Store Magazine, 1

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Director: Hermínio Santos

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Bimestral

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Ano I

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N.º 1

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Janeiro de 2012

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8 euros

A nova plataforma da distribuição e comércio moderno

Joseph Stiglitz economista, Prémio Nobel, convidado especial do congresso da APED

Austeridade não é solução Pág. 16

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Hipermercados ganham nos combustíveis

Os consumidores estão a abastecer menos litros de cada vez mas quando o fazem preferem as gasolineiras dos hipermercados. O resultado está à vista: a liderança no mercado em termos de volume já pertence ao conjunto dos hipermercados com postos de combustíveis. São as conclusões de um estudo da Kantar Worldpanel, empresa especializada em pesquisa de mercado e comportamento dos consumidores. O “caderno de encargos” visava o acompanhamento da evolução dos players no mercado do segmento particular de combustível

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Luís Reis, presidente da APED

Apostar em ganhos de eficiência

O sector da distribuição vai “continuar a apostar em ganhos de eficiência”, pois é a única forma de passar o difícil ano de 2012. Quem o diz é Luís Reis, presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), que destaca também a resiliência de um sector que deve já começar a debater o que deve ser 2013. Falou ainda sobre as três grandes tendências visíveis hoje no sector da distribuição em Portugal



Destaques

EDITORIAL

Conselho editorial Ana Isabel Trigo Morais Ricardo Domingos Viriato Filipe Catarina Oliveira Fernandes Director-geral João David Nunes Director Hermínio Santos hs@storemagazine.net Directora de Arte Patrícia Silva Gomes Editora Executiva Fátima de Sousa fs@storemagazine.net Directora de Marketing Maria Luís Telf. 961 571 629 ml@storemagazine.net Distribuição por assinatura Preço: 48€ (6 edições) assinaturas@storemagazine.net Tiragem média mensal: 2.500 ex. Depósito legal: 338451/12 N.º registo ERC: 126154 Propriedade Enzima Amarela - Edições, Lda Av. Infante D. Henrique, 333H, 44 1800-282 Lisboa Tel. 218 504 060 Fax: 210 435 935 Impressão: Sogapal, Rua Mário Castelhano, Queluz de Baixo 2730-120 Barcarena

Ganhar o futuro no Oriente

A China vai ser a potência do século. A forma como está a gerir o seu crescimento até atrai economistas reputados, como é o caso de Joseph Stiglitz. O convidado especial do congresso da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED), Prémio Nobel, diz, em entrevista à Store, que a crise revelou a força do modelo chinês e a sua ascensão no cenário global. Mas a China “não quer que as economias europeia e americana fiquem paralisadas”. Como devem as economias do Velho Continente e do outrora novo mundo responder à vitalidade chinesa? Como é que se pode ganhar o futuro? Estes serão alguns dos eixos fundamentais do IV congresso da APED que, nos dias 17 e 18 de Janeiro, reúne, em Lisboa, - curiosamente no…Museu do Oriente – um importante conjunto de oradores que vão desde empresários e gestores a académicos e responsáveis governamentais. Todos eles são importantes players no rumo que a economia, em geral, e o sector, em particular, terão nos próximos anos. É que, como diz à Store o presidente da Associação, é preciso que 2013 comece já a ser preparado em 2012, um ano difícil mas que será, certamente, superado com a tradicional resiliência do sector da distribuição moderna.

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ENTREVISTA

Vem aí a nova Lei da Concorrência

O Governo colocou em discussão pública uma nova proposta de Lei da Concorrência. O advogado Joaquim Vieira Peres, sócio da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva, jurista na área da Concorrência e com alguma atenção ao sector da distribuição, analisa as alterações

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INTERNET

Os segredos do site da FNAC

Bernardo Simões, director do site da FNAC, explica como é que se gere uma plataforma que tem 300.000 referências e uma das pioneiras no comércio electrónico em Portugal, pois foi “para o ar” em 1999

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PASSEIO PÚBLICO

Amor à primeira entrevista

Trazemos criatividade à vida Tel: 800 844 691 – Creative Tel: 800 844 690 – Editorial portugalsales@gettyimages.com www.gettyimages.pt

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“Foi amor à primeira entrevista”. É assim que começa o texto sobre Kristina Johansson, 41 anos, country manager da Ikea em Portugal, desde Abril de 2010. Porquê? É que o primeiro contacto com a empresa começou com uma inesperada entrevista de emprego na Suécia natal, depois de um MBA na Sorbonne, em Paris Janeiro de 2012

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Opinião

Cada hiper e supermercado configura-se como a Casa de todas as Marcas, trazendo consigo a franqueza do contacto, mas também o risco da exposição, em que as variáveis para a decisão estão lá todas, prontas a serem comparadas

A casa de todas as marcas

Carlos Liz sócio fundador da Ipsos Apeme

O sector a que se dedica esta nova revista, Store, dá pelo nome de Distribuição ou de Retalho e vale a pena reflectir no campo semântico destas designações: distribuir remete para um território meramente operacional em que um bem faz uma paragem no seu caminho para o consumidor 4

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O sector a que se dedica esta nova revista, Store, dá pelo nome de Distribuição ou de Retalho e vale a pena reflectir no campo semântico destas designações: distribuir remete para um território meramente operacional em que um bem faz uma paragem no seu caminho para o consumidor. Uma paragem técnica, mas mesmo assim uma paragem. Quanto a Retalho aponta para uma intervenção de redução do todo, uma espécie de simplificação, à força, de um mundo cheio de vida e que agora se retalha. O sector está linguisticamente colocado entre dois pólos criadores - os produtores e os consumidores, cabendo-lhe um lugar modesto, no limite, dispensável na equação da vida em sociedade. Mas, se este raciocínio é compreensível no importante plano dos conceitos e da linguagem, todos se apercebem que a realidade é bem distinta: os agentes económicos do sector respiram energia por todos os poros, definem as agendas, povoam a paisagem mediática, contactam no dia–a-dia com milhões de consumidores que sabem com quem estão a falar e não conseguem ajustar a experiência positiva que ganham na relação com as lojas e as insígnias aos limitados vocábulos e conceitos de distribuição ou de retalho. Os intermediários estão a tornar-se centrais, a distribuição tende a ser produção de soluções, o retalho mais parece a totalidade. Duas perguntas: por que é que isto acontece? Que mais pode (ou deve) acontecer? Conhecem-se explicações de ordem mais estrutural, como as que decorrem dos modelos de vivência do espaço público onde o deficit de espaços comuns, sociais, de qualidade favoreceu o surgimento de muito qualificadas superfícies em forma de centros comerciais, que reorganizaram fluxos urbanos e criaram novas centralidades. O consumo e o privado assumiram uma relevância “anormal” e muita da sociabilidade e das suas regras foram aprendidas nessa interacção intensa e massificada. Mas o mundo das lojas convoca outra dimensão para análise: é que é lá que habitam, de forma brilhante, as Marcas, que antes se restringiam (em termos de expressividade comunicacional) à distância (mesmo que sedutora) dos ecrãs da televisão e dos intervalos entre programas. A loja torna-se meio e um meio muito persuasivo. Cada hiper e supermercado configura-se como a Casa de todas as Marcas, trazendo consigo a franqueza do contacto, mas também o risco da exposição, em que as variáveis para a decisão estão lá todas, prontas a serem comparadas.

Junta-se à proximidade física a imagem e reputação da Marca, mas também a sua inclusão num sistema frequente de promoções. Tão frequente que se torna constitutivo da própria natureza da marca no ponto de venda. Com a promoção, a Marca torna-se compreensivelmente mais amigável do consumidor, por querer ser útil, por se tornar mais acessível, a marca atinge o estatuto de objecto familiar. Enfim, um tão estreito convívio (pensado estrategicamente e sistematicamente executado) entre loja e marcas acaba por implicar num efeito secundário de grande importância: é que a Casa das Marcas se transforma ela mesma numa Marca, com a sua proposta de valor e o seu posicionamento. Como Marca anfíbia está naturalmente no físico de proximidade e no imaterial dos ecrãs, produz factos e gera percepções com igual vigor. Como Marca que é, de pleno direito e provas dadas, enuncia promessas relevantes e anuncia um modo de ser e de estar agora e no futuro. A marca própria é, antes de mais, filha querida desta dinâmica de qualificação de relações com o consumidor. Uma filha bem formada, que inteligentemente soube aprender com a experiência e que se junta às outras colegas. Com uma vantagem: é que joga, legitimamente, em casa! Quanto à segunda pergunta, que é também o título desta breve reflexão, faz agora mais sentido perceber se esta história fica assim ou se novos saltos qualitativos podem estar a chegar. E se o consumidor, de repente, levar ainda mais a sério esta dedicação da Distribuição e quiser mais coisas? Se, por exemplo, achar que em vez de se limitar ao (já vasto) stock existente na loja considerar que é muito natural que a loja possa trazer para si algum produto e/ou marca que lá não esteja? Afinal, o consumidor, tem a loja em boa conta e conhece muito bem o seu poder de mexer nas realidades. É bem possível que até esteja à espera que a sua loja tome a iniciativa e lhe pergunte mais frequente e consequentemente “em que é que lhe posso ser útil?”. Que mais pode acontecer? Tudo o que crie mais valor, por certo. A questão é esta: criar mais valor, aprofundar a relação com o consumidor, saber ler as suas dinâmicas no tempo certo (ou seja, antes do tempo) não é um tema facultativo. É o bom destino a que a Distribuição, felizmente para ela e para nós, como consumidores, produtores de bens e serviços e demais stakeholders, está condenada. STORE MAGAZINE



nFactos

Entrevista

“Seria preferível evoluir na via da auto-regulação, evitando-se os tribunais e privilegiando-se a arbitragem, em vez de se insistir numa sobre-regulação do sector da distribuição”, diz o advogado Joaquim Vieira Peres, sócio da sociedade Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados e especialista em Direito da Concorrência e no sector da distribuição

Joaquim Vieira Peres, sócio da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva

Evoluir na auto-regulação Store | A área da distribuição é reconhecida como uma das mais eficientes em Portugal. Sendo uma pessoa conhecedora deste sector como é que prevê a sua evolução? Vai ter um papel cada vez mais influente na economia portuguesa? Joaquim Vieira Peres | Neste momento, enquanto jurista da área da Concorrência e com alguma 6

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atenção ao sector da distribuição, acho que a capacidade que o sector tem de acrescentar valor à economia nacional não deve ser desvalorizada nem travada. Sigo com muito interesse o resultado da reflexão que está a ser levada a cabo quer a nível da União Europeia quer em Portugal quer noutros Estados-Membros sobre a evolução que têm sentido os sec-

tores económicos mais interligados à distribuição, nomeadamente a montante, isto é, a relação entre, por um lado, a fileira agro-alimentar e outros produtores industriais e, pelo outro lado, a distribuição dita moderna. As agências de defesa da Concorrência têm reconhecido que o sector da distribuição é extremamente competitivo e por isso eficiente. Pelo menos parte dessa

eficiência que as empresas de distribuição têm conseguido incrementar tem sido reconhecidamente transferida para os consumidores. Ao diminuir custos do seu circuito logístico e de procedimentos administrativos, por exemplo, ou ao apostar em produtos de marca do distribuidor, conseguem transferir pelo menos uma parte importante desse valor para o consumidor, baiSTORE MAGAZINE


xando os seus preços. Isso é ainda mais relevante numa altura em que os rendimentos disponíveis das famílias estão a diminuir. Contudo, tenho algum receio que exista uma tentativa de “sobre-regular” a actividade de distribuição, porque, designadamente a AdC, num seu estudo recente sobre as relações da distribuição com os fornecedores apontou alguns aspectos a manter sob vigilância e “rascunhou” algumas propostas para os mesmos, alguns dos quais me parecem, realmente, “más ideias”. Pessoalmente, acho que é manifestamente contraproducente a tentação da sobre-regulação, sendo preferível evoluir na via da auto-regulação, evitando-se o public enforcement e os tribunais e privilegiando-se a arbitragem, por exemplo. Store | Como a avalia a legislação portuguesa na área da distribuição? Acompanha as tendências europeias, tem algumas particularidades específicas? JVP | Quando diz “a distribuição”, presumo que se esteja a referir à distribuição moderna e nessa área existe legislação específica que abrange determinados aspectos próprios desse tipo de actividade. Falemos de três exemplos de normas específicas dirigidas ou quase exclusivamente aplicadas a este sector. Primeiro, as regras dos horários de funcionamento. Trata-se de uma área de grande tensão e com normas específicas dirigidas à distribuição moderna. Um segundo exemplo é o da proibição das vendas com prejuízo. Um terceiro é, na área do Direito da Concorrência (que, em Portugal, e no seu âmbito geral, não tem normas especificamente direccionadas para a área da distribuição), o abuso de dependência económica. Há uma figura próxima, muito conhecida e estudada, aplicada a qualquer sector da economia que é o abuso de posição dominante mas o abuso de dependência económica é algo de diferente. Store | Pode detalhar cada um destes exemplos? Comecemos pelos horários de funcionamento… JVP | Finalmente, e ao fim de vários anos, o Governo, em 2010, revoSTORE MAGAZINE

“Neste momento, enquanto jurista da área da Concorrência e com alguma atenção ao sector da distribuição, acho que a capacidade que o sector tem de acrescentar valor à economia nacional não deve ser desvalorizada nem travada”

“O catalisador (da revisão da Lei da Concorrência) foi o facto de a troika ter incluído no Memorando a necessidade de rever o regime jurídico da Concorrência, embora alguns operadores, designadamente os advogados vocacionados para esta área do Direito e também a Autoridade já falassem nisso há algum tempo”

gou uma portaria que continha um regime específico para as grandes superfícies, aquelas que tinham mais de 2000 m2 de área de venda. Definiu que a competência para a definição dos horários seria dos municípios, tendo afastado da lei o critério da área de venda. Foi retirado um fulcro de distorção do mercado – aliás, será estudado o impacto que teve na intensidade do desenvolvimento de vários formatos. Sem querer tomar partido por nenhum dos lados, é inegável que a forma de desenvolvimento do equipamento instalado teve muito a ver com isso. Houve operadores que decidiram optar por uma formato claramente abaixo dos 2000 m2 e outros que arranjaram formas de se adaptarem a esta realidade, por exemplo, segmentando as suas operações e autonomizando a área de vestuário, electrónica. É o caso típico onde existe uma tentativa de protecção de interesses que leva a uma situação prejudicial em termos de condições de mercado na medida em que há operadores com determinado formato que podem estar abertos e outros que não. Isto, do ponto de vista do Direito da Concorrência, é mau. Porquê? Porque o consumidor, pelo menos numa determinada parte do dia ou num determinado dia, não pode fazer compras onde quer e como quer.

