ISSN 1413-4837
Nº 435 • Ano XXXVII Maio/2013 www.btsinforma.com.br
Especial Esteiras e correias transportadoras
Vis-à-Vis Cesário Ramalho da Silva, Presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB)
Caderno Técnico Sustentabilidade e a sociedade em que vivemos
Arte da Capa: Adriano M. Cantero Filho
Sumário
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Especial
Esteiras e correias transportadoras: qual se encaixa melhor na sua linha?
44 Capa
Automação Industrial – Tecnologia a favor da produtividade
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Caderno Técnico
Sustentabilidade e a sociedade mostradas a fundo em Segurança dos Alimentos
E mais
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Vis-à-Vis
Cesário Ramalho da Silva, Presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e a luta por um agronegócio com seu devido valor 4
6 Editorial 8 Palavra do Gerente 20 Eventos 22 Mercado 34 Empresas & Negócios 38 Mundo Corporativo 54 Internacional 58 Vitrine 60 Crônica 62 Tecnocarne Experesso 66 WSPA 76 Segurança dos Alimentos
Maio 2013
ISSN 1413-4837
Editorial
Ano XXXVII - no 433 - Março DIRETOR GERAL DA AMÉRICA Marco A. Basso LATINA DO INFORMA GROUP
Tecnologia a olhos vistos
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ecnologia é algo presente em todos os nossos ambientes. Trabalho, casa, lazer, em tudo mesmo! Celulares que são computadores, computadores que são televisões, e televisões que hoje parecem ter telas de cinema e também são computadores. Um avanço brutal destas inovações nos últimos anos. Avanços esses que de uma forma ou de outra, guardadas as proporções, chegam também de forma bastante forte ao mercado frigorífico. Mas todas tecnologias são benéficas para o nosso dia-a-dia? É o que veremos... Em nossa matéria de Capa deste mês falamos sobre a automação industrial e quais são os benefícios que ela traz ao setor. Muito questionada por sindicatos e entidades trabalhistas, a inclusão das máquinas sempre foi colocada como um problema na indústria, desde a revolução industrial, pois teoricamente cortaria postos de trabalho. Na verdade, como vemos na matéria, é o contrário. Pegando um exemplo simplista, a automação é uma das responsáveis pelo aumento da produção e melhora da qualidade desta. Consequentemente, outras atividades, onde a ação humana é indispensável, serão mais requisitadas em decorrência deste mesmo aumento da produção. Há na verdade uma espécie de “deslocamento” da mão de obra para outros espaços da produção. Claro, fato que depende de uma adaptação do mercado que se molda aos poucos. Em Especial vemos algo parecido. Esteiras e correias transportadoras, tema de nossa reportagem, são responsáveis também por uma melhora na produção, nas condições de trabalho, na higiene de uma fábrica - e a que é levada ao consumidor -, ou seja, todos ganham. A tecnologia também é vista no tipo de materiais usados e na identificação de um sistema mais adequado para um determinado negócio. Assim, pergunto: o problema está nas tecnologias que temos ou no modo em que as empregamos? O problema é inovação ou a nossa mania de análises a curto prazo, por exemplo? O que seria da vida e os negócios sem uma renovação, uma reciclagem, uma atualização? É estar parado, eu diria, praticamente sem vida, não é mesmo? Mudando um pouco de página, em Vis-à-Vis temos o presidente da SRB (Sociedade Rural Brasileira), Cesário Ramalho da Silva, e seus questionamenCarlos Eduardo Martins tos sobre o real valor do agronegócio no Brasil. Em Segurança dos Alimentos, Ricardo Moreira Calil fala sobre sustentabilidade e a sociedade, o que nos mostra uma real reflexão sobre o assunto, sem a superficialidade com que é tratado há anos pela mídia. Temos também a cobertura da 2ª Vitafoods South America, nosso Caderno Técnico, a seção Mundo Corporativo, e claro, as notícias do setor. Saúde e sucesso! Tenha uma ótima leitura!
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Palavra do Gerente
A experiência de fora pelas nossas mãos
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De Luca Filho Gerente do Núcleo Carnes e Frigorificados da BTS Informa
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Revista Nacional da Carne é a única publicação do segmento frigorífico do Brasil que sempre está presente em eventos internacionais, em diversos países do mundo. A RNC tem ponto fixo dentro de feiras que são referências mundiais para este mercado em países como, Estados Unidos (Feiras AMI e Poultry Show), China (Feira Cimie) e Alemanha (Feira IFFA). Neste ano não será diferente. Estaremos com um estande, como em todas as últimas edições, na maior feira de carnes do mundo, a IFFA, que acontece de 04 a 09 de maio, em Frankfurt, na Alemanha. Representantes da equipe comercial, internacional e de marketing, farão um grande trabalho de divulgação da RNC para todo o mercado europeu. A ideia é aproveitaremos este evento para analisar as tendências do mercado frigorífico para os próximos anos, vivenciar a experiência da maior feira de carnes do velho continente, e certamente, trazer para a Tecnocarne expositores internacionais. Além disso, lançar um olhar sobre este evento e aproveitar o que há de melhor nele para os nossos eventos aqui no Brasil, sempre buscando melhorias nos produtos e serviços que comercializamos, agregando valor para você, anunciante e expositor. Essas são algumas das ações que fazemos e que fazem parte do nosso trabalho. Lembro aos nossos amigos que a RNC trouxe em 2013 diversas novidades. Novas frentes de visibilidade para o anunciante e de acompanhamento das edições para o leitor, como por exemplo, a revista digital. O leitor pode acompanhar todas as matérias e anúncios, na íntegra, pelo www. revistanacionaldacarne.com.br, newsletters, que trazem banners das empresas anunciantes (notícias que chegam a todos os frigoríficos do país) e o nosso anuário on-line (ferramenta de consulta onde o frigorífico encontra, com grande facilidade, o produto/serviço que procura). Não perca esta edição. Ela certamente o surpreenderá !
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Vis-à-Vis Por Flávio Serra
Presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB) fala sobre os desafios enfrentados pelo agronegócio brasileiro e seus reflexos na indústria nacional da carne
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Em defesa do agronegócio
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undada na cidade de São Paulo, no ano de 1919, a Sociedade Rural Brasileira (SRB) comemorou 93 anos, em 2012, com o lema de trabalhar constantemente como agente negociador político do agronegócio, frente aos públicos estratégicos do setor. A SRB foca, no seu dia-a-dia, em iniciativas que tenham o objetivo de representar o produtor rural brasileiro, atuando como polo disseminador de conhecimento e centro de serviços gerador de oportunidades e negócios para a cadeia produtiva rural. Bem familiarizado com o cenário do agronegócio brasileiro e com os ideais hierárquicos e ações propostas pela SRB, da qual é sócio desde 1963, o atual presidente da entidade, Cesário Ramalho da Silva, tem sua história ligada à pecuária. Filho, neto e bisneto de fazendeiros, Cesário é agricultor e pecuarista e conta que sempre teve motivação pela defesa da classe rural do País, o que o aproximou da SRB. Segundo seu presidente, a entidade atua no sentido de estimular a criação de políticas públicas favoráveis à agropecuária, encaminhando reivindicações e propostas às autoridades, além de costurar alianças e agir como mediadora entre os elos das cadeias produtivas. Esses são motivos que o fazem se orgulhar dos serviços prestados pela SRB e acreditar que a vocação do Brasil é o agronegócio, principalmente por ter saído de uma família de pecuaristas que produz na mesma fazenda há quatro gerações. 12
Cesário Ramalho da Silva, Presidente da Sociedade Rural Brasileira Mesmo sendo sócio da SRB desde 1963 e com uma participação ativa no cotidiano da entidade a partir da década de 80, o caminho para que Cesário Ramalho da Silva chegasse à presidência da Sociedade começou no final de 2006, quando então como primeiro vice-presidente, Maio 2013
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ele ostentou interinamente o comando da SRB no lugar de João Almeida Sampaio Filho, que foi para a Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, a convite do governador José Serra. Passados dois anos, em 2008, Cesário assumiu o cargo atual de presidente efetivo da SRB, tendo sido reeleito no final de 2010, para mais um mandato que termina neste ano de 2013. Além da ocupação na entidade, o dirigente acumula cargos em outras instituições, como por exemplo, de diretor do departamento de agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), membro do Conselho Empresarial da América Latina (CEAL), diretor da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), entre outros. Com muita experiência profissional e anos de dedicação ao agronegócio nacional, Cesário Ramalho da Silva concede uma entrevista exclusiva à Revista Nacional da Carne onde diz que as políticas governamentais para o agronegócio são medíocres, faz duras críticas à infraestrutura logística e ao armazenamento, para ele deficitários Maio 2013
e responsáveis por atrapalhar o giro dos negócios, conta quais são as ações que a Sociedade Rural Brasileira leva ao setor para estimular o agronegócio no País e aborda também o momento da indústria da carne no Brasil. Como você analisa o atual momento do agronegócio brasileiro e a entrada de um novo ministro na pasta? O agronegócio vive um momento mágico, com grande reconhecimento internacional e boa aceitação interna. Muito maior que tempos atrás. Entretanto, falta ao agronegócio o reconhecimento das elites urbanas, do governo e da sociedade em geral, de que o “agro” é o maior setor do país. Poucos, infelizmente, sabem que estão na produção agropecuária as áreas mais avançadas de modernização da economia brasileira e que o Brasil tem ótimas reservas cambiais, uma inflação sob controle, e gera mais empregos e paga melhores salários aos seus trabalhadores graças às condições econômicas proporcionadas pela sua produção agropecuária. O agropecuarista não tem o merecido respeito por aquilo que tem feito pelo País, 13
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Vis-à-Vis Editorial
Empresátios se reúnem na sede da SRB
principalmente na área de produção sustentável de alimentos, fibras e energias renováveis. Sobre a troca de ministro, esse é um processo natural. No entanto, realizá-la por questões eleitorais faltando 18 meses para o final do mandato, causou profundo desconforto na classe rural. Nada tenho contra o Deputado Antônio Andrade, que possui vivência no agronegócio. Mas, houve desprezo pela agricultura, pois o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Mapa, foi relegado a segundo plano e vêm sendo usado como moeda de troca. Que medidas o governo tem tomado para incentivar o setor? O governo tem tomado medidas paliativas e de curto prazo. Faltam, por exemplo, políticas de apoio à armazenagem dentro das propriedades, ao seguro de renda do produtor e de melhorias na defesa da sanidade vegetal e animal. Sem contar que o governo é o principal responsável pelo desmantelamento do setor sucroalcooleiro e pela caótica situação logística do país. A verdade é que não temos políticas a longo prazo para o agronegócio. As existentes são medíocres. 14
Sabemos que o Brasil não possui uma estrutura logística adequada, como temos visto recentemente e você já citou. Como melhorar isso no curto prazo? Quais os prejuízos que isso traz ao setor como um todo? A produção nacional de soja tem potencial para crescer 50% até 2023, superando 120 milhões de toneladas. O mercado brasileiro não terá condições de absorver todo esse volume. Portanto, é importante acelerar as obras de infraestrutura logística, de modo a expandir a capacidade de exportação do País. A logística deve ser a prioridade número um, a dois e a três. Outro ponto é o armazenamento nas propriedades. Nos EUA, toda propriedade tem um sistema de armazenagem, assim o produtor não precisa mandar a produção inteira de uma só vez para o porto. Eles escolhem a hora de vender. Precisamos de políticas nesse sentido. Em curto prazo, teríamos que inverter a logística. Em vez de fazer a soja e o milho do Centro Oeste rodar dois mil quilômetros para chegar aos portos do Sul e do Sudeste e congestioná-los, o país deveria direcionar essa saída para o Norte e o Nordeste. Os investimentos da iniciativa privada para terminar e adequar as rodovias Maio 2013
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fariam com que o país conseguisse desovar pelo menos 10 milhões de toneladas de soja pelos portos do Norte, principalmente, por Santarém, no Pará.
“A verdade é que não temos políticas a longo prazo para o agronegócio. As existentes são medíocres” Que ações a SRB propõe para estimular o agronegócio no País? A SRB está inserida nos debates com ministros, parlamentares, lideranças, no sentido de tentar sensibilizar o governo para a criação de uma nova política para o setor, que garanta conforto e rentabilidade para o produtor e sua família. Para que ele continue produzindo e ajudando o país. Estamos tentando melhorar o diálogo com o governo. O maior trabalho da Rural atualmente é fortalecer o
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MAPA, para que este leve ao centro das decisões do País, políticas que favoreçam a classe rural. Trabalhamos para ganhar interlocução com o governo. A verdade é que falta uma estratégia de integração por parte do Estado para
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precisamos de adidos com vocação comercial para atuarem juntos a esses espalhados pelo mundo. Podemos perder essa chance de ocupar mercados.
“O governo tem tomado medidas paliativas e de curto prazo. Faltam, por exemplo, políticas de apoio à armazenagem dentro das propriedades, ao seguro de renda do produtor e de melhorias na defesa da sanidade vegetal e animal” o agronegócio brasileiro. E isso pode fazer o País perder o momento histórico em que há um chamamento pelas coisas que vêm da agricultura. O mundo quer o que temos. Está na hora de efetivamente nos prepararmos para cumprirmos e tirarmos proveito desta missão. Como você analisa o momento e visualiza o futuro para a indústria de carnes no Brasil? O momento é excelente. Temos um caminho muito próspero interna e externamente. O ano de 2013 será bom para as exportações de carne porque os grandes concorrentes do Brasil estão em situação desconfortável. Na Argentina, há um enorme desestímulo à produção. Nos EUA, uma forte alta dos custos e retração do rebanho. É ano ideal para ganharmos mercados. Nos próximos dez anos, para cada dez quilos de aumento no consumo mundial de carne, três quilos deverão ser produzidos no Brasil. Temos que aproveitar o momento para criar novos mercados, principalmente na Ásia. Mas, para isso, o governo e a iniciativa privada precisam ser mais agressivos para alcançarmos novos compradores. Os adidos agrícolas foram um avanço importante, mas, 16
Os embargos à carne ainda são fatores que preocupam a SRB? Como vocês ajudam o setor nestes casos? Preocupam. Em 2011 trabalhamos fortemente na questão da febre Aftosa no Paraguai, sediando encontro entre autoridades brasileiras e paraguaias para tratar da retomada de compras de carne do país vizinho. O Brasil deve ter essa postura, pois é o maior País do bloco e deve auxiliar os demais. Trabalhamos também para desfazer os mal-entendidos sobre o príon de vaca louca encontrado no Paraná (que não levou o animal à morte) para aqueles mercados que suspenderam nossos embarques. Esse é um claro problema de desestruturação dos laboratórios de defesa animal e precariedade de investimentos que podem causar transtornos. Na sua opinião, as técnicas de abate, higiene e controle sanitário praticadas pelas empresas brasileiras do setor cárneo são as mais adequadas ou algo precisa mudar? A indústria do setor cárneo é altamente adequada e seus produtos são bem conceituados em todo o mundo, prova disso é o aumento nas exportações. Embarcamos atualmente para 138 países.
“Temos que aproveitar o momento para criar novos mercados, principalmente na Ásia. Mas, para isso, o governo e a iniciativa privada precisam ser mais agressivos para alcançarmos novos compradores” Como é a relação da SRB com as empresas do setor cárneo brasileiro? Existe algum trabalho específico da SRB em conjunto com essas empresas? Não há um trabalho específico. Defendemos o produto carne como um todo. Temos participação conjunta no Serviço de Informação da Carne (SIC), que passa por reformulação, e em outras instâncias na defesa da carne brasileira. Somos parceiros e mantemos o diálogo franco para resolver os problemas da cadeia como um todo. A Rural está aberta ao debate. Maio 2013
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Eventos Por Carlos Eduardo Martins
2ª Vitafoods South America
se firma como a maior feira de alimentação funcional do continente Acompanhando o sucesso do lançamento, a 2ª edição do evento supera as expectativas e conquista a indústria de bebidas e alimentos funcionais. A terceira Vitafoods South America já está programada para os dias 08 e 09 de abril de 2014.
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ntre os dias 26 e 27 de março, no Transamerica Expo Center, em São Paulo, aconteceu a 2ª edição da Vitafoods South America, única feira da América do Sul especializada em alimentos e bebidas funcionais e suplementos dietéticos. A escolha pela capital paulista se deve ao fato do Brasil ser responsável por 35% do faturamento total da América Latina nas vendas de produtos deste segmento, o equivalente a US$ 10 bilhões (dados do Euromonitor International). A Vitafoods 2013 recebeu 2.630 visitantes, o que representa 25% a mais em comparação com 2012. Este público acompanhou em primeira mão os lançamentos e exclusividades de 125 marcas expositoras, a maioria delas, internacionais. Os números constatam o aumento da participação dos brasileiros no mercado mundial de alimentação funcional.
