciclamens, Flores de Trepadeira e Lírios do Vale, que transmite a suavidade de flores colhidas ao luar.

Nova câmara Panasonic promove a comunicação Disponível em cinco cores (preto, azul, vermelho, branco e roxo) e com um design apelativo, a nova câmara de vídeo da Panasonic, a HM-TA1, é uma autêntica ferramenta de comunicação, uma vez que, para além de desfrutar de SKYPE grátis, ainda permite carregar vídeos directamente no Youtube e no Facebook. A HMTA1 dispõe de um tamanho bastante reduzido e as suas funções são extremamente simples, daí que seja a câmara ideal para levar para qualquer lugar e captar os melhores momentos em Full HD.

Hyundai desenvolve carro europeu A Hyundai divulgou as primeiras informações do novo i40, o novo modelo familiar da marca sul-coreana criado e desenhado a pensar nos gostos dos europeus. Para além do seu estilo sedutor e sofisticado, desfruta de detalhes como bancos reclináveis e aquecidos, volante aquecido e sistema de desembaciamento automático. Com um nível de emissões de apenas 113 g/km de CO2 e um bloco de turbo diesel de 1,7 litros, o Hyundai i40 chegará aos clientes antes do final do ano.

ROLEX avança no tempo O Datejust foi o primeiro relógio de pulso a mostrar a data através de uma abertura no mostrador, tornando-se um clássico da Rolex. Da sua evolução no tempo nasceu a linha Oyster Perpetual Datejust, da qual faz parte o Datejust II, um relógio eternamente elegante apresentado numa caixa mais distinta, com 41 mm e com uma combinação exclusiva de aço 904 L e ouro amarelo de 18 K.

Vodafone é o primeiro a vender Samsung Galaxy Tab 10.1 O novo tablet, apresentado há poucos dias no Mobile World Congress, em Barcelona, é o primeiro equipamento com Android 3.0 e chegará a Portugal ainda no mês de Março, num exclusivo Vodafone. O Samsung Galaxy Tab 10.1, com um ecrã de 10”, tem apenas 599 g e 10,9 mm de espessura. As colunas dual surround sound, o processador dual core Tegra 2 a 1GHz e a câmara de 8.0 megapixel tornam este tablet num dos mais completos do mercado. O novo agregador das comunicações

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O mundo à minha procura

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Tiago Pires Blackberry BlackBerry Bold 9700 da TMN. “Infelizmente sou dependente”. A melhor ferramenta para estar contactável e próximo dos seus, quando as muitas viagens do surf o afastam de casa. Mais para responder a mails “na hora” do que para navegar na net. E para tirar fotografias

Macbook Não gostava muito de computadores na adolescência, até que numa viagem ao Havai, tinha uns 18 ou 19 anos, descobriu o Mac. Prático, ágil e funcional, permite-lhe trabalhar em qualquer lado do mundo, ver filmes ou imagens suas em competição. E enquanto espera que a fibra chegue à Ericeira, é o Sapo que o leva à net

iPod touch Nada o bate um iPod Touch em funcionalidade e qualidade. O número de aplicações é infinito: algumas são inúteis, mas há muitas que dão jeito. “Vai sempre comigo, é quase um companheiro”. Inspira-o, antes de entrar na água. Com a batida electrónica dos Justice ou o rock dos Metallica, Pearl Jam ou The Killers, porque a melhor música é a dos “dinossauros”

PSP3 O PSP3 é mais leitor de DVD do que consola de jogos. Com excepção para o PES, com que relaxa depois dos treinos. Por umas duas horas, as ondas cedem lugar ao futebol virtual 46

Março de 2011

É mesmo o melhor surfista português de sempre. Há quatro anos consecutivos que surfa na primeira liga. Hoje é o 21.º melhor do mundo. Tiago tem 30 anos e desde os 14 que vive a paixão pelas ondas. Aos 18 tornou-se profissional, lançando-se numa aventura que o tem levado da Ericeira, onde passava férias e agora vive, às melhores praias do planeta. Austrália, África do Sul, Havai... numa média de 15 provas por época. Diz-se “boa onda”, gosta de brincar e de estar rodeado de bom humor. Patrocinado, desde o início do ano, pela Quiksilver, é um dos jovens atletas da TMN Dream Team

Canon G10 Anda sempre consigo: é uma Canon G10, robusta, simples de usar mas não minimalista. Para “congelar o momento” e “contar uma história”. De cada viagem traz pelo menos umas 300 fotos

TideWatch Quicksilver É digital e até dá horas, mas dá muito mais: a informação das marés em dezenas e dezenas de praias por esse mundo fora. Umas oito ou dez em Portugal, de Norte a Sul. É um TideWatch da Quiksilver e um dos melhores amigos dos surfistas

Sony Bravia Um Sony Bravia: clássico, sem grandes ostentações. O Fuel é o seu canal de eleição. Juntam-se-lhe a Sport TV pelo Benfica, a SIC Notícias pela informação, a RTP 1 pelo Telejornal, mas nem sempre. Filmes e séries também – “as que a minha namorada estiver a ver”. O sinal é Meo O novo agregador das comunicações


Uma Marca da Daimler

A economia é automática. E 250 CDI com nova caixa 7G-TRONIC. Mais rapidez. Menos CO2. Menos preço. A tecnologia presente na nova caixa automática 7G-TRONIC, disponível no Classe E 250 CDI, é responsável por maior rapidez, redução do consumo e emissões de CO₂ e consequente redução de preço. Se a tudo isto juntar a sensação que terá ao volante, a sua decisão será automática. www.mercedes-benz.pt/classe-e Consumo (combinado l/100Km): 5,5. Emissões de CO2 (g/Km): 143


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// HORÁRIO /// OPENING HOURS Segunda a Sexta_9h às 21h Monday to Friday_9 a.m to 9 p.m


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