ISSN 1807-9733
www.btsinforma.com.br Nº 152 • Ano XXII Janeiro/ Fevereiro 2015
A chave da inovação
Saiba como abrir mais oportunidades em tempos de retração econômica
Gigante: Expansão da Lactalis agita mercado nacional
Horizonte SNA aponta ano difícil, mas com várias saídas
Sumário janeiro/ fevereiro
16 Capa
Setor lácteo mantém estado de alerta para 2015 sem, contudo, frear perspectivas otimistas
8 Perfil
Para Joel Naegele, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), indústria pode se renovar com crise
24 Especial
Multinacional francesa acumula investimentos de R$2 bi com aquisições no Brasil; mudanças podem mexer com todo o setor
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Editorial
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Empresas & Negócios
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Artigo Queijo
32 Infográfico 36 Conjuntura
Conjuntura
Executivos pontuam o que esperam do Governo Federal e quais os principais desafios
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Especial Páscoa
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Artigo Iorgute
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Índice de Anunciantes
ISSN 1807-9733
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editorial
ANO XXII • No 152 Janeiro/ Fevereiro 2015
Hora de enfrentar desafios
President Informa Group Latin America Marco A. Basso
vice President Informa Group Latin America Araceli Silveira
Group director José Danghesi
O
ano começa com grandes desafios econômicos para a indústria láctea. Como já é sabido, as perspectivas para 2015 ainda passam pelo enfrentamento de uma crise hídrica em vários Estados e uma possível escassez energética. Todavia, o ambiente não deve ser de espantode espanto. É hora de mais uma vez o setor se unir e passar por mais uma tempestade com aprendizados e, por que não, com inovação. Como bem afirmou um de nossos entrevistados da seção Perfil, Joel Naegele, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), “já enfrentamos outras crises antes, certamente encontraremos saídas inteligentes para atravessá-la.” E mostramos nesta edição quais podem ser essas alternativas. Em Perspectivas, apresentamos algumas tendências que podem se sobressair. Há margens muito positivas, por exemplo, para o crescimento da indústria de sorvetes e queijos, que clama por novos produtos. Nesta linha, ao avaliar o cenário para o ano, Fabio Scarcelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijos (ABIQ) é categórico: “acreditamos que, como o consumo de queijos ainda é baixo, há possibilidades de crescer. E investimentos em inovação poderão trazer mais consumidores.” Também apresentamos um breve panorama da movimentação das fabricantes de chocolate para a Páscoa. E tanto na revista como no especial de nosso site pudemos verificar com os players que a busca por esses consumidores também passa por produtos inovadores. Em Conjuntura, abordamos quais os desafios presidenciais para este ano e como o setor se posiciona perante a nova equipe ministerial e econômica da presidente Dilma Rousseff. Ouvimos de executivos opiniões diversas e muitos deles acreditam que o setor pode sim colher aprendizados, inovar e evoluir, apesar do cenário adverso. E por falar em evolução, tratamos também de mostrar como aquisições da gigante Lactalis podem impactar e beneficiar positivamente toda a cadeia produtiva nacional . Por fim, mostramos ainda dois artigos abrangentes a respeito do cenário dos queijos para 2015, e uma análise da qualidade dos iogurtes. Por isso, acreditamos que cenários de tormentas, na verdade, podem ser enxergados de dois modos: ou nos escondemos e esperamos passar o mau tempo, ou a enfrentamos e aprendemos a nos defender, moldando-nos às intempéries, para depois aproveitar o bom clima que logo chega. Esperamos que você tenha uma boa leitura.
José Danghesi
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perfil Marcelo Tárraga e Itamar Cardin
Indústria tem de ser criativa e tirar “lições” para ultrapassar a crise Em momento de escassez hídrica, energética e economia estagnada, vence quem aprende a transformar dificuldades em oportunidades
A
largada foi dada. A pista é a mesma de todos os anos, mas a desta vez é cheia de obstáculos. Dificuldades em todo o percurso. Mas o pódio também está lá. No mesmo lugar de sempre. Esperando os vencedores. Assim, desta maneira, ele, Ayrton Senna, encarou a primeira grande dificuldade em 1984. Quando acelerava na pista de Mônaco na primeira temporada de F-1. Chuva torrencial. Um carro pouco competitivo. Uma equipe pequena: Toleman. Mas Senna sabia que o pódio estava lá, intacto, pra quem chegasse entre os primeiros. Nada o ajudava. Largada em décimo terceiro. Asfalto derrapante, visibilidade baixa. Porém, isso não assustava o piloto. Pelo contrário, o
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desafiava ainda mais a vencer. E nesse ano, e em especial nessa corrida de Mônaco, ele foi memorável. Em meio a uma adversidade, transformou o cenário em seu palco principal. Ultrapassou quase todos. Ficou em segundo. Virou lenda. Subiu ao pódio. E iniciou assim a sua trajetória de “mito” do automobilismo. A analogia serve para demonstrar o momento vivenciado pela indústria e a economia nacional. Temos desafios nas finanças. Temos crise hídrica. Temos problemas energéticos a enfrentar. Mas, como bem ressalta nosso entrevistado, Joel Naegele, vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA): “teremos de ser criativos. E aproveitar para tirar lições que serão úteis no futuro.”
Com ênfase nos desafios que estarão à frente do setor nos próximos meses, Naegele elege os principais: queda de preço, de venda e redução de renda da população. Todavia, pontua que a crise pode ser uma lição, de “mudança de rumo”. O executivo da SNA ressalta que correr nessa tempestade pode fazer bem à indústria. A dificuldade pode ser um momento de crescer e de aprender a fazer balanceamento, calibrar pneus, encher o tanque só com o necessário e entender a hora certa de brecar.
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), o crescimento econômico brasileiro este ano não passará de 0,3%. E se não bastasse esse cenário de previsão de estagnação econômica e ajustes fiscais que estão sendo feitos pelo Governo Federal, a crise hídrica bate forte no setor. Em Minas Gerais, por exemplo, laticínios já foram orientados a diminuir em até 30% seu uso de água. Os Estados de Rio de Janeiro e São Paulo também enfrentam cenários preocupantes. Sem falar a possibilidade de racionamento de energia.
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perfil
Como será o ano de 2015 para o mercado de leite e derivados? O período que mal começa tem todas as características de ser um ano surreal, com destaque para os Estados da região Sudeste, que são os maiores produtores de leite, cujas economias irão sofrer, e muito, com as consequências. A seca nas proporções que se apresenta está se antecipando ao período tradicionalmente considerado de produção, que começa em final de março/princípio de abril, e que se revela absolutamente desastrosa para o setor lácteo.
“Teremos de ser criativos. Trabalhar o reaproveitamento de água usada no processo de higienização dos equipamentos que processam produtos lácteos, assim como policiar os gastos com energia” “A seca nas proporções que se apresenta, está se antecipando ao período tradicionalmente considerado de baixa produção que começa
Sob a análise da sua área de atuação e com base nos resultados de em final de março, princípio de abril, 2014, quais os grandes desafios e e que se revelam absolutamente metas esperados para o próximo desastrosas para o setor lácteo”, ano? enfatiza. Todavia, como em uma temporada de automobilismo, a soma de pódios, ou pequenas conquistas ao longo do ano, é que definirá o vencedor de cada categoria. Em um ano cheio de desafios, não vence só quem tiver o melhor carro, ou o melhor motor, e sim que souber pilotar em meio a cenários adversos. “O setor laticinista no Brasil irá passar por uma experiência jamais vivida. Como já enfrentamos outras crises antes, certamente encontraremos saídas inteligentes para atravessá-la”, ressalta.
Do ponto de vista dos produtores, o que se pode dizer é que o interesse particular é a continuidade de seus projetos que, prioritariamente, visam ao crescimento da produção. O setor trabalha com a estimativa de que, no momento, 70% do leite é proveniente dos produtores que alcançam até cem litros diários. Esses produtores não fazem grandes cálculos, que na verdade são preocupações das indústrias que tem no leite a sua principal matéria prima. Quanto às perspectivas, elas se enquadram nas projeções gerais de quem produz para vender, e nesse caso é o mercado que vai ditar os caminhos a percorrer. Como o leite é um produto essencial à ali-
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mentação da população, a tendência é de que a produção cresça independentemente do que o mercado pense a respeito. No entanto, falta ao setor mais políticas públicas que beneficiem os pequenos produtores.