De acordo com o visitante Kali Nardino, da WebMoven, “a Vitafoods tem uma importância altíssima para o segmento, à medida que traz matérias-primas e inovações para o segmento em primeira mão ao Brasil, como o Café Verde e a L-Carnitina, que devem se tornar grandes tendências nos próximos anos. Visitei a feira 20
em 2012 e pude observar que nesta edição o evento ficou maior e bem mais interessante. Além de ser um evento importante para formar a opinião dos consumidores e da indústria brasileira para o segmento de funcionais e bem-estar”, finaliza. Já para Lilian Lauria, da Natural Alimentos, tudo foi uma agradável novidade. “É minha primeira vez na feira. Vim em busca de novidades dentro do segmento e o evento ultrapassou minhas expectativas. A feira está muito bem organizada, só encontrei, entre os visitantes, pessoas realmente interessadas em fazer negócios”. Mark Franchi, da Sanleon Aromas e Corantes, lamentou não ter participado como expositor: “Esta é a segunda edição que visito. O evento cresceu muito em relação ao ano passado, ficou muito legal. Se mantiverem a padronização dos espaços terão muitos parceiros. Gostaria de ter feito um estande nesta edição”, declarou. Para os expositores, o sucesso da feira se dá justamente pela qualidade dos visitantes. “Recebemos quase 200 visitantes ainda no primeiro dia, de países como Canadá, Brasil, França, Índia, Espanha, Argentina, Chile, Bolívia, Indonésia , entre outros. Consideramos a visitação boa, com profissionais realmente focados em nosso segmento”, analisa Emma Tovani Benzaquen, da Tovani Benzaquen Ingredientes. Richard Passwater, da Bio Mineral, tem discurso semelhante: “ficamos satisfeitos com a qualidade dos visitantes. As pessoas que pararam em nosso estande eram exatamente o tipo de público que queríamos encontrar”, completa. Outros expositores comemoram a prospecção de diversos clientes em potencial. De acordo com Colleen May, da Graminex, “fomos visitados por mais de 50 visitantes Maio 2013
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oportunidades de negócios. Para nós o público foi bem qualificado, com profissionais técnicos e focados na área”. A próxima edição da Vitafoods South America está programada para os dias 08 e 09 de abril de 2014. Para mais informações acesse: www.vitafoodssouthamerica.com.br
Sobre a Vitafoods
do Brasil, Argentina e EUA no primeiro dia. Estamos satisfeitos com o perfil dos visitantes, temos possibilidade de fechar negócios futuros”. Valéria Gomes Camacho, da Rousselot, reitera a colocação dizendo que “o nosso estande recebeu um público bem qualificado, de vários países da América e Europa, com foco em negócios. Temos perspectivas para novos negócios”. Maria Amélia Rodrigues, da Naturex Ingredientes Naturais, também comemora a participação na Vitafoods 2013. “Encaminhamos várias
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A Vitafoods South America é organizada pela BTS Informa e pela Informa Exhibitions, grupo responsável pela organização da Vitafoods Europa, o evento mais focado do mundo em nutracêuticos, ingredientes funcionais para alimentos e bebidas, nutricosméticos e matérias-primas para a indústria de alimentos e bebidas. Desde o seu lançamento, a feira tem um expressivo crescimento anual e resulta em bons negócios para expositores e visitantes da indústria. Em 2012, a Vitafoods Europe atraiu 11.598 visitantes, 600 expositores e 260 delegados. O portfólio da Vitafoods inclui a Vitafoods Europe, em Genebra; a Vitafoods Asia, em Hong Kong e a Vitafoods South America, em São Paulo.
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Mercado
Governo acena com
Parceira entre associações
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s presidentes da Associação Brasileira de Angus e da Associação Brasileira de Brangus, Paulo de Castro Marques e Raul Victor Torrent, respectivamente, anunciaram Presidentes comemoram uma parceria entre as início da parceria duas associações, que visa fomentar institucionalmente a genética das raças coirmãs, durante a ExpoLondrina 2013. Ao selar o acordo, os presidentes fizeram questão de enfatizar que os prováveis desdobramentos dessa iniciativa devem ser vistos a médio prazo e que não envolvem os programas de fomento à produção de carne das associações. “As duas associações estão iniciando os trabalhos de fomento em conjunto, com o objetivo de levar ao mercado o melhor das duas genéticas. Chegou a hora de fazermos um trabalho voltado para o desenvolvimento das duas raças”, afirmou Paulo de Castro Marques. O dirigente, ainda completa seu comentário, falando sobre as semelhanças entre o Angus e o Brangus, que é algo que naturalmente as aproxima. “As duas raças têm possibilidade de produzir animais com alta qualidade em ciclo curto, ambas dispõem de animais prontos para o abate num período de até 22 meses, e isso facilita a divulgação conjunta das duas genéticas”, conclui.
stockvault.net
presidente da União Brasileira da Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, afirmou que pelo menos R$3 bilhões em linhas de crédito devem ser concedidos à indústria avícola do Brasil para investimentos em modernização, no ano de 2013. A ação fará parte do Plano Agrícola e Pecuário do Brasil, que deve ser anunciado em maio. Turra lembrou que, no ano passado, os produtores de aves não conseguiram investir muito dinheiro perante o aumento nos preços de grãos. E disse que o financiamento público será focado na modernização de aviários e equipamentos para os produtores e processadores de aves. O presidente da Ubabef acredita, ainda, que a medida, além de melhorar a produtividade do setor avícola brasileiro, aumenta as chances do País de exportar para novos mercados.
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fortalece o setor bovino
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investimentos no setor avícola
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MPF reforça averiguação sobre o abate clandestino de gado em cinco estados
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Ministério Público Federal (MPF) intensificou as investigações contra o abate clandestino de gado em cinco estados brasileiros: Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Rondônia. Com este objetivo, o MPF instaurou um procedimento administrativo e quatro inquéritos civis públicos, onde são solicitadas informações a diversos órgãos públicos, que devem ser prestadas em até 30 dias a partir do recebimento do pedido. O foco dessas medidas é averiguar o andamento dos serviços federais de fiscalização e identificar possíveis danos à saúde pública, ao consumidor e ao meio ambiente, cabendo aos governos estaduais fornecer relatos das fiscalizações efetuadas nos frigoríficos, além de passar informações sobre o cumprimento do Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (Riispoa).
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Grupo Marfrig confirmou o início das atividades de sua unidade produtiva em Tucumã, no Pará. A planta tem capacidade de produção de mil cabeças de gado por dia e estava inativa desde 2009, quando havia sido arrendada pelo grupo. Para promover a abertura de mais essa planta, a Marfrig faz o mapeamento e a organização dos fornecedores de animais de acordo com os critérios socioambientais da empresa. Essa é a 5ª planta da companhia em atividade no bioma Amazônia, com as outras localizadas nas cidades de Rolim de Moura e Chupinguaia, ambas no estado de Rondônia, e em Tangará da Serra e Paranatinga, no Mato Grosso. Para contribuir com a preservação ambiental, pensando numa pecuária sustentável e na ampliação da base de fornecedores na região, a Marfrig firmou uma parceria com a The Nature Conservancy (TNC), uma das maiores organizações ambientais do mundo. O Walmart, maior rede varejista do mundo, também é integrante da parceria, e assim como as outras duas organizações, fornecerá apoio técnico para regularização ambiental e ampliação da produção responsável junto aos pecuaristas das regiões de São Félix do Xingu e Tucumã, no sudeste do Pará, região que concentra a maior população de gado do País.
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stockvault.net
Marfrig inicia produção no Pará e firma parceria ambiental
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Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) e a Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat) repudiaram a ação conjunta do Ministério Público Federal, do Ibama e do Ministério Público do Trabalho contra os frigoríficos nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia. Para o presidente da Abrafrigo, Péricles Salazar, em comunicado à imprensa, “não existe segurança jurídica para que a associação apoie esta iniciativa dos procuradores dos Estados localizados no bioma amazônico, porque esta segurança só existirá se as empresas tiverem acesso à informações completas, ágeis e atualizadas, disponibilizadas por parte dos órgãos públicos, em sites específicos, a qualquer hora e momento que as empresas necessitarem”. No caso da Acrimat, em nota, a associação disse ter ficado
preocupada com a ação do Ministério Público Federal, por achar que “a medida é equivocada e perigosa, uma vez que coloca segmentos da mesma cadeia com obrigações que os tornarão antagônicos quando da sua implementação”, aponta. Judicialmente, 26 frigoríficos estão sendo processados pela compra e comercialização de bois criados ilegalmente e os órgãos governamentais pedem o pagamento de indenização por danos ambientais, no valor de R$ 556,99 milhões.
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Abrafrigo e Acrimat são contra medidas do MPF contra frigoríficos
Péricles Salazar, Presidente da Abrafrigo
Aurora faz aniversário e integra Cooperativa Languiri
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undada em 1969 e com sede em Chapecó (SC), a Coopercentral Aurora Alimentos completa 44 anos em abril, e acaba de anunciar a Cooperativa Languiri, com sede no município de Teutônia (RS), como mais uma que irá produzir seus produtos. A Languiru produzirá apresuntados, linguiças cozidas, salsichas e mortadelas, em volumes que não foram revelados. Utilizará matéria-prima própria e seguirá os protocolos de produção e qualidade da Aurora. Toda a produção será entregue à cooperativa catarinense que fará a comercialização e distribuição no mercado nacional, com prioridade para o mercado gaúcho. O valor da transação não foi revelado, mas o presidente da Aurora, Mário Lanznaster, destacou que essa operação permitirá à Aurora atender a crescente procura por seus produtos e, à Languiru, otimizar sua capacidade produtiva. “A Aurora tem demanda para seus produtos e precisa ampliar a oferta de processados de suínos para consumo no mercado interno, enquanto a Cooperativa Languiru tem capacidade ociosa de produção. Foi um casamento perfeito”, resumiu Lanznaster. O presidente da Languiru, Dirceu Bayer, declarou ser “um orgulho manter parceria de produção com a Aurora, empresa que detém elevado conceito junto aos consumidores do Brasil e do exterior”. Destacou que “parceria entre cooperativas é fácil, porque a gente fala a mesma linguagem”. Reunindo 12 cooperativas singulares que, no conjunto,
Dirceu Bayer (esq.) da Languiri e Mário Lanznaster da Aurora
representam mais de 60 mil produtores rurais, e lhe garantem uma crescente participação no mercado nacional, a Aurora possui um mix de 650 produtos, entre carnes de aves e suínos, lácteos, pizzas e massas; o que em números representa uma média de 4.606 bilhões de reais em faturamento anual, 18.280 empregos diretos, 3,6 milhões de suínos, 152 milhões de aves abatidas anualmente, além de 443 milhões de litros de leite processados durante o ano. Para atingir esses resultados, a empresa conta com oito unidades industriais para processamento de suínos, cinco plantas para processamento de aves, cinco fábricas de rações, uma indústria de lácteos, dez unidades de ativos biológicos (granjas de reprodutores suínos e matrizes de aves, incubatórios e silos), uma unidade de disseminação de genes (UDG), 14 unidades comerciais e 100 mil pontos de vendas no País. Maio 2013
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Especial Por Léo Martins
Por Léo Martins
sxc.hu
Deixa que eu entrego! Com função de levar e trazer as carnes dentro das empresas, as esteiras transportadoras são verdadeiros office-boys dentro dos frigoríficos 26
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os dias de hoje, é muito comum que pensemos nos Correios quando precisamos que determinada encomenda seja enviada de um lugar para o outro. A ideia de entregar objetos ou mensagens é tão antiga quanto parece. Segundo dados históricos, povos antigos como egípcios, persas, gregos, fenícios e romanos já dispunham de serviços organizados de difusão de documentos. Ou seja, a necessidade de que uma informação, objeto ou encomenda fosse levada aos mais variados lugares, é uma ânsia do ser humano em tempos muito remotos. “Contaminados” por esse espírito, as empresas do mercado cárneo também possuem essa necessidade. Seus produtos têm a necessidade de serem transportados de um lugar para o outro dentro da própria indústria. E nesse caso, os mensageiros que são encarregados dessa tarefa são conhecidos como esteiras transportadoras. Levando e trazendo produtos, as esteiras são literalmente carteiros efetuando um verdadeiro leva e traz dentro das empresas. Maio 2013
Definição e funcionamento de uma esteira
um formato que privilegie estes fatores. Os materiais não podem se degenerar com o constante uso de produtos de limpeza e higienização”, aponta o professor.
Para que possamos abordar as esteiras transportadoras dentro do mercado de carnes, é importante entender que esteira transportadora, independente do ramo no qual ela é aplicada, seja ele cárneo, transportador ou produção de algum produto, a sua definição é basicamente a mesma. “A esteira pode ser definida como um equipamento eletromecânico, que possui a finalidade de movimentar produtos, reduzindo o esforço humano nesta tarefa”, explica o professor Hélio Pekelman, coordenador adjunto do curso de Engenharia de Produção da Universidade Anhembi Morumbi. Sendo assim, pode-se presumir que seu princípio de funcionamento, mecanicamente falando, seja o mesmo em qualquer segmento de aplicação. “Uma esteira transportadora é composta de uma estrutura de sustentação, elementos motrizes tais como motores e redutores, e elemento de transmissão que podem ser diversos como correias, correntes, roletes, etc”, detalha o professor Pekelman. Cada mercado exige de suas esteiras uma particularidade. No caso do mercado alimentício, essas particularidades são exigidas no que diz respeito à higiene e limpeza. Afinal, os alimentos que serão transportados por essas esteiras devem estar sempre limpos para que os produtos nela transportados não sejam contaminados. “Em especial, estes modelos de esteiras do mercado alimentício precisam ter facilidade de limpeza e esterilização, com
Auxiliando na produção
O conceito das esteiras transportadoras para os frigoríficos é levado de forma literal. Para Gonçalo Soares, diretor comercial da Bumerang Indústria do Brasil, as esteiras transportadoras são fundamentais para a produtividade de uma empresa. “Elas eliminam transporte de produtos por funcionários, definem o ritmo de trabalho e reduzem o tempo de processamento do produto, o que é importante para garantir a segurança alimentar”, mensura Soares. Dentro das perspectivas de benefícios, Alessandra Salles, gerente coorporativa de vendas da Intralox, diz que uma esteira transportadora auxilia na melhoria do fluxo de produção. “Elas aperfeiçoam todo o processo, o que pode diminuir a necessidade de mão de obra e aumentar a produtividade de uma forma geral. A escolha certa do modelo de esteira garante a segurança alimentar, ajuda na qualidade final do produto e em um menor custo operacional”, afirma Alessandra. “O transporte interno em frigoríficos, por meio de esteiras transportadoras, otimiza o espaço, diminui o risco de acidentes, automatiza a produção, facilita a higienização e sincroniza o processo produtivo”, completa Reinaldo Ferreira, diretor de Produção da Unirons.
“Entre os benefícios, a esteira oferece redução do esforço humano; melhora na produtividade e diminuição dos tempos de fabricação”, destaca o professor Hélio Pekelman, coordenador adjunto do curso de Engenharia de Produção da Universidade Anhembi Morumbi.
Divulgação Centraco
Tipos de esteiras
Correias do tipo esteira também são chamadas de correias transportadoras Maio 2013
Para os tipos de esteiras existentes, o professor Hélio Pekelman afirma que existe uma infinidade de tipos de esteiras, variando segundo a sua aplicação. Elas podem ser adquiridas já prontas ou podem ser fabricadas sob encomenda. “O material utilizado também varia conforme a aplicação para indústria mecânica, alimentícia, mineração, farmacêutica, entre outras”, completa o professor. 27
Divulgação Bumerangue
Especial
Esteiras em que há contato direto com o alimento precisam ser certificadas por órgãos de vigilância sanitária
De acordo com Márcio Dechamps, diretor da Centraco Correias Ltda., o mercado da carne tem uma diversidade muito grande e depende da aplicação onde a correia/ esteira vai ser utilizada. Então, pode-se classificar as esteiras em dois grandes grupos: - Contato direto com a carne ou alimento a ser processado: existe a necessidade das correias/esteiras serem atóxicas, sendo exigido pela Vigilância Sanitária os certificados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a Food and Drug Adminastration (FDA), o United States Department of Agriculture (USDA) ou algum outro de acordo com o produto, destino ou exigência do cliente; - Sem contato direto com a carne ou alimento a ser processado: podem ser utilizadas correias de borracha, nylon ou PVC não atóxicos para transporte de gaiolas, elevadoras e cavaco de madeira para caldeiras, entre muitas outras aplicações. Reinaldo Ferreira, da Unirons, explica que o material no qual as esteiras são fabricadas pode ser classificado da seguinte forma: - Fitas de aço galvanizadas: utilizadas em sistemas mais antigos em mesas de desossa; - Correias planas de poliuretano com ou sem reforço de lona: utilizados para transferências suaves ou higienização rápida; - Sistema modular plástico: resolve problemas de durabilidade, corrosão e manutenção. Dentro das definições existentes, Décio Pereira, diretor comercial da Produtiva Esteiras, define a aplicação das esteiras por processo primário e secundário. Segundo 28
Pereira, as aplicações para as esteiras variam nos seguintes setores: - Esteira para congelamento; - Esteira para resfriamento; - Esteira para fermentação; - Esteira para cozimento; - Esteiras para fritador; - Esteiras para empanados; - Esteira de transferência com curvada (pode incorporar curvas ou curso reto); - Esteira de processamento, embalagem e transferência industrial do produto; - Esteiras de tração positiva e curso reto (correntes nas laterais ou engrenagens nas esteiras); - Esteiras de curso reto movidas por atrito. Para os tipos de esteiras, bem como suas diversas aplicações, Alessandra Sales, da Intralox, diz que dentro de um frigorífico há diversos tipos de esteiras. Sendo assim, o importante é escolher o modelo correto para cada apli-
Correias atóxicas No grupo das correias Atóxicas enquadram-se: - Correias de PVC (Policloreto de Vanila); - PU (Puliretano). As correias ainda podem ser de material homogêneo (100% PU, por exemplo) ou ainda com lonas e coberta de material atóxico (PVC ou PU). Fonte: Márcio Dechamps, diretor da Centraco Correias Ltda.
