Revista Leite & Derivados - Edição 156

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ISSN 1807-9733 Nº 156 • Ano XXII Agosto/ 2015

Navegar é preciso

As barreiras e os atalhos que podem tornar o Brasil um sólido exportador de lácteos

Nelson Barbosa

Uma entrevista exclusiva com o ministro do Planejamento

Aditivos e ingredientes Subprodutos lácteos unem bemestar e retorno financeiro

Mina de ouro

O crescente e rentável mercado de sorvetes premium




SUMÁRIO

AGOSTO 2015

CAPA Um retrato sobre os desafios e as possibilidades da exportação láctea

26 Entrevista

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O ministro, o corte no orçamento, o plano de logística e o futuro do País

Mercado A indústria de aditivos e o impulso

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sustentável dos subprodutos

TecnoCarne Feira se amplia e abre espaço para novidades lácteas

36 06Editorial /14Conjuntura /16Empresas & Negócios /34Espaço SNA /38Eventos - Minas Láctea /40Consumo – Sorvetes /44Espaço Embrapa /49Índice de Anunciantes

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• editorial •

Exportar é preciso José Danghesi A retração econômica e a brusca queda no consumo sugerem que determinados setores precisam de soluções alternativas para manter seu potencial de crescimento. Impulsionado por fatores interessantes, como o maior apelo de produtos saudáveis e premium, entre outros, o mercado lácteo se estabeleceu nos últimos anos como fonte fundamental na alimentação do brasileiro. Ainda assim, é inegável admitir: ele não está imune às turbulências internas. Encontrar alternativas a esse cenário exige um trabalho que envolva toda a cadeia. Primeiramente é preciso apontar soluções que possam dinamizar o setor. Depois, quando definidas as opções, necessita-se de um apoio generalizado para colocá-las em prática. A Revista Leite & Derivados, pensando em cumprir seu papel, dialogou com uma série de especialistas nos últimos meses. E a conclusão parece ser unânime: necessitamos exportar mais. O mercado mundial de leite e derivados gera mais de US$ 70 bilhões ao ano, mas a participação brasileira ainda é modesta. Em 2014, por exemplo, a exportação nacional do setor alcançou apenas US$ 350 milhões, número que deve ser ainda menor em 2015. Como demonstramos em nossa reportagem de capa, cuidadosamente apurada e escrita por Leandro Silveira, uma série de iniciativas federais – como o recente Projeto do Leite Brasileiro – já tem procurado mudar essa realidade. Mas o caminho ainda é longo. A produção, na ponta inicial, precisa

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melhorar a qualidade. No elo final, por sua vez, a indústria precisa imbuir-se de um “espírito exportador”. Nada que não possa ser solucionado. “Com ligeiros acréscimos dos investimentos dos produtores em manejo do rebanho e utilização de insumos modernos, a produtividade nacional do rebanho leiteiro pode aumentar a produção de leite em pelo menos 3 vezes sem a necessidade de comprometer novas áreas de produção. Esse incremento faria com que o Brasil se tornasse um país extremamente relevante no contexto internacional no setor lácteo”, assegura Bernhard J. Smid, consultor sênior em negócios internacionais. Ainda nessa linha fundamental de refletir sobre as alternativas não apenas do setor, como de toda economia brasileira, a Leite & Derivados realizou uma entrevista exclusiva com Nelson Barbosa. E as conclusões dessa conversa com o ministro do Planejamento, imperdível, estão nas próximas páginas. Esperamos, assim, que a presente edição possa realmente inspirar o fortalecimento do setor. Tenham todos uma ótima leitura.

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AGO ST O 2015

• Entrevista •

O dono do jogo 8


Ministro do Planejamento aposta em dinamismo da economia para retomada do crescimento Marcelo Tรกrraga e Itamar Cardin

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AGO ST O 2015

Francisca Maranhão/Divulgação Ascom MP

• Entrevista •

Nelson Barbosa faz pronunciamento durante lançamento do Programa de Investimento em Logística

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cenário atual da política e economia brasileira remete mais a um jogo de poker do que a um plano de negócios concreto. Não que isso seja negativo, mas tampouco projetamos o resultado desta “partida de cartas”. Neste jogo de baralho, assim como em outros, as cartas que chegam às mãos são incertas, porém, a estratégia e o feeling do poker valem, muitas vezes, mais do que os naipes recebidos. Na política nacional, podemos aplicar a mesma lógica: temos de vencer o momento econômico, mas não temos as cartas desejadas para solucionar a partida de imediato. Resta apostar no feeling e na estratégia política. A questão é saber se estamos dando cartadas certeiras. Para o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, o grande “As” é o Plano

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Nacional em Logística (PIL) anunciado recentemente. Para ele, a sequência corte no orçamento (R$ 69 bilhões) e PIL (de R$ 198 bilhões) podem resultar em vitória em logística para a indústria, e, assim, gerar espontaneamente novos investimentos nacionais em médio prazo. E o futuro do país depende desse jogo: equilibrar as cartas políticas díspares que se apresentam no Congresso Nacional e equacionar gastos e investimentos assertivos. Na opinião de Barbosa, em entrevista para a Leite & Derivados, “a economia brasileira continua sendo uma economia muito dinâmica”. Otimista, aposta que futuramente “haverá mais dinheiro para o agricultor continuar aumentando sua produção; já que o agronegócio engloba diversas cadeias produtivas”. Crente nas possibilidades do Programa de


Francisca Maranhão/Divulgação Ascom MP

Ministro anuncia corte no orçamento de quase R$ 70 bilhões

Investimento em Logística, bem como no compromisso com o reequilíbrio fiscal, Barbosa já projeta a retomada do ciclo de crescimento. “A redução das despesas faz parte do conjunto de ações que o governo vem tomando para manter a estabilidade macroeconômica e preparar a economia brasileira para um novo ciclo de crescimento baseado na expansão da oferta e do crescimento da produtividade.” O ministro garante, também, que há um realinhamento de preços na economia, algo que pode tornar-se benéfico em longo prazo. “Com esses novos preços, os sinais de mercado ficam mais claros e o mercado começa a investir naquilo que hoje está caro. Com os preços nos lugares corretos, o mercado vai produzir mais o que hoje está caro”. Leia a entrevista completa com Nelson Barbosa, ministro do Planejamento.

Corte no orçamento Primeiramente eu gostaria de destacar que o corte no orçamento é apenas uma parte da estratégia do governo para buscar a retomada do crescimento e também é uma sinalização para toda a sociedade de que há um compromisso do poder público com o reequilíbrio fiscal.

Produtividade e crescimento A redução das despesas faz parte do conjunto de ações que o governo vem tomando para manter a estabilidade macroeconômica e preparar a economia brasileira para um novo ciclo de crescimento baseado na expansão da oferta e do crescimento da produtividade.

Efeitos do corte O contingenciamento não foi linear justamente para preservar investimentos públicos

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• Entrevista • O agronegócio é tão importante que um dos eixos do PIL é o escoamento eficiente da produção agrícola estruturantes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa Minha Viva. Esses investimentos continuam sendo prioridade do governo tanto por seu alcance social quanto pela capacidade de geração de emprego e renda.

Programa de Investimento em Logística Em outra frente, acabamos de lançar a segunda etapa do Programa de Investimento em Logística (PIL), com previsão de investimento, por meio de concessões ao setor privado, de quase R$ 200 bilhões nos modais rodoviário, ferroviário, portuário e aeroportuário.

Projeções do PIL No âmbito dessa segunda etapa do programa estão previstos R$ 198,4 bilhões em investimentos, sendo R$ 69,2 bilhões entre 2015-2018 e R$ 129,2 bilhões a partir de 2019. Lembrando que do montante de R$ 198,4 bilhões, R$ 66,1 bilhões deverão ser investidos em rodovias, R$ 86,4 bilhões em ferrovias, R$ 37,4 bilhões em portos e R$ 8,5 bilhões em aeroportos.

Demanda por infraestrutura O principal desafio é entender que apesar da queda temporária do nível de atividade econômica, a economia brasileira continua sendo uma economia muito dinâmica, com muitas oportunidades de investimento. Há uma demanda reprimida por infraestrutura no Brasil e os projetos são viáveis, e, para o governo, o desafio é viabilizar essas oportunidades de investimento.

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Readequação de preços As empresas sabem que está ocorrendo um realinhamento de preços na nossa economia. À medida que os preços se realinham, o impacto inicial é negativo sobre o nível de atividade e sobre a inflação. Porém, com esses novos preços, os sinais de mercado ficam mais claros e o mercado começa a investir naquilo que hoje está caro. Com os preços nos lugares corretos, o mercado vai produzir mais o que hoje está caro.

Plano Safra O desempenho do agronegócio é fundamental para a retomada do crescimento. Na verdade, trata-se de um setor com capacidade de resposta muito rápida às ações governamentais de estímulo. Tanto que para o Plano Safra 2015/2016 estarão disponíveis no sistema de crédito rural quase R$ 190 bilhões, um montante 20% superior ao disponibilizado na safra 2014/2015. Isso significa que haverá mais dinheiro para o agricultor continuar aumentando sua produção, gerando emprego e renda no campo e na cidade, já que o agronegócio engloba diversas cadeias produtivas.


Emprego no campo O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego, registrou a criação de 8.470 novas vagas no mês de abril, 0,55% a mais do que no mesmo período do ano passado. De acordo com o Ministério do Trabalho, a elevação do emprego se deve ao bom desempenho de atividades ligadas ao cultivo de café, de trabalhos de apoio à agricultura e ao cultivo da canade-açúcar.

As empresas sabem que está ocorrendo um realinhamento de preços na nossa economia

Importância do agronegócio Os novos postos repercutem a expansão contínua do setor. Segundo dados do IBGE, a agropecuária teve crescimento de 4,7% no primeiro trimestre de 2015, puxada pelo bom desempenho das exportações de soja. Somente em maio, o agronegócio teve participação recorde nas exportações: 51,5%, próximo de US$ 9 bilhões. O agronegócio é tão importante para nossa economia que um dos eixos que norteia o PIL é o escoamento eficiente da produção agrícola - a estimativa do IBGE é de que a safra 2015 chegue ao volume recorde de 204 milhões de toneladas.

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• Conjuntura •

Um programa de investimento no otimismo, não na logística Mauro Roberto Schlüter, professor de Logística da Universidade Mackenzie Campinas

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anúncio do Programa de Investimento em Logística (PIL), realizado pela presidente Dilma e seus ministros, foi considerado como uma “virada de página” na infralogística do País. É inegável que programas de investimentos na área repercutem de forma muito positiva no meio socioeconômico quando anunciados, ainda que boa parte não seja concretizada. Uma rápida verificação dos planos de logística em nosso passado recente comprova que o anúncio dos investimentos é superestimado em relação ao que efetivamente contribuiu em termos econômicos. Mas o que deveria repercutir em um anúncio de tamanha importância como o PIL é a real competitividade que este deverá proporcionar ao SLT (Sistema Logístico de Transportes). Diante disso, cabe um importante questionamento: qual será o impacto deste PIL na competitividade logística do País? Um diagnóstico, no que diz respeito ao funcionamento do SLT, aponta claramente que existe uma cadeia sequencial de eventos, onde as decisões dos atores que intervêm deveriam proporcionar a competitividade do sistema. O funcionamento do SLT se inicia através de empresas que compõem as diversas cadeias produtivas nacionais, que escolhem os operadores, que executam os serviços logísticos, e culmina na atuação do governo, responsável pelo planejamento, execução e regulamentação de funcionamento. Os dois primeiros atores tomam suas decisões baseados na busca pela competitividade logística, que possui como premissa básica a diminuição dos custos e a melhoria dos serviços prestados ao cliente. Mas não é isto que o governo priorizou no PIL.

