Revista Nacional da Carne 429

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ISSN 1413-4837

Nº 429 • Ano XXXVII Novembro/2012 www.btsinforma.com.br

Evolução através do tempo Perspectivas para câmaras e túneis frigoríficos Especial Análise sobre Segurança no Trabalho e vitrine de EPIs

Destaque Senai-SC difunde conhecimento mercadológico em seminário



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Arte da Capa: Adriano M. Cantero Filho

Sumário

32 Capa Foto: Divulgação / Bertolini

Câmaras e túneis frigoríficos em perspectiva: desde os avanços mais recentes à visão de futuro

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Vis-à-Vis Especialista em inocuidade dos alimentos de instituto norte-americano revela suas impressões sobre o Brasil

Marcos Sánchez-Plata, do IICA

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Especial A análise objetiva e informativa de Ricardo Calil sobre segurança no trabalho; além de vitrine de lançamentos da área de EPIs

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Destaque

Seminário Internacional de Industrialização da Carne leva conhecimento tecnológico e de mercado ao setor 4

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Pesquisa

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Internacional

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Mundo Corporativo

Impacto da qualidade da CMS de frango em embutidos de massa fina

O consumo nos EUA em números Parte 2

Caderno reúne artigos de especialistas na área de gestão empresarial

E mais

8 Palavra do Gerente 24 TecnoCarnes Expresso 28 Embalagens 54 Registro 86 Empresas & Negócios 90 Eventos 95 Agenda 96 Índice de Anunciantes 97 Crônica

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ISSN 1413-4837

Editorial

Ano XXXVII - no 429 - Novembro 2012

Linha contínua do tempo

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ara a cadeia do frio, uma linha do tempo pode representar a refrigeração empregada no produto para que ele chegue em perfeitas condições de consumo para a população. Para alimentos cárneos, o frio determina não apenas a manutenção da qualidade dos produtos como também a extensão de sua validade nos balcões, ilhas, gôndolas e geladeiras. Na reportagem de capa desta edição, a linha do tempo tem início nos avanços obtidos nos últimos anos para as câmaras e túneis frigoríficos e percorre os próximos 20 anos em busca de um exercício de futurologia: determinar como serão estes sistemas no futuro, o que deverão apresentar para atender à crescente demanda mundial por alimentos nutritivos e de qualidade – para a tarefa, ouvimos, desta vez, os fornecedores do setor de refrigeração industrial. No Especial deste mês, a segurança no trabalho e os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) contam com a análise sempre crítica e transparente do médico-veterinário Ricardo Calil. Ao final do texto, a RNC publica uma vitrine de lançamentos do setor, aproveitando as recém-realizadas feiras Fisp e MercoAgro. Por sinal, a MercoAgro 2012 continua repercutindo nas páginas da revista, desta vez com os eventos paralelos realizados pelo Senai-SC/Chapecó: 9º Seminário Internacional de Industrialização da Carne (seção Destaque) e Escola de Processamento Avícola 2012 (Vis-à-Vis); este último idealizado pelo equatoriano Marcos X. Sánchez-Plata, que atua como especialista em Segurança dos Alimentos para o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), nos Estados Unidos – acompanhe entrevista exclusiva com o especialista do IICA, que fala sobre o sucesso do curso e revela suas impressões sobre o mercado brasileiro. Destaque ainda para a segunda parte do artigo O Consumo nos EUA em Números, de autoria do colunista Hudson Silveira (seção Internacional), além do TecnoCarnes Expresso, Eventos, Embalagens, Pesquisa e muito mais. O fim dessa linha contínua de boas notícias, só o tempo dirá.

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Patrick Parmigiani

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Palavra do Gerente

Prazo para renovação de espaço na TecnoCarne é até 30/11

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TecnoCarne 2013 – 11ª Feira Internacional de Tecnologia para a Indústria da Carne – é o próximo grande evento do setor. A ser realizada pela BTS Informa entre 13 e 15 de agosto do próximo ano, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo (SP), a feira será de longe De Luca Filho a maior e mais importante Gerente do Núcleo exposição de máquinas, equiCarnes e Frigorificados da BTS Informa pamentos, produtos e demais insumos para a indústria da carne em 2013 na América Latina. Caro expositor, o momento para renovar a sua participação na TecnoCarne 2013 é agora! A feira terá exatamente o mesmo desenho da edição anterior, realizada em 2011. Reforço que o encerramento da renovação será no dia 30 de novembro de 2012 e que, após esta data, novas empresas que não participaram de 2011 poderão comprar os seus espaços.

Restam apenas nove meses para o próximo grande evento do setor – a 11ª TecnoCarne Aproveite também para fechar a sua programação de anúncios para o ano de 2013 na Revista Nacional da Carne, que traz inúmeras novidades. Uma delas consiste na disponibilidade da revista para leitura na internet – www. revistanacionaldacarne.com.br –, uma ação iniciada neste mês de novembro, dando ainda mais visibilidade ao seu

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anúncio. E junto às reportagens mais tradicionais, como processamento, refrigeração, ingredientes e embalagens, há a inclusão de novas pautas: automação industrial; fábrica de embutidos; esteiras transportadoras e correias de transmissão; equipamentos para graxaria; certificações, o passaporte para novos mercados consumidores; análises laboratoriais; lubrificantes atóxicos para linhas alimentícias e muito mais.

Novas pautas na RNC em 2013 • automação industrial • fábrica de embutidos • esteiras transportadoras • correias de transmissão • equipamentos para graxaria • certificações • análises laboratoriais • lubrificantes atóxicos Em dezembro, a Revista Nacional da Carne trará reportagem de capa sobre a Marfrig e seus bons exemplos na área de sustentabilidade. Você, que é fornecedor da indústria frigorífica, tem em sua empresa outros bons exemplos na área ambiental ou social, seja em produtos no na área corporativa, e quer participar da edição com um Informe Publicitário para narrar o seu case de sucesso na área, entre em contato agora mesmo com a nossa Equipe Comercial e participe! Boa leitura e ótimos negócios!

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Editorial Vis-à-Vis Patrick Parmigiani

Experiência internacional a serviço da indústria Parceria entre Senai-SC/Chapecó e IICA proporciona realização de curso que difunde ainda mais conhecimento à já competente indústria avícola brasileira

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s edições de 2011 e 2012 da Escola de Processamento Avícola trouxeram ao Brasil o equatoriano Marcos Sánchez-Plata, especialista em inocuidade dos alimentos do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), no Programa de Agronegócio e Comercialização e no Programa de Segurança Agrícola Saúde e Alimentação. Trata-se da versão nacional de um curso já realizado há oito anos nos Estados Unidos. Coordenador da Escola de Processamento Avícola ao lado do brasileiro Fabio Nunes, o entrevistado da seção Vis-à-Vis do mês passado, Plata conta à RNC não apenas sobre a experiência com a realização do curso no Brasil, como também suas impressões quanto à indústria brasileira e ao mercado mundial. Natural de Esmeraldas, no Equador, Plata estudou na Universidade Central do Equador, formando-se como bioquímico farmacêutico com opção Alimentos. Foi para a Universidade de Nebraska, onde fez mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos e um MBA em Agronegócios, alem de doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos, trabalhando a tese de mestrado em Processamento de Aves e a de doutorado em Inocuidade de Industrializados Cárneos. A ideia de instituir a Escola (Poultry Scholl) nasceu nos Estados Unidos, onde foi contratado pela Universidade Texas A&M, na faculdade avícola, e trabalhou durante cinco anos desenvolvendo a área de processamento avícola. Hoje, Plata conta que há planos para aumentar ainda mais o alcance do curso, com novas fronteiras e temas. 12

Fotos: RNC

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Como foi o início deste projeto chamado Escola de Processamento Avícola? Em meu terceiro ano no Texas, comecei a planificar a Escola de Processamento Avícola. Na primeira edição da escola, sem muita publicidade, começando do zero e dando 90% das palestras, tivemos 45 participantes, em sua maioria do México, pela proximidade com o Texas. Por circunstâncias profissionais, tive a oportunidade de trabalhar no IICA, em Miami, onde pude desenvolver estas capacitações ainda mais formalmente. A faculdade de alimentos e a faculdade avícola da Georgia agora são nossos sócios. Já fizemos seis escolas lá e duas aqui no Brasil. E há outra versão, que é de processamento de cárnicos (embutidos, presuntos – o ramo seguinte na cadeia), que começamos a fazer no Chile no ano passado; também vamos tratar de fazer um evento anual em processamento de cárnicos. No começo, pensamos em cobrir tudo, do processamento avícola aos produtos processados, e fizemos o curso com duração de três dias. Mas havia muitas perguntas por parte dos alunos e, agora, estamos com seis dias na Georgia, porque há cada vez mais perguntas, e isso é incrível, porque não se importam em seguir aprendendo mais e participam de 5 ou 6 dias de curso intenso, das 8 da manhã às 6 ou 7 da noite, tanto aqui como lá. É difícil ter uma audiência tão fiel e tão trabalhadora. Qual é a sua avaliação sobre a Escola de Processamento Avícola 2012, realizada em Chapecó (SC)? Foi um sucesso, estamos muito contentes. A turma foi muito participativa, rompeu-se o elo de conversar e perguntar. Houve participantes de várias empresas e não se incomodam entre eles de contar assuntos específicos de suas companhias. No curso, a ideia foi: todos aprendem. Pudemos compartilhar experiências, problemas e soluções. Essa é a maneira de trabalho na escola. E, ao final, pudemos observar muita camaradagem, muita amizade entre as pessoas que participaram e compartilharam informações. Tivemos um grupo de 25 alunos, muito compacto – não pretendemos passar de 30 ou 35 alunos porque com muita gente fica difícil atender a todos e, alem disso, a interação fica menor. Então é sempre bom um grupo pequeno, muito participativo e que todos se envolvam nas atividades. Qual impressão teve do Brasil de hoje a partir da conversa com os alunos? Por um lado, o Brasil é o maior exportador de frangos, e para chegar a este posto, tem algo que ninguém mais tem. Então eu tinha como expectativa um nível muito Novembro 2012

alto e não me decepcionei. Mas nunca pode-se parar de melhorar e aprender. E sempre soluções que uns não apostam, podem ser aplicadas em suas empresas. O Brasil se concentrou bastante no mercado externo, por sua maior rentabilidade. Buscou pensar no mercado externo, ser produtivo para este mercado. Com um só foco, há outras coisas que se perdem. Ao vir aqui, venho com a visão do que se passa em outros países, e a ideia é ver se aqui começam a existir outras tendências, aplicações e maneiras de resolver problemas.

Entendo que deve-se proteger o consumidor e coibir fraude. Mas isso não é razão para que se proíba uma tecnologia. Deve-se pensar de outra forma: caso o objetivo seja defender o consumidor do excesso de água, então que se ponha um limite, um nível, uma condição, que se exija a informação no rótulo sobre a quantidade absorvida, mas que não se diga: ‘injeção, não’ O sr. tem cobrado uma maior coerência na regulamentação do setor no País. Fale-nos um pouco mais sobre isso. Em relação a assuntos regulatórios, algo que me chama muito a atenção é a injeção. Não falo como IICA, mas como um cientista de alimentos: aqui se proíbe a injeção, mas não se proíbe a marinação. Fala-se de abusos com o consumidor, de injeção de água no frango. Entendo que 13


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deve-se proteger o consumidor de que o enganem, e a Inspeção deve cumprir esse papel, que é um dos seus três papéis: proteger o consumidor, garantir que os produtos estejam em boas condições e coibir fraude. Mas isso não é razão para que se proíba uma tecnologia, porque acaba se fazendo discriminação contra a injeção. Deve-se pensar de outra forma: caso o objetivo seja defender o consumidor do excesso de água, então que se ponha um limite, um nível, uma condição, que se exija a informação no rótulo sobre a quantidade absorvida, mas que não se diga: “injeção, não” e “tumbleado, sim”, porque com este último eu também posso chegar a 20% se este é o limite. Pode ser que com injeção se tenha mais eficiência, mas a minha opinião é esta: não se deve discriminar ou controlar tecnologia, se com a mesma tecnologia pode-se fazer o que a outra tecnologia faz e, em certas condições, poderia ser mais eficiente. Então, leis muito restritivas em somente uma tecnologia não necessariamente contribuem para evitar fraudes. Para mim, seria preciso regular a quantidade de água para proteger o consumidor e exigir que se rotule ou informe o consumidor; e o inspetor tem de verificar que se cumpram estes limites. A partir desta visão que o sr. tem sobre o setor em outros países, o que mais poderia ser melhor debatido no Brasil? Focou-se muito o mercado europeu, e não se pensou em outras regulamentações de outras partes do mundo. Percebi que há muitas informações que acabam sendo

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novas para os brasileiros, sobre normas, patógenos, etc. Neste ponto, podemos contribuir com muitas informações. No Brasil, as pessoas responsáveis por produtividade e rendimento não necessariamente falam do tema da inocuidade; são como duas equipes. Deve-se melhorar essa comunicação. Quem está preocupado com produtividade e rendimento também deve preocupar-se com qualidade e segurança. Há espaço para aumentar essa comunicação. E a última comunicação que acredito que também falte é entre granja e planta. Há muitas coisas que não se podem medir na planta que são causadas por problemas na granja. E não se criam indicadores caso não se detectem problemas, não se comunique com a granja para resolvê-los. E isso ocorre nas indústrias de todas as partes do mundo. Os da produção são felizes quando entregam o frango, e os da planta têm de trabalhar com o que lhe entregam; e aí falta comunicação. Mas aqui há espaço para criar essa linha de comunicação integrada da granja à mesa. Seria como se fosse uma rastreabilidade? Sim, mas mais operativa. Por exemplo, na planta, eu poderia ver a qualidade dos meus lotes de aves e ranqueá-los de acordo com as granjas que me causam menos problemas e as que me causam mais problemas. E se eu já tenho essa categorização, posso falar com as granjas e dizer: as que têm problemas, os porquês; as que estão bem, os porquês. E compartilhando essas informações, todas irem melhorando continuamente.

