Revista Nacional da Carne - Edição 456

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Nº 456 • Ano XXXVIII Março/ Abril 2015 www.btsinforma.com.br

Para Todos

A crise hídrica e seus impactos no mercado brasileiro Exclusivo

O marketing avassalador da Friboi e da JBS

Sem crise

Grandes frigoríficos têm excelente balanço anual

Paralisações

Prejuízos e ensinamentos da greve nas estradas



TecnoCarne

3


Sumário

Capa

28

Crise hídrica em detalhes. Conheça os impactos, os bons exemplos e a responsabilidade do setor

Conjuntura

42

Conjuntura

Setor de máquinas espanta crise e colhe bons resultados. Veja os destaques para 2015

Vis-à-Vis

8

Maria Eugênia Rocha, da JBS, revela detalhes do marketing bem-sucedido da Friboi

E mais

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6 Editorial 14 Exportação - Reaberturas 16 Empresas & Negócios

20 Finanças - Balanço 26 Artigo - Finanças 36 Infográfico - Capa

38 Produção - Greve 50 Índice de Anunciantes

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ISSN 1413-4837

Editorial

Ano XXXVIII - no 456 - Março/ Abril 2015

A relatividade das crises

C

rise após crise, aparentemente, o mercado brasileiro sofre para se reerguer. Os problemas – originados ou não de situações externas – parecem acumular-se e invertem as boas expectativas criadas nas últimas duas décadas. Depois de anos de expansão socioeconômica, independentemente do grupo político à frente do Planalto, o País tem sérios entraves que podem dificultar seu desenvolvimento no médio prazo. Não são poucos os desafios para os próximos meses. A economia brasileira, por exemplo, já se ressente de um perigoso binômio formado por inflação alta e crescimento baixo. O panorama político também não é favorável: cindidos entre dois grupos opostos, políticos de “esquerda” e “direita” travam uma batalha perigosa, que parece forjada no seio da própria sociedade. Até mesmo problemas pontuais, conectados ou não à atual conjuntura, assomam-se para tornar o cenário conflituoso. É o caso dos caminhoneiros e de sua onerosa e legítima paralisação. Do dólar disparado. Ou da crise hídrica e energética – e de seus incalculáveis estragos. Mas, como demonstra boa parte dessa edição, cuidadosamente pensada para apontar que o conceito de crise pode ser relativo, boas ações, bons exemplos e bons resultados ainda existem no mercado. A começar pela reportagem de capa, escrita por Thais Ito, sobre a crise hídrica. Embora o problema seja concreto, não faltam opções para minimizá-lo ou mesmo contorná-lo por completo. Importantes conquistas estão espalhadas por todos os segmentos. A Friboi, por exemplo, como demonstra entrevista com a gerente de marketing executiva da JBS, Maria Eugênia Rocha, conseguiu revolucionar o mercado cárneo brasileiro apostando apenas no marketing e na inovação. Os grandes frigoríficos, na mesma linha, fizeram escolhas financeiras precisas e acertadas. Enquanto boa parte do mercado nacional reclama, eles apresentam balanços anuais positivos e projetam um grande 2015. E a própria greve dos caminhoneiros, embora onerosa, deixa importantes lições: um dos grandes entraves estruturais brasileiros é a incapacidade de união, antecipação de problemas e construção de diálogo conjunto entre setores distintos. A crise, é evidente, existe e precisa ser encarada com cautela. Mas o tamanho de seu impacto parece realmente relativo. Refletir sobre alternativas e encarar o futuro com sobriedade, mesmo diante do momento conturbado, podem ser a garantia de resultados surpreendentes. Tenham todos uma ótima leitura. José Danghesi 6

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Vis-à-Vis

A revolução que foi televisionada 8

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Thais Ito

Em entrevista exclusiva, gerente executiva da JBS explica como Tony Ramos e o marketing da Friboi mudaram o comportamento do consumidor brasileiro www.nacionaldacarne.com.br

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divulgação/Friboi

Vis-à-Vis

Maria Eugênia Rocha, gerente de marketing executiva da JBS

N

os últimos dois anos da sexagenária Friboi, a marca do grupo JBS deu um salto que ficará eternizado. Com comerciais apresentados pelo ator Tony Ramos, a empresa não apenas popularizou a frase “É Friboi?” no imaginário do brasileiro, em uma investida publicitária sem precedentes no mercado cárneo nacional, como consolidou a percepção do produto para além de uma simples commodity. Essa investida em propaganda ocorreu em uma época marcada por denúncias de abatedouros sórdidos. A reputação do setor, assim, passou a sofrer com a imagem de falta de qualidade. Foi nesse contexto que a Friboi desenvolveu campanhas com a Lew´Lara\TBWA para “ressignificar a categoria pela construção da marca Friboi, além de blindar sua reputação”, conforme conta a agência. 10

Os resultados foram imediatos. A Lew´Lara\TBWA aponta, por exemplo, alguns dados favoráveis do Ibope: crescimento de 19% para 32% de menções à marca, entre 2012 e maio de 2013, e de 30% para 80% em termos de consideração. Na apresentação do case, a agência cita também o aumento de 20,2% nas vendas entre abril e junho de 2013. Em entrevista exclusiva à Revista Nacional da Carne, Maria Eugênia Rocha, gerente de marketing executiva da JBS, fala sobre a inclinação da Friboi ao marketing. “Aconteceu uma mudança de comportamento de consumo, ou seja, a origem da carne virou requisito de avaliação de compra do consumidor”, ressalta. “A Friboi foi pioneira, mudou o cenário da carne bovina e se tornou a marca de carne hoje mais conhecida.” Rocha destaca, ainda, a atuação de Tony Ramos como garoto-propaganda: “é um grande parceiro da marca”. Por outro lado, quando questionada sobre Roberto Carlos - cuja participação não apenas rendeu repercussões polêmicas, como também uma conturbada rescisão contratual -, a gerente é lacônica. “O contrato com o cantor Roberto Carlos está encerrado.” Após investir solidamente em publicidade e propaganda, a Friboi volta suas apostas à inovação. A marca, no início de 2015, revolucionou seu portal na internet. Rocha lembra, também, o mais recente lançamento: um aplicativo para celular que permite identificar a origem da carne, mostra receitas e traz um “churrascômetro”, que auxilia na organização do churrasco. É um conteúdo “100% focado em prestação de serviços” que, conforme garante a executiva, “tem maximizado o contato com os consumidores”. Na carona da inovação, Rocha menciona outra novidade da empresa: a linha Todo Dia, que oferece carnes prontas e permite que consumidor dê o seu toque final. Por isso, adianta a gerente, a perspectiva para este ano é que a Friboi se debruce principalmente sobre programas voltados à gastronomia. Confira a entrevista completa com Maria Eugênia Rocha, gerente de marketing executiva da JBS.

A Friboi é, notadamente, hoje, a marca de carne que mais investe em propaganda e inovação. Quando e por que a empresa partiu para essa estratégia? A partir de decisões estratégicas e observando uma grande oportunidade de mercado, o grupo JBS decidiu,

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Aconteceu uma mudança de

comportamento de consumo,

ou seja, a origem da carne virou requisito

há pouco mais de dois anos, criar algo novo: desenvolver marca para o produto carne, que antes era apenas uma commodity. Apostamos em publicidade para deixarmos o status de commodity para nos tornarmos uma marca conhecida. Notamos que poderíamos fazer algo pioneiro e mudar o cenário da carne bovina. A JBS desenvolveu o mercado e o consumidor passou a comprar carne por marca. Aconteceu uma mudança de comportamento de consumo, ou seja, a origem da carne virou requisito de avaliação de compra do consumidor. A Friboi foi pioneira, mudou o cenário da carne bovina e se tornou a marca de carne hoje mais conhecida.

Depois de diversos investimentos, contando inclusive com o uso de atores consagrados, quais os resultados concretos obtidos pela Friboi?

A Friboi é um dos exemplos mais bem-sucedidos na comunicação brasileira de um produto que deixa o status de commodity – no caso, a carne – para se tornar uma marca conhecida. Segundo a última pesquisa do Ibope, realizada em outubro do ano passado, passou de 35% de lembrança de marca em junho de 2013 para 75% (total de menções à marca). O consumidor mudou o seu comportamento na hora de comprar carne. Antes, eles iam ao açougue e pediam um quilo de patinho. Hoje, existem outras questões que entram na hora da decisão sobre a compra da carne. Eles passaram a ter uma relação diferente com a categoria. De onde vem a carne? Qual a origem dela? Conseguimos plantar a questão da confiança, que além de ser o nosso conceito é algo que está mexendo de forma geral com o


Vis-à-Vis

O ator Tony Ramos tem um

carisma e isso já foi reconhecido

por meio de pesquisas. Ele tem o perfil e os princípios da marca

setor. O que realmente é muito importante, culminando em uma mudança de hábitos do consumidor de proteína bovina.