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Uma verificação nas parcas informações já disponibilizadas indica que os valores dos investimentos alocados na infralogística e com reais possibilidades de concretização pouco privilegiam a competitividade do SLT. São R$ 50 bilhões em rodovias, R$ 40 bilhões em ferrovias e cerca de R$ 25 bilhões em portos, isto se for considerado o longo prazo. Nenhum investimento em aeroportos será dedicado, pois não está prevista a construção de terminais de cargas ou a implantação de plataformas logísticas junto a eles. Apesar de ser um valor expressivo (um total de R$ 115 bilhões), não é o suficiente para recuperar o atraso na competitividade do sistema. Há, porém, algo que gera um efeito nocivo e que será percebido somente após a concretização das obras: as novas regras de concessão. É notória a tendência de manutenção de monopólios e oligopólios nas concessões


realizadas até o momento pelos diversos governantes do País. O último PIL, anunciado em 2012, tinha como ponto importante a construção de aproximadamente 11 mil quilômetros de ferrovias, baseada na concessão da via para uma empresa especializada na manutenção da malha e várias empresas de transporte ferroviário compartilhando a via e competindo pelo mercado. Desta forma, seria evitado o monopólio privado do serviço. Além disso, não haveria custo de outorga para as empresas interessadas e a tarifa teria elevado peso na escolha das empresas vencedoras. Embora esta fase do PIL tenha fracassado por falta de

interessados, a causa não se deve às premissas mencionadas anteriormente, e sim pelos demais itens que faziam parte das regras (taxa de retorno e margem de lucro limitado, dentre outros). O PIL atual, ao contrário do anterior, terá o custo de outorga. Apesar de também ter a tarifa como fator de escolha, não foi informado o peso que esta terá na escolha da empresa vencedora. A considerar a atual situação econômica do País e de caixa do governo, é de desconfiar que o custo de outorga terá peso maior frente aos demais fatores. Além disso, a empresa vencedora terá monopólio da malha e do serviço. Ainda que a tarifa venha a se

manter sob controle, nada está previsto em relação ao nível de serviço aos clientes. No que diz respeito aos portos, verifica-se que o País possui uma tendência natural à navegação de cabotagem – a ausência de berços de atracação é um gargalo notório da navegação costeira. Porém, não foi informado no anúncio a construção e a concessão de mais terminais de atracação e movimentação de containers. Percebe-se, neste PIL, uma natural tendência à manutenção de monopólios e oligopólios em detrimento à competitividade logística. Trata-se de um programa econômico e não de logística.

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• Empresas & Negócios • BRF conclui venda da divisão de lácteos

Essas informações foram publicadas em nosso portal. Acesse e confira outras notícias: www. leiteederivados.com.br

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BRF concluiu a venda da sua divisão de lácteos para a Lactalis do Brasil. O valor total da transação foi de aproximadamente R$ 2,1 bilhões. A operação inclui a venda de 100% das ações de emissão da Elebat Alimentos, sociedade em que foram contribuídos os direitos e obrigações relativos à divisão de lácteos da BRF, segundo informou a empresa em fato relevante. A negociação entre a BRF e a Lactalis foi anunciada ainda em 2014, durante o mês de setembro, com a assinatura de um memorando de enten-

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dimento entre as partes. A previsão inicial era de que a transação seria de R$ 1,8 bilhão, mas o valor acabou sendo superado. A BRF destaca que “os efeitos no resultado financeiro relacionados a essa Transação estão em fase de apuração pela companhia e serão registrados nas suas demonstrações financeiras do 3º trimestre de 2015”. Batavo e Elegê eram algumas das marcas lácteas de propriedade da BRF. A Lactalis do Brasil, por sua vez, já contava com nomes como Parmalat e Président.


Lacta sorteia prêmios diários até setembro

Linha de processamento otimiza plantas piloto

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ma linha de processamento em escala piloto, com um carbonatador em linha e equipamentos de envase asséptico, foi desenvolvida pela OMVE Holanda. A novidade elimina a necessidade de pós-tratamento e mantém a qualidade do produto na garrafa. Especializada em desenvolver equipamentos para testes de alimentos líquidos em escala de laboratório (10 a 50 litros por hora) e em escala piloto (de 50 a 200 litros por hora), a OMVE oferece uma solução semiautomática de engarrafamento de bebidas carbonatadas, atendendo aos regulamentos de segurança alimentar. “Ao longo das últimas duas décadas a maioria dos fabricantes de bebidas tem investido em tais instalações. A OMVE manteve o ritmo com estes desenvolvimentos e se especializou nos equipamentos de testes necessários para os produtos líquidos e de certa viscosidade. A empresa colabora estreitamente com os clientes e desenvolve soluções personalizadas para cada um deles. Afinal, não há dois processos exatamente iguais”, diz Michael Coopman, CEO da companhia. Além disso, a OMVE desenvolveu um sistema em linha para bebidas carbonatadas, que incorpora um carbonatador imediatamente antes do envase asséptico, tornando o sistema de ensaio mais confiável e mais seguro para os produtos líquidos.

U

ma nova campanha da Lacta está mexendo com o mercado lácteo brasileiro. Trata-se da promoção “Minha Vida no Azul”, que vai sortear 1.500 prêmios aos consumidores. Até o dia 3 de setembro, a empresa de chocolates promete entregar prêmios de R$ 100 por hora e R$ 10 mil por dia. A ação promocional tem abrangência nacional. Para participar da promoção, basta que o consumidor adquira qualquer tablete da Lacta (20g a 160g) e, depois, cadastre o código presente no verso da emba-

lagem no site da empresa. A Lacta também preparou uma campanha de TV para promover a ação, além de um spot de rádio para a região Nordeste e diversas peças para a mídia digital. A ideia foi aproveitar o inverno, período mais importante do ano para o segmento. “A promoção convida os consumidores a aproveitarem o momento de consumo do chocolate ao dar a chance de ganharem prêmios em dinheiro com uma mecânica fácil e convidativa”, ressalta Adriana Nogueira, gerente de marketing de Lacta na Mondelez Brasil.

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• Empresas & Negócios • Tetra Pak enfoca produtos sensíveis ao oxigênio

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garrafa cartonada asséptica da Tetra Pak, a “Tetra Evero Aseptic”, agora também está disponível para produtos sensíveis ao oxigênio. A novidade se tornou possível após a inclusão de uma nova camada de polietileno de alta densidade no topo da embalagem. Assim, ela pode ser utilizada por bebidas lácteas, como leites enriquecidos, leite aromatizados e leites para crianças e bebês. “A nova opção da Tetra Evero Aseptic® vai ajudar os produtores de leite a expandirem suas ofertas para outras categorias de bebidas lácteas,

como o leite enriquecido com vitamina ou leite de soja, usando a mesma linha de processamento e envase”, comenta Lars Bengtsson, vice-presidente de garrafas cartonadas da Tetra Pak. Antes de ser lançada, a embala-

gem foi testada com a Granarolo, um laticínio italiano. Ao utilizá-la em sua linha de produtos enriquecidos sem lactose da marca Accadi, a empresa registrou aumento nas vendas, de acordo com seus executivos.

Novo detector facilita combate a adulterações

U

m novo detector de adulterantes no leite, lançado pela Foss, promete aumentar a segurança e a qualidade de modo simples e econômico, garantindo a blindagem dos usuários contra possíveis contaminantes. Denominado MilkoScan Mars, o analisador permite ganho em tempo e custo, pois possibilita tomadas de decisão sobre 6 parâmetros-chave em apenas 1 minuto. Um módulo opcional para o controle de qualidade permite que o leite seja avaliado contra qualquer anormalidade, ao mesmo tempo em que outras análises quantitativas são realizadas. Uma amostra é testada contra um perfil pré-definido. Se algo estiver fora do padrão, um aviso alerta o usuário sobre a necessidade de análises mais aprofundadas.

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Na Vitrine

Queijo Ibérico Mais um queijo da marca espanhola García Baquero está chegando ao mercado brasileiro. Trata-se do Ibérico Semicurado feito com três tipos de leite: cabra, ovelha e vaca.

Ital faz seminário sobre impacto dos lácteos na saúde

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Centro de Tecnologia de Laticínios do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Tecnolat/Ital) realizará, nos dias 17 e 18 de novembro, o “Simpósio Lácteos e Saúde”. O evento ocorrerá em Campinas, no interior paulista. Uma das principais intenções do encontro é divulgar o conhecimento técnico e científico relacionado ao consumo de lácteos. Seu foco recairá sobre formadores de opinião e responsáveis pelo desenvolvimento da tecnologia de laticínios no Brasil. O simpósio, segundo explica o Ital, es-

pera agregar a opinião de profissionais das áreas de saúde, que são também responsáveis pela transferência e aplicação desses conhecimentos para os clientes a quem prestam serviço. Pesquisadores interessados em apresentar seus trabalhos na forma de pôsteres poderão fazê-lo. Nesses casos, será preciso enviar seus resumos para a organização do simpósio. Mais informações podem ser obtidas através do site do “Simpósio Lácteos e Saúde”: http://eventos2.fundepag.br/TL171115

Tortuguita A Arcor apresentou os “tabletinhos” Tortuguita 24g. Eles estão disponíveis nos sabores Choco-Cereal, recheado com leite e cinco cereais, e Choco-Leite, feito com recheio de chocolate, leite e crispies crocantes.

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• Mercado • Leandro Silveira

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O soro que vale ouro Laticínios se unem a empresas de aditivos para reaproveitar subprodutos, em tendência que reduz poluição e amplia oferta de produtos saudáveis

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erca de 50% do soro produzido no mundo anualmente é processado e transformado em produtos e alimentos. Deste total, por sua vez, cerca de metade é utilizado diretamente em sua forma líquida, 30% como soro em pó, 15% como lactose e seus subprodutos e o restante como concentrado proteico de soro, segundo estudo do Ital. Diante do dado de que outros 50% ainda não são processados, parece óbvio afirmar: há um enorme mercado à disposição para aproveitamento dos subprodutos lácteos.

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• Mercado •

Essa oportunidade, aliás, vai além do cumprimento das exigências ambientais – a reutilização dos subprodutos evita gastos dispendiosos com sistemas de tratamento de efluentes, em razão do alto poder poluente do soro. Ela está conectada, também, com um momento em que o mercado de produtos saudáveis segue em crescimento, mostrando-se cada vez mais prioritário no cenário mundial, em uma indicação de que este pode ser um nicho interessante a ser explorado.