A queda de consumo dos produ-
“Como o leite é um produto essencial à alimentação da população, a tendência é de que a produção cresça independentemente do que o mercado pense a respeito.” tos do setor preocupa? Como essa tendência pode ser revertida? Além da diminuição da produção já acentuada, os preços dos produtos lácteos, assim como os preços das demais mercadorias, deverão sofrer redução, ou queda de vendas pela diminuição dos rendimentos das pessoas. A retração de mercado é comandada pelas políticas que já estão sendo implementadas por parte do governo federal, para a correção de rumos da economia brasileira, fortemente agravada pelas ações do governo em 2014.
De que maneira a baixa de preços do leite, verificada inclusive no mercado mundial, tende a prejudicar a indústria láctea nacional? Para piorar o quadro, também no mercado mundial os preços estão oscilando para baixo, pela queda do consumo. Difícil prever as decorrências desse estado de coisas de certa forma inusitado, que certamente vai afetar o setor no Brasil.
Como esses preços devem comportar-se até o final de 2015? A previsão para os preços futuros não nos parecem animadoras. O setor laticinista no Brasil irá passar por uma experiência jamais vivida. Como já enfrentamos outras crises antes, certamente encontraremos saídas inteligentes para atravessá-la.
Alguns laticínios já declararam que devem reduzir os investimentos por conta da escassez de água. Qual o tamanho do impacto da crise energética no setor lácteo? Por quê? Nossas indústrias já estão antecipando mudanças de projetos iniciais, que previam crescimento com novos investimentos. O momento é de cautela, já que o impacto das “crises” que inclui falta d’água e encarecimento da energia recomendam prudência.
“A retração de mercado é comandada pelas políticas que já estão sendo implementadas por parte do governo federal, para a correção de rumos da economia brasileira. A crise é uma lição que precisa ser entendida como oportunidade para mudanças de rumos e de atitudes.” O que o setor pode fazer para minimizar o impacto da escassez de água e energia? Teremos de ser criativos e aproveitar para tirar lições que serão úteis no futuro, incluindo aí trabalhar o reaproveitamento da grande volume de água usada no processo de higienização dos equipamentos que processam produtos lácteos, assim como policiar os gastos com energia geralmente descuidados. A crise é uma lição que precisa ser entendida como oportunidade para mudanças de rumos e de atitudes.
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empresas & negócios
Essas informações foram originalmente publicadas em nosso portal. Acesse e confira outras notícias:
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Leite Coca-Cola começa a ser vendido neste semestre
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se pudéssemos filtrar a melhor parte do leite?”, questionou a americana Sue McCloskey ao seu marido Mike. Assim nasceu a jornada que levou o casal de fazendeiros a um dos grandes saltos de sua carreira no mercado lácteo: o lançamento de um leite “inovador” em parceria com a gigante Coca-Cola. Entre março e abril, o produto será disponibilizado nos EUA. Como mãe de quatro filhos e mulher, Sue contou em uma conferência com a imprensa que lhe motivava a ideia de desenvolver um leite saudável para os filhos e que atendesse às necessidades nutricionais da mulher, entre outras inspirações. Os testes iniciais de filtração aconteceram na própria casa. Hoje, o produto é produzido a partir de um sistema de filtração patenteado e apresentado em sua fórmula final como um leite com 50% mais proteína, 30% mais cálcio e metade do açúcar que no leite comum. “Não é só negócio; é paixão”, argumenta Sue. “Diz respeito aos benefícios para a saúde.” Mike explica que o sistema de filtração “concentra o melhor dos nutrientes naturais do leite, como proteína e cálcio, enquanto filtra a lactose e reduz o açúcar”. “Estamos muito animados em
transformar um superalimento em algo ainda melhor”, celebra. O casal tem certeza de que o produto será um sucesso, apesar da queda de demanda de leite, que tem afetado não só o Brasil, mas também os preços internacionais. Sob o mantra “Believe in better” (algo como “acredite no melhor”), presente em todo o material institucional da fairlife e repetido - ao menos seis vezes – ao longo da apresentação aos jornalistas, o casal enfatiza a constante busca por melhorias como um diferencial da marca. “Não produzimos apenas um leite melhor, também nos dedicamos a proporcionar um melhor tratamento para as vacas”, enfatiza Mike. Essa e outras adaptações com viés sustentável, como a reutilização do esterco da vaca na produção de gás natural para os caminhões da fazenda, foram destacadas para embasar o trio de qualidades promovido para o produto: “melhor para as vacas, melhor para a Terra e melhor para as pessoas”. “Os consumidores estão procurando mais opções de alimentos de verdade e menos processados”, afirma Steve Jones, CEO da fairlife. Ele adiantou que, por enquanto, o lançamento será exclusivamente focado nos EUA. E garantiu duas vezes “É leite de verdade.”
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Aurora lança leites e bebidas lácteas sem lactose
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erca de 40% da população brasileira tem intolerância à lactose, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De olho nesse público, a Aurora lança neste mês produtos com zero % lactose nas suas linhas de leite e de bebidas lácteas. O leite longa vida zero % lactose da marca é apresentado em três versões: integral, semidesnatado e desnatado. Já a linha de bebidas lácteas ganha sua versão sem lactose nos sabores uva verde, morango e frutas vermelhas. Produzidos na indústria da Cooperativa Central Aurora Alimentos de Pinhalzinho (SC), os produtos serão inicialmente disponibilizado nos mercados de Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Porto Alegre.
Iogurte grego: Nestlé amplia linha com lançamento de versão líquida light
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iogurte grego, alimento que caiu no gosto do paladar brasileiro com sua consistência mais cremosa, continua rendendo novas apostas dos fabricantes. A Nestlé acaba de anunciar mais uma delas. Trata-se da primeira versão light da sua linha Grego Líquido, que chega nos sabores mel e maracujá. Os novos produtos contam com 50% menos gordura e menos de 100 calorias por unidade de 170g, segundo ressalta a marca. Eles complementam a linha Grego Líquido, que “une a praticidade do consumo on the go a características marcantes do iogurte grego” e já oferece os sabores tradicional e frutas vermelhas. Com os lançamentos, a empresa totaliza 15 produtos em seu portfólio de iogurtes Grego.
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Com nova aquisição, Tetra Pak quer crescer em setor de queijo fresco
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tenta ao crescimento de 16% do consumo mundial de queijo previsto para a próxima década, segundo a Organização para o Desenvolvimento e a Cooperação Econômica (OCDE) e a Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO), a Tetra Pak acaba de concluir a aquisição da polonesa Obram S.A., fornecedora de soluções tecnológicas e equipamentos para a produção de queijo na Polônia, Rússia, Bielorrússia e outros países da Europa. Segundo o anúncio, a Tetra Pak celebra a transação ressaltando a forte reputação construída pela Obram desde sua criação, em 1976, no fornecimento de soluções para a produção de queijo fresco, queijo cottage e aplicações de queijos semi-duros, incluindo a manipulação de moldes e salmouras. “Com consumidores mais conscientizados sobre a importância de uma boa alimentação para a saúde é esperado um crescimento da popularidade do queijo fresco e dos queijos magros”, destaca a companhia, ainda sobre dados levantados pela OCDE e FAO. “Entre 2013 e 2014, o queijo frescal foi responsável por 50%
do crescimento do valor absoluto do mercado global de queijo, impulsionado pela inovação de produtos e aumento da penetração.” “Esta aquisição reforçará nossa capacidade de ajudar os clientes a aproveitarem essas oportunidades, especialmente em lugares como a América Central, América do Sul e na Índia, onde a demanda dos consumidores por queijo fresco está crescendo a um ritmo extraordinário”, afirma Tim High, vice-presidente executivo de sistemas de processamento da Tetra Pak. ”As soluções automatizadas da Obram oferecem qualidade superior e alternativas eficientes para instalações manuais ou semi-automatizadas que ainda são amplamente utilizados”. Para Zbigniew Raczynski, presidente e CEO da Obram, o acordo ajudará a empresa a crescer por meio dos canais de vendas globais da Tetra Pak. “E ao mesmo tempo nos permite oferecer uma gama mais ampla de produtos e serviços aos nossos clientes, como filtração e tratamento de soro de leite, além de suporte técnico e peças”, afirma Zbigniew.