Maio 2013
Divulgação Intralox
cação. “Por exemplo, uma esteira que terá contato direto com o alimento, deve ser fácil de limpar e garantir que não haja quaisquer migrações de materiais ou odores que possam contaminar o alimento”, argumenta Alessandra. Já uma esteira no setor de embalagens que transportará caixas de 30 kg, por exemplo, de acordo com Alessandra, deve ser robusta e ser de material resistente à abrasão para garantir melhor performance e durabilidade.
Identificando a mais adequada
Para se escolher a esteira mais adequada, de acordo com os profissionais entrevistados, alguns pontos devem ser observados no momento da aquisição. Um desses pontos, segundo Reinaldo Ferreira, da Unirons, é a solução que a esteira oferece para cada tipo de transporte. “Os critérios para escolha devem ser a eficiência comprovada do sistema oferecido, que se dá principalmente pelo histórico do fornecedor, suas garantias, certificações, assistência técnica e agilidade no prazo de entrega”, orienta. “As informações mais importantes para se escolher uma esteira são as definições do que deve ser transportado, seu percurso, velocidade, carga, temperatura e as dimensões básicas do transportador”, completa Ferreira. Para que todos esses pontos sejam corretamente avaliados, Walter Ferraro, diretor da Cobritex, atenta para a importância da avaliação técnica no momento da escolha da esteira. “Para definir a esteira correta, é importante a visita de um técnico para avaliar um conjunto de fatores como velocidade, carga, largura, temperatura, tração, dimen-
Fatores como o produto transportado, percurso, velocidade, carga e aspectos sanitários devem ser levados em conta na escolha da esteira
Especial
“Para definir a esteira correta, é importante a visita de um técnico para avaliar um conjunto de fatores como velocidade, carga, largura, temperatura, tração, dimensão do produto, sistema de tracionamento e análise do equipamento”, afirma Walter Ferraro, diretor da Cobritex
orientações de um profissional do ramo. “O conhecimento técnico por parte do cliente e/ou a responsabilidade técnica do fornecedor é exigido para saber qual esteira não se adequa”, comenta Dechamps. “Se a aplicação for para contato direto com carne ou alimentos, necessariamente, o fornecedor deverá apresentar os laudos exigidos pela vigilância sanitária assegurando que a aplicação está correta”, acrescenta Dechamps. Mesmo assim, segundo Dechamps, para cada correia/esteira, existe uma ficha técnica do produto detalhando a sua aplicabilidade. No Brasil, de acordo com Reinaldo Ferreira, da Unirons, em frigoríficos e na indústria alimentícia em geral, as esteiras devem atender às resoluções 51 e 52 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). “As esteiras devem ser de fácil higienização e devem suportar as condições de temperatura definidas”, destaca Ferreira. Já para Alessandra Sales, da Intralox, a identificação da esteira que não deve ser usada depende do produto e da produção da qual ele é submetido. “Uma esteira que seja difícil de limpar, por exemplo, não deve ser utilizada para contato direto com o alimento”, explica. Alessandra também diz que dependendo da temperatura da sala de produção, deve-se escolher determinado material. “O acetal e polietileno aguentam temperaturas negativas, por exemplo. Já o polipropileno não. Porém, para temperaturas acima de 80 °C e 90 °C, o polipropileno é mais adequado”, pontua Alessandra. Divulgação Cobritex
são do produto, sistema de tracionamento e análise do equipamento”, afirma Ferraro. Ao atentar-se para esses tópicos técnicos, Alessandra Sales, da Intralox, comenta a forma que a empresa procede no auxílio da escolha de uma esteira. “Auxiliamos na escolha correta do modelo e material da esteira conforme a aplicação e produto a ser transportado. Deve-se saber o tipo do produto, a carga (kg/m²), a velocidade ou capacidade da linha de produção e a temperatura do produto e do ambiente”, comenta Alessandra. Seguindo a maneira técnica correta, Gonçalo Soares, da Bumerang, fornece algumas dicas para o momento da escolha da esteira: A) Modelo da esteira: existem modelos que fazem curvas e modelos destinados somente a trechos retos; B) Passo da esteira: as esteiras com passo pequeno (15 mm ou 25 mm) são destinadas normalmente a processos leves e esteiras com passo grande (50 mm ou 68 mm) para processos mais pesados; C) Material: cada material tem uma função específica.
Identificando a não adequada
Outro ponto importante é saber qual é a esteira que não deve ser escolhida. Nesse ponto, a questão ambiental e sanitária encabeçam as diretrizes dessa escolha. “Todas as esteiras produzidas com materiais tóxicos e que permitem o contato direto com o produto in natura ou na fase de industrialização, não devem ser escolhidas”, atenta Décio Pereira, da Produtiva Esteiras. “No caso de frigoríficos, esteiras que não sejam aprovadas como sanitárias não devem ser utilizadas. Elas contribuem negativamente para a segurança alimentar”, complementa Gonçalo Soares, da Bumerang. Sobre a influência das especificações técnicas, Márcio Dechamps, da Centraco, atenta para a importância das 30
Esteiras fabricadas em aço inox são indicadas para o mercado de aves, bovino e suínos Maio 2013
Várias esteiras, para vários mercados
Dentre os mercados cárneos disponíveis para aplicação das esteiras, cada um deles têm a sua particularidade e benefício. Por isso, é importante conhecer a característica de cada uma, para que dessa maneira, seja escolhida a que melhor se adeque à sua empresa.
- Esteiras de metal
Para as esteiras de metal, Décio Pereira, da Produtiva Esteiras, comenta qual seria a mais indicada para os mercados de carnes. “Para o mercado de aves, bovino ou suíno, as esteiras transportadoras metálicas fabricadas em aço inox são adequadas tanto para carne in natura, quanto para produtos industrializados. A resposta é excelente e o resultado muito satisfatório”, expõe Pereira. Seguindo a mesma linha, Walter Ferraro, da Cobritex, reforça que as esteiras metálicas fabricadas com aço inox possuem uma excelente resposta. “As mais adequadas para o mercado de aves, suínos, bovinos e alimentícios em geral são as esteiras metálicas confeccionadas em aço inox, justamente por possuírem força e flexibilidade”, comenta. Ainda segundo Ferraro, considerando que estas esteiras trabalham em fornos e fritadeiras atingindo temperaturas próximas a 200°C, e com empanadeiras, que são altamente abrasivas, as esteiras fabricadas em aço inox, para qualquer mercado de carne, possuem um desempenho altamente satisfatório.
Abril 2013
Ainda sobre as esteiras metálicas confeccionadas em aço inox, Ferraro explica que as mesmas, além de possuírem uma área aberta maior, ainda são resistentes a ranhuras e trincas. “Essa resistência provinda do material em que essas esteiras são fabricadas, mantêm uma superfície lisa dificultando a impregnação das bactérias. Por consequência, esse fator facilita a higienização, dispensando a remoção da superfície do equipamento”, destaca.
- Esteiras modulares de plástico
Seguindo a cartilha da higiene sanitária, Gonçalo Soares, da Bumerang, destaca algumas das vantagens das esteiras modulares. “Para todos os frigoríficos, a melhor opção é a esteira modular. Ela tem fácil manutenção, é higiênica e se adapta muito bem a todos os processos de um frigorífico”, aponta Soares. Já sobre o desempenho das esteiras modulares, Reinaldo Ferreira, da Unirons, explica alguns dos desempenhos possíveis com esse modelo de esteira. “Devido às suas múltiplas funcionalidades, as esteiras modulares podem suprir perfeitamente as necessidades de transporte para os mercados de aves, suínos e bovinos”, explica Ferreira. Para o mercado de aves, Ferreira informa que as esteiras podem ser mais leves e auxiliadas por correntes modulares para o transporte de engradados. “Já para suínos e bovinos, as cargas tendem a ser maiores. Por isso, são requeridas esteiras mais robustas e resistentes ao corte. Nesse caso, os equipamentos modulares suprem muito bem essa demanda”, detalha Ferreira.
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Especial
A manutenção dos equipamentos que compõe as esteiras devem estar em dia para que problemas sejam evitados
De acordo com Reinaldo Ferreira, em frigoríficos e na indústria alimentícia em geral, as esteiras devem atender às resoluções 51 e 52 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) Defeitos e soluções
Assim como todo equipamento formado por princípios elétricos e mecânicos, o mesmo está passível a possíveis falhas. De maneira geral, o professor Hélio Pekelman expõe quais dessas falhas são mais corriqueiras nesses tipos de equipamentos. “Por serem elementos eletro mecânicos, as esteiras estão sujeitas a defeitos devido ao desgaste natural de suas peças como motores, mancais, elementos rodantes, esteira, etc.”, esclarece Pekelman. Conforme informa o professor, o mais indicado é que a manutenção dos equipamentos esteja sempre em dia e que toda a ordem para executá-la seja expressamente cumprida. “Deve-se sempre elaborar planos de manutenção preventiva seguindo as recomendações dos fabricantes como forma de se adiantar aos possíveis defeitos, minimizando todo provável problema ao máximo”, orienta o professor Pekelman. Márcio Dechamps, da Centraco, cita alguns fatores que podem interferir na vida útil da correia: - Uso/manutenção da correia por profissionais habilitados: se os profissionais usam facas com frequência e são habilidosos no uso, haverá uma maior vida útil. 32
Se a habilidade dos profissionais for menor, os cortes serão inevitáveis, reduzindo sobremaneira a vida útil da correia/esteira. - Composição da correia: uma correia de PU, por exemplo, é muito mais resistente à abrasão do que uma de PVC. O PU é feito de compostos especiais e nobres, e resiste muito mais o processo de cortes e de higienização. Nesse caso, a correia é diariamente submetida à agua com elevada temperatura e produtos químicos para higienização. Contudo, conforme Dechamps, o fator determinante para a vida útil é a sua aplicação. É ela quem define qual produto será aplicado. Isto exige a especialização do fornecedor. Além dos problemas mecânicos recorrentes, no caso das esteiras metálicas, por exemplo, Walter Ferraro, da Cobritex, diz que a maior preocupação das indústrias é eliminar os chamados bio-films. “O chamado bio-films é uma dura camada de bactérias que se formam na superfície dos equipamentos, muito parecida com a placa bacteriana dos dentes, formada por partículas de alimento”, comenta Ferraro.
Correias atóxicas
1) Rota de Inspeção: criar uma rotina de inspeção
nas esteiras de transporte semanalmente para verificar os pontos principais, como checar estado visual dos equipamentos, ruídos, vazamentos, etc. No caso da esteira estar parada durante a rota de inspeção, verificar também folga nos mancais.
2) Plano de lubrificação: recomenda-se elaborar um
plano de lubrificação feito por um especialista no assunto ou até mesmo pelo responsável pelas rotas de inspeção .
3) Avarias: nesses casos é necessário elaborar um
procedimento de reparo, sempre seguindo as normas de programação de manutenção .
4) Plano de melhorias: se nenhuma das sugestões
mencionadas surtirem efeito, sugerimos rever os conceitos e procedimentos adotados. No caso da lubrificação, vale checar se a melhor alternativa é a manual ou partir para a automática. Nas situações em que houver produtos com corrosão, elaborar um novo projeto propondo um produto que opere em condições com umidade. Fonte: Nelson Alves Pereira Júnior, gerente para o segmento de Alimentos e Bebidas da SKF na América Latina
Maio 2013
“Deve-se sempre elaborar planos de manutenção preventiva seguindo as recomendações dos fabricantes como forma de se adiantar aos possíveis defeitos, minimizando todo provável problema ao máximo”, orienta o professor Hélio Pekelman Esteiras transportando evolução
Para que as esteiras transportadoras possam melhorar seus
desempenhos, a tecnologia implantada nelas precisará ser cada
vez mais apurada. Para isso, Décio Pereira, da Produtiva Esteiras,
opina sobre como as esteiras podem ser cada vez melhores. “Esses equipamentos precisam cada vez mais adequar a sua aplicação no
processo de produção. Certamente, esse recurso permitirá uma melhora e aumento na produtividade”, opina Pereira. Já para Alessandra
Sales, da Intralox, a segurança alimentar é um aspecto em que a evolução tecnológica deve se pautar. “O maior foco é a segurança
alimentar. Ou seja, ter uma esteira de fácil limpeza, que garante a
não contaminação de seu produto e ao mesmo tempo, tem baixo custo operacional, bem como uma grande durabilidade”, afirma Alessandra.
Atrelado aos fatores já citados, Gonçalo Soares, da Bumerang,
acredita que a grande evolução das esteiras futuras deve ser concentrada na parte física. “As esteiras devem evoluir principalmente em sua funcionalidade e na composição de seus materiais. Dessa
forma, haverá aumento de resistência e uma contribuição cada vez maior para a segurança alimentar”, completa Soares.
Trazer e levar determinada carga, seja ela abstrata, como informa-
ções e ideias, ou concreta, como é o caso das carnes nos frigoríficos, é
uma responsabilidade e tanto. Essa missão exige de seu mensageiro
uma noção de precisão, rapidez, agilidade e principalmente vontade
de levar essa determinada carga ao seu destino. Para que essa missão seja alcançada, deve-se escolher muito bem qual é o mensageiro que
será incumbido de tal missão. No caso do mercado cárneo, independente se o seu mensageiro seja metálico ou modular, o importante é
que a confiança depositada nele seja correspondida. Por isso, escolha muito bem a quem você vai depositar sua carga, pois serão nessas
mãos (ou no nosso caso, nessas esteiras) que estão, de maneira literal, a distribuição de seus produtos. E podem acreditar: a forma de
distribuição é o veículo principal quando o assunto é difundir algo, seja lá o que for distribuído. Maio 2013
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MTE assina NR-36 por mais segurança e prevenção de acidentes em frigoríficos
A
NR-36 (Norma Regulamentadora nº 36), assinada dia 18 de abril pelo Ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, prevê melhores condições de trabalho nos frigoríficos do país, melhoria das condições de saúde e segurança nas indústrias, como, por exemplo, adaptações estruturais e concessões de pausas. Já apelidada como a NR dos frigoríficos, a norma também busca melhorar condições como o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) adequados, rodízios de atividades, redução de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, entre outras coisas. A assinatura teve a participação de diversos setores da indústria, representados por associações de empegados e empregadores, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação e Afins (CNTA Afins), que entregou nas mãos do Ministro ofício que pede explicações do governo quanto à falta de contrapartida social do BNDES em relação aos empréstimos e/ou participação nas empresas, sobretudo, frigoríficos como JBS, Marfrig e Brasil Foods. Segundo o Ministro do Trabalho, Manoel Dias, o documento deve servir de exemplo a outros setores da economia e contribuir com o aumento da produtivida-
Renato Alvez/Ascom MTE
Empresas & Negócios
Ministro do Trabalho, Manoel Dias, assina a NR-36
de nas indústrias frigoríficas. “Quero na minha gestão usar esse modelo (Comissão Tripartite de Trabalho), que resultou no trabalho onde patrões e empregados, com competência, discernimento e espírito público, souberam encontrar uma saída. O ato de hoje serve de modelo e exemplo para outros setores da economia. É fundamental para os trabalhadores que seja preservada sua saúde especialmente. Até porque nessa máquina, sem saúde não se produz. Todos ganharão, tanto empregados quanto trabalhadores.”, declarou. Para o presidente da CNTA Afins, Artur Bueno de Camargo, a nova regulamentação significa uma ferramenta a mais de combate à precarização no trabalho. No entanto, Bueno pede mais estrutura nas subdelegacias regionais do trabalho e nos postos do MTE, com fiscalização permanente. “Temos acompanhado pelas entidades sindicais a ocorrência constante dos acidentes de trabalho nesse setor, sobretudo, na atividade de desossa, onde o esforço repetitivo é muito grande. Conquistamos uma ferramenta de trabalho que precisa de todo o apoio do MTE no sentido de ampliar a fiscalização nos postos de trabalho”, avalia.