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No Brasil, as pessoas responsáveis por produtividade e rendimento não necessariamente falam do tema da inocuidade; são como duas equipes. Deve-se melhorar essa comunicação. Quem está preocupado com produtividade e rendimento também deve preocupar-se com qualidade e segurança Como o sr. vê as interações público-privadas no setor? Há muitas oportunidades. Trabalho em um organismo internacional, nossos chefes são os Ministérios da Agricultura dos países, mas trabalhamos com qualquer agência governamental, com qualquer associação de grupos privados, qualquer cooperativa ou com qualquer universidade. Nosso trabalho é com todos que necessitem de nossa função. Penso que aí podemos fazer este tipo de aliança. Organismos públicos, como o Senai, digamos semipúblicos, e as empresas privadas, tanto provedores quanto empresas que necessitam de seus serviços. Temos trabalhado a Escola de Processamento Avícola há oito anos nos Estados Unidos. É a segunda vez que fazemos no Brasil. Tivemos muito boa assistência. E com isso criamos os vínculos entre indústrias e organismos públicos. Em cima disso, o conceito do Senai é incrível porque oferece tanto a parte de capacitação como a assistência técnica de serviços, laboratórios, etc. A indústria pode se beneficiar porque trabalha diretamente com eles, recebem assessoramento, bem como os serviços e benefícios. Penso que aí há muito bom uso de fundos públicos em apoiar iniciativas como o Senai porque regressam à indústria de uma forma competitiva e estratégica.

O conceito do Senai é incrível porque oferece tanto a parte de capacitação como a assistência técnica de serviços, laboratórios, etc. A indústria pode se beneficiar porque trabalha diretamente com eles, recebem assessoramento, bem como os serviços e benefícios Conte-nos um pouco sobre o trabalho do IICA, por favor. O IICA é um organismo com mais de 70 anos de operação. Tem uma forte presença em muitos dos países onde temos escritórios – temos 34 escritórios na América Latina, Estados Unidos, Canadá e Caribe. Nosso Comitê Executivo são os ministros da Agricultura que se reúnem a cada dois anos e determinam a agenda de trabalho do IICA. Mas somos flexíveis para que quando um ministro tenha uma necessidade, tratamos de atendê-la. Por outro lado, também somos proativos em 16

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buscar alianças de trabalho em área nas quais pensamos que há necessidades, como é o exemplo desta parceria com o Senai. De minha experiência, desenvolvemos essa escola e o modelo era exportável, e sempre pensamos: que melhor exportá-lo ao país que mais exporta frangos no mundo? A interação aqui é que todos ganham: ganha nosso sócio, o Senai, por sua presença, sua interação com a indústria; ganha a indústria porque se beneficia com o conhecimento e a resolução de problemas; ganham os conferencistas de empresas privadas, fornecedoras, porque fazem contato com os clientes e mostram seu desenvolvimento tecnológico diretamente para o usuário. Não há quem perca, somam-se esforços e todos se beneficiam. No IICA também identificamos assuntos que podem interessar aos governos e oferecemos um menu de atividades, e esta com o Senai é uma das tantas que temos. Na edição norte-americana da escola, por que o idioma usado é o espanhol? Quando entrei no IICA, me aliei com a Universidade da Georgia, porque ela está a uma hora e meia de Atlanta, onde se realiza a feira Poultry Show. A aliança foi estratégica porque assumimos que a maioria dos visitantes da feira fala espanhol, são da América Latina. E foi um êxito desde o princípio. Tanto é assim que agora, os que participam do nosso curso, recebem entradas da feira, e os organizadores da feira de Atlanta nos colocam como parte do programa deles, o que nos dá maior divulgação e visibilidade. E isso enriquece a todos, porque eles nos oferecem o primeiro conferencista, um membro da Associação Avícola e de Ovos dos Estados Unidos, para que nos fale sobre como está a indústria global. E a universidade é uma das mais fortes no tema avícola; o Estado da Georgia é o maior produtor de aves dos Estados Unidos. A universidade tem uma planta piloto incrível onde podemos ministrar aulas práticas. Todas as principais empresas da América Latina, todos os países da região participam. Eles nos conhecem e depois não precisamos fazer muita publicidade, porque

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Alunos da Escola de Processamento Avícola 2012

o boca a boca é o segredo. Cumprir com os objetivos que se colocam, deixar satisfeitos os participantes e eles se encarregam de promover a edição seguinte do evento. E os programas nunca são iguais, sempre mudamos os temas, os conferencistas, novas visitas, demonstrações, tours, porque muitas pessoas voltam [para mais informações, basta acessar “Poultry Scholl” no FaceBook]. Além de coordenar, o sr. também profere palestras no curso? Sim, também sou palestrante, costumo dar umas 4 ou 5 palestras – a grade total do curso no Brasil comporta entre 8 e 9 palestras em cada um dos quatro dias de realização. A escola foca não somente na parte tecnológica, mas também na científica. Eu gosto de explicar o que se passa com o animal, o que passa quando ele morre, ao músculo, por que retém água, por que se comporta assim. E gosto muito de ensinar isso porque vejo como se iluminam os rostos das pessoas quando entendem porque acontecem certas coisas. Essa é uma recompensa que tenho da participação, comunicar a ciência a alguém que está trabalhando tecnologicamente vale a pena.

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Elizandro Giacomini/Acic

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Sánchez, Côrte e Arruda assinam convênio

Instituto Senai de Tecnologia de Alimentos tem apoio de organismo interamericano

Sistema Fiesc e Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura formalizam parceria na abertura do 9º Seminário Internacional de Industrialização da Carne

O Sistema Fiesc formalizou a parceria com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) para apoio ao Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos, que será implantado em Chapecó (SC). O acordo de cooperação foi assinado no último dia 19 de setembro, pelo presidente do Sistema Fiesc, Glauco José Côrte, pelo diretor regional do Senai/SC, Sérgio Roberto Arruda, e pelo representante do IICA Marcos Sánchez-Plata, na abertura do Seminário Internacional de Industrialização da Carne [leia mais nas págs. 70 a 74 desta edição]. Côrte salientou a importância da parceria, do IST e do próprio seminário, pela crescente importância do conhecimento no desenvolvimento das empresas. A cooperação prevê a promoção de soluções competitivas na área de processamento de aves, segurança de alimentos e execução de projetos conjuntos no continente americano. Os trabalhos poderão ser na forma de assessoria direta, por meio de missões técnicas, capacitação de especialistas e intercâmbio de conhecimentos e informações. Desde 2011, as duas entidades realizaram em conjunto duas edições da Escola de Processamento Avícola, em Chapecó, e, com a assinatura do convênio, a atividade se consolida como evento anual. A parceria com o IICA cumpre a estratégia do Senai de buscar instituições de referência nacionais e internacionais na implantação e operação dos Institutos de Tecnologia. O IICA atua em todo o continente americano e é especializado em agricultura e meio rural. O equatoriano Sánchez-Plata, por exemplo, é especialista em segurança dos alimentos no Programa do Agronegócio e Comercialização e no Programa de Segurança Agrícola Saúde e Alimentação, desenvolvidos pelo escritório de Miami, nos Estados Unidos. (Fonte: Fiesc)

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ANO XIII Nº 114

TecnoCarnes Expresso

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Desossa a quente, estimulação elétrica e qualidade da carne

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agenciafotografia.com.br (fotos meramente ilustrativas)

desossa a quente, combinada com a estimulação elétrica, é largamente empregada em países produtores e exportadores de carne, como Austrália e Nova Zelândia. No Brasil, a técnica ainda não é aplicada, por razões cuja discussão está fora do escopo deste artigo. A desossa a quente de carcaças bovinas ou ovinas pode apresentar algumas vantagens importantes em relação à desossa efetuada após o resfriamento das carcaças. O rendimento em carne pode ser maior; e evita-se o uso de grandes câmaras para o resfriamento de carcaças; evita-se o custo com o resfriamento de ossos e gordura; a carne quente requer menor esforço para ser desossada. Quando essa carne é utilizada no preparo de produtos processados, apresenta propriedades funcionais melhores do que as da carne desossada a frio. Contudo, se o processo não for bem controlado, a carne pode tornarse dura, mais escura, e os cortes primários podem ter a sua forma tradicional alterada. Na desossa a quente, as carcaças não são resfriadas antes de serem desossadas. A desossa é efetuada 30 a 60 min após o abate. O conceito básico da desossa a quente é o de que as operações de abate, desossa e embalagem são feitas num único turno de trabalho. Os processadores que usam a desossa a quente buscam os seguintes benefícios:

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Nelson J. Beraquet

• diminuição do tempo de processamento entre abate e embalagem dos cortes reduzidos; • menores espaços para resfriamento da carne, qual seja, menor investimento; • menores custos no consumo de energia pela redução nas necessidades de refrigeração; • maior rendimento de carne desossada; • maior produtividade; • maior giro de produtos.

Aspectos microbiológicos da carne desossada a quente

Uma potencial desvantagem do processo de desossa a quente é que a carne pode permitir o crescimento de bactérias patogênicas durante o seu resfriamento. Na desossa convencional, o crescimento bacteriano é inibido pela combinação da secagem da superfície da carcaça durante o seu resfriamento enquanto entra e sai do rigor mortis. Quando a carne é desossada a quente e posteriormente embalada, sua superfície está úmida e sua temperatura pode estar na faixa de 20°C a 35°C. Nessa faixa de temperatura, as bactérias se adaptam em uma ou duas horas, crescendo rapidamente. Nessas condições, a carne deve ser resfriada rapidamente para temperaturas abaixo de 7°C para controlar o crescimento de bactérias patogênicas. A taxa de resfriamento é afetada por três fatores principais: • tamanho da caixa e tipo de material que é feita; • tipo de congelador; • temperatura e velocidade do ar. Contudo, é possível produzir cortes desossados a quente, com níveis satisfatórios de contaminação microbiológica, controlando-se as taxas de resfriamento da carne. Um exemplo é dado pelo Sistema de Inspeção da Austrália (AQIS), que utiliza o denominado Índice de Desossa a Quente (Hot Boning Index). Esse índice (HBI) é obtido avaliando-se a taxa de resfriamento dos cortes cárneos dentro das embalagens. Por meio de um software aplicado à curva de resfriamento, e utilizando-se de ferramentas de microbiologia preditiva, calculam-se quantos logs de crescimento de E. coli provavelmente ocorreram. A partir dessas informações, aprova-se ou não o processo. Novembro 2012


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TecnoCarnes Expresso Imediatamente post-mortem, há dois processos que estão relacionados: • a queda de temperatura e a queda do pH muscular; • o encolhimento muscular. A combinação de uma rápida queda de pH com o resfriamento lento da carcaça pode causar o denominado encurtamento muscular pelo calor (heat shortening) ou a aceleração do rigor mortis. Por outro lado, uma queda lenta do pH e resfriamento rápido da carne podem causar o denominado encurtamento muscular pelo frio (cold shortening). Tanto o encurtamento muscular pelo calor quanto pelo frio causam desde endurecimento moderado a drástico da carne quando cozida; além disso, músculos encurtados pelo frio ou calor perdem a propriedade de maturar (amaciar-se) durante sua estocagem. Uma das formas de se controlar a queda de pH do músculo é controlar a quantidade dos estímulos elétricos que a carcaça recebe desde o abate do animal.

Estímulos Elétricos (EE)

A aplicação de corrente elétrica na carcaça acelera a queda de pH e a entrada do músculo em rigor mortis. Impulsos elétricos aplicados incluem: • atordoamento elétrico; • imobilização; • remoção do couro; • estimulação elétrica convencional.

