Store, 6

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Director: Hermínio Santos

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Bimestral

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Ano I

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N.º 6

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Novembro/Dezembro de 2012

A nova plataforma da distribuição e comércio moderno

Pedro Soares dos Santos CEO do Grupo Jerónimo Martins

Proteger a cadeia de valor Pág. 10

24

Alimentaria 2013: ferramenta exportadora

A indústria alimentar uniu esforços para fazer da próxima feira internacional do setor, a Alimentaria, uma porta aberta à internacionalização das empresas portuguesas. “Novos compradores, novos mercados” é por isso mesmo o mote do evento, cuja meta é conquistar novas geografias e atrair compradores de valor acrescentado. Na convicção de que, no momento atual do País, as exportações constituem uma lufada de ar fresco

36

Isabel Jonet, Banco Alimentar

Viver de outra maneira

Os portugueses têm de aprender a viver de outra maneira: o modelo económico mudou e o modelo de Estado social vai ter de mudar também. É esta a leitura que a presidente dos bancos alimentares europeus faz da atual situação do país, no momento em que se assiste à primeira vaga de pessoas sem prestações sociais mas ainda desempregadas

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8 euros


Impresi贸n Printing


ÍNDICE

Conselho editorial Ana Isabel Trigo Morais Ricardo Domingos Viriato Filipe Catarina Oliveira Fernandes

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Uma marca de portugalidade

Diretor-geral João David Nunes Diretor Hermínio Santos hs@storemagazine.net

É assim a Portfolio, a mais recente loja do aeroporto de Lisboa. Com ela, a ANA quis mostrar o que de melhor se faz em Portugal, na convicção de que os aeroportos são uma montra privilegiada para o talento nacional. Luís Rodolfo, diretor de retalho da ANA, fala do conceito “Made of Portugal”

Editora Executiva Fátima de Sousa fs@storemagazine.net

Diretora de Marketing Maria Luís Telf. 961 571 629 ml@storemagazine.net

Distribuição por assinatura Preço: 48€ (6 edições) assinaturas@storemagazine.net Tiragem média mensal: 2.500 ex. Depósito legal: 338451/12 N.º registo ERC: 126154 Propriedade Enzima Amarela - Edições, Lda Av. Infante D. Henrique, 333H, 44 1800-282 Lisboa Tel. 218 504 060 Fax: 210 435 935 Impressão: TYPIA – Grupo Monterreina Área Empresarial Andalucía 28320 Pinto Madrid - España

Comunicação, Design e Multimédia Av. Marquês de Tomar, 44-7 1050-156 Lisboa Tel: 217 957 030 geral@motioncreator.net

RAMONDEMELO PHOTOGRAPHY

OPINIÃO

04

Vanessa Loureiro, Capgemini manager, escreve sobre a evolução do consumo digital

NOTÍCIAS

06

Atualidade das marcas e das empresas que atuam na Distribuição

GRANDE PLANO

10

Pedro Soares dos Santos, ceo do Grupo Jerónimo Martins, em entrevista

Como é trabalhar em

14

No Lidl, o cliente está em 1.º lugar

consumo

16

Como a Inovretail leva o consumidor a comprar

DISTRIBUIÇÃO

18

Kobo, o protagonista da revolução cultural by FNAC

estratégia

20

Os planos da nova direção da APODEMO

EMPREENDEDORES

22

Nuno Carvalho e A Padaria Portuguesa

FEIRA

24

Exportar é a missão da Alimentaria & Horexpo

COMUNICAÇÃO

26

Como a Bovillage quer conquistar o mercado português

PRODUTO

27

Perspetivas para o mercado do bacalhau neste Natal

PRÉMIOS

28

Os Nutrition Awards em imagens

INOVAÇÃO

32

O desafio do mobile na GS1

TECNOLOGIA

34

FINCO, o fórum das TIC no universo Sonae

CONSUMO

39

O comportamento dos consumidores visto pelo Observador Cetelem

MARCA

41

Como a Milaneza surpreende o mercado

RESTAURANTE

44

Manuel Falcão visita o Claro!

OS FILMES DE

46

Vera Norte, diretora de Comunicação da Tetra Pak Ibéria

www.ramondemelo.com

Rua Luz Soriano, 67-1º E Bairro Alto 1200-246 Lisboa - PORTUGAL www.who.pt// contacto@who.pt

STORE MAGAZINE

Novembro/Dezembro de 2012

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Internet

A Internet continua a ser o principal canal de consumo digital, tendo vindo a integrar e a acomodar, progressivamente, as várias fases do processo de compra. Inicialmente, este canal era utilizado, sobretudo, para recolher informação e comparar produtos. Hoje, é, cada vez mais, usado na transacção e acompanhamento das encomendas

Evolução do consumo digital Vanessa Loureiro

Capgemini manager

“Assiste-se a uma alteração de hábitos dos consumidores, que já não são fiéis apenas a um canal digital, mas procuram a melhor experiência, proporcionada pela combinação de todos”

4 Novembro/Dezembro de 2012

Ser consumidor, actualmente, quer seja de bens ou de serviços, é um processo bem mais complexo e desafiante do que há algumas décadas atrás. Esta alteração está, não só relacionada com a maior diversidade da oferta mas, principalmente, com a multiplicação dos canais de aquisição. Nesta evolução, as novas tecnologias, e muito especialmente as possibilidades apresentadas pela Internet, são a face mais visível da mudança. Não é possível falar sobre o perfil do consumidor digital, uma vez que o consumidor digital pode ser segmentado em vários perfis, que utilizam os canais e dispositivos digitais disponíveis de diferentes formas. Esta diferenciação é sobretudo impactada por factores demográficos (idade, género e formação), geopolíticos e geoeconómicos (mercados mais maduros dos EUA e Europa Ocidental vs mercados emergentes como China, México, Índia e Brasil) e forma de relação com as tecnologias digitais. O estudo “Digital Shopper Relevancy” realizado pela Capgemini identificou seis perfis de consumidores digitais:

lher e comparar produtos e acompanhar as informações de entrega; • São sobretudo mulheres, com estudos secundários ou superiores, normalmente acima dos 45 anos. Negociantes (Value Seekers) • Muito sensíveis ao preço, compram online sobretudo para conseguir ofertas mais baratas; • Compram maioritariamente na área da moda e da saúde; • Recorrem sobretudo à Internet e ao e-mail, raramente usando smartphones (aplicações móveis), redes sociais e dispositivos digitais na loja; • São sobretudo mulheres, com idades superiores a 45 anos.

Conservadores (Techno-Shy Shoppers) • Raramente compram online e têm a mais baixa utilização de smartphones e aplicações móveis; • Preferem contacto pessoal via telefone (call centres); • Não estão interessados em novas tecnologias e não consideram os canais ou dispositivos digitais importantes em qualquer das fases do processo de compra; • Compostos por estudantes mais novos e consumidores mais velhos, sobretudo da Europa Continental.

Racionais/ Ponderados (Rational Online Shoppers) • Compram sobretudo produtos de moda e electrónica; • Preferem recorrer à Internet e têm pouco interesse em usar aplicações móveis e redes sociais para a compra; • Sabem o que querem e usam a Internet para encontrar a melhor solução disponível; • Valorizam lojas online com boa performance, que ofereçam vasta informação sobre os produtos, apresentem claramente o preço e os custos de entrega e tenham um processo de entrega fiável; • São igualmente homens e mulheres, 25% deles reformados; • Provêm sobretudo da Finlândia e Reino Unido.

Ocasionais (Occasional Online Shoppers) • Recorrem à compra online de forma pouco frequente; • Preferem usar a Internet, o e-mail e os dispositivos disponíveis na loja, raramente usando smartphones, aplicações móveis e redes sociais; • Usam os canais digitais sobretudo para esco-

Digitais (Digital Shopaholics) • Gostam de ser os primeiros a experimentar novas tecnologias; • Compram muito online as várias categorias de produtos abordadas; • Usam activamente smartphones (aplicações móveis) e dispositivos disponíveis no interior das lojas; STORE MAGAZINE


• Frequentam as redes sociais e esperam uma completa integração do processo de compra físico, online e móvel; • São sobretudo homens, licenciados, com emprego a tempo inteiro. Socio-Digitais (Social Digital Shoppers) • Compram menos online em todas as categorias de produtos, excepto na electrónica (em princípio devido ao facto de serem sobretudo jovens que ainda não atingiram o pico do seu poder de compra); • Consideram os canais digitais importantes em todas as fases do processo de compra; • Usam fortemente as redes sociais e as aplicações móveis para procurar a partilha de opiniões e experiências; • Confiam nos dispositivos móveis para pagamento dos produtos; • Na maioria jovens abaixo dos 35 anos (11% são estudantes), provenientes de mercados em desenvolvimento como Índia, China e México. A Internet continua a ser o principal canal de consumo digital, tendo vindo a integrar e a acomodar, progressivamente, as várias fases do processo de compra. Inicialmente, este canal era utilizado, sobretudo, para recolher de informação e comparar produtos. Hoje, é, cada vez mais, usado na transacção e acompanhamento das encomendas.Também os canais móveis e redes sociais têm conhecido uma tendência de uso crescente, beneficiando do desenvolvimento de novas tecnologias e aplicações móveis e influenciando os hábitos de consumo, sobretudo em mercados emergentes: Clientes usam smartphones para localização de lojas, consulta de horários, consulta e comparação de preços (sobretudo nas grandes superfícies, durante a com-

pra) e avaliação da disponibilidade do produto; Redes sociais são utilizadas para pedir opiniões, partilhar experiências e impressões relativas a produtos e processos de compra, e seguir fornecedores e marcas (constituindo já um veículo importante para aumento das vendas dos produtores – ex.: “F-Commerce”, comércio através do Facebook). Os dispositivos disponíveis no interior das lojas são cada vez mais procurados para consultar preços e acompanhar o valor total da compra, sobretudo, nas grandes superfícies de retalho, multi-produto (ver tabela). Por outro lado, assiste-se a uma alteração de hábitos dos consumidores, que já não são fiéis apenas a um canal digital, mas procuram a melhor experiência, proporcionada pela combinação de todos. Embora esperem uma experiência integrada entre os vários canais, o estudo realizado pela

Capgemini revela que os compradores não a estão a conseguir. Esta é uma informação importante a reter pelos produtores de bens de consumo e pelos distribuidores, a que se associa o facto da estratégia de abordagem ao mercado não poder ser a mesma para todos os públicos e produtos. A expectativa relativamente à intensificação do uso de canais digitais é maior nos países em vias de desenvolvimento. Globalmente, os compradores prevêem que o mercado evolua para que a compra digital seja feita directamente junto do produtor, sem necessidade de intermediários, e que as lojas físicas passem a desempenhar o papel de meras showrooms, onde se podem seleccionar e encomendar produtos (as características intrínsecas do produto e o preço continuarão a ser, na opinião dos compradores, os principais factores de decisão).

Percepção

Escolha

Transacção

Entrega

Serviço Pós-Venda

Internet

1

1

1

1

1

Principal canal em todas as etapas

Email

2

2

3

2

2

Só não ocupa o 2.º lugar na transacção

Dispositivos electrónicos em loja

3

3

2

3

3

Ganha relevância sobre o email na transacção

Redes Sociais

4

4

-

-

5

Menor importância no pós-venda

Móvel

5

5

4

4

6

Ocupa o último lugar na pós-venda, depois do telefone

Telefone

6

6

5

5

4

Só não é o canal menos relevante no pós-venda

Conclusão

Percepção alcançada por Internet e email

Escolha realizada por Internet e email

Dispositivos em loja mais importantes que o email na transacção

Entregas seguidas por Internet e email

Conclusão

Telefone especialmente importante no pós-venda

Para o estudo Digital Shopper Relevancy, foram questionados 16.000 consumidores, repartidos por 16 países, i) sobre o seu comportamento de compra em 5 categorias de produtos: alimentação, saúde e cuidados pessoais, moda, bricolage e electrónica e ii) sobre o padrão de utilização dos diferentes canais digitais ao longo das etapas do processo de compra.

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Novembro/Dezembro de 2012

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notícias LEDscape inspira portugueses a poupar O início de uma revolução de energia foi assinalado simbolicamente em novembro pela IKEA e pelos LIKEarchitects com a inauguração de uma instalação artística, intitulada LEDscape, com 100m² e 1200 lâmpadas LED. O projeto LED’s go, que integra a instalação LEDscape, pretende inspirar os portugueses a viver uma vida mais sustentável em

casa através das lâmpadas LED, ao reduzir o consumo de energia e poupar dinheiro. Com as faturas da eletricidade a aumentar e o consumo mundial de energia a subir, uma lâmpada LED pode ter um grande impacto – consome menos 85% de energia que uma lâmpada incandescente e dura 20 anos, 20 vezes mais que a lâmpada tradicional.

Zippy entra em três novos países A Sonae reforçou a presença internacional com a entrada da sua área de retalho especializado na República Dominicana, Azerbaijão e Venezuela. A expansão para estes novos mercados concretizou-se com a abertura quatro lojas Zippy, incluindo as primeiras na América Latina, que contribuem para o reforço do peso dos mercados externos nas receitas da Sonae. As vendas internacionais da marca de vestuário infantil da Sonae já representam mais de metade da sua faturação, beneficiando do crescimento em novos mercados para além da Península Ibérica. No final de setembro de 2012, as marcas da Sonae SR contavam com 136 lojas fora de Portugal, das quais 13 em regime de franchising. Estas lojas estavam repartidas por Espanha, Turquia, Arábia Saudita, Egito e Cazaquistão, a que se juntam agora as novas unidades no Azerbaijão, na República Dominicana e na Venezuela.

Delta renova imagem a pensar no mercado global Era “A verdade do café”. Agora é “O café da sua vida”. Esta é apenas uma das mudanças no posicionamento da Delta Cafés, que renovou a imagem e a assinatura a pensar na globalização da marca. A ivity assinou a criatividade. A mudança de imagem do grupo será feita gradualmente, a nível nacional e internacional, uniformizando, pela primeira vez, a comunicação em todo o mundo. Uma inovação que se estenderá a todos os materiais de comunicação, incluindo o 6 Novembro/Dezembro de 2012

packaging. Com este novo posicionamento, a Delta quer reforçar a aposta no eixo da internacionalização e exportação, apoiado pela inovação. Presente em mais de 35 países, quer igualmente ser uma marca mais global e de cariz internacional. Assim, a nova imagem mantém o Delta mas com linhas mais fluidas, com lettering a amarelo em vez de branco e perdendo o fundo verde. A assinatura, “O Café da Sua Vida”, é rematada por um pequeno coração vermelho. STORE MAGAZINE


Barbot inaugura sexta loja em Angola A Barbot, marca portuguesa de tintas e vernizes, acaba de inaugurar a sua sexta loja em território angolano, na zona de Benfica, junto a Luanda. Com uma fábrica própria e agora seis lojas, a Barbot é uma das principais referências do sector das tintas em Angola e a empresa diz que o seu negócio continua em franca expansão. Segundo João Carlos Barbot, administrador delegado da Barbot Angola, “Angola é um mercado cada vez mais maduro e exigente, com elevados padrões de qualidade em relação aos produtos, mas também ao serviço prestado”.