“As agências de defesa da Concorrência têm reconhecido que o sector da distribuição é extremamente competitivo e por isso eficiente”

Store | No caso da proibição das vendas com prejuízo como é que estamos em termos de legislação? JVP | É um tema muito discutido em termos teóricos, designadamente do ponto de vista do seu mérito face à legislação de protecção da Concorrência mas, mais uma vez, não faz sentido. Porquê? Porque é impedir um determinado player de competir com os outros no que diz respeito ao preço. Como as regras da Concorrência são desenhadas, interpretadas e aplicadas em função do bem-estar económico, medido pela óptica do consumidor, esta figura é dificilmente enquadrável. Aliás, na legislação da União Europeia de defesa da Concorrência, que é a matriz que marcadamente influencia a lei nacional, esta figura não existe. Pelo contrário, a ideia prevalecente >>> Janeiro de 2012

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Entrevista

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é que os consumidores beneficiam com preços mais baratos. Portanto, se há um operador que está disposto a competir com os outros com um preço inferior, isso é precisamente a concorrência a funcionar.

“Tenho algum receio que exista uma tentativa de “sobre-regular” a actividade de distribuição”

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Store | A Lei da Concorrência está neste momento em discussão? JVP | A Lei vigente tem cerca de oito anos e estava a precisar de ser revista pois, na altura em que foi adoptada, a legislação europeia estava a registar alguma evolução. Por isso, quando entrou em vigor ficou um pouco “descoordenada” em relação à União Europeia. Por outro lado, com a entrada em funcionamento da Autoridade da Concorrência (AdC), começámos a ter de facto uma cultura e uma política da Concorrência – o professor Abel Mateus e o Conselho da AdC a que presidiu fizeram um trabalho formidável em colocar estes temas na ordem do dia – e com o desenvolvimento da sua actividade já se tem alguma experiência do funcionamento da Autoridade, de como as empresas se relacionam com ela, de como os tribunais decidiram perante os litígios que lhes foram sendo colocados. Por tudo isto fazia sentido rever a Lei da Concorrência. O catalisador foi o facto de a troika ter incluído no Memorando a necessidade de rever o regime jurídico da Concorrência, embora alguns operadores, designadamente os advogados vocacionados para esta área do Direito e também a Autoridade já falassem nisso há algum tempo. No princípio de Novembro, o Governo colocou em discussão pública um projecto de modificação da Lei da Concorrência que coincide, em larga medida, com propostas avançadas em afirmações públicas anteriores do presidente da AdC, Prof. Manuel Sebastião, que reiteradas vezes anunciou ter sido elaborado pela AdC um projecto de revisão integral da Lei. Concluo, e isto é uma especulação minha, que tenha sido a AdC a responsável, em maior ou menor extensão, pelos termos do projecto. Lamento sinceramente, já que o considero criticável por desnecessária falta

“Diria - esta é a minha opinião pessoal - que algumas das alterações previstas no projecto sujeito a discussão pública estão demasiado dirigidas ao reforço da eficiência e eficácia da “polícia” da concorrência e muito menos preocupadas com o controlo das suas decisões e com as garantias de defesa”

“Em resumo: o impacto global deste pacote (da proposta da nova Lei da Concorrência) parece ser preocupante na medida em que revela uma tendência para não facilitar a sindicabilidade judicial das suas decisões e procedimentos”

de transparência, que a instituição não tenha publicitado atempadamente o seu documento de revisão da Lei da Concorrência, através por exemplo do seu site, para que todos os interessados ou stakeholders o pudessem conhecer e discutir, com critério e sem precipitações. Store | Qual o ponto de situação actualmente? JVP | Neste momento, terminou o curto período de discussão pública e ignora-se se o Governo vai modificar muito, pouco ou nada, o projecto inicial. Grande parte das soluções que estão no projecto que o Governo colocou à discussão pública são aquelas que a AdC anunciou publicamente que pretendia e que integrariam o seu próprio projecto de revisão. Sei que houve muitas entidades a apresentar observações ao projecto, algumas delas muito extensas e abrangentes: a opinião geral é a de que há, necessariamente, muitos aspectos do projecto a melhorar ou aperfeiçoar. Agora, confio na razoabilidade do Governo e espero o seu resultado. Store | Pode dar alguns exemplos de aspectos que necessitem de revisão? JVP | Temos de garantir que existam boas regras de concorrência e autoridades com poderes adequados para investigar os incumprimentos e perseguir e punir os infractores mas tem de haver, também, formas de garantir que os procedimentos de decisão seguem um determinado quadro e que tem de haver algum controlo dos Tribunais quer sobre os procedimentos quer sobre os juízos finais que essas autoridades seguem para aplicar coimas, por exemplo. Diria - esta é a minha opinião pessoal - que algumas das alterações previstas no projecto sujeito a discussão pública estão demasiado dirigidas ao reforço da eficiência e eficácia da “polícia” da concorrência e muito menos preocupadas com o controlo das suas decisões e com as garantias de defesa. O projecto, nessa medida, consagra soluções que a AdC vê como as melhores para a sua própria actividade. STORE MAGAZINE


Store | Ou seja, revela apenas a linha de pensamento da Autoridade da Concorrência? JVP | Já tive a oportunidade de dizer ao presidente da AdC que – falo em nome estritamente pessoal - estava bastante desconfortável com este excesso de protagonismo da parte da AdC, não porque não confiasse na sua capacidade técnica e nas suas intenções de melhoramento do quadro jurídico, mas por uma questão de princípio. Acho que, num Estado de Direito, nenhum cidadão ou empresa ficaria tranquilo se a revisão das regras do Código Penal ou do Código do Processo Penal fossem entregues aos órgãos de polícia e de investigação criminal, como por exemplo, a Polícia Judiciária ou o Ministério Público. Em muitos aspectos relevantes, era necessário modificar o quadro jurídico, actualizá-lo e melhorá-lo e reconheço, sem qualquer esforço, que isso se fez. O projecto de revisão tem contudo outros aspectos em que revela claramente uma preocupação centrada em facilitar a investigação da AdC e a perseguição dos infractores, estando menos atenta à garantia dos direitos de defesa dos envolvidos e, sobretudo, à promoção de um controlo judicial efectivo dos actos e decisões da Autoridade. Store | Pode dar exemplos? JVP | Posso dar-lhe três ou quatro exemplos. À frente de todos eles temos a questão do efeito do recurso das decisões da AdC: neste momento, sempre que a AdC adopta uma decisão, designadamente a aplicação de coimas ou outras sanções, as empresas-alvo dessa decisão têm o direito de recorrer para os tribunais e quando recorrem, esse recurso suspende, até à decisão do tribunal, a obrigação de pagamento ou os efeitos das outras sanções da Autoridade. A abolição, preconizada no projecto, do efeito suspensivo do recurso terá um impacto tremendo nas empresas. Em primeiro lugar porque a Justiça portuguesa não é tão célere como todos gostaríamos e portanto é perfeitamente possível que demore bastante tempo a “desfazer” aquilo que a Autoridade já “fez”, com as consequências daí inerentes; em segundo lugar, no caso de condenação em multas ou coimas, sabemos também quanto STORE MAGAZINE

“A Justiça portuguesa não é tão célere como todos gostaríamos e portanto é perfeitamente possível que demore bastante tempo a “desfazer” aquilo que a Autoridade já “fez”, com as consequências daí inerentes”

“Em muitos aspectos relevantes, era necessário modificar o quadro jurídico, actualizá-lo e melhorá-lo e reconheço, sem qualquer esforço, que isso se fez”

custa recuperar do Estado algo que lhe tenha sido indevidamente pago. Portanto, este é um dos aspectos menos positivos do projecto. Um outro tem a ver, por exemplo, com o facto de o novo regime conter um encurtamento de prazos dados às empresas, em várias fases dos processos. Em contrapartida, alargaram-se os prazos de prescrição, do que resultará, inelutavelmente um alargamento do prazo que a AdC dispõe para investigar os casos e tomar decisões de arquivamento ou de condenação. Em minha opinião, ambas as situações estão mal. Não é por dificultar a capacidade de as empresas se defenderem ou responderem aos pedidos de informação e de documentos da Autoridade que a aplicação das normas da concorrência será mais efectiva. E vejo com alguma preocupação o alargamento exagerado da prescrição pois uma empresa não deveria estar à espera de uma decisão final que pode demorar até 12 anos. Um último exemplo: para desmotivar o recurso judicial das suas decisões de condenação, a AdC sempre sustentou que os tribunais deveriam poder aumentar o valor das multas por ela aplicadas. Pois o projecto contém igualmente essa inovação. Em contrapartida, reforça os poderes de investigação da Autoridade, que passa a poder fazer buscas domiciliárias e clarifica regras quanto ao acesso à correspondência, designadamente electrónica. Em muitos dos casos, este alargamento ou aperfeiçoamento faz sentido, porque algumas violações do Direito da Concorrência são algo sofisticadas e praticadas por empresas com grande capacidade técnica e financeira, logo difíceis de detectar. É necessário adequar os poderes da AdC a este tipo de violação do Direito mas isso não quer dizer que, ao reforçar esses poderes, não se tenha também que reforçar os direitos dos visados e a lisura dos procedimentos para que não existam abusos nem se esteja a criar uma entidade altamente musculada e intrusiva, sem o devido controlo exterior. Em resumo: o impacto global deste pacote parece ser preocupante na medida em que revela uma tendência para não facilitar a sindicabilidade judicial das suas decisões e procedimentos.

“A abolição, preconizada no projecto, do efeito suspensivo do recurso terá um impacto tremendo nas empresas”

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Ramon de Melo

Internet

Um catálogo com mais de 300.000 referências e 20 milhões de pageviews só em Novembro passado são alguns dos números do site da FNAC. Bernardo Simões, director desta plataforma, explicou à Store como é que a empresa ganhou o desafio do comércio electrónico e qual o futuro deste canal de distribuição em Portugal

Os milhões da FNAC online Há mais de 10 anos que a FNAC sabe o que é o comércio online em Portugal. Foi em 1999 que lançou o seu site “apenas com uma oferta representativa dos produtos e conceito FNAC. Tratava-se de uma experiência, numa época em que a própria utilização da internet em Portugal era insignificante”, refere Bernardo 10

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Simões, director do Fnac.pt. Hoje a realidade é bem diferente: em Novembro deste ano o site teve 3,4 milhões de visitas e mais de 20 milhões de pageviews. Para responder a esta crescente procura a empresa tem um armazém próprio com 1.300 m 2 “dedicado exclusivamente ao negócio online, com stock pró-

A empresa tem um armazém próprio com 1.300 m2 “dedicado exclusivamente ao negócio online, com stock próprio”

prio. Internamente, e mais do que nunca, existe “mindset” dos nossos gestores cada vez mais focado no comércio online”, afirma o mesmo responsável. Sobre o segredo deste sucesso, Bernardo Simões refere que o site FNAC tem vindo a modernizar-se e a criar condições para “prestar um serviço aos seus clientes quer seja STORE MAGAZINE


pela oferta como pela excelência do serviço”. O catálogo online dispõe de cerca de 300.000 referências. Em termos de negócio, as vendas online representam actualmente cerca de cinco por cento das vendas do negócio global da FNAC em Portugal. Ao nível de produtos para venda online existem três áreas muito bem definidas, com uma gama muito alargada e com muitas novidades, refere Bernardo Simões. Há a área tecnológica, dos computadores – PC e Apple -, das telecomunicações dos LCD e da fotografia, nas quais existe uma oferta diversa e com muitas novidades. Na área editorial, a maior procura incide na literatura, no livro técnico e naquilo a que a FNAC chama “vida prática”. A música, os filmes e o universo do gaming também estão incluídas na área editorial. Uma das áreas a que a empresa dedica uma atenção particular no seu site é a FNAC KIDS, área infantil com uma oferta que vai dos jogos didácticos ao Lego. Sobre a estratégia da FNAC para o canal online, o director do site refere que na empresa, a nível comercial, ela é a mesma para todos as plataformas, quer sejam online ou offline. No entanto, “existe uma adequação à Fnac.pt, por causa da dimensão, do crescimento e da especificidade do negócio online. A Fnac.pt tem todos os produtos que as lojas têm mas tem, acima de tudo, muitos produtos e campanhas exclusivas que vão de encontro ao perfil do consumidor online”. O mesmo responsável caracteriza o mercado online em Portugal, em termos gerais, como “bastante evoluído”. Em Portugal existem cerca de 1,7 milhões de compradores online e cada português que já comprou online gasta hoje em dia anualmente cerca de 1.541 euros. Trata-se de um mercado que em Portugal irá valer cerca de 250 milhões de euros em 2015. Por estes números verifica-se “que os portugueses aderiram já e confiam nas STORE MAGAZINE

Uma das áreas a que a empresa dedica uma atenção particular no seu site é a FNAC KIDS, área infantil com uma oferta que vai dos jogos didácticos ao Lego

compras online, e estão, acima de tudo, preparados para todo o tipo de evoluções tecnológicas como o áudio e vídeo on-demand, os e-books que beneficiam desta predisposição positiva”, refere. Por isso é com optimismo que o director do site da FNAC olha para a evolução do comércio electrónico em Portugal até porque as pessoas irão, cada vez mais, comprar online, seja através de um PC, telemóvel ou tablet. A convergência entre a loja física e loja online será, sem dúvida, um fator de sucesso. O consumidor mudou, a experiência de compra mudou e a experiencia de compra multicanal chegou para vencer”, afirma o mesmo interlocutor. Os resultados positivos do multicanal dependem, em grande medida, da criação de uma nova mentalidade em todas as empresas, “optimizando interfaces e não apenas a organização”. Bernardo Simões considera que os retalhistas com ambição para a gestão multicanal bem sucedida têm que tomar medidas concretas para conduzir o comércio da empresa como um todo. “Optimizar interfaces interna e externamente irá permitir processos transparentes e automatizados com alta eficiência. Na FNAC já se iniciou esse processo e estamos, mais do que nunca, preparados para as transformações que se avizinham”, afirma.