Os efeitos desses impulsos elétricos são aditivos para a queda de pH e conduzem a uma rápida entrada do músculo em rigor mortis. Em abatedouros que utilizam EE (Estímulos Elétricos) de baixa voltagem e removedores automáticos de couro, o L. dorsi (contrafilé) pode atingir pH na faixa de 5,5 a 6,0 no intervalo de 60 min após o atordoamento. Essa estimulação elétrica excessiva aumenta o risco do encurtamento muscular pelo calor, reduz o potencial de maturação da carne, e causa desnaturação e palidez nos músculos internos que se resfriam mais lentamente. A medição da temperatura e do pH do músculo (L. dorsi) antes de as meias-carcaças entrarem na câmara de resfriamento, ou na sala de desossa a quente, indicará o efeito da combinação desses impulsos elétricos. Se o pH é igual ou menor que 6,0, enquanto a temperatura está ao redor de 35°C, os impulsos elétricos aplicados na carcaça são excessivos e a carne pode sofrer encurtamento pelo calor. As medições do pH e da temperatura enquanto as carcaças, ou as caixas contendo cortes desossados a quente, estão sendo resfriadas também indicam se a carne pode sofrer encurtamento pelo frio. Se o pH for, a qualquer tempo, igual ou maior que 6,0 e a temperatura estiver ao redor de 10°C, a carne sofrerá encurtamento. Isso significa que os impulsos elétricos foram insuficientes para acelerar adequadamente a queda de pH. Resumindo, a temperatura em que o músculo entra em rigor influencia a extensão do seu encurtamento e, em consequência, a sua maciez e suas propriedades funcionais. Temperaturas entre 10-15°C causam o mínimo de encurtamento muscular e a ação de enzimas que dificultam a maturação da carne é mínima. Abaixo dessa faixa de temperatura, pode ocorrer o encurtamento muscular pela ação do frio; acima, pode ocorrer o encurtamento pelo calor. Outra causa de endurecimento da carne é denominada rigor de descongelamento. Se o músculo for congelado antes de entrar em rigor mortis ou no seu início, e descongelado rapidamente, entra em rigor nessa operação, sofrendo encolhimento drástico e tornando-se duro quando cozido.

Nelson J. Beraquet é pesquisador científico do Centro de Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de Alimentos (CTC/ Ital) | beraquet@ital.sp.gov.br 26

Antonio Carriero / Ital

Qualidade da carne

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Embalagens

Receita líquida do setor de embalagens deve chegar a R$ 47 bilhões em 2012 Fotos meramente ilustrativas: Arquivo RNC (máquinas Multivac)

Dado é divulgado no balanço setorial da área realizado pela Associação Brasileira de Embalagem

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Associação Brasileira de Embalagem (ABRE), cumprindo um importante papel de nortear a cadeia produtiva de embalagem, bem como todo o setor industrial e econômico brasileiro, divulgou em setembro o Balanço Setorial de Embalagem por meio do Estudo Macroeconômico da Embalagem ABRE/FGV. O balanço traz o resultado do setor no primeiro semestre de 2012 e perspectivas para o fechamento do ano. Realizado há 16 anos pelo Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), oestudo exclusivo da entidade é mais uma ação realizada pela ABRE visando ao aprimoramento da cadeia de embalagem, reafirmando sua representatividade e importância na economia brasileira. A divulgação do balanço foi feita em evento que teve patrocínio da Fispal Tecnologia, PlexbondHB Fuller e Expo Embala.

Desempenho do setor no 1º semestre de 2012

A apresentação dos númerosficou por conta de Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas do Ibre-FGV e do Estudo Macroeconômico da Embalagem. Para ele, o balanço do setor é considerado um dos termômetros da atividade industrial brasileira. 28

“Começam a surgir indicadores de início de uma recuperação”

Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas do Ibre-FGV

Acompanhe, a seguir, os principais resultados do primeiro semestre:

• Contexto geral

Há um ambiente geral de retração, especialmente da indústria, no qual se insere a produção de embalagem. Contudo, começam a surgir indicadores de início de uma recuperação. O PIB do segundo trimestre avançou 0,4%, depois de registrar variações de -0,2%, 0,1% e 0,1% nos três trimestres anteriores. Novembro 2012


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Embalagens

Gráfico 1. Utilização da capacidade de produção

Fonte: FGV

Gráfico 2. Emprego formal no setor de embalagem

Fonte: RAIS (2010) e CAGED (2012)

• Exportações e importações

No primeiro semestre de 2012, as exportações diretas do setor de embalagem tiveram faturamento de US$ 249,8 milhões contra o total de US$ 229,5 milhões alcançado em 2011. Esse valor representa um crescimento de 8,86% em relação ao mesmo período de 2011, com forte desempenho da indústria de plásticos (39,25%), seguida das embalagens metálicas (31,27%). Nesse mesmo período, as importações de embalagens vazias tiveram um acréscimo de 5,42%, com faturamento de US$ 411,2 milhões. Esses números indicam que a balança comercial do setor ficou deficitária em US$ 161,4 milhões. Gráfico 4. Exportações brasileiras de embalagens

Fonte: Secex/MDIC

• Produção física

A produção física de embalagem teve redução de 3,49% no primeiro semestre de 2012, se comparada ao mesmo período de 2011. A produção industrial brasileira total caiu 3,81% no mesmo período.

Gráfico 5. Importações brasileiras de embalagens

Gráfico 3. Produção física

Fonte: IBGE / Elaboração: FGV

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Fonte: Secex/MDIC

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Capa

Patrick Parmigiani

Câmaras e túneis frigoríficos:

Termoprol Zanotti

avanços e perspectivas

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odos os anos, a RNC dedica duas de suas reportagens de capa à refrigeração, seguramente um dos temas mais importantes para o setor, sobretudo no Brasil, um país de dimensão continental e clima tropical. A manutenção e garantia da qualidade dos produtos cárneos passa pela cadeia do frio. Abordar o tema sob os seus diferentes prismas torna-se o desafio desta revista a cada pauta. Nesta edição, o destaque fica por conta da evolução do segmento de câmaras e túneis frigoríficos, bem como outros produtos relacionados ao bom funcionamento destes sistemas. O parecer técnico e as opiniões dos fornecedores da área serviram de base para a presente reportagem, que procurou desvendar, entre outros tópicos, como seria uma câmara ou um túnel frigorífico ideal para o setor da carne daqui a 20 anos. JBT FoodTech

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JBT FoodTech

A cadeia do frio no Brasil está longe de ser a ideal, por uma série de problemas estruturais e culturais. Mas ao constatar os recentes avanços desse setor, pode-se afirmar que o consumidor de carnes está cada vez mais seguro de que a qualidade do produto que adquire mantém-se intacta desde o pasto (ou da granja) até o prato. E o consumidor é sempre o maior termômetro para iniciar qualquer análise na área. Na visão do engenheiro mecânico Ricardo Godoy, gerente comercial da JBT FoodTech responsável por Brasil e América Latina há 12 anos, pelo atual potencial de consumo doméstico brasileiro, os mercados de carnes e pratos preparados congelados crescem à medida que o poder aquisitivo do consumidor brasileiro final também avança, e tudo isso em proporções desafiadoras. “Tecnologia de segurança alimentar, economia de energia e confiabilidade do desempenho destes equipamentos de congelamento são pontos que os produtores no Brasil estão valorizando e que se alinham com a tendência global da cadeia de frio”, explica Godoy.

JBT FoodTech

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A JBT FoodTech é uma divisão da antiga FMC Corporation, tendo se separado desta em 2008. Trata-se da mesma empresa pioneira em soluções para a indústria de congelamento de alimentos. “Uma de nossas marcas mais fortes, a Frigoscandia, acaba de completar 50 anos de história, sempre trazendo produtos atendendo às necessidades de nossos clientes”, revela o engenheiro mecânico. Ainda segundo ele, o Centro de P&D em Helsingborg, na Suécia, está na vanguarda do desenvolvimento de soluções, tendo sido o inventor do congelamento individual ultrarrápido IQF há 50 anos. “Nossas soluções são reconhecidamente destacadas nos três parâmetros que listei anteriormente: segurança alimentar, por meio de elevados padrões de higiene e limpeza, já desde o projeto inicial de cada modelo de freezer; economia de energia, com a utilização de motores de alto desempenho e o uso de esteiras autoportantes; e o elevado desempenho, assegurando funcionamento contínuo das linhas de produção por horas, ou até mesmo dias.” Com fábrica no Brasil desde 1976, atualmente a planta JBT Araraquara possui capacidade de produzir toda a linha JBT de equipamentos, tais como freezers, linha de empanados e esterilizadores de latas. O grande avanço mundial no setor, segundo Luiz Sérgio Corrêa, diretor executivo comercial da Dânica, foi alcançado com o advento da transição dos materiais utilizados para produzir o núcleo isolante dos painéis para câmaras frigoríficas. Países europeus e asiáticos aderiram à tecnologia vinculada à utilização de poliuretano (PUR) e poli-isocianurato (PIR), material melhor estruturado e com maior capacidade de isolamento que o poliestireno expandido (EPS), que predominava no segmento. “Essa transição, aliada à evolução na tecnologia aplicada na modalidade de produção contínua de painéis termoisolantes com núcleo em PUR, vem criando novos parâmetros no mercado”, explica Corrêa. Há aproximadamente cinco anos, a Dânica lidera no Brasil o processo de migração dos núcleos dos sistemas termoisolantes do poliestireno (EPS) para o poliuretano (PUR), por conta das vantagens econômicas e ambientais. A meta é chegar a 90% de participação do PUR na produção até 2015. A Dânica adquiriu recentemente novos equipamentos de tecnologia europeia para produção 33


contínua de painéis termoisolantes com núcleo em PUR, com investimento de mais de R$ 50 milhões. Trata-se de linhas com mais de 150 metros de produção ininterrupta, que garantem altos volumes de produção às fábricas instaladas no Recife (PE) e em Aparecida do Taboado (MS). Com esse volume e o processamento automatizado contínuo, foi possível reduzir o preço, que era o principal empecilho para a migração. Câmaras e túneis são partes integrantes de toda uma solução na área de refrigeração industrial, assim como compressores, condensadores, evaporadores, vasos de pressão, bombas, válvulas, controles, instrumentos , etc. Para André Luis Carlini, gerente de Vendas da Johnson Controls, unidade de Building Efficiency, avanços tecnológicos foram observados ao longo dos últimos anos em todos estes componentes por conta da necessidade do mercado. Ele cita como exemplos a atual diversificação de produtos e novas tecnologias de acondicionamento que exigem um grau de sofisticação ainda maior da cadeia de frio, processos de automação e tecnologias de informação da produção, normatizações que visam à ampliação da produtividade e da qualidade, além da gestão ambiental, questões sanitárias, aspectos de sanidade e qualidade dos produtos. “São questões primordiais para a indústria alimentícia, bem como a maior utilização de ambientes climatizados que contam com o trabalho de pessoas atuando diretamente sobre o produto e a contínua busca de soluções e equipamentos que agreguem verdadeiramente valor ao negócio do cliente”, acrescenta. A Johnson Controls, que é a proprietária das marcas Sabroe, Frick e York, dentre outras, é fornecedora de equipamentos e soluções na área de refrigeração industrial. “Fornecemos sistemas de refrigeração de alta performance e soluções inovadoras, otimizando a relação investimento–custo operacional e maximizando a eficiência energética, plantas seguras e que atingem as condições de processo e de qualidade requeridas para o produto; levando em conta códigos e normas aplicáveis além das boas práticas e cuidados desenvolvidos e utilizados, no que se refere tanto a projeto, construção e operação destes sistemas de refrigeração industrial”, afirma Carlini. Há uma evolução e um incremento na automação das plantas, acredita o engº Pablo Ibaceta, diretor de Vendas na América Latina de Refrigeração Industrial da Danfoss do Brasil. “Anteriormente, havia instalações que não tinham nenhum tipo de controle e outras contavam com controles baseados em elementos ou produtos mecânicos. Agora, os controles são eletrônicos. É uma tendência geral, que afeta também o segmento de carnes”, afirma. 34

Fotos: Divulgação

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Luiz Sérgio Corrêa, diretor executivo comercial da Dânica

Segundo ele, outra tendência são os requerimentos de segurança, muito importantes nas instalações frigoríficas, entre outras, especialmente as que usam amônia. “A Danfoss tem investido no portfólio, efetuando melhorias em segurança e desenho dos produtos, para atender os requerimentos de segurança, especialmente referente a vazamento de amônia nas instalações. Temos desenvolvido produtos novos com melhores condições de segurança e performance”, lembra o executivo. Na opinião do diretor da Termoprol Zanotti do Brasil, o engº Bruno Wilson Ronchetti, a construção de novas câmaras e túneis no setor de carnes nos últimos anos tem apresentado um crescimento muito pequeno. “Verificamos que novos investimentos de porte têm sido muito escassos. Basicamente há uma reposição de câmaras e equipamentos por obsolescência, e não por demandas de produção maior da indústria. Notadamente, os investimentos de novas câmaras têm ocorrido na área de distribuição. Quanto aos túneis, verificamos a instalação de unidades pequenas, especialmente para recuperação de frio e não para congelamento em início de processo”, aponta. A Termoprol Zanotti do Brasil tem contribuído para a evolução desse setor com equipamentos modulares, de fácil instalação e que requerem muito pouca infraestrutura, portanto, com menores investimentos iniciais podem ser aplicados. “Outra característica importante é que nossos equipamentos têm um prazo de entrega muito curto, favorecendo a tomada de decisões dos clientes, que geNovembro 2012