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Para Carol Spinelli, da Alibra Ingredientes, indústria deve estar atenta às tendências e oferecer produtos inovadores e sustentáveis

Produtos saudáveis e nutritivos, de preparo fácil e rápido, com sabores e versões diferenciadas e, ao mesmo tempo, sem perda significativa de sabor, estão ganhando a preferência dos consumidores. Nesse cenário, na última década, observamos o aumento da demanda por alimentos com apelo à nutrição e ao bem-estar. Produtos saudáveis e nutritivos, de preparo fácil e rápido, com sabores e versões diferenciadas e, ao mesmo tempo, sem perda significativa de sabor, assim, estão ganhando a preferência dos consumidores. No setor lácteo, o exemplo mais claro é o recente sucesso do iogurte grego, que usa proteínas concentradas. “Entendemos que esse é o papel da indústria, estar atenta às tendências de consumo, de forma a oferecer produtos inovadores e sustentáveis”, afirma Carol Spinelli, gerente de vendas industriais da Alibra Ingredientes. Antenadas a essa mudança de perfil, as empresas de aditivos e ingredientes têm investido em pesquisa e desenvolvimento para oferecer soluções que vão ao encontro das novas demandas nutricionais. “Sabemos que o consumidor tem buscado cada vez mais produtos saudáveis, portanto, a Solutech tem investido na área de pesquisa e desenvolvimento de produtos”, conta Viviane Rocha, gerente comercial da empresa. Esse importante enfoque pode ocorrer por meio de parcerias entre as indústrias lácteas e de aditivos, como destaca Cristina Mosquim, que dirige o departamento técnico da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (Abiq). “A indústria láctea sempre foi inovadora neste sentido e a indústria de aditivos tem sido sua parceira no desenvolvimento de diversos aditivos produzidos por substratos lácteos, que têm contribuído muito para manter e


melhorar a qualidade nutricional destes produtos”, comenta.

// Sobras rentáveis É aí que ganham importância os subprodutos do leite, que podem ser utilizados como ingredientes na formulação de produtos. Entre eles há o permeado de soro, subproduto da produção de concentrado proteico de soro, o leitelho, subproduto da produção da manteiga, e, principalmente, o soro de leite, subproduto da produção de queijos. O soro pode adaptar-se a esse mercado de produtos saudáveis, afinal, porque as suas proteínas são fontes de inúmeras substancias funcionais, como a lactoferrina, um antisséptico natural do organismo. Quando comparado a outras opções de proteínas animais ou vegetais, por exemplo, o soro do leite em pó é encarado como uma importante fonte, por ser de alta biodisponibilidade e de fácil absorção pelo organismo. “Utilizamos esse mesmo soro como matéria-prima no desenvolvimento da nossa linha de compostos lácteos (antigo leite em pó modificado), que substitui o uso do leite em diversas aplicações dentro da indústria”, afirma Carol Spinelli, da Alibra Ingredientes. A indústria de ingredientes já vem buscando soluções naturais que tenham condições de substituir determinados aditivos, segundo acrescenta Fátima D’Elia, consultora da Associação Brasileira da Indústria e Comércio de Ingredientes e Aditivos para Alimentos (Abiam). “ [Há] Vegetais fermentados que podem substituir conservantes e até alguns aromas. Existem também os extratos vegetais para uso com finalidade de corantes e antioxidantes. E ainda existem os ingredientes para substituição de gorduras, sódio e até açúcares que estão pouco a pouco ganhando mercado.”

CONFIRA AS PRINCIPAIS APLICAÇÕES DO SORO NA INDÚSTRIA DE ADITIVOS E INGREDIENTES ¦ Lácteos:

sorvete, fermentados, bebidas e produtos untáveis

¦ Função:

sólidos lácteos, emulsificante, viscosidade, aeração e formação de espuma

¦ Carnes:

carnes processadas, embutidos, peixes

¦ Função:

retenção e incorporação de água e gordura e gelificação

¦ Misturas secas/ condimentos:

misturas para batata chips, pratos mexicanos

¦ Função:

dispersibilidade, flavor, agente de volume

¦ Panificação:

muffins, massa para tortas, pães, pães doces

¦ Função:

cor e sabor, formação de gel a alta temperatura

¦ Confeitos:

balas e candies

¦ Função:

aeração, substituição de ovos, agente de volume

¦ Snacks:

biscoitos, barras de cerais

¦ Função:

expansão térmica, nutrição

¦ Bebidas:

mistura achocolatada, creme para café

¦ Função:

proteína de alta qualidade, flavor lácteo, viscosidade

¦ Alimentos nutracêuticos e esportivos:

barras e bebidas energéticas, suplementos de nutrientes para necessidades especiais

¦ Função:

bioatividade, proteína de alta qualidade

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AGO ST O 2015

• Mercado • CONFIRA ALGUNS PRODUTOS DISPONIBILIZADOS PELAS EMPRESAS DE INGREDIENTES E ADITIVOS: SOLUTECH Fosfato Tricálcico: Antiumectante e fonte de cálcio e fósforo – Utilizado em refresco em pó, achocolatados, iogurtes, leite, entre outros Fosfato dissódico: Estabilizante - Utilizado em indústria de laticínios Fosfato mono e dipotássico: Fonte de potássio

ALIBRA Linha de proteínas concentradas de soro: Alibra CL 3984 – Concentrado proteico com 34% de proteína Alibra CL 3985 – Concentrado proteico com 80% de proteína Alibra CL 3986 - Concentrado proteico instantâneo com 80% de proteína Alibra CL 3987 – Isolado proteico instantâneo com 90% de proteína Linha de soro em pó: Alibra SW 1108 - Soro de leite em pó doce Alibra DM 1106 - Soro de leite em pó 40% desmineralizado

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O soro de leite em pó, nesse sentido, é um produto bastante versátil para as indústrias. Seus ingredientes podem entrar em milhares de produtos, como panificação, confeitaria, gelados comestíveis, chocolates, produtos cárneos, alimentos infantis, para dietas especiais e até mesmo em farmacêuticos, como enumera Cristina Mosquim, da Abiq. Já Spinelli, da Alibra, lembra que a proteína do soro de leite, quando concentrada, também pode se transformar em WPC 34 (34% de proteína de soro), WPC 80 (80% de proteína de soro) ou WPI (90% de proteína de soro). “Como ingrediente, os WPC’s (Whey Protein Concentrated – Concentrado Proteico de Soro, em português) são muito utilizados em produtos formulados para praticantes de atividade física.” Por ser de alta biodisponibilidade e de grande concentração, a proteína contribui para o ganho de massa muscular quando consumida concomitantemente à prática de exercícios. E as empresas do segmento já estão atentas a essas possibilidades. “A indústria, da mesma forma,

LISBOA INGREDIENTES MPmix DL, Fabricação de sobremesa (doce de leite) a partir de soro de leite fresco. Evita o descarte do subproduto (soro de leite) da fabricação de queijos na natureza, gerando receita para o fabricante


tem desenvolvido e lançado produtos que correspondam a essa expectativa”, assegura a gerente da Alibra. A Lisboa Ingredientes lançou uma linha apenas para esse nicho de nutrição esportiva. O concentrado proteico de soro pode ser encontrado em diversos produtos, como barras proteicas, sorvetes, pasta de açaí, barras de chocolate, fórmulas infantis e dietas enterais.

// Solução sustentável Além de propiciar uma alimentação mais saudável, o uso do soro contribui para evitar a poluição do meio-ambiente. É o caso de um sistema desenvolvido pela Lisboa Ingredientes, que possibilita a fabricação de doce de leite com até 90% de soro, evitando praticamente todo o seu descarte. “Em nossa empresa, o subproduto soro de leite é transformado em um sistema que é empregado na fabricação do doce com soro. Sem o nosso sistema, o resultado

final não seria satisfatório”, explica Rogério Almeida, gerente administrativo da empresa. Essa também foi a solução encontrada pela Globalfood, que transforma um subproduto do processo – com alto impacto ambiental – em um produto de valor agregado, algo fundamental para o equilíbrio econômico da atividade. “A Globalfood tem desenvolvido soluções de estabilização que possibilitam o aproveitamento de subprodutos, como o soro de leite doce e o soro de leite ácido, na produção de queijos e requeijões”, detalha Jaime Dietrich, diretor da divisão de revendas da empresa. Assim, unidas, indústrias de lácteos, empresas de aditivos e o consumidor final podem contribuir para o consumo de produtos mais saudáveis e de maior valor agregado. E, claro, para a preservação do meio-ambiente.

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Navegando contra o vento Mesmo com desafios estruturais, Brasil dá primeiros passos para consolidar-se no mercado mundial de lácteos

A

Leandro Silveira

exportação brasileira de proteína animal vivenciou um cenário discrepante nos últimos anos. Enquanto a carne nacional aumentou sua presença em quase todos os blocos mundiais, outros nichos ainda sofrem para consolidar-se internacionalmente. Responsável pela expressiva marca de 37 bilhões de litros de leite produzidos em 2014, o Brasil está longe de ser um dos principais atores quando se trata do mercado externo de lácteos, tanto que registra déficit na balança comercial desde 2009, mesmo que possua potencial para reverter esse cenário. Para que ocupe um lugar de destaque no mercado mundial, entretanto, o País precisa avançar em todos os elos da cadeia. Especialistas do setor lácteo e autoridades públicas apontam, primeiramente, a necessidade do aumento da produtividade e da qualidade do leite nacional. Além disso, são necessárias ações efetivas da esfera governamental, como o fechamento de acordos comerciais com

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outros países. Já o empresariado, por fim, precisa imbuir-se de uma “cultura exportadora”. A exportação de leite e derivados gera mais de US$ 70 bilhões ao ano, mas a participação do Brasil – o quinto maior produtor mundial de leite – é modesta. Entre 2003 e 2006, as vendas externas oscilaram anualmente em torno de US$ 100 milhões. Este valor subiu e alcançou cerca de US$ 500 milhões em 2008. Mas, entre 2009 e 2013, elas voltaram a cair para cerca de US$ 100 milhões, até crescerem novamente aos quase US$ 350 milhões registrados em 2014. Em relação à balança comercial, houve déficit de US$ 100 milhões no ano passado, valor quase cinco vezes menor que o registrado em 2013, quando totalizou US$ 478 milhões. Resultado que decorre do crescimento das exportações em 196% e da diminuição das importações em 24,7% em 2014. Mas a perspectiva no curto prazo, apesar da pequena melhora registrada em 2014, não é


muito alentadora. O atual cenário internacional de lácteos é de queda de preços. Segundo informações do Rabobank, uma instituição financeira holandesa, há uma tendência de maior oferta que demanda entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro de 2016, o que gera uma tendência de preços baixos. As perspectivas mais otimistas, desse modo, são de uma pequena queda em relação a 2014, quando o faturamento total com as exportações lácteas gerou US$ 345 milhões, o segundo melhor da história do setor. Isso se deve, porém, a uma série de acontecimentos externos: a China diminuiu as compras de países como a Nova Zelândia, enquanto a Rússia embargou produtos lácteos europeus, norte-americanos e australianos. Essa tendência já pôde ser confirmada em 2015. De acordo com dados coletados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, as exportações de lácteos tiveram redução nos cinco primeiros meses deste ano – passou de US$ 148,97 milhões de janeiro a maio de 2014 para US$ 83,9 milhões no mesmo período de 2015, queda de 46,7%. Tal recuo se deu principalmente pela diminuição da quantidade exportada: 39,9%.

Assim, a perspectiva de que a queda da demanda interna, em consequência da retração econômica, e a desvalorização da moeda facilitem as exportações brasileiras de lácteos ainda não se confirmou. “Há necessidade de se fazer um trabalho que contemple o acesso a mercados e a promoção comercial”, antecipa Marcelo Costa Martins, diretor executivo da Viva Lácteos.