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BREVES

Velas Air Wick que mudam de cor

A Air Wick concebeu as velas Colour Ambiance, que mudam suavemente de cor e iluminam as divisões num harmonioso jogo de sombras e reflexos, propícios ao ambiente festivo de Natal. Este ano é lançada uma edição sofisticada de Colour Ambiance, a edição Black Edition.

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notícias Minipreço em parceria Sonae consolida com SOS Animal liderança no retalho alimentar

Gostaria de pesquisar online questões ou dúvidas sobre os seus animais de estimação? Isso já é possível no site do Minipreço (www.minipreco.pt), com o espaço Veterinário Online. Em parceria com a SOS Animal - Grupo de Socorro Animal de Portugal, a empresa pretende apoiar com donativos em produtos a instituição e oferecer aos visitantes do seu site respostas dadas por médicos

veterinários às questões ou dúvidas colocadas online relativas aos animais de estimação. Com este projeto, o Minipreço pretende disponibilizar de forma acessível informações de médicos veterinários especialistas em inúmeras áreas, sobre animais de estimação, englobando também os animais exóticos, cada vez mais considerados animais de estimação nas casas dos portugueses.

A Sonae consolidou a sua liderança no retalho alimentar no terceiro trimestre de 2012, com as suas insígnias a merecerem a preferência crescente dos consumidores portugueses. A quota de mercado do Continente manteve a tendência de crescimento, com um aumento estimado de 0,8 pontos percentuais (pp) desde o início do ano. As vendas da Sonae MC, unidade de retalho alimentar da Sonae, cresceram cerca de 1% no terceiro trimestre do ano, para 870 milhões de euros, suportadas por uma performance de vendas no universo compa-

rável de lojas claramente acima da evolução média do mercado e pela abertura, desde o início do ano, de uma nova loja Continente Modelo e de quatro Continente Bom Dia. A Sonae MC conseguiu sustentar a sua competitividade por via da conjugação de um esforço promocional relevante, alavancado no cartão “Continente” que está na base de cerca de 90% das vendas. O valor de descontos concedido pelas insígnias da Sonae em cartão e talão cresceu 36% nos primeiros nove meses do ano, totalizando 299 milhões de euros.

Lavradores de Feitoria DIA investe 11 milhões e Museu do Côa em tecnologia LED “criam” vinho A Lavradores de Feitoria – projeto único no Douro que reúne 15 produtores, proprietários de 18 quintas distribuídas pelos melhores terroirs do Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior – associou-se ao Museu do Côa para, em parceria, lançarem uma nova marca de vinho: a ‘Museu do Coa by Lavradores de Feitoria”. O primeiro projeto chega agora ao mercado através de um tinto de 2009. Trata-se de um vinho com características e perfil do Douro Superior: bastante frutado, com taninos suaves e uma boa estrutura, o que lhe confere longevidade. A conceção gráfica do rótulo do ‘Museu Coa by Lavradores de Feitoria’ foi inspirada numa das cabras materializada na rocha 6 da Penascosa, sendo a cabra um dos quatro temas zoomórficos fundamentais mais figurados na arte paleolítica do Côa – juntamente com o cavalo, o auroque e os cervídeos. 8 Novembro/Dezembro de 2012

A DIA iniciou em Portugal e Espanha um projeto inovador de substituição dos atuais tubos de iluminação fluorescentes convencionais, nas áreas de venda, por outros com tecnologia LED. O investimento é de 11 milhões de euros. Trata-se de uma iniciativa que já funciona em mais de 400 estabelecimentos da companhia na Turquia, e que chegou agora à

rede de lojas próprias em Portugal e Espanha, sendo que estará finalizada ainda este mês no nosso País e durante o primeiro semestre de 2013 em Espanha. Com um investimento total de 11 milhões de euros, a DIA instalará cerca de 350.000 tubos LED em mais de 1.500 lojas no mercado espanhol e em 300 estabelecimentos no mercado português. STORE MAGAZINE


Gérard Bertrand quer conquistar Portugal

O grupo Gérard Bertrand, que tem seis propriedades vitícolas no sul de França, na região do Languedoc, e está presente em 60 países, quer ter uma posição de maior relevo em Portugal. Juliette Millet, assistente de exportação no grupo, disse à Store, em Paris, durante o salão da alimentação, o SIAL, que alguns vinhos do grupo têm características muito parecidas com os portugueses e por isso quer dar-se a conhecer em Portugal. A empresa pretende aumentar a notoriedade não só dos seus vinhos mas também da região onde são produzidos, o Languedoc Roussillon. “Queremos mostrar em Portugal o que fazemos pois temos produtos que se

adaptam ao gosto português”, disse Millet. O grupo Gérard Bertrand teve, em 2010, um volume de negócios de 37 milhões de euros e vendeu 12 milhões de garrafas. Cerca de 50 por cento das vendas são realizadas em França e o restante no estrangeiro. Tem 170 colaboradores e os seus vinhos estão presentes em 60 países. O Languedoc Roussillon é uma das mais importantes regiões produtoras de vinho de França, dispondo de 246 mil hectares de vinha. Na grande distribuição em França, os vinhos do Languedoc Roussillon são a primeira região em volume e a segunda em termos de valor. É a primeira região produtora de vinhos rosé e bio.

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Grande Plano

A Jerónimo Martins está consciente de que para garantir sustentabilidade de seu negócio no atual momento de crise “tem de proteger a cadeia de valor: desde os fornecedores aos clientes, passando pelos colaboradores”, afirma o CEO do grupo, Pedro Soares dos Santos. Para isso é preciso continuar a apostar em preços estáveis e baixos, criar oportunidades de poupança e antecipar prazos de pagamento. Sem esquecer a internacionalização, na Polónia e na Colômbia

Pedro Soares dos Santos, CEO da Jerónimo Martins

Manter política de preços baixos Store | Estando o seu negócio diretamente dependente do consumo, e depois de reveladas estas sucessivas medidas de austeridade, como perceciona o sector da Distribuição em Portugal? Pedro Soares dos Santos | A situação em Portugal está extra10 Novembro/Dezembro de 2012

ordinariamente difícil e, como tal, exige uma monitorização muito atenta e agilidade na resposta aos desafios que se vão colocando. Quando comunicámos os resultados do primeiro trimestre afirmámos que a nossa prioridade para Portugal seria manter a competitividade como forma de reforçar

“As vendas do Pingo Doce têm crescido acima do mercado”

a nossa quota de mercado. É isso que temos feito. Store | Essa decisão estratégica explica a forte atividade promocional e a deterioração do EBITDA em Portugal. Está disponível para continuar a perder rentabilidade? STORE MAGAZINE


PSS | No contexto atual, em que as famílias veem o seu rendimento disponível cada vez mais limitado, é fundamental manter os preços tão baixos quanto possível e investir na criação de oportunidades de poupança. Prevejo que, no consolidado do ano, a margem EBITDA possa ficar ligeiramente abaixo da do ano anterior, muito por via do esforço que estamos a fazer em Portugal. Estamos conscientes de que para garantirmos a sustentabilidade do nosso negócio temos que proteger a cadeia de valor: desde os fornecedores aos clientes, passando pelos nossos colaboradores. No caso dos fornecedores, promovemos a produção nacional e assinámos, em abril passado, um protocolo com a CAP que consiste na antecipação, sem custos financeiros e para uma média de 10 dias, do prazo de pagamento pelo Pingo Doce a 402 fornecedores oriundos do sector primário. Já no caso dos consumidores, continuamos empenhados em disponibilizar aos nossos clientes produtos de elevada qualidade e em reforçar a competitividade dos preços através da criação de oportunidades de poupança adicionais. Storte | A grande atividade promocional que o Pingo Doce tem tido nos últimos meses significa que se estão a afastar da estratégia de Every Day Low Price (EDLP)? PSS | Não. O Pingo Doce mantém a sua política de preços estáveis e baixos. Temos é, adicionalmente, criado oportunidades de poupança real e imediata para os consumidores. Não fazemos high and low fazemos low and lower. Store | Esta estratégia tem-se traduzido em aumento de quota de mercado? PSS | Comparando a dezembro de 2011, as vendas do Pingo Doce têm crescido acima do mercado e a quota também aumentou nos primeiros nove meses do ano. Store | Valeram a pena os 10 milhões de euros da campanha do dia 1 de maio? PSS | Acredito que sim. Aliás, os números mostram-nos isso

“No contexto atual, em que as famílias veem o seu rendimento disponível cada vez mais limitado, é fundamental manter os preços tão baixos quanto possível e investir na criação de oportunidades de poupança”

“Quando comunicámos os resultados do primeiro trimestre afirmámos que a nossa prioridade para Portugal seria manter a competitividade como forma de reforçar a nossa quota de mercado”

mesmo. Este foi um investimento direto na valorização da marca para aumentar a perceção dos consumidores sobre a competitividade dos preços do Pingo Doce e para impulsionar as promoções realizadas ao longo do ano. Teve um impacto na rentabilidade do segundo trimestre, mas temos razões para acreditar no retorno deste investimento. Store | Como explica que o ticket médio de compra tenha vindo a aumentar e que o número de visitas tenha vindo a diminuir? PSS | Os clientes estão muito focados em aproveitar, tanto >>>

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Grande Plano

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quanto possível, as oportunidades de poupança que temos vindo a criar. Vão menos vezes à loja, mas quando vão tendem a comprar mais. Store | Qual é o peso da marca própria no total das vendas? PSS | Nos primeiros nove meses do ano, o peso da marca própria é de cerca de 42 por cento. Store | Acha que este peso relativo vai continuar a aumentar? Qual é para si o limite? PSS | Neste momento, temos um mix equilibrado. Investimos muitíssimo em produtos de indiscutível qualidade a preços verdadeiramente competitivos. Os consumidores reconhecem a proposta de valor da marca Pingo Doce e o aumento do peso no mix de produtos dependerá da preferência dos nossos clientes. Store | Qual foi o impacto da decisão de restringir a utilização de cartões de crédito e de débito? PSS | É prematuro tirar conclusões num tão curto espaço de tempo. Acho que o principal impacto foi político, no sentido em que se quebrou um “tabu” e se colocou o tema das comissões bancárias excessivas na agenda político-mediática.

“Os clientes estão muito focados em aproveitar, tanto quanto possível, as oportunidades de poupança que temos vindo a criar. Vão menos vezes à loja, mas quando vão tendem a comprar mais”

“Na Polónia, o mercado é muito competitivo e, na realidade, tem existido uma grande atividade promocional. No entanto, a Biedronka não só mantém o gap de preço relativamente à concorrência como o factor preço continua a ser o primeiro atributo que os clientes associam à Biedronka” 12 Novembro/Dezembro de 2012

Store | Relativamente à nova taxa de segurança alimentar recentemente criada, qual é a sua posição? PSS | Na minha opinião, não se trata de uma taxa mas sim de um imposto. Pelo pagamento do montante estipulado não nos será prestado nenhum serviço. Por outro lado, no Pingo Doce e no Recheio, e na Distribuição em geral, a segurança e a qualidade alimentar são fatores inerentes à nossa atividade. A formação a colaboradores e fornecedores, as auditorias, as análises de produto, o controlo apertado dos procedimentos nos armazéns e na placa de venda, a renovação das certificações... tudo isto implica um enorme investimento da nossa parte.

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INTERNACIONALIZAÇÃO

Polónia inaugura Biedronka número 2000 e primeiras lojas na Colômbia abrem até Março de 2013

Pedro Soares dos Santos foi o anfitrião do Pingo Doce na recepção à visita à loja de Alcântara realizada pelo Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, à direita na foto, no passado dia 15 de Novembro

Store | A Biedronka terminou os primeiros nove meses do ano com mais de 2.000 lojas. Mantém a meta de atingir as 3.000 lojas em 2015? PSS | Sim. O cumprimento do ambicioso plano de expansão da Biedronka mantém-se como a nossa principal prioridade de investimento, que nos fará encerrar 2015 com 16 regiões de operação na Polónia e um universo de colaboradores de cerca de 60 mil pessoas. Store | O aumento promocional da vossa concorrência afetou a performance Like for Like da Biedronka? PSS | Na Polónia, o mercado é muito competitivo e, na realidade, tem existido uma grande atividade promocional. No entanto, a Biedronka não só mantém o gap de preço relativamente à concorrência como o fator preço continua a ser o primeiro atributo que os clientes associam à Biedronka. Um estudo de mercado recente mostra-nos que cerca de 60 por cento dos consumidores consideram que a Biedronka é, pelo menos, cinco por cento mais barata que a sua concorrência. Store | Por que é que aceleraram o processo de conversão das lojas para o novo layout? PSS | O nosso plano inicial seria terminar este processo no final de outubro. Mas o facto de as últimas lojas a serem convertidas serem as mais pequenas permitiu-nos acelerar o ritmo. Por outro lado, a experiência acumulada ao longo do processo também contribuiu para a

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17 anos depois da abertura da primeira unidade da Biedronka na Polónia, a Jerónimo Martins inaugurou, no passado dia 8 de Outubro, a loja 2000 da maior cadeia alimentar de um mercado com mais de 40 milhões de consumidores

redução de cerca de um mês relativamente ao prazo estipulado. Store | Quanto custou esta remodelação? PSS | No total, investimos 100 milhões de euros neste grande projeto. Store | As lojas remodeladas têm registado melhor desempenho de vendas? PSS | Mais do que o efeito imediato de crescimento de vendas, acredito que temos agora um modelo de loja que nos trará uma vantagem competitiva nos próximos anos. Este novo modelo também nos irá permitir investir em categorias cujo potencial consideramos estratégico para o crescimento futuro. Store | Está a referir-se a produtos frescos? Como tem sido o crescimento destes produtos no total das vendas? PSS | Neste momento, os frescos representam entre 15 a 17 por cento das vendas. Acredito que, devido às alterações do poder compra e ao novo layout das lojas, este número possa aumentar, mas será sempre numa perspetiva low cost. Store | Estas alterações estão a aproximar o modelo da Biedronka ao do Pingo Doce? A Biedronka está evoluir para um supermercado? PSS | O objetivo da alteração do layout das lojas é dar mais visibilidade aos frescos e criar um ambiente de loja diferente. Todas as altera-

ções do sortido estão limitadas às métricas de conceito discount: grande rotação, baixa complexidade da operação e baixo custo. No Pingo Doce, por exemplo, 40 por cento das suas vendas totais são de produtos frescos e a Biedronka não ultrapassa os 17 por cento. Obviamente, esta categoria tem espaço para crescer mas nunca ao nível do Pingo Doce. A Biedronka nunca teve um modelo estático nem em termos de sortido, nem de ambiente de loja, nem de comunicação. Store | Estão a considerar aumentar o número de referências? PSS | Somos muito rígidos no que se refere ao alargamento do sortido. Temos vindo a fazer várias alterações ao sortido no sentido de o adaptar melhor às novas necessidades dos consumidores, mas não consideramos ultrapassar as mil referências. Store | O que motivou o “atraso” na abertura das primeiras lojas na Colômbia? PSS | Não faz sentido falar de “atraso”. No arranque de um negócio, sobretudo de um negócio construído de raiz, existem tantas variáveis para gerir que o mês exato da abertura não é certamente o mais relevante. Store | Quando prevê a abertura das primeiras lojas? PSS | Até ao final do primeiro trimestre de 2013.