É com optimismo que o director do site da FNAC olha para a evolução do comércio electrónico em Portugal

Em Portugal existem cerca de 1,7 milhões de compradores online e cada português que já comprou online gasta hoje em dia anualmente cerca de 1.541euros Janeiro de 2012

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Combustíveis

A crise tem impacto no mercado de combustíveis: os particulares abastecem menos litros de cada vez. Mas, quando abastecem, estão a dar preferência às gasolineiras dos hipermercados, como conclui um estudo da Kantar Worldpanel relativo ao terceiro trimestre de 2011

Hipermercados em contra-ciclo Os automóveis particulares estão a circular menos. Não há uma diminuição do número de veículos em circulação, mas há claramente uma diminuição do volume dos abastecimentos de combustível. Esta é a primeira conclusão do estudo do KWP Petrol relativo ao terceiro trimestre de 2011, um estudo promovido para a Associação 12

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Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) pela Kantar Worldpanel, empresa especializada em pesquisa de mercado e comportamento dos consumidores. O “caderno de encargos” visava o acompanhamento da evolução dos players no mercado do segmento particular de combustível. E o primeiro

O “caderno de encargos” visava o acompanhamento da evolução dos players no mercado

dado recolhido apontou para uma redução da percentagem de automóveis que abastecem no mercado face ao período homólogo, ainda que se tenha verificado uma tendência para estabilizar por comparação com o trimestre anterior. Assim, no terceiro trimestre de 2011, aquela percentagem era de 98,3, ligeiramente acima dos STORE MAGAZINE


98,1 por cento do segundo trimestre mas um pouco abaixo dos 98,6 do mesmo período de 2010. Mais intensa foi a redução no consumo de combustível, atribuída ao facto de os consumidores abastecerem menos litros de cada vez. Verificou-se, assim, uma queda de 4,3 no número médio de abastecimentos, queda que se acentua, passando para 7,8, quando o indicador é o volume global de abastecimentos. Em média, cada consumidor abasteceu 20,77 litros de cada vez. O único indicador em crescimento foi o gasto médio por acto de compra, que se cifrou nos 29,5 euros, traduzindo um aumento de 9,5 euros. É, novamente, um reflexo da situação económico-financeira, na medida em que os combustíveis têm conhecido nos últimos meses um aumento progressivo e contínuo dos preços. Apesar do impacto da crise, há players que se ressentem mais do que outros. É o caso da Galp, que perdeu no período em análise a liderança do mercado em volume ultrapassada pelo conjunto dos hipermercados com postos de abastecimento de combustível: assim, os hipers recuperaram face ao trimestre homólogo, alcançando uma quota de 31,6 por cento. Já a empresa de bandeira nacional desceu para 28,7 por cento, com a BP e a Repsol a manterem-se estáveis na terceira e quarta posições, com 16,4 por cento e 10,2 por cento de quota, respectivamente. Em relação ao mercado em valor, a hierarquia das marcas é idêntica: os hipermercados conseguiram a liderança, com uma quota de 30,8 por cento, seguindo-se a Galp, com 28,9, a BP, com 16,9 e a Repsol com 10,6 por cento. Verifica-se, neste indicador, uma clara recuperação das gasolineiras afectas à distribuição, na medida em que ao longo de 2010 estiveram sempre na segunda posição do mercado. Este não é, porém, o único indicador da afirmação da distri-

Em média, no terceiro trimestre do ano, cada consumidor abasteceu 20,77 litros de cada vez. O único indicador em crescimento foi o gasto médio por acto de compra, que se cifrou nos 29,5 euros, traduzindo um aumento de 9,5 euros

Apesar do impacto da crise, há players que se ressentem mais do que outros. É o caso da Galp, que perdeu no período em análise a liderança do mercado em volume ultrapassada pelo conjunto dos hipermercados com postos de abastecimento de combustível

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Combustíveis

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buição no segmento dos combustíveis. O estudo da Kantar Worldpanel revela que os hipermercados conseguiram no terceiro trimestre deste ano uma penetração relativa de 50,2 por cento, o que corresponde a uma subida face aos 45,9 por cento registados no período homólogo. São também os hipermercados que conseguem o maior volume médio por cliente – 146,9 litros nos três meses – ainda que haja uma descida face ao terceiro trimestre de 2010 (158,2 litros). Por abastecimento, há também uma quebra no volume médio por abastecimento, que é de 20,30 litros, contra os 22,43 litros do mesmo período no ano passado. Mas esta quebra é transversal a todas as empresas. O estudo fez ainda uma análise detalhada dos diferentes combustíveis, tendo concluído que a maior parte da queda de mercado em volume – 72 por cento – é da “responsabilidade” da gasolina sem chumbo 95 e do diesel normal. No que respeita ao diesel, verificou-se um decréscimo de 5,2 quer no número médio de abastecimentos, quer no volume médio por abastecimento. Só o gasto médio subiu, mais uma vez por via do progressivo aumento dos preços. Neste segmento concreto, os hipermercados cresceram ligeiramente – de 32,1 por cento no segundo trimestre para 33,4 por cento no terceiro. A Galp foi o revendedor que mais desceu, de 34,3 por cento para 30,4 por cento, comparando o segundo com o terceiro trimestres do ano. Os restantes fornecedores do mercado conheceram uma subida entre os dois períodos: de 13,8 por cento para 15,8 no caso da BP e de 8,2 para 9,5 por cento no caso da Repsol. Estes são números do volume de diesel abastecido. Mas em valor o cenário é semelhante: há uma alternância na liderança entre a Galp e os hipermercados, com estes a ascenderem ao topo, e com a BP e a Repsol a manterem o terceiro e o quarto lugares. 14

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Em relação ao mercado em valor, a hierarquia das marcas é idêntica: os hipermercados conseguiram a liderança, com uma quota de 30,8 por cento, seguindo-se a Galp, com 28,9, a BP, com 16,9 e a Repsol com 10,6 por cento

Os hipermercados contrariam, assim, a tendência de queda do mercado particular de combustíveis. Mas há algumas diferenças no desempenho das marcas: o maior dinamismo pertence ao Pingo Doce, com uma subida de 4,5 por cento em volume, e ao grupo Os Mosqueteiros, que cresceu 1,7 por cento

No que respeita à gasolina, a disparidade entre o terceiro trimestre deste ano e o do ano passado é mais acentuada: a queda no volume médio de abastecimentos foi de 5,4 e no volume médio por abastecimento de 6,5 litros. Mais uma vez, só a despesa cresceu. E aqui a liderança também pertence aos hipermercados que, com uma quota de 30,3 por cento em volume e de 29,7 por cento em valor, destronaram a Galp – esta ocupa agora o segundo lugar, com 25,1 por cento em volume e 25,8 em valor. Os hipermercados contrariam, assim, a tendência de queda do mercado particular de combustíveis. Mas há algumas diferenças no desempenho das marcas: o maior dinamismo

pertence ao Pingo Doce, com uma subida de 4,5 por cento em volume, e ao grupo Os Mosqueteiros, que cresceu 1,7 por cento. Em queda, estiveram no trimestre em análise o E.Leclerc (-3,4 por cento) e o Jumbo (-2,1 por cento). No ranking, o Jumbo conserva, porém, o primeiro lugar, com uma quota de 38 por cento, seguindo-se Os Mosqueteiros, com 31 por cento, o Pingo Doce, com 16,9 por cento, e o E.Leclerc, com 14,1 por cento. Este estudo envolveu uma amostra de mil viaturas e 1100 condutores, com o painel a enviar todas as semanas, num envelope RSF, os talões de compra de combustíveis e um questionário relativa aos consumos da semana anterior. STORE MAGAZINE


Há novos desafios que queremos agarrar. Por um lado, a necessidade de uma efetiva liberalização do mercado, só possível com o livre acesso aos meios logísticos existentes a nível nacional, controlados por um pequeno número de empresas. Por outro, uma contínua adaptação à evolução do mercado

Novos desafios*

Miguel Costa responsável pela Área de Negócio das Gasolineiras no Grupo Auchan

“Desde o primeiro dia vimos confirmadas as previsões de que este modelo de negócio era o mais adaptado à realidade do mercado português: uma operação simples, de com localização estratégica, em plena via de circulação e com os preços mais reduzidos do mercado, aliados à confiança do selo Jumbo” STORE MAGAZINE

Foi a 14 de Julho de 2005, em Aveiro, que as gasolineiras Jumbo iniciaram a sua atividade: um pequeno posto no centro da cidade, junto ao hipermercado Jumbo do centro comercial das Glicínias, tornou-se pioneiro na revolução na forma de vender combustíveis em Portugal. Desde o primeiro dia vimos confirmadas as previsões de que este modelo de negócio era o mais adaptado à realidade do mercado português: uma operação simples, de gestão baseada no hipermercado da sua zona, com localização estratégica, em plena via de circulação e fora dos parques de estacionamento, e com os preços mais reduzidos do mercado, aliados à confiança do selo “Jumbo”. O público aderiu massivamente e nasceu um verdadeiro fenómeno de popularidade. A Aveiro seguiram-se outras gasolineiras um pouco por todo o País, sempre nas zonas de influência dos nossos hipermercados Jumbo e Pão de Açúcar. Os clientes acolheram com entusiasmo as gasolineiras Jumbo que se constituíram como uma alternativa às gasolineiras pertencentes às petrolíferas tradicionais. Com os mesmos critérios de exigência, mas distinguindo-se num fator absolutamente determinante: o preço. Por isso mesmo o resultado foi-se repetindo, e todas as gasolineiras que abrimos (atualmente existem já 23) transformaram-se em poucos dias em líderes do seu mercado. Pelo caminho, a confiança dos nossos clientes permaneceu firme, porque a experiência de consumo constituía a prova final da qualidade que hoje é unânime. É inegável que os nossos postos de distribuição são hoje o único polo concorrencial às marcas de bandeira, oferecendo aos consumidores uma alternativa realmente competitiva. Com os preços mais baixos nas regiões em que estamos inseridos, as gasolineiras Jumbo destacam-se como as que mais vendem no País. De acordo com estudo kantar - segmento de particulares, em apenas seis anos, tornámo-nos líderes na Distribuição com 38 por cento de quota, 12 por cento a nível nacional. Sinal maior desta confiança, nos últimos tempos, num contexto económico difícil para os portugueses, continuámos a conquistar clientes. E as nossas gasolineiras vão chegar ain-

da a mais pessoas a partir do próximo ano, em locais com lojas Jumbo e Pão de Açúcar, com novas aberturas, apesar dos constrangimentos ligados ao seu licenciamento e que impossibilitam uma maior rapidez na conclusão dos projetos. Hoje, há novos desafios que queremos agarrar. Por um lado, a necessidade de uma efetiva liberalização do mercado, só possível com o livre acesso aos meios logísticos existentes a nível nacional, controlados por um pequeno número de empresas. Por outro, uma contínua adaptação à evolução do mercado: cartão frota (a apresentar em 2012), novos produtos, GPL, uma melhoria contínua de procedimentos que permita a prática de preços ainda mais competitivos, etc.. Assim sendo, em 2012, como há seis anos, o princípio que alicerça este modelo de negócio mantém-se: vender combustíveis com qualidade aos nossos clientes, ao mais baixo preço do mercado, para melhorar o seu poder de compra, por meio de gasolineiras localizadas estrategicamente em locais de boa visibilidade e acesso. Em 2005, o Jumbo inventou a palavra gasolineira, um termo que define um posto de abastecimento de combustível líder em clientes e em notoriedade. No futuro queremos que esta palavra ganhe novos sentidos, com mais produtos e serviços, sempre ao melhor preço, ao encontro das necessidades dos Portugueses. *Artigo escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico

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Entrevista

Em países com um sector de distribuição altamente competitivo as margens são curtas e o abrandamento da procura por um período prolongado vai colocar pressão sobre muitas lojas, especialmente aquelas que são pouco capitalizadas. Este é o diagnóstico que Joseph Stiglitz fez à Store sobre o sector e que vai explicar em Lisboa, no dia 18 de Janeiro, no Congresso da APED, onde falará também sobre a crise financeira mundial

Joseph Stiglitz, economista, convidado especial do congresso da APED

A distribuição segundo Stiglitz Store | Como é que o sector da distribuição pode contribuir para a criação de emprego? Joseph Stiglitz | O sector da distribuição pode certamente contribuir para a criação de emprego, mas não pode fazer isso sozinho. A “bolha” do crédito nos EUA dos anos 2000 mostrou os limites do consumo na promoção do crescimento económico significativo: quando os indi16

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cadores fundamentais da economia são fracos, o crescimento liderado pela distribuição só pode dinamizar o país até certo ponto. Nos EUA, o consumo continuou a aumentar apesar do rendimento ter estagnado durante anos – o rendimento familiar médio é hoje menor do que em 1997. Mas o consumo foi financiado pela dívida e não era sustentável. Para o sector da distribuição a grande lição

“As classes média e baixa estão a tornar-se mais económicas e procuram cada vez mais os melhores preços”

da “bolha” do crédito é a de que o sector não pode agir sozinho. Políticas macroeconómicas que promovem o crescimento de longo prazo e sustentável - em vez de “picos” de consumo - são tão importantes para a saúde do sector da distribuição como qualquer outro. Quando os “fundamentais” da economia recuperarem, o sector irá desempenhar um papel mais importante como STORE MAGAZINE


criador de emprego. Um sector de distribuição mais flexível (mais horas) pode aumentar as opções do consumidor, facilitando as compras, mas há pouca evidência de que as compras em geral mudem significativamente. Os custos bancários excessivos (taxas interbancárias por parte dos cartões de débito e crédito) também afectam a distribuição e representam de facto um imposto sobre o sector e os consumidores, não para fins públicos, mas para financiar os bancos e as empresas de cartões de crédito. É um exemplo de abuso do poder de monopólio por parte do sector financeiro, que transfere recursos para o sector da restante da economia. As autoridades reguladoras financeiras em vários países já começaram a atacar este problema, mas ainda há muito para fazer. Store | Quais são os grandes desafios da distribuição moderna? JS | A fraca procura agregada é o desafio mais imediato, tendo em conta os elevados custos fixos suportados por muitas lojas. Em países com um sector de distribuição altamente competitivo as margens são curtas e o abrandamento da procura por um período prolongado - o prognóstico para os EUA e Europa - vai colocar pressão sobre muitas lojas, especialmente aquelas que são pouco capitalizadas. Mas não é só a procura estar a abrandar, a sua estrutura também está a mudar o que exigirá um ajustamento mais rápido. Os que têm mais dinheiro continuam a fazer as coisas como têm feito, mas as classes média e baixa não estão apenas a cortar gastos, estão a tornar-se mais económicas e procuram cada vez mais os melhores preços. Nos EUA (e cada vez mais noutros países) as vendas pela internet representam um verdadeiro desafio. A internet tornou mais fácil a comparação de preços e nesse sentido tem aumentado a eficácia da concorrência. Parece haver economias de escala significativas (reais ou eficazes, através da capacidade de grandes empresas de conseguirem grandes descontos dos fornecedores). Store | Portugal e outros países serão obrigados a deixar o euro? JS | Enquanto a zona euro for uma

“Os custos bancários excessivos (taxas interbancárias por parte dos cartões de débito e crédito) também afectam a distribuição e representam de facto um imposto sobre o sector e os consumidores, não para fins públicos, mas para financiar os bancos e as empresas de cartões de crédito”

união monetária sem uma administração unificada em termos políticos e económicos, haverá sempre o risco de os países serem obrigados a deixá-la, ou de todo o projecto entrar em colapso. Mas forçar qualquer país a sair também seria um processo complexo e prejudicial para esse país e para a União Europeia (UE) em geral. Nesta altura o melhor é apoiar mais os países da União com fraco crescimento e elevado endividamento. O crescimento não acontecerá com base apenas na austeridade e sem ele os níveis de dívida não são sustentáveis, pelo menos em alguns países. Infelizmente as respostas que a União apresentou em Dezembro estão apenas focadas na austeridade. Mesmo que elas evitem uma próxima crise, não são a solução para a crise actual. Será certamente apenas uma questão de tempo até que os mercados percebam isso.