// Problemas estruturais Para que esse trabalho se torne realidade, são necessárias melhorias internas. Hoje, o Brasil tem uma produtividade de leite considerada baixa, de 1,6 tonelada/cabeça - países como Estados Unidos e Canadá produzem mais de 9 toneladas/cabeça. Investir em competitividade e produtividade, assim, pode ser o primeiro passo para ampliar as exportações. Apenas se isso acontecer a elevação das vendas será consistente, sem depender de eventuais oportunidades comerciais e cambiais.

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Para Maria Teresa Destro, da bioMérieux, há que se fazer gestão junto às cooperativas para ajudar o pequeno e médio produtor Bernhard J. Smid: um incremento na produção láctea faria com que o Brasil se tornasse um país extremamente relevante no contexto internacional

Bernhard J. Smid, consultor sênior em negócios internacionais, pondera que aumentar a produtividade não parece um desafio complicado. “Com ligeiros acréscimos dos investimentos dos produtores em manejo do rebanho e utilização de insumos modernos, a produtividade nacional do rebanho leiteiro pode aumentar a produção de leite em pelo menos 3 vezes sem a necessidade de comprometer novas áreas de produção. Esse incremento faria com que o Brasil se tornasse um país extremamente relevante no contexto internacional no setor lácteo”, assegura. Outro ponto prioritário, a partir de ações conjuntas entre produtor, empresas e governo, deve ser a melhoria da qualidade do leite e dos seus derivados. “Melhorar a qualidade do leite, para poder melhorar a qualidade do produto derivado. Apesar dos esforços do Ministério da Agricultura, ainda temos muitos produtores pequenos e médios sem acesso à informação sobre cuidados necessários com alimentação e saúde animal, higiene do local de ordenha, riscos do uso indiscriminado de antibióticos nos animais ou mesmo da ocorrência de mastite subclínica”, afirma Maria Teresa Destro, diretora de Assuntos Científicos América Latina da bioMérieux. “Há que se fazer gestão junto às cooperativas para

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ajudar o pequeno e médio produtor a melhorar a qualidade do seu produto; trabalhar também junto às empresas - e aqui claro que há exceções - para que a qualidade e a inocuidade dos seus produtos sejam garantidas”, complementa Destro. Esse é um trabalho que pode interligar – e beneficiar – elos opostos da cadeia produtiva. O consumidor, cada vez mais, seguindo uma tendência do mercado contemporâneo, está em busca de um produto saudável, gostoso e o mais próximo possível do natural. E nem sempre o leite brasileiro atende essa demanda. “Uma maior reação das vendas externas depende não apenas de fatores conjunturais, como o câmbio, mas estruturais, ligados a custo e qualidade da matéria-prima e dos produtos lácteos produzidos. A qualidade média de nossos produtos não atinge o padrão dos mercados mais exigentes do planeta”, alerta Samuel Oliveira, pesquisador da Embrapa Gado de Leite.

// Primeiros passos É preciso entender que o mercado internacional está à procura de preços competitivos,


qualidade e frequência nas exportações. E, embora essa caminhada esteja apenas se iniciando, o governo federal tem atuado para alcançar parte dessas metas. Um exemplo recente foi o lançamento, por parte do Ministério da Agricultura, do Projeto do Leite Brasileiro, cujo objetivo é ampliar a qualificação da produção nacional e aumentar sua competitividade no exterior. A proposta é trabalhar a qualidade do leite e a sanidade animal, fazendo com que ele chegue às indústrias com melhor padrão. Os principais pilares do novo projeto, cujas metas deverão ser cumpridas em quatro anos, são a assistência técnica, a abertura de linhas específicas para a modernização e a otimização de custos no setor, a sanidade animal, a qualidade e a promoção do consumo de leite. E, para o exterior, foi apontada a necessidade de trabalhar-se o acesso a outros países – como abertura e manu-

tenção de novos mercados e ações de promoção comercial. Outro programa criado anteriormente com a preocupação de melhorar a qualidade do leite foi o Balde Cheio. Desenvolvido por secretarias estaduais, Embrapa, Ministério da Agricultura e instituições como cooperativas, associações, federações de agricultura e Sebrae, ele tem como objetivo capacitar produtores rurais. Pensando diretamente no mercado externo, em 2013, foi firmada uma parceria entre a Organização das Cooperativas Brasileiras e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Essa iniciativa estabeleceu o programa B Dairy, composto pelas principais empresas e cooperativas lácteas brasileiras. O projeto tinha o objetivo de ampliar as exportações do setor em cerca de 30% até dezembro de 2014, marca que foi superada. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o Brasil exportou em 2013 aproximadamente US$ 117 milhões em produtos lácte-


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• Capa • O que e para quem o Brasil exporta? O leite em pó lidera a pauta das exportações do setor. Seu principal importador é a Venezuela, com 77% do total negociado em 2014. Em seguida vem a Argélia, país que sequer havia comprado o produto nacional nos últimos anos, com 15%. Angola também apresentou um crescimento significativo no consumo de produtos lácteos brasileiros, particularmente de leite em pó e leite condensado. “No caso do leite condensado, o Brasil era o principal fornecedor para Angola, entretanto, o País perdeu mercado para a Malásia”, alerta Bernhard. Além do país africano, a Venezuela e a Arábia Saudita foram os principais destinos das exportações de leite condensado em 2014. Especificamente no caso da Arábia Saudita, as negociações do produto saltaram de US$ 1,1 milhão em 2011 para US$ 12 milhões em 2014. “Apesar de valores muito tímidos, a taxa média de acréscimo é muito relevante e dá indícios de estabilidade nas relações comerciais, com previsão de ampliação das exportações”, destaca Bernhard. As vendas de leite condensado para o mundo árabe correspondem a 33% do total. Outro derivado que tem crescido em relevância no mundo árabe é a manteiga. As exportações para o Bahrein – que representaram 8% em 2014 – superaram as vendas ao Iêmen, tradicional importador do produto. Outros destaques são o Egito (49%) e a Rússia (19%). Em termos gerais, as exportações de manteiga cresceram significativamente em 2014, ultrapassando o teto de 6 milhões de toneladas – o resultado superou a somatória de vendas dos últimos cinco anos. Já a exportação de queijos tem apresentado uma tímida recuperação a partir de 2012, saltando de US$ 11 milhões para US$ 13 milhões em 2014. Destaque para as vendas a Chile e Taiwan, representando 32% e 26%, respectivamente. Dos produtos comercializados em 2014, os destaques são os queijos fundidos e os de massa dura, que correspondem a 29% e a 24% do total. O mussarela, que teve ligeiro aumento do valor exportado, responde por 13%.

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Estande lácteo brasileiro fez sucesso na Gulfood, em Dubai

os. E, apenas um ano depois do estabelecimento do B Dairy, ultrapassou a marca de US$ 345 milhões, registrando crescimento de 196% em 2014. Em termos de valores financeiros, por sua vez, o total negociado pelas empresas e cooperativas do programa passou de US$ 2,4 milhões em 2012 para US$ 30,8 milhões no ano passado. Destaque para a elevação da quantidade de destinos exportados, que passou de 12 para 30 países entre 2012 e 2014. “Espero que este projeto seja renovado, pois considero como sendo de grande importância para promover o setor lácteo brasileiro no exterior, abrindo mercados que têm grande potencial e promovendo as exportações brasileiras”, explica Bernhard, consultor e gerente de promoção e prospecção comercial internacional do B-Dairy. Já Marcelo Costa Martins, diretor executivo da Viva Lácteos, antecipa que “para o biênio 2015/2017 a Apex-Brasil desenvolverá, em parceria com a Viva Lácteos, o Projeto Setorial de Promoção Internacional para o Setor Lácteo Brasileiro. Com isso já iniciamos os trabalhos de construção do projeto em conjunto com as empresas”.


Além disso, a participação em feiras - como a Gulfood, em Dubai, a Sial, em Paris, a World Food Moscow e a Prodexpo, ambas em Moscou - já conta com a presença de empresas lácteas brasileiras.

// Próximos passos Há, entretanto, ainda, muito a ser feito nos próximos anos. Na avaliação de especialistas, o empresário brasileiro ainda não possui uma cultura exportadora. As vendas externas, assim, são geralmente encaradas como um mero “salva-vidas”. “De uma forma geral, as empresas somente pensam em exportação quando há um excedente da produção ou quando o câmbio está favorável”, critica Bernhard, que ressalta a importância das marcas brasileiras se tornarem mais conhecidas fora do País. “O mercado internacional deveria ser tratado como o mercado nacional, ou seja, haver

regularidade nas exportações ao invés de períodos oportunistas. Havendo periodicidade, a marca brasileira passa a ser reconhecida, o que é um ponto positivo para o consumidor, que em geral prefere comprar produtos de marcas em que confia e conhece”, destaca o consultor. Para resolver esse impasse, na sua avaliação, é preciso um trabalho de sensibilização com as empresas que possuem potencial exportador. “Fazer com que as empresas adotem uma postura de qualidade voltada para o mercado externo dentro da própria empresa, afinal, caso algum comprador internacional telefone para negociar preço, haverá a necessidade de haver equipe qualificada e material promocional em outros idiomas, de participar de feiras internacionais e missões prospectivas”, exemplifica Bernhard. O governo também pode estimular a exportação ao fechar acordos bilaterais e multilaterais. “A China, por exemplo, é um grande consumidor internacional de lácteos, porém, a viabilidade de exportar produtos lácteos do Brasil para a China esbarra não somente na questão logística, mas também no fato da China possuir acordo bilateral com a Nova Zelândia,


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• Capa • que é um dos principais produBrasil tem mercado a conquistar tores de leite no mundo. Isso faz com seu leite condensado. com que o Brasil seja menos com“O País tem no leite conpetitivo do que a Nova Zelândia”, densado, por exemplo, vantagens acrescenta o consultor. comparativas em função do açúcar. Problemas burocráticos Assim, este é um produto brasileiro também vêm atrapalhando a exque tem bastante comércio, sendo portação do setor, como destaca o segundo em importância na paua Viva Lácteos. “Temos alguns ta comercial do segmento”, afirma entraves burocráticos, como a Marcelo Costa Martins. “Além desnecessidade de missões de hates, os queijos e a manteiga podem bilitações por parte de alguns despontar, em função dos mercapaíses, além de barreiras comerdos que estão sendo abertos, como ciais, como cotas para produtos é o caso da Rússia”, completa. específicos em mercados distinApostando no fortalecimenMarcelo Costa Martins, da Viva Lácteos: tos”, explica Marcelo Costa Marto do produto lácteo brasileiro no Acreditamos que, em quatro anos, o Brasil passe a tins. Um dos exemplos lembra- exportar o equivalente a 1 bilhão de litros de leite mercado externo, a Viva Lácteos dos é a cota de 42 toneladas/ano possui uma meta ousada para os de leite condensado para o Equador e de 402 próximos anos. “Acreditamos que, em um horizonte de quatoneladas anuais para a Colômbia. Há, ainda, tro anos, o Brasil passe a exportar o equivalente a 1 bilhão entre outros, o caso americano em que o Brasil de litros de leite, ou 2,2 vezes o que foi embarcado no ano divide com outros países uma cota de aproxima- passado”, projeta o seu diretor executivo. damente 4 mil toneladas. Mas, para que essa reação nas vendas externas aconUma alternativa importante seria o Brasil teça e o País se consolide como um grande exportador, é concentrar-se em produtos mais fáceis de ex- preciso antes cuidar do planejamento interno, como ressalta portar, como o leite em pó e o leite condensado, Samuel Oliveira, da Embrapa Gado de Leite. “É necessária que já lideram a relação de embarques lácteos a construção de um plano estratégico de desenvolvimento do País – cenário que não deve ser alterado nos do setor de lácteos visando ações de médio e longo prazo”, próximos anos. A Viva Lácteos garante que o conclui.