Novembro/Dezembro de 2012

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Como é trabalhar em...

“Uma atividade onde as pessoas estão sempre em primeiro plano”: é assim que é trabalhar no Lidl, a rede de supermercados discount que chegou a Portugal em 1995 e já tem mais de 200 lojas. Aqui, o cliente está em primeiro lugar, mas os colaboradores – mais de 4500 - também

O cliente em 1.º lugar

“Qualidade ao melhor preço” é um dos eixos do posicionamento do Lidl no mercado

Todas as marcas trabalham, naturalmente, para a satisfação do cliente, porque um cliente satisfeito – percebe-se – é bom para o negócio. Mas, no Lidl, o cliente é mesmo elevado à condição de “pessoa mais importante da empresa”. “Está no centro das nossas ações e os seus desejos sobrepõem-se inclusivamente à organização interna da empresa”, garante Madalena Bettencourt e Silveira, diretora de Comunicação da marca. Como tal, “simpatia, respeito e sinceridade” pau14 Novembro/Dezembro de 2012

tam o relacionamento com o cliente, a par de um esforço para responder com rapidez “às questões, desejos, problemas e reclamações”, da oferta de “produtos sempre frescos e de qualidade ao melhor preço” e do empenho em possibilitar ao cliente “compras rápidas e cómodas”. Este relacionamento com o cliente entronca muito naqueles que são os valores do posicionamento da marca no mercado: “Simplicidade, oferta diária de produtos com a má-

Empenho, motivação e iniciativa são requisitos exigidos aos colaboradores

xima qualidade ao melhor preço, rapidez e comodidade”. A estas prioridades acrescem as do ambiente, sustentabilidade e alimentação saudável, sem esquecer a responsabilidade social. Uma intervenção que se traduz no apoio regular a instituições de solidariedade social por todo o país, com a doação de bens alimentares e não alimentares quer a entidades globais, como a Cáritas e as Aldeias SOS, quer a entidades das comunidades em que o Lidl tem lojas. Em 2011, foram

beneficiadas 144 instituições, com um montante superior a 1,6 milhões de euros. Foi em 1995, mais concretamente em 19 de julho, que os supermercados Lidl chegaram a Portugal. Nesse dia foram inaugurados 13 espaços de norte a sul do país. Dezassete anos depois, são mais de 200. E mais de 4500 colaboradores. A cada um desses colaboradores, independentemente da função, é exigido um conjunto de requisitos que passa por “formação adequada, empenho, STORE MAGAZINE


A simpatia faz parte do serviço

Porque o cliente “está em 1.º lugar”, a reposição de produtos é uma constante

Rapidez e comodidade são características das mais de 200 lojas

Produtos sempre frescos faz parte da oferta do Lidl

motivação, iniciativa e identificação com os princípios da empresa”. Um colaborador Lidl é “empenhado, dedicado, tem iniciativa, é responsável, autónomo, polivalente, simpático, respeitador, sincero, dinâmico, flexível e com gosto pelo trabalho num ambiente exigente e profissional”. E o que lhe oferece a empresa? “Um pacote salarial acima da média, prémios de antiguidade, perspetivas de carreira numa multinacional em franca expansão”. E formação. Porque – explica a diretora de Comunicação - o Lidl “incentiva a evolução dos seus colaboradores”. Daí que, de acordo com o mérito

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demonstrado, lhes ofereça diversas possibilidades de carreira, nas lojas, mas também nos entrepostos e no grupo em geral. Aos quadros proporciona formação noutros países, com destaque para o programa de intercâmbio, em que os candidatos têm oportunidade de acompanhar o dia-a-dia de um chefe de vendas na Alemanha e que lhes abre a porta a um percurso internacional. No final, o objetivo é só um, sintetizado nas palavras de Madalena Bettencourt e Silveira: que se integrem numa atividade na qual “todos os dias as pessoas estão sempre em primeiro plano, quer sejam clientes ou colaboradores”. Novembro/Dezembro de 2012

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Consumo

Uns são atraídos pelo som, outros pelo aroma, outros ainda pela temperatura. A verdade é que 84 por cento dos consumidores que entram numa loja mostram maior disposição para comprar se houver um apelo positivo aos seus sentidos. A Inovretail atua neste setor, desenvolvendo soluções de base tecnológica que permitem aos retalhistas conhecer a fundo o comportamento dos seus clientes. André Sousa Leão, joint CEO da empresa, explica como e porquê

Como levar o consumidor a comprar

A loja é o espaço premium para o retalhista, concentrando 90 por cento das suas transações. É na loja que interage com os seus clientes e que estes têm a oportunidade de ver, sentir e experimentar os produtos que são postos à venda. A preocupação dos retalhistas em criar as melhores experiências de compra aos seus clientes enfrenta, no entanto, algum desconhecimento sobre os efeitos das variáveis sensoriais que definem o ambiente de loja, nomeadamente a temperatura, qualidade do ar, iluminação, ruído (volume de música), disposição e distribuição de produtos na loja, assim como o número de pessoas que se encontram nas 16 Novembro/Dezembro de 2012

lojas em determinados momentos. São estas variáveis que geram comportamentos no consumidor e que podem, inclusive, motivar a sua saída da loja sem fazer a compra. De acordo com a “Smell and Taste Research Foundation”, 84 por cento dos consumidores refere que tem mais apetência para comprar em lojas que despertem positivamente os sentidos. A título de exemplo, 68 por cento dos consumidores referem ser mais agradável visitar lojas com fragrâncias do que lojas que não optam por criar atmosferas aromáticas, enquanto 30 por cento dos clientes referiram a música como um dos fatores que os fizeram permanecer mais tem-

po em loja. E as preferências não ficam por aí, já que 60 por cento dos clientes referem a temperatura como um dos elementos determinantes para a sua permanência, ou não, na loja. “Uma deficitária qualidade do ar pode originar dores de cabeça, sensação de fadiga e falta de concentração”, explica André Sousa Leão, “e a presença de muitas pessoas na loja – mais do que o expectável, pois existem diferenças entre uma loja movimentada e uma loja lotada – influencia diretamente o tempo de espera do consumidor e pode defraudar as suas expetativas quanto à qualidade do serviço prestado”. E nesta variável convém

ainda não esquecer que a perceção de tempo de espera difere de homem para mulher. “A intensidade e caraterísticas da luz produzem, também, um efeito muito interessente na perceção que o cliente tem dos produtos, e na sua apetência para os comprar”, continua André Sousa Leão, “e a própria disposição da loja, nomeadamente os circuitos e experiências que proporcionam ao cliente, são essenciais para o sucesso do retalhista”.

Soluções testadas com sucesso O Customer Experience Lab é a solução que a Inovretail mais freSTORE MAGAZINE


quentemente sugere. Através da utilização de metodologias e ferramentas, hardware e software, e em colaboração com o retalhista, a empresa desenha estratégias sensoriais e de ambiente de loja adequadas ao segmento onde o retalhista opera e ao perfil dos seus clientes. Concretamente, explica André Sousa Leão, “define-se o intervalo de temperatura ideal por estação e produtos, o ritmo e volume da música mais ajustados, as fragâncias mais eficazes para aumentar as vendas, a intensidade de luz mais adequada por zonas da loja e tipo de produto, a melhor disposição de produtos na loja, a análise de zonas quentes e zonas frias de loja e a definição de ações de marketing que o retalhista deve efetuar, a que horas do dia e em que dia da semana, tendo sempre em vista o segmento de mercado, a localização e formato de loja e o perfil dos consumidores”. A Inovretail já desenvolveu um conjunto de Customer Experience Labs bem sucedido junto de algumas marcas de referência nacio-

nais e internacionais, produzindo resultados muito interessantes. Segundo André Sousa leão, verificou-se o aumento de 18 por cento de vendas por iniciativas de marketing focalizadas, de 3,4 por cento de vendas por aplicação de fragâncias selecionadas, de 10 por cento de permanência de consumidores em loja, de 50 por cento de vendas pelo ajuste no posicionamento de produtos, observando-se, também, a otimização de recursos humanos com impacto positivo de 20 por cento nas vendas e a redução de consumos energéticos na ordem dos 12 por cento. “Destacamos ainda que no decurso da ainda curta história da Inovretail uma das grandes apostas tem sido a área de investigação e de desenvolvimento”, afirma André Sousa Leão. “60 por cento do nosso orçamento é direcionado para esta área, visto acreditarmos que somente com uma equipa flexível, informada e recetiva à inovação é possível prestar serviços e soluções adequados às necessidades de lojistas e retalhistas, que se de-

Apoio do QREN acelerou internacionalização

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Faturação em crescimento No seu primeiro ano de atividade, em maio de 2011, o volume de negócios da Inovretail foi de 105 mil euros, dos quais 40 por cento respeitante à exportação dos serviços, com o mercado holandês a assumir-se como principal destinatário. Para o ano em curso, a empresa estima um volume de negócios na ordem de 280 mil euros, a que corresponderá cerca de 20 por cento da exportação. Para além de consolidar a sua oferta no mercado português, a Inovretail adotou como estratégia para o mercado internacional a criação de parcerias com entidades locais, o que permite um melhor conhecimento desses mercados. Para 2013, a empresa prevê um acréscimo ao nível do volume de negócios na ordem dos 500 mil euros, com 40 por cento proveniente da atividade exportadora.

André Sousa Leão, joint CEO da Inovretail

raio-x

EXPERIÊNCIA

Criada em maio de 2011, a Inovretail é constituída por uma equipa experiente na área do retalho e IT que acumula mais de 40 anos de experiência em diversos segmentos e mercados internacionais. Como explica André Sousa Leão, desde o início da sua atividade a Inovretail posiciona-se como empresa exportadora, uma vez que a internacionalização faz parte da sua génese estratégica. “No entanto, a celeridade do processo de internacionalização, que se iniciou no nosso primeiro ano de atividade, só foi possível com o apoio de fundos estruturais do QREN, concretamente do Fundo Eu-

param com consumidores cada vez mais exigentes mas, também, mais informados”.

ropeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), no valor de 52.436,25 euros, sendo o custo total do projeto de 123.525,00 euros, pois sem este apoio o processo de internacionalização teria acontecido muito mais tarde, sobretudo na presença de um ano de crise económico-financeira como a atual”. Em 2011, o mercado holandês foi o principal foco da internacionalização da Inovretail. Seguiram-se os mercados espanhol, inglês e alemão, como opções sustentadas pela maturidade destes países no segmento do retalho. O Brasil tem sido, também, palco da internacionalização da empresa.

O gosto do consumidor português

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minutos é o tempo médio que o consum idor despende para as suas com pras

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Distribuição

Mais de 5000 títulos em língua portuguesa e um catálogo com mais de três milhões de eBooks. A tudo isto, disponível no site fnac.pt, junta-se um eReader com apenas 185 gramas de peso, ecrã tátil de elevado contraste e suficientemente pequeno para caber no bolso. O preço é outra surpresa: 119,90 euros (ou 99,90€ para detentores do cartão FNAC)

Revolução cultural by FNAC

Aproximar o consumidor da cultura às novas tecnologias tem sido uma das traves-mestras da FNAC nos países onde está presente. Por isso não espantou que, em setembro, a empresa tivesse apresentado o seu mais recente compromisso nessa área: um catálogo com mais de três milhões de eBooks e um eReader que promete fazer história. O projeto resulta de uma parceria entre a FNAC e a Kobo, uma empresa canadiana fundada em 2009 que rapidamente se expandiu, disponibilizando já os seus serviços em 100 países, nomeadamente nos EUA, no Reino Unido, na Holanda, na Austrália, na Nova Zelândia, em Hong Kong, na Alemanha, em França, na Áustria, no Japão e em Itália, faturando mais de 15 mil milhões de dólares e contando com mais de 50 milhões de clientes em todo o mundo. A relação entre o grupo FNAC e a Kobo iniciou-se em França, em novembro de 2011, e os resultados não se fizeram esperar: as vendas 18 Novembro/Dezembro de 2012

de eBooks triplicaram este ano. Portugal é o segundo país da Europa em que a FNAC e a Kobo se unem com o intuito de promoverem o mercado do livro eletrónico. Na conferência conjunta de apresentação desta parceria, que contou com a presença de Cláudia Almeida e Silva, diretora-geral da FNAC Portugal, e de Michael Tamblyn, EVP Content, Sales & Merchandising da Kobo, na FNAC Colombo, em Lisboa, foi deixada a garantia de que o número de livros disponibilizados em língua portuguesa aumentará progressivamente durante o próximo ano, desenvolvendo o potencial do mercado do livro digital em Portugal e em língua portuguesa. “A língua portuguesa é o património comum a quatro por cento dos sete mil milhões de habitantes do planeta, espalhados pelos cinco continentes. Sentimos como prioritária a entrada no mercado português de eBooks, pelo seu potencial de crescimento, e estamos muito orgulhosos de estar

aqui em Lisboa, onde chegámos há 14 anos, para apresentar esta parceria”, afirmou Cláudia Almeida e Silva. Como não há eBooks sem eReaders, a FNAC disponibilizou também, nas suas lojas e no site fnac. pt, o Kobo Touch by FNAC. Com

apenas 185 gramas de peso, ecrã tátil de elevado contraste, é suficientemente pequeno para caber no bolso. Com uma autonomia até um mês e capacidade de armazenamento de mais de mil eBooks, está disponível em quatro cores: preto, branco, prateado e lilás.