A presença de Roberto Carlos como garoto-propaganda, que depois culminou em uma ação judicial de rompimento, pode ser apontada hoje como equívoco? Por que a utilização do “Rei” não surtiu o efeito esperado? Nosso garoto-propaganda sempre foi o ator Tony Ramos, o contrato com o cantor Roberto Carlos está encerrado.

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A imagem de Tony Ramos parece ter solidificado a presença da Friboi no imaginário do brasileiro. O que explica esse sucesso?

O ator Tony Ramos tem um carisma e isso já foi reconhecido por meio de pesquisas. Ele tem o perfil e os princípios da marca. Tony Ramos é o garoto-propaganda da Friboi desde março de 2013. É um ator com muita credibilidade e grande parceiro da marca.

A Friboi redefiniu agora não apenas seu portal, como disponibilizou alguns novos aplicativos ao consumidor. Qual a importância dessas novas tecnologias para o setor?

Vivemos um momento em que o digital é um dos principais canais de comunicação, onde as marcas estreitam a relação com seus consumidores. Com a Friboi não seria diferente. Desenvolvemos prestações de serviços, seja antes, durante ou depois da compra. Por exemplo, o nosso novo site tem um conteúdo rico e detalhado sobre o assunto carne, é uma ampla plataforma educacional.

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Por serem interligadas entre si, as novas ferramentas virtuais da Friboi permitem aos consumidores explorar todo o universo da carne de forma muito rápida. Está tudo conectado: site, Facebook e smartphone. Somos especialistas em carnes, referência, e o objetivo é oferecer conteúdo que possa traçar um panorama completo da carne.

O que esse investimento em aplicativos modernos e práticos pode trazer de benefícios?

O objetivo é apresentar ferramentas que traçam um panorama completo do universo da carne, auxiliando o consumidor a fazer a compra e o uso correto de cada um dos nossos produtos.

Os primeiros resultados obtidos com essas mudanças tecnológicas agradaram a Friboi? Os primeiros resultados estão excelentes: estreitamos nosso relacionamento com os clientes - os aplicativos são extensões do DNA da marca - e temos maximizado o contato com os consumidores.

Neste ano, apoiaremos alguns programas que

tenham a gastronomia como mote

Quais os próximos passos planejados pela empresa? Em que áreas a Friboi pretende ampliar o investimento em inovação e marketing?

Temos projetos de inovação em todas as áreas, como a própria linha Friboi Todo Dia, uma revolução na forma de compra e preparo da carne, sem conservantes e com a qualidade e garantia de origem da marca. A Friboi quer estar cada vez mais próxima do consumidor. Sendo assim, neste ano, apoiaremos alguns programas que tenham a gastronomia como mote.


Exportação Editorial Itamar Cardin

Reaberturas em série Suspensão dos embargos de Iraque e África do Sul, entre outras possíveis reaberturas, pode auxiliar carne brasileira a enfrentar turbulência interna

A

carne brasileira parece viver um momento de contrassenso internacional. Embora a balança comercial do País tenha apresentado resultados negativos no início de 2015, e a própria exportação do setor tenha ficado abaixo da expectativa em janeiro e fevereiro, a indústria cárnea nacional segue conquistando novos e importantes mercados. Entre o final de fevereiro e o início de março, por exemplo, no curto espaço de uma semana, dois importantes países reabriram parte de seus mercados ao Brasil. A primeira boa notícia veio da África do Sul, que retomou a importação de carne bovina desossada e suína para processamento. E, pouco depois, o Iraque suspendeu o embargo ao bovino brasileiro congelado e enlatado. “Foram dois importantes anúncios que vêm somar a significantes conquistas para o setor de exportação de carne bovina brasileira, que desde o ano passado acumula notícias positivas com relação à reabertura e expansão de mercados, como Irã e Egito”, lembra Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). 14

Há, ainda, prevista para 2015, a possibilidade definitiva de reabertura de mercados consumidores decisivos, como China, Arábia Saudita e Japão. Os Estados Unidos também negociam uma plausível liberação. “O que nos permite manter uma previsão otimista para este ano”, projeta Camardelli. Somente com as exportações para China e Arábia Saudita, segundo cálculos realizados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Brasil pode ampliar em até US$ 1,2 bilhão seu comércio internacional de carne. Essas reaberturas já foram, inclusive, destacadas em relatório pelo Rabobank. “As perspectivas para a carne bovina brasileira em 2015 são de um bom posicionamento da produção nacional no cenário internacional com a possível abertura do mercado norte-americano para a carne in natura, a retomada dos envios para a China e a redução do rebanho de concorrentes diretos do Brasil”, avalia o relatório de janeiro. O banco também faz projeções favoráveis ao suíno e ao frango brasileiro. “O Rabobank prevê um ano favowww.nacionaldacarne.com.br


rável para a carne de frango brasileira em 2015, com oportunidades de conquista de novos mercados e do aumento no comércio com a Rússia”, acrescenta o relatório. “As perspectivas para a carne suína brasileira em 2015 são positivas, principalmente em relação às exportações, com a possibilidade de abertura de novos mercados – como México, Coreia do Sul e Colômbia -, além da oportunidade de consolidação em outros pouco explorados, como Japão.” A significância das exportações pode ser ainda maior em 2015. Essas reaberturas podem, afinal, devido a fatores conjunturais internos, ter preponderância decisiva e garantir certa estabilidade ao setor em um momento político e econômico conturbado. Helio Sirimarco, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), assegura: a variação cambial e a instabilidade da inflação tornam essas conquistas externas precisamente importantes. “Você ter acesso a novos mercados, ou restabelecer acessos, é sempre importante. E estamos tendo uma vantagem, ou uma meia vantagem, porque o dólar está subindo”, explica Sirimarco. “A inflação também está subindo no Brasil, o que deve impactar ainda mais o consumo de carne. Então, a abertura desses mercados pode diminuir parte desse problema.”

Iraque e África do Sul

O embargo iraquiano à carne bovina brasileira ocorrera em função de um caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina (vaca louca), encontrado no Mato Grosso e no Paraná, segundo o Ministério da Agricultura. Mas, após a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) atestar a inocuidade do sistema brasileiro, mantendo o status de risco como insignificante, as negociações bilaterais foram retomadas. A decisão iraquiana de liberar novamente a entrada da carne bovina brasileira congelada e enlatada, entretanto, foi tomada somente após o Ministério da Saúde www.nacionaldacarne.com.br

A importância das reaberturas, segundo Helio Sirimarco, da SNA • Você ter acesso a novos mercados, ou restabelecer acessos, é sempre importante. E estamos tendo uma vantagem, ou uma meia vantagem, porque o dólar está subindo • A inflação também está subindo no Brasil, o que deve impactar ainda mais o consumo de carne. Então, a abertura desses mercados pode diminuir parte desse problema

local exigir uma série de providências. “Dentre as observações da mensagem está a ressalva de que a exportação deverá ser de carne sadia e não ter tido ocorrência de BSE”, explica nota oficial do Ministério da Agricultura. “A carne também deverá ser de gado cuja alimentação não contenha farinha de carne, pó de ossos e gordura animal seca ou sedimentos de proteína derivada de ruminantes, segundo as recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Além disso, a carne não deverá ser desossada mecanicamente e deverá provir de gado que não exceda 30 meses de idade”, conclui a nota. O embargo sul-africano, por sua vez, aplicado em 2005, acontecera após ocorrência de febre aftosa e de caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina. Desde então esse importante mercado permanecera fechado à carne brasileira. Com a reabertura, segundo estimativas do Ministério da Agricultura, o Brasil deve exportar anualmente US$ 12 milhões em carne bovina e US$ 7 milhões em carne suína ao mercado sul-africano. Essa conquista, aliás, pode trazer outras boas perspectivas à carne brasileira: a aproximação com outros mercados regionais. “O Ministério considera que a decisão poderá abrir mercado aos produtores brasileiros em outros países da África, em especial entre os membros da União Aduaneira Sul-Africana”, finaliza o Mapa. 15


Empresas & Negócios

Essas

informações foram

originalmente

publicadas em nosso portal. Acesse e

confira outras notícias:

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Mercado de sódio atrai Nutrionix ao País

E

specializada no mercado de redução de sódio, a francesa Nutrionix inaugurou um laboratório de pesquisas em Ribeirão Preto (SP) para produzir soluções a carnes, produtos lácteos, molhos e massas, entre outros. O investimento, segundo a empresa, foi motivado pela movimentação da indústria alimentícia brasileira, que está se adequando ao acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia). O Brasil deve atingir, até 2020, segundo o pacto, o consumo de sódio recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Estima-se que o brasileiro consuma em média 12 gramas diárias, enquanto o padrão é de, no máximo, 5 gramas. “Esse é um mercado totalmente novo, emergente e promissor”, aponta o presidente da Nutrionix para a América Latina, Jean Marc Secondi. “Estima-se que 13 milhões de toneladas/ano de alimentos processados serão contemplados pela

redução de sódio e as novas tecnologias de substituição. Em termos de mercado, isso representa US$ 100 milhões anuais nos próximos 10 anos.” O sódio é um componente fundamental nos produtos processados. Ele não só realça o sabor, mas também regula diversos parâmetros técnicos nos processos de fabricação, como fermentação, conservação e retenção de água. “O grande medo do mercado é que essa redução de sódio altere principalmente o paladar, já que é item essencial para manter a qualidade do sabor e por isso a redução pode assustar, mas as soluções da Nutrionix detêm tecnologia capaz de preservar o tradicional gosto dos alimentos, com custos sustentáveis para as empresas e os consumidores”, esclarece. A empresa começou em fevereiro, para todos os segmentos, a desenvolver e produzir no Brasil substitutos do sal a partir de um mix de sais minerais. www.nacionaldacarne.com.br