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Lactose: Arla Foods Ingredients aposta em leilão para se tornar fornecedora líder
Na vitrine Nem tanto
A atividade varejista cresceu 3,7% ano passado em relação ao ano anterior, puxada principalmente pelo setor de supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio. Todavia, o crescimento foi o resultado mais fraco em 11 anos
No mundo
Quatro dos cinco grupos de alimentos básicos avaliados pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no comércio do mercado internacional apresentaram queda de preços em 2014. É o caso dos produtos lácteos, cujo índice diminuiu 2,3% em dezembro e atingiu o nível mais baixo desde 2009. A queda dos preços foi maior para o leite em pó, manteiga e queijo.
V
isando se tornar a maior fornecedora de lactose do mundo, a Arla Foods Ingredientes, um braço da companhia internacional Arla Foods, anunciou a intenção de vender o ingrediente a partir de 15 de abril através do Global Dairy Trade, uma plataforma de leilão online. Segundo a empresa, mais de 900 mil toneladas de ingredientes lácteos são vendidos anualmente por meio do GDT, a maioria em forma de leite em pó. No entanto, ressalta a Arla Foods Ingredients, apenas volumes limitados de lactose são movimentados na plataforma. Em novembro de 2014, a empresa inaugurou sua nova fábrica de lactose na Dinamarca. Seu funcionamento ele-
Caminhando
vará a capacidade produtiva da Arla Foods Ingredients – incluindo seu potencial em joint ventures – para um total de 115 mil toneladas durante 2015.
Um dos temas mais importantes da agenda ambiental do Brasil em 2015, o Cadastro Ambiental Rural (CAR), está avançando em ritmo lento. Segundo o Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (MAPA), o CAR atingiu neste mês a marca de 551 mil imóveis rurais cadastrados, número que representa menos de 10% da meta de 5,2 milhões de propriedades que devem ser registradas no País.
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perspectivas
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Thais Ito
O ano da cautela? Diante de incertezas da macroeconomia brasileira, o setor lácteo mantém estado de alerta sem, contudo, frear perspectivas otimistas
U
m período desafiador promete se desdobrar este ano. Afinal, o Brasil vem de um ano com baixo índice de crescimento e inflação beirando o teto da meta - o País encerrou 2014 em 6,41%; o teto estabelecido pelo Banco Central era de 6,5%. No novo ano, a realidade não deve ser muito diferente, segundo projeção do banco Rabobank. Cientes desse cenário, representantes de diversos setores ligados ao mercado lácteo já acenderam o alarme de cautela. Ainda assim, as perspectivas não caem no pessimismo. Pelo contrário: o setor não só aposta, no mínimo, na manutenção de bons resultados obtidos no ano
anterior, como também demonstra jogo de cintura para enfrentar os próximos entraves com novidades e até projeção de crescimento. Edson Martins, diretor comercial da Laticínios Tirol, por exemplo, reconhece que 2015 será um ano turbulento de ajuste econômico e político. Entretanto, o executivo assume algumas metas nada modestas: crescimento acima da média do mercado, redução de custos, reestruturação de processos e contínua apresentação de produtos de qualidades para o público consumidor. “O mercado seguirá um um ritmo de baixo crescimento e estagnação do consumo”, pondera. “Diariamente recebemos novos desafios,
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perspectivas
“Acreditamos que, como o consumo de queijos ainda é baixo (ao redor de 5 quilos per capita/ano), ainda há possibilidades de crescer. Investimentos em inovação poderão trazer mais consumidores”
Na correnteza de 2014
“O mercado do leite [brasileiro] passou por momentos distintos devido a variação dos custos de produção, principalmente em função da seca que atingiu importantes bacias leiteiras”, analisa Almeida, o controller da Sibele Alimentos . “Outro momento foi o aumento do volume de leite captado no último trimestre, quando o mercado consumidor não acompanhou o previsto, proporcionando o aumento do estoque na indústria.”
Altos e baixos em 2015
Queda nos preços dos grãos deve baratear custos com ração e favorecer margens do setor lácteo
Fonte: Rabobank
Entrada da Lactalis com a aquisição da divisão de lácteos da BRF e de ativos da LBR devem dinamizar o setor e impulsionar a inovação
Contínuo recuo do preço por litro deve impactar produtores e beneficiar a indústria
Concorrência mais acirrada para as exportações brasileiras em mercados tradicionais (Venezuela, África, Oriente Médio)
Compras da Rússia podem favorecer as exportações brasileiras
e isso faz com que nossa equipe se mantenha em constante alerta e em busca de estratégias para melhorar os resultados.” Semelhante atitude nasce da fabricante mineira de produtos lácteos Sibele Alimentos. Segundo Rafael Cunha de Almeida, controller da empresa, o objetivo este ano é manter a fidelidade dos clientes e trabalhar ainda mais a qualidade. “Acreditamos que o ano não será ruim, mas será igual a 2014”, conclui. Já o presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Setor de Sorvetes (ABIS), Eduardo Weisberg, faz uma avaliação ainda mais comedida. “2015 promete bons ares. Há perspectiva de crescimento positivo, porém modesto”, declara. O estoque elevado de leite pressionou tanto o preço do leite que ele chegou a exercer, junto aos preços dos sorvetes e picolés, a maior influência negativa no setor de alimentos do Índice de Preços ao Produtor (IPP) em novembro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2015, o preço do leite deve manter patamares baixos, inclusive em escala global, de acordo com o Rabobank. A demanda interna deve
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crescer em ritmo lento, dada a conjuntura econômica, prejudicando os preços pagos aos produtores. Apesar disso, o balanço do setor é positivo - tanto ao olhar para o horizonte adiante quanto pelo retrovisor. “Em função das margens positivas que o setor experimentou no último ano, os produtores foram incentivados a investir em substancial crescimento do rebanho e em equipamentos”, avalia o banco, que prevê uma oferta firme para 2015. A previsão de queda nos preços dos grãos e a consequente redução dos custos da ração devem compensar os preços baixos e equilibrar as margens no campo. Outro ponto positivo em 2015 é a dinamização do mercado com a reorganização de empresas, como a chegada da francesa Lactalis através das transações realizadas com a BRF e LBR. “A expectativa é de maior dinâmica e inovação industrial em 2015”, aponta o Rabobank. Já no mercado internacional, alguns obstáculos podem prejudicar os players brasileiros. “Com a Oceania aumentando a produção como maior exportador de lácteos; e os Estados Unidos, outro importante produtor de leite, aumentando a participação nas exportações, o ano de 2015 será um ano de muitos desafios para o mercado leiteiro no Brasil”, opina Renato Silva, porta-voz da empresa Heatcraft.
consumo crescente, porém em menor ritmo que na média dos anos anteriores, segundo Fabio Scarcelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijos (ABIQ). Apesar da decepção com as vendas durante a Copa do Mundo e os estoques elevados no fim do ano, indicando uma diminuição de giro, a expectativa para 2015 é de um aumento de 7% (considerando empresas com Serviço de Inspeção Federal). A cautela também é palavra de ordem nesse segmento. “Acreditamos que, como o consumo de queijos ainda é baixo (ao redor de 5 quilos per capita/ ano), ainda há possibilidades de crescer por ser o queijo um alimento altamente nutritivo e versátil”, explica Scarcelli. “Mas isso vai depender de como se comportará a economia já que há impacto direto nas escolhas da cesta de alimentos do consumidor.” Por outro lado, pontua o presidente da entidade, “vemos a continuação dos esforços dos laticínios queijeiros na busca cada vez maior por eficiência em seus processos produtivos para trabalharem num cenário mais adverso”. Com o mesmo tom otimista que outros representantes do setor de leite e derivados, ele conclui: “Talvez tenhamos um mercado de leite com mais folga, até porque há mais oferta mundial de leite e acreditamos que os investimentos em inovação poderão trazer mais consumidores para o consumo dos queijos.”