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As principais características do Kobo Touch - - - - - - - - - -

Ecrã tátil, sem reflexo e sem brilho; Dimensões e peso reduzido (15cm /6 polegadas e 185 gramas); Capacidade de armazenamento para mais de 1000 livros (2GB, expansível por microSD); Wi-Fi para aceder a bibliotecas; Bateria até um mês; Dicionário incorporado; Leitura personalizável (tamanho e tipo de letra, espaçamento, etc.) e marcação de passagens e páginas favoritas; Ligação a redes sociais para partilha de favoritos; Disponível em quatro cores: preto (sobre preto), prateado, azul e lilás (sobre branco); Preço: 119,90€ e 99,90€ para detentores do cartão FNAC.

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Estratégia

A APODEMO (Associação Portuguesa de Empresas de Estudos de Mercado e Opinião) empossou uma nova direção fortemente apostada em ajudar o setor de estudos de mercado a responder aos desafios do mundo empresarial e da sociedade. Luís Bio, o novo presidente, explica à Store quais são os pontos estratégicos para a associação

APODEMO quer reforçar identidade

Tendo sempre em vista a vocação nuclear da associação – promover a confiança nos estudos de mercado e assegurar elevados padrões éticos e de qualidade –, a nova direção da APODEMO define três vertentes adicionais. “A indústria de estudos de mercado precisa de ter uma identidade bem definida”, sustenta Luís Bio, o presidente recém-eleito, explicando que “o mer20 Novembro/Dezembro de 2012

“A indústria de estudos de mercado precisa de ter uma identidade bem definida”

cado do conhecimento está difuso, com sobrepovoamento de informação e acessibilidade a qualquer utilizador”. Essa difusão deverá ser encarada, sob o seu ponto de vista, “como uma oportunidade para os estudos de mercado, que se devem destacar como disciplina com regras, metodologias e cultura própria”. Detentores de tanto know how acumulado, “os estudos de

mercado têm um papel insubstituível no garante de elevação de conhecimento do nosso tecido empresarial e da nossa sociedade”, afirma Luís Bio. Por outro lado, a APODEMO deverá, de acordo com o presidente da direção, permitir a criação de uma plataforma entre os profissionais. “Ao sempre relevante sentido de concorrência, a associação pretende reforçar uma dimensão de coSTORE MAGAZINE


operação, de partilha de formas de estar, de afirmação de aprendizagem para um melhor desempenho profissional do sector”, através de “uma plataforma aberta, criativa e motivadora entre profissionais, em prol do setor”. Uma maior integração e proximidade com o mundo empresarial é outro vetor fundamental para a direção da APODEMO. De acordo com Luís Bio, “os estudos de mercados deverão estar integrados com o mundo empresarial, propondo-lhe recomendações acionáveis que gerem retorno”. Neste âmbito, a direção vai desenvolver parcerias com as quais pretende “surpreender” o mercado.

“Os estudos de mercados deverão estar integrados com o mundo empresarial, propondo-lhe recomendações acionáveis que gerem retorno”

Prémio Eficácia

biografia

Parcerias

Luís Bio

O desenvolvimento de parcerias entre a associação e o mundo empresarial é um dos objetivos da nova direção, traduzido, a 15 de novembro, na realização de um congresso APODEMO / APAN. O encontro subordinou-se ao tema “ROR (Return on Research) - Research na Origem e na Demonstração da Eficácia”. No mesmo âmbito inscreveu-se o patrocínio ao Prémio à Eficácia da Comunicação, que destacou algumas empresas do setor de estudos de mercado.

Licenciado em Economia pela Universidade Católica, Luís Bio tem feito a sua carreira profissional na Nielsen. Iniciou-se como gestor de conta e analista de mercado, evoluindo na empresa em diferentes cargos de chefia e direção. Atualmente, Luís Bio é Advanced Consulting Director e representa a Nielsen na presidência da APODEMO.

empresas

Mercado de 55 milhões de euros

quem é quem

Nova direção

Eleita em julho passado e empossada em setembro, a nova direção da APODEMO tem a seguinte constituição: A APODEMO integra quase todas as empresas relevantes do sector dos estudos de mercado e opinião em Portugal – 19 até à data – e representa, globalmente, um mercado avaliado em 55 milhões de euros. Cerca de 80 por cento do valor desse mercado está nas mãos dos membros da associação.

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Presidente - Luís Bio (Nielsen Portugal) Vice-presidente - João Marques (Millward Brown) Tesoureira - Marina Petrucci (Ipsos Apeme) Vogal - Brígida Chaves (Cemase) Vogal - Tiago Cabral (Netsonda)

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Ramon de Melo

Empreendedores

Depois de dez anos a trabalhar na área do retalho, Nuno Carvalho decide lançar-se num negócio próprio – A Padaria Portuguesa. O know how já tinha, só lhe faltava arriscar. Assim o fez e até agora o resultado tem sido positivo. Ao fim de dois anos, A Padaria Portuguesa já conta com 11 lojas e até ao final do próximo ano pretende atingir a meta das 20

Muito mais do que uma padaria Voltar a fomentar o hábito de “ir ao pão” desenvolvendo a maior rede de padarias/pastelarias de bairro em Portugal foi o intuito que levou Nuno Carvalho, 34 anos, a apostar na criação da marca A Padaria Portuguesa. A primeira loja nasceu em novembro de 2010, dois anos depois a marca conta com 11 lojas no mercado e prepara-se para abrir brevemente a 12ª. Até ao final de 2013, A Padaria Portuguesa pretende ter na zona da grande Lisboa 20 espaços onde os portugueses podem comprar pão e pastelaria variada. Contudo, o fundador do conceito admite que no 22 Novembro/Dezembro de 2012

futuro a expansão possa estender-se a outras cidades. Nuno é licenciado em Gestão pelo Instituto Superior de Economia e Gestão, frequentou ainda um Finance Programme na London School of Economics (Londres) e um Management Accelarate Programme na Insead Fontainebleau (Paris). A formação em Gestão e o facto de ter trabalhado durante dez anos no Grupo Jerónimo Martins, passando pela direção de Marketing, direção de Operações e direção Unidade de Negócio, deram-lhe o know how necessário para se aventurar neste negó-

As padarias não vendem apenas pão e bolos: têm também a missão de “transacionar” relações sociais

cio. “O que realmente me levou a criar o negócio foi ter sentido que tinha reunido competências para acrescentar valor ao país. Senti, a determinada altura, que era quase uma obrigação”, explica. Estava encontrada a vantagem competitiva. Acreditou que poderia ser uma boa aposta e acertou. . “Felizmente….”, comenta. Depois da ideia, foi necessário definir a estratégia. Considerou como fator essencial para o sucesso do negócio a qualidade. Contudo, para isso seria necessário ter fabrico próprio, desenvolver receitas e controlar o produto propriamente STORE MAGAZINE


dito. Daí que tenha entendido que o modelo de negócio deveria centralizar a produção numa fábrica, que, por sua vez, abasteceria a rede de lojas. Encontrada a estratégia, só faltava passar à prática. “Parece fácil, mas é um desafio enorme gerir uma empresa que tem um negócio verticalizado, desde a produção à venda nas lojas. Foram dois anos de grande aprendizagem e certamente assim serão os próximos”, reconhece. Até agora, existiam em diversos espaços das cidades pastelarias e snack-bares descaracterizados de ambiente, indiferenciados ao nível do produto e da gestão familiar – com os donos atrás do balcão - e o que Nuno pretendeu criar foi algo completamente diferente, com uma marca que é possível reconhecer em qualquer lado. A missão d’ A Padaria Portuguesa é, segundo o gestor, a de “desenvolver uma rede de padarias/pastelarias de bairro, alicerçada numa marca forte, com uma relação qualidade-preço acima da média e com gestão personalizada”. Com esta ideia, propôs-se incutir uma certa “diferenciação” a um negócio bastante conhecido dos portugueses – as pastelarias familiares. A Padaria Portuguesa também é um negócio familiar, financiado essencialmente com capitais próprios, tendo como principais intervenientes familiares que são simultaneamente sócios. Todos são envolvidos no negócio, mas a Nuno foi confiada a tarefa de ser o único gestor executivo. Tarefa que desempenha fazendo uma avaliação do andamento do negócio no terreno, o que consegue visitando com frequência as diversas lojas e testemunhando, “de perto”, como estão a funcionar. Para este empreendedor, a receita para o sucesso do projeto tem sido ter a “audácia de saber ler o mercado e o consumidor português”. Ao criar uma proposta de valor diferenciado e que vai ao encontro da necessidade dos consumidores portugueses. No entanto, Nuno destaca também o carácter social do projeto, na medida em que pretende “devolver aos bairros a vida de bairro”. Para o gestor, as padarias não vendem apenas pão e bolos: têm STORE MAGAZINE

A missão d’ A Padaria Portuguesa é, segundo o gestor, a de “desenvolver uma rede de padarias /pastelarias de bairro, alicerçada numa marca forte, com uma relação qualidade-preço acima da média e com gestão personalizada”

também a missão de “transacionar” relações sociais. Esta leitura deverá reverter a favor do negócio, ao contribuir para a fidelização dos clientes. Aos jovens empreendedores que queiram iniciar um negócio, Nuno deixa um conselho: é essencial uma boa preparação. Obviamente que ter experiência prévia na área de negócio escolhida conta como uma mais-valia, mas não basta: o gestor alerta que é necessário ter uma “dose enorme de persistência”. “O nosso país não está preparado para ajudar negócios a nascer, a burocracia nos vários agentes económicos é enorme, a legislação é complexa, por isso é preciso ter muita persistência”, explica. Para dar uma ideia das dificuldades que os empreendedores enfrentam compara o dia-a-dia a uma corrida de obstáculos: todos os dias se acorda preparado para a fazer mas… os obstáculos vão aumentando. Mesmo quando já se pensava ter atingido o recorde.

“O nosso país não está preparado para ajudar negócios a nascer, a burocracia nos vários agentes económicos é enorme, a legislação é complexa, por isso é preciso ter muita persistência”

A receita para o sucesso do projeto tem sido ter a “audácia de saber ler o mercado e o consumidor português” Novembro/Dezembro de 2012

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Feira

Abrir novos mercados para a indústria alimentar nacional é a grande meta da próxima edição da Alimentaria. Uma meta para a qual convergem as principais entidades do setor e as grandes empresas exportadoras nacionais. É que, como resume Fátima Vila Maior, diretora de Feiras da FIL, neste momento crítico do País as exportações são uma lufada de ar fresco

Missão: exportar

“Só se fazem boas omeletas com bons ovos”. Este é o conceito de comunicação subjacente à Alimentaria & Horexpo Lisboa 2013 e a sua razão de ser é muito simples: “O negócio só se faz quando se têm bons ingredientes e as empresas portuguesas têm-nos”. As palavras são de Fátima Vila Maior, diretora de Feiras da FIL – Feira Internacional de Lisboa, promotora do evento agendado para abril do próximo ano. Uma feira que se orienta por dois vetores – novos compradores, novos mercados – mas com um denominador comum: contribuir 24 Novembro/Dezembro de 2012

para impulsionar as exportações portuguesas neste segmento da economia. Tradicionalmente vocacionada para o mercado interno e para os países de expressão portuguesa, a Alimentaria quer expandir horizontes. Congregando novos parceiros, como a Portugal Foods, a Portugal Fresh e a Vini Portugal, a feira aceitou o desafio de conquistar novas geografias. E com esse objetivo foi criada uma task force constituída pelas maiores empresas exportadoras nacionais que, juntamente com os parceiros institucionais, vai concentrar esforços no sen-

tido de tornar a Alimentaria no principal instrumento de exportação dos produtos alimentares nacionais. “Neste momento especialmente difícil para o País, em que as exportações são uma lufada de ar fresco, há que juntar esforços e tentar captar para a Alimentaria visitantes e compradores de outras geografias que até agora não compravam a empresas portuguesas”, justifica Fátima Vila Maior, sublinhando o “espírito de interajuda e a consciência empresarial”. Para o efeito, foi desenvolvida uma estratégia um pouco à

semelhança da que vigora noutros certames promovidos pela FIL e que passa por trazer a Lisboa compradores internacionais, construindo uma ponte entre eles e os expositores, de modo a que estes possam evidenciar o que de melhor produzem e assim potenciar oportunidades de negócio. Os contactos não se limitarão apenas ao espaço físico da feira, já que o propósito é conduzir esses visitantes internacionais aos próprios locais de fabrico, para que conheçam o processo produtivo e saiam com garantias de qualidade. Saiam com confiança, enfatiza a STORE MAGAZINE


diretora de Feiras. E no que respeita a esses compradores, a organização da Alimentaria atua em dois níveis distintos, como explica o gestor da feira, Paulo Rodrigues: um envolve uma seleção de empresas que são convidadas diretamente a estar presentes, sendo os respetivos custos de deslocação custeados pela feira. Um outro assenta numa base de dados com 33 mil entradas, de compradores internacionais que são estimulados a fazer parte do chamado Clube Alimentaria, deslocando-se até Lisboa com benefícios ao nível da viagem e da estadia, mercê de condições mais favoráveis negociadas com a TAP e com hotéis da cidade. Beneficiando ainda da intermediação da organização da feira no agendamento de contactos com os expositores. A meta já está traçada: ter na Alimentaria & Horexpo 2013 mais de dois mil compradores (e 30 mil visitantes). Mas também aqui há um desafio acrescido: o de trazer à feira compradores de segmentos de maior valor acrescentado. Porque – argumenta Fátima Vila Maior – está provado que as empresas com mais êxito são as que incorporam no seu produto e na sua estratégia de marca um posicionamento mais elevado. Esse espírito de upgrade estende-se às próprias geografias que a feira se propõe atrair. “O grande desafio – acrescenta a responsável – é alterar o espetro nos países para onde Portugal já exporta produtos mais massificados e introduzir produtos mais segmentados, mas também chegar a países onde até agora as empresas portuguesas não têm compradores”. Emergem, daí, dois grupos de potenciais mercados: de um lado a Europa, os Estados Unidos e países de expressão portuguesa e, do outro, geografias mais distantes como Singapura, Japão. Médio Oriente, Canadá e Colômbia, mas também os países nórdicos. São estes os que os expositores têm de conquistar com os seus produtos e as suas estratégias. E é para eles que os organizadores da feira deixam um repto: “Não nos podemos dar ao luxo de ter STORE MAGAZINE

“Há que juntar esforços e tentar captar para a Alimentaria visitantes e compradores de outras geografias que até agora não compravam a empresas portuguesas”

metade das empresas – têm de estar cá todas. Não podemos convidar um comprador internacional para ver cinco empresas quando temos dez… “. Daí que – enfatiza Paulo Rodrigues – tenham sido concebidos formatos que potenciam essa presença alargada, com um pacote de serviços a custos controlados. Há, inclusivamente, formatos para empresas mais pequenas que podem estar representadas de uma forma agrupada, nomeadamente por região ou por tipologia de produto. Para que – sublinha – “todos possam mostrar o que fazem de melhor”. São pormenores a que “os organizadores de feiras têm de estar atentos”. A dimensão é fundamental na Alimentaria e é precisamente um dos aspetos que a diretora de Feiras da FIL valoriza. É – diz – a maior feira de produtos alimentares alguma vez feita em Portugal. Valoriza igualmente a assertividade na definição de metas e estratégias, mas também a união entre instituições e empresas do sector neste impulso à internacionalização e às exportações. “Em boa hora fomos desafiados”, resume.