Valgroup assume planta da Dow nos EUA

O

Valgroup Packaging Solutions assumiu, por meio de sua subsidiária Valfilm North America, as operações na recém-adquirida planta de Findlay, nos Estados Unidos. Ela pertencia anteriormente à multinacional Dow Chemical. A aquisição incluiu ativos físicos, tecnologia e propriedades intelectuais. Atualmente a fábrica produz filmes barreira para embalagens alimentícias, além de filmes adesivos para laminação com metais, mas a intenção do Valgroup é ampliar os produtos. A partir de abril, segundo a empresa, será feito o filme stretch, utilizado em larga escala para embalagens industriais. “Com isso o faturamento da unidade deverá duplicar, além de modernizar o parque fabril com a tecnologia adotada em todas as unidades Valgroup. Desde o anúncio da aquisição, as duas empresas atuaram juntas para realizar um processo de transição suave, sem interferir no atendimento dos clientes”, explica a empresa. O Valgroup, fundado em 1976, oferece soluções completas e inovadoras em embalagens plásticas rígidas e flexíveis. Suas empresas possuem 3.500 funcionários e estão presentes em três países da América e um da Europa.

Carne se destaca e feira russa rende US$ 60 mi

A

participação brasileira na Prodexpo 2015, uma feira realizada em Moscou, na Rússia, entre os dias 9 e 13 de fevereiro, destacou a importância dos produtos agropecuários nacionais, sobretudo nas áreas de carnes e laticínios. Para os próximos 12 meses, segundo cálculo da Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a feira deve render um montante de negócios de US$ 60 milhões. O Pavilhão do Brasil, o quarto maior da feira dentre os espaços nacionais, teve a presença de associações dos setores de carne suína, de aves e laticínios. Contou, ainda, com empresas de molhos, grãos, panetones e pão de queijo. Uma parceria entre o Mapa e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) garantiu a presença brasileira na feira, que teve área superior a 100 mil metros quadrados e a participação de 1997 empresas de 65 países.

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Empresas & Negócios

Jomo aposta em embalagem premium para açougues modernos

A

multinacional Jomo desenvolveu um produto inovador para o mercado nacional. Buscando atender a tendência global de açougues contemporâneos, que vêm abrindo portas para um novo nicho, a empresa criou a Embalagem Térmica Premium para Transporte de Carnes. O produto, segundo descrição da empresa, “auxilia a garantir as condições adequadas para preservar as qualidades do alimento, além de conquistar o cliente no PDV”. É, ainda, térmico, lavável e produzido com material aprovado pela FDA (Food and Drug Administration, o órgão governamental dos EUA responsável pelo controle dos alimentos). E mantém as propriedades intactas durante o transporte. “A Embalagem Premium desenvolvida pela Jomo foi projetada em 2014 e desde então tem sido aprimorada buscando uma excelência para o fim ao qual se destina: a conservação e o transporte seguro da carne. Foi pensando em garantir a qualidade e os aspectos físicos deste produto que a embalagem foi criada”, explica Michele Block, do departamento de marketing da empresa.

“Com um design personalizado de acordo com as necessidades de cada empresa, a embalagem se torna um atrativo para os clientes que podem utilizar a mesma embalagem sempre que forem ao ponto de venda”, finaliza Block.

Akso desenvolve medidor com 5 funções

A

Akso apresentou um novo e pragmático produto ao mercado. Chamado de Combo 5, o novo medidor multiparâmetros é um instrumento que cabe no bolso e realiza cinco análises simultâneas: Ph, condutividade, TDS, salinidade e temperatura. O produto é uma solução, especialmente no campo, para aplicações que precisem monitorar mais de um processo. A intenção, segundo a empresa, é que o operador economize tempo e leve apenas um instrumento para realizar diversas análises. À prova de umidade, ele pode ser usado em viveiros, hidroponia, piscinas, controles ambientais, tratamento de água e pontos críticos de controle em processos alimentares. Possui, ainda, compensação automática de temperatura e eletrodo substituível, além de permitir calibração de pH e desligar automaticamente por inatividade.

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Barcelona recebe importante feira da carne Na balança Queda I

O ano não começou bem às exportações brasileiras. Entre janeiro e fevereiro, segundo a Abiec, o Brasil vendeu 194 mil toneladas de carne bovina ao exterior, uma queda de 28% na comparação com 2014.

Queda II

A

Espanha abrigará um importante evento ligado à indústria cárnea. Entre os dias 21 e 24 de abril, em Barcelona, ocorrerá a Tecnocárnica, uma das feiras do setor mais renomadas da Europa. O evento reúne empresas internacionais e apresenta tecnologias de última geração para toda a cadeia produtiva. Há companhias especializadas em matadouros, sistemas de higiene e limpeza, embalagem, tripas e equipamentos gerais para a indústria, entre outras especificidades. “Visitam a Tecnocárnica as principais empresas cárneas, espanholas e internacionais, em busca de soluções para fazer crescer seu negócio”, garante o comunicado do evento. A Tecnocárnica é um dos salões pertencentes à BTA, evento catalão grandioso que possui outras duas feiras simultâneas: a Tecnoalimentaria e a Ingretecno. Na última edição, em 2012, mais de 35 mil profissionais de 85 países a visitaram. “A BTA é a feira com a oferta mais inovadora e diversa em maquinaria e tecnologia para a indústria alimentícia”, acrescenta o comunicado.

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A exportação de couro e pele teve desempenho semelhante. Em fevereiro, segundo o CICB, o País negociou externamente US$ 195 milhões. A queda, nesse caso, foi de 22%.

Queda III

Embora a exportação de frango tenha apresentado ligeira reação em fevereiro, o saldo anual também continua negativo: 579,8 mil toneladas vendidas nos dois primeiros meses – queda de 4,2%.

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Finanças

Balança e não cai Principais frigoríficos brasileiros apresentam balanço anual favorável e mostram projeções sólidas para

2015 20

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Itamar Cardin

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Finanças

Resultados da BRF Total

Variação

Lucro líquido

R$ 2,2 bilhões

109,4%

Ebitda

R$ 4,9 bilhões

56,4%

Receita Operacional Líquida

R$ 31,7 bilhões

4%

ROL interna

R$ 13,9 bilhões

6,8%

ROL externa

R$ 13,3 bilhões

1,5%

BRF lucra mais de 100% Em um momento difícil da economia brasileira, marcado pelas perspectivas de baixo crescimento, aumento do câmbio e inflação acima do teto, os principais frigoríficos nacionais apresentaram seus balanços anuais* e deixaram uma constatação surpreendente: o setor parece pronto para enfrentar, sem maiores sobressaltos, uma possível crise. E nenhuma empresa brasileira representa tanto essa capacidade quanto a BRF. Em seu balanço anual de 2014, apresentado no final de fevereiro, a companhia declarou lucro líquido de R$ 2,2 bilhões, um expressivo e impressionante crescimento de 109,4% sobre 2013. Mas não foi apenas essa informação que se destacou no balanço. Os demais resultados da BRF também foram favoráveis e prenunciaram boas perspectivas para 2015. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), por exemplo, alcançou R$ 4,9 bilhões e subiu 56,4%, enquanto a Receita Operacional Líquida (ROL) foi de R$ 31,7 bilhões e cresceu 4%. A BRF enfatiza, também, uma queda substancial do nível de endividamento: no último trimestre, a relação da dívida líquida sobre o Ebitda foi de 1,04, ante 2,17 vezes no 4T13. “O desempenho provém de resultados positivos no mercado internacional, crescimento dos pontos de venda no Brasil e à maior qualidade no atendimento”, detalha a BRF em comunicado. “Nesse sentido, mostrou-se assertiva a estratégia global de posicionar o consumidor final no centro do negócio, identificando particularidades e tendências nos mercados atendidos pela BRF em mais de 110 países”, conclui. *Até o fechamento desta edição, a JBS ainda não havia concluído o balanço de 2014

