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Convidado
Rui Camarinha Director de Engagement Contents, Grupo GCI Ex-director do Briefing
Goste-se ou não, a verdade é que no séc. XXI os leitores se converteram em jornalistas, os jornalistas transformaram-se em assessores de imprensa, os assessores de imprensa em publicitários, os publicitários em relações públicas e os relações públicas em consultores. Já ninguém sabe muito bem qual é o seu papel ou que função deve representar
Media relations têm os dias contados O paradigma da comunicação mudou em todo o mundo. Com o advento das redes sociais, a queda dos media tornou-se óbvia e irreversível. Já ninguém lê jornais ou vê televisão como antigamente. Uns preferem os semáforos, onde se agarra em jornais ocos, estúpidos e gratuitos; outros optam pelos jornais online, mais higiénicos mas fugazes; outros ainda lêem o jornal que calha no café, invariavelmente um desportivo ou um almanaque de atrocidades. Restam muito poucos a comprar, por hábito, um jornal pela manhã. O mesmo se passa com a televisão. Houve um tempo em que todos víamos os mesmos programas à mesma hora. Hoje, falar em prime time é burlesco. Já ninguém passa um tempo infinito em frente da televisão, como se estivesse entrevadinho ou desmiolado. Apenas consumimos alguns conteúdos e partimos para outros canais, principalmente aqueles que ainda estão fora do cubo outrora mágico. Goste-se ou não, a verdade é que no séc. XXI os leitores se converteram em jornalistas, os jornalistas transformaram-se em assessores de imprensa, os assessores de imprensa em publicitários, os publicitários em relações públicas e os relações públicas em consultores. Já ninguém sabe muito bem qual é o seu papel ou que função deve representar. A confusão é tal que até as próprias empresas também já não sabem a quem recorrer quando precisam de anúncios, de assessoria de imprensa ou de consultoria de comunicação. O caso 4
Maio de 2010
Já ninguém lê jornais ou vê televisão como antigamente. Uns preferem os semáforos, onde se agarra em jornais ocos, estúpidos e gratuitos; outros optam pelos jornais online, mais higiénicos mas fugazes; outros ainda lêem o jornal que calha no café, invariavelmente um desportivo ou um almanaque de atrocidades. Restam muito poucos a comprar, por hábito, um jornal pela manhã
é mais grave quando cruzamos esta embrulhada com o preço desses serviços. A disparidade vai do um ao milhão. Literalmente. E ninguém parece reparar no inevitável: o mercado está a deixar de existir. Os media e os respectivos agentes que os circundam vivem dias de sufoco. Um jornalista, quando acorda, não sabe se vai ser despedido nesse dia. Um publicitário ignora se ainda vai ter encomendas. E um assessor de imprensa desconhece quem é o tanso que lhe vai aceitar os press releases. As Media Relations, tal como as conhecemos até agora, têm os dias contados. Mal estão as agências de comunicação que apostam nesta área como se do futuro se tratasse. Provavelmente, daqui a dois ou três anos, estas Media Relations strictu sensu pesarão não mais de 15% da facturação de uma agência, quando hoje ainda representam mais de metade dos serviços vendidos. Os clientes não precisam de uma consultora para lhes escrever notas de imprensa ou press releases. Precisam de uma consultora especialista em comunicação, que idealmente esteja integrada numa network a nível mundial e que disponha de know-how em áreas que vão das Corporate Relations aos Public Affairs, passando pelo Digital, pelos Conteúdos, pelos Investors Relations, pela Sustentabilidade e Responsabilidade Social, pelo Marketing, e também pelas Media Relations. Esta diversificação “forçada”, imposta por profundas alterações
no modelo dos media e das grandes companhias em todo o mundo, está a gerar um conjunto de reestruturações na área das RP’s, desde a mudança da sua linha de pensamento e acção, reorganização de equipas e reforço de experiências, formação em novas competências, alargamento do âmbito de actuação e, acima de tudo, um muito maior conhecimento do mundo da comunicação, dos consumidores, dos stakeholders e do que as empresas querem e esperam de uma consultora de comunicação. Muitas agências terão de redefinir os seus objectivos e metodologias de trabalho, conjugando todas as áreas de actuação em prol dos clientes mais exigentes. Só assim se conseguirá construir projectos de comunicação integrados, elevar o nível de visão das empresas e/ou das marcas, e gerar mais valor para todos.
Hoje, falar em prime time é burlesco. Já ninguém passa um tempo infinito em frente da televisão, como se estivesse entrevadinho ou desmiolado O novo agregador do marketing.