“Nos EUA (e cada vez mais noutros países) as vendas pela internet representam um verdadeiro desafio. A internet tornou mais fácil a comparação de preços e nesse sentido tem aumentado a eficácia da concorrência”

Store | Qual será a melhor estratégia para Portugal? JS | Infelizmente, para um país relativamente pequeno como Portugal, vai ser preciso mais do que o crescimento económico interno para pôr a economia nos eixos. Com a actual austeridade, é provável que o crescimento económico se mantenha anémico. O que é necessário é um crescimento mais rápido da Europa, mais assistência aos países que estão com problemas e um Banco Central Europeu (BCE) que se concentre no crescimento e no emprego, os problemas de hoje, em vez da inflação e coloque os interesses dos países da UE acima dos interesses dos bancos. Pelo menos, um dos países da União vai precisar de uma profunda reestruturação de sua dívida e uma resposta eficaz à crise da dívida terá de envolver a emissão de eurobonds. O BCE não tem sido útil: a sua insistência de que qualquer reestruturação da dívida deve ser voluntária colocou os interesses dos credores acima do dos países. A sua relutância em apoiar a emissão de títulos soberanos diminui os seus próprios esforços. Em suma, uma solução para a crise da dívida deve envolver toda a Europa. Deve haver um foco no crescimento, não apena austeridade. Uma solução para o futuro implica quase certamente a reestruturação da dívida por um ou mais países europeus. É melhor

“O crescimento não acontecerá com base apenas na austeridade e sem ele os níveis de dívida não são sustentáveis, pelo menos em alguns países. Infelizmente as respostas que a União apresentou em Dezembro estão apenas focadas na austeridade”

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Entrevista

“A China mostrou como uma política de estímulos pode ser eficaz na manutenção do emprego hoje e a promover a base de crescimento no futuro”

que isso seja feito, mais cedo do que mais tarde. Isto para já não falar do custo humano da austeridade. O enfraquecimento das redes de segurança social e de serviços e a redução do investimento público causarão sofrimento ao povo e não trarão o retorno pretendido. A maioria dos países tem necessidade de fazer algumas reformas estruturais. Mas o seu impacto só será sentido daqui a alguns anos, não sendo suficientemente rápido para resolver a crise da dívida. Algumas reformas estruturais que podem ser desejáveis a longo prazo podem até piorar a situação no curto prazo. Alguns países têm mercados de trabalho excessivamente rígidos mas se a resposta de curto prazo para uma maior flexibilidade do mercado de trabalho é uma diminuição dos salários, a procura total diminuirá e o desemprego aumentará.

“Infelizmente, para um país relativamente pequeno como Portugal, vai ser preciso mais do que o crescimento económico interno para pôr a economia nos eixos. Com a actual austeridade, é provável que o crescimento económico se mantenha anémico”

Store | Esta crise vai acelerar a ascensão da China como grande potência mundial? JS | A crise revelou a força do modelo chinês e a sua ascensão no cenário global. A China mostrou como uma política de estímulos pode ser eficaz na manutenção do emprego hoje e a promover a base de crescimento no futuro. O sucesso do investimento da China em infra-estruturas constitui uma lição em termos do crescimento sustentável e, nesse aspecto, pelo menos, será um líder. O seu crescimento tem sido uma bênção, especialmente para os países produtores de commodities na América Latina e em África. Actualmente o comércio

entre o Brasil e a China ultrapassa o que existe entre o Brasil e os EUA e a China também intensificou os seus programas de assistência a África. O PIB per capita da China é ainda muito menor do que o dos EUA mas a sua população é muito maior e dentro de um curto período de tempo será a maior economia e o maior exportador. O facto de os pontos fracos da economia europeia e dos Estados Unidos levarem a um maior reconhecimento dos pontos fortes da China não deve ser interpretado como uma ameaça para o Ocidente. Na actual conjuntura, a China não está interessada em ser uma grande potência militar. Os EUA gastam mais em despesas militares do que o resto dos países do mundo todos juntos. Esta é uma dimensão onde a China não está interessada em competir. Está focada no aumento da sua força económica e do nível de vida do seu povo. A China vai defender os seus interesses e as tentativas de a conter ou enfrentar serão contraproducentes. A ascensão da China não foi feita à custa do Ocidente. Além disso, nenhum país pode prosperar por conta própria e a China não quer que as economias americana ou europeia fiquem paralisadas. Mas, especialmente após a crise de 2008, a China está menos disponível para aceitar lições do Ocidente. Vai ser mais cautelosa na liberalização do seu mercado financeiro, mais activa na gestão da sua política macroeconómica. Se fizer isso com sucesso - como está a acontecer - o mundo inteiro beneficiará.

perfil

Formado na era Kennedy “Eu fui aluno no Massachussets Institute of Technology (MIT) entre 1963 e 1967, a era Kennedy, que foi marcada pelas questões dos direitos civis e do problema da pobreza”. É assim que Joseph Stiglitz fala na primeira pessoa, num artigo sobre o seu percurso que escreveu para o jornal britânico The Guardian, em 2008. Prémio Nobel em 2001, ex-conselheiro do presidente Bill Clinton e antigo economista-chefe do Banco Mundial, é autor de vários livros que vão desde temas económicos e ambientais à

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guerra no Iraque. Nasceu em Gary, no estado do Indiana, nos EUA, em 1943. Formou-se no Amherst College e tem um PHD do MIT, obtido em 1967. Foi professor das universidades de Oxford, Princeton e Stanford. No artigo do The Guardian refere que foram as viagens à Índia, Tailândia e Quénia, feitas quando estava a completar a sua formação no MIT, que o despertaram para os problemas dos países em desenvolvimento. Nos EUA é um Democrata convicto mas em termos europeus “seria um

social-democrata”, afirma. É que a filosofia social-democrata representa vários aspectos do seu pensamento político: há um papel importante para os governos mas também para o sector privado. Em Novembro de 2011 esteve em Espanha numa iniciativa organizada pelo Banco Pastor e pela Fundação Barrié, na Corunha. O título da notícia do jornal El Mundo diz tudo sobre o que pensa da actual crise: “Nobel Joseph Stiglitz avisa Rajoy: ‘Apostar na austeridade é um suicídio’”.

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Como é trabalhar em...

Catarina Caldeira Baguinho jornalista

“De Janeiro a Janeiro”, entre as 7h00 e a meia-noite, o Pingo Doce faz o que melhor sabe: atender os clientes. Mas a insígnia do grupo Jerónimo Martins não pensa só nos clientes: preocupa-se, também, com os funcionários, premiando o desempenho e valorizando a família

Trabalhar num Pingo Doce, do grupo Jerónimo Martins, “é uma animação que requer muita organização”, sintetiza João Neves, director de loja no Fórum Sintra. Cada funcionário sabe que tarefas tem de cumprir, mas é sempre um desafio ter “a loja impecável, com os preços no lugar, o pó limpo, os produtos frescos e os fatiados devidamente cortados”. Para que tal aconteça, os funcionários trabalham em três turnos: o da manhã, que começa por volta das 7h00 ou 8h00; o de manutenção ou de dia, que perfaz o típico horário das 9h00 às 17h00; e o de encerramento, que começa entre as 16h00 e as 17h00 e termina à meia-noite. Existem ainda part-times, muito procurados por estudantes, por norma apenas nos fins-de-semana. Contudo, nos “bastidores”, para que tudo fique a postos, a vida começa mais cedo. Há lojas onde o padeiro é o primeiro a chegar, pelas cinco da manhã… O importante é trabalhar com vontade e sempre a zelar pelo atendimento, a ferramenta-chave para a proximidade com o cliente. Por isso, os funcionários dispõem de formação em que o personagem principal é o “Atendimento cinco estrelas”. Diz João Neves que o que distingue a marca é precisamente o serviço. Começar como operador não é sinónimo de sê-lo para sempre. A oportunidade de progressão na carreira é uma realidade. Tal como os prémios: em 2012 passam, aliás, de anuais a mensais e os funcionários que atinjam os objectivos somam ao salário (sempre superior ao mínimo nacional) mais 15 a 20 por cento. Existem ainda prémios de antiguidade: um seguro de vida ao fim de cinco anos, aos 15 um salário extra e aos 25 dois salários. E há o Prémio Soares dos Santos, que valoriza o desempenho dos colaboradores. A pensar nas famílias, a insígnia oferece um kit bebé, aos recém-pais, e um kit escolar aos filhos de funcionários que ingressem na escola primária, com todo o material escolar necessário. No Natal, quem tem filhos menores de 12 anos recebe um vale de 25 euros para lhes comprar uma prenda. E os jovens até aos 17 anos podem participar em campos de férias gratuitos. A responsabilidade social é uma prática corrente na empresa: exemplo disso é o “Fundo de Emergência Social”, de que podem beneficiar funcionários que necessitem de ajuda devido a problemas de saúde, violência doméstica, casos jurídicos ou económicos. Outro exemplo é o acordo com a Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), ao abrigo do qual o Pingo Doce emprega invisuais no balcão de atendimento e no backoffice, além de colocar etiquetas em braille sempre o cliente o desejar. Além disso, todas as lojas oferecem a instituições da sua zona todos os produtos que, embora sejam consumíveis, já não podem ser vendidos ao público: evitam-se desperdícios e ajuda-se quem necessita. 20

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Ramon de Melo

O atendimento é o forte

Repositor do Pingo Doce do Fórum Sintra

João Neves, director de loja

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Até as flores são bem tratadas

Um sorriso fresco

A padaria

Todas as secções têm formação, incluindo o talho

A reposição de produtos é uma constante

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Take away

A higiene da loja é uma preocupação permanente

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Estudo

A concentração no mercado dos bens de grande consumo é maior na indústria do que no retalho, conclui um estudo da Nielsen que compara os níveis de concentração do lado da indústria e da distribuição. Para Ana Isabel Trigo Morais, directora-geral da APED, “este estudo desfaz o mito da concentração na distribuição e prova a existência de uma maior concorrência entre os retalhistas, que tem trazido benefícios directos para os consumidores”

Concentração é maior na indústria Segundo o estudo, no total das categorias dos bens de grande consumo, os três primeiros fabricantes controlam 77 por cento do mercado, um valor que cai para 50 por cento no caso dos três primeiros retalhistas. É no mercado dos detergentes e produtos de higiene (DPH) que a diferença é mais acentuada: os três maiores produtores dominam 87 por cento do mercado, nos retalhistas o controlo é de 51 por cento. Neste sector, a concentração dos três principais fabricantes, com ex22

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O estudo revela ainda que, sem as marcas da distribuição (MdD), a concentração do lado dos fabricantes seria ainda maior

cepção do papel higiénico, inicia-se nos 52 por cento até aos 89 por cento (em lâminas de barbear, dentífricos e pensos higiénicos a quota é acima dos 80 por cento). As três primeiras organizações de retalho nas categorias de DPH não excedem os 59 por cento. Em nenhuma das categorias a marca de distribuição tem um peso superior a 22 por cento, existindo casos, como em champôs e desodorizantes pessoais, onde a quota é residual.

O estudo revela ainda que, sem as marcas da distribuição (MdD), a concentração do lado dos fabricantes seria ainda maior. Os três principais fabricantes têm níveis de concentração acima dos 50 por cento numa dezena de categorias alimentares. Nas MdD, somente três categorias têm um peso superior a 50 por cento. Nesta área os três principais fabricantes detêm uma quota de 75 por cento do mercado, face aos 49 por cento dos retalhistas. As STORE MAGAZINE


Ana Isabel Trigo Morais directora-geral da APED

três principais organizações de retalho, o máximo de peso que atingem são 59 por cento em gelados. Na produção os três principais fabricantes têm níveis de concentração acima dos 50 por cento numa dezena de categorias alimentares. Somente em três categorias as marcas de distribuição têm um peso superior a 50 por cento. Os três principais fabricantes nas categorias de cerveja, óleos alimentares, refrigerantes com gás, cafés torrados e farinhas STORE MAGAZINE

infantis têm uma quota superior a 80 por cento. Segundo a Nielsen, o estudo baseia-se nas vendas em valor e analisou 31 categorias de bens de grande consumo com maior volume de negócios. Os dados do estudo têm como fonte o Painel de Lares - Homescan da The Nielsen Company. É constituído por 3000 lares representativos da população de Portugal Continental. O painel de lares mede as compras feitas para consumo em casa nas

Na produção os três principais fabricantes têm níveis de concentração acima dos 50 por cento numa dezena de categorias alimentares

categorias estudadas, independentemente do local de origem/ formato dessa mesma compra. Os valores são referentes ao ano de 2010. Num comentário ao estudo, Ana Isabel Trigo Morais, directora-geral da APED, considera que os resultados desfazem o mito da concentração na distribuição e provam a existência de uma maior concorrência entre os retalhistas, o “que tem trazido benefícios directos para os consumidores”. Janeiro de 2012

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Passeio Público Fátima de Sousa jornalista fs@storemagazine.net

Kristina Johansson, 41 anos, é country manager da Ikea em Portugal desde Abril de 2010. Veio para continuar a construir uma história de sucesso. Da Suécia trouxe uma experiência de sete anos daquilo que designa como walk to talk: anda pelas lojas, conhece os colaboradores, fala com todos. Envolve-os e envolve-se

A líder pelo exemplo Foi amor à primeira entrevista, por assim dizer. É que a relação de Kristina Johansson com a Ikea começou com uma inesperada entrevista de emprego. A agora country manager em Portugal acabava de regressar à sua Suécia natal depois de um MBA na parisiense Sorbonne. Trilhava o habitual caminho de quem, terminada a formação académica, procura 24

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ingressar no mundo profissional. Um caminho curto interrompido por uma história interessante, aqui contada na primeira pessoa: “O entrevistador olhou para o meu currículo e comentou ‘Ok, tem um MBA, fala inglês e francês’. Depois, colocou o CV de lado e disse ‘Agora estou interessado em si, no modo como se pode enquadrar na empresa e acrescentar valor.