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ralmente, no Brasil, não costumam planejar com bastante antecedência. Quando decidem, os equipamentos já estão fazendo falta no campo”, conta o engº Ronchetti. Para o técnico em Refrigeração Tiago Miguel Machado, coordenador comercial da Mebrafe, a tendência tanto para túneis quanto para câmaras é a busca de garantia de qualidade do produto processado, com o menor custo–benefício possível. “Esses são os pontos básicos de foco para investimento no segmento frigorífico”, acredita. A Mebrafe desenvolveu novas linhas de produção com a utilização de materiais de melhor rendimento térmico, como evaporadores de aço inox e alumínio, além de novas geometrias e configurações que apresentam melhor desempenho para os evaporadores, e implantou ainda a utilização de ventiladores e bombas, motores de alto rendimento e baixo aumento consumo energético. Segundo o engº Cassiano Lemanski de Paiva, gerente comercial da AMP Refrigeração, cujos clientes são basicamente as pequenas e médias empresas, o comentário geral neste segmento é que a demanda por produtos congelados aumentou muito nos últimos anos. “Havia um certo

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O engº Bruno Wilson Ronchetti, diretor da Termoprol Zanotti do Brasil

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‘preconceito’ contra o consumo de carne congelada, que está diminuindo com o crescente aumento da qualidade destes produtos.” O trabalho da AMP Refrigeração se restringe a equipamentos de refrigeração com utilização de refrigerantes halogenados. “O domínio da amônia neste setor é muito forte. Mas há uma vantagem na utilização de outros gases, principalmente em câmaras de menor porte e em áreas urbanas, onde há risco de contaminação por vazamento de amônia, que é muito tóxica”, conta Paiva. Além dos equipamentos, produtos como esteiras e estruturas de armazenagem também fazem parte dos sistemas de refrigeração que contêm túneis e câmaras. O engenheiro químico Renato João Bonet, diretor industrial e financeiro da Bumerangue, considera haver uma grande variedade de túneis de congelamento no mercado, o que faz com que sua empresa tenha a oportunidade, conforme o segmento, de produzir mais rápido, a um custo mais baixo e com uma qualidade superior. “A separação de produtos na entrada dos túneis, em função da qualidade esperada e do tempo necessário para o seu congelamento, é a prova disto. Além da possibilidade da segmentação

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do túnel, fazendo com que, na fase de projetos, já se possibilite pensar no crescimento da planta”, explica Bonet. A Bumerangue vem oportunizando ao mercado a segregação dos produtos antes da entrada dos túneis, alterando a tecnologia de abastecimento e a retirada dos produtos das bandejas internas, com a utilização de esteiras termoplásticas, reduzindo assim tempo e custo. Confiante no crescimento do setor, o engenheiro civil Filipe Cousandier, supervisor de Vendas da Bertolini, observa que existe um avanço em tecnologia desde a sua construção até a escolha do sistema de armazenagem ideal. A Bertolini possui os mais diversos produtos para a linha de armazenagem, podendo adequar os mais complexos meios de operação de forma organizada e controlada. “Acredito que essa possibilidade tem ajudado na otimização de áreas e, principalmente, movimentações, o que reduz os custos de operação”, diz. Para a diretora da Cargomax, a administradora de empresas Alexandra Kyrillos, observa-se atualmente o crescimento do setor graças ao aumento do consumo no mercado interno e das exportações. “Os frigoríficos estão

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preocupados em manter a qualidade de seu produto desde a criação até o embarque para distribuição/consumo. Por isso, vêm investindo em equipamentos e infraestrutura que ajudam a manter a temperatura e que sejam resistentes a ela.” Para acompanhar esse crescimento, a Cargomax fabrica niveladoAlexandra Kyrillos, diretora da res de doca com acabaCargomax mento em galvanização a fogo, justamente para serem utilizados em câmaras frias e antecâmaras. Esse acabamento protege a superfície do nivelador de corrosões causadas pela umidade e líquidos em geral que possam vir a atingi-lo. Além da galvanização, o painel elétrico também é protegido contra umidade, com

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componentes específicos para trabalhar em baixas temperaturas. “Possuímos também uma vedação em borracha para as laterais do nivelador de doca e uma cortina de PVC que desenrola na frente do nivelador, protegendo-o assim da entrada de pragas dentro da câmara”, diz Alexandra. Por sua vez, o administrador de empresas Miguel de Paiva Rezende, sócio fundador da Inovadoor, percebe que, por questões técnicas e ambientais, as estruturas das câmaras frias e frigoríficas estão mais eficientes, seguras, duráveis e o custo de manutenção vem baixando em função da demanda que vem aumentando para atender às necessidades mínimas dos setores alimentício, farmacêutico, químico e de distribuição. “O aprimoramento tecnológico das soluções construtivas voltadas a esse mercado nos últimos anos permitiu tornar as câmaras frigoríficas modulares, com manutenção, operação e eventuais ampliações facilitadas.” Rezende lembra que as câmaras montadas com painéis pré-fabricados termoisolantes, unidos por meio de conectores metálicos e com barreiras de vapor já incorporadas, substituíram as antigas câmaras erguidas em alvenaria. “Isso, principalmente, por causa da montagem mais rápida,

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da maior eficiência energética, da redução de custos com execução de fundações e das paredes mais esbeltas, sinônimo de maior área disponível no interior das câmaras”, diz. Acompanhando esse ritmo das construções, os acessórios também evoluíram, conta o sócio fundador da Inovadoor. “Termostatos e controladores digitais de temperatura ganharam maior precisão e durabilidade, e a Inovadoor, ao fornecer portas rápidas, seccionais e abrigos para estas unidades, por um preço competitivo e prazos de entrega aceitáveis, tornou seu produto mais eficiente e robusto, incorporando componentes fabricados com termoplástico de engenharia, eliminando problemas com oxidação, bem como abertura com sensores de movimento que contribui ainda mais com a economia.”

Futuro

Qual seria a câmara ou o túnel frigorífico ideal para o setor de carnes daqui a 20 anos? Esse exercício de futurologia foi proposto aos profissionais consultados nesta reportagem. Confira as respostas: • “A modularidade é a palavra-chave; o todo deve ser

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composto por partes que possam ser transportadas em caminhões. Com uma mão de obra na área frigorífica cada vez menos qualificada, os equipamentos deverão ser cada vez mais ‘standardizados’, com montagem máxima em chão de fábrica e com cada vez menos necessidade de intervenção no campo. Há uma tendência muito grande de fluidos secundários, em substituição, principalmente, à amônia e outros, como R404A. A utilização desses fluidos secundários simplificará em muito a aplicação em campo dos sistemas frigoríficos, bem como atenderá às expectativas de aumento da segurança em sistemas que utilizam amônia, e permitirá maior confiabilidade em sistemas que utilizem R404A.” – Bruno Wilson Ronchetti, diretor da Termoprol Zanotti do Brasil • “Prevemos uma consolidação de várias tendências atuais, como instalações que não provoquem a emissão de gases prejudiciais à camada de ozônio, que utilizem menores quantidades de refrigerantes, que contem com produtos ecologicamente corretos, que utilizem uma quantidade menor de recursos naturais durante a fabri-

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cação de seus componentes, que atendam os protocolos internacionais de proteção ambiental, que os projetos garantam uma operação segura do sistema de refrigeração e cujos equipamentos estejam de acordo a normas regulamentadoras e técnicas; e que seja elaborado estudo de análise de riscos e previstas manutenções preventivas desta instalação, assim como equipamentos e primeiros socorros necessários. Por fim, que tenham uma certificação LEED, que é uma referência reconhecida mundialmente para construções chamadas verdes ou sustentáveis em relação a projeto, construção e operação, garantindo assim instalações com alto índice de eficiência energética.” – André Luis Carlini, gerente de Vendas da Johnson Controls • “O mercado brasileiro ainda é relativamente insipiente na área de alimentos congelados, quando comparado aos mercados de países de Primeiro Mundo, no que diz respeito à diversidade de produtos, à sua qualidade e ao tamanho da oferta. Mas essa diferença vem diminuindo nos últimos anos. Isso significa explorar novas frentes de consumo e, portanto, novas tendências de equipamentos

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para congelamento. O que mais chama a atenção, sem dúvida, é a segurança alimentar que os equipamentos e processos vão demandar no seu desenho, além, é claro, do consumo de energia otimizado para produções de alto volume e, ao mesmo tempo, de alto valor agregado.” – Ricardo Godoy, gerente comercial da JBT FoodTech • “As exigências cada vez maiores no sentido de garantia e qualidade, redução de perdas de peso dos produtos durante o congelamento e armazenagem, assim como custo produtivo, vão exigir a utilização de controles mais sofisticados, resfriadores de ar com capacidades reguláveis e mais eficientes. Hoje, já temos conceitos e possibilidades de implantar esses tipos de melhorias, mais o custo inicial de investimento ainda torna estas soluções difíceis de implantar.” – Tiago Miguel Machado, coordenador comercial da Mebrafe • “Como a Dânica deu a partida no processo de transição do EPS para o PUR/PIR no Brasil, a expectativa é ampliar a participação destes núcleos isolantes no mercado nacional. Desde o princípio desse movimento, a Dânica fixou o

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ano de 2015 como meta para que a utilização de PUR/PIR seja feita em 90% das instalações frigoríficas montadas pela empresa.” – Luiz Sérgio Corrêa, diretor executivo comercial da Dânica • “Temos uma solução para nossos clientes que não querem fazer obra civil em suas docas. A solução é simples, instalamos em frente à porta do armazém frigorífico uma estrutura autoportante, com o túnel frigorífico já anexado a ela, e o nivelador de doca embutido nesta estrutura. Fazemos com nossos modelos embutidos e basculantes.” – Alexandra Kyrillos, diretora da Cargomax • “A maior mudança vai ser no fluido refrigerante. O fluido refrigerante do futuro, principalmente para o setor de carnes, é o CO2, tanto para resfriados como congelados. Desse modo, vai atender a todos os requerimentos de energia e de segurança, pois o CO2 é muito menos agressivo que a amônia, que é utilizada atualmente no setor.” – Pablo Ibaceta, diretor de Vendas na América Latina de Refrigeração Industrial da Danfoss do Brasil • “Acredito em um crescimento na demanda dos

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equipamentos tipo ‘Giroflex’, que aumentam muito a capacidade produtiva e diminuem os custos de produção.” – Cassiano Lemanski de Paiva, gerente comercial da AMP Refrigeração • “Com a globalização, hoje a armazenagem é feita de forma muito semelhante aos países desenvolvidos, a diferença é mínima com relação à qualidade. Acredito que a tendência é a baixa de custo constante para esse mercado, o que possibilitará maior concorrência e uma abertura grande deste mercado.” – Miguel de Paiva Rezende, sócio fundador da Inovadoor • “Diria que hoje possuímos uma tecnologia muito avançada disponível no mercado, aliando automação a operação, porém, ainda encontramos resistência para estas soluções. Acredito, sim, que se mudarmos alguns conceitos na forma de operar esses sistemas, cresceremos absurdamente em poucos anos. O que dá para perceber é que estamos caminhando para processos 100% automatizados.” – Filipe Cousandier, supervisor de Vendas da Bertolini

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Especial

Ricardo Moreira Calil

Edi Pereira

A segurança no trabalho e o uso dos EPIs

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ada vez mais as pessoas vão se inteirando dos aspectos relacionados à industrialização dos produtos que consomem, fazendo exigências que no passado nem se imaginavam, como por exemplo, discriminar determinada mercadoria por ter sido produzida com a utilização de mão de obra escrava. Grifes famosas de roupas tiveram de reformular suas linhas de fabricação, mesmo sendo terceirizadas e em outros países, para ficarem alinhadas com as expectativas de seus clientes. Na produção de alimentos não é diferente. A origem das matérias-primas, a maneira de produzir e a composição do produto são alguns dos aspectos analisados pelos consumidores na hora de decidir pela compra. Entretanto, no caso brasileiro, as condições de trabalho dos funcionários ainda não são lembradas como fator de qualidade na opção de escolha para aquisição de produtos alimentícios. A segurança no trabalho, tanto nas indústrias como no comércio, deve ser algo que supere a questão legal, ou 42

seja, prevista ou não em lei, precisa ser observada como forma de valorização da relação capital versus trabalho. Exemplo que precisa ser lembrado é o protagonizado por Jorge Street, industrial que chegou a empregar 6 mil funcionários na região do Belenzinho, em São Paulo (SP), criando a conhecida Vila Maria Zélia e que dizia, em 1921: “Quero dar ao operário não só ótimas condições de trabalho e consciência do seu valor na produção na qual coopera, mas um verdadeiro bem-estar na sua casa, tanto do ponto de vista financeiro, como higiênico e moral”. Jorge Street acreditava que, proporcionando melhores condições de trabalho e bem-estar, seus funcionários teriam maior sentido de cooperação. Muito embora a questão do bem-estar dos empregados ainda seja um tema a ser melhor discutido, sem dúvida, se for feita uma análise apurada, é possível verificar uma evolução sensível na utilização dos equipamentos de segurança pelo trabalhador, que hoje não ocorre só nas grandes empresas, mas abrange médias e até algumas pequenas também. Novembro 2012