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Aurora bate recorde A Cooperativa Central Aurora Alimentos, na mesma linha da BRF, apresentou números sólidos em 2014. A própria empresa classificou o balanço como seu “melhor resultado em 45 anos”. Destaque para a receita operacional bruta, que chegou a R$ 6,7 bilhões e subiu 18%. As sobras da companhia (equivalente ao lucro), por sua vez, atingiram R$ 417,9 milhões, um aumento de 38%. A receita total da empresa, aliás, na contramão da proclamada queda de consumo nacional, foi obtida principalmente no mercado doméstico – ele representou 80%, contra apenas 20% das vendas externas. Ainda assim, o balanço destacou o desempenho das exportações. Em novembro de 2014, a Aurora foi a primeira empresa brasileira a negociar carne suína para os Estados Unidos. “O maior crescimento ocorreu com as vendas no mercado externo, que cresceram 30% e atingiram um faturamento líquido de R$ 1,3 bilhão”, enfatiza a Aurora. Os principais itens embarcados foram carne de aves, que gerou receita de R$ 988 milhões, e suína, responsável por R$ 390 milhões. Já no mercado interno as vendas líquidas aumentaram 8,6% em volume e 15,9% em faturamento. Alcançaram, assim, R$ 5,4 bilhões. “As carnes suínas contribuíram com R$ 2,8 bilhões nas vendas internas, as carnes de aves com R$ 1,3 bilhão e os derivados lácteos com R$ 729 milhões.” Em meio aos bons resultados, a Aurora investiu em uma série de plantas industriais, uma modernização que pode garantir melhorias em 2015. Um dos principais negócios – de R$ 86 milhões – foi a reabertura do frigorífico de Joaçaba com a capacidade triplicada. Em 2014, segundo a empresa, foram investidos R$ 250 milhões.

Resultados da Aurora Total

Variação

Receita Operacional Bruta

R$ 6,7 bilhões

18%

Sobras

R$ 417,9 milhões

38%

Vendas externas

R$ 1,3 bilhão

30%

Vendas internas

R$ 5,4 bilhões

15,9%

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Finanças

Resultados da Marfrig 2014

2013

Ebitda ajustado

R$ 1,7 bilhão

R$ 1,4 bilhão

Margem Ebitda

8,5%

7,7%

Receita líquida

R$ 21 bilhões

R$ 18,7 bilhões

Fluxo de caixa livre

R$ 56 milhões

- R$ 1,9 bilhão

Marfrig atinge metas Embora tenha apresentado prejuízo de R$ 739,5 milhões no ano anterior, resultado já previsto pelo mercado financeiro, a Marfrig atingiu todas as metas do “guidance” 2014, “reforçando o compromisso assumido na adoção da estratégia Focar Para Ganhar”, segundo detalha a empresa no balanço anual. O Ebitda ajustado consolidado, por exemplo, foi de R$ 1,784 bilhão, crescimento de 23,4% sobre 2013. Já sua margem chegou a 8,5% - a meta era de no mínimo 7,5%. Foi “um significativo avanço no Ebitda de todas as unidades de negócio, com o melhor resultado consolidado da história recente da companhia”, diz a Marfrig. Já a receita operacional líquida cresceu 12,4% e chegou a R$ 21 bilhões (a previsão era entre R$ 21 bilhões e R$ 23 bilhões), enquanto o fluxo de caixa livre atingiu R$ 56 milhões (a meta era entre neutro e R$ 100 milhões). Em 2013, o fluxo havia sido negativo em R$ 1,9 bilhão. “O ano de 2014 marcou o início do processo de transformação da Marfrig, com o plano estratégico Focar Para Ganhar, o qual foi concebido em conjunto pelo Presidente do Conselho, o CEO, principais executivos da companhia e demais membros do Conselho, e que foi essencial para alcançarmos todos os resultados positivos obtidos ao longo dos últimos quatro trimestres”, avalia Martin Secco, diretor-presidente da Marfrig. “Como o próprio mercado pode confirmar - com as ações da Marfrig liderando o ranking de valorização da BMF&Bovespa dentre as empresas do setor de agronegócios, e a segunda posição no ranking geral em 2014 - é inquestionável o quanto já avançamos de forma consistente com a nossa estratégia”, complementa Secco. Em 2015, focada nessa nova estratégia, que envolve gestão de custos, alta produtividade e eficiência operacional, a Marfrig espera atingir receita de até R$ 25 bilhões.

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Minerva aposta em 2015 Se os demais frigoríficos parecem ter reagido bem ao cenário econômico turbulento, a Minerva apresentou prejuízo de R$ 418,2 milhões em 2014, uma alta de 33% sobre o déficit de 2013. Boa parte desse resultado, aliás, deve-se ao desempenho do quarto trimestre, quando o prejuízo líquido consolidado foi de R$ 312 milhões, um expressivo aumento de 150,4% sobre o mesmo período de 2013. A queda, segundo a empresa, deve-se ao impacto de R$ 250,9 milhões da variação cambial sobre a dívida. Ainda assim, mesmo com o aumento considerável do prejuízo, a Minerva apresentou bons resultados e trouxe perspectivas positivas para 2015. O Ebitda ajustado, por exemplo, somou R$ 760,3 milhões e cresceu 37,9% na comparação com 2013. Já a receita líquida, se consideradas as recentes aquisições, como Mato Grosso e Carrasco, no Uruguai, totalizou R$ 7,997 bilhões e subiu 46,6%. Para 2015, por fim, a companhia projeta receita líquida entre R$ 9,5 bilhões e R$ 10,5 bilhões. “O ano de 2014 revelou-se desafiador para a indústria de carnes brasileira tanto do ponto de vista climático quanto competitivo, o que acabou por elevar o preço do gado. Entretanto, o consumo aquecido de carne bovina no mercado doméstico, associado a novos recordes de exportação do Brasil, Paraguai e Uruguai, nos permitiram manter boa rentabilidade em nossas operações”, garante Fernando Galletti de Queiroz, diretor presidente da Minerva, em comunicado oficial. “Entendemos que o ano de 2015 será tão desafiador quanto foi 2014, mas acreditamos estar bem preparados”, acrescenta Galletti. “A desalavancagem financeira permanece como prioridade e será suportada pela maturação dos investimentos realizados e pelos pilares fundamentais de competitividade da companhia, baseados em eficiência operacional, logística eficiente, canais de distribuição internos e externos e excelência em gestão de risco.”

Resultados da Minerva Total

Variação

Prejuízo

R$ 418,2 milhões

-33%

Ebitda ajustado

R$ 760,3 milhões

37,9%

Receita líquida

R$ 7,9 bilhões

46,6%

Receita bruta interna

R$ 2,6 bilhões

37,5%

Receita bruta externa

R$ 4,8 bilhões

24,4%

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Artigo Finanças Editorial Gustavo Sardinha, sócio da B2L Investimentos S/A, advogado especialista em M&A, avaliação de empresas e desenvolvimento de negócios

Número de fusões e aquisições deve crescer em 2015

Q

uem acompanha o mercado financeiro brasileiro deve ter visto os bons números sobre o mercado de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no ano de 2014. Os dados positivos do setor, divulgados recentemente pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), contrariam as previsões mais pessimistas e o momento fúnebre em que a economia se encontra. Incólume aos juros altos, inflação galopante, PIB pífio e borbulhantes escândalos de corrupção, os números de M&A bateram recorde de quase R$ 193 bilhões no ano passado, um crescimento de 16,6% em relação a 2013, segundo a Anbima. Nove das dez maiores operações ultrapassaram a casa dos R$ 5 bilhões, o que, sem dúvida, alavancou o saldo positivo.

26

O crescimento no volume de fusões e aquisições se deu, principalmente, por grandes operações nos setores de Telecomunicações. Apenas a venda pela Oi do ativo Portugal Telecom para a Altice, e a compra da GVT pela Telefônica, somaram R$ 47,3 bilhões – 24,55% do total movimentado em 2014. E esse número é, sem dúvidas, ainda maior. Segundo relatório anual da PricewaterhouseCoopers (PwC), das 879 transações anunciadas em 2014, apenas 266 tiveram seu valor divulgado. A empresa mostrou que, do total anunciado, 22 transações tiveram valor de compra acima de US$ 1 bilhão, totalizando US$ 79,83 bilhões. Já as transações de até US$ 100 milhões lideram o total de negócios com valor divulgado – 168 transações. A região Sudeste ocupou o primeiro lugar no ranking

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Com a operação Lava Jato, as construtoras envolvidas estão se desfazendo de ativos ou buscando consolidação em função de suas restrições de crédito de operações de M&A no ano de 2014, com 71,7% das transações, ampliando sua participação no mercado – em 2013, a liderança era de 68,6 %, com o estado de São Paulo detendo 59,6%. Porém, se a economia vai tão mal, como se percebe claramente nas ruas com a crise hídrica e elétrica, somada ao alto custo do capital, a baixa produção industrial e a queda no consumo, quais motivos levaram as fusões e aquisições a crescer quase 17% em 2014? Dois fatores merecem ser lembrados. Um deles é que a aquisição da GVT pela Telefônica foi fechada em 2013. Mas a aprovação pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) se deu apenas em 2014, o que engorda os números do ano. O outro, e de enorme importância, deve-se justamente ao cenário econômico ruim e aos escândalos de corrupção. Com a operação Lava Jato da Polícia Federal, que investiga contratos superfaturados com a Petrobras, as construtoras envolvidas estão se desfazendo de ativos ou buscando consolidação em função de suas restrições de crédito.