Isso é o mais importante’. Pensei ‘Não pode ser verdade’. Noutra empresa a que me tinha candidatado até testes de inteligência fiz e na Ikea estavam interessados na minha personalidade!”. O modo como foi abordada nessa entrevista fê-la compreender de imediato os valores da empresa. E pensar que era ali que queria trabalhar. Assim aconteceu, efec-

tivamente: na Ikea apostaram na jovem Kristina, criaram uma posição em que tinha uma equipa de quatro pessoas para gerir. Foi um teste. Mas foi mais do que isso: foi a demonstração da filosofia da empresa, a prova de que proporciona aos colaboradores verdadeira oportunidade de crescer profissionalmente. Já lá vão dez anos. E a jovem, STORE MAGAZINE


hoje com 41, cresceu e rapidamente na família Ikea. Assumiu posições diferentes em quatro lojas no seu país e foi promovida a vice-country manager em França. Até que recebeu o telefonema que a faria mudar-se para Portugal: o ceo do grupo convidava-a assumir a responsabilidade máxima pela expansão de uma história de sucesso que começara muitos anos antes quando os portugueses, fascinados pelo mundo novo da Ikea, rumavam à loja de Madrid regressando de porta-bagagens a rebentar pelas costuras com móveis e utilidades. Kristina trouxe para Lisboa a experiência de sete anos em ambiente de loja: “Estar muito próximo da operação, estar nas lojas e conhecer os colaboradores influenciou muito o meu modo de gestão. É o que chamo walk to talk. Quando ando nas lojas não falo só com os gerentes, falo com todos os colaboradores aos diferentes níveis. Não posso dizer que os conheço todos, mas reconheço quase todos os rostos”. Kristina orgulha-se deste modelo de liderar pelo exemplo: “A diferença entre os países do Norte e os do Sul é que nós temos menos hierarquia. E isso é muito importante na forma como trabalhamos na Ikea. Quando digo aos gerentes para envolverem as pessoas é porque eu própria faço isso”. Estava há pouco tempo em França quando foi desafiada a mudar-se para Portugal. E aceitou: afinal, ofereciam-lhe uma “possibilidade única”, a de “ser parte da construção da Ikea” num país onde nunca tinha estado – “era uma questão de tempo” - mas de que tinha as melhores referências: “Para mim, Portugal era bom vinho, pessoas simpáticas e boas praias. Foi o suficiente para me interessar. Mas sabia que era uma história de sucesso desde o início. Vi os números das vendas, vi como os colaboradores gostavam de cá trabalhar, como os consumidores gostavam da marca. Tamanho sucesso, interno e externo, levou-me a querer fazer parte desta história”. Chegou em Abril de 2010. Ela, o marido e os dois filhos, hoje com quatro e nove anos. Uma família STORE MAGAZINE

“Sabia que era uma história de sucesso desde o início. Vi os números das vendas, vi como os colaboradores gostavam de cá trabalhar, como os consumidores gostavam da marca”

Kristina e a família procuram integrar-se. Tanto é que evitam ficar confinados aos horizontes da comunidade sueca em Lisboa, concentrada entre Carcavelos e Cascais. Optaram por fixar-se no Restelo e foi aí que procuraram âncoras para o dia-a-dia

habituada à mobilidade: Portugal é só mais uma paragem depois de França e, antes, de quatro cidades na Suécia. “Como família, funcionamos assim. Onde pousamos o chapéu é onde é a nossa casa. Não ficamos agarrados aos lugares. Na Suécia construímos duas casas e vendemo-las”. As pessoas são mais importantes: “A família e os amigos estão lá, não importa onde vivemos. E fazemos amigos onde quer que estejamos. Tenho amigos fantásticos em França e agora estou a fazer amigos aqui. Se decidirmos mudar, ficarei com amigos. É a vantagem deste modo de vida”. Kristina e a família procuram integrar-se. Tanto é que evitam ficar confinados aos horizontes da comunidade sueca em Lisboa, concentrada entre Carcavelos e Cascais. Optaram por fixar-se no Restelo e foi aí que procuraram âncoras para o dia-a-dia: a padaria, o talho, perceber a vizinhança, aprender a funcionar – “ser feliz”. Amigos portugueses são ainda poucos, alguns membros de casais de dupla nacionalidade, com quem trava conhecimento na Escola Sueca, frequentada pelo filho mais novo, e no Liceu Francês, onde anda o mais velho. A integração foi “suave”. Afinal, não há grandes diferenças entre os povos. Ainda que o clima tenha uma palavra a dizer: “Os portugueses são mais calorosos e extrovertidos, mas mesmo aqui vejo que no Inverno ficamos mais fechados, é para nos protegermos”. Porém, Kristina não valoriza estas diferenças: “´É como é. Gostei de viver em França, integrei-me muito bem e cá também. Temos de ser abertos e, como pessoas, temos de nos ajustar e perceber a cultura, os outros, o que está por trás de certos comportamentos”. O primeiro ano em Portugal foi para a família encontrar o seu lugar: “Foi para ficarmos confortáveis como família no novo ambiente”. Depois, sim, chegou o tempo de conhecer o País. E eleger o vale do Douro como a região preferida: “It’s breathtaking”. Mas a costa alentejana não lhe fica atrás – “It´s amazing”. “Quanto mais vejo mais admirada fico”. Há muito para ver. “Mas ainda cá estou…”.

“Como família, funcionamos assim. Onde pousamos o chapéu é onde é a nossa casa. Não ficamos agarrados aos lugares”

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Inovação

Digital rima com retalho Desde 2007 que a Xarevision tem vindo a inovar na distribuição. Começou com o desenvolvimento, implantação e exploração de meios digitais no ponto de venda e prepara-se para lançar o CouponXare, uma ferramenta de emissão de cupões multimarca online, via Facebook. São razões mais que suficientes para Sílvio Macedo, director-geral da empresa, manter o optimismo em relação a 2012

Nasceu de um spin-off do INESC TEC, é detida maioritariamente pelos seus promotores, sem qualquer ligação societária a outras empresa de media ou retalho, e assume-se como um “berço” de inovação. Os resultados comprovam-no: no sector da distribuição introduziu a tecnologia de gestão distribuída de filas de espera nos serviços de atendimento e, associada a esta, criou toda uma solução de comunicação e activação promocional no ponto de venda, com base nos ecrãs colocados em pontos de atendimento e nas próprias senhas de vez que são dispensadas aos clientes. Agora, chega o CouponXare, que está em fase de pré-lançamento. Segundo Sílvio Macedo, trata-se de uma ferramenta de emissão de cupões multimarca online, via Facebook. “Aliámos nesta aplicação Facebook os conceitos de cupão de desconto real em compras, com algumas características de “jogo”, procurando maximizar o potencial de expansão via redes sociais”, 26

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afirma o mesmo responsável. Para já o feedback das marcas “tem sido excelente”. A Xarevision foi criada no final de 2006, tendo iniciado actividade em meados de 2007, com o arranque de um projecto-piloto com a Sonae MC, no Continente GaiaShopping. No âmbito do projecto das senhas imprime actualmente 1,8 milhões de senhas mensais. Sílvio Macedo diz que os “estudos de recall ou os vários estudos de sell-out (Nielsen Market Test) demonstram uma eficácia muito acima de qualquer outro suporte dentro ou fora da loja, com aumentos de vendas de 20%, 170% e até 2700%”. Ambos os suportes, ecrãs e senhas, podem ser geridos centralmente em rede ou individualmente, de forma absolutamente automática com execução diferenciada conforme o serviço dentro de loja, geográfica ou horária. Esta tecnologia é apenas uma das muitas que a empresa criou. “Na verdade, há produtos que experimentámos já em 2008 em loja e que só em

A Xarevision além de uma adequação do pricing ao ambiente actual, está a introduzir meios adicionais de comunicação digital no ponto de venda e novos veículos promocionais. É precisamente aqui que entra o CouponXare

2012 voltaremos a levar ao mercado porque na altura sentimos que seriam prematuros. Chegar demasiado cedo ao mercado também pode ser mau”, diz Sílvio Macedo. A maior parte desta inovação deve-se ao seu quadro de pessoal. Embora o modelo de negócio da Xarevision seja sobretudo assente na exploração publicitária dos seus suportes, a equipa é constituída principalmente por engenheiros, ex-investigadores e designers que “desenvolvem novas ideias e implementam continuamente novas soluções”. Os dois sócios da empresa mantêm vínculos com o INESC TEC, e a empresa acolhe frequentemente estágios curriculares e trabalhos de dissertação de mestrado, tanto de alunos que recebe como dos próprios funcionários. Há inclusivamente um doutoramento a iniciar-se no contexto da empresa. A internacionalização é um dos próximos passos para o crescimento. Diz Sílvio Macedo: “O modelo de negócio da Xarevision STORE MAGAZINE


humanos nesta área, pelo que também se propicia esta penetração das tecnologias”. Neste campo destaca o exemplo da Enabler (agora Enabler Wipro) que, originária numa estrutura interna da Sonae, “cresceu além-fronteiras e hoje implementa tecnologia de ponta na modernização do retalho em todo o mundo”. Em relação a 2012, o mesmo responsável considera que vai ser “tão desafiante como interessante”. O contexto económico terá um impacto considerá-

A Xarevision foi criada no final de 2006, tendo iniciado actividade em meados de 2007, com o arranque de um projecto-piloto com a Sonae MC, no Continente GaiaShopping

vel no sector da distribuição e as promoções serão “mais do que nunca uma ferramenta fundamental das marcas para contrariar as tendências de redução do consumo – muitas e de baixo valor tem sido a receita apontada”. A Xarevision, além de uma adequação do pricing ao ambiente actual, está a introduzir meios adicionais de comunicação digital no ponto de venda e novos veículos promocionais. É precisamente aqui que entra o CouponXare.

é sobretudo assente no impacto nas vendas dos nossos clientes. A grande maioria são produtores ou representantes de multinacionais que vão tomando conhecimento do que estamos a fazer por cá, o que eventualmente tornará mais fácil entrar em novos mercados. Por outro lado, a Sonae MC, nosso principal parceiro, é um retalhista de referência, reconhecido a nível internacional, o que nos permite apresentar um excelente case-study também”. Sobre o uso de tecnologias de informação no sector da distribuição, o director-geral da Xarevision considera que “alguns retalhistas portugueses são bastante sofisticados mesmo a nível mundial e vão sucessivamente adoptando novas tecnologias a um ritmo exemplar, seja na sua logística, na experiência de compra dos seus clientes, marketing ou em outras áreas do negócio”. Considera que, do ponto de vista tecnológico, Portugal “está geralmente bem servido de know-how e recursos STORE MAGAZINE

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Entrevista

Ramon de Melo

Hermínio Santos jornalista hs@storemagazine.net

As empresas associadas da Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) vão “manter empregos em 2012 e aumentar a percentagem de emprego por tempo indeterminado”, diz Luís Reis, presidente da instituição. Sobre o congresso que decorre nos dias 17 e 18 de Janeiro, afirma que o objectivo é debater o futuro do País numa “lógica positiva”

Luís Reis, presidente da APED

Vamos manter os empregos Store | Quais as perspectivas e ambições para o congresso da Associação Portuguesa das Empresa de Distribuição (APED)? Luís Reis | Acho que é um momento muito importante para Portugal e para o sector. Dada a sua dimensão, a APED não pode ficar ao lado do debate sobre o futuro do País e daí vem o tema 28

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do congresso – “Ganhar o futuro” – numa lógica positiva em relação ao futuro pois acho que já chega de diagnósticos e dizer o que está mal feito. Está na altura de começar a olhar para a frente e perspectivar novas abordagens. Penso que o congresso vai ter pelo menos três momentos distintos que podem ajudar a olhar para a frente de

“O sector tem menos emprego precário que a média do País”

maneira diferente: um primeiro em que nós procuramos cruzar olhares políticos, sociológicos e económicos sobre o futuro; um segundo grupo de intervenções mais centradas no retalho mas também viradas para a frente, tentando perceber o impacto das tecnologias e das tendências de consumo; um terceiro momento onde contamos com STORE MAGAZINE


uma personalidade que é muito interessante, o prémio Nobel Stiglitz, que se tem vindo a distinguir por algumas posições fundamentadas, algo polémicas, e que vão contra algumas receitas mas que será interessante ouvir. Store | Quais são as expectativas do sector para 2012? LR | Acho que vai ser um ano extremamente difícil devido a uma combinação de efeitos que não podem levar a outra situação. Em primeiro lugar, a redução do rendimento disponível das famílias, que começou em 2011 mas vai-se sentir mais fortemente em 2012. A este factor junta-se o aumento do desemprego e a recessão económica global. A soma destas três situações vai provocar um 2012 com perspectivas muito difíceis para o sector da distribuição. Será mais difícil na distribuição não alimentar do que na alimentar, porque aquela tem mais categorias onde o consumo é discricionário. Store | Como é que o sector se está a preparar para o ano difícil que aí vem? LR | Desde 2008 que o sector tem vindo a dar provas de que é bastante resiliente, sobretudo porque conseguiu, ao longo dos últimos anos, a introdução de grandes eficiências na cadeia logística e isso traduz-se em ganhos que podem ser partilhados com o consumidor final e que permitem às empresas, nestes momentos mais difíceis, susterem um pouco a realidade. Acho que o sector vai continuar a apostar em ganhos de eficiência e é a única forma de passar o ano. Suponho que 2013 será ainda um ano difícil mas seria muito útil que conseguíssemos ter um 2013 melhor que o próximo ano. Nesse sentido penso que o próprio congresso também pode ajudar. Mais do discutir quão mau será 2012, o que interessa é o que temos de fazer este ano para que 2013 seja melhor. Se nada fizermos podemos correr o risco de perpetuar uma crise durante muito tempo. STORE MAGAZINE