Alta disponibiliza cursos de inseminação artificial de bovinos
A
Alta Genetics, uma das maiores empresas de melhoramento genético do mundo, oferece nos meses de maio e junho cursos de inseminação artificial de bovinos, ministrados em diferentes lugares do Brasil, como Rio Grande do Norte, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás. Em cada um desses estados, os cursos contarão com aulas de conteúdo prático e teórico, numa carga horária de 32 34
a 48 horas. O programa abrange temas como a coleta e industrialização de sêmen, a anatomia e fisiologia do aparelho reprodutor da fêmea bovina, o passo a passo da inseminação artificial, a observação de cio em gado de leite e corte, o manejo do botijão de sêmen, a montagem do aplicador, o descongelamento do sêmen, a passagem pela cérvix, entre outros. Divulgação O curso oferece certificado de aptidão ao seu final e mais informações podem ser encontradas em www.altagenetics.com.br Maio 2013
SKF lança sistema de lubrificação de corrente para processamento de alimentos
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ChianLube, da SKF
SKF ChainLube, sistema de lubrificação de correntes industriais, é o novo lançamento da SKF. Projetado para aplicações dos segmentos de Alimentos e Bebidas, tem como principal benefício operar sem a necessidade de ar comprimido, proporcionando uma solução fácil e segura. O sistema oferece uma lubrificação automática para diversos perfis de correntes, sem a necessidade de conexão de linhas de fornecimento de ar comprimido. A técnica reduz o risco de contaminação potencial dos alimentos, pois evita a formação de névoa ou spray de óleo que podem ficar em suspensão (principalmente em aplicações de alta temperatura). O sistema pode suportar baixas e altas temperaturas (dependendo da viscosidade do óleo), que variam de –40 °C a 220 °C, sendo ideal para a lubrificação de correntes paralelas com velocidades abaixo de 3 passos/ segundo, podendo ser utilizada em diversas aplicações industriais como fornos de panificação, secadores, câmaras de fermentação, freezers ou esteiras transportadoras em áreas úmidas. Como nos conta Jorge Sinihur, responsável pela divisão de sistemas centralizados da SKF Brasil, “o SKF ChainLube propicia aos nossos clientes maior confiabilidade operacional para seus equipamentos acionados por correntes, tudo de forma muito simples, pois é necessária a configuração de apenas dois parâmetros, facilitando a instalação e seu uso”, explica.
VPG leva projetos de consultoria à empresas do exterior
A
VPG Consultoria e Projetos é a mais nova contratada do Grupo Empresarial Don Pollo S.A.S., da Colômbia, para a criação de um projeto na cadeia produtiva da empresa. O projeto contratado prevê implantação de tecnologia de ponta, critérios cabíveis de sustentabilidade, reuso de água, energia solar, bem estar animal e estruturas para o bem estar dos funcionários. Segundo o Presidente da Don Pollo, Juan Carlos Uribe López, a empresa terá “a planta com a melhor tecnologia em abate de aves da Colômbia, baseada em economia verde”. Em conjunto, para a implementação deste projeto, participam as empresas brasileiras Bumerangue Brasil, de Chapecó (SC), União Ambiental, de Jaraguá do Sul (SC) e a colombiana RyM Colombia de Bogotá (CO). “Temos conhecimento de toda a cadeia produtiva, relação com o mercado e estamos criando oportunidades para empresas brasileiras de tecnologia de processamento de carnes, o que nos faz levar isto também aos países da América Latina e Central”, diz Victor Garcia, Diretor de Negócios da VPG. Maio 2013
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Empresas & Negócios
A
unidade de negócios de suínos da Ceva Saúde Animal registrou um crescimento de 34,8% nas vendas de produtos para suinocultura, enquanto que o mercado em geral cresceu 4,16% em 2012. Com esse resultado, a Ceva foi a empresa que mais cresceu entre as 12 maiores de saúde animal. “Esse excelente resultado é fruto de um alinhamento de mercado, ofertando soluções eficazes e respeitando o bolso dos suinocultores que passaram por uma das piores crises na suinocultura brasileira. O mercado entendeu nossa proposta e estamos confiantes que a recuperação do setor trará ganhos mútuos”, afirma a Gerente da Unidade de Negócios de Suínos, Cherlla Romeiro. A Ceva também consolidou-se no Brasil como líder no segmento de amoxicilinas injetáveis. O produto se caracteriza pela boa eficácia a efeitos colaterais aos animais. O produto é a primeira opção de linha tera-
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pêutica para o combate aos agentes bacterianos mais comuns na suinocultura e permite que o antibiótico alcance e mantenha níveis efetivos de amoxicilina por mais de 48 horas. Outros crescimentos expressivos de vendas em 2012 foram do antimicrobiano Leucomag à base de Leucomicina, na casa de 78% e da vacina Coglapix contra a pleuropneumonia suína, que de três dígitos.
Divulgação
Ceva cresce acima de 34% no mercado de suínos
Cherlla Romeiro, Gerente da Unidade de Negócios de Suínos da Ceva
registrou um crescimento
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Mundo Corporativo Por Leroy Ward
As únicas duas técnicas de comunicação que realmente funcionam em reuniões
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ristine Comaford, uma especialista em consultoria e coaching, já viu de tudo: nas reuniões, claro! Em seus mais de 30 anos de trabalho com as empresas, tem catalogado cinco tipos de comunicações que ocorrem nas reuniões. São elas: 1) Solicitações; 2) Promessas; 3) Compartilhamento de informações; 4) Compartilhamento de informações pessoais; 5) Debates e tomadas de decisões. Sua conclusão: esqueça os pontos 3, 4 e 5 e concentre nos itens 1 e 2: pedidos e promessas. Por quê? Vamos às solicitações primeiro. Ela diz que quando você precisa de algo de alguém, o seu pedido deve ser tão claro quanto possível. Por exemplo, outro dia eu estava em uma reunião e um dos meus colegas pediu uma análise da concorrência e eu concordei. De acordo com Comaford,
LeRoy Ward é vice-presidente executivo da ESI INTERNATIONAL
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eu deveria ter dito, “por favor, seja mais preciso”. Exemplo: meu colega deveria ter dito “até o final da próxima semana, prepare um resumo de 100 palavras de nossos 10 melhores concorrentes”. Promessas são compromissos assumidos por certas pessoas em torno da mesa de reuniões para atender às solicitações. Daí, a necessidade de especificidade na solicitação. Isto dá às pessoas que estão prometendo entregar a tarefa, prazo e detalhes suficientes sobre o que se espera. É trabalho do líder da reunião documentar todos os pedidos e promessas e compartilhar com todos depois da reunião. Com relação aos pontos 3, 4 e 5, Comaford afirma que isso pode ser feito por e-mail, encontros, drop-ins, telefonemas rápidos e outras interações. Ela afirma que não é que essas outras formas de comunicação não sejam valiosas, mas elas podem ser adequadas de outras formas. Eu não sei se verei o dia em que muitas pessoas estarão fazendo somente o item 1 e 2 em suas reuniões. Mas eu sei que, na minha empresa, nós fortemente tentamos documentar as ações e atribuir responsabilidades. Tão fácil quanto isto pode soar, é levar o líder a intensificar este comportamento e fazer com que realmente aconteça. Se você precisar de alguma confirmação sobre a importância de uma boa gestão de reunião, você então deve ler “How to Run a Meeting Like Google” (Como realizar uma reunião como o Google), de Marissa Mayer, a nova chefe do Yahoo, que é a mais nova CEO celebridade. Acredite ou não, quando ela estava no Google, ela realizava cerca de 70 reuniões por semana. Você leu corretamente, 70 reuniões por semana! Para mantê-los em um ritmo acelerado e que valesse a pena, ela desenvolveu uma abordagem para cada reunião que está descrita em seu artigo. Meu objetivo não é ver quantas reuniões eu posso participar. Se eu tivesse que realizar ou participar de 70 reuniões por semana, eu acho que eu iria cortar grama em um campo de golfe. Para mim parece um tanto desumano. Mas, “hey”, eles estão todos milionários no Google, eles possuem um edifício em Manhattan, etc. Maio 2013
Dezembro 2012
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Mundo Corporativo
A importância da análise de negócios nas organizações: Porque o bom não é bom o suficiente
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sxc.hu
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rganizações de todo o mundo estão usando análise de negócios para definir os requisitos e determinar ações e soluções para ajudá-los a alcançar seus objetivos. As atividades de análise de negócios são essenciais para o sucesso dos projetos e da organização, mas o sucesso requer padrões de práticas e aderência à disciplina de análise de negócios. Quão boas são as organizações na prática de análise de negócios? Elas percebem a importância desta disciplina? Em setembro de 2011, a ESI International realizou uma pesquisa com mais de 1.600 entrevistados com diferentes títulos dentro das organizações em todo o mundo, para perguntar sobre suas experiências e percepções de análise de negócios. Este estudo global teve o objetivo de determinar o atual impacto que análise de negócios tem sobre organizações e examinar seu estado atual com a indagação sobre suas práticas, tendências, desafios e aplicações desta disciplina. Os entrevistados representaram um amplo espectro de indústrias, incluindo o setor público, ao responder a perguntas sobre as suas organizações, incluindo o seguinte: - Como eles classificariam a proficiência de sua função de analista de negócios? - Como eles classificariam a proficiência de suas atividades individualmente? - Quais são os fatores-chave de sucesso para seus projetos? Descobrimos que a proficiência em análise de negócios
pode variar entre as atividades e entre as organizações, mas os entrevistados estão essencialmente satisfeitos com suas práticas e resultados. Enquanto as pessoas acreditam que as práticas de análise de negócios em suas organizações são “boas”, a análise mostra que há espaço para melhorias, indicando que “bom” não é verdadeiramente e suficientemente bom. Ainda há lacunas para melhorias em: - Proficiência em atividades de análise de negócios; - A prática ao nível da empresa; - Níveis de experiência; - Certificação em análise de negócios. Os entrevistados vêem análise de negócios como crucial para o sucesso dos projetos e, de fato, a classificação geral das funções desta disciplina está relacionada com as taxas de sucesso do projeto. Contrariando evidência externa dos resultados dos projetos, mais de 90% dos inquiridos consideram Maio 2013
que mais da metade dos projetos foram bem sucedidos ao longo dos últimos três anos. Enquanto 68% dos inquiridos consideram que 75% ou mais de seus projetos tenham sido bem sucedidos. Gerentes de nível médio são mais críticos quanto às funções de análise de negócios do que um gerente sênior, e os analistas de negócios também vêem que há espaço para melhorias. Entrevistados em todos os níveis da organização avaliaram os fatores de sucesso mais importantes de seus projetos como: - Satisfação do cliente: 81% - Conclusão do projeto no tempo acordado: 62% - Projeto realizado dentro do “budget” provisionado: 52% - Qualidade do produto: 46% Os resultados da pesquisa indicaram que a análise de negócios não é vista como sendo de grande impacto para os resultados do negócio. Apenas 22% dos entrevistados disseram que o impacto nos lucros é um importante fator de sucesso para análise de negócios. Apenas 15% disseram que aquisição e retenção de clientes, e 4% disseram que market share são critérios importantes para o sucesso de uma análise de negócios. Quase metade dos profissionais de análise de negócios tem cinco anos ou menos de experiência nesta área, 15% têm menos de dois anos de experiência, 21% têm experiência 6-9 anos e 30% têm 10 anos ou mais. A pesquisa mostra que os entrevistados fazem uma conexão entre proficiência da análise de negócios e o sucesso dos projetos, mas que ainda existe uma desconexão no reconhecimento entre análise de negócios e projetos bem sucedidos no valor do negócio da empresa e nos resultados. Analistas de negócios e gerentes de projetos precisam se envolver mais ao nível da empresa. Não surpreendentemente, a análise da empresa aparece na pesquisa com proficiência baixa dentre as atividades de análise de negócios. A maioria dos entrevistados acredita que suas competências em análise de negócios são de boas a excelentes, e que 75% ou mais de seus projetos ao longo dos últimos três anos foram bem sucedidos. No entanto, como no mundo real as evidências indicam o contrário, as organizações podem estar na necessidade de uma verificação da realidade. A adoção de análise de negócios como uma disciplina organizacional pode ser prejudicada pela falta de profissionais nesta profissão. Os resultados da pesquisa mostram que as certificações em análise de negócios fazem parte de uma porcentagem muito pequena de pessoas praticando a disciplina, ao contrário da certificação em gerenciamento de projetos - PMP - Project Management Professional (PMP ®). Surpreende a pequena porcentagem de certificações Scrum Master, dada a importância do Agile como metodologia de desenvolvimento explosivo. Em um ambiente competitivo e economicamente difícil, há sempre espaço para melhorias em análise de negócios, bem como em outras áreas. As organizações que ficarem paradas serão deixadas para trás. Grupo de especialistas da ESI INTERNATIONAL, uma empresa global especializada em programa de capacitação “in company” em Gerenciamento de Projetos. www.esi-intl.com.br Maio 2013
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Mundo Corporativo
sxc.hu
Por Leroy Ward
Quatro perguntas para fazer a si mesmo antes de falar com qualquer acionista
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ntes de falar com qualquer grupo, seja em uma pequena reunião, ou para toda a empresa, Steve Sargent, presidente e CEO da GE Austrália e Nova Zelândia, faz a si mesmo quatro perguntas. São elas: qual mensagem quero transmitir? Quais as reações / comportamentos que quero causar no meu público como resultado? Como eu quero que eles se sintam? Como devo ajustar o meu estilo ao meu público? Muito simples não? Mas Sargent explica que estas questões o ajudam a personalizar suas conversas dependendo da situação. Por exemplo, falar com o seu Conselho de Governança de Projeto requer uma abordagem diferente do que falar para seus pares ou subcontratados. A preocupação primordial de qualquer conversa é ter certeza de que sua mensagem seja clara para qualquer grupo. O que eu achei interessante é que Sargent sempre usa uma lista de questões que deve fazer. Ele não tenta lembrar porque vez ou outra acaba sempre esquecendo uma questão importante.
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Muitos de nós às vezes nos contorcemos ou fazemos um grande esforço quando temos que falar para um grupo de pessoas. Quando o nervosismo toma conta nós esquecemos dos pontos-chave que queríamos ressaltar, enquanto outros divagam pela impossibilidade de calar. Tem pessoas que até explodem de suor! Anos atrás eu peguei um livro que eu acho que foi chamado de o Livro das Listas (Book of Lists) ou algo assim. De qualquer forma, uma das listas foi as “10 coisas que as pessoas mais temem”. A primeira era “falar em público”. Este temor venceu inclusive o medo de morrer que era o número quatro das dez mais. Para muitas pessoas, incluindo eu mesmo, o medo número um é realmente “morrendo na frente de uma plateia!”. É o que eu acho que a lista queria dizer figurativamente. No entanto, se você tem problemas para falar para grupos de pessoas, não morra de fobia. Há muita ajuda por aí afora! É só encontrá-la! LeRoy Ward é vice-presidente executivo da ESI INTERNATIONAL
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Capa Por Léo Martins
Automáticos por natureza Com tecnologia cada vez mais presente nas indústrias, a automação proporciona ao mercado de carne produtividade involuntária e inconsciente
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definição de automático, segundo o dicionário Priberam da Língua Portuguesa, significa “o que é movido e que opera por meios puramente mecânicos”. Dito isso, podemos sentir o efeito dessa definição no nosso dia a dia. Dúvida? Pois preste atenção em você agora. No exato momento em que você lê essa reportagem, você está respirando, certo? O ato de respirarmos é um movimento automático do nosso corpo, assim como a batida do seu coração, o ato de piscar os olhos, etc. São movimentos feitos sem influxo da vontade, ou seja, feitos sem a intervenção da minha e da sua consciência. São ações involuntárias, inconscientes e que fazemos sem perceber. Por isso são considerados atos mecânicos. Já no mundo tecnológico, a automação permite efetuar determinado trabalho sem a intervenção humana. Essa definição permitiu diversos avanços tecnológicos na indústria, avanços esses que foram prontamente absorvidos pelo mercado de carne. A automação industrial é fator importante quando a produtividade é levada como prioridade. Por isso, leia a reportagem e automize sua produção e seu conhecimento. Garanto que você nem vai perceber. Maio 2013
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Automação industrial se tornou parte das empresas de carne
Definição e origem da automação
Coordenador Técnico do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial da Escola e Faculdade SENAI Mariano Ferraz, José Ricardo da Silva define a automação industrial. “É a aplicação de máquinas e mecanismos automáticos com funções inteligentes na execução de processos industriais, com o mínimo de intervenção humana”, define Silva. Ainda de acordo com ele, a automação tem como premissa a máquina fazer exatamente a rotina na qual ela foi destinada. “Ela é indicada para substituir operadores que trabalham em ambientes insalubres, perigosos ou com incidência de lesões por esforço repetitivo”, completa Silva. A automação, assim como outros processos contemporâneos, surgiu a partir de uma carência. Mediante a essa necessidade do homem automatizar seus serviços, Silva comenta que, devido à evolução da humanidade e do sistema capitalista voltado para o consumo, se estabeleceu um modelo de concorrência na disputa por mercados a partir da aplicação de tecnologia. “A ideia era oferecer produtos de alta qualidade a preços populares em escala mundial”, esclarece Silva. Sentindo essa necessidade, a automação surgiu na década de 1960 a partir da aplicação da microeletrônica em sensores e controladores como Controlador Lógico Programável (CLP) permitindo a inclusão de funções automáticas inteligentes, caracteriMaio 2013
zada pela tomada de decisão em nível de máquina. Silva dá um exemplo. “Um sensor mede uma peça que, por sua vez, envia este dado para um CLP. Ele compara com uma medida de referência armazenada na memória do próprio CLP e, por meio de um programa, a máquina decide se a peça está aprovada, reprovada ou deverá seguir para retrabalho”, explica Silva.