Rússia habilita leite em pó brasileiro No início de julho de 2015, durante visita de autoridades a Moscou, o Brasil fechou um importante acordo que habilita 11 empresas nacionais a exportarem leite em pó à Rússia. Essa será a primeira vez que o Brasil venderá o produto para o país. O acordo estava em negociação desde fevereiro. A Viva Lácteos espera exportar anualmente, no médio prazo, 20 mil toneladas de leite em pó para o mercado russo. Para a associação, o acordo só aconteceu em razão da credibilidade do sistema de defesa do País. “Sem nenhuma dúvida, é uma conquista para o setor. O importante agora é que as empresas habilitadas iniciem seus processos de exportação. Com a abertura para o leite

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em pó, conseguiremos inclusive alavancar a venda de outros produtos, como queijo e manteiga”, comemora Marcelo Costa Martins, diretor executivo da entidade. A expectativa das empresas do setor e do Ministério da Agricultura é de que o Brasil consiga abocanhar metade desse mercado. A Rússia importa anualmente 630 mil toneladas de leite em pó, equivalente a US$ 1,2 bilhão. “Temos todas as condições de atingir 50% do mercado russo”, assegura a ministra Kátia Abreu, do Ministério da Agricultura, destacando a importância dos lácteos brasileiros conquistarem novos mercados. “Nossa produção cresce 5% ao ano e o consumo, 3%.”


Tabela 1 - Exportação de lácteos do brasil Ano

Lácteos Mil US$ Toneladas

2004 112.965 77.336 2005 150.171 85.869 2006 168.303 98.732 2007 298.975 103.547 2008 540.880 148.563 2009 166.790 69.058 2010 155.486 58.242 2011 121.053 41.814 2012 118.956 42.473 2013 116.959 42.473 2014 345.407 86.037

Tabela 2 - Evolução das exportações de lácteos Em milhões de us$ Junho/14

19,2

Julho/14

33,2

Agosto/14

27,1

Setembro/14

17,3

Outubro/14

34,7

Novembro/14

29,7

Dezembro/14

35,2

Janeiro/15

7,4

Fevereiro/15

16,0

Março/15

28,3

Abril/15

18,6

Maio/15

13,5

Fonte das tabelas: agrostat brasil, a partir de dados da secex/mdic

Tabela 3 - Exportação por produtos em 2014 Produto

mil us$

Leite condensado Creme de leite Queijos Manteiga Demais gorduras lácteas Leite modificado Leite em pó Leite fluido Soro de leite Leitelho Iogurte Doce de leite Demais produtos lácteos

64.128 28.261 18.029 6.902 13.369 2.591 16.104 4.524 6.475 1.269 12.737 2.280 211.556 39.174 48 34 122 83 2.498 748 79 71 239 90 22 9

toneladas

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• Espaço SNA •

Alimentos sem... Sylvia Wachsner, coordenadora do CI Orgânicos/Sociedade Nacional de Agricultura

C

ada vez mais encontramos alimentos sem glúten, sem colesterol, sem lactose, com redução de sódio, sem ingredientes transgênicos ou com menos açúcares. Não são os quase tradicionais light ou diet, mas novas categorias que atendem aos celíacos, hipertensos, intolerantes a produtos lácteos, alérgicos, etc. Sob a égide “livre de”, novas seções de produtos debutam no varejo. É uma tendência em franca expansão. Com nova dinâmica, esses

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alimentos respondem à demanda dos clientes, que poderíamos chamar de ‘consumidores conscientes’, para os quais a escolha daquilo que adquirem está ligada à saúde e ao bem-estar. No Brasil, calcula-se que existam cerca de dois milhões de celíacos e que 25% da população seja intolerante à lactose. Se acrescentarmos as pessoas que não querem consumir produtos com glúten – ou que simplesmente desejam mudar sua dieta para minimizar os sintomas que o excesso de glúten ou laticínios poderia causar –, cria-se oportunidades para


INGREDIENTES QUE VALEM OURO

preencher espaços no varejo, com novas categorias de produtos. Lembremos que cada vez mais os consumidores buscam informações específicas nos rótulos das embalagens, e isso é uma característica que resulta em várias interpretações subjetivas. A procura por alimentos livres de aditivos químicos, mais nutritivos e com mais sabor, tem aumentado na mesma proporção que a busca por saúde e qualidade de vida. O apelo que os alimentos orgânicos carregam – de que são bons para a saúde – faz com que se abra um mercado potencial, com variedade de produtos, capaz de atingir não somente os mais antenados com o bem-estar, mas também os que apresentam incapacidade de consumir diversos produtos ou aqueles que sofrem de transtornos digestivos ou alérgicos. Especialistas estimam que um em cada cinco consumidores na Alemanha – país com 80 milhões de habitantes – padece de intolerância à lactose. Um por centro é celíaco (evita glúten de trigo e outras culturas de grãos), três por cento não podem tolerar histamina e até sete por cento são intolerantes à frutose. Nos Estados Unidos os consumidores gastam bilhões para consumir alimentos sem glúten – substância que, nesse país, rende diversas manchetes na mídia. Nem todos que praticam uma dieta sem glúten ou sem lac-

Soluções inovadoras? A chave está em conhecer qual tendência e que produto terá influência direta sobre o consumo tose é realmente diagnosticado como celíaco, sofre de alergia ou demonstra intolerância à lactose. “Acho que o glúten me entope por dentro. Estou de regime e me sinto mais leve e melhor agora que não como alimentos com glúten” – observa alguém, ao passo que outro responde: “A mim os laticínios me abarrotam e incham meu abdômen.” Poderíamos argumentar que o diagnóstico clínico dos sintomas foi arrancado da área médica e ficou nas mãos do saber cotidiano. No entanto, esse saber popular faz parte do estilo de vida de milhões. Intolerância é um tema quente, e as novas categorias de

produtos não devem ser subestimadas, pois alergias diferentes são agrupadas sob um termo comum, proporcionando, dessa forma, interessantes oportunidades para os produtores de alimentos orgânicos. Aliás, nossas pesquisas em diversos supermercados e lojas de alimentos naturais demonstram que, muitas vezes, as pequenas agroindústrias de alimentos orgânicos apresentam um mix de produtos que atende esses consumidores. São empresas que não focam somente nas pessoas que adquirem orgânicos com frequência, mas, igualmente, naquelas com necessidades alimentícias específicas. Devido a seu porte, têm mais facilidade de adaptar-se e responder à demanda do mercado. É possível notar que as pessoas ganharam maior consciência e conhecimento do que são os alimentos orgânicos e naturais. O diálogo agora engloba produtos “mais saudáveis”, “melhores para mim e para o meio ambiente”. A identificação das tendências emergentes que se escondem nas escolhas dos alimentos, a descoberta do que procura o consumidor na leitura das embalagens e de como deve ser realizada essa comunicação podem resultar em uma verdadeira mina de ouro para produtores e comerciantes. Soluções inovadoras? A chave está em conhecer qual tendência e que produto terá influência direta sobre o consumo.

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AGO ST O 2015

• Eventos •

Uma feira completa TecnoCarne & Leite inova em sua 12ª edição e inclui novidades lácteas em seu escopo

A

cidade de São Paulo recebe de 11 a 13 de agosto a TecnoCarne – 12ª Feira Internacional de Tecnologia para a Indústria da Carne e do Leite. Grandes marcas levarão inovações tecnológicas e soluções para o setor lácteo, além de carne bovina, suína, aves e peixe. “A TecnoCarne é a mais completa feira do setor, um ponto de encontro da indústria que oferece espaço para troca de experiências, análise de tendências e, acima de tudo, para a realização de grandes negócios. Isso se dá pela participação dos principais players do mercado de carnes e leites do Brasil e do exterior e pela alta qualificação do público visitante, com grande poder de decisão”, comenta José Danghesi, diretor da feira. Estarão em exposição os setores de Ingredientes e Aditivos, Embalagens e Tripas, Refrigeração, Logística, Produtos e Serviços, Rastreabilidade, Softwares, Paletes, Transporte e Armazenagem, Tratamento de Efluentes e Higienização, Máquinas, Equipamentos e Acessórios, Automação Industrial e Comercial e Reciclagem. Em sua 12ª edição, a TecnoCarne traz novidades como o “Meeting Business TecnoCarne & Leite”, um encontro entre quem vende e quem compra maquinários, tecnologia, produtos, automação e soluções para a indústria de processamento.

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A TecnoCarne será realizada no São Paulo Expo (antigo Centro de Exposições Imigrantes), que agora é climatizado e promoveu melhorias estruturais, além de trazer um novo restaurante anexo. Confira algumas novidades programadas ao setor lácteo e as expectativas que envolvem a feira.

// Akso Um dos lançamentos que a Akso traz é o Combo 5, um inovador instrumento de bolso de ampla escala que realiza cinco análises simultâneas: pH, condutividade, TDS, salinidade e temperatura. Outra novidade é o Termômetro Dobrável Gourmet, com haste articulada e exatidão de 0,5°C, tornando-o ideal para processos de ponto crítico. Mirella Koch, coordenadora de marketing da Akso, lembra que os já tradicionais produtos voltados a laticínios – como analisadores de leite Master Mini e Master Complete, termômetros, medidores de pH e dataloggers – também estarão presentes na feira. “Eles são aplicados em diversas etapas do processo, garantindo a qualidade do produto desde o recebimento do leite, produção até o transporte para os pontos de venda”, esclarece a coordenadora, enaltecendo a importância da TecnoCarne. “A Akso é presença certa na TecnoCarne desde 2009 e a feira sempre supera as nossas expectativas. Para a edição desse ano, esperamos ampliar e solidificar ainda mais nossas relações comerciais, dividindo nossas experiências e nosso crescimento com nossos clientes e apresentando produtos e lançamentos para futuros parceiros”, completa.

// Jonhis Única fabricante de registradores de temperatura descartáveis (termógrafos) fora dos Estados Unidos, a Jonhis Instrumentos de Me-

dição explica que a importante ferramenta é utilizada para monitorar, em registro gráfico, a temperatura de produtos perecíveis no transporte refrigerado. “Fabricamos também registradores gráficos em carta circular para registro da temperatura em pasteurizadores, câmaras frias, autoclaves, etc”, detalha Fábio Araujo, gerente comercial da empresa, acrescentando que os termógrafos estarão presentes na TecnoCarne. Sobre a participação na feira, Araujo comenta que a Jonhis espera “propiciar um contato direto com clientes e fornecedores, além de render bons frutos relacionados não só a negócios, mas também a relacionamento e exposição da marca da Jonhis Instrumentos”.