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A contribuição da crise energética e hídrica para os bons números de 2014 fica com as empresas de óleo e gás e o setor elétrico, ambos com dificuldades de financiamento. E, por fim, a crise econômica tem provocado a baixa taxa de ocupação dos imóveis comerciais e, por consequência, a redução dos ativos locais na Bolsa de Valores. Em resumo, todos os pontos negativos na economia brasileira, se vistos de outra perspectiva, mostram que têm sim o seu lado próspero, onde a crise logo se torna oportunidade de negócio. Assim, vemos que o mercado de M&A deverá continuar aquecido e em crescimento. A crise econômica e os escândalos de corrupção ainda perdurarão por um bom tempo. E, com isso, inúmeras oportunidades de fusões e aquisições irão surgir pelos próximos meses.

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Capa

Água finita, Crise hídrica: especialistam apontam prejuízos, indicam boas práticas e demonstram o risco que o setor corre se não melhorar a gestão de recursos

E

m março, uma multinacional de serviços de água e energia – a Ecolab – escolheu São Paulo para sediar o lançamento latino-americano de uma ferramenta de gestão hídrica, a Water Risk Monetizer. A decisão, que priorizou o Brasil ante outros mercados, como China, Índia e México, onde o produto será apresentado futuramente, reflete a gravidade da crise brasileira de água, cujo epicentro é o Sudeste. Neste cenário, entram em debate explicações, soluções e o papel de cada agente social. E a cadeia cárnea, em um primeiro momento, pode ser içada como potencial vilã da escassez. 28

“Muitas pesquisas nacionais e internacionais colocam o setor cárneo em geral - e a produção de gado bovino, em particular - como um dos maiores consumidores de água dentre todos os processos geradores de alimentos”, aponta Gesner Oliveira, economista, sócio da GO Associados e presidente da Sabesp entre 2007 e 2010. Oliveira cita estimativas da ONG Water Footprint sobre a média do consumo mundial de água para produção de carnes: a bovina demanda 15.400 litros para gerar um quilo - “no Brasil a média seria levemente inferior, pela maior proporção de gado em pastagens”, diz Gesner -, a www.nacionaldacarne.com.br


Thais Ito

carne finita

suína consome 6.000 litros e a de ave exige 4.300 litros. Mas o ex-presidente da Sabesp, ao lembrar a origem dessa água, defende o setor. “Toda atividade pecuária utiliza quase em sua totalidade (+80%) a chamada ‘água verde’, que é aquela armazenada no solo ou na superfície, aproveitada pelos plantios e pastagens, e que não pode ser imediatamente utilizada em consumos alternativos. Nesse sentido, seu uso por parte da produção pecuária não guarda uma relação direta com a crise hídrica”, argumenta. “Em segundo lugar, falar de “consumo” não é a mesma coisa que falar de “desperdício”. Na pecuária, www.nacionaldacarne.com.br

a água utilizada se transforma em proteína, em alimento, necessário para a sobrevivência e bem-estar do ser humano.” O Brasil destina cerca de 11% da água para criação animal, conforme aponta o último estudo da Agência Nacional de Águas (ANA), de 2010. A maior parte (72%) é consumida pela irrigação - na média mundial, essa taxa chega a 73%, segundo dados da Unicef levantados pela ONG SOS Mata Atlântica. No mais, o consumo nacional se reparte entre indústria (7%), demandas urbana (9%) e rural (1%). 29


Capa

Na avaliação de Marco Neves, especialista em recursos hídricos da ANA, “o consumo de água pela cadeia cárnea com certeza diminuiu individualmente”, por conta do aumento de produtividade. “Mas como a atividade cresce no Brasil, o consumo total certamente aumentou”, pondera. A importância nacional da produção cárnea, porém, precisa ser levada em conta, conforme salienta André Ribeiro Bartocci, pecuarista e diretor da Associação dos Criadores de Nelores do Brasil (ACNB). “Agregamos muito valor produzindo carne de boi, frango ou de porco porque é um produto final que gera muito mais mão-de-obra e desenvolvimento - e a cadeia como um todo ganha mais”, enfatiza Bartocci, comparando a produção de proteína animal à de grãos. Em relação ao desmatamento, um conhecido responsável pela crise hídrica, ele garante: a produção de bois vem de áreas que não derrubam árvores. A sociedade civil, por outro lado, evidencia outra faceta. Segundo o Greenpeace, a atividade pecuária é responsável por grande parte da destruição de florestas na Amazônia. “A região amazônica tem um papel imprescindível por bombear para a atmosfera a água que é levada para as regiões Centro-Oeste e Sudesta, onde retorna ao solo em forma de chuva”, explica Adriana Charoux, da campanha da Amazônia do Greenpeace. Para ela, ainda que os índices venham caindo na última década, continuou-se a perder anualmente quase 500 mil hectares de florestas. “Para se ter uma ideia, de acordo com dados do Terra Class, 60% das áreas desmatadas no bioma são ocupadas pela pecuária”, enfatiza Charoux. “Sem contar que a produção de gado é uma das que mais consome água, além de gerar grande impacto no solo. Por todos estes fatores, podemos dizer que sim, a cadeia cárnea tem uma boa parcela de participação na atual crise.”

A dimensão da crise

Sob regime de pressão reduzida de distribuição, São Paulo já registrou torneiras sem água. A crise, contudo, não é nacional. Ela se concentra principalmente no “Sudeste e Centro-Oeste” e “Nordeste”, regiões que representam 70% e 20% da geração de energia do País, respectivamente, e onde os reservatórios de água estiveram abaixo dos 19% em fevereiro, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Marco Neves, da ANA, explica que a situação nordestina não é tão alarmante porque a região já “convive” com estiagem e escassez. “Já no caso do Sudeste é um ponto fora da curva: tivemos uma questão climática específica, principalmente de uns dois anos para cá, provocando 30

uma repercussão na disponibilidade hídrica muito grande”, esclarece. Vale lembrar, contudo, um alerta da ANA: a crise de abastecimento poderia chegar a 55% dos municípios em 2015. Embora a crise não atinja o País inteiro - e, por essa razão, não devesse ser nomeada de “crise”, segundo alguns especialistas -, o “susto” é pertinente para relembrar a finitude da água. “Haverá uma brecha de 40% entre fornecimento e demanda de água até 2030”, alerta Emilio Tenuta, vice-presidente de sustentabilidade corporativa da Ecolab, a empresa que lançou a Water Risk Monetizer. E essa indisponibilidade hídrica desencadeia diversos impactos. O encarecimento da energia elétrica, por exemplo, é um deles. Com reservatórios incapazes de auxiliar, conforme relembra Neves, da ANA, as termoelétricas são ativadas e o custo sobe. Vale pontuar que, em caso de escassez total de água, as atividades industriais ficam restritas – por lei, o uso prioritário é do consumo humano e do suprimento para animais. Outros problemas de qualidade se desdobram em vários pontos da cadeia. “Desde o ano passado os pecuaristas bovinos estão lidando com uma formação de pastagens de menor qualidade e quantidade”, conta

Preço da água: uma armadilha e uma solução “O preço da água hoje não é real”, sentencia Luis Gustavo Pereira, vice-presidente de América Latina da Ecolab. A depreciação do preço atual cobrado por esse recurso, segundo ele, deve gerar uma conta futura altíssima. Ou se paga agora, considerando o custo real da água e os investimentos de gestão, ou se paga depois - sendo que o “depois” pode significar o consequente fim da água e do agronegócio. Mas como, então, calcular o valor real da água? É justamente para ajudar o industrial, o pecuarista ou qualquer outro interessado que a Ecolab lançou a Water Risk Monetizer. A ferramenta, online e gratuita, promete quantificar os riscos relacionados à água em termos financeiros. Será possível, assim, incorporar seu valor em projeções econômicas. “É uma ferramenta de ação preventiva”, arremata Danielle Carreira, diretora de negócios da Trucost, parceira da Ecolab. www.nacionaldacarne.com.br