“É a aplicação de máquinas e mecanismos automáticos com funções inteligentes na execução de processos industriais, com o mínimo de intervenção humana”, define José Ricardo da Silva, do SENAI Mariano Ferraz. Automatizando benefícios
As empresas que buscam automatizar sua produção, segundo Silva, procuram por algumas vantagens, tais como: - Produtividade, qualidade; - Segurança do trabalho; - Flexibilidade; - Otimização de recursos como espaço; 45
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- Energia e mão de obra; - Volume de produção; - Nível de controle do processo. Devido a esses benefícios buscados, Gerson Luiz Maffi, diretor geral da empresa High Tech, mensura a importância da automação para a rapidez dos serviços prestados. “A grande vantagem da automação é obter uma agilidade maior sobre o processo principal, com uma importante redução da mão de obra envolvida”, afirma. Ainda conforme Maffi é importante salientar o aumento da confiabilidade nos processos. “As máquinas não erram e não esquecem tarefas. Isso é muito importante”, salienta Maffi.
Benefícios da automação industrial:
- Economia de energia com processos otimizados; - Ganho de produtividade com melhor eficiência em linhas de produção; - Melhor padronização na fabricação; - Controle de históricos de falhas, de horas de utilização, etc; - Redução de erros humanos; - Controles de gastos em sistemas elétricos; - Redução de profissionais; - Agendamento de manutenção por horas de utilização em equipamentos. Fonte: Marcio Ederson Antonio, engenheiro elétrico da Zilli Engenharia LTDA
nesses três fatores que a automação auxilia as empresas”, opina Borin. Desta forma, de acordo com ele, pode-se resumir como benefícios da automação industrial, o aumento da produtividade, a redução de custos aliada ao maior controle e padrão da operação, uma vez que automação permite também uma maior uniformidade nos processos.
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Economia automática
Produtividade, segurança e flexibilidade são um dos benefícios da automação industrial
Com uma visão de dentro das empresas frigoríficas de aves, Thiago Borin, coordenador de produtividade do Grupo GTFoods, comenta que existem três fatores que uma empresa frigorífica busca no momento de automatizar suas atividades. “Toda empresa busca maximizar seus resultados pela redução de custos, aumento da produtividade e tomada de decisões acertadas. É exatamente 46
Para Victor Garcia, diretor de Negócios da VPG Consultoria, a automação nas empresas têm seus reflexos sentidos durante todo o trabalho e que, por sua vez, reflete diretamente na economia da empresa. “A economia é sentida durante a aplicação dos sistemas de automação. Essa economia, em cifras finais da empresa, tem uma diferença bem satisfatória”, observa Garcia. Seguindo a mesma linha de discurso, Amauri Coelho, diretor de projetos da High Tech, destaca algumas economias que a empresa pode ter automatizando o seu processo. “Apesar do investimento inicial, há uma economia gerada com a diminuição da mão de obra e com a diminuição quase a zero do processo de retrabalho”, salienta. Outra economia a ser considerada, segundo Márcio Ederson Antônio, engenheiro elétrico da Zilli Engenharia Ltda., é a questão da segurança de manutenção dos profissionais que a efetuam. “Profissionais de manutenção tem seu trabalho facilitado em locais com sistemas de automação instalados, o que se traduz em menos horas extras. As manutenções preventivas também podem ser terceirizadas e que, por consequência, reduz o pessoal efetivo”, aponta Antônio. Maio 2013
“A grande vantagem da automação é obter uma agilidade maior sobre o processo principal, com uma importante redução da mão de obra envolvida”, afirma Gerson Luiz Maffi, diretor geral da empresa High Tech. Principais componentes de uma automação
Equipamentos: silo, esteiras transportadoras, máquinas desossadoras e bombas; Sensores: estão em cada um dos pontos chave do processo; CLP: comanda as funções definidas; IHM’s: permitem o controle e a visualização do processo; Software: comanda e controla o processo produtivo, auxiliando a parte humana da operação. Fonte: Amauri Coelho, diretor de Projetos
Capital inicial
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Como mencionado anteriormente, para que a automação seja aplicada por uma empresa, o custo inicial é considerado alto. Porém, ele pode variar dependendo do caso. “O custo varia de cada projeto. Depende muito do que o cliente quer. Mesmo assim, podemos falar em uma ordem de grandeza que varia de R$ 600.000,00 a R$ 1.200.000,00”, projeta Victor Garcia, da VPG. Concordando com o fato do custo ser variável, Amauri Coelho chama a atenção para o custo dos equipamentos. “O custo de um processo de automação é muito variável. Depende qual o tipo de processo que será automatizado e do foco que a empresa quer dar ao projeto. Normalmente, o custo com os equipamentos e periféricos é bem mais alto do que o software”, diz Coelho.
Vista panorâmica da matriz da Frango Canção. O investimento em automação é alto, mas a produtividade é igualmente eficaz Maio 2013
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Principais elementos da automação
Para que a automação seja completa, dois elementos fundamentais precisam estar presentes: a máquina e o humano. - Elemento máquina: segundo José Ricardo da Silva, da Escola e Faculdade SENAI Mariano Ferraz, a automação tem como base a sinergia de quatro tecnologias: mecâni������� ca, elétrica, eletrônica e tecnologia da informação. - Da mecânica: pode-se destacar os atuadores, que são elementos que atuam no processo realizando os movimentos que o operador faria; - Da elétrica: destacam-se a fonte de energia, os painéis de comando, motores e resistências; - Da eletrônica: sensores e controladores, tais como o Controlador Lógico Programável (CLP), o Controlador Numérico Computadorizado (CNC) e os micro controladores, compõem a parte eletrônica; - Da tecnologia da informação: os softwares supervisórios e linguagens de programação de PLC (norma IEC61131), que monitoram, comandam e controlam sistemas de automação por meio de aquisição de dados e
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Exemplo de um lay out de uma sala completa para geração de Carne Mecanicamente Separada (CMS), com capacidade para 18000 kg/h de matéria prima e que pode ter seu processo totalmente automatizado
protocolos de comunicação industriais que colocam todo o sistema em rede. Complementando as informações fornecidas por Silva, Márcio Ederson Antônio, da Zilli Engenharia, destaca sobre a importância do CLP para a automação industrial. “A automação é constituída basicamente de CLP’s. Eles possuem saídas que atuam como interruptores de uma casa, ligando e desligando ‘lâmpadas’”, explica. “Uma programação é
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necessária para que as cargas, assim como as lâmpadas, sejam ligadas na sequência e momento certo, realizando o trabalho determinado”, completa Antônio. Já Victor Garcia, da VPG, chama a atenção para outro fator. “O principal componente dentro de uma automação é o software. Ele é criado a partir de cada necessidade. Isso o torna muito especifico”, afirma Garcia.
“Profissionais de manutenção tem seu trabalho facilitado em locais com sistemas de automação instalados, o que se traduz em menos horas extras. As manutenções preventivas também podem ser terceirizadas e que, por consequência, reduz o pessoal efetivo”, aponta Márcio Ederson Antônio, engenheiro elétrico da Zilli Engenharia Ltda.
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- Elemento humano Não adianta ter somente a máquina. No caso da automação, a presença da mão de obra humana ainda é importante. Devido a esse motivo, para José Ricardo da Silva, o mercado ainda possui emprego para os mais diversos tipos de áreas. “O mercado hoje forma profissionais como técnicos, tecnólogos e engenheiros em automação industrial”, comenta. “Além destes profissionais, de acordo com o tipo e tamanho do sistema de automação, é preciso uma equipe de manutenção formada por mecânicos, eletricistas, eletrônicos, e especialistas em TI”, complementa Silva. Ainda conforme Silva, outros especialistas dos processos automatizados, tais como químicos, farmacêuticos, alimentícios, manufatura, dentre outros, podem não só se beneficiar do processo, como também fazer parte dele.
Problemas na implantação
Dentre os maiores problemas que podem ocorrer no processo de automação industrial, Thiago Borin, do Grupo
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Apesar da automação, as fábricas carecem do elemento humano para que as mesmas sejam constituídas
GTFoods, destaca aqueles que ocorrem no momento da implantação e manutenção do sistema. “Para o perfeito funcionamento de uma automação é fundamental que o processo de implantação seja executado de forma correta e a manutenção do mesmo seja realizada de forma eficiente”, diz Borin. Para o funcionamento de qualquer automação ou sistema, Borin atenta sobre alguns elementos do processo. “É fundamental que parâmetros de processo, operadores, programas de manutenção, atualização de informações, dentre outros, sejam executados corretamente. Dessa forma, todo e qualquer tipo de problema pode ser evitado”, orienta.
Dificuldades de automatizar a empresa:
- Valor do investimento inicial; - Falta de conhecimento sobre o assunto; - Tempo de amortização do investimento; - Estabelecer a relação demanda/automação; - Complexidade do processo a ser automatizado; - Resistência à mudança.
Fonte: José Ricardo da Silva, coordenador Técnico do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial da Escola e Faculdade SENAI Mariano Ferraz
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Soluções presentes e futuras
Dentre as soluções atuais efetivas dentro do mercado de automação, as que mais podem ser aproveitadas para o setor de carne, conforme Amauri Coelho, da High Tech, são: controladores de nível; controladores de velocidade; controladores de temperatura; posicionadores/atuadores pneumáticos; sensores dos mais variados tipos (indutivos, capacitivos, magnéticos e fotoelétricos); sistemas inteligentes para detecção e rejeição de partículas metálicas no processo. Opinando sobre o mercado de aves, Thiago Borin comenta o que, na opinião dele, a automação industrial poderia ser melhor para que os resultados dentro do segmento de avicultura sejam mais eficazes. “No que tange à avicultura, ainda se faz necessária a melhoria de processos de automação para cortes de maior valor agregado”, comenta. “Os processos atuais ainda têm baixa produtividade com uma perda considerável no processo. Isso, obviamente, acaba sendo negativo para a empresa”, conclui Borin.
Automação x mão de obra: o grande conflito
Um dos grandes questionamentos, a partir do momento que a automação surgiu para a indústria, foi se ela, em algum momento, poderia substituir a mão de Maio 2013
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José Ricardo da Silva, coordenador Técnico do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial da Escola e Faculdade SENAI Mariano Ferraz
obra humana por completo. Será que isso é verdade? “Nós não acreditamos neste paradigma. A automação somente auxilia as empresas a otimizarem a sua mão de obra para funções mais importantes do processo”, argumenta Gerson Luiz Maffi, da High Tech. Partidário da mesma ideia, Márcio Ederson Antônio, da Zilli Engenharia, também acredita que a mão de obra humana nunca será extinta. “O que acontece é uma mudança de setor. Setores de serviços serão mais requisitados em comparação à mão de obra mais pesada”, acrescenta Antônio. “Os cenários brasileiro e mundial mudaram, e as chances de automatizar as plantas ficou mais acessível em função das dificuldades de mão de obra no Brasil e a crise nos países desenvolvedores de tecnologias”, opina Victor Garcia, da VPG.
“O conflito entre automação e o fator humano certamente ocorrerá se o nosso País não tomar as providencias corretas no campo de capacitação profissional de seus cidadãos”, diz José Ricardo da Silva, do SENAI. Maio 2013
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Homem e máquina podem conviver no mesmo espaço de trabalho
No caso da Frangos Canção, pertencente ao Grupo GTFoods, os principais componentes de seu sistema de automação são: Incubatório – Produção de pintainhos: A automação dos processos de classificação, incubação e vacinação dos pintainhos proporciona um grande aumento de produtividade, com o aumento na capacidade de incubação e redução na mão de obra aplicada ao processo. Fábrica de rações: Na produção de rações todo o processo produtivo é automatizado, aonde a matéria-prima entra na linha e sai ao final do processo como ração pronta, dependendo somente da programação e acompanhamento dos operadores dos equipamentos que são todos integrados. Abatedouro de aves: A automação de processos manuais de abate e corte, proporcionaram maior produtividade e redução de custos, com aumento da capacidade de produção, redução da mão de obra nestes processos e realocação dessa mão de obra na produção de produtos com alto valor agregado. Fonte: Thiago Borin, coordenador de Produtividade do Grupo GTFoods
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“A automação está e continuará modificando o perfil e o modelo de mão de obra no mundo do trabalho”. De acordo com os entrevistados, cada vez mais a mão de obra especializada será requisitada. “Some-se ao fato de que a mão de obra a cada dia se torna mais e mais escassa, as empresas precisam encontrar soluções que atendam às suas necessidades. A automação é uma dessas soluções”, comenta Maffi. Para Antônio, os profissionais com conhecimento serão mais requisitados do que os menos preparados. “É uma mudança que acompanhamos com a chegada dos computadores e da facilidade de informação pela Internet. Hoje, não há máquinas de escrever e nem por isso, os escritórios deixaram de existir”, exemplifica Antônio.
Espaço para os qualificados
José Ricardo da Silva, do SENAI Mariano Ferraz, relembra que a automação elimina a necessidade da mão Maio 2013
de obra de baixa qualificação onde ela é aplicada. Por esse motivo, ele destaca a importância que a qualificação profissional tem para esse processo. “O conflito entre automação e o fator humano certamente ocorrerá se o nosso País não tomar as providencias corretas no campo de capacitação profissional de seus cidadãos”, diz. Para finalizar, Silva diz que a automação faz parte do processo de evolução tecnológica e sempre que ela ocorre, torna tanto máquinas e equipamentos, como profissões, obsoletas. “Por esse motivo, o papel da educação profissional é manter o grau de empregabilidade das pessoas independentemente do estágio da tecnologia”, esclarece. “A automação está e continuará modificando o perfil e o modelo de mão de obra no mundo do trabalho”, finaliza Silva.