“Acreditamos que o ano não será ruim, mas será igual a 2014”
Queijo prevê aumento de 7% No balanço de 2014, o segmento de queijos registrou um
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Artigo Queijo
Fábio Scarcelli, presidente da ABIQ
A evolução do mercado de queijos em 2014 e suas perspectivas
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Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ) estima que a produção nacional de queijos em 2014 tenha atingido 1,1 milhão de tonelada nas empresas sob inspeção federal (SIF), apesar dos desafios terem sido maiores ante o ano anterior. Isso deve representar
um aumento de 7% sobre 2013; abaixo da média de 9% dos últimos cinco anos. Se falarmos de litros de leite processados, a indústria brasileira de queijos industrializou perto de 11 bilhões de litros de leite no ano. Vários fatores contribuíram para o crescimento geral mas também para a
queda do ritmo da produção. Houve altas expressivas da matéria-prima, que foi muito demandada, e alta de outros insumos. Ocorreu também dificuldade de repasses aos preços, provocando redução da margem média em relação a 2013; e os resultados financeiros ficaram mais apertados.
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Produção de queijos em 2014:
1,1 Milhão
11 bilhões de litros processados
Crescimento 9
9%
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7%
2 0
7% ante ano anterior
média de crescimentos dos últimos cinco anos: 9%
“Variedades de queijos e de apresentações continuaram chegando aos mercados, para satisfazer consumidores com novas necessidades e para agregar valor e melhorar as margens” Em termos de volume, a Copa do Mundo e as Eleições não trouxeram o aumento de demanda esperado das mercadorias nos pontos de venda. E mais para o final do ano também foi detectado um giro mais lento dos estoques, talvez já antecipando alguma dificuldade no consumo. Foi um ano que exigiu muito tra-
balho no campo para administração dos preços da matéria-prima, mas também exigiu uma atenção constante para o equilíbrio entre produção e vendas. Entretanto isso não impediu que o setor continuasse investindo em inovações e lançamentos. Variedades de queijos e de apresentações
continuaram chegando aos mercados, para satisfazer consumidores com novas necessidades e para agregar valor e melhorar as margens. Os esforços do setor na melhoria de suas plantas e na automação das linhas de produção se mantiveram, até em consequência da dificuldade de se conseguir mão
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Artigo Queijo
“Nos últimos anos vivenciamos um aumento do consumo de queijos em lares de todas faixas sociais, e também um aumento da experimentação e consumo de produtos além dos tipos mais usuais: mussarela, requeijão e queijo prato” de obra. Cresceram também os objetivos de aumentar a produtividade, a qualidade e a redução de custos com ganhos de eficiência. Devemos ressaltar em 2014 a compra de unidades produtoras de queijos da LBR e da BRFoods pelo grupo francês Lactalis, como um fato relevante para o mercado brasileiro de queijos. Enxergamos com muito bons olhos o aumento da profissionalização do setor, sinal também de seu amadurecimento e importância.
Olhamos para 2015 com confiança, embora com cautela. Nossa maior preocupação é com a redução da renda per capita - seja pelo aumento da inflação ou de eventual desemprego - que venha a obrigar o consumidor brasileiro a interromper seu acesso a produtos lácteos de alto valor nutritivo como os queijos. Nos últimos anos vivenciamos um aumento do consumo de queijos em lares de todas faixas sociais, e também um aumento da experimentação e
consumo de queijos além dos tipos mais usuais: mussarela, requeijão e queijo prato. Como o brasileiro ainda consome pouco queijo, em média cinco quilos per capita/ano, acreditamos que há espaço para esse consumo aumentar. Contudo, se a inflação continuar crescendo deve-se esperar alguma mudança nos hábitos de compras. Nos queijos poderemos esperar algum impacto nos volumes do food service e na expansão de consumo de queijos finos, especialmente. Em 2015, a ABIQ continuará com atuações importantes junto ao MAPA, à ANVISA e ao Mercosul, no que tange aos temas regulatórios, em especial sobre novas normas de rotulagem e a luta constante por um novo RIISPOA. No campo Jurídico novos temas estão se mostrando importantes, como a revisão do PIS e do COFINS, o início das tratativas sobre Logística Reserva Financiamento e Sustentabilidade e a temática de compliance que está ganhando relevância na sociedade brasileira. Manteremos uma presença ativa na Câmara Setorial do Leite, a parceria com a Viva Lácteos e uma interação constante com toda a cadeia. Vamos continuar nossa atuação de apoio aos fabricantes em todas as frentes que são objetos da existência da entidade: questões regulatórias, fiscais e tributárias, aproximação e interação crescente com todas as indústrias de queijo no Brasil, divulgação dos benefícios do alimento para formadores de opinião e consumidores, e ações de disseminação de conhecimentos atualizados para os fabricantes. Deverá ser um ano mais difícil para toda a economia e certamente, como já dissemos, deve-se esperar um reflexo no consumo de queijos. Mas ainda somos otimistas de que os valores nutricionais, a conveniência, o sabor e praticidade dos queijos garantem uma possibilidade de expansão de seu consumo no Brasil.
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Lactalis Thais Ito
Lactalis: bilh천es de
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leite na indĂşstria
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Lactalis
Samuel Oliveira, do Indusval, banco que assessorou transações da Lactalis no Brasil: “Foi apenas uma coicidência que a transação da BRF tenha ocorrido no mesmo ano que o da LBR”
Multinacional francesa acumula investimentos acima de R$2 bi com aquisições no mercado brasileiro; confira o perfil do player e as expectativas do mercado
divulgação/Indusval
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O
ano de 1933 estava chegando ao fim quando André Besnier fundou a empresa familiar Lactalis na cidade francesa de Laval, cuja população de aproximadamente 27 mil habitantes à época não lotaria o sambódromo do Anhembi (SP). No primeiro dia de trabalho, com um único funcionário, a empresa operou com apenas 35 litros de leite e produziu 17 peças de queijo Camembert. Hoje, a companhia coleta, em média, um milhão de vezes mais leite diariamente para abastecer suas mais de 200 fábricas ao redor do mundo. É a partir delas, e com o apoio de 61 mil funcionários, que a Lactalis sustenta atualmente o posto de uma das maiores companhias lácteas do mundo, junto à Nestlé e a Danone. Com faturamento na ordem de 16 bilhões de euros anuais, a Lactalis segue com a essência familiar e expansiva - estima-se que 76% de sua receita tenha origem em operações internacionais.
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É nesta correnteza que a Lactalis promete movimentar o mercado brasileiro. Acontece que até há pouco, a multinacional detinha apenas um pequeno negócio em território tupiniquim: a fabricante de queijos Balkis, adquirida em 2013. A partir de 2014, o cenário mudou. Nesse curto período de tempo, a companhia realizou um investimento bilionário na aquisição de ativos da LBR e da divisão de lácteos da BRF, acumulando 17 plantas no País. Seria uma invasão? Samuel Augusto de Oliveira, do Indusval, banco que assessorou as transações, garante que foi uma coicidência. “A LBR, que era mantida por investidores financeiros, estava buscando investidores estratégicos. Ao mesmo tempo, o contrato de royalties da Parmalat [permitindo sua comercialização no Brasil pela LBR] venceria em 2017. O que a Lactalis, que é a
Previsão: pancadas de inovação A expansão da Lactalis no Brasil é uma das transações destacadas pelo Rabobank, banco especializado no agronegócio, ao apontar sua previsão de um ano agitado no mercado nacional. “A expectativa é de maior dinâmica e inovação industrial em 2015, como resultado da reorganização das principais empresas do setor lácteo. Entre as iniciativas de maior destaque podemos mencionar os investimentos por parte da Lactalis e a consequente saída da BRF; as vendas dos ativos da LBR; e a reestruturação da Nestlé e da Fonterra com o fim da parceria DPA”, divulgou o banco. A previsão, ainda segundo o Rabobank, é que a Lactalis deve assumir a liderança na categoria de UHT com um market share próximo a 10% em 2015. “Em termos de captação de leite, a multinacional francesa disputará a liderança com a Nestlé”, aponta.