Gesner, ex-presidente da Sabesp. “Como resultado, têm que comprar proteína em forma de grãos, cujos preços são pressionados pela queda na oferta, também em consequência da crise hídrica. O anterior incide sobre a qualidade e quantidade de carne disponível no mercado, porque o gado é enviado a abate com peso menor, diminui o estoque de cabeças que o produtor deseja manter e cai a taxa de prenhez das matrizes pela pior nutrição.” A crise, portanto, afeta não só pecuaristas e demais players da oferta, mas também os consumidores, “que têm de experimentar preços em máximos históricos, como se observa com o indicador do boi gordo da ESALQ/ BM&F Bovespa, que tem superado o valor de R$ 140”, acrescenta Gesner. Por outro lado, Bartocci, pecuarista da ACNB, pondera: a arroba alta faz parte de um ciclo natural. “A escassez é um componente que agrava, mas o que vivemos desde o começo de 2014 é um ciclo de alta comum, que acontece a cada quatro ou seis anos, onde há a diminuição de matrizes e consequente aumento da arroba.” Em relação à pecuária suína e avícola, o impacto da

falta de chuvas é menor, “embora sofra com o aumento dos custos produtivos devido ao incremento no preço dos insumos alimentícios”, ressalta Gesner. Nessas atividades, a relatividade da crise hídrica se torna evidente. “No Sul, onde se concentra a produção de suínos e aves, há abundância [de água] neste momento”, assegura Jean Souza, da Embrapa Suínos e Aves. Houve relatos de suinocultores em Minas Gerais que buscaram água em caminhões-pipa, de acordo com Nilo de Sá, diretor executivo da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). Mas são casos isolados. “Em relação à energia elétrica, a suinocultura é ainda menos afetada que a avicultura, pois nesta os frangos normalmente são mantidos em locais fechados e climatizados”, conta Nilo. “Na suinocultura, em 99% dos casos são ambientes abertos que não demandam climatização.” A BRF e a Marfrig, por sua vez, atestam que suas unidades produtivas, localizadas fora do Sudeste, tampouco sofreram fortes impactos. Mesmo assim, ambas reforçam que já implantaram ações de sustentabilidade na gestão de recursos hídricos.


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Economia que rende benefícios

Couro: economia de 50%

A indústria de couro vem adotando técnicas que permitem reduzir o consumo de 40-50 litros para 12-30 litros no processamento de 1 kg de pele bovina, segundo Álvaro Flores, coordenador do programa de Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB), iniciativa liderada pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB). Confira algumas: - Processamento de peles frescas sem a conservação por salga, o que reduz a quantidade de lavagens de remolho para hidratação das peles e remoção do sal; - Reciclo dos banhos de depilação e caleiro, que permite aproveitar 100% dos insumos e reduz o volume de efluentes líquidos a serem tratados; - Aproveitamento de banhos de recurtimento em ciclo fechado, após tratamento preliminar.

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Marfrig: de hidrômetro à limpeza a seco

A Marfrig ampliou a redução do consumo de água por meio da instalação de equipamentos, como redutores de vazão, pedaleiras de acionamento, bicos aspersores nas torneiras de maior pressão e hidrômetros para melhor gestão da água. Implementou, ainda, em alguns processos, a limpeza a seco dos currais e o reuso e a recuperação da água.

Embrapa: cases viram conteúdo didático

A partir de junho, os suinocultures terão acesso às informações necessárias para reduzir o consumo diário de água à média de 8,5 litros por animal. O material é resultado de um projeto desenvolvido entre 2011 e 2013 pela Embrapa Suínos e Aves e o Sindicato das Indústrias

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de Carnes e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne). Neste período, o projeto acompanhou 13 produtores para determinar o consumo de água e a geração de dejetos durante as fases de crescimento e terminação. “Pesquisas anteriores, desenvolvidas na década de 80 e que embasaram a legislação ambiental anterior válida em Santa Catarina, indicavam que cada suíno gastava em torno de 16 litros de água por dia”, conta Jean Souza, coordenador do projeto. Já o estudo concluiu que o consumo médio atual é de 8,5 litros. E os produtores que melhor usam a água consomem apenas 4,5 litros. “Essa diferença está ligada principalmente ao manejo e equipamentos.”

Dejetos: fonte de energia

O uso do biogás, obtido através da decomposição de restos orgânicos como excrementos de bovinos, aves e suínos, é o mote do Centro Internacional de Energias Re-

nováveis–Biogás/CIBiogás-ER, instituição científica, tecnológica e de inovação criada pela Itaipu. Entre os cases apresentados está a Granja São Pedro, em Colombari (PR), propriedade com 5 mil suínos que se tornou autossuficiente em energia elétrica. Outro exemplo é a Granja Haacke (PR), que conta com 84 mil aves poedeiras e 750 bovinos de corte. Diariamente, a propriedade encaminha cerca de 100 m³/dia de efluente líquido para um biodigestor, que produz 1.000 m³ de biogás, aplicado na geração de energia elétrica. “A energia elétrica gerada na Granja é usada durante o horário de pico, quando a energia custa de 4 a 6 vezes mais do que no horário normal. A Granja também tem um sistema de stand by que garante a perenidade de energia elétrica na refrigeração das aves”, relata a CIBiogás.


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Com ou sem crise: por onde começar?

Em parte, a ajuda pode vir do céu. As chuvas, porém, não devem ser a única esperança. A mensagem dos especialistas é clara: mesmo que chova o suficiente para recuperar o nível dos reservatórios no Sudeste, ainda será preciso adotar medidas urgentes de gestão hídrica para suprir a necessidade crescente e garantir o acesso às próximas gerações. Cada ator social tem um papel importante. A começar pelos gestores de saneamento. A perda média na distribuição de água no Brasil é de 40%, segundo Neves, da ANA, enquanto o índice no Japão é de 2% e o de Israel, de 10%. “Há formas de diminuir o vazamento: tem a questão de manutenção de tubulações, implementação de medidores individuais de consumo de água, uma gestão da operação”, diz. “Compete ao saneamento a distribuição da água tratada e, portanto, compete a eles diminuir a perda.” Pelo lado da produção, é possível fazer muita diferença com pouco. E a primeira medida para auxiliar na crise

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É preciso melhorar a transparência na cadeia, para que o consumidor, tanto intermediário como final, possa escolher com embasamento o fornecedor que melhor atenda suas necessidades

hídrica é a medição. “É preciso ter hidrômetros na propriedade e anotar o consumo, de preferência diariamente. Assim, será possível mudar práticas, descobrir vazamentos e mostrar que se está usando a água corretamente”, pontua Souza, da Embrapa. “Quem não mede não gerencia”, concorda Nilo. Além disso, ele aponta opções para reduzir o desperdício, como

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a adoção de chupetas individuais e a coleta de água da chuva. “Em relação à energia o grande case é o uso de biodigestores.” Na bovinocultura, a forma de oferecer água pode ser um diferencial. “Quando os bois têm bebedouros para tomar água, em vez de ter que buscar em rios e lagos, o acesso se torna mais fácil e evita o assoreamento”,

explica Bartocci, da ACNB. “É uma boa prática que melhora o bem-estar animal, economiza água e aumenta a produtividade.” A recomendação mais urgente, na opinião de Charoux, do Greenpeace, é adotar o Desmatamento Zero como regra imediata. “Já existem empresas que mostraram que isso é possível, como os frigoríficos JBS, Marfrig e Minerva, que adotaram este e outros critérios socioambientais dentro do Compromisso Público da Pecuária que assumiram.” A porta-voz da ONG destaca, ainda, outras medidas urgentes, como assegurar a recuperação de mananciais. “Por fim, é preciso melhorar a transparência na cadeia, para que o consumidor, tanto intermediário como final, possa escolher com embasamento o fornecedor que melhor atenda suas necessidades”, complementa. “As ferramentas disponíveis atualmente, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), previsto no Código Florestal, ainda não estão plenamente implementadas. As empresas que saírem na frente, neste sentido, estarão melhor posicionadas no mercado em um futuro próximo.”


Infográfico

Como a indústria cárnea pode ajudar?

Consumo médio de água/ano no processo de abate

2600 3200

litros/

Onde mais se consome água

Dicas para reduzir o consumo Onde mais se consome energia

Dicas para reduzir o consumo

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boi

Higienização e lavanderia R

Otimização dos programas de limpeza e desinfecção (higienização), utilizando produtos químicos mais robustos. Isso auxilia na melhor eficiência de limpeza evitando reaplicações e consequente consumo excessivo de água, reduzindo a necessidade de enxágues

R R

Reutilização dos descartes dos sistemas de utilidades para enxágues Tratamento dos sistemas de aquecimento de água para higienização e esterilização dos processos, reduzindo perdas e desperdício de água

Compressores para Geração de Frio Sistemas limpos com melhor sistema de troca térmica

Utilização das águas de degelo das câmaras frias para alimentação do sistemas

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-

150 180 litros/

18-25 litros/

suíno

Geração de vapor R R R

frango

Refrigeração e resfriamento

Aumentar ciclos de concentração por melhor tratamento químico

R

Reaproveitamento de 15% da descarga da caldeira como flash

Aumentar ciclos de concentração por melhor tratamento químico

R

Utilização das águas de degelo das câmaras frias para alimentação do sistemas

Reuso de 85% da água de descarte para limpeza e higienização

Cozimento

Esterilização de Processos

Correta limpeza dos sistemas permitindo melhor troca térmica e consequente redução no consumo de energia

Tratamento dos sistemas de aquecimento de água para higienização e esterilização dos processos reduzindo perdas e desperdício de energia

Fonte: Ecolab

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Produção

Paralisados Greve dos caminhoneiros bloqueia estradas, trava agronegócio e revela incapacidade brasileira de dialogar conjuntamente

O

s caminhoneiros pararam o Brasil. Durante longas e arrastadas semanas, enquanto legítimos protestos causaram alvoroços do Norte ao (sobretudo) Sul do País, as paralisações nas estradas federais provocaram imensos prejuízos a todo o setor produtivo nacional. “O estrago está feito. Agora é juntar os cacos e ver o que acontece”, resume Helio Sirimarco, diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

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Esse estrago, aliás, foi concretamente calculado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Com as estradas paralisadas e a dificuldade no transporte de rações, bem como no envio de produtos aos portos, cerca de 60 unidades frigoríficas apresentaram desaceleração ou suspensão total da produção. A greve dos caminhoneiros, assim, provocou prejuízo de R$ 700 milhões ao setor de aves e suínos.