Paulo Rodrigues, gestor da Alimentaria

ALIMENTARIA & HOREXPO

Razões para uma união A Alimentaria e a Horexpo decorrem em simultâneo e há razões para isso. Desde logo porque os dois certames têm a alimentação como denominador comum, ainda que em diferentes formatos (num caso para consumo doméstico e noutro para o canal horeca). Mas a verdade é que as empresas são praticamente as mesmas. E depois porque se tem assistido a uma evolução na relação entre a distribuição e a restauração: hoje os espaços permeiam-se, na medida em que cada vez mais há supermercados com cafés. As duas atividades são, pois, complementares, pelo que, para a FIL, faz todo o sentido uni-las numa feira comum. Mas há outra razão e prende-se com os mercados. As cadeias hoteleiras portuguesas – caso dos grupos Pestana, Vila Galé, Oásis, Porto Bay, Tivoli,

Visabeira – estão a internacionalizar-se, umas para geografias onde já há reconhecimento de Portugal, outras não. Mas todas levam consigo produtos portugueses, nomeadamente têxteis lar, cutelaria, equipamentos. O que a realização conjunta das feiras permite é tirar partido desses mercados onde já existem hotéis portugueses e alargar os canais de distribuição. Em rigor, a feira agendada para abril reúne três certames num, porque à Alimentaria propriamente dita e à Horexpo junta-se a Tecnoalimentaria, mostra de tecnologia, maquinaria e equipamentos para a indústria alimentar. Mais uma vez, do que se trata é de gerar sinergias. São – justifica a organização – três ingredientes essenciais na receita para o sucesso do negócio.

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Comunicação

A Bovillage quer aproximar os mercados português, grego, alemão e italiano da fileira bovina francesa e foi esse objetivo que a levou a estar presente no SIAL. O mesmo propósito está subjacente à campanha que lançou na imprensa especializada

Aposta francesa em Portugal

A marca de carne francesa Bovillage escolheu um dos maiores salões de alimentação do mundo, o SIAL, em Paris, que se realizou em outubro, para mostrar os seus trunfos perante uma plateia que incluía portugueses, gregos, alemães e italianos. O objetivo foi “aproximar cada vez mais os profissionais dos quatro mercados dos profissionais da fileira bovina francesa, divulgando informações sobre as marcas internacionais e específicas da carne bovina francesa”, afirma a marca. Um show-cooking que incluía receitas internacionais à base da carne bovina francesa foi um dos pontos altos da iniciativa, onde também foram promovidas reuniões de trabalho entre produtores e compradores. A Bovillage 26 Novembro/Dezembro de 2012

foi criada em 2009 pela Interbev (associação francesa das carnes encarregue da promoção da fileira bovina francesa em França e no mundo) e lançada nesse ano nos mercados grego, português e italiano. Em Portugal, um dos principais objetivos da fileira bovina francesa e das empresas é fazer de Bovillage “uma marca reconhecida, de qualidade e bem identificada nos canais de distribuição moderna portuguesa”. Para isso, lançou uma campanha de publicidade na imprensa especializada para reforçar a mensagem de produto de qualidade, “fruto da cooperação existente” no sector, em França. A campanha, promovida em Portugal pela Sopexa, agência de divulgação de produtos alimentares, entre

os quais se encontram marcas francesas, pretende também reforçar a marca junto dos profissionais portugueses. A França é o primeiro produtor de carne bovina na Europa. Tem um efetivo de 19 milhões de animais, repartidos por seis gran-

des zonas de criação. A especificidade da criação de bovinos franceses reside na importância das raças cárneas. Com um total de 200 mil criadores de bovinos, a França regista cerca de 120 mil criadores especializados naquelas raças.

campanha

Simplicidade e impacto “O país da Bovillage. Cada dia a seu lado” é a assinatura da campanha de promoção da marca que também chegou a Portugal. Trata-se um conceito acerca da carne bovina de qualidade, “sempre junto dos profissionais do sector em Itália, na Grécia e em Portugal”. Para a marca as três figuras presentes na campanha – o criador, o veterinário e o comercial – unem-se para atingir um objetivo comum: “Fornecer um produto de qualidade que necessita de uma criação natural e tradicional, no respeito pelas garantias sanitárias e de rastreabilidade”.

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Produto

O setor do bacalhau está à espera da quadra natalícia para perceber como é que “corre a época”. A Associação dos Industriais do Bacalhau (AIB) fala num ano de grande contenção do consumo mas aguarda com expectativa como irão correr as vendas em dezembro, o mês de maior procura. Na empresa Constantinos é também neste período que tem maior expressão “a comercialização dos tamanhos maiores e de maior valor”.

Bacalhau à espera do Natal

Há cerca de 500 anos que o bacalhau faz parte da tradição alimentar portuguesa e é no Natal que tem o seu período de ouro. Existe alguma expectativa no mercado sobre os efeitos da crise e da contenção do consumo neste segmento de marcado. A AIB disse à Store que tem indicações de que as vendas de 2012 estarão em linha com o verificado no ano passado mas, dado o peso que a quadra do Natal tem, só depois do fecho do ano se saberá qual foi a evolução. Nas empresas o ambiente também é de expectativa. Em resposta a questões colocadas pela Store, a Constantinos, através de Teresa Miranda, do departamento de compras e qualidade, afirma que habitualmente as STORE MAGAZINE

vendas do quarto trimestre de cada ano representam 35-40 por cento da faturação anual, sendo no período das vendas para o Natal que tem maior expressão a comercialização dos tamanhos maiores e de maior valor. Apesar das dificuldades, a previsão “é a de manutenção das vendas de 2011, que se situaram em cerca de 5500 toneladas, com um valor de aproximadamente € 32.000.000”. O bacalhau comercializado pela empresa é proveniente do atlântico Nordeste, sendo importado na sua grande maioria. Sobre o próximo ano, a AIB classifica-o de “grande imprevisibilidade”. Tudo indica que “será um ano de maior contração no consumo, contudo não é fácil prever

com exatidão o impacto das medidas fiscais contempladas no OE2013”. Na Constantinos há boas perspetivas de crescimento, na medida em que a empre-

sa está bem posicionada para otimizar uma provável situação do mercado internacional, que passará pela redução do preço na origem. “A quota de pesca aprovada para 2013 no Atlântico Nordeste tem um aumento significativo, pelo que é expectável uma baixa de preço, que se traduzirá, muito provavelmente, também numa futura redução do preço aos consumidores nacionais”, justifica a empresa. Segundo a AIB, a maior parte do bacalhau consumido em Portugal vem do Mar do Norte. Existem hoje 13 bacalhoeiros portugueses em atividade, cujas capturas correspondem a cerca de três por cento das necessidades do mercado, sendo “insuficientes para abastecerem a indústria nacional de transformação do bacalhau, que, por isso, importa matéria-prima da Noruega, Rússia e Islândia, entre outros. De referir que a origem do bacalhau é indiferente, no caso concreto da cura tradicional portuguesa o que dá o sabor, a textura e a cor a que os portugueses estão habituados é a transformação do bacalhau”.

NÚMEROS

O que vale o mercado do bacalhau em Portugal 375 milhões – volume de negócios em 2011 da indústria de transformação

85 milhões – valor das exportações em 2011 50% - o que representa o Brasil nas exportações 75.000 toneladas – consumo anual 13 – bacalhoeiros portugueses em atividade Novembro/Dezembro de 2012

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Prémios

Quatro primeiros prémios e nove menções honrosas, distribuídas pelas várias categorias, foram o resultado da terceira edição dos prémios Nutrition Awards, entregues em outubro, em Lisboa. Organizados pela GCI e pela Associação Portuguesa de Nutricionistas (APN) trata-se de uma iniciativa que visa destacar o que de inovador e empreendedor se fez, no último ano, no setor agroalimentar e das ciências da nutrição. Foram apresentadas mais de 80 candidaturas para as cinco categorias a concurso

Premiar a inovação alimentar nutrition awards

Primeiros prémios: - STUVA (Produto Inovação) - Pimenta Laranja – Refeições Biológicas (Serviço Inovação) - Eurest Portugal (Iniciativa de Mobilização) - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (Investigação e Desenvolvimento)

Menções honrosas: - Vitamimos - Nutri Ventures Corporation - Instituto Politécnico de Portalegre - Instituto de Tecnologia Química e Biológica, ao - IBET – Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica - Lux Woman - Público - Sábado O secretário de Estado do Empreendedorismo, da Competitividade e da Inovação, Carlos Oliveira, com Miguel Guedes Ramos e Rita Guedes, do projeto STUVA, e Pedro Matias, do IAPMEI

Beatriz Oliveira, da Eurest, e Fernanda Ferreira Dias, do Instituto do Consumidor

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José Manuel Costa, da GCI, Helena Soares Costa, INSA, e o secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa

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Mário Barbosa, da McDonald´s, Equipa Vitamimos e Ana Trigo Morais, diretora geral da APED

Ana Rito, da Universidade Atlântica, Leonor Antolin Teixeira, da Lux Woman, e João Garriapa, da ANCIPA

Luis Silvestre, da Sábado

Ana Brasil, do Público

Margarida Malcata, do Instituto Politécnico de Portalegre

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Rodrigo Carvalho, da Nutri Ventures

Lucélia Tavares, do ITQB, e Pedro Queiroz, da FIPA

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Comércio Ana Duarte ad@briefing.pt

A Portfolio é a mais recente loja do aeroporto de Lisboa, criada com o intuito de divulgar marcas, produtos e experiência que representem o que de melhor se faz em Portugal. Luís Rodolfo, diretor de Retalho da ANA, justifica o projeto com a convicção de que os aeroportos são a melhor montra para mostrar o talento português

Portfolio, uma marca de portugalidade

A cultura, o artesanato, o design, a moda e os sabores portugueses invadiram o aeroporto de Lisboa e vieram para ficar. A ANA – Aeroportos de Portugal acaba de inaugurar a Portfolio, uma loja que tem como objetivo divulgar o que de melhor se faz em Portugal, promovendo as marcas nacionais junto de quem viaja. No novo espaço da zona restrita do aeroporto de Lisboa é possível encontrar marcas da história portuguesa, como os tradicionais lenços dos namorados, em perfeita harmonia com peças de moda e design nacional. Além de produtos conceituados da gastronomia portuguesa como os queijos, vinhos ou azeites. Juntando debaixo do 30 Novembro/Dezembro de 2012

mesmo teto o que de melhor se faz em Portugal, promovendo o talento nacional nas mais diversas áreas. Na perspetiva de Luís Rodolfo, diretor de retalho da ANA, os aeroportos são excelentes espaços para mostrar aos turistas o que de melhor existe no País. Assim, a ANA decidiu, em parceria com a Areas, apostar na criação da marca Portfolio – Made of Portugal. O objetivo era que a loja conseguisse “espelhar a Portugualidade” e transmitir a diversidade do País, distanciando-se do habitual conceito de loja de gifts. O investimento foi razoável tendo em conta os valores do mercado,

Os aeroportos são excelentes espaços para mostrar aos turistas o que de melhor existe no País

reconhece o diretor de Retalho da ANA, mas toda a operação resultou de um investimento da ANA, da Areas e das marcas presentes na loja – que também contribuíram para este projeto totalmente desenvolvido por empresas nacionais que, em parceria com a ANA, souberam dar vida a esta ideia. Da criatividade da Snord nasceu a criação da marca, a comunicação, a arquitetura e o design de interiores. O objetivo foi refletir tudo o que é genuinamente português. Com este projeto a ANA pretende garantir outras duas coisas: rentabilidade por metro quadrado, mas também muita emoção por metro quadrado. “Portugal é uma love STORE MAGAZINE


brand e nós queremos transmitir da melhor maneira que pudermos, com música, com vídeos, com experiências do que é estar em Portugal”, justifica Luís Rodolfo. O espaço tem 400 m2 e contempla uma seleção de produtos e marcas nacionais, eleitas depois de passarem pelo crivo da marca umbrela – a Portfolio – assente em quatro pressupostos: qualidade, autenticidade, originalidade e inovação. Nesta última, o diretor de Retalho da ANA acredita haver ainda um grande trabalho a desenvolver. Porquê? Porque, diz Luís Rodolfo, a inovação é um conceito amplo que pode mostrar desde tecnologia, a esculturas, pinturas, ou seja, tudo o que possa estar associado ao talento português. O espaço foi dividido em cinco grandes “mundos” – cultura, artesanato, design, moda e sabores – fruto de diversos estudos de mercados que a ANA elaborou para aferir o que os passageiros gostariam de encontrar nos aeroportos. Estes estudos permitiram construir um espaço ao gosto do cliente, onde entra por exemplo a gastronomia: estava inicialmente fora dos planos da ANA, mas para os clientes era impensável existir uma loja sobre Portugal sem produtos gastronómicos. Existe, ainda, uma seção exclusiva de produtos da marca, denominada Portfolio Selection. Luís Rodolfo revela que a ANA gostaria de ter criado um outro “mundo”, que englobaria uma agenda cultural diária – com entretenimento – mas também uma vertente mais pedagógica, que permitira explicar aos clientes como são feitos os produtos ou de onde provêm. O objetivo principal é que quem visite a loja conheça um pouco melhor do que existe em Portugal. “Queremos ter este storytelling e educar os nossos turistas sobre aquilo que estão a comprar”, justifica. Mas porquê o nome Portfolio? O conceito integrava uma extensa lista de possibilidades, mas foi “amor à primeira vista”. Primeiro porque “port” pode referir-se a Portugal e até mesmo a aeroporto. Segundo, porque “folio” representa a diversidade que caracteriza este conceito. “Portfolio é uma STORE MAGAZINE

A lógica deste projeto é promover o que é fruto do talento nacional, da tradição, o que é “feito de Portugal”

diversidade de produtos, que no fundo espelha a nossa diversidade cultural”, explica Luís Rodolfo. A acompanhar o nome surge como imagem o coração de Viana, um dos mais tradicionais ícones portugueses, que junta num mesmo símbolo as cores da bandeira, permitindo assim espelhar a “emoção e a alma” portuguesa. O remate final surge com a assinatura “Made of Portugal”. “Made of” e não “made in” propositadamente, porque a lógica deste projeto é promover o que é fruto do talento nacional, da tradição, o que é “feito de Portugal”. Não tem necessariamente que ser feito em território nacional, mas sim com talento português. Esta é a ideia global que o conceito da marca pretende passar.