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Lactalis
61 mil funcionários em 70 países
actalis em
• 14,6 bilhões
de litros de leite coletados por ano
- Faturamento de 16 bilhões de euros em 2013 (26% provêm da França)
números • 200 fábricas
distribuídas em 37 países
15a maior empresa de alimentos do mundo
Fonte: Lactalis
dona majoritária da Parmalat [detentora de 83,3% da Parmalat], resolveu fazer foi adiantar”, explica. Paralelamente, a francesa tem voltado seus investimentos em mercados emergentes, conforme complementa Oliveira. “Não foi só no Brasil; eles investiram na Índia, na Rússia, na África do Sul. Foi apenas coincidência que a transação da BRF tenha ocorrido no mesmo ano que o da LBR”, atesta. O banco Indusval acompanhará a Lactalis até a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) em relação à compra da di-
visão da BRF, que custou à francesa R$1,8 bilhão. No caso da LBR, Oliveira afirma que as quatro unidades da LBR pelas quais a Lactalis desembolsou R$250 milhões já estão sob a gestão da francesa. E depois, o que vem pela frente? Segundo o porta-voz do banco, muita água ainda vai rolar, mas ainda não soube precisar se a Lactalis já tem novos planos no mercado brasileiro. “Depois dessas transações, a absorção da BRF e da LBR será um grande desafio e a prioridade será cobrir essa etapa de adaptação”, pontua.
Para Oliveira, a maior participação de um novo player global é positivo. “É um concorrente estratégico em um mercado que ainda é muito fragmentado; vai trazer experiência de uma multinacional e expertise em queijos”, argumenta. Segundo ele, não há risco de concentração de mercado porque cada um dos players estrangeiros no Brasil é forte em uma categoria diferente: a Nestlé, em chocolate; a Danone,
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em iogurte, e a Lactalis, em queijos inclusive, a unidade norte-americana do grupo Lactalis se apresenta como “um ótimo queijo: é isso o que somos, puro e simplesmente”. Por isso, Oliveira anuncia: “Será uma competição interessante.”
Expectativas do setor No setor lácteo, as opiniões também apontam boas perspectivas. O presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados
“Novas aquisições podem ocorrer em 2015” no Estado de São Paulo (Sindileite), Carlos Humberto Mendes de Carvalho, concorda que a francesa não representa perigo em termos de concentração de mercado. Segundo ele, a Nestlé, maior firma de lácteos no Brasil, tem apenas cerca de 9% do mercado. A segunda seria a Lactalis com as novas aquisições. Em seguida, há a Vigor, Italac, Piracanju-
ba, entre outras. “É um mercado bem diluído no Brasil”, define. Novas aquisições ou fusões ainda podem ocorrer em 2015, de acordo com Carvalho. “Com o dólar em alta e a nossa moeda desvalorizada, o ambiente é propício para grupos externos entrarem no País. Este será um ano de crise macroeconômica no País - e em todo ano de crise ocorrem mudanças. A própria Lactalis pode acabar adquirindo mais ativos no Brasil”, assegura.
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Lactalis
As facetas da Lactalis no Brasil
Aquisição
O que
Balkis
O laticínio Balkis, incluindo duas unidades de produção de queijos Santo Antônio de Aracanguá (SP) e Juruaia (MG)
LBR Quatro ativos da LBR Fazenda Vila Nova (RS), Barra Mansa (RJ), Poços de Caldas (GO) e Boa Nata (GO) -, e o direito de usar a marca Parmalat no Brasil
BRF Divisão de lácteos, que inclui unidades em Bom Conselho (PE), Carambeí (PR), Ravena (MG), Concórdia (SC), Teutônia (RS), Itumbiara (GO), Terenos (MS), Ijuí (RS), 3 de Maio I (RS), 3 de Maio II (RS) e Santa Rosa (RS)
Ano
2013
2014
2014 (aguardando aprovação do CADE)
Valor
R$70 mi
R$250 mi
R$1,8 bi
Queijo, manteiga
Requeijão, leite UHT, queijo, leite em pó, creme de leite, manteiga
Leite UHT, iogurte, petit suisse, leite em pó, bebida láctea, creme de leite, leite condensado, doce de leite, manteiga, requeijão, composto lácteo
Parmalat, Poços de Caldas, DaMatta, Boa Nata
Batavo, Elegê, Cotochés, Santa Rosa, DoBon
Produtos
Marcas
Balkis, que também se tornou canal de distribuição para as marcas europeias Président, Don Bernardo, Galbani, Gran Captain
(Fontes: BRF, LBR, site Leite & Derivados, Exame, Indusval)
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O presidente do Sindileite também vê a entrada de companhias estrangeiras com bons olhos. “Sempre que uma grande empresa entra no País traz uma tecnologia atualizada. No caso da Lactalis deve melhorar muito, principalmente na LBR, que é uma firma que vinha com dificuldade. É, portanto, positivo para o mercado de lácteos em termos de inovações”, conclui. Para Edson Martins, diretor de mercado da Laticínios Tirol, o mercado lácteo é naturalmente dinâmico. “Por isso, a entrada de um player com uma veia inovadora trará um ritmo diferenciado de inovação, porém não muito diferente do que já estamos acostumados, ao menos neste primeiro ano”, pondera.
Dinamismo em 2015 também deve ocorrer por conta do reaquecimento do preço do leite em pó no mercado global, segundo Haroldo de Souza, presidente da Centroleite A Tirol, por exemplo, que industrializa leite longa vida e pausterizado, queijo, requeijão, entre outros, garante que vem investindo em inovação para lançar no mínimo dez novos produtos ao ano e desenvolver outros para grupos específicos, como linhas zero lactose.
Já Haroldo Max de Souza, presidente da Cooperativa Central de Laticínios de Goiás (Centroleite), não se restringe apenas à entrada reforçada da francesa no mercado brasileiro para acreditar em um ano mais movimentado. “Este ano pode realmente ser mais dinâmico, mas não necessariamente só por conta da Lactalis; também pelo reaquecimento do preço do leite em pó, que tende a reagir, no mercado internacional”, ressalta. Souza, entretanto, não deixa de reconhecer a relevância da multinacional que aumenta suas ramificações no País. “É um diferencial positivo, sem dúvida. É mais um comprador de leite de renome, uma empresa séria que vem somar com as demais.”
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Infográfico
Como o tratamento de efluente pode virar um negócio sustentável e preservar os recursos ambientais
Marcelo Tárraga
Estação de Tratamento
Efluente sai do laticínio
Laticínio Tratamento de água
Devolve com qualidade aos rios, sem agredir o meio ambiente
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Transformado em produtos, fertilizantes, adubo
Lodo pode virar cobertura para aterro sanitário
+ economia para outros produtores rurais + fonte de lucro para laticínio
Lodo pode ser reaproveitado
Em determinados casos, serve como material de indústria cerâmica e asfáltica
• Pode-se produzir energia com o processo
+ economia elétrica - uso de água
O reflexo de um bom tratamento de efluentes demonstra para o cliente final que a empresa é ambientalmente responsável e mantém práticas sustentáveis
EXEMPLO ADI Systems no Brasil está implantando um reator ADI-BVF em um grande laticínio de Goiás. Esta planta de tratamento irá tratar efluente (230 m³/h) e soro (04 m³/h), gerando uma alta qualidade de efluente tratado. Além disso o biogás gerado nesta planta (cerca de 1200 m³/h) que irá alimentar uma caldeira, gerando uma economia média de 40 toneladas de lenha por dia.
Fontes de informação: ADI Systems; Cesan-Es; Empraba; Godoi ECO SUSTENTA; UFRN;)
Arte: Adriano Cantero
Com tratamento anaeróbio gera-se Biogás
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Especial páscoa 2015
Notícias
Especial Páscoa 2015
Revistas
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Prévia da Páscoa: lançamentos, tendências e
“muito mais leite” N
esta Páscoa, apesar do clima de cautela no cenário macroeconômico, a indústria de chocolate promete verter no mercado brasileiro uma boa dose de sabor e novidades, além de um toque de otimismo. Se depender dos lançamentos, já podemos adiantar que em termos de criatividade e sabor a Páscoa deste ano promete. A Kopenhagen, por exemplo, uniu chocolate recheado com uma joia de prata para traduzir seu ideal de presente sofisticado. Já a Lacta despertou a questão “como não pensamos nisso antes?” com o seu principal lançamento, o ovo da bolacha Oreo. Os ovos para comer de colherada se multiplicaram entre as marcas. E a tendência de receitas com mais leite, que pode turbinar o setor lácteo, conquistou a Nestlé, a Cacau Show, a Garoto. As expectativas da indústria de chocolate foram reveladas à imprensa durante o Salão de Páscoa, evento promovido
Guia Fornecedores
pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). Entre as oito companhias que expuseram no Salão, a Cacau Show era a mais otimista. A marca projeta um
crescimento de 25% em vendas nesta Páscoa A Arcor acredita em um incremento de 5%. Já a Village projeta alta de 6%, embora pondere que a previsão foi calculada em meados do ano passado, quando o cenário econômico não era tão adverso.