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Itamar Cardin

alojados no campo. E, segundo a entidade, durante o dia mais intenso de protestos, praticamente todo o parque industrial parou por falta de insumos. “É incompreensível que não possam circular os caminhões com ração para os animais”, lamenta José Zeferino Pedrozo, presidente da Faesc, lembrando outro grave risco que o setor enfrentou: o canibalismo provocado pela falta de ração. “Essa seria a maior desgraça econômica para o setor produtivo”. No Mato Grosso, por sua vez, a bovinocultura também foi fortemente afetada pelas paralisações. Um levantamento realizado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontou que, nos seis dias mais críticos de paralisação, 14,19% das cabeças deixaram de ser abatidas nos frigoríficos locais. Na região centro-sul do Estado, esse índice chegou a 29,41%. “Isso trouxe prejuízos para toda a cadeia, até mesmo com a dificuldade de preenchimento da escala de abate após a liberação das pistas, o que evidencia a necessidade de uma maior diversificação dos meios de escoamento da produção do Estado”, avalia relatório do Imea. Falta de rações, portos vazios, abatedouros sem bois. Não há como negar os danos dissipados em todo o agronegócio nacional. Mas os prejuízos causados pela greve, entretanto, segundo Helio Sirimarco, podem ser minimizados no longo prazo. “Os prejuízos são contornáveis. Mas prejuízo nunca é bom, e alguns setores sofreram mais, como o de carnes, por conta dos abatedouros.”

Greve anunciada

Durante a semana mais intensa de paralisações, segundo a ABPA, em torno de 70% da capacidade de abate foi prejudicada no Sul. Entre as atividades afetadas estavam o “encaminhamento de aves e suínos para o abate e a liberação das cargas prontas para exportação e para o abastecimento das gôndolas dos supermercados.” Em Santa Catarina, especificamente, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faesc) também fez cálculos aproximados sobre os prejuízos. Apenas no oeste do estado circulam diariamente 6 milhões de litros de leite, 3 milhões de frangos e 20 mil suínos. Há, ainda, um rebanho de 98 milhões de frangos e 5,5 milhões de suínos

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Embora reconheça os estragos provocados entre fevereiro e março, Sirimarco defende que, ao menos em parte, a greve dos caminhoneiros poderia ser antecipada por governos, entidades e representantes do setor. “O negócio estava mais ou menos previsto, com a subida do diesel, o aumento muito grande da frota, o atraso na colheita da soja. Uma conjunção de fatores contribuiu para isso”, avalia o diretor da SNA. Entre os fatores conjunturais que pressionaram o movimento, e que poderiam ser evitados, ele menciona o aumento do preço do combustível. “Tem o preço do diesel. E o preço da matéria-prima – o petróleo – é internacional e caiu no mundo inteiro, mas no Brasil ele subiu. É difícil de explicar.” O preço do diesel, aliás, esteve na pauta de uma longa negociação envolvendo governo e caminhoneiros. Essas intensas discussões resultaram, inclusive, em uma

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Produção

Um caminhão de soluções

Um caminhão de problemas Aves e Suínos • 60 unidades frigoríficas seriamente afetadas • R$ 700 milhões de prejuízo

Lei dos Caminhoneiros • revisão de pedágio para caminhões vazios • perdão de multas por excesso de peso • ampliação dos pontos de parada

Suspensão do aumento do diesel por 6 meses

Prorrogação das parcelas de financiamento Criação de uma tabela de frete

promessa feita pela Secretaria-Geral da Presidência da República: Dilma Rousseff sancionará sem vetos a nova Lei dos Caminhoneiros. Se confirmada, a medida isentará o pagamento de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios, perdoará as multas por excesso de peso expedidas nos últimos dois anos e ampliará os pontos de parada para descanso e repouso. A secretaria também prometeu tomar as “medidas necessárias junto ao Congresso Nacional para permitir a prorrogação por 12 meses das parcelas de financiamentos de caminhões adquiridos pelos programas ProCaminhoneiro e Finame do BNDES”. Há, ainda, por parte do governo, a garantia da criação de uma tabela referencial de frete. E a própria Petrobras assegurou que não aumentará o preço do diesel nos próximos seis meses. “Apresentamos essa proposta que atende em grande parte as demandas e elas serão mantidas com o fim do movimento”, garante o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Miguel Rossetto. Terminadas as negociações e encerradas as paralisações, governo federal, caminhoneiros e empresários do setor criaram três grupos intersetoriais de trabalho. O primeiro é responsável pela Tabela Referencial de Frete. 40

Bovinos • queda de 14,19% nos abates no MT • dificuldade de preenchimento da escala

O segundo, por sua vez, trabalha na Regulamentação da Nova Lei dos Caminhoneiros. E o terceiro discute assuntos ligados à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), como isenção de tarifas do cartão frete, Pagamento Eletrônico de Frete e pontos de parada. A expectativa, assim, é positiva: trabalhando conjuntamente, enfim, grupos distintos podem livrar o País das paralisações nos próximos meses. “Tudo o que foi acordado com a categoria está sendo cumprido pelo governo, o que garante um ambiente favorável à negociação”, revela o ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues. Ainda assim, segundo acrescenta Helio Sirimarco, da SNA, os riscos existem. O preço do diesel, afinal, deve sofrer reajuste no segundo semestre. E não há qualquer garantia de que o frete chegará a um preço adequado. “O setor pode ter novos problemas”, pondera o diretor. Os danos provocados pela greve, como bem mencionou Sirimarco, podem ser contornados em longo prazo. Mas a falta de organização e de diálogo entre os elos da cadeia, infelizmente, não. Antecipar-se ao problema e trabalhar em conjunto, sobretudo, podem ser o ponto crucial para evitar novas e sucessivas paralisações. www.nacionaldacarne.com.br


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Conjuntura

Na contram達o da

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Thais Ito

crise

Enquanto a economia nacional derrapa, fornecedores de mĂĄquinas e equipamentos do setor celebram crescimento de atĂŠ 30% www.nacionaldacarne.com.br

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Conjuntura

O

caminho da indústria brasileira de máquinas e equipamentos parece turvo em 2015. O lento cavalgar da economia e o conturbado cenário político compõem um maculado pano de fundo. Por um lado, o resultado setorial de janeiro indica “a continuidade do fraco desempenho de 2014”, segundo representantes do segmento. Empresas fornecedoras do mercado cárneo, contudo, refutam o desânimo com um combo alentador: crescimento de até 30% em 2014, projeções otimistas e grandes novidades. É inegável que fatores conjunturais influenciaram o setor. Mas, em alguns casos, os problemas se transformaram em oportunidades. A questão energética, por exemplo, acabou favorecendo as vendas da Mebrafe, empresa de instalações e máquinas frigoríficas. Sheila Fogaça, da área comercial da companhia, aponta o baixo gasto de energia como um diferencial dos equipamentos da marca, cujas vendas aumentaram 30% em relação a 2013. A previsão de crescimento neste ano é de 10%. “Embora a conjuntura econômica do Brasil em 2014 não tenha sido favorável, e as previsões para 2015 também não sejam as melhores, sobretudo com os aumentos atuais previstos para insumos e energia elétrica, nossos

resultados no ano passado, e nossas expectativas para este ano, são muito positivas devido à necessidade cada vez mais presente de nossos clientes de obter alta produtividade e eficiência com redução no consumo de energia”, argumenta. Mas, além de questões pontuais, os resultados positivos do segmento foram puxados pelo bom desempenho do agronegócio. André Lobo Faro, diretor da Husqvarna, explica em artigo: enquanto alguns setores sofrem com a recessão, o campo abre inúmeras oportunidades de expansão. Para reforçar a importância do agronegócio, ele cita a estimativa de crescimento de 2,8% para o setor em 2015, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. “Quando falamos em perspectivas positivas, dois setores merecem atenção especial: a pecuária e o mercado aviário”, ressalta o diretor da Husqvarna, empresa fornecedora de equipamentos para o manejo de áreas verdes. “Com a valorização da arroba do boi, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) prevê que a carne bovina possa atingir uma receita de R$ 95,3 bilhões. Além disso, uma das consequências da elevação do preço da carne do boi é o aumento da procura pela carne de frango,

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cujo mercado é favorecido pelas quedas nos preços do milho e da soja, fontes básicas na composição de ração.” O cenário, portanto, torna-se fértil até mesmo para a indústria de equipamentos agrícolas. “Com o aumento dos lucros, os produtores estão optando por investir na mecanização das atividades, em busca de otimizar os serviços e aumentar a produtividade”, defende. Faro, aliás, fala com propriedade: a Husqvarna registrou crescimento de 10% em 2014 e projeta dobrar de tamanho até 2020. Ainda sob o ponto de vista da indústria de equipamentos, complementa Faro, outro nicho interessante é a agricultura familiar. “Atualmente, ela é responsável pela produção de 70% dos alimentos que consumimos, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, e é um segmento que está apostando fortemente na mecanização, com o objetivo de transformar o trabalho no campo em uma ação lucrativa e segura”, explica.