No passado, em grandes frigoríficos, para estar convenientemente uniformizado, o funcionário tinha de estar apenas com uniforme branco, bota de borracha branca e capacete da mesma cor, com exceção dos que trabalhavam na manutenção ou setores de produtos não comestíveis, que deviam estar uniformizados, mas com roupas de cores distintas para facilitar a identificação durante o trabalho. As barrigueiras, utilizadas no trabalho de desossa para proteger o abdome de cortes ou perfurações, eram de material plástico e, ao serem colocadas, nem sempre conferiam a segurança necessária para este tipo de atividade. Em poucas indústrias se viam luvas de aço, que eram importadas, para evitar cortes na mão, acidente comum que causava problemas de afastamento do funcionário do setor ou mesmo licença médica para tratamento. As máquinas, na sua maioria, não possuíam o botão de pânico e nem proteções, para evitar possíveis falhas operacionais que poderiam resultar em acidentes, muitas vezes graves, como no caso das serras e guilhotinas. Escadarias sem corrimão, com degraus revestidos em material cerâmico liso, eram utilizadas por trabalhadores com botas molhadas e engorduradas, causando escorregões e resultando em acidentes, entorses, pancadas, dificultando o bom andamento das atividades. Ocorrências, muitas vezes graves, estavam relacionadas ao uso de elevador ou monta-cargas mal sinalizados ou sem portas, com iluminação precária, facilitando que funcionários desatentos pudessem se acidentar. Iluminações deficientes nas escadarias, corredores, nas áreas operacionais, podem ser determinantes para o aumento de acidentes, principalmente no turno da noite, no qual os trabalhadores podem mais facilmente se distrair. A iluminação adequada estimula o cérebro a permanecer desperto, além de facilitar a orientação espacial. As conhecidas “gambiarras”, muito comuns em instalações industriais, são ligações elétricas improvisadas, de um modo geral feitas em caráter provisório, mas que com o tempo tornam-se permanentes, causando problemas sérios de choques, geralmente potentes, por contato corporal de funcionários desavisados ou mesmo quando do uso de jatos de água para higienização de máquinas ou instalações. A falta de roupas de proteção contra o frio, muitas vezes negadas ou insuficientes, causa afastamentos constantes de funcionários, permitindo inclusive que alguns adquiram doenças crônicas, como sinusites, dores de cabeça, reumatismo, dores articulares, sem excluir as causas de doenças de caráter agudo, como pneumonias, resfriados, alergias, entre outras. O Brasil tem sido um campeão em acidentes do trabalho por uma conjugação de fatos que contribuíram para minar, de forma Novembro 2012

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Especial

substancial, a força de trabalho do País. O desleixo de patrões e seus gerentes ou responsáveis, o desinteresse ou mesmo ignorância dos empregados, equipamentos de segurança deficientes ou inapropriados, o custo elevado dos equipamentos de qualidade e a falta de uma fiscalização mais efetiva por parte do governo, mantiveram o atraso do País em relação à questão da Segurança do Trabalho. Para melhor ilustrar essas afirmações, basta consultar o trabalho realizado por este autor, que serviu como tese de mestrado na Faculdade de Saúde Pública da USP, junto ao Departamento de Saúde Ambiental, cujo título é: Inquérito Preliminar de Higiene Industrial na Indústria de Carnes Bovina e Suína da Grande São Paulo, 1984. Na referida pesquisa, foram avaliados diversos itens constantes na legislação da época, bem como outros de interesse econômico-social e, a partir dos dados levantados em visitas aos 30 estabelecimentos existentes na região escolhida, foram elaboradas tabelas para a realização de análise estatística. Dentre as conclusões apresentadas, algumas chamaram a atenção por definir a situação do ambiente interno naquelas empresas, tais como: embora tivessem local previsto, poucas empresas tinham serviço médico; nas 30 empresas, o pessoal médico auxiliar não tinha formação para desempenhar atividades em saúde ocupacional; na rotina do exame médico pré-admissional, em nenhuma era solicitado exame de fezes; os serviços médicos demonstraram na época ter objetivo mais voltado para medicina curativa e pouco para preventiva; a maioria das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes (Cipas) não realizava estatísticas de acidentes; poucas empresas realizavam programas de educação dos empregados em Segurança do Trabalho; poucas empresas mantinham equipe treinada para combate ao fogo; a disposição de resíduos industriais na maioria das empresas era ao ar livre; poucas forneciam alimentação a seus funcionários. Uma conclusão que mereceu destaque favorável foi que o Serviço de Inspeção Federal (SIF) contribuiu, em grande parte, para a utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) em todas as indústrias visitadas. Essa foi apenas uma amostra de como estava o País em relação às questões relacionadas ao ambiente industrial e à Segurança no Trabalho. Felizmente, essa situação tem mudado, pois tanto o governo, sentindo o dispêndio de recursos por meio do sistema de saú44

de, com o atendimento constante de acidentados no trabalho, como as próprias empresas, perceberam o quanto estavam perdendo em produtividade e preservação da mão de obra, que vem se tornando cada vez mais escassa. Não é raro verificar, atualmente, empresas que ostentam na fachada de suas fábricas o número de dias sem acidentes, como forma de demonstração de transparência com funcionários e a comunidade, que pode tomar ciência do que ocorre naquele estabelecimento. É fato que um acidente raramente ocorre por um único fator; de um modo geral, a conjugação de dois ou mais acabam resultando em um ato ou ação insegura que pode colocar inclusive a vida do indivíduo em risco. Pensando nisso, as empresas perceberam que, para evitar acidentes de trabalho, não basta apenas ter um programa de prevenção, mas é preciso seguir à risca as normas, muitas delas previstas em lei, implantando no ambiente laboral uma nova mentalidade, com a participação efetiva dos maiores beneficiados, que são os trabalhadores.

As empresas perceberam que, para evitar acidentes de trabalho, não basta apenas ter um programa de prevenção, mas é preciso seguir à risca as normas, muitas delas previstas em lei, implantando no ambiente laboral uma nova mentalidade, com a participação efetiva dos maiores beneficiados, que são os trabalhadores Sem dúvida, criar um ambiente organizado pode significar muito na eficiência do uso de EPIs. Podem-se ver na construção civil obras com alto nível de organização, com funcionários ostentando seus equipamentos em andaimes sinalizados, em locais limpos e protegidos. Uma questão fundamental, possível de ser observada com o passar do tempo, foi a profissionalização da Segurança do Trabalho inserida na Saúde Ocupacional, com a formação de profissionais de várias áreas com foco na prevenção de acidentes e também na saúde dos empregados, resultando em expressivo salto qualitativo nestas ações. Novembro 2012



Especial

A evolução foi grande, tanto que se pode verificar nas fábricas que os funcionários não utilizam somente aquele uniforme branco, mas complementam com uma série de EPIs, como protetor auricular, óculos de proteção, malhas de aço na forma de luvas, aventais para abdome e aventais plásticos para diminuir ou impedir que o uniforme fique molhado durante o trabalho. Além disso, são colocados à disposição equipamentos para atender eventos ocasionais, como vazamentos de amônia ou mesmo aparecimento de algum foco de incêndio, que se combatido com rapidez e de forma adequada, pode ser debelado sem causar prejuízos. O treinamento efetivo em Segurança do Trabalho auxilia também na questão higiênica, pois à medida que as pessoas assumem um nível maior de responsabilidade e atenção na sua função, fica mais fácil explicar e introduzir procedimentos que possam prevenir contaminações dos alimentos. Existe sinergismo entre prevenção de acidentes e cuidados higiênicos na produção, como no caso do uso de capacetes, que normalmente não se ajustavam bem à circunferência do crânio e ficavam escorregando conforme a pessoa se movimentava. Com o uso da touca de proteção contra a queda do cabelo, a indústria de EPIs conjugou a touca fixando-a no suporte ou na carcaça do capacete, permitindo que o mesmo permanecesse estável na cabeça. As máquinas para produção de alimentos devem obedecer a critérios que atendam o chamado acabamento sanitário e, com isto, também podem atender normas de segurança, como por exemplo, evitar cantos vivos ou pontiagudos, aberturas de difícil acesso, acabamentos de superfície com rebarbas ou saliências. A prevenção de doenças pela vacinação é uma maneira moderna e inteligente de proteção dos funcionários, pois vacinas contra tétano, hepatite e gripe funcionam de maneira efetiva, melhorando a resistência orgânica contra os agentes causadores destas enfermidades. A Segurança do Trabalho faz parte da evolução de uma sociedade mais justa, que diversas vezes confunde trabalho válido somente quando gera lucro, o que não é verdade, pois muitas pessoas trabalham sem ter a visão de lucro, mas com objetivos bem distintos, como os que trabalham no Terceiro Setor, os que fazem trabalho voluntário ou mesmo os que, uma vez aposentados, utilizam a sua experiência pelo prazer de ser útil. 46

Entretanto, as denominações utilizadas para identificar grupos de trabalhadores demonstram a visão comercial que o trabalho representa, tais como: recursos humanos ou capital humano, rótulos que colocam pessoas ao nível material, quando um ser humano tem um universo a ser explorado na dependência de como será formado ou em que ambiente irá trabalhar. Potencial humano parece ser a melhor denominação, quando se trata de um ou mais indivíduos, pois esta terminologia deixa para trás os equívocos advindos da revolução industrial, que deu um novo rumo à economia, mas que cometeu o erro de considerar o homem como uma máquina de fazer dinheiro, o que resultou em tantas vidas precocemente ceifadas ou inutilizadas. Pode parecer apenas um jogo de palavras, mas não é, pois se um grupo de pessoas, ou mesmo uma só, entender que poderá ser melhor à medida que for bem treinada e tiver à sua disposição as condições mínimas necessárias para um trabalho de bom nível de qualidade, certamente não só a sua segurança, mas também a higiene e a eficiência estarão inseridas no seu cotidiano, não como uma obrigação, mas como uma necessidade. A satisfação no trabalho, a competição saudável, os valores éticos, trazem lucros, são consequência, produzem resultados, tornam-se produto, por isto a gestão do potencial humano deve ser o grande desafio para empresas e a própria sociedade, que pode se beneficiar com pessoas atentas aos seus direitos, mas também conscientes das suas obrigações, gerando um equilíbrio saudável entre empregadores e empregados.

Ricardo Moreira Calil é médico-veterinário sanitarista, professor doutor e fiscal federal agropecuário do Mapa | ricardomcalil@hotmail.com Novembro 2012



Especial

Vitrine do setor de EPIs

Após as feiras MercoAgro e Fisp, o mercado de Equipamentos de Proteção Individual ganha novo fôlego; conheça alguns dos lançamentos voltados à indústria frigorífica

Ansell

A

Ansell acaba de apresentar ao mercado as novidades da linha VersaTouch para o processamento de alimentos. A empresa está trazendo para o Brasil as luvas VersaTouch 74-730 e 74-731 para proteção contra cortes. Segundo a empresa, elas são mais seguras, mais leves e proporcionam um elevado nível de resistência a corte e desgaste, especialmente nas partes reforçadas onde as lesões são mais comuns. Também lançada recentemente, a VersaTouch nos modelos 37-200 e 37-210 de borracha nitrílica, com a tecnologia Ultra Grip, garante uma melhor aderência e flexibilidade durante o manuseio de alimentos. Por fim, a

Bracol

Fotos: Divulgação

O

s calçados de segurança ganharam, recentemente, uma nova tecnologia que, segundo Renato de Castro, gerente Nacional de Vendas da Bracol, além de ter melhor performance que o couro, é ecológica, com certificação aprovada da OEKO-TEX 100 – Associação Internacional para Investigação e Ensaios no Domínio da Ecologia Têxtil. Como o mercado de EPIs está em constante evolução, a Bracol apresentou, na 19ª edição da Feira Internacional de Segurança e Proteção (Fisp), a linha Fibratec, com cinco novos modelos em microfibra, ideais para os segmentos: frigorífico, hospitalar, químico e demais indústrias alimentícias. “A microfibra proporciona mais higiene e melhor aparência aos calçados, características fundamentais para quem trabalha nestes setores. Com isso, o profissional fica mais protegido contra infecções e outras doenças ocupacionais”, ressalta Luís Augusto de Bruin, especialista em Direito do Trabalho e representante da Bracol. De acordo com o mais recente Anuário Estatístico da Previdência Social (Aeps) divulgado, referente ao ano de 2010, os subsetores Produtos Alimentícios e Saúde foram os que mais registraram acidentes de trabalho, com 59.976 e 58.334, respectivamente. No total, o órgão registrou 701.496 ocorrências durante Bota da linha Fibratec aquele ano. 48

nova VersaTouch 92-200 texturizada proporciona maior resistência, aderência e conforto. A Ansell garante que o portfólio da linha VersaTouch inclui luvas com a Luva da linha VersaTouch melhor aderência para cada tarefa, aliada a flexibilidade e conforto, suprindo todas as demandas do processamento de alimentos.