PORTFOLIO

Embaixadores da marca A fadista Cuca Roseta e o chef Henrique Sá Pessoa são os embaixadores da marca Portfolio. Eles dão a cara por este projeto, pois acreditaram nele desde o início. Luís Rodolfo conta que esse início não foi fácil. Houve pessoas que acreditaram, outras que não. Marcas que nem queriam ser identificadas como portuguesas, mas outras que demonstraram bastante orgulho em sê-lo. “Para nós o mais importante é termos um par-

ceiro ou embaixador que entenda a visão desta loja de promoção do nosso talento, virada acima de tudo para o futuro, mas respeitando a nossa história e as nossas raízes”, refere. Cuca Roseta o Henrique Sá Pessoa cumpriam com estes requisitos e de forma totalmente gratuita aceitaram integrar o projeto. Assim, têm agora a missão de ser os embaixadores da Portfolio, sendo que mais pessoas se lhes poderão juntar.

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Inovação

O seu nome estará sempre associado à criação de um sistema global de standards da supply chain, do qual o mais emblemático é o código de barras, mas a GS1 aposta fortemente nas novas tecnologias para aproximar marcas e consumidores. Por isso tem em curso o programa MobileCom, centrado nos smartphones. “O móvel é a tendência”, disse à Store o diretor executivo da GS1 Portugal CODIPOR, João de Castro Guimarães

O desafio do mobile na GS1

Todos os consumidores têm acesso a informações sobre produtos e serviços relacionados através dos seus telefones móveis. Todos os intervenientes utilizam as normas GS1 para tornar isso possível e assim assegurar as aplicações interoperacionais, escaláveis e com uma relação custo-benefício aceitável. As aplicações colaborativas de mobile commerce passam a ser disponibilizadas em plataformas abertas. Estas são as três traves-mestras da “visão” da GS1 para 32 Novembro/Dezembro de 2012

integrar os telemóveis, principalmente os smartphones, na relação B2C. O projeto chama-se GS1 MobileCom e teve início em 2012 em Portugal. O retalho é a principal prioridade para 2013 e a ideia é expandir para novos sectores, como a saúde, a banca e o eGov, a partir de 2014. O “MobileCom é uma das prioridades pois o móvel é a tendência”, afirma Castro Guimarães. O projeto “aperfeiçoa ainda mais o código de barras” e transforma

O retalho é a principal prioridade para 2013 e a ideia é expandir para novos sectores, como a saúde, a banca e o eGov

a GS1 numa organização B2B em B2B2C”, afirma o mesmo responsável. O trusted source of data (TSD) é outro dos pilares da estratégia mobile da GS1 – instituição não governamental com sedes centrais em Bruxelas e nos EUA, fundada há 40 anos e que tem cerca de dois milhões de empresas associadas, servindo 150 países. O TSD responde à era do mobile mas também às exigências de Bruxelas de obrigar os fabricantes a disponiSTORE MAGAZINE


bilizar informação dos rótulos dos produtos online a partir de 2014. O projeto piloto do TSD decorreu entre julho e dezembro de 2011, envolvendo 30 empresas em oito países, que forneceram informação sobre 900 produtos, usada depois em cinco aplicações móveis. A Cadbury, o Carrefour, a Coca-Cola, a Danone, a Eroski, a Nestlé, a PepsiCo, a Tesco e a Unilever foram algumas das empresas que participaram no piloto. Segundo a GS1 o “projeto piloto foi um sucesso” confirmando que as empresas podem partilhar informação com os consumidores de uma forma rápida através de aplicações e com uma estratégia “global e interoperacional”. Os testes mostraram que o tempo médio de transferência de informação entre os fornecedores das aplicações e os agregadores de dados foi de 1,4 segundos. Isso significa que, em condições normais de operação, o tempo que demora entre a leitura de um código de barras e os dados do produto serem disponibilizados na aplicação móvel ronda uma média de entre três a cinco segundos. Quais as principais conclusões deste teste piloto? A GS1 refere duas: dados de alta qualidade são chave do sucesso e simplificação da arquitetura técnica. A rede global de sincronização de dados da GS1 – GDSN (Global Data Synchronization network) – é onde assenta, em parte, o TSD. Criada em 2004, a GS1 GdSn é hoje utilizada em 150 países, por mais de 25 000 empresas de diferentes setores. Este diretório de informação identifica, armazena e sincroniza a informação dos produtos no universo das bases de dados que constituem a GS1 GDSN. Diz a organização que quando foi criado, o gS1 global registry armazenava somente 74 000 itens registados e era alimentado por parceiros comerciais de, apenas, 13 países. Fundada em 1985, a GS1 Portugal CODIPOR, que introduziu os códigos de barras no país, apresenta-se do seguinte modo: “reúne stakeholders – desde produtores de matérias-primas, detentores de marcas, distribuidores e retalhistas, a associações industriais e presSTORE MAGAZINE

Serviços móveis: como os consumidores podem interagir com os retalhistas

Fonte: GS1

tadores de serviços tecnológicos – com o objetivo de desenvolver, adotar e implementar normas globais que revolucionam a forma de fazer negócios. Atualmente representa cerca de 7 000 empresas de variados sectores”. Em maio deste ano, na Colômbia, durante a assembleia geral da GS1, a “subsidiária” portuguesa foi distinguida pelo projeto Housekeeping. Desenvolvido em 2011, tratou-se de um projeto estruturante de restruturação interna que contemplou as seguintes dimensões: reengenharia de processos de negócios, redesenho organizacional e desenvolvimento de uma nova arquitetura de sistemas de informação, cujo “coração” é um Customer Relationship Management (CRM). O CRM desenvolvido pela Microsoft tornou-se um caso best in class, apresentado na referida assembleia geral.

carreira

Uma vida na Nestlé João de Castro Guimarães é o diretor executivo da GS1 Portugal e o representante da Nestlé no Conselho de Administração da organização. Licenciado em Engenharia Agronómica pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA-UTL), é um gestor com uma experiência de mais de trinta anos – a nível nacional e internacional – na multinacional Nestlé. Neste grupo foi, a nível nacional, public affairs & communications director, diretor técnico e de operações, country manager da Nestlé Purina Petcare Portugal e diretor de fábrica. A nível internacional, destaca-se a sua passagem por Barcelona, cidade onde está sediada a Nestlé Espanha e onde desempenhou funções de diretor técnico do negócio de refrigerados da Nestlé Spain (Barcelona), com responsabilidade ibérica sobre este negócio de produtos lácteos.

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Tecnologia

Que as Tecnologias de Informação são estratégicas para a Sonae foi o que ficou demonstrado em mais uma reunião do FINCO, o grupo consultivo criado pela empresa há mais de 25 anos

Sonae high tech Mais de 400 especialistas em tecnologias da comunicação reuniram-se em outubro, em Troia, para debater o papel da tecnologia nos negócios. Tratou-se de mais uma reunião do FINCO, o grupo consultivo de sistemas de informação e comunicações da Sonae que se reúne há mais de 25 anos. O grupo afirma que prevê investir cerca de 150 milhões de euros em tecnologias de Informação em 2012, “fruto da aposta estratégica na inovação e eficiência como forma de desenvolvimento dos negócios”. Artur Loureiro, presidente do FINCO, considera mesmo que “as Tecnologias de Informação são hoje um elemento estratégico das empresas Sonae, contribuindo decisivamente para a liderança de mercado alcançada nas várias áreas de negócio”. “A nossa aposta na tecnologia e na inovação tem possibilitado um melhor serviço aos nossos clientes, o alcançar de ganhos de eficiência, a crescente internacionalização das nossas atividades e o desenvolvimento de novos negócios?”, sustenta. O encontro contou com a presença de conceituados oradores internacionais, como Jonathan MacDonald, uma inquestionável referência no mundo dos media digitais, Oliver Bussmann, eleito CIO Europeu do Ano 2012, e Patricia Cody-Otero, com uma vasta experiência em projetos de aplicação das tecnologias de informação à gestão da satisfação de clientes. O programa do evento incluiu, ainda, apresentações de projetos relevantes desenvolvidos pelas várias empresas da Sonae nas áreas da inovação e desenvolvimento tecnológico, apresentações de parceiros associados ao evento e um painel subordinado ao tema “Desafios da internacionalização num mundo digital”, no qual participaram Fernando Teixeira de Sousa, Head of B2B Division da Samsung, Francisco Febrero, CEO da ROFF, Paulo Magalhães, CEO da Tlantic, e Rui Paiva, CEO da WeDo.

Raio-x

O que é o FINCO O FINCO é o grupo consultivo de sistemas de informação e comunicações da Sonae. É um órgão complementar que não se sobrepõe às áreas de TI das áreas de negócio, sponsorizado por Luís Reis (CCCO da Sonae) e que tem como presidente Artur Loureiro (CIO dos negócios de retalho), estando também representadas, pelos seus CIO e diretores de TI, todas as outras empresas Sonae, a Sonaecom, a Sonae Sierra, a Sonae Indústria e a Sonae Capital. As empresas Sonae contam com cerca de 1.000 colaboradores diretos a trabalhar nas áreas de SI, a que acrescem 1.000 indiretos.

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STORE MAGAZINE



Entrevista

Ramon de Melo

Fátima de Sousa jornalista hs@storemagazine.net

“Há mais pessoas numa situação muito difícil. Houve uma determinada camada da população que criou uma expectativa de nível de vida que não é realizável. Muita desta tensão é porque, infelizmente, muitas destas pessoas vão ter, de facto, de viver de outra maneira”. É esta a leitura que Isabel Jonet, fundadora do Banco Alimentar Contra a Fome e presidente da respetiva federação europeia, faz do país, chamando a atenção para a situação a que assistiu na Grécia – farmácias sem medicamentos, supermercados sem produtos

Isabel Jonet, presidente da Federação Europeia dos Bancos Alimentares Contra a Fome

Há mais pessoas em dificuldades Store | Dezembro é o mês da segunda recolha anual do Banco Alimentar contra a Fome. Qual a importância destas campanhas para a vossa missão? Isabel Jonet | Neste momento, existem 20 bancos alimentares, que cobrem praticamente todo o território nacional e que, através das duas campanhas de recola anuais, lançam um apelo à população que 36 Novembro/Dezembro de 2012

vai às compras para que seja mais solidária para com as pessoas da sua região. Isto porque cada banco tem uma área de atuação local, distribuindo no local onde recolha, o que gera uma grande aproximação entre quem dá e quem recebe. Nas campanhas, que constituem a maior ação de voluntariado que há em Portugal, interpelamos as pessoas a darem o seu tempo e o

“Todo o processo é muito cristalino, o que faz com que as pessoas tenham muita confiança no banco alimentar”

seu trabalho, convidando outras a darem produtos. As campanhas têm vindo a crescer por dois motivos. Primeiro, porque há mais bancos alimentares, logo há mais pontos de recolha. Segundo, porque tem crescido a notoriedade e a credibilidade dos bancos alimentares. Todo o processo é muito cristalino, o que faz com que as pessoas tenham muita confianSTORE MAGAZINE


ça no banco alimentar. Ano após ano são cada vez mais as pessoas que querem contribuir. Store | Além da recolha propriamente dita, que outros moldes assumiu a campanha? IJ | Até há três ou quatro anos tínhamos apenas a campanha saco, com voluntários, mas neste momento temos outras duas modalidades. Uma delas é a campanha com vales, que dura mais uma semana do que a recolha nos supermercados. Existem vales de produtos, da responsabilidade de cada cadeia de distribuição, com códigos de barras específicos para o banco alimentar, o que significa que indicam com clareza no talão de caixa de cada cliente o que foi comprado para doar ao banco. Há também a campanha na internet (em www.alimenteestaideia.net), mais vocacionada para as pessoas mais novas, que não vão ao supermercado, e para a diáspora portuguesa. Na campanha de maio, tivemos contribuições de 94 países, o que significa que há pessoas que estão fora mas que se interessam pelos mais carenciados que residem em Portugal. Store | No atual contexto de crise, é expectável que as necessidades aumentem. Qual é a vossa expectativa? IJ | Em Portugal, há a pobreza estrutural, que tem a ver com as baixas pensões de reforma, com o milhão de pessoas idosas que vive com menos de 280 euros por mês e os 1,8 milhões que vivem com menos de 600 euros. Depois, temos esta pobreza que podemos chamar de mais conjuntural, de pessoas que ou não têm emprego ou estão completamente endividadas. Na campanha de maio de 2007, chamei a atenção que havia uma nova classe de pobres, que designei por novos pobres e que eram pessoas que, embora pertencessem a uma classe média, tinham créditos que não estavam a conseguir honrar porque a sua situação tinha mudado. O que se passa neste momento é uma situação especialmente crítica na sociedade portuguesa, pois muitas das pessoas que ficaram STORE MAGAZINE

“O que se passa neste momento é uma situação especialmente crítica na sociedade portuguesa, pois muitas das pessoas que ficaram desempregadas em 2009 estão agora a ficar sem prestações sociais e também não conseguem emprego”

desempregadas em 2009 estão agora a ficar sem prestações sociais e também não conseguem emprego. Há mais pessoas numa situação muito difícil. Houve uma determinada camada da população que criou uma expectativa de nível de vida que não é realizável. Muita desta tensão é porque, infelizmente, muitas destas pessoas vão ter, de facto, de viver de outra maneira. E quando digo isto não é só em Portugal, é em toda a Europa. Na minha posição de presidente da federação europeia dos bancos alimentares, contacto com muitos países europeus e em todos se está a assistir a este reajustamento. As pessoas têm de viver de outra maneira mas sem acharem que é penalizante, que é um castigo. Se houvesse uma guerra, todos tínhamos de viver de outra maneira. Neste momento, vivemos numa situação que não é uma guerra armada, mas uma alteração profunda a Europa que conhecíamos. Primeiro, a Europa já não tem o poder económico que tinha face aos seus concorrentes; segundo, vários países emergentes têm um poder económico que invade a Europa. Não é uma invasão bélica, mas é económica. Felizmente, na Europa há um conjunto de direitos sociais que são garantidos, mas que oneram muito os produtos e a produção, porque o fator trabalho tem custos que não tem no resto do mundo. O que é que isso faz? Ou produzimos coisas que os ou-

“Durante muitos anos, fomos permitindo que a vida tivesse um determinado rumo sem querer alterar esse rumo, porque estávamos iludidos ou não quisemos ver”

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doações

Uma parceria win-win Os bancos alimentares são abastecidos pelos excedentes dos produtores agroalimentares, das cadeias de distribuição, dos mercados abastecedores, das cooperativas agrícolas e ainda por um programa comunitário. Juntam-se as campanhas anuais de recolha em supermercados, valiosas porque permitem receber - e doar – produtos básicos de que não há habitualmente excedentes. Assumindo como missão a luta contra o desperdício, o que os bancos alimentares propõem às empresas é uma parceria, traduzida na doação de excedentes em vez de os encaminharem para destruição. As empresas beneficiam, assim, da ausência de custos envolvidas na destruição desses produtos, da possibilidade de evitar impactos ambientais associados às embalagens e, ainda, de benefícios fiscais. É – diz Isabel Jonet – uma relação win-win.