De olho na exportação O faturamento da indústria brasileira de máquinas e equipamentos iniciou o ano de 2015 somando R$ 5,557 bilhões, valor 3,1% maior que o registrado no mesmo período de 2014, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Ainda segundo a entidade, entretanto, as exportações diminuíram 30,6% no mesmo comparativo, enquanto a queda das importações ocorreu em menor proporção: 12,7%. Dessa maneira, o déficit comercial de janeiro ficou em torno de US$ 1,831 bilhão. “A produção nacional continua o processo de perda de seu ‘market share’ no consumo brasileiro. O início de 2015 está sendo marcado por uma nova redução de participação”, declara a associação, que apresentou os números sob o título “Janeiro indica a continuidade do fraco desempenho de 2014”. A Abimaq pretende incentivar as empresas a focar no mercado externo. Atualmente, os principais alvos são os Estados Unidos e a Colômbia. “Para as empresas que não exportam, a situação é de um ambiente de crise. Já as empresas que exportam estão em um ambiente de mercado ascendente”, resume José Velloso, presidente executivo da entidade.

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Bons ventos

A onda positiva do segmento atingiu também a Refrio. A companhia, que oferece soluções para refrigeração, comemora o bom desempenho de 2014 graças ao cenário favorável às exportações de carne, que alavancaram o setor em meio à debilidade econômica. É o que comenta o porta-voz da empresa, Paulo Afonso Guimarães. “2014 foi fantástico e tivemos crescimento nas vendas”, celebra Guimarães, destacando um de seus lançamentos do ano passado, um evaporador de câmara à prova d’água. “O novo evaporador também reforçou institucionalmente a marca, pois apresentamos uma solução que era demandada pelo mercado.” Quem também obteve vendas melhores graças a um lançamento foi a Maxiclip. Durante a MercoAgro, importante feira do setor realizada em Chapecó, a empresa apresentou a clipadora modelo Beta, “que ajudou a incrementar as vendas totais em

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30%, ajudando a manter o resultado positivo, embora sem grandes alterações em 2014”, segundo conta Mauro Augusto Saling, diretor administrativo da empresa. Fatores fortuitos, contudo, também auxiliam o bom desempenho do segmento. A Marel, por exemplo, beneficiou-se de uma nova norma e ampliou as vendas de suas soluções em automação de sistemas de processamentos de aves: as regras de “Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados” (NR-36). “A necessidade de automação da produção de nossos clientes está ligada não somente a dificuldade em repor postos de trabalho, mas também por todas as pressões do Ministério do Trabalho por meio da NR-36, que, além de limitar a quantidade de movimentos técnicos dos operários, também reduz a carga horária por trabalhador”, ressalta o gerente geral da Marel, Francisco Leandro. Há, inclusive, quem tenha navegado na boa maré de maneira generalizada, como foi o caso da Akso, com seus instrumentos de medição. Outros apostaram na diversificação do portfólio, como a Multifrio, companhia do segmento de refrigeração. “Para 2015, apesar do começo preocupante por parte da economia, manteremos a estratégia utilizada no último ano, investindo em atendimento, mix de produtos e aperfeiçoamento da equipe interna”, reforça Diego Santos, analista de marketing da empresa. Ainda olhando para 2015, há quem aposte na competitividade como grande motor do mercado. “Mesmo com todos os entraves econômicos, o mercado continua em busca de competitividade”, explica Elenice Fernandes, diretora comercial e de marketing da Rayflex, uma fabricante de portas flexíveis e automáticas para ambientes industriais. “2015 traz um momento difícil para a economia, mas a Rayflex, confiando na solidez de sua estrutura e governança, não se intimidou e vai prosseguir com os investimentos programados para o ano.”

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Conjuntura

Destaques de 2015

Confira soluções que prometem aprimorar o mercado cárneo neste ano Akso Um dos maiores destaques da Akso é o termômetro dobrável Gourmet, “que está sendo um sucesso no ramo alimentício, principalmente no mercado de carnes”, conforme conta Mirella Koch, coordenadora de marketing. “Com sua excelente exatidão de 0,5°C, esse termômetro é ideal para ser usado como termômetro padrão e para processos de ponto crítico”, atesta.

divulgação/Akso

divulgação/Marel

Marel Devido à necessidade de automação, ligada tanto à qualidade quanto às exigências da NR-36, a Marel destaca seu equipamento de processamento automático de miúdos de frango. A empresa informa que eles separam o fígado (inclusive com retirada da bílis), as moelas e o coração com altíssima qualidade e eliminam os resíduos de pulmões. Todo este processo é executado em linha, sem necessidade de manuseio dos pacotes de vísceras, conclui a empresa.

Grampos contínuos, produzidos pela própria Maxiclip, prometem renovar a linha de embutidos. De acordo com a empresa, a meta agora é exportar, com foco inicial nos países do Mercosul. “Costumávamos importar e revender, mas agora inauguramos a produção própria. Com isso pretendemos triplicar as vendas de grampos contínuos”, afirma o diretor administrativo Mauro Augusto Saling.

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divulgação/Maxiclip

Maxiclip

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Mebrafe

divulgação/Mebrafe

A empresa aposta, entre outros equipamentos, no RETMAC, um resfriador tubular de água para chiller. O produto visa eliminar o uso de gelo em chillers e pré-chillers de aves. Segundo a companhia, o RETMAC reduz de 20% a 30% a potência instalada no resfriamento de carcaças de aves.

As câmaras frigoríficas dimensionadas pela Multifrio, principal carro-chefe da empresa no último ano, continuam sendo o destaque em 2015. “A grande diferença de nossas câmaras é o processo de dimensionamento, nossa equipe técnica é especializada em identificar a real necessidade do cliente, ofertando a câmara correta para que os produtos armazenados fiquem na temperatura ideal, alcançando o frio na medida certa”, explica Diego Santos, analista de marketing da Multifrio.

divulgação/Multifrio

Multifrio

divulgação/Rayflex

Rayflex

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As Frigodoor, portas rápidas de enrolar para câmaras frigoríficas, são o destaque da Rayflex. Segundo a empresa, elas protegem as áreas de produção e armazenagem, além de oferecem redução de custos a partir da eficiência energética. “A rapidez de abertura e fechamento da porta e as guias laterais estreitas impedem que o ar quente entre na câmara frigorífica, reduzindo significativamente os custos com energia”, declara Elenice Fernandes, diretora comercial e de marketing da Rayflex.

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Conjuntura

A empresa aposta em seus novos evaporadores de sete metros de altura para túneis de congelamento médios. Eles dispensam a montagem no local e já chegam pronto no destino. Contam, ainda, com ventiladores eletrônicos de alta pressão estática, aletas de alumínio, tubos de inox e baixo consumo de potência (30% a menos do que os modelos equivalentes anteriores, segundo a empresa).

divulgação/Refrio

Refrio

divulgação/Sealed Air

Sealed Air

Índice

A aposta da Sealed Air é um equipamento inédito no mercado brasileiro: o Túnel de Encolhimento STE98, disponível nas versões Elétrica e Vapor, que integra o portfólio da marca Cryovac. A máquina, desenvolvida para trabalhar com diferentes sacos termoencolhíveis, transporta embalagens por meio de uma cortina de água quente. Possui, ainda, funções totalmente automáticas e mantém a temperatura de água controlada por um sistema eletrônico. Sua economia de energia ultrapassa os 40%.

Anunciantes

Abrava........................................................................................ 32

Mebrafe..................................................................................... 35

Ansell.............................................................................................7

Metalquimia.............................................................................. 5

Geza............................................................................................ 27

Multifrio.....................................................................................13

Grote............................................................................................12

Semco..........................................................................................31

Handtmann................................................................................11

Seydelmann.............................................................................32

Incomaf.................................................................... 41 e 3a capa

Tecnocarne...............................................................3 e 2a capa

Jarvis........................................................................................... 33

Tinta Mágica ...........................................................................34




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