Para deixar você, caro leitor, por dentro do que está por vir, a Leite & Derivados preparou na web um especial exclusivo com análises, projeções, lançamentos, e estratégias de vendas e principais tendências do setor. É a série “Especial Páscoa 2015”. É só entrar em nosso site e acessar a seção na página principal: www.leiteederivados.com.br
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Conjuntura
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Thais Ito e Itamar Cardin
Os desafios de Dilma
Como a reeleição da presidenta deve impactar o mercado lácteo: agentes do setor revelam expectativas, desafios e principais demandas para a nova fase do governo de Dilma Rousseff
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Conjuntura
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as eleições presidenciais mais disputadas da história brasileira, Dilma Rousseff se adiantou com apenas três pontos percentuais de diferença e venceu o candidato do PSDB, Aécio Neves, em 2014. Em seu primeiro discurso após a vitória, Dilma sinalizou um compromisso especial com a economia, além de prometer estímulos principalmente ao setor industrial. Dilma sabe que o assunto desperta cautela. Com a inflação rente ao teto da meta, e o crescimento do País quase nulo ano passado, a preocupação em relação à gestão macroeconômica acompanhou a correnteza 2015 adentro.
A nomeação de Joaquim Levy como Ministro da Fazenda surpreendeu alguns, mas tranquilizou outros justamente pelo mesmo motivo: a fama de rigor fiscal e mão firme na contenção de gastos públicos do ex-Tesouro Nacional do governo Lula. “O Brasil tem plenas condições de exercitar o equilíbrio fiscal, com disciplina nos gastos públicos, sem com isso ofender direitos sociais ou deprimir a economia”, ressaltou Levy no discurso de transmissão de cargo. No mesmo dia em que Levy assumiu a pasta, a senadora e presidente licenciada da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu tomou posse como nova ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Figura polêmica no setor, Abreu provocou alarde antes da cerimônia por ter negado a existência de latifúndios no Brasil, segundo declaração publicada no jornal Folha de S. Paulo naquela data. Já no discurso de posse, ressaltou uma meta determinada pela presidente Dilma Rousseff. “Vamos estabelecer como meta dobrar a classe média rural nos próximos quatro anos”, garantiu. Com Levy, Abreu e Dilma no segundo mandato, como o novo governo deve impactar o setor lácteo e quais as perspectivas de representantes ligados ao mercado? A Revista Leite & Derivados reuniu opiniões que mostram divergências e preocupações latentes no setor. Confira e opine: você concorda?
“Esperamos que as lideranças pensem no mercado lácteo como um segmento importante para o País”
divulgação/Tirol
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“O mercado lácteo, assim como outros segmentos, sofre influência direta do cenário político e econômico, não somente brasileiro, mas também mundial. O que a Tirol espera é que as lideranças pensem no mercado lácteo como um segmento importante para o País e busquem, por meio de programas e ações, incentivar, investir e orientar a cadeia produtiva, além de dar mais oportunidades para a maior geração de emprego e renda. A Tirol manterá seus investimentos em inovação, tecnologia e na qualidade dos seus produtos para continuar, em 2015, e nos próximos anos, fazendo-se presente na mesa dos consumidores.”
Edson Martins, diretor comercial da Tirol
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divulgação/Sibele
“Espero mais dedicação do Governo aos acordos bilaterais para o comércio exterior” “Espero que o Governo mantenha a política dos Planos Safra, elevando a disponibilidade de recursos para manter a atividade rural respirando, pois hoje o que não deixa o PIB do Brasil ser negativo é o setor agropecuário. Com certeza nestes próximos quatro anos de mandato não vamos crescer pois estaremos pagando a conta (Copa, Olimpíadas, Petrobras, BNDES, entre outros) devido à má administração do Governo. Espero dela mais dedicação aos acordos bilaterais para o comércio exterior brasileiro. As relações exteriores precisam ser prioridade para que o Brasil não perca competitividade e entrem recursos para economia. Em relação ao Ministério da Fazenda, já é certo que para conter a inflação e diminuir o déficit do Governo os impostos vão aumentar assim como os juros pelo Banco Central. Já a Kátia Abreu no Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (MAPA) será um entrave, pois, se nem os próprios colegas e funcionários do MAPA querem ser comandados por ela, imagine o “corpo mole” que haverá nesse ministério - lembrando, ainda, que a Friboi, o MST, o INCRA, a Contag, entre outros, já se manifestaram contra sua nomeação. Esse cenário político afetará indiretamente o mercado lácteo. Pois, embora alguns produtos lácteos sejam isentos de impostos, o preço ao consumidor final será afetado devido ao aumento do custo de produção (impostos de combustível/energia elétrica/embalagens entre outros serão reajustados). A desorganização e intrigas internas no MAPA também devem provocar o aumento do processo burocrático para registro (produtos/insumos/fertilizantes), incentivo e investimento para o setor agropecuário atingindo diretamente o mercado lácteo.” Rafael Cunha de Almeida, controller da Sibele Alimentos
divulgação/SNA
“É preciso controlar os gastos públicos para restabelecer a confiança dos investidores” “Sou otimista em relação ao segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. O início será difícil, com a implementação de diversos ajustes em nossa política econômica. No entanto, não há alternativa. É preciso controlar os gastos públicos e a inflação para restabelecer a confiança dos investidores e demais agentes econômicos. A presidente Dilma acertou ao indicar Joaquim Levy para o ministério da Fazenda. Ele tem sólida formação acadêmica e grande experiência no trato das finanças públicas. É certo que saberá promover os ajustes indispensáveis para reequilibrar nossa economia e alcançar as condições necessárias para que o País volte a crescer de forma consistente. No caso do agronegócio, os produtores ganharam um verdadeiro presente com a nomeação da senadora Kátia Abreu para o ministério da Agricultura. Ela é a mais importante liderança do setor, e legítima representante dos cerca de cinco milhões de pequenos, médios e grandes produtores rurais do país. Além disso, possui conhecimento e competência para fazer um excelente trabalho. O setor lácteo, como os demais setores da economia, deverá sofrer as consequências dos inevitáveis ajustes da economia em 2015. No entanto, tenho certeza que, como Ministra da Agricultura, a senadora Kátia Abreu saberá avaliar as reivindicações do setor e promover condições para que ele possa superar suas deficiências e atingir um estágio de desenvolvimento semelhante aos setores mais avançados de nosso agronegócio.” Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA)
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Conjuntura
divulgação
“Teremos no MAPA uma liderança que conhece o campo” “Teremos no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) uma liderança que conhece o campo, o produtor e o empresário rural, o mercado e o mundo globalizado.” O setor lácteo, como os demais setores da economia, deverá sofrer as consequências dos inevitáveis ajustes da economia em 2015. No entanto, tenho certeza que, como ministra da agricultura, a senadora Kátia Abreu saberá avaliar as reivindicações do setor e promover condições para que ele possa superar suas deficiências e atingir um estágio de desenvolvimento semelhante aos setores mais avançados de nosso agronegócio.”