“A automação abre uma enorme gama de novas oportunidades. Fabricantes de atuadores, sensores, CLP’s, painéis de comando, computadores, sistemas de comunicação entre máquinas e equipamentos, softwares e soluções de engenharia para processos de fabricação, estarão sempre implícitas na automação”. A frase dita pelo sociólogo italiano, Domênico Demasi que diz que “a mecanização da manufatura, libertou o homem da fadiga e a automação, libertará o homem do trabalho” é muito precisa. Ele deixa claro que o mundo, no que diz respeito ao aspecto tecnológico, evolui a cada dia que passa. Independente do que o futuro reserva à humanidade, é importante ter em mente que a tecnologia, em qualquer área que ela venha a ser aplicada, foi concebida para deixar o trabalho do homem mais eficaz. Devido a esse motivo, devemos entender que os dois - homem e máquina - terão de ter a sensibilidade de trabalharem juntos e se convergirem. As máquinas nada mais são do que nossa imagem. São nossas funções motoras inconscientes traduzidas em simples automações. É nesse momento que, uma frase dita por um professor meu no curso de jornalismo, faz todo o sentido. “A máquina é o objeto mais burro do universo, pois ele não faz nada se você não mandar”. O homem ainda é a máquina perfeita, é a máquina a ser batida. E como o processo do ser humano de querer criar máquinas cada vez melhores é automático, a evolução tecnológica não vai parar por aí. E isso é normal porque, afinal, somos todos automáticos por natureza. Maio 2013
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Más notícias vêm a cavalo
por Hudson Silveira
título pode ser até jocoso, pois na antiguidade a forma mais rápida de entregar notícias, geralmente as ruins, era no lombo dos cavalos. Vocês leitores devem imaginar que vem mais história sobre a carne de cavalo; bem na realidade é isto mesmo, mas sobre um outro ângulo. O caso fatídico recentemente ocorrido na Europa com a contaminação de produtos de carne bovina por carne de cavalo veio novamente expor a frágil relação de confiança entre produtores e consumidores, sejam eles finais ou não. Tudo que não deveria estar presente no produto, segundo a relação de ingredientes no rótulo deste é contaminação, e esta é uma palavra de conotação negativa, indesejável em todos os aspectos. Contaminação afugenta os consumidores, principalmente os de alimentos. Nada é mais indesejável para um ser humano que ter a sua comida contaminada, nada o deixa mais inseguro e vulnerável que o sentimento de que a sua necessidade básica de sobrevivência pode matá-lo. Peço desculpas se alguns acharem que estou exagerando, mas a verdade é que o consumidor tem pouco conhecimento sobre os produtos que consome, não sabe de onde veio, como foi preparada, embalada e conservada a sua carne ou outro alimento qualquer. Ele ficará apavorado e vai fugir de tudo que é vermelho, que tem a foto de um animal de quatro patas ou com chifres na embalagem. O ângulo que quero mostrar é o da quebra de confiança entre os elos da cadeia de suprimento e de controle. Confiança não é um produto que o consumidor comprou e, ao chegar em casa para consumi-lo, descobre que está “estragado”, volta ao ponto de venda para devolver o produto e recebe um novo com a confiança perfeita. A relação de confiança entre indivíduos, instituições e marcas é um trabalho 54
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“A relação de confiança entre indivíduos, instituições e marcas é um trabalho que leva anos para ser construído, mas bastam segundos para ser destruído”
que leva anos para ser construído, mas bastam segundos para ser destruído, por vezes de forma irreparável. Falta de confiança derruba governos, faz falir fábricas, encurta dramaticamente o ciclo de vida de produtos, causa o caos financeiro, causa guerras. Muitas das nossas instituições das relações humanas são baseadas em confiança, indispensável para podermos evoluir no mundo. Vou lembrar um exemplo mais antigo que o da recente carne de cavalo. A sociedade japonesa sempre confiou nos seus indivíduos como os primeiros a quem podem confiar, é um traço da cultura do país. É muito difícil vender aos japoneses um alimento pronto para consumo, principalmente os que são feitos à base de carnes. As indústrias japonesas tem um controle de qualidade rigoroso, assim como muitas empresas ocidentais também o têm, mas lá os limites são mais estreitos; detectores de metal identificam partículas menores, o equipamento de raio-X enxerga qualquer anormalidade, enfim, os critérios de análise sobem bastante quando o assunto é qualidade. Mas porque tudo isto? Porque os consumidores japoneses alijam do mercado quem não se compromete com qualidade, pois pagam prêmios para alimentos made in Japan. Pois bem, eu estava em minhas frequentes visitas ao país em 2007, quando alguns dos meus clientes à época, comentaram sobre o grande escândalo da carne bovina no país, perpetrado por uma empresa japonesa. A Meat Hope Co. era uma empresa japonesa baseada em Sapporo, na ilha de Hokkaido, ao norte do Japão. Era uma empresa especializada em carne moída bovina, supria escolas, hospitais, indústrias de alimentos. Minoru Tanaka, presidente da empresa, recebeu até prêmio por Maio 2013
desenvolver uma máquina de moer carne mais eficiente, uma contribuição importante para a tecnologia de processamento de carnes no país. Mas a história mostrou que a Meat Hope não era uma empresa tão de vanguarda assim. Minoru Tanaka, depois de muito relutar, admitiu que misturava miúdos bovinos, carne suína, de coelho e também de cavalo à carne bovina, e é claro, omitindo que seus produtos continham outras proteínas. Assim o fez alegando pressões de mercado para reduzir custos. A fraude lhe rendeu de 10 a 20% de redução nos custos. As investigações das autoridades japonesas foram mais a fundo e, descobriu-se também que a Meat Hope rotulava frango importado do Brasil como frango produzido no Japão, que tinha um valor maior de mercado, e revalidava produtos vencidos. Tanaka Sama (sufixo de tratamento de pessoas importantes em japonês) chamou seus funcionários e dispensou todos, dias após assumir a culpa pelas fraudes, que já acontecia há alguns anos sem que ninguém percebesse. A Meat Hope Co. faliu oficialmente em 3 de Agosto de 2007, vários de seus executivos atuais e antigos, além de Tanaka, foram presos. Assim como o escândalo na Europa, as empresas de processamento japonesas que compravam matéria prima bovina da Meat Hope, também tiveram as suas imagens arranhadas, pois não conseguiram garantir a qualidade premium que o consumidor japonês pagava para ter; os órgãos governamentais japoneses também tiveram a sua credibilidade colocada em jogo. Um dos clientes de Tanaka, a empresa Katokichi Co., maior empresa de comida congelada do Japão, sofreu muito com o problema, tendo que fazer um recall gigantesco de produtos no mercado, além de ter a sua fábrica de Hokkaido parada. O Presidente da Katokichi Co., Tetsuji Kanamori, pediu desculpas em uma conferência de imprensa em Tóquio, disse que fazia negócios com a Meat Hope pois confiava na empresa com base em suas relações comerciais antigas. Neste mesmo ano, outra empresa japonesa, a Hinaidori Co., pequena empresa localizada no noroeste da ilha de Honshu, também foi desmascarada por uma fraude praticada de forma corrente por mais de 10 anos. A fraude consistia em rotular os seus produtos de frango como sendo de origem local quando na realidade não eram. Nestes casos também a cadeia de confiança foi quebrada, o consumidor se afastou da carne, e todos, bons e maus, sofreram perdas econômicas. Em todo o crime existe o criminoso, o meio usado e o motivo. A fraude é um crime com pena prevista na lei de todos os países do mundo. Ninguém age à margem da lei se não houver motivação para isto e também sem ter o 55
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meio para executá-la. Gosto muito da ciência criminal e estudar sobre comportamento humano, e é incrível notar o quanto o aspecto financeiro aparece como grande motivo nos crimes. Sim caro leitor, a fraude na Europa, da Meat Hope no Japão e de outras empresas que não citei aqui, no segmento de alimentos, teve motivação econômica. A carne bovina tem subido de preço na Europa, desde o surgimento da BSE (mal da “vaca louca”), agravado pela redução forçada imposta ao Brasil na sua exportação para o bloco e pela crise financeira. Quando um bem toma o valor muito maior que os seus substitutos, este fica susceptível à fraude, principalmente se ele é de difícil autenticação pelos compradores, como são as carnes. Outros produtos como os vinhos raros, até mesmo quadros de pintores renomados, também por vezes são difíceis de terem a sua origem ou qualidade comprovada. Talvez os leitores não se lembrem, mas também o famoso vinho italiano Brunello de Montalcino, teve seu escândalo com a safra de 2003. Um vinho com a chancela DOCG ou Denominação de Origem Controlada e Garantida, foi adulterado e misturado com vinhos que não aqueles produzidos com as uvas locais da região de Montalcino. Esta fraude envolveu produtores de respeito deste vinho. A motivação econômica no caso da carne bovina vem da pressão do mercado por preços cada vez mais baixos, no intuito de manter os volumes de venda e, em alguns casos, para aumentar a lucratividade de forma ilícita. Como dinheiro não tem cor, credo ou raça, as fraudes podem acontecer não só na indústria, mas em qualquer parte da cadeia, até sua chegada ao consumidor. No ano passado, uma pesquisa nos restaurantes da cidade de Nova York revelou que boa parte do peixe que constava nos menus dos restaurantes não era exatamente o que era servido no prato do cliente. Tilápias eram travestidas de bagres, salmões de fazenda eram anunciados como selvagens, frangos que se diziam orgânicos, muitas vezes não os eram, e por aí vai. Dos 16 restaurantes de sushi pesquisados, todos tinham pelo menos um problema de troca de produto que não correspondia ao cardápio, e especialmente no segmento de pescados e frutos do mar; dos 81 restaurantes e estabelecimentos que vendiam pescados analisados, 39% apresentaram divergência entre o que era informado no cardápio e o que efetivamente era vendido. Muitas vezes fraudes como estas não são deliberadas, elas são oriundas dos distribuidores e repassadas pelo varejo e restaurantes aos consumidores de forma inadvertida. Em entrevista ao jornal The New York Times, a Chef Anne Qua56
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Esta não foi a primeira e façamos votos que seja a última vez que fraudes deste tipo vão acontecer. Apesar desta afirmação ser muito romântica, a vigilância constante e a punição exemplar são mecanismos fortes para dissuadir uma mente má intencionada no futuro. Rastreabilidade, certificação de origem por organismos idôneos e principalmente a educação do consumidor, de como comprar e melhor consumir os produtos, só trarão bem a todo o negócio. Hudson Carvalho Silveira é formado em Engenharia Química Industrial com MBA em Administração pela Fundace-USP. Possui experiência de 16 anos no setor, em empresas como Wal-Mart Brasil, Bertin e JBS-Friboi. Hoje, atua como consultor internacional no segmento de alimentos silveira.hudson@ymail.com
tranno, que abriu o seu restaurante em Atlanta há 20 anos, diz que para evitar esse tipo de ocorrência, procura comprar o seu peixe inteiro como forma de se precaver e manter a confiança de seus clientes em relação ao que é anunciado no cardápio e o que é efetivamente colocado no prato dele. A segurança alimentar foi posta à prova novamente. Como os consumidores despreparados, em termos de conhecimento sobre os produtos cárneos, irão ter certeza que nas prateleiras dos supermercados, casas de carne, açougues, restaurantes e hotéis, a carne que estão consumindo é mesmo aquilo que o rótulo diz ser? Como as empresas vão poder garantir que as suas marcas, que há anos estão no mercado vendendo produtos confiáveis, continuem desfrutando da confiança agora abalada dos seus clientes? Serão necessários novos mecanismos de controle para garantir a segurança da cadeia? Estes controles vão impor um custo maior aos produtos de carne bovina, que já perde consumidores com o preço alto e vão diminuir ainda mais o seu consumo? Em suma, como resgatar a confiança da cadeia de produção e dos consumidores? São perguntas perturbadoras, mas elas devem ser feitas e também respondidas para minimizar o impacto atual e futuro nos negócios de toda a cadeia, produtores, processadores e comercializadores. Maio 2013
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Vitrine Por Flávio Serra
Segurança
começa pelos pés
A
Denilton José da Silva, Diretor Geral da Marluvas
microfibra é aproveitada em todo mundo em produtos como acabamentos de aeronaves, materiais esportivos, móveis, e, ultimamente, também em calçados de segurança, sendo apontada como um substituto para o couro. Especializada em calçados de segurança, que completa 41 anos de existência em 2013 e conta com cerca de 2.200 colaboradores, a Marluvas lançou no ano passado a sua linha de calçados de microfibra, fruto de constantes pesquisas realizadas no Brasil e na Europa, voltados à indústria alimentícia, incluindo frigoríficos. Segundo o departamento de marketing da empresa, localizado em sua matriz, na cidade de Dores de Campos (MG), um par de calçados de microfibra é mais leve e flexível do que um de couro, e, sua estampa lisa, facilita a limpeza e higienização, evitando o acúmulo de resíduos e a proliferação de bactérias, proporcionando maior índice de durabilidade e melhor resistência mecânica. Um dos responsáveis pela utilização dessa nova tecnologia pela Marluvas foi o diretor geral da empresa, Denilton José da Silva. Contador, pós-graduado em engenharia econômica e com MBA em gestão comercial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Denilton ocupou durante 25 anos o cargo de diretor administrativo e financeiro da Marluvas Calçados de Segurança e foi diretor comercial por mais 10 anos, até chegar à posição atual. 58
Todos esses anos assumindo cargos de grande responsabilidade corporativa impulsionaram o executivo a coordenar diversas mudanças de caráter organizacional e administrativo na Marluvas, bem como no campo produtivo, além de promover o crescimento do volume de vendas a partir da criação de vários indicadores. Uma dessas vertentes é a busca por soluções que levem a novos produtos, como foi o caso da microfibra, que gerou a linha de calçados de segurança, lançada pela Marluvas em 2012. Denilton acredita que a microfibra, por sua maior resistência mecânica, impermeabilidade e poder de absorção e dessorção de suor, é ideal para a utilização em frigoríficos. Pois, segundo o gestor, garante segurança aos colaboradores, principalmente num momento em que amplamente se discute a questão da higiene e das técnicas de trabalho praticadas pelos fornecedores e estabelecimentos do setor cárneo brasileiro. Baseada na discussão sobre a importância dos calçados de segurança, passando pelas iniciativas que a Marluvas propõe nesse sentido, como o emprego da microfibra em seus calçados, o diretor geral da empresa, Denilton José da Silva, concede entrevista exclusiva à Revista Nacional da Carne, onde fala, além desses tópicos, da realidade dos frigoríficos brasileiros no quesito de um ambiente propício para o trabalho e da fiscalização governamental no uso dos Equipamentos de Proteção Individual adequados. Há quanto tempo a Marluvas oferece calçados de segurança para a indústria da carne e seus frigoríficos? Dentro do segmento alimentício atuamos há mais de 25 anos com larga experiência no fornecimento para os grandes grupos empresariais. Desenvolvemos produtos específicos para essa área, sempre observando o cumprimento das exigências do SIF (Serviços de Inspeção Federal), visando proporcionar facilidades para a higienização dos calçados. Ao mesmo tempo, buscamos soluções interessantes para os usuários e para as empresas. Que tipo de avaliação a empresa faz para determinar qual tipo de calçado é o mais adequado para os colaboradores de um frigorífico? Nosso departamento de Pesquisa e Inovação busca incessantemente novas tecnologias para melhor atender o usuário, no quesito segurança e conforto, para os mais variados segmentos da economia. No entanto, os segmentos de saúde e alimentício apresentam exigências maiores devido ao controle de outros órgãos. Por isso, identificamos um produto que atende perfeitamente as questões de higienização e trouxemos para o Brasil, diretamente da Europa, a M Micro, de onde surgiu a microfibra da Marluvas. Maio 2013
Como é a competição com as outras empresas do segmento que oferecem o calçado de microfibra? Qual o diferencial da Marluvas nesse sentido? Temos a experiência e tradição no lançamento de novas tecnologias no mercado brasileiro. Isso nos credencia em dizer que temos um produto com maior resistência mecânica, conforto, e, acima de tudo, uma assistência técnica que contribui para que o investimento seja feito de forma correta. Na sua opinião, qual a real condição dos frigoríficos brasileiros na questão da segurança no trabalho? No geral, há uma devida preocupação com a utilização de itens de segurança adequados, como os calçados? Há alguma fiscalização específica para o uso do EPI (Equipamento de Proteção Individual)? Nos últimos dez anos a conscientização do empresa-
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Divulgação
Quais os benefícios que um calçado de microfibra proporciona para os funcionários de um frigorífico? Quais as vantagens em relação ao couro? A M Micro é a tecnologia em microfibra de alta performance que substitui o couro. Tratando-se de um tecido de fibra curta, resistente à penetração de água e produtos químicos, com poder de absorção e dessorção do suor. Fácil de lavar, pois a estampa é lisa e impossibilita o acúmulo de resíduos, o que facilita a higienização e evita a proliferação de bactérias. Os calçados produzidos com a M Micro testados em campo, comprovam alto índice de resistência à abrasão e mecânica. Além disso, são cerca de 10% mais leves em relação aos calçados de couro e proporcionam mais conforto, contribuindo para o desempenho do colaborador.
Bota de Microfibra da Marluvas - 70C32 PET PDG
riado do setor é, sem dúvidas, em oferecer uma segurança cada vez maior a seus colaboradores. Pensando que um colaborador que se sente seguro produz mais e melhor, por consequência a empresa obtém o retorno esperado. E cabe a nós, fabricantes, estarmos sempre oferecendo soluções e novas tecnologias que atendam as necessidades de cada mercado. Existem órgãos específicos que fazem a fiscalização, porém, há uma deficiência devido à falta de mão de obra. A Marluvas planeja algum novo lançamento ou investimento para 2013? Nosso departamento de Pesquisa e Inovação trabalha arduamente na busca de novas tecnologias para atender as necessidades do mercado. Lançamos este ano o calçado em M Micro para o segmento da saúde, o Pró-Saúde, com o propósito de atender corretamente a NR (Norma Regulamentadora) 32, resolvendo de vez a ausência de um produto para este segmento. E nosso trabalho não para por aí. Estaremos sempre em busca de inovações eficientes para a proteção do trabalhador.