“Dada a sua dimensão, a APED não pode ficar ao lado do debate sobre o futuro do País e daí vem o tema do congresso – “Ganhar o futuro” – numa lógica positiva em relação ao futuro”

“Desde 2008 que o sector tem vindo a dar provas de que é bastante resiliente, sobretudo porque conseguiu, ao longo dos últimos anos, a introdução de grandes eficiências na cadeia logística”

Temos que aceitar ir abaixo mas temos que olhar na perspectiva de recuperar melhor. Acho que a distribuição pode ter um papel, resistindo durante 2012 e preparando-se para relançar 2013. Store | A internacionalização pode ser uma alternativa para as empresas de distribuição? LR | Existem na APED três tipos de associados. Em primeiro lugar temos muitos de pequena dimensão, de base portuguesa, que operam sobretudo em nichos de mercado e para esse grupo de associados não estou a ver muitas oportunidades. Depois temos um segundo grupo constituído por filiais em Portugal de empresas multinacionais estrangeiras – toda a grande distribuição internacional, alimentar e não alimentar, está presente no nosso País. Temos um terceiro grupo que eu penso que tem dado bons sinais relativamente à internacionalização. São grupos portugueses já com alguma dimensão e o que temos verificado é que esses grupos portugueses, quer no alimentar quer no não alimentar, têm feito um percurso de internacionalização. Isso acontece com o grupo Jerónimo Martins, com várias insígnias do grupo Sonae, com a Salsa – há vários exemplos de empresas de base portuguesa que se estão a internacionalizar. É interessante perceber que ela pode ser muito útil para o País por duas razões: a primeira é que esses grupos mantêm em Portugal o emprego mais qualificado; a segunda é que a internacionalização desses grupos tem um enorme efeito de arrasto. Ou porque arrastam consigo exportação – alguns dos nossos associados, por exemplo no têxtil, quando abrem lojas fora de Portugal 50 por cento das vendas são feitas com vendas produzidas no País – ou porque, quando se internacionalizam, muitos serviços e muitos equipamentos são comprados em Portugal. Os conceitos de loja são muitas vezes desenhados e abastecidos a partir do nosso País.

“Suponho que 2013 será ainda um ano difícil mas seria muito útil que conseguíssemos ter um 2013 melhor que o próximo ano”

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Entrevista

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“Portugal tem um problema complexo que é o de o sector primário ser muito atomizado, que é um factor de “descompetitividade” muito grande”

Store | Que balanço faz do negócio dos combustíveis na área da distribuição? LR | Acho que é um negócio interessante que fez um percurso curioso. Quando os primeiros associados da APED introduziram os postos de venda de gasolina nos hipermercados e nos grandes supermercados foram acusados de tudo e mais alguma coisa. Portugal teve um fenómeno curioso: a penetração da venda de combustíveis foi muito mais lenta do que noutros países e de facto a onda de maledicência que se criou à volta dos combustíveis vendidos nos supermercados e hipermercados terá tido algum sucesso, pelo menos no primeiro e segundo anos. Mas o que é facto é que os consumidores podem-se deixar enganar uma vez ou duas mas não se deixam enganar para sempre. O que aconteceu é que, ao fim de uma década de existir combustível nos hiper e supermercados, os consumidores verificaram que a única coisa que lhes acontecia era poupar. Verificaram que todas as previsões catastrofistas de que os automóveis iriam ter problemas se abastecessem naqueles locais não se confirmaram. O período de introdução foi mais lento e neste momento tem-se assistido a um crescimento exponencial das vendas. Pela primeira vez, no último semestre, atingiu-se um ponto histórico pois as vendas de gasolina a particulares, em super e hipermercados, todas concentradas, são mais do que as vendas do primeiro grande retalhista português. Hoje, em Portugal, se houvesse uma única marca, a distribuição seria o líder de mercado. Esse fenómeno mostra bem que, quando as propostas de valor são adequadas, os consumidores, mais tarde ou mais cedo, acabam por aderir. Digo muitas vezes que é insensato passar atestados de menoridade aos consumidores pois, mais tarde ou mais cedo, acabam por perceber de que lado é que está a razão. Store | É uma experiência que vai continuar? LR | Vai continuar e ampliar-se

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“Pela primeira vez, no último semestre, atingiu-se um ponto histórico pois as vendas de gasolina a particulares, em super e hipermercados, todas concentradas, são mais do que as vendas do primeiro grande retalhista português. Hoje, em Portugal, se houvesse uma única marca, a distribuição seria o líder de mercado”

“Os associados da APED têm tido desde há algum tempo uma preocupação grande com o consumo razoável e sustentável. É um consumo que apela a uma grande racionalidade por parte do consumidor: comprar aquilo de que tem necessidade, fazer escolhas conscientes, avaliar bem a equação de valor”

e a quota de mercado dos distribuidores de gasolina em hiper e supermercados vai aumentar significativamente durante o próximo ano. Tenho a certeza absoluta. Store | A APED associou-se à campanha “Compre o que é nosso”. De que forma é que a distribuição está a apoiar a produção nacional? LR | De muitas formas. A realidade é diferente consoante os associados da APED porque cada um deles é livre de seguir as suas estratégias, mas há pelo menos duas realidades que unem os associados: a primeira é essa do “Compre o que é nosso” e a segunda é que existem vários associados com programas que procuram estimular a integração, a montante, na cadeia de produção alimentar. Portugal tem um problema complexo que é o de o sector primário ser muito atomizado, que é um factor de “descompetitividade” muito grande. A distribuição é uma indústria altamente eficiente, precisa de uma integração a montante quase perfeita por causa, por exemplo, das eficiências logísticas e isso é incompatível com agricultores de muito pequena dimensão, com as grandes flutuações de oferta. Esse percurso de aumento de competitividade no sector primário já aconteceu noutros países, infelizmente em Portugal mantemos uma produção muito de minifúndio e isso causa grandes dificuldades às cadeias de distribuição. Estas, por que têm interesse em manter e aumentar a produção nacional têm feito programas muito vastos com grande investimento, de há muitos anos, no sentido de ultrapassar este obstáculo, de agregar a procura do lado do sector primário. Store | O sector criou mais de 38 mil postos de trabalhos nos últimos cinco anos. Vai conseguir manter este nível de emprego? LR | Na APED temos o cuidado de falar de emprego com números e como a generaliSTORE MAGAZINE


dade das nossas empresas ou são cotadas em Portugal ou de grupos internacionais, mais de 96 por cento dos números que divulgamos são auditáveis. Ao contrário de outras associações e confederações, que falam um pouco de cor em relação ao emprego, nós consideramos que é um assunto demasiado sério para se falar de cor. De facto a APED tem vindo a criar emprego de uma forma consistente nos últimos anos e criará emprego em 2011. Relativamente a 2012 manterá seguramente o emprego e o que acontecerá é não só manter emprego como aumentará a percentagem de emprego por tempo indeterminado. Isso acontece por uma razão muito simples: em momentos de maior dificuldade, como será 2012, as empresas optam por racionalizar STORE MAGAZINE

“Há o mito de que os MNSRM são vendidos nos hipermercados de forma completamente livre e sem qualquer controlo mas isso não é verdade. Um exemplo: uma farmácia precisa de um farmacêutico responsável que pode ser responsável, salvo erro, por duas farmácias”

os seus quadros de pessoal que passa pelo ajuste nos trabalhadores que são de contrato a prazo, o que significa que há uma maior percentagem do emprego que é feita com contrato sem prazo. Como isso se acumula com alguma maturidade do sector eu acredito que entraremos em 2012, pela primeira vez, com a percentagem do emprego sem termo a ficar acima da média nacional. Isto vai contra o grande mito de que a distribuição cria emprego precário. Não é verdade. O sector tem menos emprego precário que a média do País. Store | Como é que explica que as taxas cobradas pelos bancos em Portugal sejam tão superiores faces às de Espanha, por exemplo? LR | Essa é uma pergunta que

tem de colocar à banca e à Autoridade da Concorrência. Temos em Portugal dois lados de uma moeda. Por um lado temos de ter orgulho num sistema de pagamentos que funciona muito bem e permitiu criar uma rede de atm invejável. No entanto, e ao contrário de outros países, Portugal chegou a esse fim utilizando uma opção que pode ter consequências que às vezes não são as desejáveis. Essa opção foi a de existir uma única rede de pagamentos, um esforço colectivo do sector bancário para criar essa rede e o resultado disso é de facto termos uma rede de pagamentos excelente – daí não vem mal nenhum ao mundo, é um excelente resultado. Mas tem também um outro resultado que talvez não seja tão >>>

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Entrevista

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positivo: Portugal tem hoje um custo de transacção que é praticamente o dobro de Espanha e mais de 50 por cento acima da média europeia. Ora isso é insustentável. Existem várias queixas ao nível da Autoridade da Concorrência e do Tribunal Europeu, aqui tendo mais a ver com os sistemas Visa e MasterCard, e eu quero crer que a situação acabará por convergir para a média europeia.

“O grau de sofisticação e de segurança com que um posto de MNSRM funciona aproxima-se muito do de uma farmácia”

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Store | A Centromarca acusou recentemente a distribuição de pagar, em média, 70 dias depois das suas encomendas aos seus fornecedores. Que comentário é que faz a esta apreciação? LR | A Centromarca é uma associação de 56 empresas, das quais mais de 80 por cento são multinacionais e mais de metade têm menos de 100 empregados em Portugal. Um quarto delas tem menos de 10 empregados. Mais de metade das empresas da Centromarca não produz nada em Portugal. Portanto, quando ela fala é preciso perceber que quem está a falar são grandes multinacionais que, na maior parte dos casos, não têm sede nem produção instalada em Portugal. A Centromarca tem, por isso, necessidade de colocar notícias e ideias que procuram transformar em mitos algumas realidades socorrendo-se, do nosso ponto de vista, de dados que são muito pouco rigorosos. De facto, li essa acusação, que vinha nestes termos: a distribuição paga a 70 dias, diz o Banco de Portugal, e isso deve-se sobretudo a dois grandes grupos nacionais, a Jerónimo Martins e a Sonae. O que fizemos na APED foi ir ver o estudo do Banco de Portugal, que existe e onde aparece esse número de 70 dias que diz respeito a todo o comércio existente no País. Curiosamente, esse estudo também diz que todo o comércio recebe nos mesmos 70 dias. Portanto, é um estudo muito pouco relevante. Mas nós temos forma de saber a quanto é que paga

“Este momento de crise vai alterar, provavelmente, os paradigmas de consumo da sociedade portuguesa e trará esses paradigmas para uma evolução de um consumismo algo exuberante para um mais racional e sustentado”

Sobre as taxas bancárias: “Portugal tem hoje um custo de transacção que é praticamente o dobro de Espanha e mais de 50 por cento acima da média europeia. Ora isso é insustentável”

a distribuição de uma maneira muito mais clara e rigorosa. Por exemplo, os dois grupos que foram acusados de pagar a 70 dias têm contas auditadas e publicadas e quer um, quer outro pagam, em média, nos 60 dias que são comummente aceites como razoáveis. É difícil perceber porque é que a Centromarca diz uma coisa dessas pois os todos os seus associados sabem bem que a distribuição paga a todos eles nos 60 dias que eu acabei de referir ou menos – há associados da Centromarca que recebem mais rapidamente que os 60 dias. Esses dados atribuídos à distribuição nos termos em que foram são falsos e da forma nominativa como foi feito não são só falsos como também mal-intencionados. Store | Um estudo recente da DECO refere que os medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) são 20 por cento mais baratos nos hipermercados. Esta também é uma área que está a crescer? Como vê a evolução deste segmento? LR | Está a crescer muito depressa e só não vai mais depressa porque há interesses instalados que procuram dificultar esse crescimento e preferiam que a situação não fosse essa. O que a distribuição está a fazer é tornar o sector mais eficiente e a prestar um bom serviço ao consumidor final. A velocidade com que os consumidores beneficiarão dessa vantagem depende exclusivamente do Ministério da Saúde. Portugal tem menos medicamentos sujeitos a receita médica do que poderia ter – há muitos países muito avançados no número de medicamentos não sujeitos a receita médica — e há algumas imperfeições no processo logístico e de funcionamento que facilmente seria ultrapassáveis e aumentariam ainda mais o que já é hoje um interessante crescimento nessa área. Há o mito de que os MNSRM são vendidos nos hipermercados STORE MAGAZINE


de forma completamente livre e sem qualquer controlo mas isso não é verdade. Um exemplo: uma farmácia precisa de um farmacêutico responsável que pode ser responsável, salvo erro, por duas farmácias; na distribuição um farmacêutico tem que ser responsável por um máximo de cinco farmácias que têm uma distância determinada e para além disso todos os funcionários de cada uma das unidades que podem vender MNSRM têm que ser inscritos no Infarmed e ter formação específica. A distância que separa um posto de venda deste tipo de medicamentos de uma farmácia não é tão grande quanto aquilo que alguns querem fazer crer. O grau de sofisticação e de segurança com que um posto de MNSRM funciona aproxima-se muito do de uma farmácia. Store | Como é que vê as tendências da distribuição em Portugal? Vai continuar a aposta em grandes e médias superfícies ou vê o nascimento de uma rede de lojas de bairro lançada por grupos de distribuição? LR | Acho que vai haver um pouco de espaço para tudo. É difícil falar de futuro – acho que o nosso Congresso ajudará a olhar para esse futuro – mas nós sentimos neste momento que existem três grandes tendências, sobretudo no retalho alimentar, e que são muito visíveis: em primeiro lugar a da variedade, pois as pessoas continuam a querer poder escolher entre vários produtos dentro de uma mesma categoria como, por exemplo, a dos iogurtes, congelados, perfurmaria e higiene; em segundo lugar, a conveniência, porque as pessoas querem uma relação de proximidade (e isso tem a ver com o envelhecimento da sociedade) e não é de estranhar que os dois maiores grupos de distribuição tenham anunciado no ano passado o lançamento, em franchising de cadeias que vão permitir que as lojas de bairro tenham condições para STORE MAGAZINE

“ Acho que vai haver um pouco de espaço para tudo. É difícil falar de futuro – acho que o nosso Congresso ajudará a olhar para esse futuro – mas nós sentimos neste momento que existem três grandes tendências, sobretudo no retalho alimentar”

“Há uma série de iniciativas que mostram que a distribuição está muito presente naquilo que é consumo responsável e sustentável”

se modernizarem e serem mais atractivas e mantidas por pequenos proprietários que não têm de se preocupar com a integração logística e o abastecimento; uma terceira área, e que resulta da combinação das duas anteriores, é o crescimento das vendas online, que estão a crescer em Portugal de forma significativa. Cruzam variedade e poupança de tempo com conveniência. No retalho não alimentar as tendências são um pouco distintas. Por um lado, existe a necessidade de manter o contacto físico em alguns produtos e, por outro, um conjunto de categorias onde o papel do online vai ser determinante (livros, música, electrónica de consumo). Store | Que estratégias é que se devem seguir para incentivar o consumo responsável em tempos de crise? LR | Não sei se este é o momento para ter estratégias que incentivem o consumo. Os associados da APED têm tido desde há algum tempo uma grande preocupação com o consumo razoável e sustentável. É um consumo que apela a uma grande racionalidade por parte do consumidor: comprar aquilo de que tem necessidade, fazer escolhas conscientes, avaliar bem a equação de valor. Falámos nesta entrevista dos combustíveis, dos MNSRM, do compre o que é nosso e também podemos falar das marcas da distribuição. Há uma série de iniciativas que mostram que a distribuição está muito presente naquilo que é consumo responsável e sustentável. Este momento de crise vai alterar, provavelmente, os paradigmas de consumo da sociedade portuguesa e trará esses paradigmas para uma evolução de um consumismo algo exuberante para um mais racional e sustentado. Estou convicto que nós temos já hoje no nosso sector e no País os grupos de distribuição que saberão acompanhar essa evolução.