Mais informações: www.ansellbrasil.com

O novo material é constituído de microfilamentos de poliaramida, poliéster e viscose, com fios termoligados e acabamento em PU (poliuretano). “A microfibra é um tecido superior ao couro, criada a partir de pesquisas que trazem novos benefícios. Sua funcionalidade abrange todas as necessidades de higienização com a durabilidade que o trabalhador precisa em um calçado branco”, afirma Castro. Além de ser fácil de limpar e muito resistente, a microfibra não encolhe após a lavagem e não deforma com o uso. Para o gerente Nacional de Vendas da marca, outra vantagem do material é ele ser livre de cromo (metal que, em alta concentração, pode ser tóxico) e outras substâncias restritas, portanto, não polui o meio ambiente quando é descartado e inicia-se seu processo de degradação. “A linha Fibratec é antibacteriana, antimicrobiana, desenvolvida com material hidrofugado – resistente à passagem de água – e permite que os pés do trabalhador ‘respirem’ sem ficar úmidos”, diz Castro. Os calçados de microfibra da marca são altamente resistentes à gordura, sangue e produtos químicos, além de resistirem a movimentos de flexão, sendo próprios para trabalhos que necessitem do uso frequente do equipamento higienizado. A nova linha da Bracol é composta por cinco modelos de calçados – sapato de amarrar ou ajustável ao pé, botina de amarrar ou ajustável e bota de cano médio. Todos estão disponíveis na cor branca e do número 33 ao 46. Mais informações: www.bracolonline.com.br

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Danny

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Danny apresenta a Thermaflex Banhada – Luva de Fio Thermastat com Banho Nitrílico. Trata-se de uma luva tricotada em fio Thermastat – fio de alta tecnologia para proteção térmica –, com banho nitrílico, ambidestra. As propriedades de isolamento térmico na presença de umidade podem sofrer alterações. Recomendada para atividades intermitentes em baixa ou alta temperatura, frigoríficos e demais indústrias alimentícias. Segundo a empresa, entre as vantagens e benefícios da Thermaflex Banhada, estão a alta destreza e maleabilidade em trabalhos que exigem proteção térmica e impermeabilidade; punho alongado, maior proteção ao antebraço; banho nitrílico, maior proteção química e mecânica. Thermaflex

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Outro lançamento recente da empresa é a Naturalflex – Luva em Fibras Naturais de Bambu com Látex Natural. Essa Naturalflex luva de segurança tricotada em fibra natural de bambu é revestida em látex natural corrugado na palma e nos dedos, punho em elástico. Recomendada para serviços de manutenção e logística, entre outros, possui como vantagem a destreza e alta resistência abrasiva, combinada a conforto e maleabilidade. Fabricada de forma sustentável e em fibras naturais de fontes renováveis, essa luva protege e ajuda a diminuir o impacto do descarte dos resíduos gerados com o alto consumo de EPIs. Mais informações: www.danny.com.br

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Especial

Disapar

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Luva Cut Pro 35

Disapar divulga os lançamentos da Mucambo Profissional, que contará com mais dois produtos em sua linha, com comercialização prevista para ser iniciada em dezembro. São eles: • Luvas Cut Pro 35 e Cut Pro 30 – a luva Cut Pro 35 é composta de polietileno e punho longo com acabamento elástico. Seu diferencial está no acabamento externo com fios de aço, que proporciona ao usuário maior proteção a corte; • Mangote Cut Pro 30 – o mangote Cut Pro 30 é composto de polietileno, punho longo elástico e ajuste com velcro® no antebraço. Também possui como diferencial o acabamento externo com fios de aço. Mangote Cut Pro 30 Mais informações: www.disapar.com.br

Leal

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Túnica de malha de aço é um lançamento Maillinox Leal, que foi desenvolvido para garantir a proteção total do trabalhador em atividades de movimentação intensa com risco de corte. Atualmente, em algumas atividades de trabalho com risco de corte, o usuário é obrigado a usar uma luva de malha que se estende até o ombro (mangote) e mais um avental. O uso da túnica substitui ambos os equipamentos e garante a proteção de uma maior área de exposição corporal. A Túnica é fabricada em 100% aço inox, com ponto de fusão por solda eletrônica (proporcionando maior durabilidade e higiene ao equipamento) e elos de malha fina (oferecendo maior conforto ao usuário). Túnica de malha de aço

Mais informações: www.leal.com.br 50

Soccorro

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Soccorro anuncia o lançamento da luva para baixas temperaturas Flexcold, uma luva de segurança confeccionada em tecido acrílico térmico (Tec Mix) com revestimento de borracha natural antiderrapante na palma e dorso, modelo clute. Possui como características, segundo a empresa: elevado grau de conforto durante sua utilização e uma ótima resistência a abrasão para manuseio de objetos escorregadios em ambientes frios – até -15°C; excelente ergonomia e flexibilidade; formulação 100% borracha Luva Flexcold natural; substitutas das luvas de nylon e raspa; impermeáveis; e isentas de silicone. Entre suas aplicações: trabalhos médios em frigoríficos, câmaras frias, armazéns frigoríficos, redes de supermercados, indústrias alimentícias, logística refrigerada, transportes no inverno e uso geral. Outro lançamento refere-se às Botas Vulcabras BPCC28. Trata-se de uma bota de PVC branca sem forro com as seguintes características técnicas: • Material – PVC injetado • Altura do cano – cano curto ou médio 240 mm • Revestimento interno – sem forro • Solado – antiderrapante • Numeração – 34/35 e 44/45 (numeração conjunta) / 36 ao 43 (numeração simples) Vantagens: • Sem forro, agiliza a limpeza e higienização • Mais leve e ergonomicamente mais segura Produto indicado para o ramo de alimentos, shoppings, empresas prestadoras de limpeza e serviços, feiras livres, agronegócios em geral. Bota Vulcabras

Mais informações: www.soccorro.com.br

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Volk

Entre as novidades apresentadas pela Volk do Brasil nas feiras MercoAgro e Fisp, a empresa destaca o lançamento de produtos que considera totalmente inovadores para o setor. O primeiro é a distribuição da linha de respiradores italianos BLS. “A alta tecnologia e o design da marca, que é referência e antecipa as tendências e necessidades do mercado, chega ao Brasil”, garante a empresa. Já a nova linha Ambitech conta com luvas ambidestras, o que, segundo a Volk do Brasil, revolucionará o conceito em luvas nitrílicas e de látex reutilizáveis. “Com características singulares e um sistema de economia, a linha Ambitech é o que há de mais alta tecnologia e inovação em luvas atualmente, com qualidades e benefícios até então inéditos.” Mais informações: www.volkdobrasil.com.br

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Registro

Livro incentiva solidariedade e consumo de carne branca Divulgação

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s melhores receitas culinárias à base de carne de aves e suínos integram o livro recém-lançado Delícias de Chapecó. Segundo o autor Nilson Olivo, diretor comercial da Globalfood (Divisão Carnes) e da Olivos (Alimentos e Bebidas Funcionais), a obra contém ainda a história de Chapecó (SC), da Coopercentral Aurora Alimentos e do Grupo de Apoio e Prevenção à Aids (Gapa). Os recursos arrecadados com a comercialização do livro serão destinados ao Gapa de Chapecó. “Pode-se afirmar também que é um farto material estatístico e histórico das carnes brancas, aves e suínos, desde 1980”, revela. Delícias de Chapecó faz parte de uma série de obras que têm o objetivo de divulgar o setor e promover a caridade, por meio de ajuda a entidades filantrópicas. O primeiro livro foi publicado em 2004, em Criciúma (SC). Outras edições também foram lançadas em Brasília, São Paulo, Paranavaí, Barbacena, Forquilinha e Seara. A publicação conta com o patrocínio da Aurora e Globalfood, apoio da Fundação Aury Luiz Bodanese, da Unochapecó e do GR.OR. do Brasil-SC. As receitas dos pratos à base de carne de aves e suínos foram desenvolvidas pelo curso de Gastronomia da Unochapecó, com o envolvimento de vários estudantes. Para definir a entidade que

Participantes envolvidos na elaboração do livro

seria beneficiada com os recursos da comercialização dos livros foi lançado edital para seleção dos projetos. Ao todo, foram efetuadas 11 inscrições. O projeto escolhido – do Gapa – prevê a aquisição de uma sala para a instituição, que desenvolve seus trabalhados há 23 anos em um espaço alugado. O valor de R$ 70 mil contemplará parte da negociação da sala comercial. A Aurora e a fundação são parceiras do Gapa desde 2008, por meio do programa “Vivendo Saúde”, que visa desenvolver atividades voltadas à qualidade de vida com ênfase na promoção da saúde.

Sunnyvale completa 34 anos de atividades

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Sunnyvale, referência em soluções para os segmentos de codificação industrial, inspeção de produtos acabados, equipamentos para embalagens, injetoras e robôs de paletização, completou 34 anos de atividades no último dia 24 de outubro. Ao longo deste período, a Sunnyvale revela ter se antecipado às tendências e firmado parcerias sólidas para poder oferecer aos seus clientes soluções cada vez mais adequadas às suas realidades. A empresa representa cerca de 20 marcas de ponta em tecnologia para a área de embalagem, como Domino, Saccardo, Bizerba, Foxjet, Sic, Fuji, Tavil, E.S. Laser e Anritsu, entre outras. Além dos equipamentos de alta tecnologia, a companhia também se destaca pelo trabalho qualificado de seu time de pós-venda, com técnicos altamente qualificados. 54

No portfólio, estão mais de 90 equipamentos para atender às necessidades dos segmentos em que atua. A empresa conta com escritório central em São Paulo, com 3 mil m² de área construída, e unidade fabril em Itaquaquecetuba (SP), com cerca de 10 mil m² de área construída. Para atender a outras regiões, a empresa trabalha com distribuidores locais que ajudam na identificação de novos negócios e dão atendimento ainda mais qualificado ao estarem próximos aos clientes. A Sunnyvale é parceira ativa de projetos como a Fundação Gol de Letra, que tem como fundadores os ex-jogadores da seleção brasileira de futebol, Raí e Leonardo. A empresa também desenvolve trabalho de recolhimento das embalagens de fluidos utilizados nos equipamentos Ink Jet Domino e dos resíduos provenientes desta utilização. Novembro 2012


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ensagem e foto enviadas por Vincenzo Mastrogiacomo, coordenador geral da MercoAgro 2012: “Caros amigos, esta foto, tirada na edição mais recente da MercoAgro, retrata o encontro de empresários que fizeram o progresso e sucesso da indústria da carne: Everton Schuster, Edemar Magro, eu (Vincenzo), Armin Hobi, Nivert Fischer e Rodney Kaiser. Um abraço a todos!”

DuPont Nutrição & Saúde: destaque em emulsificantes sustentáveis

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espondendo às questões relacionadas ao impacto das plantações de óleo de palma no meio ambiente e na vida silvestre, a DuPont Nutrição & Saúde garante ser pioneira com seu portfólio completo de emulsificantes à base de óleo de palma e outros óleos de fontes sustentáveis. A companhia fornece emulsificantes com balanço de massa (MB) e emulsificantes segregados (SG) com certificação RSPO. Para 2015, a DuPont se comprometeu em empregar 100% das matérias-primas certificadas para a obtenção de óleo de palma certificado e tem cumprido as atividades necessárias para atingir essa meta. Segundo a empresa, os varejistas e as empresas alimentícias mais importantes do mercado assumiram o compromisso de utilizar, de forma exclusiva, o óleo de palma sustentável certificado até 2015. A linha de ingredientes da DuPont™ Danisco® oferece uma ampla variedade de emulsificantes SG e MB. Para Philippe Bax, diretor Regional de Emulsificantes, a DuPont pode proporcionar a experiência necessária e as capacidades mais sólidas dentro da área. “Para os produtores que não desejam adiar a conversão para óleo de palma sustentável certificado até 2015, já não há limitações para encontrar emulsificantes de fonte sustentável, pois a DuPont pode produzir quase todos os emulsificantes de forma sustentável”, diz Bax. Alguns mercados têm escolhido evitar os materiais somente à base de palma; para tanto, a linha de ingredientes da DuPont™ Danisco® também oferece uma ampla variedade de emulsificantes que não contêm palma, à base de óleo de girassol e de canola não modificados geneticamente e de glicerina sem palma. Mais informações: www.dupont.com Novembro 2012

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Arquivo pessoal

Vincenzo homenageia amigos na MercoAgro


Pesquisa

Caroline Rodrigues; Eliane Maria de Carli; Simone Canabarro Palezi

Impacto da qualidade da Carne

Mecanicamente Separada de frango em embutidos de massa fina

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1. Introdução

Kraki (Foto meramente ilustrativa)

partir dos anos 1990, a Carne Mecanicamente Separada de frango passou a ser uma matéria-prima muito importante para a indústria, conquistando lugar no mercado interno e externo como ingrediente para a emulsão de embutidos de massa fina como salsichas, patês e mortadelas.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2008, a carne de frango in natura foi o segundo produto mais exportado para a África do Sul, com um volume de 146,83 mil toneladas, representando US$ 125,079 milhões. Somente a planta da empresa onde o estudo foi realizado exportou,em 2010, aproximadamente 19 mil toneladas de produtos para o mercado sul-africano, sendo 91% deste volume CMS de frango. Há um erro de concepção na indústria de que a CMS é um produto de qualidade inferior, em razão do fato de ser oriunda do aproveitamento de dorsos, pescoços e ossos resultantes da desossa de carcaças. 56

Entretanto, todas essas carnes restantescompõem um produto de primeira linha, já que não são utilizadas partes como vísceras, miúdos e sangue. A CMS é normalmente utilizada com o objetivo maior de reduzir custos em produtos processados de presuntaria; seu uso deve ser consciente, pois os efeitos sobre a qualidade final de embutidos, como defeitos de mastigabilidade, arenosidade e fenômenos de perda de água, estão atrelados, entre outros fatores, à baixa qualidade da CMS. O uso CMS de qualidade inferior não somente afeta a formulação do produto como também aumenta os custos de produção, pois gera perdas de rendimentos, reprocessamentos e custos com uso de outros ingredientes para acertar a formulação. Assim, o objetivo deste trabalho foianalisar e avaliar a qualidade da CMS utilizada como matéria-prima, bem como seus reflexos em produtos embutidos, identificando a influência das propriedades físicoquímicas e do balanceamento estequiométrico de massas sobre a funcionalidade da CMS. Avaliouseainda o processo de fabricação com a finalidade de identificar possíveis fatores que influenciem no baixo rendimento físico-químico e estrutural do produto, bem como melhorias tecnológicas no processo.