José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC)
“Sem geração de riqueza não se extingue a pobreza”
divulgação/ABIQ
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“Quem viveu as crises e enfrentou todos os planos econômicos pelos quais o setor industrial brasileiro já passou nos anos 80 e 90, certamente já tem algum traquejo para superar as dificuldades que estão postas para o segundo mandato da presidente Dilma. Entretanto, o nível de dificuldades será sentido de acordo com a capacidade da equipe econômica em gerenciar com eficiência e real autonomia o trabalho que dela se espera e se faz necessário. Não se distribui o que não se tem - sem geração de riqueza não se extingue a pobreza. A importância de um MAPA forte é preponderante para o nosso setor. A ministra Kátia Abreu é conhecedora da área e o período que esteve à frente da CNA a credencia a lograr êxito na sua gestão. Nossa expectativa é termos uma ministra parceira e que apoiará as medidas necessárias para seu crescimento. O setor lácteo, como todo o mercado de alimentos, espera a manutenção da estabilidade econômica e o controle da inflação. Os ganhos obtidos com a entrada de novos consumidores brasileiros podem ser facilmente perdidos com a queda da capacidade de compra devido à corrosão dos salários pela inflação ou, o pior, pelo desemprego.” Fabio Scarcelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Queijos (ABIQ)
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divulgação/Heatcraft
“O mercado lácteo deve sofrer com o aumento dos juros e diminuição de crédito” “O segundo mandato de Dilma é também uma grande incerteza para o mercado lácteo, sobretudo com a indicação dos novos ministros da Fazenda e da Agricultura, visto que Joaquim Levy atua com uma política econômica ortodoxa, marcada pela austeridade e contenção de gastos públicos, e Kátia Abreu, que tem travado um combate aberto contra a reforma agrária. O mercado lácteo deve sofrer sobretudo com o aumento dos juros e diminuição de crédito; podemos esperar também um violento ajuste fiscal em 2015.”
Renato Silva, departamento de vendas da Heatcraft
divulgação/Greenpeace
“É preciso haver um debate mais qualificado” “Ainda não temos uma posição, do ponto de vista para o meio ambiente, sobre a vitória da Dilma em detrimento ao Aécio. Essa análise acontece internamente de maneira mais difusa, mas não como um statement, até porque entendemos que esse é o nosso não-papel. Mas uma coisa que ficou muito clara nessas eleições é o quanto o agronegócio pautou os debates e o quanto isso, em grande medida, afetou e fez com que o debate em relação às questões do meio ambiente sumisse um pouco. Ficou claro o desconforto que os candidatos sentiram em se posicionar de uma forma mais firme e clara em relação às questões que eles iam endereçar do ponto de vista ambiental. E não me refiro apenas a compromisso com desmatamento zero, demarcação de terras indígenas, de criação de novas áreas - que acabaram sendo abordados como assuntos mais genéricos. O setor do agronegócio está exercendo uma pressão muito grande sobre a floresta. A expansão da fronteira agrícola e o território continuam em disputa e isso nos deixa muito preocupados. É preciso haver um debate mais qualificado que o que ocorreu nas eleições.” Adriana Charoux, campaigner de florestas do Greenpeace
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Conjuntura
“A grande pauta ambiental é o CAR”
Crédito: Thais Ito
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“Para o agronegócio [a reeleição] não muda tanto. Desde que o novo governo entenda os sinais da parte mais econômica do País, principalmente. É preciso ter uma mudança na área econômica. É importantíssimo ter mudança social mas não dá para repartir um bolo que não está crescendo, senão todo mundo vai passar fome. Para ter um bolo cada vez maior, é preciso trabalhar o lado econômico. O agronegócio tem uma vantagem pelo fato de o Brasil ser um grande exportador, então podemos compensar algumas ‘loucuras’ que eventualmente acontecem no governo. O Brasil vai crescer 0,3% se tudo der certo, e a pecuária, 2,5%. Isso mostra claramente que a pecuária segue crescendo a despeito da situação econômica do Brasil. Agora, segue muito bem porque vários fatores externos contribuíram. Não podemos ficar dependendo de seca na Austrália, de EUA ou de dólar, para ser eficiente como país. Precisamos melhorar o relacionamento internacional com maior presença do agronegócio. Temos apenas um adido agrícola na China, que é o maior comprador do agronegócio brasileiro. Os EUA, por exemplo, tem um adido para cada cluster, um de milho, de soja, de carne bovina... Como podemos brigar de igual para igual? O Brasil vai precisar ainda mais do agronegócio, que é responsável pela balança comercial positiva do País. Nenhum governo pode deixar de ajudar o agronegócio. A bancada ruralista é maior do que a dos últimos quatro anos e isso também vai exercer uma pressão maior para o governo votar qualquer reforma, não apenas em relação à questões rurais. O governo realiza ações em termos de sustentabilidade, mas essa terá que ser uma pauta mais presente e deverá ser encarada de uma maneira mais proativa. Na agenda ambiental, a água está virando uma loucura, o carbono sempre foi um tema, mas a grande pauta ambiental hoje é o Cadastro Ambiental Rural (CAR). O grande problema do CAR está nos estados, que não têm estrutura nem capital para implementá-lo. O Governo Federal precisa ajudar com recursos humanos e financeiros para capacitar os estados. A gente deu um prazo para implementar. Daqui a um ano, quem tem, tem; quem não tem, acabou o financiamento.”
Eduardo Bastos, presidente do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS)
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Artigo Iogurte
Avaliação da qualidade microbiológica e da concentração de bactérias láticas viáveis em iogurtes comercializados em Frutal (MG)
RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar as características microbiológicas de iogurtes com polpa de frutas comercializadas em Frutal (MG). Realizou-se a enumeração coliformes totais e termotolerantes, fungos filamentosos e leveduras e bactérias lácticas. Foram coletadas amostras de três marcas de iogurtes comercializadas em Frutal (MG), para serem submetidas às análises microbiológicas. As amostras de iogurtes
apresentaram-se dentro dos padrões estipulados pela ANVISA quanto à presença de contaminação microbiana, pois os mesmos não foram detectados nas amostras analisadas. A contagem de bactérias láticas foi maior que 107 UFC/mL em todas as análises, apresentando-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação brasileira para iogurtes Palavras chaves: iogurtes, contaminação, bactérias láticas.
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Artigo Iogurte ital
1. INTRODUÇÃO A segurança alimentar tem sido alvo de muitas pesquisas científicas que acabam por mostrar que grande parte dos alimentos comercializados se encontram fora dos padrões higiênico sanitários estabelecidos por lei, para garantir a saúde pública. A origem de contaminação do leite e seus derivados por bactérias patogênicas varia com o tipo de produto e processamento, sendo a contaminação de origem endógena ou exógena, sendo esta via ambiente (BRISABOIS et al., 1997). O iogurte é um leite coagulado por fermentação láctica devido ao Lactobacilus delbrueckii sp bulgaricus e Streptococcus thermophilus ou concentrado, com ou sem adição de leite em pó e outros, e que está presente na dieta alimentar desde os tempos mais remotos (TAMIME; ROBINSON, 1991). Segundo a Resolução nº 05 de 13 de Novembro de 2000, a qual oficializa os Padrões de Identidade e Qualidade de Leites Fermentados, o iogurte é definido como um produto resultante da fermentação de leite
pasteurizado ou esterilizado com cultivos protosimbióticos de Streptococcus salivarius subsp. thermophillus e Lactobacillus delbrueckii subsp. Bulgaricus, aos quais podem acompanhar, de forma complementar, outras bactérias ácido-lácticas que, por sua atividade contribuem para a determinação das características do produto final. O iogurte deve conter uma porcentagem igual dos dois microrganismos, do contrário não se obterá a consistência e a característica desejável. O iogurte é um produto altamente recomendado pelas suas características sensoriais, probióticas e nutricionais, por ser rico em proteínas, cálcio e fósforo, conter baixo teor de gorduras e fonte de minerais como zinco e magnésio. Seu valor nutricional é superior ao do leite em conteúdo de vitaminas do complexo B, sendo mais facilmente aceito por indivíduos com intolerância à lactose. É recomendado especialmente para gestantes, lactantes, pessoas idosas ou que necessitem de reposição de cálcio. Outras propriedades associadas aos iogurtes são efeitos anticolesterolêmicos, anticarcinogênicos, inibitórios de agentes patógenos, entre
outros (LOURENS-HATTINGH, A. & VILJOEN, B, 2001). O iogurte, por estar sujeito a alterações microbiológicas e físico-químicas, deve ser submetido a análises periódicas, de forma a estabelecer por qual período de tempo o produto pode ser mantido no comércio em condições compatíveis com o consumo humano. Há vantagens econômicas na extensão da vida de prateleira do produto, entretanto, durante o período de validade, o alimento deve atender às exigências de qualidade determinadas pela legislação vigente (FERREIRA et al., 2001).. Existem hoje no mercado vários tipos de iogurte classificados de acordo com o processo de elaboração, adição de ingredientes, composição, consistência e textura. São eles (BRANDÃO, 1987; TAMIME & DEETH, 1980): • Iogurte tradicional (set yogurt): no qual o processo de fermentação ocorre dentro da própria embalagem, não sofre homogeneização e o resultado é um produto firme, mais ou menos consistente;
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• Iogurte batido (stirred yogurt): o processo de fermentação ocorre em fermentadeiras ou incubadoras com posterior quebra do coágulo; • Iogurte líquido (fluid yogurt): o processo de fermentação é realizado em tanques; é comercializado em embalagens plásticas tipo garrafa ou do tipo cartonadas. Como todos os produtos de origem animal, o iogurte deve ter os microrganismos patogênicos e saprófitos em limites controlados para não causar danos ao alimento ou à saúde pública (JOHNSON & STEELA, 2001). Um problema que contribui para a perda do produto, com consequentes prejuízos para a indústria, é a contaminação por bolores e leveduras, que podem causar alterações nas características organolépticas, devido à capacidade de produzir enzimas hidrolíticas (FERREIRA et al., 2001). Segundo a resolução no 5, de 13 de novembro de 2000, do Ministério da Agricultura Pecuária e do Abastecimento, os leites fermentados devem apresentar, no mínimo, o número de 107 UFC/mL de bactérias láticas totais, não sendo esse valor alcançado, o produto se encontra em não conformidade com seu Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade (BRASIL, 2000).