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Entrevista

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tros não produzem, para podermos competir, ou temos de ajustar alguns custos. Isso significa que as pessoas vão ter de viver de uma forma diferente para sobreviverem no novo modelo económico, que é um modelo global.

“Vive-se a um ritmo tal que a sociedade se desumanizou um pouco. Se calhar este é o momento em que cada um de nós deve perguntar qual o seu papel no mundo”

Store | As pessoas sentem-se castigadas ou culpadas? IJ | As pessoas sentem-se castigadas por algo de que não têm culpa. Não têm culpa que os sucessivos governos nacionais tenham feito opções por obras públicas que, se calhar, são muito discutíveis, não têm culpa que se tenham construído estádios de futebol, que se tenham tomado opções de apoiar bancos em situação crítica. Mas têm culpa por ter permitido que tudo isso acontecesse sem se terem manifestado contra. Durante muitos anos, fomos permitindo que a vida tivesse um determinado rumo sem querer alterar esse rumo, porque estávamos iludidos ou não quisemos ver. Store | Em 2007 alertou para os novos pobres. Mas os pobres não estão mais pobres? IJ | Estão, porque qualquer aumento, qualquer imposto se repercute com igual incidência numa pessoa com baixos rendimentos ou numa com maiores rendimentos. O pão custa o mesmo para pobres e ricos. O que acontece é que as pessoas de mais baixos rendimentos têm ainda menos rendimento disponível, não só porque diminuíram algumas prestações sociais, mas também porque houve um acréscimo dos impostos e os preços não diminuíram. É para essas pessoas que o Estado social deve, em pri-

“Aquilo que vi na Grécia não gostaria de ver em Portugal: não há remédios nas farmácias para os doentes crónicos, os supermercados não têm produtos, a maior parte das pessoas não tem dinheiro para pagar a eletricidade”

meiro lugar, dar resposta, porque sozinhas não vão conseguir. Store | Mas o próprio modelo de Estado social não tem de ser redefinido à luz do reajustamento do modelo económico? IJ | Penso que sim, que é urgente, por uma questão muito simples: é que quando o modelo de Estado social que vigora em muitos países da Europa foi concebido as pessoas tinham uma esperança de vida de 60 anos e hoje têm de 79,5 e, portanto, vivem mais tempo com as pensões de reforma.

IMPRESSÕES

O País, segundo Isabel Jonet Foi há 20 anos que Isabel Jonet lançou a ideia do Banco Alimentar contra a Fome. Vinte anos que lhe proporcionaram um olhar sobre o País que a leva a reconhecer como incontestável que se vive hoje melhor em Portugal, mas também a lamentar a “tremenda crise de valores”. “É incontestável que vivemos hoje melhor em Portugal, temos melhores estradas, melhores escolas,

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maior acesso à escolaridade e melhores indicadores de saúde. A qualidade de vida é muito maior, mas penso que existe uma tremenda crise de valores. As pessoas deixaram de valorizar o tempo que podem dar umas às outras. Vive-se tão em depressão, a um ritmo tal que a sociedade se desumanizou um pouco. Se calhar este é o momento em que cada um de nós deve perguntar qual o seu papel no mundo”.

Store | A austeridade não é também mais penalizadora para esta franja da população que está mais pobre? IJ | As medidas são muito penalizadoras para a população em geral, mas parece-me que são necessárias para Portugal continuar a ter acesso aos mercados. Hoje em dia não se vive sem a economia estar financiada. Tivemos Portugal quase à beira da insolvência e se não tivermos acesso aos mercados não será sequer possível garantir o Estado social e os mínimos necessários para que todas as pessoas, mesmo as mais pobres, vivam condignamente. Estou a desenvolver a rede de bancos alimentares contra a fome na Grécia e aquilo que vi na Grécia não gostaria de ver em Portugal: não há remédios nas farmácias para os doentes crónicos, os supermercados não têm produtos, a maior parte das pessoas não tem dinheiro para pagar a eletricidade. As prestações sociais não cobrem isso porque o Estado não tem dinheiro. O que temos é de acautelar que os mínimos estão garantidos enquanto a máquina do Estado não se puser outra vez em movimento. A única maneira de combater a pobreza é criando emprego e tendo as empresas a produzirem e a venderem no exterior. Só que os nossos parceiros na Europa, aqueles que compram a nossa produção, também estão em depressão. Temos de ser realistas. Se metermos a cabeça na areia, não podemos mudar a situação. Store | A crise faz com que haja mais pessoas em carência, mas também não poder fazer retrair as doações? IJ | Há 20 anos que perguntam se temos previsões, mas não fazemos campanhas para bater recordes, mas para ter mais produtos para ajudar mais pessoas. Diariamente os 20 bancos alimentares distribuem 110 toneladas de produtos, contribuem para a alimentação de 336 mil pessoas, o que quer dizer que três por cento da população portuguesa recebe no seu prato um produto que vem do banco alimentar. STORE MAGAZINE


Consumo

As medidas de austeridade vão ter impacto nas compras deste Natal. A conclusão é do Observador Cetelem, que quis conhecer o comportamento dos consumidores portugueses nesta altura do ano. Uma coisa é certa: vão gastar menos

O Natal ainda é o que era?

O Natal é, por tradição, uma época de consumo. São conhecidas as estatísticas que dão conta, ano após ano, de recordes de levantamentos e pagamentos com multibanco. Estão na memória as imagens de grande afluência às lojas, de filas para embrulhar presentes, de azáfama de quem deixa as compras para a última hora. Este é o cenário conhecido, mas será que este ano, com o contexto de crise, vai manter-se? Foi o que o Observador Cetelem procurou antecipar com o “Estudo sobre as intenções de consumo no Natal 2012”. E a primeira das conclusões, a partir das opiniões expressas em outubro, é a de que não haSTORE MAGAZINE

via intenção assinalável de poupança para os últimos meses do ano. Apenas dois por cento dos inquiridos manifestou a vontade de aumentar as poupanças, com outros seis por cento a admitirem fazê-lo, mas sem garantias. O observatório havia colocado a mesma questão aos consumidores em julho e as respostas foram então ligeiramente diferentes, com nove por cento a afirmar que pretendia poupar mais e 21 por cento a dizer que talvez o fizesse. Mas, apesar de não haver intenção de poupança acrescida, emergiu uma vontade de redução de despesas. Em julho, a resposta de 75 por cento dos inquiridos foi de que não pre-

tendia aumentar os gastos, número que subiu para os 85 por cento em outubro. É a sul do país que há menos disposição para gastar mais e também entre quem tem 35 a 44 anos. Já em Lisboa é onde os indivíduos menos esperam poupar: foi o que disseram 95 por cento dos inquiridos. O norte acompanha a mesma tendência: 91 por cento dos consumidores não conta aumentar as economias num futuro próximo. O Observador Cetelem também quis saber se as medidas de austeridade que têm vindo a ser adotadas teriam, ou não, impacto nas compras de Natal e nos gastos a médio prazo. No Natal terão, para 52 por cento

dos inquiridos. E a médio prazo também, mas para ligeiramente menos pessoas: 49 por cento. Sem oscilações entre homens e mulheres e entre faixas etárias. Mas com diferenças geográficas: Lisboa e Porto andam a par, com 44 e 47 por cento, respetivamente, a reconhecer o impacto da austeridade nas despesas, o mesmo com a região norte na sua globalidade (46 por cento). Mas à medida que se desce no território, a repercussão aumenta – para 62 por cento no centro e 70 por cento no sul. Uma das medidas em vigor implicou a perda de subsídio de natal. E este foi o tópico de uma das questões colocadas aos consumidores. Deles, 63 por Novembro/Dezembro de 2012

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cento utilizam o subsídio para as compras de Natal, mas um quinto do total já não tem subsídio. Dos que o utilizam, 24 por cento tencionam recorrer a uma parte significativa desse valor para as compras da época, enquanto 35 por cento vão gastar apenas uma pequena parte. Mas há cinco por cento para quem o subsídio não é suficiente para cobrir estes gastos. E quanto vão gastar, afinal? Oitenta por cento vão gastar menos do que o ano passado, sendo o valor médio da intenção de despesa inferior em 35 por cento face ao ano passado: este ano é de 126 anos contra 192 em 2011. Cinco por cento dos inquiridos vão gastar acima dos 250 euros, 15 por cento tencionam despender entre 151 e 250 euros, 34 por cento fica-se entre os 76 e os 150 euros e 22 por cento não querem ultrapassar os 75 euros. Os presentes mais caros serão os mais afetados, mas também as compras com o próprio. Afinal, o preço é (juntamente com a utilidade) um dos critérios mais importantes na escolha. Quanto ao que será oferecido, mantém-se a intenção de incluir brinquedos e produtos culturais. Já quanto ao que se espera receber, os produtos culturais também estão entre os desejos, mas o vestuário vem em primeiro lugar. E onde vão ser feitas as compras? A maioria (74 por cento) nas lojas dos centros comerciais, mas também em hipers e supermercados (66 por cento, mais do que os 58 por cento de 2011). Com o acesso mais generalizado às tecnologias da informação e comunicação, será que têm influência no processo de compra? Dos inquiridos, 12 por cento disseram consultar a internet antes de fazer compras, sobretudo jovens e homens. Mas não há oscilações face ao ano passado. Já no que respeita à intenção de uso do cartão de crédito para pagar as compras há uma ligeira diferença: 40 por cento tencionam utilizá-lo, contra 34 por cento em 2011. E o gasto médio vai diminuir nove euros de um ano para o outro, de 260 para 251. Esta análise foi realizada em colaboração com a Nielsen e aplicada, através de um inquérito quantitativo, a 500 indivíduos de Portugal Continental, de ambos os sexos, dos 18 aos 65 anos, em outubro último. O erro máximo é de +4,4 para um intervalo de confiança de 95 por cento. 40 Novembro/Dezembro de 2012

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Marca

Com quase 80 anos de existência no mercado das massas alimentícias, a Milaneza surpreendeu aos 22 anos com o lançamento das primeiras embalagens de celofane numa época em que as massas eram vendidas a granel. Lidera o mercado desde 1994, graças a uma forte relação de confiança com os consumidores que veem nela uma marca inovadora em soluções para os novos estilos de vida. Graça Amorim, administradora da Cerealis, faz o retrato de uma marca que rejuvenesce com a passagem do tempo

Oito décadas a surpreender o mercado

As massas Milaneza surgiram no mercado em 1933 e rapidamente se impuseram pela sua qualidade. O novo produto, que justificou de raiz a criação de maquinaria própria para as suas necessidades produtivas, destacou-se desde o início pelo respeito da tradição e da qualidade, como recorda Graça Amorim, administradora da Cerealis, detentora da marca Milaneza. “Tradição e modernidade foram sempre uma constante na história da marca, garantida pela permanente capacidade de STORE MAGAZINE

acompanhamento de evolução dos mercados, num processo em contínua renovação e melhoria tecnológica”, explica. Mas também a inovação imprimiu na marca uma personalidade que ciclicamente surpreende o mercado com novas ideias e produtos. A criação, em 1955, das primeiras embalagens de celofane apanhou o mercado de surpresa e constituiu um marco importante na vida da Milaneza, ao destacar-se positivamente num sector

que vendia massas a granel. Enquanto o consumidor usufruía da comodidade das novas formas de apresentação do produto, a fábrica beneficiava também de um esforço de permanente inovação e eficiência. Foi assim que a instalação de novas linhas de fabrico de esparguete e massas cortadas e a instalação de linhas de embalamento semiautomáticas marcaram a década de 60 e permitiram significativos aumentos de eficiência e modernização.

Liderança e notoriedade A liderança do mercado, em 1994, foi um corolário natural para a Milaneza que beneficia “de 91% de notoriedade total e uma forte relação afetiva com os consumidores portugueses”. Com mais uma renovação recente, a marca mantém-se e afirma-se como líder de massa em Portugal e “está hoje presente em diferentes categorias, como massas secas, soluções refrigeradas, com massas, pizzas e refeições preparadas, e soluções >>> Novembro/Dezembro de 2012

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“É uma marca que tem uma enorme e permanente vontade de mudar, de evoluir e de crescer”

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congeladas, com pizzas e refeições preparadas”, diz a administradora da Cerealis. A criação de códigos muito fortes que se foram desenvolvendo ao longo da vida é um traço que se encontra em marcas como a Milaneza. “É uma marca que tem uma enorme e permanente vontade de mudar, de evoluir e de crescer”, afirma Graça Amorim, assumindo “uma permanente procura de melhoria qualitativa que está na génese da marca e da empresa Cerealis”. De acordo com a administradora, “esta dinâmica e vontade estão

na génese da marca e são a sua grande mais-valia, resultando em vantagens competitivas como uma gama de produtos alargada, a qualidade, o saber fazer, o conhecimento, a especialização, a tradição, mas também a modernidade, exclusividade, proximidade e versatilidade, demonstrando dinâmica de inovação constante”. A imagem de qualidade e de confiança é, na verdade, um ativo importantíssimo para a Milaneza. A marca, explica Graça Amorim, “procura sempre ir ao encontro do estilo de vida atual e das opções de consumo, é simples e prática,

jovem e excecionalmente querida pelos seus consumidores”. Inovar para as crianças A um ano de completar oito décadas, a Milaneza “quer manter a sua orientação para o crescimento baseado em processos inovadores que procuram surpreender o consumidor, aproximando-nos, conquistando-os e aumentando a frequência de consumo”, afirma Graça Amorim, que nesse sentido destaca “o recente lançamento da nova gama dirigida a um público muito especial – as crianças”. E explica que a nova gama consiste em “duas referências nutricionalmente muito equilibradas, adequadas às crianças, com vegetais, enriquecidas com vitamina D e com uma imagem lúdica e disruptiva neste sector”. Com o relançamento da marca iniciado no final de julho, e que agora se encontra em plena segunda vaga de comunicação, a empresa pretende “tornar a Milaneza mais atual, mais próxima do consumidor, reforçando o elo de afetividade e a relação de longa data que tem com os portugueses”. “Demos mais um sinal da dinâmica inovadora da Milaneza, caraterística essencial para a consistência de marca que queremos continuar a trabalhar”, afirma Graça Amorim. A administradora não esconde os planos para um futuro próximo: “Até ao final do ano e em 2013, vamos manter esta dinâmica, continuando a inovar e a surpreender o consumidor com o lançamento de novos e diferenciadores produtos”.