“Estou convicto que nós temos já hoje no nosso sector e no País os grupos de distribuição que saberão acompanhar essa evolução”

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Tendências

Li Edelkoort vem a Lisboa para falar sobre tendências. Para 2013. Porque aquela a quem chamam o oráculo da moda prevê, mas com anos de avanço. E entre as tendências que antecipa para a distribuição conta-se a de que, no século XXI, será preciso tocar o consumidor a um nível mais privado, criando experiências de compra mais intimistas

Shopping mais intimista De Lidewij Edelkoort dizem que é oráculo da moda, pioneira das tendências: certo é que desde os anos 80 tem uma palavra a dizer sobre conceitos, cores e materiais que estarão na moda. E di-la com anos de avanço, num exercício de previsão que lhe granjeou reputação mundial e a torna requisitada por empresas de sectores tão distintos como o têxtil ou o automóvel. Este é o currículo que levou a Asso34

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O futuro está no mood marketing, que substituirá todas as outras disciplinas no redesenho da relação da distribuição com os consumidores

ciação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) a convidá-la para o primeiro dia de trabalhos do IV Congresso da Distribuição Moderna. Num evento intitulado “Ganhar o futuro”, Li – como é conhecida – é uma presença incontornável. E foi sobre o futuro da distribuição que esta holandesa de nascimento e parisiense por adopção falou à Store. Das suas palavras resultou uma previsão das tendências de

shopping para o século XXI. Ou não fosse prever a sua profissão… Com as grandes marcas e lojas a datarem do século passado – muitas à beira de completar datas tão significativas como os 100 ou os 150 anos – este século não logrou ainda deixar uma impressão digital própria na distribuição. Nas primeiras décadas do século XX nasceram as casas de alta-costura e luxo e muitas das marcas de pronto-a-vestir remontam STORE MAGAZINE


aos anos 60 e 70. Nos 80 emergiram as chamadas marcas verticais, que concentravam a produção e a distribuição e que ainda hoje se mantêm em força. Ainda nos 60 foi o tempo das boutiques, nos 70 as grandes lojas das avenidas principais, nos 80 chegou a globalização e nos 90 foi inventada a concept store. A viragem do século trouxe as compras online. E o século XXI? “Até agora, ainda não conseguiu criar a sua própria inovação e o seu próprio ambiente de shopping”, conclui Li. Contra todas as expectativas, “o status quo do retalho parece projectar o negócio da forma habitual”. Com efeito – critica – a aparência exterior das lojas mudou, mas a mentalidade e o espírito interior ainda não foram reinventados e estão a necessitar de um pensamento criativo e conceptual. Para a especialista em tendências, que gere as suas previsões a partir de uma fábrica convertida em quartel-general, a L’Usine, o futuro está no mood marketing, que – acredita – substituirá todas as outras disciplinas no redesenho da relação da distribuição com os consumidores. A distribuição “necessita de novos ambientes de loja e de novas mentalidades”. É que, para os consumidores, o shopping consiste cada vez mais “numa viagem ao interior de si próprios com o objectivo de satisfazer necessidades e desejos complexos”. Necessidades e desejos a que a distribuição tem de ir ao encontro de uma forma “verdadeiramente inovadora”, que permita tocar o consumidor a um nível mais privado. “Imaginação, improviso, inteligência e humor” são, na opinião de Li, as ferramentas indispensáveis para redefinir a experiência de fazer compras: só elas permitirão às marcas envolverem-se num novo diálogo com os seus clientes, que antecipe as suas necessidades, que satisfaça os seus desejos secretos. Li Edelkoort não esquece o impacto da crise sobre a distribuição e sobre o consumo. Reconhece que terá repercussões duradouras e que, em boa parte, mudou o modo como as pessoas compram. “Algumas têm vergonha dos seus hábitos de consumo e escondem os seus tesouros em sacos de papel castanho; algumas jovens fizeram um pacto na web e prometem vestirSTORE MAGAZINE

Para os consumidores, o shopping consiste cada vez mais “numa viagem ao interior de si próprios com o objectivo de satisfazer necessidades e desejos complexos” (…) a que a distribuição tem de ir ao encontro de uma forma “verdadeiramente inovadora

se com apenas seis peças; alguns jovens estão a criar o seu próprio guarda-roupa alterando e personalizando o que já têm; casais que andam sempre na moda compram online em marcas que não são de designer; há jovens que compram belas peças vintage que não podem pagar mas que são para usar colectivamente e há clientes que estão a alugar máquinas de costura para criar as suas peças para ocasiões especiais”. Perante este cenário, a moda tornou-se “mais sensata, menos opulenta e mais concentrada, focando-se na qualidade e cortando no supérfluo”. É o fim de uma etapa e o início de outra. O futuro trará novas formas de comprar, melhores formas de servir, caminhos mais criativos e ambientes mais originais para a distribuição. Abre-se caminho ao interior do ser humano, ao bem-estar mais íntimo, a uma sociedade mais verde e a uma nova mentalidade. Estas são as previsões de Li Edelkoort. No Museu do Oriente, em Lisboa, a 17 de Janeiro, ficar-se-ão a conhecer melhor as tendências que antecipa. Para 2013. “Bliss; spirituality in everyday life: coming trends for Summer 13” é o tema da intervenção de uma mulher que a revista Time já arvorou a uma das 25 pessoas mais influentes no mundo da moda.

O futuro trará novas formas de comprar, melhores formas de servir, caminhos mais criativos e ambientes mais originais para a distribuição

PERFIL

Fábrica de tendências É no Boulevard Saint-Jacques, em Montparnasse, Paris, que se situa a fábrica de tendências de Li Edelkoort. Apropriadamente designada L’Usine, resultou da transformação de uma fábrica e alberga agora quatro das suas empresas: Trend Union, Studio Edelkoort, United Publishers e Heartwear. É ali que reúne as experiências que recolhe nas muitas viagens que faz pelo mundo. Procura inspiração nos mais ínfimos pormenores, de conchas da praia a folhas na floresta, a pedaços de plástico ou metal. Tudo observa. Mas não só objectos. Também a política, a arte, a literatura, os movimentos do consumidor. Nascida na cidade holandesa de Wageningen, em 1950, estudou na Escola de Belas Artes de

Arnhem, e ainda durante o curso começou a trabalhar para a Bijenkorf, o maior armazém da Holanda. Foi aí que descobriu o seu talento para percepcionar tendências com várias estações de antecedência. O que a levou até Paris, em 1975, como consultora independente. No final dos anos 80, criou a sua primeira empresa, a Trend Union. O seu talento foi já reconhecido por diversas vezes. Em 2003, a revista Time elegeu-a uma das 25 personalidades mais influentes no mundo da moda. No ano seguinte, conquistou o prémio Grand Seigneur, da Holanda. E, em Fevereiro de 2008, foi-lhe aposta a Ordem do Cavaleiro das Artes e das Letras do Ministério da Cultura de França.

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Congresso

A visão sobre o futuro de Portugal, do euro e da crise europeia estará em cima da mesa no IV Congresso da Distribuição Moderna, organizado pela Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição (APED) e que reúne, em Lisboa, nos dias 17 e 18 de Janeiro, figuras de destaque da economia nacional e internacional

APED debate o futuro

Representa mais de nove por cento do PIB português. É responsável pela cobrança de quase um terço do IVA em Portugal, “responde” por mais de 93 mil colaboradores e tem 118 associados. Com toda esta importância a nível da economia portuguesa, a APED não podia alhear-se da grande discussão sobre o futuro de Portugal. Um dos seus contributos concretiza-se nos dias 17 e 18 de Janeiro, no Museu do Oriente, em Lisboa, com o IV Congresso da Distribuição Moderna. “Ganhar o futuro” é o tema global para um encontro que reunirá empresários, gestores, académicos, criativos, inovadores, governantes e um Prémio Nobel. Todos eles vão partilhar ideias e pensamentos estratégicos sobre as várias vertentes deste momento de viragem em termos políticos, económicos e sociais, e as alternativas para construir um futuro sustentável. 36

Janeiro de 2012

“Ganhar o futuro” é o tema global para um encontro que reunirá empresários, gestores, académicos, criativos, inovadores, governantes e um Prémio Nobel

Entre os convidados internacionais contam-se Joseph Stiglitz, que, em 2001, e juntamente com A. Michael Spence e George A. Akerlof, recebeu o Prémio Nobel por criar os fundamentos da teoria dos mercados com informações assimétricas. Li Edelkoort, considerada pela revista Time uma das 25 pessoas mais influentes no mundo da moda, vai encerrar o primeiro dia do IV Congresso da Distribuição Moderna Na sua apresentação no evento Edelkoort revelará os conceitos, cores, texturas e materiais que vão estar na moda nos próximos anos, numa intervenção com forte impacto do ponto de vista visual. Boris Planes, Research Director de Macroeconomia da Planet Retail, Christian Verschueren, director-geral do Eurocommerce, e Geraint Thomas, director consumer packaged goods and life sciences da Microsoft, são outros dos convidados internacionais

que estarão no Museu do Oriente. Luís Reis, presidente da APED, António Lobo Xavier, Daniel Bessa, Rui Leão Martinho, Artur Santos Silva, Fernando Adão da Fonseca, Anthony Gibson, Luís Simões, Paulo Azevedo, Pedro Soares dos Santos, Américo Ribeiro, Kristina Johansson, Cláudia de Almeida e Silva e João Duque são outros dos oradores. A APED é uma associação patronal, de âmbito nacional, que engloba empresas que desenvolvem a sua actividade no retalho – alimentar e não alimentar – de grande consumo, tendo como objectivo a defesa da livre concorrência e a liberdade de acesso ao mercado de todos os agentes económicos, representando os interesses dos seus associados junto das várias entidades públicas e privadas. Em Portugal, a APED é, actualmente, a única entidade associativa representativa do Comércio Moderno. STORE MAGAZINE


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notícias AEP quer 3000 marcas no “Compro o que é nosso” A AEP - Associação Empresarial de Portugal quer atingir, em 2012, as 1.000 empresas, num total de 3.000 marcas, na campanha “Compro o que é nosso”, anunciou a instituição numa informação divulgada em Dezembro. Actualmente o programa reúne 814 empresas que representam 2.500 marcas e um volume de negócios agregado superior a 14,5 mil milhões de euros. A AEP aproveitou o Natal para realizar várias acções de divulgação dos produtos nacionais. Uma “montra nacional” na Alfândega do Porto e uma mostra e degustação de produtos alimentares das regiões do interior do País foram algumas das acções. Até Janeiro está patente no hall da Associação uma exposição de artigos das empresas aderentes, contando que este é um local de passagem e onde se realizam diversos eventos a nível nacional e internacional.

Auchan distinguida na Responsabilidade Social O “Programa Escolhas”, na décima edição, distinguiu o grupo Auchan como a “Empresa com Responsabilidade Social” do ano, na sequência do envolvimento no projecto “Percursos Acompanhados”, no Bairro do Zambujal, junto ao Jumbo de Alfragide. Segundo a empresa, os destinatários são jovens dos 6 aos 24 anos com os quais foram desenvolvidas actividades de sensibilização ao consumo responsável, à empregabilidade e de promoção do sucesso escolar. O projecto teve início em Janeiro de 2010 e vai prolongar-se até 30 de Dezembro de 2012. O facto de o envolvimento da Auchan ter ido muito além do que era esperado inicialmente foi o que o mais chamou a atenção do júri desta distinção.

Sonae é a empresa com melhor reputação A Sonae foi eleita a empresa com melhor reputação em Portugal no estudo MyBrand Reputation Index 2011. A iniciativa foi promovida pelo Instituto Português de Corporate Governance e pela consultora MyBrand e avaliou a opinião dos portugueses em relação às principais empresas nacionais. A Sonae é vista como a companhia com melhor reputação para o público em geral, bem como para os pequenos investidores particulares. Na edição de 2011 do MyBrand Reputation Index foram avaliadas 44 das empresas mais importantes em Portugal e o estudo contou com a opinião de 2.923 portugueses. Segundo a Sonae, a atribuição do principal prémio decorrente “MyBrand Reputation Index 2011” segue-se a mais de meia centena de outros prémios já recebidos pela Sonae em Portugal e no estrangeiro em 2011 e que reconhecem as suas boas práticas no desenvolvimento sustentável da sua actividade. 38

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BREVES Dia renova lojas Durante o ano de 2012 a cadeia Dia vai terminar o plano de renovação das 4500 lojas que tem em Espanha, França e Portugal. Iniciado em 2009, o plano abrange todos os estabelecimentos da marca e, no final do terceiro trimestre de 2011, estava cumprido em 65 por cento. A empresa também tenciona expandir o seu negócio de franchinsing. Nos primeiros nove meses do ano passado, 36 por cento da rede era composta por lojas franchisadas.