4. METODOLOGIA 4.1. Amostras As amostras de Iogurtes de diferentes marcas a serem analisadas foram coletadas em estabelecimentos comerciais localizados em Frutal durante o período de abril de 2013 até janeiro de 2014 de modo que foram coletadas duas amostras de mesmo lote, de cada marca e estas marcas não se repetiram em outros estabelecimento. Foram adquiridas três marcas diferentes de iogurtes com polpas de frutas, porém com data de fabricação e validade próximas. A cada dois meses foram feitas novas coleta de amostras. As amostras
foram codificadas com letras, como: Marca A; Marca B; Marca C. Após coleta as amostras foram enviadas em suas embalagens originais ao laboratório de controle de qualidade do leite da Universidade do Estado de Minas Gerais campus Frutal (MG). Cada amostra foi homogeneizada por inversão da embalagem durante 25 vezes consecutivas. O local da abertura foi higienizado com algodão embebido em álcool a 70%. Em seguida, as embalagens foram abertas com auxílio de uma tesoura previamente desinfetada e, a partir dessa abertura, retiradas as unidades analíticas para as análises. Os ensaios realizados foram contagem de coliformes totais e termotolerantes, contagem de bolores e leveduras, de acordo com os Métodos Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle de Produtos de Origem Animal e Água (BRASIL, 2003) e Contagem de bactérias láticas viáveis. As análises microbiológicas foram realizadas em três fases da data de validade do produto, segundo a embalagem, considerando-se: primeira fase refere-se ao primeiro dia em que o produto chegou à câmara de refrigeração do supermercado; segunda fase refere-se a metade da validade
do produto, considerando o primeiro dia da primeira fase e o último dia da data de validade; terceira fase: retrata o último dia da data de validade do produto especificado na embalagem. Os resultados obtidos dentro do prazo de validade foram confrontados com os limites estabelecidos no Regulamento Técnico sobre Padrões Microbiológicos para Alimentos (BRASIL, 2001) e os Padrões de Qualidade e Identidade dos Leites Fermentados (BRASIL, 2000).
4.2. Análises Microbiológicas 4.2.1. Preparação das amostras Primeiramente foram preparadas as diluições das amostras pipetando-se, assepticamente, 25 mL da amostra, e transferindo-se para um frasco tipo Erlenmeyer contendo 225 mL de água peptonada 0,1% esterilizada (diluição 10-1). A partir desta diluição, foram preparadas diluições decimais até 10-4, sempre transferindo 1 mL de cada diluição para tubos contendo 9 mL de água peptonada 0,1%.
4.2.2. Contagem de bactérias láticas viáveis. Para realização das análises foi utilizado o método de contagem de Bactéria Láticas descrito no Manual Técnico: Métodos de Análise Microbiológica de Alimentos, do Instituto de Tecnologia de Alimentos
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Artigo Iogurte
– ITAL (SILVA; JUNQUEIRA, 1995), e na aplicação da técnica fez-se uso da semeadura Pour plate com sobre camada e incubação a 30ºC por 5 dias. O meio de cultura utilizado foi o Agar de Man. Rogosa & Sharpe (MRS). O padrão utilizado para contagem de bactérias láticas seguirá a Resolução nº5, de 13 de novembro de 2000 do Ministério da Agricultura (BRASIL, 2000), a qual estabelece um limite mínimo para as bactérias 7 lácticas totais, sendo 10 UFC/ml, e que estes devem ser viáveis, ativos e abundantes no produto final e durante seu prazo de validade (RODAS et al., 2001).
incubação à 25°C por 5 dias (ICMSF, 2000).
4.2.4. Enumeração de coliformes totais e termotolerantes Para a análise do N.M.P de coliformes totais e fecais, foi utilizada a técnica de tubos múltiplos como descrita no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 1995. Será consultada a tabela Bacteriological Analytical Manual, 1984.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para enumeração de fungos filamentosos e leveduras, foi empregado ágar Batata Dextrose (BDA), acrescido de 0,2 mL de ácido tartárico (10% p/v), utilizando-se o método de plaqueamento em superfície, semeando-se com alça de Drigalsky, seguido de
A contagem de bactérias láticas revelou-se em todas as amostras, e, durante todo o período de vida de prateleira estudado das três marcas, valores de contagens maiores de 8 10 UFC/ml, estando assim em conformidade com a legislação na qual estabelece um limite mínimo para as7 bactérias lácticas totais, sendo 10 UFC/ml, durante seu prazo de validade do iogurte. Resultados diferentes foram en-
Daniela Maria de SouzaI, Eduardo da Silva MartinsII, Samira Furtado de QueirozIII I Professora Mestre dos Cursos de Ciência e Tecnologia de Laticínios e Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Campus Frutal
Professor Doutor dos Cursos de Ciência e Tecnologia de Laticínios e Ciência e Tecnologia de Alimentos da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) – Campus Frutal III Professora Mestre de Práticas Laboratoriais da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG)
4.2.3. Enumeração de bolores e leveduras
II
contrados por Rodas et al. (2001) em relação às determinações microbiológicas. Das marcas analisadas neste estudo nenhuma apresentou, na totalidade das amostras analisadas, a quantidade mínima de bactérias láticas indicadas e exigidas pela legislação. As contagens de coliformes totais e termotolerantes de todas as amostras estudadas apresentaram resultados negativos durante todo o período de vida de prateleira estudado, portanto nenhuma amostra apresentou resultados fora dos limites estipulados pela legislação vigente para esses parâmetros microbiológicos. As contagens de bolores e leveduras das amostras das três marcas de iogurte estudadas apresentaram contagem de bolores e leveduras < 10 x 101 UFC durante todo o prazo de validade. Entretanto resultados diferentes têm sido encontrados por outros autores que têm observado contagens de bolores e leveduras acima dos limites permitidos em iogurtes comercializados em diferentes regiões do Brasil (MOREIRA et al., 2001; MORAES et al., 2002).
6. CONCLUSÕES Todas as amostras analisadas apresentaram boas condições higiênico-sanitárias, uma vez que não foram detectados coliformes totais, termotolerantes e bolores e leveduras. Igualmente a contagem de bactérias láticas revelou-se satisfatória em todas as amostras das três marcas analisadas uma vez que estas apresentaram contagens maiores de 108 UFC/ml, durante seu prazo de validade, valor este acima do padrão exigido pela legislação vigente. – Campus Frutal Rua: Prof. Mário Palmério, 1000 Bairro Universitário CEP 38200-000 Frutal-MG Telefone: 34 - 3423-2700 Email: daniellasouza@hotmail.com
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www.leiteederivados.com.br Novembro/Dezembro 2013 Leite & Derivados
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