HISTÓRIA

A comer massas há milénios Apesar de ser voz corrente que foi Marco Polo que introduziu as massas em Veneza, sabe-se que muito antes disso, no século V a.C., já os gregos se alimentavam com uma mistura de farinha com água seca ao sol e cozida em água. Os primeiros registos históricos que comprovam a produção de massa seca, numa escala relativamente industrial, são os escritos de Al-Idrisi. Este geógrafo árabe afirma que numa localidade perto de Palermo, na Sicília, “se

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produzia em abundância massa com a forma de tiras”. Esta massa designada por “trii” era exportada para diversos locais, inclusivamente por barco. Foi em 1400 que os italianos implementaram definitivamente a comercialização da massa. No livro “De Honesta Voluptate”, de Platina, são apresentadas algumas receitas de massa, e em particular de uma “massa que devia ser cozida rapidamente”, nunca para além do tempo necessário para rezar um padre-nosso.

Talvez assim se compreenda o gosto especial dos italianos pela massa “al dente”, nem muito crua, nem muito cozida. No nosso país, e no que respeita à divulgação das massas alimentícias, regista-se a importância do ano de 1785. Nesse ano, Lucas Rigaud, cozinheiro da rainha D. Maria I, publicou um livro de cozinha, em que se incluíam duas receitas de massa: uma “sopa de aletria e outras massas” e “timbale de macarrão à italiana”.

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Estante

Tendências O Estratega – Seja o Líder que a sua Empresa Precisa Cynthia A. Montgomery Todos os anos, CEO de todo o mundo frequentam o mais concorrido curso da Harvard Business School. Líderes de companhias que faturam entre 10 milhões e 2 mil milhões de dólares por ano pagam milhares de dólares para estarem fechados num campus a ouvir a lendária professora Cynthia Montgomery. Ela argumenta que a estratégia não se deve centrar nos objetivos ou soluções, mas antes na viagem: requer liderança contínua, e para isso precisa de um estratega. “O Estratega” é o resumo do curso, o ponto de partida. Editora: Lua de Papel 14,90 €

dESTAQUES

Desordem Financeira na Europa e nos EUA George Soros George Soros, multimilionário e investidor com vasta experiência explica, nas páginas desta obra, as raízes da crise económica atual que atinge particularmente a Europa. O autor apresenta uma fundamentação original e diversa dos habituais lugares-comuns, focando três momentos que se sucederam e implicaram: a explosão da bolha imobiliária nos EUA, com a consequente introdução de derivativos “tóxicos” no mercado financeiro internacional que contaminaram outros países, sobretudo na zona euro. Editora: Editorial Presença 13,90 €

Como o Capital Financeiro Conquistou o Mundo

sugestão FNAC O Livro das Decisões – 50 Modelos para Pensar com Estratégia Roman Tschäpeller Mikael Krogerus O “Livro das Decisões” junta, num único volume, os melhores cinquenta modelos de decisão utilizados pelos grandes gurus, universidades, empresas e público em geral. Tornouse de imediato um bestseller na Europa e nos EUA, e vem ajudar a resolver as questões mais importantes do dia-a-dia, nos mais diversos níveis. Editora: Marcador 13,50 € O Fim do Euro em Portugal Pedro Braz Teixeira O euro tem graves problemas de arquitetura, para além de ter acumulado muitos erros de gestão, agravados pelas suas propriedades de instabilidade intrínseca. As reformas necessárias à sobrevivência do euro são politicamente inaceitáveis para os países que teriam que arcar com a maior fatia da fatura, em particular a Alemanha. Assim, é cada vez mais provável um qualquer tipo de desagregação do euro, que pode começar com a saída da Grécia desta zona monetária. Este tema levanta inúmeras questões. Editora: Actual Editora 16,00 € STORE MAGAZINE

Jorge Nascimento Rodrigues Este livro tem dois objetivos: por um lado, projetar um filme rápido sobre a história mais do que milenar do nascimento e expansão do capital financeiro, através das revoluções que liderou desde o final do século VIII. A sua história está cheia de inovações surpreendentes. Não se trata de uma história breve do dinheiro, nem dos bancos, nem da política monetária soberana. Mas dos principais capítulos da projecção estratégica deste segmento do capitalismo. Por outro lado, ressaltar que a financeirização é a maior mudança estrutural no capitalismo nos últimos dois séculos. Compreender esse fenómeno é hoje crucial. Editora: Centro Atlántico 14,00 €

Keynes/ Hayek Nicholas Wapshott Como demostra este livro fascinante, nós somos realmente servos das ideias que surgiram no grande debate entre os dois economistas - Friedrich Hayek e o próprio Keynes há mais de oitenta anos. Com uma escrita fluente e grande aptidão para tornar compreensíveis questões financeiras complexas, Nicholas Wapshott prestou um grande serviço à ciência económica, abrindo o assunto ao leitor comum, exposto sob o prisma de um dos mais importantes embates intelectuais dos tempos modernos. Editora: Dom Quixote 19,90 €

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Restaurante

Bela forma e grande conteúdo

Manuel Falcão director-geral da Nova Expressão

Claro!

Avenida Marginal, Curva dos Pinheiros, Hotel Solar Palmeiras Telefone 214 414 231

Desde meados deste ano o chef Vítor Claro deu o seu nome ao restaurante que existe no Hotel Solar das Palmeiras, onde anteriormente funcionava o La Cocagne, numa localização única na Estrada Marginal, com uma vista envolvente do estuário do Tejo e do mar. Sentados na sala do Claro!, junto a uma das janelas, temos a sensação de estar numa ilha, rodeados de água. Melhor ainda, quando o tempo o permite, nas mesas da pequena varanda. A sala é antiga, bem conservada, tradicional e confortável e o hotel dispõe de um parque de estacionamento. Vitor Claro formou-se na Escola de Hotelaria do Estoril e, depois de um percurso iniciado em 2002, e que passou pelo Vila Joya, o Savoy de Londres, pelo catalão el Racó de Can Fabes, o Pica no Chão (que foi criado por ele), o Degusto do Porto, a Herdade da Malhadinha em Beja, e, mais recentemente, o Hotel Albatroz, decidiu voltar a ter o seu próprio restaurante, em Paço de Arcos. Ao almoço poderá escolher o menu com dimensão variável e que começa nos 20 euros com um prato. Como entrada, entre várias possibilidades, um salmão fumado caseiro ou um toucinho quente com ovos de truta e limão. A seguir pode deixar-se tentar pelo leitão acompanhado por raviólis chineses de camarão, uma pescada fresca de anzol (os peixes são sempre irrepreensíveis na frescura e no ponto de confecção) ou ainda um bacalhau com ensopado alentejano de grão. Não se assuste que a excelência da cozinha faz destes pratos, com nomes provocadores, verdadeiros exemplos de leveza. A coisa completa-se com uma tábua de queijos ou doce do dia e inclui água e café. Não vai ficar enfartado. Para além do menu de almoço tem uma carta cheia de tentações, como uma canja de galinha com aipo, ervas e foie gras ou um aveludado

de vieiras com abóbora. Se quiser algo mais substancial pode experimentar o lombo de veado à general Wellington, uma vitela assada à antiga ou uma pescada de anzol com percebes e ouriços-do-mar. Às vezes há surpresas, como pimentos padron com camarões - improvável mas tentador. E vale sempre a pena perguntar qual o peixe do dia. Finalmente existe ainda um menu de degustação sazonal, que incorpora uma viagem por várias das propostas mais emblemáticas da carta fixa, incluindo queijo e sobremesa, por 48 euros. A carta de vinhos é extensa, entre propostas nacionais e uma boa selecção de vinhos estrangeiros. Há boas possibilidades de vinho a copo. Nos vinhos nacionais destaque para uma presença forte da casa Niepoort, com várias gerações de Redoma e algumas raridades, além de excelentes propostas de vinho do Porto para acompanhar os queijos ou doces. Pode ser que tenha a sorte de ainda encontrar uma garrafa de um excelente branco, produzido por Vítor Claro na Serra de São Mamede, em Portalegre, sob o nome Dominó. Há também um Dominó tinto, a merecer atenção. Se seguir a carta e escolher os vinhos de forma comedida poderá ter uma boa refeição, com uma vista única e um serviço impecável, por cerca de 40 euros por pessoa. O próprio chef Vítor Claro faz questão de acompanhar as mesas e dar sugestões, num ambiente simpático e informal. O serviço é todo ele atencioso, profissional e discreto. Quer para um almoço de trabalho ou um jantar de amigos, este Claro!, pela qualidade e pela localização, merece uma visita.

Artigo escrito segundo as normas anteriores ao atual acordo ortográfico

Tori amos

Golden Dust Há 20 anos Tori Amos iniciou a sua carreira com um álbum surpreendente, “Little Earthquakes”. Para assinalar esta duas décadas de actividade ela pegou em alguns dos seus temas mais conhecidos, da maioria dos seus álbuns, e fez uma selecção de 14 canções que submeteu a novos arranjos. Entregou-se nas mãos de uma orquestra holandesa de 52 músicos, a Metropole Orkestre, e o resultado é surpreendente. É preciso dizer que Tori Amos tinha, há muito, a ambição de cantar com uma orquestra – e a Deutsche Grammophon, prosseguindo a sua política editorial de cruzamento de géneros musicais, deu-lhe essa possibilidade. A orquestra dá uma carga emocional diferente a estas canções,

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nalguns momentos poder-se-ia dizer que as torna cinematográficas, e a sonoridade dos músicos contrasta de forma evidente com a voz de Tori Amos, o que contribui para a sensação de novidade que se tem ao ouvir temas tão marcantes nas versões originais como “Yes Anastasia” ou “Jackie’s Strength”. Para muita gente que possivelmente não conhece Tori Amos esta é uma excelente introdução à sua obra, e provavelmente uma pista para futuros caminhos que ela voltará a trilhar.

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Montra

Love, versão eau florale Floral, fresco e poudré – é assim o novo elemento da família love, de chloé, o eau florale. Delicado e requintado, apresenta uma fragância enriquecida com folhas de erva-mate e um toque de ervilhas-de-cheiro. A delicadeza estende-se ao frasco, de vidro límpido e a icónica tampa em metal rosado da marca, unidos por uma corrente no mesmo tom. Tudo para elevar a elegância a uma nova era de leveza.

A hora do titânio Uma caixa com elevada resistência a campos magnéticos é a mais recente inovação da Officine Panerai, patente no novo modelo da marca – o Luminor Submersible 1950 Amagnetic 3 Days Automatic Titanio. Um modelo que alia os valores tradicionais e a autenticidade à pesquisa contínua de soluções técnicas avançadas.

Duffle by Anna Sui Duffle é um dos modelos mais icónicos da marca Coach a que a estilista norte-americana emprestou o seu toque pessoal. O resultado foi uma carteira com um mood Boho devido às costuras, às grandes borlas em pele e às aplicações art nouveau das libelinhas. Com hardware em latão sólido e bolsa interior removível, esta é uma edição limitada.

Tenente black edition O que têm Martin Scorsese, Woody Allen, Truman Capote, Andy Warhol ou Marguerite Duras a ver com José António Tenente? É que estes nomes das artes e das letras mundiais foram alguns dos inspiradores da linha de eyewear black edition. Esta edição especial dedicada a armações apresenta modelos assumidamente retro, com formato retangular e um toque masculino, para um look clássico.

4G à velocidade de 150 Mbps É assim a nova pen da Vodafone. Disponível nas lojas da operadora e online, a Connect Pen K5007 permite atingir velocidades de download de 150 Mbps. O preço de lançamento, válido até 31 de dezembro, é de 79,9 euros e inclui um desconto de 100 euros. A rede 4G da Vodafone Portugal está presente em todas as capitais de distrito, ilhas e principais centros urbanos.

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Os filmes de...

São histórias intensas as que a diretora de Comunicação da Tetra Pak Ibéria, Vera Norte, escolheu como as suas preferidas cinematograficamente falando. Cinco filmes que fazem parte da história recente do cinema

Vera Norte

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diretora de Comunicação da Tetra Pak Ibéria

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Título: Laranja Mecânica (Clockwork Orange), 1971 Realizador: Stanley Kubrick Atores: Malcolm McDowell, Patrick Magee , Michael Bates História: É protagonizado por um jovem cuja vida oscila entre a música clássica e a violência. Alex é líder de um gangue, os druguis (amigos, em russo). Irreverente, mente e engana para conseguir os seus objetivos. Mas esta não é apenas uma história sobre crime, é também sobre castigo…

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Título: Magnólia (Magnolia), 1999 Realizador: Paul Thomas Anderson Atores: Tom Cruise, Jason Robards, Julianne Moore História: Herdou o título da rua de Los Angeles onde se desenrola e onde decorre a vida das nove personagens, cujas histórias se cruzam por coincidência. Temas polémicos como incesto, homossexualidade, drogas e violência são o pano de fundo do filme.

03

Título: O Amor é um Lugar Estranho (Lost in Translation), 2003 Realizador: Sofia Coppola Atores: Scarlett Johansson, Bill Murray, Giovanni Ribisi História: Bob Harris é um ator de meia idade que se encontra em Tóquio para realizar sessões fotográficas publicitárias. É casado, mas a rotina invadiu a sua vida. No hotel, conhece Charlotte, uma jovem também ela casada e que, tal como ele, está sozinha na cidade. Tal como ele também se sente só… O filme narra a relação que se gera entre ambos.

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Título: O Piano (The Piano), 1993 Realizador: Jane Campion Atores: Holly Hunter, Harvey Keitel, Sam Neill, Anna Paquin História: Retrata a trajetória de uma mulher que não fala desde os seis anos e que se muda, com a filha, para a Nova Zelândia recém-colonizada. É aí que conhece o futuro marido, mas não simpatiza com ele e a situação só piora quando ele se recusa a transportar o piano dela, que é a sua maior paixão…

05

Título: Filadélfia (Philadelphia), 1993 Realizador: Jonathan Demme Atores: Tom Hanks, Denzel Washington, Jason Robards, Antonio Banderas História: Andrew é um jovem advogado contratado por uma grande firma de Filadélfia, mas que esconde a verdade sobre a sua sexualidade a sua doença: está infetado com o vírus da sida. Mas a notícia acaba por se espalhar e ele é despedido. Depois de tentativas várias, encontra finalmente um advogado que o defenda contra o preconceito mas que é… um pouco homofóbico. STORE MAGAZINE




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