2.Referencial teórico

Segundo o Ministério da Agricultura (MAPA, 2000), entende-se por Carne Mecanicamente Separada (CMS) a carne obtida por processo mecânico de moagem e separação de ossos de animais de açougue (aves, bovinos e suínos), destinada à elaboração de produtos cárneos industrializados cozidos específicos e que tenham sido aprovados para consumo pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), não sendo permitida a utilização de cabeças, pés e patas. Atualmente, o processo mais comumente utilizado consiste em cortar a matéria-prima inicial, e separar tendões e ossos da carne usando uma rosca sem fim Novembro 2012


no interior do equipamento,para forçar a passagem em cilindros perfurados ou em placas justapostas com um espaço entre si, que funcionam como uma peneira (OLIVO, 2006). Os novos equipamentos para a CMS possuem dois estágios: no primeiro, a carne é submetida a uma pressão suave para remover a carne da superfície dos ossos, evitando a incorporação da medula óssea; a carne obtida mantém sua integridade e poderia ser considerada carne moída. No segundo estágio, a carne é comprimida sobre uma rosca sem fim contra uma peneira, obtendo-se assim a CMS. Esse equipamento tem como rendimento 40% para operação a baixa pressão e 30% para operação subsequente à alta pressão, utilizando dorsos de frangos (BERAQUET, 2000). O que se especificaria para um separador mecânico seriam o alto rendimento e a boa qualidade da carne separada. Boa qualidade da carne, num sentido amplo, significa carne com baixo teor de gorduras, alto teor de proteína e boas propriedades funcionais (incorporação de água e emulsificação de gorduras), que não tenham sido alteradas por aquecimento durante a separação mecânica, e com fibrosidade (BERAQUET,1990). Os fatores que influenciam no rendimento, composição e características da CMS são tipo e origem da matéria-prima, relação carne–ossos, teor de pele e gordura na matéria-prima, métodos de abate e desossa e tipo e regulagem do equipamento(OLIVO, 2006). Muitos fatores relacionados com o equipamento podem afetar a qualidade do produto final. Por exemplo, a pressão aplicada sobre a matéria-prima, quando aumentada, permite uma maior quantidade de ossos, tendões e outros resíduos não cárneos no produto final, tornando-o processo sensivelmente menos eficiente e resultando em material com maiores teores de gordura e mineral. A manutenção do equipamento é outro fator que afeta a qualidade. As superfícies cortantes devem estar sempre afiadas, pois influenciam na textura e consistência do produto final (OLIVO, 2006). A presença e teor de pele e gordura têm grande impacto sobre a composição do produto obtido. A separação no cabeçote da máquina ocorre, de certa forma, obedecendo à ordem de consistência dos constituintes da matéria-prima. Muitas vezes, se deseja saber o teor de músculo, pele e gordura em matéria-prima para determinar se o rendimento obtido é adequado ou mesmo para avaliar se o resultado da desossa foi satisfatório. Existe uma estreita relação entre o teor de carne e o teor de matéria mineral. A forma de resfriar as carcaças com maior ou menor absorção de água e a forma de obtenção dos cortes, com maior ou menor teor de músculos e gorduras remanescentes nos ossos, determinam em grande parte a composição e característica da CMS obtida. A forma construtiva do equipamento de desossa, se o mesmo gera a pressão necessária para a separação sem quebrar em demasia os ossos, o cabeçote separador, a forma e o tamanho das aberturas e a regulagem em termos de rendimento, são determinantes sobre a composição e características do produto final (OLIVO, 2006). Novembro 2012

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Pesquisa

Assim como o rendimento, a composição é determinada principalmente pelo tipo de partes ou ossos e para uma mesma matéria-prima, pela relação carne–osso. Partes contendo mais carne resultam em CMS com maiores teores de proteínas. A utilização de partes com pele implica na obtenção de CMS com maior teor de gordura. As operações de abate também influenciam na composição: muita absorção de água durante o resfriamento e a operação de gotejamento deficiente vão aumentar o teor de umidade da CMS e diluir o seu teor de proteína. A idade do animal também afeta a composição. Com o aumento da idade, ocorre acúmulo de gordura, tanto na região cavitária como na região subcutânea (BERAQUET, 1990). A composição centesimal da CMS é variável em virtude, principalmente,do tipo de matéria-prima utilizada na sua fabricação. Dos seus constituintes, merece atenção a gordura, capaz de apresentar variação no seu conteúdo, que se reflete diretamente tanto na estabilidade da emulsão cárnea como nos processos oxidativos (TERRA, 1998). Costa et al.(1994) determinaram valores para a composição da CMS em geral:

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Tabela 1. Características físico-químicas da CMS de frango Características

Percentuais

Umidade

64,295%

Gordura

22,660%

Proteína

12,191%

Fonte: BRASIL, 2000

O Ministério da Agricultura estabelece os teores para as propriedades físico-químicas de proteína e gordura em CMS, porém, é omisso em relação à composição de umidade, pois não cita teores máximos de água permitidos no produto. Tabela 2. Características físico-químicas da CMS de frango Características

Percentuais

Gordura

Máx. 30%

Proteína

Mín. 12%

Fonte: BRASIL, 2000

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O principal uso da CMS, cuja consistência é essencialmente pastosa, está nos produtos emulsionados de massa fina, em que a qualidade está diretamente ligada à estabilidade da emulsão. Para que a emulsão seja estável, é necessário que as partículas de gordura na massa estejam envolvidas por uma membrana de proteínas, e esta esteja distribuída em uma matriz de água e proteína (BERAQUET, 2000). Ao utilizar a CMS na elaboração de embutidos, é prudente ter em mente que a mesma é lábil, portanto, passível de modificações que poderão comprometer a qualidade final (TERRA, 1998). O emulsionamento da gordura, ao torná-la invisível, possibilita sua importante participação no sabore na textura do produto cárneo. A emulsão cárnea é constituída de duas fases: uma fase contínua, representada pela água, e uma descontínua, representada pelas gotículas de gordura. Essas duas fases, apesar de imiscíveis, são estabilizadas e mantidas em razão da ativa participação dos estabilizadores. Esses estabilizadores, sempre proteínas solúveis, produzem estabi-

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lização quando recobrem integralmente as gotículas de gordura (TERRA, 1998). Os melhores estabilizadores são as proteínas miofibrilares (miosina e actina). Outros estabilizadores utilizados são as proteínas de soja (concentrado e isolado), do leite, soro, plasma e colágeno (pele) (TERRA, 1998). Um dos principais defeitos em embutidos relacionados ao uso da CMS é quebra de emulsão com a consequente liberação de líquido, a qual é resultado do desequilíbrio entre teores de água, gordura e proteínas solúveis. A quebra de emulsão ocorre quando a CMS possui muita gordura em virtude da incorporação, por ocasião de sua fabricação, de gordura abdominal e pele. O teor de gordura da CMS deve girar em torno de 20%. Muitas vezes, ocorre uma redução da quantidade de carne magra, que é a fonte de proteínas miofibrilares (emulsificantes). Esse líquido poderá originar um problema mais grave, isto é, possibilitar o desenvolvimento de micro-organismos que irão tornar o embutido impróprio para o consumo humano (TERRA, 1998).

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Pesquisa

3.Procedimentos metodológicos da pesquisa

A presente pesquisa consiste em um estudo de caso de caráter explicativo, com abordagem quantitativa. Esta pesquisa busca identificar os fatores que impactam na qualidade da CMS e sua funcionalidade nos embutidos fabricados a partir dela, e mensurar os percentuais de teores encontrados no produto para avaliá-los graficamente, e para interpretar e conhecer a eficiência do processo e das ações que serão tomadas. O estudo foi realizado em um abatedouro de aves da região extremo-oeste de Santa Catarina, o qual tem como atividade principal o abate e a desossa de frangos (cortes in natura) para exportação e mercado interno. Os dados para esse estudo foram coletados mediante a observação sistemática do processo e avaliação dos resultados físico-químicos das amostras coletadas diariamente em cada turno de produção, além dos testes de emulsão para avaliação da qualidade da proteína funcionalrealizados pelo laboratório da empresa. Foi recebida a informação de que produtos embutidos de massa fina fabricados a partir da CMS produzida no estabelecimento liberavam enorme quantidade de água e possuíam textura mole, sendo necessária a adição de proteínas vegetais para balancear a formulação e corrigir a consistência do produto. As figuras 1 e 2 demonstram os defeitos citados anteriormente.

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Figuras 1 e 2. Embutidos apresentavam liberação de água em teste de emulsão

A Especificação Técnica da carne de dorso estabelece que o padrão mínimo de teor de proteína é de 12%, enquanto o teor máximo de umidade no produto é de 68%. Durante o período de dezembro de 2010 a março de 2011, foram avaliados 361 resultados físico-químicos de proteína e umidade emitidos pelo laboratório e comparados com os limites da Especificação Técnica do cliente. O método de resfriamento de carcaças utilizado pela empresa é por imersão em chiller de água. Historicamente, os percentuais de absorção de água pelas carcaças se mantiveram dentro de uma média de 5,17%, no ano de 2010, e de 5,06%, no primeiro trimestre de 2011. Os resultados de rendimento também foram avaliados,sendo que 80%do dorso com o pescoço éconvertido em produto CMS. A pressão da máquina de separaçãotambém foi estudada. A empresa utilizava pressões em uma

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faixa de 200 a 220psicom o objetivo de obter maior rendimento, chegando a um percentual de 75%. Sabe-se que a pressão influencia na fibrosidade da CMS, uma vez que altas pressões desencadeiam o aumento de temperatura do processo e, portanto, destruição das fibras proteicas, diminuindo assim a sua funcionalidade. Além disso, aumentam o teor de cálcio/conteúdo ósseo e o crescimento de valor de peróxido. Dessa forma, decidiu-se testar, a partir de testes de emulsão, os efeitos de pressões menores aplicadas no processo de separação da CMS. As pressões passaram a ser verificadas a cada hora de produção, sendo a faixa determinada de 180 a 200 psi. Os Gráficos 1 e 2 demonstram as variações de pressão nos períodos de dezembrode 2010e janeiro de 2011 com operação na faixa de 160 a 220 psi.

Gráfico 1. Pressão (psi) máquina Baader em dezembro/2010

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Gráfico 2. Pressão (psi) máquina Baader em janeiro/2011

Em março de 2011, quando as pressões da máquina foram diminuídas, a faixa esteve entre 180 e 200 psi, conforme o gráfico abaixo:

Gráfico 3. Pressão (psi) máquina Baader em março/2011

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Pesquisa

O teste de emulsão consiste, basicamente, na reprodução do processo de fabricação de um embutido, porém, em laboratório, mediante a adição e mistura de ingredientes como sal, nitrito, água e polifosfato a uma determinada quantidade de amostra de CMS, a qual será embalada e cozida em banho-maria em temperatura de 72°C durante 1 hora e 30 minutos e resfriada até o dia seguinte. Ao cortar a amostra, devem-se observar fenômenos como liberação excessiva de água, textura da massa, a qual deve ser consistente, firme e lisa, bem como liberação ou separação de gordura.

Figura 3. Teste de funcionalidade/emulsão Os testes de emulsão foram realizados diariamente para cada turno de produção, sendo, no total, realizados 135 testes no período correspondente de dezembro/2010 a março/2011 e avaliados defeitos como liberação de água e gel e textura da massa.