// Sealed Air Food Care Máquina de Embalagem a Vácuo VS9X, Túnel de Encolhimento STE98, embalagem termoencolhível abre-fácil Cryovac Grip & Tear: não são poucas as novidades que a Sealed Air Food Care apresentará na feira, segundo revela Ellen Callmann, diretora de Marketing Communications da companhia para América Latina. A máquina de embalagem, com um novo patamar em produtividade, higiene, manutenção e monitoramento de desempenho, segundo a empresa, garante diferenciais como grande capacidade de embalagens por ciclo, maior velocidade e alta eficiência do vácuo. Já o túnel tem funções totalmente automáticas e promove encolhimento perfeito e melhor aparência final da embalagem. Os sacos termoencolhíveis, por sua vez, oferecem “a exclusiva tecnologia abrefácil que elimina o uso de facas, garantindo condições de total segurança e higiene no manuseio do produto”, segundo Callmann. “Pioneira no setor de embalagens para alimentos, a Sealed Air está entre os principais players do mercado de carnes e leite do Brasil e a TecnoCarne & Leite é uma oportunidade de mostrar que seguimos inovando para melhor atender nossos clientes”, avalia a diretora. “O evento é ainda um espaço importante para reforçar nossa posição como uma empresa de soluções revolucionárias em embalagem e higiene, focada em agregar valor aos produtos dos nossos clientes de forma real e tangível.”

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AGO ST O 2015

• Eventos •

Leite lucrativo

Edição 2015 do Minas Láctea reúne 107 expositores, 10 mil participantes e a concretização de muitos negócios

A

1º lugar destaque especial - queijo Silvestre do laticínio Cruziliense

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edição 2015 do Minas Láctea se encerrou, em 16 de julho, agradando a organizadores, expositores e visitantes. Os negócios, realizados em grande volume, demonstraram que a crise econômica está longe de afetar o setor. Também não faltaram novidades de todos os tipos, das industriais a saborosas, satisfazendo o público afeito por quitutes lácteos e inovações tecnológicas. Organizada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), a feira congregou quatros dos principais eventos do setor na América Latina: 30º Congresso Nacional de Laticínios, 42ª Exposição de Máquinas, Equipamentos, Embalagens e Insumos para a Indústria Laticinista (Expomaq), 41ª Exposição de Produtos Lácteos (Expolac) e 30º Concurso Nacional de Produtos Lácteos. E os números apresentados na edição 2015 corroboraram a importância do Minas Láctea. Foram 107 expositores e especialistas de todo o Brasil – focando a otimização da produção, a preservação de recursos naturais e os alimentos funcionais – e mais de 10 mil participantes de todos os estados brasileiros e da Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Espanha e Itália. “Vários expositores estão satisfeitos com os indicadores qualitativos da feira, como relacionamento, discussões do mercado e oportunidades de negócios”, comemorou Leandro Viana, chefe-geral do Instituto de Laticínios Cândido Tostes/EPAMIG. Tito Pegorini, consultor da Facchinetti, empresa italiana que fez demonstração de um equipamento


para fracionar queijo em cunhas de peso fixo, sem desperdício, revelou ter vendido duas máquinas durante a feira. “Batemos aqui a meta de venda do ano”, salientou. “Estamos satisfeitos por conseguir mostrar aos brasileiros a importância da máquina para o mercado”. Já Lúcio Antunes, gerente de negócios lácteos da Chr. Hansen, comentou que “pela primeira vez promovemos, em uma feira no Brasil, um novo conceito em iogurte, com a tecnologia Acidifix, que permite estagnação do PH”. O produtor de leite Daniel Sallum, por sua vez, des-

Resultado 41º Concurso Nacional de Produtos Lácteos Categoria: Gorgonzola Posição

Empresa

Marca

1° 2° 3°

Laticínios Tirolez Laticínios Cruziliense Laticínios D’Annita

Tirolez Cruziliense D’Annita

Categoria: Parmesão Posição 1° 2° 3°

Empresa Laticínios Bela Vista Cooperativa Agropecuária Vale do Paracatu Frimesa Cooperativa Central

2° 3°

Empresa Laticínios Vitória Usina de Beneficiamento Paiolzinho Laticínios Dois Irmãos Empresa Laticínios Tirolez Laticínios PJ

Agroindústria Passa Cinco Empresa Laticínios Tirolez Cooperativa de Laticínios Selita

Laticínios Curral de Minas

Empresa Frimesa Cooperativa Central Laticínios PJ Cooperativa Mista dos Produtores Rurais de Conselheiro Pena

Posição

Empresa

Laticínios Fazenda Real

Frimesa

Categoria: Doce de Leite

Marca Vitória Paiolzinho Lucca

Marca Frimesa PJ Diminas

Categoria: Requeijão Cremoso

Coopervap

Posição

Empresa

Fundação Arthur Bernardes

Laticínios Imbaúba Cooperativa Agropecuária do Vale do Paracatu

Marca Paladar de Minas

Cooperativa Mista Agropecuária Coopatos de Patos de Minas Curral de Laticínios Curral de Minas Minas Marca Produtos Viçosa Imbaúba Coopervap

Categoria: Manteiga de Primeira Qualidade

Marca Tirolez PJ Queijos & Queijos

Posição 1°

Empresa Laticínios Re Mar

Laticínios Curral de Minas

José Geraldo Peixoto

Marca Tirolez Selita Curral de Minas

Posição

Categoria: Reino Posição 1° 2°

Posição 1° 2°

Categoria: Provolone Posição 1° 2°

Categoria: Prato

Marca Piracanjuba

Categoria: Gouda Posição 1°

tacou a troca de conhecimento proporcionada pelo evento. “Participei do congresso científico e das exposições de máquinas e de produtos lácteos para levar mais conhecimento para um negócio que estou começando.” Outra grande atração do Minas Láctea foi o 41º Concurso Nacional de Produtos Lácteos. Onze categorias foram avaliadas: queijos Gouda, Parmesão, Provolone, Prato, Reino, Gorgonzola e Minas Padrão; manteiga de primeira qualidade; requeijão cremoso; doce de leite; e destaque Especial. Os produtos de cerca de 60 laticínios nacionais foram avaliados por 30 juízes. Confira a lista completa de vencedores:

Marca Re Mar Curral de Minas Rio do Peixe

Categoria: Minas Padrão 1° 2° 3°

Empresa Lumen Comércio e Indústria Alimentícia Laticínios Tirolez José Geraldo Peixoto

Marca Boreal Tirolez Rio do Peixe

Categoria: Destaque Especial Posição

Empresa

Marca

Produto

Laticínios Cruziliense

Cruziliense

Queijo Silvestre

Laticínios Cruziliense

Cruziliense

Queijo Santo Antônio Casamenteiro

Laticínios Paiolzinho

Paiolzinho

Queijo “O Encantado”

39


AGO ST O 2015

• Consumo •

Avalanche premium

Indústria de sorvete aposta na qualidade para lançar novidades e expandir mercado consumidor Thais Ito

40


// Invasão estrangeira Embora esse mercado esteja em plena expansão, o consumo do brasileiro ainda é baixo - a média anual é de 3,5 litros per capita contra 16L/ano da Nova Zelândia e 13L/ ano dos Estados Unidos, segundo dados de 2014 compilados pela Euromonitor. Mesmo assim, o País continua inspirando investimentos, inclusive de estrangeiros. É o caso da marca norte-americana Ben & Jerry’s, hoje subsidiária da Unilever, que celebra a decisão de ter embarcado no Brasil em 2014. “No início, foram filas diárias tanto

Ricson Onodera

A

lguma coisa acontece no mercado de sorvete do Brasil. Novos produtos artesanais, projeções de crescimento de até 130%, planos de expansão sólidos e investidas estrangeiras marcam uma fase marcada por duas apostas do setor: a mudança cultural do consumidor brasileiro e a sofisticação da oferta. Até quando essa tendência pode perdurar ainda é uma incógnita. Mas o fato é que nem o inverno nem o cenário econômico incerto conseguem barrar o otimismo da indústria. Essa onda positiva é impulsionada pelo crescente consumo do mercado brasileiro. No ano anterior, por exemplo, foram consumidos nacionalmente 1,3 bilhões de litros de sorvete, um aumento de 90,5% entre 2003 e 2014, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (Abis). Tal ascensão tem sido impulsionada por uma quebra de paradigma: normalmente associado ao verão, o produto vem ganhando espaço nas épocas mais frias, segundo observa o presidente da Abis, Eduardo Weisber. “Os brasileiros estão se conscientizando de que o sorvete não é uma guloseima, mas sim um alimento nutritivo e que pode ser consumido o ano todo”, explica. E uma categoria especial vem ganhando destaque nesse cenário: os sorvetes “premium”, ou seja, com maior valor agregado. “Este ano, apesar da crise econômica que o Brasil atravessa, promete bons ares e boas novas para o setor, e a perspectiva é de mais lançamentos no segmento premium e inovações tecnológicas”, atesta Weisber. “As grandes empresas estão percebendo que o consumidor final está disposto a adquirir bons produtos e que procura também mais qualidade e fatores nutricionais agregados ao sorvete.”

na [unidade da] Oscar Freire – chegamos a vender mais de 100% da expectativa em nosso primeiro mês de funcionamento -, quanto na [loja do] Morumbi [ambas em São Paulo]”, conta Katia Ambrósio, diretora de sorvetes da Unilever Brasil. A Ben & Jerry’s, contudo, não se restringirá a essas duas unidades e prevê expansão em lojas, no varejo e na ampliação do seu portfólio. “A diferença da marca em relação às outras, no entanto, é que seu modelo de expansão é orgânico, crescendo mais lentamente”, complementa Ambrósio. Já a argentina Freddo, presente no País há cinco anos, pressiona o acelerador. Após atingir expansão de 150% em abertura de unidades no ano passado, suas atenções atualmente estão canalizadas à Região Nordeste. “A maioria dos nordestinos está conhecendo o exterior. 100% dos consumidores de Teresina tinham conhecido a marca Freddo na Argentina, por exemplo. É uma praça que está aumentando seu consumo. Nosso foco de expansão agora é no Nordeste”, declara Juliano Russo, porta-voz da empresa no Brasil. Com fabricação anual de cinco milhões de quilos de sorvete, a Freddo global projeta um crescimento de 18% para 2015. Outra companhia estrangeira focada nes-

41


AGO ST O 2015

• Consumo • O que é premium?

“O aspecto premium pode vir da marca, embalagem, qualidade de produção, origem de ingredientes, benefícios, entre outros, e não somente do posicionamento de preço”, esclarece. “As sorveterias caracterizadas como ‘gelaterias artesanais italianas’, por exemplo, vêm ganhando popularidade entre os consumidores brasileiros, e também são percebidas como premium, por seus ingredientes, sabor, cremosidade.”

divulgação/Me Gusta

Outro exemplo destacado são as paletas mexicanas, que se diferenciam por serem feitas “com ingredientes naturais e conhecidas por terem recheios líquidos – uma inovação no segmento de picolés aqui, que podem ter recheio, mas costumam ter uma consistência mais cremosa do que líquida”, acrescenta Sato.