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Crônica
A logística e as feiras
O
s problemas brasileiros com logística, transportes e infraestrutura ocupam espaço na mídia e mostram que não basta conquistar a sede de uma Copa do Mundo ou de uma Olimpíada, fazer promessas e lançar propaganda: é preciso organizar e executar tarefas concretas. As últimas notícias sobre as obras e os preços dos estádios não são nada animadoras. Quanto ao entorno, pior ainda. Por onde anda aquele trem bala Rio-São Paulo prometido para a Copa de 2014? O Brasil, ao ser grande exportador de soja, café e carne, pode reforçar o PIB e a balança comercial, mas de que vale produzir se a mercadoria acaba encravando em rodovias ultrapassadas e em portos caóticos? O recente caso do enorme congestionamento de caminhões da Rodovia Cônego Domenico Rangoni, a Piaçaguera-Guarujá, para descarregar soja no porto de Santos, destaque em jornais e na TV, é apenas mais um exemplo da inércia, da falta de ação, algo que o marketing não consegue esconder. Por causa do gargalo no maior porto da América Latina, inúmeros navios ficaram parados na Baía de Santos. Prejuízo para transportadoras no mar e na terra; prejuízo para produtores rurais; prejuízo para o Brasil, que viu a China cancelar uma parte da compra de soja, alegando atraso. Com o setor da carne, ocorre algo parecido. E ainda tem gente se manifestando contra a privatização de rodovias, portos e aeroportos... A saída está, de fato, na iniciativa privada, que suporta a enorme carga tributária e os entraves governamentais deste e daquele partido político, conseguindo preservar a produção e os empregos. E as grandes feiras de negócios são excelentes oportunidades não só para exibir produtos, como também para aproximar empresários e executivos na discussão de problemas em comum e na busca de soluções. Enquanto São Paulo não leva adiante o sonho de construir um novo e amplo complexo de pavilhões para feiras e exposições, em gigantesca área do bairro de Pirituba, junto à Marginal do Tietê e às Rodovias Bandeirantes, Anhanguera e Castelo Branco, obra em princípio prevista para o caso de a cidade conquistar a sede da Exposição Mundial de 2020, cabe utilizar três recintos que atendem, pelo menos em parte, as atuais necessidades: o Parque 60
Luiz Carlos Ramos
de Exposições Anhembi, o Expo Center Norte e o Centro de Exposições Imigrantes. Nesses locais é que estarão concentradas, nos próximos meses, as atenções da cadeia produtiva da carne. Lá, serão realizadas três importantes feiras, todas sob a organização e promoção da BTS, com apoio da Revista Nacional da Carne. De 25 a 28 de junho, haverá a SIAL Brazil, no Expo Center Norte, simultaneamente com a Fispal Tecnologia, que naqueles mesmos três dias atrairá milhares de visitantes ao Pavilhão de Exposições do Anhembi. Já a Tecnocarne, para a qual a BTS continua recebendo adesões de empresas interessadas em estandes, será de 13 a 15 de agosto, no Centro de Exposições Imigrantes, de fácil acesso pelas Avenidas Ricardo Jafet e Bandeirantes e pela Rodovia dos Imigrantes. São Paulo, conhecida como uma cidade vibrante, tem mesmo trânsito caótico. No entanto, há como sobreviver nessa metrópole em época de grandes feiras. Para os paulistanos e para quem vem de fora, vale a pena saber que uma linha de metrô, a Verde, chega bem perto do Centro de Exposições Imigrantes: é só descer na estação Santos-Imigrantes e pegar um táxi. Adeus, congestionamentos. O mesmo vale para quem vai ao Anhembi e ao Expo Center Norte: basta usar a linha Azul e descer na estação Tietê, onde há transporte direto para as feiras. Ah... É verdade: há um problema – esse metrô, que fará 39 anos em setembro, tem crescido, mas anda superlotado em determinados horários, como das 7h às 9h e das 17h às 19h. Esse problema pode ser resolvido por meio de um manual de sobrevivência, que ensina: recorra ao metrô só em horários mais humanos. No país do improviso, não existem barreiras intransponíveis para quem tem garra e... criatividade.
Luiz Carlos Ramos é jornalista e professor de jornalismo, com 48 anos de experiência na área. Fez coberturas jornalísticas sobre carne em Paris e em dez Estados do Brasil. É colaborador da Revista Nacional da Carne lcr25@terra.com.br Maio 2013
Caderno
Técnico Tecnocarne Expresso.................. WSPA.................................................. Segurança dos Alimentos..........
62 66 76
ANO XIII Nº 118
TecnoCarnes Expresso sxc.hu
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Efeito de ingredientes e exposição ao oxigênio no escurecimento prematuro em carne bovina cozida
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s consumidores estão se deparando com o desafio de avaliar a carne bovina cozida quanto ao grau de cozimento. O escurecimento prematuro (PMB) é uma condição em que a carne parece totalmente cozida, mesmo não tendo atingido uma temperatura interna segura, o que pode levar a uma possível sobrevivência de bactéria patogênica. A mioglobina (pigmento do músculo) da carne com PMB é marrom/cinza e desnatura-se em temperaturas aproximadas a 60°C, enquanto normalmente isto deveria ocorrer a 70-75°C. A carne bovina, moída ou injetada, está mais sujeita a risco microbiológico que a carne intacta. As autoridades americanas de controle de alimentos estabeleceram tolerância zero para Escherichia coli sorogrupo O157 em carne bovina moída, e seis outros patogênicos têm sido sugeridos para fazer parte deste regulamento. Além disso, o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) recomenda que a carne bovina moída deve ser cozida a 160°F ou 71°C por 1 s, ou 155°F ou 68°C por 15 s, para evitar doença de origem alimentar. Um estudo recente de comportamento de consumidor demonstrou que em um grupo teste de 200 pessoas, 70% do grupo cozinharam hambúrgueres à temperatura inferior à recomendada. Além disso, somente 4% do grupo usaram um termômetro alimentar para verificar o grau de cozimento de seus hambúrgueres, e o conhecimento de procedimentos seguros de cozimento era muito limitado. A extensão de PMB depende da forma do pigmento mioglobina do músculo antes do cozimento. O pigmento existe em quatro formas: oximioglobina (OMb), deoximioglobina (DMb), metamioglobina (MMb) e carboximioglobina (COMb). A mioglobina pode ser encontrada como OMb de coloração vermelho brilhante após exposição ao oxigênio (O2) ou ar, ou como MMb de coloração marron/cinza após oxidação por exposição a 62
O2 residual baixo ou longo período de estocagem. Em hambúrgueres, a OMb transformada em cinza, como a OMb e a MMb desnaturadas a 55-60°C, são características típicas da PMB. O mesmo padrão de PMB com OMb foi obtido em bifes de contra filé bovino e bifes bovinos injetados (enhanced), respectivamente. A carne bovina inteira ou moída embalada a vácuo cria a DMb púrpura, enquanto que na embalagem com atmosfera modificada contendo aproximadamente 0,4% de monóxido de carbono obtém-se COMb vermelho cereja. Tanto a DMb como COMb preveniram PMB resultando na desnaturação e escurecimento da mioglobina na faixa de temperatura de 70-80°C. Aumentando-se o pH da carne bovina crua reduz-se a incidência de PMB aumentando a temperatura de desnaturação da mioglobina, em particular na faixa de 55-70°C. A formação de DMb na carne crua, que favorece a ausência ou reduz o PMB, pode ser facilitada pela adição de agentes redutores e outros ingredientes alimentares. Vários ingredientes têm sido avaliados pela sua habilidade em estabilizar a cor da carne bovina crua, apesar de se conhecer pouco sobre a função destes ingredientes na cor da carne cozida. Os agentes redutores eritorbato de sódio, ascorbato de sódio, ácido ascórbico e palmitato de ascorbila foram adicionados à carne bovina moída. Todos esses agentes, em particular os dois primeiros, foram efetivos em reduzir o PMB. Lactato é um agente antimicrobiano que é frequentemente usado em marinados para injeção de carne bovina. A injeção (enhancement) de bifes bovinos com 2,5% de lactato resultou em coloração cozida mais escura, e contribuiu para menos PMB em carne armazenada sob alta concentração de O2. O alecrim, um antioxidante comumente utilizado para carne bovina fresca embalada e armazenada em ar ou atmosferas com alto teor de O2, é efetivo para aumentar a Maio 2013
sxc.hu
estabilidade de cor de carne crua. O sal (NaCl) pode ser usado em baixos teores em soluções de injeção, mas atua como prooxidante. O NaCl em concentrações de 1, 2 e 3% aumentou a desnaturação da mioglobina e consequentemente do PMB em músculos bovinos. No mesmo estudo, o tripolifosfato, outro ingrediente comumente usado para carne bovina injetada, também resultou em maior desnaturação da mioglobina per se. Entretanto, um aumento de pH pela adição de tripolifosfatos pode, em contrapartida, agir mais cedo na desnaturação do pigmento. O suco de lingonberry escandinavo tem uma cor escarlate e um sabor amargo adocicado. Lingonberry é rico em antocianidinas, flavonóis, ácidos cítricos e benzóico, assim como glicose e sacarose. Estes açúcares podem atuar como agentes redutores. O suco de lingonberry tem sido avaliado para muitos tipos de alimentos, mas não foi avaliado até então para produtos cárneos. No trabalho de Sorheim e Hoy (2013), o extrato de alecrim, ácido ascórbico, lactato de sódio, polifosfato ou suco de lingonberry foram adicionados à carne bovina recém-moída com predominância de oximioglobina, e hambúrgueres foram cozidos a 62°C. Em geral, os ingredientes testados não reduziram a extensão do PMB em hambúrgueres, mas o polifosfato
apresentou a tendência em reduzir o PMB devido ao aumento do pH. Os hambúrgueres controles, produzidos de carne embalada a vácuo com deoximioglobina, foram cozidos a 62, 69 e 75°C, e não apresentaram o PMB. Contrafilés bovinos foram injetados com uma solução de lactato de sódio, polifosfato e cloreto de sódio. Os contrafilés foram estocados sob atmosfera de 75% O2/25% CO2 por cinco dias e também cozidos a 62°C. Os bifes injetados apresentaram menos PMB que os controles não injetados, mas em uma intensidade que aparentemente não influencia a percepção do ponto de cozimento. O estudo demonstrou que embalagem anaeróbica é a medida mais eficiente para evitar o PMB em carne bovina. Tradução e adaptação: YAMADA, E.A. Bibliografia: SORHEIM, O.; HOY, M. Effects of food ingredients and oxygen exposure on premature browning in cooked beef. Meat Science, v. 93, p. 105-110, 2013. Maio 2013
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Charli Ludtke; Patrícia Barbalho; José Rodolfo Ciocca; Tatiane Dandin; Juliana Vilela; Carla Ferrarini WSPA- Sociedade Mundial de Proteção Animal- Rio de Janeiro- Tel.: (21) 3820-8200- Email: charli@wspabr.org
WSPA- Programa Steps
Área de descanso
Ambiente da área de descanso que favorece o bem-estar animal
A série “Manejo pré-abate de bovinos”, com o artigo “Área de descanso”, chega ao seu quarto episódio, colocando em foco o bem-estar animal
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entre as etapas do manejo pré-abate, uma das mais estressantes é o transporte. Mesmo as melhores condições utilizadas nessa etapa não poderão manter os bovinos livres de estresse, por ser uma experiência desconhecida, onde estão expostos a ruídos, trepidação, mudanças de ambiente, além do esforço de se manterem em pé durante a viagem e serem conduzidos por desníveis ao entrarem e saírem do veículo. Há ainda, outros fatores no transporte que influem diretamente no bem-estar dos animais, como o ambiente social, que envolve a mistura de lotes e a densidade, e o ambiente físico, que está associado à distância percorrida e às condições das rodovias e dos veículos. Maio 2013
Período de jejum e descanso
O tempo de jejum é compreendido entre a última alimentação na propriedade até o momento do abate (sangria), tendo como objetivo reduzir o conteúdo gástrico para facilitar a evisceração e minimizar a contaminação da carcaça. Durante esse período é essencial que os bovinos tenham livre acesso à água e a descanso. O jejum antes do transporte não é necessário para os bovinos, devendo ser realizado a partir do embarque, diferente de outras espécies como aves e suínos. A retirada da alimentação na propriedade pode afetar o bem-estar dos animais devido à fome e ao estresse metabólico, podendo comprometer o rendimento de carcaça. Além disso, um tempo de jejum prolongado nos ruminantes pode ocasionar maior proliferação bacteriana no trato gastrointestinal, devido ao estresse metabólico que pode levar ao aumento do risco de contaminações na carcaça e ao comprometimento da segurança alimentar. Período de jejum e tempo de descanso prolongado estão associados à perda de peso, pH final elevado da carcaça e aumento da força de cisalhamento (dureza da carne). Essas não são as únicas consequências negativas relacionadas, uma vez que não há efeito benéfico para os animais conforme esse período é estendido. Maio 2013
As principais implicações negativas do longo período de jejum e descanso são: aumento de lesões provocadas por brigas; aparecimento de carnes DFD (escura, firme e seca); e aumento da contaminação bacteriana nos currais da área de descanso. Quando o jejum é realizado de maneira correta, tem-se um impacto positivo no bem-estar e na qualidade da carne. De acordo com o pesquisador Neville Gregory (2007), o tempo de jejum total deve estar compreendido entre doze e dezesseis horas. Longos períodos de jejum podem gerar estresse crônico ocasionado pela fome, além de comprometer o rendimento da carcaça. Para definir o tempo total de jejum, recomenda-se levar em consideração a soma do tempo de jejum desde a propriedade, no transporte e no frigorífico. Para frigoríficos registrados no serviço de inspeção federal (DIPOA/MAPA) que não atendem à exportação à União Europeia (UE) e que seguem somente a Instrução Normativa n° 3 (Regulamento técnico de métodos de insensibilização para o abate humanitário de animais de açougue), o jejum não deve exceder 24 horas após a chegada dos animais ao frigorífico. De acordo com o artigo 110 do RIISPOA (Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), admite-se a redução do tempo de permanência dos animais no frigorífico quando o tempo de viagem não ultrapassar duas horas, desde que os animais estejam sob controle sanitário permanente e que permaneçam no mínimo seis horas no frigorífico. Animais que excederem o tempo de permanência nos currais do frigorífico devem ser alimentados, conforme exigências específicas. WSPA- Programa Steps
Para que os animais sejam abatidos com o menor nível de estresse é necessário oferecer dentro do frigorífico um ambiente de descanso que proporcione recuperação do estresse físico e psicológico ocasionado pela viagem. O período de permanência na área de descanso, além de permitir a recuperação dos animais, também tem como finalidade completar o tempo de jejum e realizar a inspeção ante mortem, assim como agrupar um número suficiente de bovinos para suprir a velocidade da linha de abate. A área de descanso deve oferecer um ambiente calmo e tranquilo e um manejo adequado, de forma a minimizar condições de estresse. O tempo de permanência dos bovinos na área de descanso foi estimado considerando principalmente as necessidades operacionais, sanidade e higiene alimentar. Entretanto, longo tempo de descanso pode influenciar negativamente o bem-estar animal e a qualidade da carne.
Alimento nos currais minimiza o estresse crônico proporcionado pela fome
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WSPA- Programa Steps
Feno disponibilizado aos bovinos nos currais do frigorífico após 24 horas de jejum
Para frigoríficos exportadores que atendem ao Regulamento da EC 1099, o tempo de permanência máximo dos bovinos nos currais do frigorífico deve ser de doze horas, e caso não sejam abatidos devem receber alimento. Para frigoríficos brasileiros que não atendem à exportação (UE) e devem atender à Instrução Normativa n° 3, preconiza-se alimentar os animais mantidos após 24 horas nos currais do frigorífico. O alimento deve ser fornecido em quantidades moderadas, a intervalos adequados e deve estar acessível a todos os animais. Antes de serem abatidos, os bovinos devem ser submetidos a um novo jejum. A dieta hídrica (fornecimento de água) é fundamental para recuperar os animais da desidratação causada pelo transporte. Esse procedimento também diminui o estresse térmico pelo calor e auxilia na eliminação do conteúdo gastrointestinal, evitando rompimento de vísceras e minimizando a contaminação da carcaça. 68
A água deve estar disponível para todos os bovinos durante todo o período de descanso. Os bebedouros devem permitir que, no mínimo, 20% dos bovinos de cada curral bebam simultaneamente. Para isso, é importante o fornecimento de água potável e em quantidade suficiente para o tamanho do lote, devido ao fato de os bovinos não terem acesso à água, desde o início do procedimento de embarque na fazenda. Quando os bovinos estão em jejum, aumentam a ingestão de água para compensar a privação de alimento. Além disso, a densidade de animais no curral, a qualidade da água, a quantidade de bebedouros e a forma como ela é oferecida também afetam o consumo. É necessário que todos os colaboradores que trabalhem na área de descanso estejam capacitados para reconhecer animais com sinais de desidratação. As principais características que sinalizam a desidratação são as mucosas secas e pálidas, assim como a procura desses animais por água, lambendo superfícies úmidas. Maio 2013
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imagens: WSPA- Programa Steps
Por isso, a equipe responsável por essa área deve estar atenta à disponibilidade de água. Podem haver animais com risco de desidratação, e se esses encontrarem dificuldade de acesso aos bebedouros, terão seu bem-estar comprometido. Esses fatores também são agravantes para a perda de peso vivo e da carcaça.
