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Brasil movimentou mais
Brasil movimentou mais R$ 6,8 milhões em importação de veículos antigos para colecionadores em 2020
Processo logístico é demorado e exige investimento alto; saiba quais são os carros mais importados
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OBrasil movimentou US$ 1,17 milhões em importação de veículos antigos em 2020, o equivalente a mais de R$ 6,8 milhões. O pico foi no mês de janeiro, com US$ 244 mil. Embora o dado represente uma diminuição de 11% em relação a 2019, os números mostram uma paixão nacional pelo antigomobilismo, como é chamado o amor pelos colecionadores de carros clássicos. Entre os modelos mais importados no ano estão o Porsche 911 (modelo de 1964), Ford Mustang (modelo de 1962), Cadillac Edorado (modelo de 1953), entre outros (veja a lista completa abaixo). Os números são da LogComex, startup especializada em inteligência de dados para importação e exportação. De acordo com Pedro Rodrigo de Souza, gestor de operações da Pinho Logística, especializada em comércio exterior e logística aduaneira, a importação de carros usados é vetada no Brasil desde 1991 pela Portaria nº 18 do Departamento de Comércio Exterior, mas há exceção para os carros com mais de três décadas, desde que somente para fins culturais e de coleção. “Para ser considerado um veículo antigo, o carro precisa ter mais de 30 anos a partir da data de fabricação. Além disso, o bem precisa estar com cerca de 90% de suas peças originais. Embora qualquer brasileiro possa importar esses veículos, o futuro dono precisa fazer parte de um clube filiado à Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA)", diz.
Burocracia As regras não param por aí. Os interessados em importar carros clássicos precisam seguir uma série de trâmites burocráticos extensos e bastante caros para o bolso, além de fazer uma busca minuciosa entre os vendedores no exterior para não caírem em golpes. "A primeira coisa a se fazer é buscar alguém fora do país que esteja vendendo o carro desejado. Na hora do pagamento, é importante fazer a operação por meio de alguma instituição bancária brasileira autorizada para atuar no mercado de câmbio”, diz Souza. Segundo o especialista, o comprador terá cerca de 200% a mais de gasto somente com os trâmites. O processo leva, em média, mais de três meses até o carro chegar às mãos do colecionador.
Órgãos competentes A primeira etapa para importar o carro é obter o credenciamento no Radar da Receita Federal, o que deve ser feito antes do processo de compra do bem no exterior. Já para o processo todo, é necessário o credenciamento em quatro órgãos competentes: Ibama, Denatran, Decex e Receita Federal. "O Ibama vai emitir a Licença para Uso da Configuração do Veículo ou Motor, o Denatran emitirá o Certificado de Adequação à Legislação Nacional de Trânsito, o Decex analisará a Licença de Importação e, por fim, a Receita Federal verificará a conformidade dos dados informados na Declaração de Importação com a mercadoria importada, analisará todos os documentos e autorizará a entrega da mercadoria", explica. Antes de autorizar o embarque no exterior, é fundamental que já tenha obtido as autorizações necessárias junto ao Ibama, Decex e Denatran. Na chegada do veículo no Brasil, existem também diversos detalhes técnicos a respeito do armazenamento do carro em contêineres e, preferencialmente, sua transferência para algum porto para otimizar os custos de liberação. Com a carga no Brasil e documentação original em mãos, o próximo passo será a inclusão das informações no Siscomex e o pagamento dos impostos. “São tantos detalhes que é altamente recomendável contratar uma empresa de despacho aduaneiro. As regras são inúmeras e qualquer erro pode deixar a compra ainda mais cara", aconselha Souza. Segundo os dados da LogComex, o modal mais utilizado para a entrada dos veículos foi o marítimo, que apresentou mais de 97% dos registros. O Porto de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, ocupou o primeiro lugar como ponto de entrada dos veículos no Brasil.