Os picolés artesanais Me Gusta foram inspirados nas paletas mexicanas

42

divulgação/Cuor di Crema

A percepção do conceito “premium” é uma via de mão dupla, que depende de como a indústria posiciona um produto e o que o consumidor de cada público-alvo considera como tal. É o que explica Naira Sato, especialista das categorias de alimentação e bebida da Mintel, empresa focada em tendências. Grande parte do investimento em inovações em sorvetes no Brasil, segundo ela, tem se concentrado em produtos premium. Cuor di Crema projeta faturamento 130% maior em 2015

sa descoberta de novos mercados é a norte-americana Cold Stone Creamery, que ingressou no País em 2013 e nacionalizou 90% da operação, ao homologar um laticínio brasileiro para processar sua matéria-prima. “Um diferencial do mercado brasileiro, principalmente do Rio de Janeiro para cima, é a alta procura por produtos mais leves, à base de água, os chamados sorbets”, avalia Leonardo Ribas Gomes, CEO da marca no Brasil.

// Crescimento nacional A Cuor di Crema também verte uma boa dose de otimismo em sua projeção de faturamento. “A previsão de 2015 é aumentar 130% comparado com o ano anterior”, garante o sócio da marca paulistana, Fabio Lampugnani. Dentre os fatores que sustentam essa estimativa está a visão de que o mercado premium brasileiro está amadurecendo. “O mercado está evoluindo, seguindo a curva de desenvolvi-

mento de um mercado ‘novo’ para um mercado ‘mais maduro’, ou seja, o percentual de consumo de sorvete premium está e continuará aumentando devido ao desenvolvimento do paladar do consumidor, até agora não exposto (ou muito pouco exposto) a produtos de alta qualidade”, esclarece Lampugnani. A onda expansiva é contagiante. “A Bacio di Latte está e vai continuar crescendo”, limita-se a informar a assessoria da marca, inaugurada no Brasil em 2011 por um italiano e um escocês. Neste ano, a empresa já inaugurou duas unidades no estado paulista. Já a cidade de São Paulo está prestes a ganhar mais um endereço da Me Gusta Picolés Artesanais. Em menos de dois anos, a marca elevou sua capacidade instalada em 2700% para atender a alta demanda. Mais um sinal de que o segmento premium ainda tem caldo para acrescentar à trajetória do sorvete no Brasil. Um brinde saboroso e refrescante a esse futuro.


As marcas respondem: o que é premium? Artesanal “É um produto com matéria-prima e insumos diferenciados. Não utilizamos colorantes, saborizantes e quase não tem ar no sorvete - a proporção é de 30% a 50%, bastante abaixo do mercado. Essas são algumas características diferenciais do sorvete artesanal em comparação com o industrial. A artesanalidade não é um traço de baixa escala; é um traço de controle total dos seus insumos e de que não usa nada artificial.” Juliano Russo, porta-voz da Freddo no Brasil Qualidade “Produzimos picolés artesanais. Nós - eu e o Ravi Leite, meu sócio somos formados em Gastronomia e trabalhamos com o chef francês Laurent Suaudeau, reconhecido pela qualidade. Acabamos adotando isso na nossa filosofia. Só trabalhamos com o que acreditamos ser natural, logo, que tem qualidade. Por exemplo, usamos chocolate belga. As frutas nós mesmos selecionamos e só trabalhamos com elas frescas – nada de corantes nem conservantes, nada de polpa. O leite condensado é Leite Moça, a Nutella é original. A produção é feita por pessoas, não é robotizada.” Gabriel Jorge Fernandes, sócio da Me Gusta

Produção italiana “A Cuordicrema é a única sorveteria no Brasil que utiliza o processo produtivo como era feito na Itália até os anos 70, é a única que não utiliza creme de leite em nenhum dos sorvetes produzidos e é a única que utiliza máquinas Cattabriga verticais para produzir o gelato. É claro que um gelato como o nosso, que não contém nenhum emulsionante, nem corante, nem gordura adicionada, não pode ficar exposto, como os outros, em uma vitrine, mas tem que ficar protegido da luz e do ar (como era na Itália antigamente, quando não se utilizavam matérias-primas ‘adicionadas’ ao gelato para manter a textura e a aparência) no nosso Pozzetto (refrigerador fechado com atento controle da temperatura) para evitar oxidação.”

na cadeia - fornecedores, funcionários, agricultores, franqueados, clientes e vizinhos - são beneficiados com os lucros da empresa. Todo o nosso leite é proveniente de um programa chamado Caring Dairy, que atesta o índice de sustentabilidade das fazendas, garantindo que as vacas, os produtores e o meio ambiente sejam respeitados. Nossos ingredientes são frescos e Fairtrade (Comércio Justo, em português, o que significa que matérias-primas são compradas de pequenos produtores que se utilizam de práticas ambientais e padrões justos de trabalho). Esses fatores, aliados a um sorvete cremoso, feito com ingredientes de alta qualidade, fazem de Ben & Jerry’s um sorvete diferenciado.” Katia Ambrósio, diretora de sorvetes da Unilever Brasil

Fabio Lampugnani, sócio da Cuor di Crema Super premium “Nos Estados Unidos, nosso sorvete é categorizado como super premium. No Brasil não existe esse tipo de categorização. É à base de leite - não tem gordura hidrogenada, só gordura de leite.” Karen Notarnicola, diretora da Cold Stone Creamery Sustentabilidade “A Ben & Jerry’s se destaca por seu modelo de negócios diferenciado, baseado no conceito de ‘prosperidade compartilhada’, onde todos os envolvidos

Sabor e textura “O produto é considerado super premium, principalmente, por conta de seus ingredientes selecionados, sabor e textura diferenciados.” Nestlé, através da sua assessoria, sobre a recém-lançada linha Nestlé Gelato

43


AGO ST O 2015

• Espaço Embrapa •

Quanto custa a proteína do leite no Brasil? Kennya B. Siqueira, pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, e Thais M.M. Riguete, estudante de Nutrição da UFJF

Introdução Nos últimos anos, a atenção dos consumidores preocupados com saúde e dieta se voltou para um nutriente específico: a proteína. De acordo com o Dairy Council of California (2015), que divulga anualmente as 10 principais tendências em nutrição, as proteínas figuram nesse ranking desde 2011. Por isso, ela está sendo considerada o nutriente da década. A proteína é um macronutriente essencial à saúde por integrar cada célula do corpo humano. No entanto, este não consegue estocar proteína, gerando a necessidade do consumo diário desse nutriente. A princípio, apenas esportistas e atletas prestavam atenção às proteínas dos alimentos consumidos. Mas, com as novas descobertas científicas, a média de ingestão de proteínas da população tem aumentado. As pesquisas têm mostrado inúmeros benefícios de uma dieta rica em proteínas. Além dos já conhecidos efeitos na

44

formação muscular, estudos recentes relatam que os benefícios podem incluir a saúde óssea, o controle de peso e a saciedade, o controle de glicose no sangue, a saúde do coração e a recuperação e a hidratação após os exercícios físicos. Por isso, atualmente, alguns especialistas acreditam que a ingestão de proteína deveria ser 50% acima das atuais 0,8 g/kg de peso/dia (Dairy Council of California, 2015). Diante isso, os produtos ricos em proteína estão vivenciando uma onda de popularidade e a indústria de alimentos tem prontamente atendido a essa tendência, com o lançamento de novos produtos que têm a adição de proteína ou ressaltando sua presença em produtos já existentes. Com esse boom das proteínas, muitos consumidores passaram a consumir suplementos alimentares. E aquilo que há pouco tempo era considerado um subproduto da indústria de queijos, como o whey protein ou o soro do leite, tornou-se um sucesso mundial de vendas.


Figura 1: Mapa da ingestão diária de proteínas por país, em 2011

Figura 2: Evolução da ingestão diária de proteína no Brasil 100 94,5

95

93,58

94,99

91,63 90

88,58 88,54 84,42 83,76

85 79,74 80 79,42

81,33

83,08

84,39

85,27

75 Ingestão Diária de Proteína Per Capita - 2011 Fonte: baseado em dados da FAO (2015) em g/hab/dia sem dados 38 – 64

65 – 80 81 – 93

94 – 108 109 - 131

70 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Fonte: baseado em dados da FAO (2015)

Fonte: baseado em dados da FAO (2015)

O soro, uma das proteínas do leite, é composto por várias frações que se separam da caseína (outra proteína do leite) durante a fabricação do queijo. Assim, o whey protein representa 20% do total de proteínas do leite. Dependendo do processo de fracionamento e concentração, ele pode apresentar diferentes teores de proteína. Os tipos de whey protein mais comumente encontrados como suplementos alimentares são o concentrado (WPC) e o isolado (WPI). No entanto, é importante salientar que existem muitos produtos típicos da dieta brasileira que são ricos em proteína, incluindo os lácteos. De um modo geral, as pessoas não associam o leite e seus derivados com produtos ricos em proteína. Segundo o Dairy Council of California (2015), consumidores de lácteos geralmente têm melhor perfil nutricional e menor risco de doenças crônicas, tais como osteoporose, pressão alta, obesidade, diabetes tipo 2 e câncer de colo. Diante do exposto, este artigo tem o objetivo de avaliar o uso do leite e seus derivados na oferta de proteína para a população brasileira, além de comparar o custo da proteína desses produtos com outros produtos típicos da dieta brasileira.

cresceu 5,7% desde 2005. No entanto, esse nível varia muito entre os países, conforme pode-se observar na Figura 1. A Figura 1 evidencia que, nos países desenvolvidos, o padrão de consumo diário de proteínas é mais elevado – alguns europeus e os Estados Unidos se sobressaem com médias superiores a 109 g/hab. Na América do Sul, por sua vez, o país que apresenta a melhor média de consumo diário é a Argentina, com 100 g/hab/dia. No Brasil, a ingestão diária de proteína situa-se em 94,5 g/pessoa (em 2011). Embora o País ainda não figure entre os maiores consumidores de proteína do mundo, os brasileiros estão entre os que mais ampliaram o consumo desse nutriente entre 2005 e 2011. A Figura 2 apresenta a evolução da ingestão diária de proteína no Brasil. O Brasil passou de um padrão de ingestão diária de proteína de 75 g/hab em 2000 para 95 g/hab em 2013, ou seja, um aumento de 20 g/hab/dia. Com isso, atualmente os brasileiros consomem mais do que a média mundial. Mas a porcentagem de proteína ingerida que é oriunda dos lácteos ainda é baixa no País. Apenas 13,3 g de proteína consumida diariamente no Brasil vem dos lácteos, o que corresponde a 14,1% da ingestão desse nutriente. Nos Estados Unidos esse valor chega a 20,3%, no Uruguai a 21,2%, na Alemanha a 23,4% e na Holanda a 27,9%.

// A contribuição da proteína do leite para a dieta De acordo com a FAO (2015), o nível médio de ingestão diária de proteína no mundo em 2011 (último dado disponível) era de 80,5 g/pessoa/dia. Esse valor

45


AGO ST O 2015

• Espaço Embrapa • Isso indica que a indústria de laticínios tem espaço para investir no marketing da proteína para incentivar o consumo de leite e derivados no Brasil. De acordo com Nuvlac (2015), dos 171 derivados lácteos lançados mundialmente no mês de maio de 2015, 35% - ou 61 produtos - eram enriquecidos ou ressaltavam o teor de proteínas. No entanto, nesse mesmo período, apenas 10 produtos tinham esse tipo de apelo nutricional no Brasil. O resultado sugere que tanto a indústria de laticínios quanto o consumidor brasileiro precisam valorizar mais a proteína do leite.