Mais Brasil na Sonae Sierra A Sonae Sierra vai abrir em Março o seu 11.º centro comercial no Brasil. Trata-se do Uberlândia Shopping, na região do Triângulo Mineiro, e representa um investimento total de 62 milhões de euros. Segundo a empresa, 89 por cento da área bruta locável, que tem um total de 45 300 m2, já está comercializada. O centro tem 166 lojas satélite, 11 lojas de grande dimensão, 21 restaurantes, um hipermercado Walmart e seis salas de cinema Cinemark.

Fórum em Janeiro A construção do Fórum Setúbal arrancará durante o mês de Janeiro e deverá abrir as suas portas no espaço de dois anos. O empreendimento, lançado pelos holandeses da Multi Development, implica um investimento de 110 milhões de euros. Os investidores já garantiram a pré-comercialização de cerca de 65 por cento dos 44 mil m2 de área bruta locável. Segundo o jornal “O Setubalense”, o empreendimento vai criar cerca de 2000 postos de trabalho directos e indirectos.

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notícias

Nova Confederação representa 20% do PIB Quer ser um parceiro social incontornável e contribuir para o desenvolvimento de um crescimento económico sustentável de Portugal. Foi apresentada formalmente em Dezembro e quer ter um lugar no Conselho Económico e Social. Trata-se da Confederação dos Serviços de Portugal (CSP), que representa 20 por cento do PIB de Portugal e cujas empresas representadas geram 180 mil postos de trabalho directos. A nova entidade empresarial integra, entre outras, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), que representa um volume de negócios de mais de 15,7 mil milhões de euros, a Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) e a Associação dos Operadores de Telecomunicações (APRITEL). Na apresentação da nova confederação, o presidente da CSP, Luís Reis, afirmou que é tempo de “em Portugal se começar a falar mais de economia. É preciso por o Governo a falar mais de economia e pôr a economia a crescer”. Luís Reis recordou que “quem cria emprego é o ministro da Economia e não o das Finanças”. Até ao início de 2012 a CSP vai lançar um estudo onde dará os seus contributos para redinamizar a economia portuguesa.

Jerónimo Martins, a mais reputada do PSI-20 A Jerónimo Martins é a empresa que lidera o ranking de reputação das empresas cotadas no PSI 20. A conclusão é de um estudo de opinião realizado pelo Reputation Institute, tendo os inquiridos colocado o grupo no topo da tabela, considerando também o Pingo Doce como a companhia mais reputada da distribuição alimentar em Portugal. Entre as empresas cotadas em bolsa, o grupo Jerónimo Martins lidera destacadamente nas áreas de produtos e serviços, governo da sociedade, visão e liderança e performance financeira, alcançando o segundo lugar nas categorias ambiente de trabalho e inovação. No conjunto de todas as categorias, Jerónimo Martins conquista a melhor pontuação (78,23 em 100). O estudo RepTrak Pulse 2011 Portugal – As 100 empresas mais reputadas de Portugal, mediu a percepção do público sobre cada uma das empresas analisadas e classifica-as (de 0 a 100) nas áreas que se entende contribuírem para a formação da percepção pública em matéria de reputação.

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Objecto

O BlackBerry de Olga Frazão

É possível que um simples smartphone se torne o melhor amigo do homem e da mulher? Sim, é. E pode mesmo ser fiel? Sim, também pode. Que o diga Olga Frazão, directora de Marketing da Staples, que vê o seu BlackBerry como um melhor amigo: “Está sempre comigo, nunca me abandona. É fiel à dona e funciona 24 horas por dia, sete dias por semana, 365 dias por ano”, revela. Olga Frazão ficou rendida ao BlackBerry em 2006 - embora o modelo que agora possui apenas tenha sido adquirido em Março deste ano - e logo se tornaram grandes parceiros no dia-a-dia. “Não posso viver sem nem com”, adianta a directora de Marketing, ilustrando o seu parecer com uma frase do padre António Vieira: “Amor e ódio são os dois mais poderosos afectos da vontade humana”. Apesar de tamanha afinidade, Olga Frazão admite que conseguiria passar, pelo menos, uma semana sem o BlackBerry, salientando apenas um “pequeno pormenor”: nunca abandona quem lhe é fiel. É devido a essa lealdade que só admite trocar o BlackBerry por um… PinkBerry: “Prefiro o rosa ao preto”.

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Olga Frazão Licenciada em Gestão pelo Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), da Universidade Técnica de Lisboa, iniciou a carreira profissional em 1994 como formadora e coordenadora na área de Gestão, Economia e Empreender, na Escola de Comércio de Lisboa. No ano seguinte, desenvolveu um estágio no Banco Borges & Irmão S.A., onde viria a exercer as funções de assistente comercial e gerente de balcão. Entre 1999 e 2002, foi responsável pelo serviço de clientes da La Redoute e, de Janeiro de 2003 a Julho de 2006, desempenhou a função de delivery manager na SBU Delivery. Em 2003, entrou para a Staples Office Centre Portugal, onde desde Julho de 2006 é directora de marketing

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Restaurante

Suave e confortável

Manuel Falcão director-geral da Nova Expressão

Ao fundo da Rua da Escola Politécnica, já a chegar ao Largo do Rato, no mesmo local onde nos séculos XVIII e XIX funcionou a Real Fábrica das Sedas, está agora um restaurante com oferta variada, preços médios e uma carta simpática baseada na tradição culinária portuguesa e sem exageros decorativos nem químicos. Depois de a Real Fábrica das Sedas ter sido encerrada por D. Maria, e a partir do início do século XX, durante cerca de 90 anos, ali funcionou uma escola primária que em 2003 encerrou por falta de alunos – sinal do despovoamento de Lisboa. Mais tarde e durante alguns anos o local acolheu um gabinete de design de interiores. Desde o Verão de 2011 o local é ocupado pelo «Rota das Sedas», um restaurante dirigido por Teresa Arriaga (que antes esteve no Altis Belém) e com a cozinha a cargo do chef António Amorim, um dos premiados do concurso Cozinheiro do Ano, em 2009. Das obras feitas resultou um espaço com três salas interiores, todas diferentes, e um terraço amplo e muito confortável, a dar para um jardim, que é verdadeiramente um trunfo do local sempre que o tempo está de feição.

Os conteúdos

Rota das Sedas

Rua da Escola Politécnica 231 Telef 213 874 472 / 964 376 322

O conceito é baseado na tradição culinária portuguesa – embora o conceito mude ao longo do dia e até da semana. Eu explico: ao almoço a proposta é um buffet, à noite o serviço é à carta, ao longo do dia no bar estão sempre disponíveis petiscos e ao Domingo existe um brunch que está a ganhar reputação. O buffet diário do almoço custava em Dezembro 14 euros – digo isto porque era o preço antes do novo IVA. As entradas são fartas e variadas – sopa, saladas, carnes frias, um bom prato de queijos curados, queijo fresco e requeijão. Todos os dias há propostas diferentes de peixe e carne, sempre pratos simples portugueses – de polvo à lagareiro ou massada de peixe a panadinhos de carne. A rematar doces e fruta, numa escolha

variada. A garrafeira não é extensa mas tem preços sensatos e oferece uma escolha tranquila. À noite o caso muda de figura, passando o serviço para uma carta com várias boas sugestões: desde uma raia com puré de courgettes e aipo e legumes salteados, ou polvo em três texturas: sonhos, grelhado e tártaro, com migas de grelos e feijão, garoupa com açorda de poejos, uma vitela rosada com batata a murro e salteado de espinafres com azeitonas pretas, magret de pato sobre puré de batata doce, até uma empada de perdiz com legumes glaceados e maçã. O preço médio dos pratos anda nos 16 euros. Há opções vegetarianas e um menu degustação. As sobremesas têm boas propostas, sobretudo o cocktail de queijo com ruibarbo e crumble de laranja.

As variantes Ao Sábado e Domingo o brunch oferece uma boa escolha, que passa por ovos, cogumelos salteados com trufa, wraps, saladas, queijos e carnes frias, uma escolha de pães, croissants, pastéis de nata e outras guloseimas, tudo por 18 euros por pessoa (pré Gaspar, claro), mais as bebidas. Finalmente, em querendo, no bar há cocktails (o mojito tem fama) e petiscos como uma codorniz em vinho do Porto e cebolinhas, fígados de aves, ovos mexidos com espargos e presunto, uma tábua de queijos ou uns mexilhões à pescador – à tarde pode por exemplo petiscar no terraço, o que é sempre uma coisa simpática. Ao almoço, com bebida e café pode fazer a festa a 20 euros por pessoa, ao jantar prepare-se para um pouco mais, dependendo claro dos vinhos. Mas eu diria que por 35-40 euros por pessoa se escolhe um bom menu com sobremesa e um vinho adequado. O ambiente é simpático, o espaço é luminoso, a cozinha trabalha bem, o serviço de sala pode ainda melhorar.

BANDA SONORA

A Montanha Mágica - Rodrigo Leão No final de 2011 Rodrigo Leão deixou-nos um disco onde mostra a sua enorme capacidade de criar ambientes sonoros com uma marca de autor absolutamente inconfundível. Não se trata de mais do mesmo, trata-se de estar permanentemente atento, de manter um estilo, de aprofundar uma descoberta. Neste novo disco (um CD e um DVD gravado ao vivo no Casino Estoril), Rodrigo Leão voltou a tocar baixo, como fazia nos Sétima Legião. Maioritariamente instrumental, com arranjos simples testados numa digressão, o CD tem três temas cantados

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– um pelo brasileiro Thiago Pethit, outro pelo australiano Scott Matthew e finalmente, algo inesperadamente, o terceiro pelo autor da capa do disco, o ilustrador Miguel Filipe, e que acaba por ser uma boa surpresa. A jeito de um breve balanço de 2011, sempre vos digo que, ao lado de “Com Todo o Respeito”, de Jorge Palma, e de “Lisboa Mulata”, dos Dead Combo, esta “Montanha Mágica” está claramente no pódio dos melhores discos do ano.

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Montra

Luxo inspirado em Kivanç A TW Steel reforçou a gama CEO de luxo com dois modelos, inspirados no actor turco Kivanç Tatlitug, sendo capazes de reflectir o seu próprio gosto e paixão pelo estilo refinado e luxuoso. Os relógios da colecção CEO Tech – CE4003 e CE4004 - possuem um mostrador em azul-escuro luminoso, bracelete em couro italiano, da mesma cor, vidro em safira e movimento cronógrafo.

Perfume luminoso Envolto num majestoso frasco esculpido na luz encontra-se o Aura by Swarovski, um perfume com notas brilhantes e femininas, que conferem uma magia vibrante à fragância que combina âmbar, benjoim e almíscar branco com líchia, tuberosa e pimenta-rosa. O cristal no topo do frasco cria uma aura de luz, que capta a essência da marca e da fragância.

Crocodilo versus Gato Para a estação mais fria, a LACOSTE L!VE lança uma exclusiva colecção cápsula com o colectivo francês Cool Cats. A colecção, composta por nove peças e acessórios desenhados pela Cool Cats, estará disponível nas lojas LACOSTE L!VE de todo o mundo. Os três polos, duas t-shirts, o casaco universitário, o cardigan, a sweater, o saco de marinheiro e os ténis que compõem a colecção possuem motivos gráficos divertidos e originais, resultantes da combinação do gato presente no logo Cool Cats e do crocodilo da LACOSTE.

Primeiro smartphone do mundo com Android 4.0 Ice Cream Sandwich A Vodafone lançou em Portugal o Galaxy Nexus, o primeiro smartphone do mundo com Android 4.0 - Ice Cream Sandwich - a mais recente versão da plataforma Android. O equipamento, que resulta de uma parceria com a Google e a Samsung, possui um ecrã de 4.65’’, tecnologia Super AMOLED HD, 720p de resolução, processador dual core de 1.2GHz e conectividade HSPA+.

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O que anda a fazer?

Miguel Varela serve boas ideias Miguel Varela, de 47 anos, acredita profundamente que sem trabalho não se consegue nada na vida. Tal como o seu Sporting Clube de Portugal, para ganhar é preciso trabalhar. E tem sido com esse lema que tem construído a sua carreira, já lá vão uns bons 25 anos. Entrou na área da publicidade em 1987 como assistente de produção na Produtora Shots, de onde saiu como director de produção, em 1999. No entretanto, casou-se e a Marta, a primeira filha, chegou em 1993, começando assim a sua carreira de pai. A família cresceu novamente em 1999, com a chegada do segundo filho, Miguel, o júnior. Nesse mesmo ano, o Miguel sénior foi convidado para sócio e produtor executivo da Tangerina Azul. Em 2001 chegou a pequena Madalena. Com a família a crescer, aumentou também a necessidade de trabalhar ainda mais e, em 2005, Miguel Varela reuniu os amigos de confiança para lançar um novo projecto - a produtora Garage. E como “quem não trabuca, não manduca”, recentemente, e nas horas vagas, tem-se dedicado a servir boas ideias enquanto produtor executivo e ceo da Garage.

Carro SAAB Telemóvel iPhone Portátil MacBook Air Hobby Trabalho Estação de rádio RFM Série favorita Meo Fora da Box, The Office, Sopranos Canal de televisão Sport TV Programa de televisão Notícias Jornal i, Record , Expresso Revista Sábado Caneta Mozart Mont Blanc Clube de futebol Sporting Clube de Portugal Cor Azul, verde, preto e branco Desporto Ténis e jogging Água de colónia Loewe After-shave Loewe Marca de roupa Boss, Prada Ténis Prada, Nike Marca de sapatos Prada Relógio Rolex submariner Banda preferida Genesis Filme (da minha vida) A vida é bela Livro Viagem ao mundo da droga Café (estabelecimento) Gula do Meco Esplanada Gula do Meco Melhor vista de Lisboa Sheraton - último andar Praia favorita Meco Moinho de Baixo Restaurante Spazio Buondi, Solar dos Nunes, Gula do Meco, Celmar no Meco Prato Arroz de carnes à moda da aldeia (Spazio), sopa de santola (Spazio), coelho bravo frito com arroz de farinheira à Miguel Varela (Spazio), sopa rica de peixes (Solar dos Nunes), bitoque à Varela (Gula do Meco) Chá Vários Água Luso Vinho tinto Douro Queijo Todos Bar Bar do peixe - da praia do Meco Linha aérea TAP 46

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