Densidade dos currais de descanso
Bebedouros devem disponibilizar água potável
Devido ao tempo de permanência nessa área, os animais necessitam de espaço suficiente para expressar comportamentos básicos como levantar, deitar, virar e andar, além de terem condições para realizar a termorregulação. Outra questão relacionada ao espaço é a necessidade de evitar ameaças de outros animais. Um bovino com sede, alojado em um curral com alta densidade, talvez não consiga chegar até o bebedouro, se encontrar outros animais dominantes sobre ele em seu percurso. Em situações de maior espaço esse animal poderá se distanciar e chegar até o recurso. Para recuperação dos bovinos, é importante que haja espaço para deitar. E quanto maior for o tempo de descanso, mais os bovinos tendem a se deitar, espe-
Fácil acesso ao bebedouro no curral minimiza a desidratação
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WSPA- Programa Steps
Densidade adequada nos currais de descanso
cialmente durante a noite, quando existe menor atividade na área dos currais. O espaço mínimo recomendado por animal é de 2,5 m², de acordo com as normas de Padronização de técnicas, instalações e equipamentos para o abate de bovinos (BRASIL, 1971).
Recomendação de densidade por área
A densidade também pode ser calculada de acordo com a faixa de peso e a área (mínima e máxima) ocupada pelos bovinos. Há, ainda, recomendações que consideram, para a densidade no transporte, espaço diferenciado para animais com e sem chifres.
Densidade no transporte de acordo com a variação de peso em relação à área ocupada (m2/animal) Categoria
Peso Vivo (Kg)
Mínimo
Máximo
0,16
0,23
50
0,21
0,28
70
0,26
0,33
90
0,3
0,4
100
0,36
0,46
150
0,5
0,6
200
0,62
0,73
300
0,86
0,96
400
1,06
1,16
500
1,27
1,59
>600
1,5
-
30 Bezerro
Novilho
Animais Adultos
Espaço em m2/animal
Fonte: Pocket Guide for Stock Truck Drivers. Ministry of Agriculture and Forestry, New Zealand, citado por Paranhos da Costa et al.(2008).
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ou perder calor. Nessas situações, ocorrem mudanças fisiológicas e também podem haver mudanças comportamentais com as quais o animal busca maximizar a eficiência de troca de calor. A troca de calor só é eficiente quando o ambiente está dentro dos limites de termoneutralidade. Há diferenças para as zonas de conforto térmico entre animais de origem indiana (Bos taurus indicus), de origem europeia (Bos taurus taurus) e mestiços. Embora não haja definições precisas sobre esses valores (ZCT), os dados da literatura citam para bovinos de origem indiana entre 10ºC e 27ºC, europeia 0ºC e 16ºC e mestiços 5ºC e 31ºC. Nas regiões brasileiras, há uma ampla variação climática (temperatura e umidade relativa), apresentando no Sul, em determinadas épocas do ano, registros de baixa temperatura, expondo os animais ao estresse pelo frio. No entanto, é mais comum os bovinos sofrerem estresse por calor, já que na maior parte do território brasileiro estão expostos a ambientes com temperatura elevada.
Sombra e nebulização
Durante o período de descanso no frigorífico deve-se prover recursos que favoreçam a recuperação dos bovinos. A utilização de cobertura parcial dos currais com sombrites favorece essa recuperação, por reduzir a radiação solar e proporcionar melhor sensação térmica. Além disso, é importante que haja boa circulação de ar no ambiente, e o plantio de árvores ao redor dessa área contribui para amenizar a temperatura.
Sombra nos currais de espera melhora a sensação térmica e favorece a recuperação dos animais
Os bovinos são homeotérmicos e mantêm a temperatura corporal dentro de certos limites (37,8°C a 39,2°C). Desde que estejam em boas condições de saúde, conseguem lidar com uma ampla faixa de temperatura. A regulação da temperatura corporal é realizada por diversos mecanismos, sendo a maioria acionada por meio de centros termorreguladores, localizados no hipotálamo, termorreceptores da pele e dos tecidos mais profundos. Quando há alteração da temperatura corporal do bovino, detectado pelo centro térmico do hipotálamo, são desencadeados alguns procedimentos para manter a temperatura corporal normal. Quando o bovino se encontra na zona de conforto térmico (ZCT), que corresponde à faixa de temperatura ótima, a temperatura corporal se mantém constante com o mínimo esforço dos mecanismos termorregulatórios. Quando a temperatura do ambiente diminui ou aumenta, os bovinos podem sair da zona de conforto térmico e, com isso, o organismo aciona mecanismos para produzir 72
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Conforto térmico
Nebulização correta produz pequenas gotículas d’água – melhora a sensação térmica e os animais não refugam Maio 2013
Outra forma de propiciar conforto térmico é a nebulização nos currais. Esse sistema tem como objetivo reduzir a temperatura e melhorar a sensação térmica. Para a nebulização ser eficiente é fundamental que proporcione a saturação do ar com umidade (formação de pequenas gotículas). Para isso, deve haver manutenção constante dos bicos dos nebulizadores e a regulação da vazão de água. Quando os bicos dos nebulizadores encontram-se entupidos ou a canalização não possui pressão suficiente, ocorre a formação de jatos d’água e a água cai sobre os bovinos tornando-os mais ativos durante o descanso. Dessa maneira, é comum visualizar bovinos refugarem o local. Deve-se sempre observar o comportamento dos bovinos e a temperatura ambiente antes de acionar os nebulizadores. Não é recomendado utilizar a nebulização de forma contínua, especialmente à noite, já que a temperatura do ambiente cai e o uso contínuo desse recurso pode aumentar a atividade dos animais, prejudicando o descanso.
Separação de animais
Os bovinos que chegam ao frigorífico sem apresentar adequada condição fisiológica devem ser separados em currais de observação. O objetivo dessa separação é proporcionar uma melhor inspeção ante mortem pelo médico veterinário responsável pela fiscalização e, com isso, evitar sofrimento desnecessário aos bovinos, disseminação de doenças, contaminação da linha de abate, entre outros. Esses locais devem oferecer um ambiente ainda mais favorável à recuperação dos animais, além de maior controle e monitoramento da inspeção.
Curral de observação adequado para animais que não apresentem condições fisiológicas normais
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É recomendado separar ou priorizar o abate de bovinos que apresentem comportamento excessivo de monta, já que isso pode ocasionar agitação, cansaço, exaustão e contusões. Também se recomenda separar animais com chifres e machos não castrados que possam promover maior agitação e brigas no grupo. A presença de animais com chifres aumenta o número de lesões nas carcaças. Esse fator pode ser agravado em caso de mistura de lotes. É importante lembrar que o isolamento de um bovino de seu grupo é extremamente estressante, podendo levar ao pânico. Por isso, sempre que possível mantenha-o com outros animais do lote ou em contato visual com outros bovinos.
Mistura de lotes
De acordo com o Regulamento técnico de métodos de insensibilização para o abate humanitário de animais de açougue (BRASIL, 2000), não deve haver mistura de lotes de animais de diferentes origens. Esse procedimento promove brigas, o que pode aumentar a incidência de defeitos de qualidade da carcaça, como o aparecimento de lesões, hematomas, contusões e carne DFD. Características como
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sexo, categoria, chifres, reatividade, genótipo, entre outros, também podem influenciar na incidência de brigas.
Considerações finais
- Para favorecer a recuperação dos bovinos, o tempo de descanso no frigorífico deve causar o mínimo de estresse; - O ambiente dos currais deve ser calmo e tranquilo; - É imprescindível o fornecimento de água potável e acessível a todos os animais, durante todo o período de descanso; - Os currais devem oferecer espaço suficiente para que todos os animais possam deitar ao mesmo tempo, deslocar-se e ter acesso à água; - Evitar a mistura de lotes diminui brigas, favorece o bem-estar dos animais e minimiza as perdas de qualidade da carcaça; - Tempo de jejum e descanso prolongados interferem negativamente no bem-estar animal e no rendimento da carcaça; - A área de descanso deve disponibilizar sombra, boa ventilação e sistema de nebulização adequado para evitar estresse térmico.
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Sustentabilidade sxc.hu
e a sociedade
S
ustentabilidade é sem dúvida uma das maiores preocupações do mundo moderno, independente de governos ou regimes políticos. A verdade é que até agora poucos países preocuparam-se com um desenvolvimento harmônico entre os interesses do capital e a sobrevivência humana. Apesar de ser atualmente o tema da moda, pois representa o politicamente correto, na maioria das vezes governos e empresas tem dificuldades em adotar condutas que sejam efetivamente direcionadas aos objetivos de uma sociedade verdadeiramente sustentável. Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações, ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico 76
e material, porém sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. A adoção de ações de sustentabilidade poderá garantir a médio e longo prazo um planeta mais saudável para o desenvolvimento das diversas formas de vida, inclusive a humana. Entretanto não basta conhecer o tema, pois o mais importante é a aplicação dos conceitos técnicos que podem resultar nas melhores condições para o crescimento do país, preservando recursos naturais com geração de renda e a possibilidade de uma vida melhor para todos. A produção de carne tem sido alvo de intensos questionamentos tanto no Brasil como no exterior, afinal é um alimento muito requisitado e com aceitação mundial, sendo um produto de bom valor agregado. Maio 2013
WSPA- Programa Steps
Produção bovina com foco no bem-estar animal
A carne bovina e sua cadeia produtiva vêm sendo criticada por consumir água em excesso, precisar de muito alimento para retorno em carne, ocupar muito espaço e até pela liberação de gazes de efeito estufa pela fermentação digestiva dos animais. Mas esta importante atividade do agronegócio também é censurada por manter animais em regime de confinamento e assim prejudicar o denominado “bem estar animal” (assunto que foi tratado em edição anterior propondo a substituição por boas práticas de manejo animal, por se tratar de terminologia apropriada ao trato com animais). É possível supor que se respeitadas estas teorias, a ideia seja acabar com a espécie bovina no planeta, uma vez que a criação destes animais só se tornou viável graças à utilidade que tiveram desde a antiguidade, servindo como força de trabalho no campo, como transporte de mercadorias e pessoas, e também como fonte de proteína na alimentação humana. Aliás, por ser um alimento saudável e nutritivo, vem sendo feito durante anos, um grande investimento no melhoramento genético de várias raças, tornando-as excelentes produtoras de carne com os requisitos exigidos pelo mercado consumidor. Na cadeia produtiva dos suínos os problemas não são diferentes. Apesar do grande avanço tecnológico das raças para corte, produzindo cada vez mais carne em proporção à quantidade de alimento consumido, e em menor tempo, certos grupos de pessoas fazem restrições à forma como são criados, alimentados e consumidos. Fundamentalismo religioso, falta de convívio com a produção animal, excesso de sensibilidade pessoal, intolerância alimentar e outros fatores, acabam interferindo nas cadeias produtivas sem propostas claras e objetivas com relação à sustentabilidade do planeta e seus habitantes. Sustentabilidade não é conviver em equilíbrio? E o ser humano na sua evolução não buscou isto? Por acaso a diversidade alimentar que foi desenvolvida não significa sustentabilidade na sobrevivência da espécie? Quais serão os impactos no futuro, se as novas gerações adoMaio 2013
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tarem critérios radicais como a alimentação vegetariana ou vegana, para as espécies animais, hoje consideradas como fonte de alimentos? Estes animais serão criados como cães e gatos, como animais de companhia ou serão discriminados e acabarão em pequenas reservas de preservação? Se a crítica fosse na direção correta, o ideal seria que o Brasil procurasse melhorar a produtividade do rebanho bovino, para obter mais carne com menos espaço, comida e consumo de água, melhorando a sua competitividade no mercado internacional, visando atender os reais padrões de sustentabilidade. Se assim for, o país poderá deixar de ser assunto nos principais fóruns de discussão sobre questões ambientais e de sustentabilidade, fato que atualmente vem servindo para desviar problemas graves de poluição e desrespeito ao meio ambiente de economias poderosas. A tendência parece indicar que novas campanhas serão desencadeadas, seja por grupos de ativistas ou mesmo por alguma parcela da comunidade acadêmica, carente de assuntos que possam levá-la a ter acesso aos canais da mídia. E esta situação é fácil de entender, basta consultar os dados dos abates no país em 2012 divulgados pelo IBGE, para perceber a potência que o Brasil é na produção de carnes. Foram abatidos mais de 35 milhões de bovinos, 36 milhões de suínos e 5 bilhões de frangos, fato que por si só justifica o olhar do mundo para cá. Estes números seriam ainda mais recheados se incluídos os animais abatidos clandestinamente. No caso dos bovinos, como as peles de um modo geral, mesmo nos abates sem inspeção, são vendidas para os curtumes, é possível constatar que no abate oficial foram computadas 31.1 milhões de cabeças, mas os curtumes registraram 35.2 milhões de peles comercializadas, o que demonstra que a diferença entre o oficial e o irregular é bastante significativa. Deve-se ressaltar que no caso dos animais de menor porte a situação se agrava ainda mais, com abates sendo feito em qualquer local, até em quintais de residências. O convívio da produção tecnológica, lado a lado, com a improvisada, sem os preceitos mínimos de organização e atenção aos animais, desde a produção primária até a transformação em alimento, vem sendo um grave complicador das pretensões brasileiras em ser o celeiro do mundo. Não existe sustentabilidade no improviso, na desordem, na falta de atendimento à legislação, na omissão do poder público, que tolera abatedouros municipais imundos, sem controle higiênico sanitário, e o pior, mantidos com recursos dos municípios. Ainda existem muitas avícolas funcionando dentro 78
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Segurança dos Alimentos
“Não existe sustentabilidade no improviso, na desordem, na falta de atendimento à legislação”
das cidades, abatendo aves na hora, na frente do consumidor, na forma mais primitiva possível, a partir do aproveitamento de aves de criatórios que seguem a mesma linha da precariedade. A sociedade como um todo deveria ser mais respeitada e informada sobre questões como estas que podem afetar a qualidade de vida das pessoas; não é possível pensar em sustentabilidade sem obediência estrita às normas de segurança dos alimentos, que é uma das maneiras eficientes de reduzir gastos com a saúde pública e demonstrar o interesse da comunidade na preservação do meio ambiente.
Ricardo Moreira Calil é médico-veterinário sanitarista, professor doutor e fiscal federal agropecuário do Mapa | ricardomcalil@hotmail.com
ERRATA: Nas edições 433 (março) e 434 (abril), os textos
em Segurança dos Alimentos também são de autoria de Ricardo Moreira Calil, tendo faltado o devido crédito.
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Índice
Anunciantes
Akso............................................................................................. 77 Alphainox.................................................................................. 22 Anuário RNC 2013..........................................................80 e 81 Assine RNC.................................................................................18 Bertolini Sistema de Armazenagem ������������������������������63 Bumerangue............................................................................48 Camrey................................................................................10 e 11 Cobra Correntes...................................................................... 37 Cryovac............................................................................ 4ª Capa Dalpino...................................................................................... 75 Doremus......................................................................................9 DVP Brasil...................................................................................51 Fermod....................................................................................... 35 Ferraro........................................................................................ 47 Ferrostaal...................................................................................21 Fispal Tecnologia................................................................... 64 Geza............................................................................................ 23 GPS Kal........................................................................................71 Handtmann.............................................................................. 25 Incomaf........................................................................... 3ª Capa Intralox.......................................................................................65
Jarvis do Brasil..........................................................................17 Marluvas....................................................................................79 Metalquimia...............................................................................5 MML ............................................................................................31 Multi Frio....................................................................................15 Multibelt....................................................................................41 Nord Drivesystems................................................................ 53 Perfil-Maq.................................................................................59 Poly Clip..................................................................................... 19 Produtivs Esteiras..................................................................29 SHD.............................................................................................. 73 Tecnocarne...............................................................2ª capa e 3 Tinta Mágica............................................................................ 57 Torfresma................................................................................. 49 Ulma..............................................................................................7 Unirons........................................................................................ 8 Vemag do Brasil...................................................................... 43 Vitafoods................................................................................... 74 WEG.............................................................................................39 WSPA...........................................................................................36 Zeus............................................................................................. 33