// Metodologia Para avaliar o custo da proteína no Brasil, considerou-se a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) da Unicamp. Ela apresenta a informação nutricional de 597 alimentos consumidos no Brasil, os quais são distribuídos em 15 grupos: • cereais e derivados; • verduras, hortaliças e derivados; • frutas e derivados; • gorduras e óleos; • pescados e frutos do mar; • carnes e derivados; • leite e derivados; • bebidas (alcoólicas e não alcoólicas); • ovos e derivados; • produtos açucarados; • miscelâneas; • outros alimentos industrializados; • alimentos preparados; • leguminosas e derivados; • nozes e sementes. Para execução da presente pesquisa, foram excluídos os grupos “gorduras/óleos” e “bebidas (alcoólicas e não alcoólicas)”, por apresentarem quantidades ínfimas de proteína, e o grupo “alimentos preparados”, por se tratar de refeições prontas, como estrogonofe e sarapatel, o que dificulta a coleta de preços. Em cada grupo de produtos, foi realizado um ranking baseado no teor de proteína. Depois, selecionou-se pelo menos dois produtos

46

em cada grupo para a coleta de preços. Para o grupo dos lácteos e das carnes, a representatividade foi maior. Além dos alimentos presentes na tabela TACO, foi incluído o whey protein ou suplemento alimentar. Para a coleta de preços foi selecionado um supermercado online de grande representatividade no País, que abrange entregas no estado de São Paulo e nas cidades do Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Fortaleza. Os preços foram consultados no mês de junho de 2015. Apesar de menos de 50% dos brasileiros serem adeptos da compra de alimentos pela internet (CONSUMOTECA, 2013), o Brasil é o 10º maior mercado em vendas virtuais de alimentos (KPMG, 2012). Em 2014, o País movimentou cerca de R$ 743 milhões nas vendas online de alimentos embalados, com crescimento de 11% em relação a 2013 (Euromonitor, 2015). Portanto, acredita-se que a coleta de preços via internet elimine os gastos elevados de uma coleta in loco em todo o território nacional. Além disso, o varejo online reflete as mesmas características de diferenças e variações nos preços do mercado físico, conforme mostrou Proteste (2013). Assim como é feito pelo Dieese no cômputo da cesta básica e pela Unicamp na seleção dos produtos para a TACO, foi coletado o preço cobrado no varejo das principais marcas para cada produto, os quais foram corrigidos para 100 gramas. Preços promocionais não foram considerados. Em seguida, calculou-se a média de preços de cada tipo. Estudos recentes têm mostrado que a distribuição de ingestão de proteína ao longo do dia é fundamental para otimizar a síntese muscular, de maneira que se recomenda ingerir cerca de 20-30 gramas em cada refeição (Dairy Council of California, 2015). Assim, calculou-se o custo para se obter 20 gramas de proteína a partir de cada alimento considerado. Por fim, foi calculada a quantidade de produto correspondente a 20 gramas de proteína, empregando-se os valores de medidas caseiras de Pinheiro et al. (2000).

// Resultados Considerando os 12 grupos alimentares da tabela TACO, foram selecionados 55 produtos para análise. Desses, 17 são lácteos. Na Tabela 1 é apresentado o preço de 20 gramas de proteína por produto. Pela Tabela 1 pode-se perceber que, entre as proteínas mais baratas do Brasil, predominam os produtos de origem animal. Ou seja, com exceção da farinha de soja, os 13 primeiros colocados no ranking são produtos de origem animal.


TABELA 1: Custo de 20 gramas de proteína por produto Quantidade de produto

28

Farinha láctea

29

Iogurte natural desnatado 4,74

4 unidades pequenas

30

Queijo minas meia cura

4,99

3 fatias médias

31

Picanha bovina

5,12

1 bife pequeno

32

Sardinha, conserva em óleo

5,24

1 lata

4,46

8 colheres de sopa

1

Ovo de codorna

0,25

15 ovos

2

Peito de frango

0,66

1/2 peito

3

Bisteca suína

0,84

1 bisteca pequena

4

Farinha de soja

1,00

3 colheres de sopa

33

Iogurte natural

5,37

4 unidades pequenas

5

Ovo de galinha

1,04

3 ovos

34

Salame

5,48

1 fatia média

6

Paleta bovina

1,52

3 pedaços pequenos

35

Alho cru

5,50

31 dentes

7

Cação em posta

1,56

1 pedaço pequeno

36

Whey protein

5,61

1 colher de sopa

8

Leite em pó desnatado

1,70

8 colheres de sopa

37

Petit suisse de morango

5,77

8 potinhos

9

Leite UHT integral

1,75

3 copos

38

Requeijão cremoso

5,78

14 colheres de sopa rasa

10

Leite UHT desnatado

1,75

3 copos

39

Leite de cabra

5,79

3 copos

11

Leite em pó integral

1,97

5 colheres de sopa

40

Pão de queijo

6,22

20 unidades médias

12

Coxão duro bovino

1,99

3 pedaços pequenos

41

Banana maçã

6,63

18 bananas

13

Charque

1,99

3 pedaços pequenos

42

Maracujá

6,91

22 maracujás

14

Feijão preto

2,23

3 conchas médias

43

Leite achocolatado

7,50

4 copos

15

Leite condensado

2,24

17 colheres de sopa

44

Nhoque

8,16

0,2 colheres de sopa

16

Contrafilé

2,28

1 bife pequeno

45

Filé de Abadejo

8,29

1 filé pequeno

17

Aveia em flocos

2,32

10 colheres de sopa

46

Doce de leite cremoso

8,54

18

Pão de forma de aveia

2,43

7 fatias

14 colheres de sobremesa

19

Atum, conserva em óleo

2,74

5 colheres de sopa

47

Chocolate ao leite

9,34

9 barras pequenas

20

Mortadela

2,96

11 fatias médias

48

Castanha de caju

12,72

43 castanhas

21

Queijo prato

3,06

6 fatias médias

49

Brócolis

13,79

95 colheres de sopa

22

Queijo minas frescal

3,26

4 fatias médias

50

Queijo parmesão

17,56

4 colheres de sopa

23

Lombo

3,54

1 fatia pequena

51

Batata chips

30,25

275 batatas

24

Queijo mozarela

3,62

4 fatias médias

52

Gelatina

31,02

44 colheres de sopa

25

Ricota

3,96

5 fatias médias

53

Leite de coco

36,96

9 garrafas

26

Lentilha

4,01

2 conchas médias

54

Café

55,36

17 xícaras

27

Bacalhau salgado

4,42

1 pedaço pequeno

55

Azeitona preta, conserva

85,66

573 azeitonas

47

Fonte: resultados da pesquisa

Produtos

Custo da proteína (em R$)


AGO ST O 2015

• Espaço Embrapa • Nesse sentido, vale lembrar que a proteína animal, ou seja, a proteína da carne, dos ovos e do leite, é considerada a proteína de melhor qualidade, pois contém todos os aminoácidos essenciais na proporção necessária para o organismo humano, além de possuir melhor digestibilidade. Assim, esses produtos são considerados fontes completas de proteína. Já as proteínas vegetais são geralmente consideradas de qualidade inferior. Além de não possuírem certos aminoácidos essenciais, elas contêm fatores antinutricionais, que dificultam sua absorção. Por isso, os alimentos de origem vegetal são caracterizados como fontes incompletas de proteína, de forma que é necessário o consumo de vários tipos para se conseguir a quantidade e a variedade de aminoácidos que o organismo necessita. No entanto, poucos consumidores sabem disso. No ranking da proteína mais barata do País, a primeira colocação é do ovo de codorna. Para ingerir 20 gramas de proteína, o brasileiro paga em média R$ 0,25. No entanto, seria necessário o consumo de 15 ovos de codorna, o que é inviável. Por outro lado, consumindo apenas meio peito de frango e uma bisteca suína pequena, é

48

possível atingir 20 gramas de proteína com custo inferior a R$ 1,00. Aliás, a Tabela 1 mostra que através do consumo de carnes e pescados, de modo geral, com exceção do filé de Abadejo, consegue-se atingir a ingestão de 20 gramas de proteína a um custo inferior ao do suplemento alimentar whey protein. No caso dos derivados lácteos, por sua vez, tem-se que doze produtos apresentaram custo inferior ao do whey protein. As quantidades necessárias de consumo, entretanto, são significativas. Nesse ranking, os produtos que apresentaram melhor custo-benefício foram o leite em pó (desnatado e integral) e o leite UHT (desnatado e integral), com custo inferior a R$ 2,00 para se atingir a ingestão de 20 gramas de proteínas. De um modo geral, os queijos e iogurtes também apresentaram boa relação custo-benefício em termos de proteína. A exceção foi o parmesão, que se revelou uma das proteínas mais caras entre os produtos analisados.

// Considerações finais Diante do boom de popularidade da ingestão de proteínas, esse trabalho objetivou avaliar o uso do leite e seus derivados na oferta


de proteína para a população brasileira, além de comparar o custo da proteína desses produtos com outros típicos da dieta brasileira. Os resultados indicaram que o leite em pó e o leite UHT estão entre as formas mais baratas de se ingerir proteína no Brasil, sendo, inclusive, mais baratos do que os suplementos alimentares de proteína existentes no mercado. No entanto, eles ainda perdem para produtos de origem animal, como ovos e carnes. Além disso, alguns derivados lácteos, como o queijo parmesão, despontaram como fontes extremamente caras de proteína. Portanto, esse trabalho evidencia mais uma vertente dos lácteos que pode ser explorada nas campanhas de marketing. Ou seja, além de ser fonte de cálcio, o leite e seus derivados podem ser exaltados como fonte acessível de proteína de boa qualidade. Agradecimentos

Os autores agradecem à FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) pelo apoio financeiro fundamental ao desenvolvimento dessa pesquisa.

Referências CONSUMOTECA. Disponível em: <www.consumoteca.com.br>. Acesso em: 21 nov. 2013. DAIRY COUNCIL OF CALIFORNIA. Disponível em: <http://www.healthyeating.org/>. Acesso em: 19 jun. 2015. EUROMONITOR. Disponível em: < www.euromonitor.com/brazil>. Acesso em 24 jun. 2015. FAO. FAOSTAT. Disponível em: < faostat3.fao.org>. Acesso em 18 jun. 2015. KPMG. Estudos sobre o Mercado de alimentos virtuais. Disponível em: <www.kpmg.com/br>. Acesso em 05 dez. 2013. NUVLAC. Boletim de lançamento de produtos lácteos. Disponível em: <http://www.nuvlac.com.br/page/ boletim>. Acesso em: 19 jun. 2015. PINHEIRO, A.B.V.; LACERDA, E.M.A.; BENZECRY, E.H.; GOMES, M.C.S.; DA COSTA, V.M. Tabela para Avaliação de Consumo Alimentar em Medidas Caseiras. 4ª. ed. Editora Atheneu, 2000. PROTESTE. Guia dos supermercados do Proteste. Disponível em: <http://www.proteste.org.br/dinheiro/ nc/simulador/guia-de-supermercado> Acesso em: 8 dez. 2013. TACO – Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Disponível em: <http://www.unicamp.br/nepa/ taco/>. Acesso em: 13 jun. 2015.

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