4.Análise e conclusão

A partir da comparação dos resultados das análises físico-químicas realizadas pelo laboratório de uma empresa do oeste de Santa Catarinaentredezembro de 2010emarço de 2011, conclui-se que, das 194 análises de proteína, 94 apresentaram resultados abaixo de 12%, ou seja, apenas 45,8%, estão dentro do padrão estabelecido na especificação. Uma explicação para tais resultados é que a CMS produzida pela empresa é proveniente de dorso, sem pele de pescoço e sem sambiquira. Coxas e sobrecoxas 62

também não podem ser processadas, conforme legislação. Assim, a composição do produto, aliada ao ótimo rendimento de desossa, demonstra que resta pouca matéria proteica a ser extraída no processo de separação de carne do dorso, resultando em um produto com baixo teor proteico. O teor de proteína, porém, não é um fator absoluto na determinação da funcionalidade de um embutido, mas sim, a qualidade, isto é, a integridade das fibras proteicas é que contribuirá para uma maior funcionalidade da massa. Com relação à umidade, das 167 análises realizadas, somente dez apresentaram resultados dentro do limite máximo de 68%, variando em uma faixa de 69% a 72%. Isso representa apenas 6% de conformidade. Esses números, contudo, não necessariamente são indicativos de que a liberação de água nos produtos embutidos se deva a eles, já que, historicamente, a empresa sempre teve uma média de 5% de absorção em carcaças. Dessa forma, pode-se dizer que o método de refrigeração não seria o principal fator comprometedor dos resultados de umidade, embora haja oportunidade de melhoria mediante a substituição do método atual por um método de refrigeração a ar. A pressão utilizada na máquina Baader para extração de CMS mostrou, por outro lado, ter influência nos resultados de funcionalidade das fibras proteicas, sendo isto comprovado por meio dos testes de emulsão. No período de dezembro de 2010 a janeiro de 2011, a pressão oscilava entre 160 e 220 psi. Nessa faixa de operação, dos 96 testes de funcionalidade realizados no período, 20,83% apresentaram defeitos de liberação de água e textura mole. Já emmarço de 2011, quando a pressão da máquina foi ajustada para uma faixa mais estreita, isto é, de 180 a 200 psi, dos 62 testes realizados, apenas 3,22% apresentaram os mesmos defeitos. Avaliando os gráficos plotados, pode-se concluir que não somente a utilização de baixa pressão teve influência na funcionalidade das proteínas, como também na estabilidade da mesma, uma vez que influenciou diretamente na qualidade das fibras extraídas, fato este validado por intermédio dos testes de emulsão, pois ao se comparar com as pressões utilizadas em períodos anteriores, quando esta oscilava em picos de altos e baixos, o número de defeitos nos embutidos era seis vezes maior. Novembro 2012


Conclui-se, portanto, que os resultados dos testes de pressão indicaram uma considerável correlação com os testes de emulsão, demonstrando que a qualidade das fibras e sua funcionalidade independem, algumas vezes, do balanceamento de massa, ou seja, do teor de fibras, mas sim da integridade de sua estrutura, a qual,para ser mantida, depende de extrações a pressões baixas e, principalmente, constantes. Caroline Rodrigues é química industrial de

Alimentos, especialista em Engenharia de Produção Eliane Maria de Carli é engenheira-agrônoma,

mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos,

doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos,

Referências BEQUERAT, N. J. Como aproveitar toda a carne de frango. Informe Técnico- Avicultura eSuinocultura Industrial. p. 35-40,1990. BEQUERAT, N. J. Carne Mecanicamente Separada de aves. In: Seminário e Curso Teórico Prático, Campinas, 2000. Agregando valor a carne de aves. Campinas: ITAL. v. 1, 2000. BERAQUET, N. J. Agregando valor à carne de aves: visão geral. In: Seminário e curso teórico-prático “Agregando Valor à Carne de Aves”. Campinas: CTC/ITAL, 2000. 130 p. BRASIL. Ministério da Agricultura e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária.”Regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de carne mecanicamente separada (CMS) de aves, bovinos e suínos”. Instrução Normativa nº 4 - Anexo I, de 31 demarço de 2000. Diário Oficial da União. Disponível em: <http://extranet.agricultura.gov. br/sislegis- consulta/servlet/VisualizarAnexo?id=1638>. Acesso em: 7 de dezembro de 2010.

coordenadora do curso de Engenharia de Alimentos

OLIVO, R. O Mundo do Frango: cadeia produtiva da carne de frango. Criciúma: Editora Varela, 2006. 680 p.

Simone Canabarro Palezi é engenheira de

STRIEDER, R. Diretrizes para elaboração de projetos de pesquisa. Joaçaba: UNOESC, 2009.

Alimentos, professora do curso de Engenharia de

TERRA, N.N. Apontamentos de tecnologia de carnes. São Leopoldo: Editora UNISINOS, 1998. 216 p.

– Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc) Alimentos, mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Unoesc

Novembro 2012

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Sxc.hu

Internacional

Hudson Carvalho Silveira

O consumo nos EUA em números - Parte 2

N

o mês passado, abordamos vários aspectos do consumo nos Estados Unidos. Agora, seguimos para analisar o que ocorreu com o consumo das proteínas animais na alimentação dentro do lar no período de 2006 a 2011 e também as projeções para 2012 e 2013. Como vimos na edição passada, com a crise, o consumidor passou a buscar mais o varejo como sua fonte de abastecimento para alimentação. Para a análise, vou cruzar dados do Departamento do Trabalho e do Departamento de Agricultura americanos para entender melhor essa dinâmica de gastos e preços no mercado. As categorias de produtos analisadas na pesquisa de gastos do Departamento do Trabalho são carnes, ovos, lácteos, gorduras e óleos, frutas e vegetais, açúcares e doces, cereais e pães, bebidas não alcoólicas e outros alimentos. Dentro da categoria de carnes, elas são subdivididas em carnes vermelhas ou red meats, compostas por carnes bovina, incluindo vitelos, suína e outras carnes vermelhas, depois aves, peixes e frutos do mar e outras carnes. Existem outras subdivisões para as demais categorias também, mas não vou explorá-las. Assim, fica a importância das categorias no gasto do consumidor, conforme pode ser visto no Gráfico 1. Veja que a base não é a mesma nos gráficos. A base 100% refere-se ao gasto total em alimentos, dentro e fora de casa; a categoria de carnes na alimentação dentro de casa 64

participa em 12,5% do total de gastos com alimentação do consumidor americano. Fora do lar, ele também consome carne, mas não mostramos aqui o dado e não vai ser o foco da análise. Ao olharmos os dados de gastos médios em valor desse consumidor na categoria de carnes entre 2006 e 2011, temos como resultado o Gráfico 2. Podemos concluir, diretamente, que as carnes formam a maior parcela do Gráfico 1.

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gasto na alimentação do consumidor americano e mais, por eu não ter demonstrado aqui, mas pelas pesquisas que fiz, quanto mais alta a renda maior a parcela do salário destinada ao gasto com carnes, sendo as carnes vermelhas mais intensificadas no consumo. É então de se esperar que, em um momento de crise econômica, as carnes vermelhas fiquem mais expostas aos impactos da crise do que as outras carnes, em razão de seu preço mais alto que as demais por unidade de peso. No mesmo Gráfico 2, podemos ver, entre os anos de 2008 e 2010, onde os efeitos da crise ainda estão presentes e com intensidade. O gasto com carne bovina diminui continuamente, sendo o pior momento em 2010, onde não houve salvação para nenhuma categoria de carne – todas amargaram redução no gasto do consumidor. Mas porque isso aconteceu em 2010? Bem, para responder a isso, vamos analisar alguns fatores que, no meu ponto de vista, podem ser os mais prováveis. A variação de preço. O consumidor diminuiu o gasto com carnes por elas terem subido de preço e ele buscou uma alternativa

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Gráfico 2.

de proteína mais barata ou o preço caiu e ele continuou

comprando a mesma quantidade gastando menos. Ele teve que direcionar o seu orçamento para cobrir outro gasto e sobrou menos para gastar com alimentação e as carnes foram afetadas ou outra possibilidade.

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Internacional

Tendo em vista a alternativa preço, os dados de variação anual de preços das carnes em áreas urbanas nos Estados Unidos é mostrado no Gráfico 3.Os números indicam a variação percentual média do preço pelo país. Nesse mesmo gráfico, vemos que os preços de todas as carnes sobem em 2008 com relação a 2007: bovinos +4,5%, suínos +2,3%, outras carnes vermelhas +3,1%, aves +5% e pescado +6%, mas em 2009, bovinos e suínos sofrem redução de 1% e 2%, respectivamente; Gráfico 3.

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aves sobem 1,7% e pescado segue a mesma linha com 3,6%. Observando o Gráfico 2, a redução de gastos em carnes em 2009 e 2010 foi de 1% e 7%, respectivamente. A variação de preço das carnes no mesmo período foi de +0,5% e +1,9%. Digo que, provavelmente, o preço foi um dos fatores que fizeram o consumidor reduzir o gasto e, consequentemente, ele reduziu a quantidade de carnes comprada no período. Mas se olharmos dentro da categoria de carnes, os bovinos e suínos tiveram redução de preços como descrito acima, então pode ter havido migração de quantidade dentro das categorias e redução de volume em outras. Deixei, de propósito, duas outras categorias que não são carnes no Gráfico 3, como ovos e lácteos, muito consumidos nos Estados Unidos. A variação de preço dos ovos foi caótica entre 2005 e 2010, o que pode ter gerado algum distúrbio no consumo em quantidade e que, em 2009, teve baixa considerável. Os lácteos, que em 2009 sofreram grande baixa nos preços, também como nos preços dos ovos, podem ter atraído mais consumidores para as compras substituindo outras proteínas. Então, não conseguimos explicar totalmente a diminuição do gasto em carnes somente pela variação de preços.

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Vamos a outra causa possível. O gasto do americano em 2010, que apesar de oficialmente fora da recessão desde junho de 2009, ainda ressentiu em 2010 os efeitos desta crise. Nas sete maiores categorias de gastos analisadas, como alimentação, habitação, roupas e serviços, transportes, saúde, entretenimento e seguros pessoais e pensão, cinco delas apresentavam redução dos gastos desde 2009, sendo as maiores quedas em entretenimento com 7%, alimentação com 3,8% e habitação com 2%; somente transporte e saúde tiveram aumentos nos gastos, subindo 0,2% e 1%, respectivamente. A América é uma nação movida a gasolina, e ela foi um dos principais fatores nesse aumento de gasto dos transportes; sozinha, ela representou uma alta de 7,4% dentro do grupo de transportes em 2010, segundo o Bureau de Análises Econômicas dos Estados Unidos. Então, não só variação de preços e aumento de gastos em outras categorias influenciaram a diminuição dos gastos com carnes; o consumidor buscou economizar nesse momento de crise, como se verificou em 2010. Os consumidores gastaram 77% dos seus salários contra 78,1% em 2009; o salário médio caiu 0,6%, mas o gasto geral foi reduzido em 2%. Fica evidente que o consumidor ainda não acreditou em

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uma recuperação da economia em curto prazo. Em 2010, o relatório da Nielsen, importante empresa de pesquisa, indicava que no segundo semestre de 2010 o índice de confiança do consumidor americano foi de 81pontos, indicando que continuava baixo; níveis acima de 100 indicam otimismo do consumidor para as compras.

“Não só variação de preços e aumento de gastos em outras categorias influenciaram a diminuição dos gastos com carnes; o consumidor [norteamericano] buscou economizar nesse momento de crise, como se verificou em 2010 Isso pode explicar uma boa parte da parcela remanescente da diferença na queda do gasto com carnes, como sendo um comportamento do consumidor e não uma influência das carnes em si, gerando um novo comportamento para

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Internacional

reduzir o consumo. Mas como já descrevi em outra edição desta revista, o consumo de carne bovina nos Estados Unidos vem mostrando uma tendência de redução de consumo ano a ano por uma série de fatores; um deles é o preço que continuamente vem subindo nos últimos anos. Se o leitor se interessar e quiser buscar mais dados sobre o mercado americano, vai encontrar categorias de consumidores que aumentaram o seu consumo de carne, não tenho dúvidas – consumidores com maiores rendas, de grupos étnicos como os hispânicos ou pelas raças, eles têm comportamento diferente dentro da mesma categoria e que, se bem identificado, pode ser explorado para que empresas possam focar o seu arsenal de vendas onde as águas ainda são promissoras para navegar. Estar em mercados onde outros não acham; este é o lado interessante do trabalho de planejar as vendas. Se existem dados, histórico e consistência destes dados, a chance de se produzir informação de qualidade é muito grande. Claro que somente dados, por melhores que sejam, não podem ser 100% da base de tomada de decisão; são a presença no campo, a conversa com os clientes e o cruzamento de informações que vão dar a tranquilidade para apontar uma direção precisa.

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Nos Estados Unidos, a quantidade de dados oficiais disponíveis a custo zero é grande, mas ela demora para ser atualizada. A informação de dados de institutos pagos são mais rápidas e também seguras. Eu usei dados do governo e de institutos pagos quando estive atuando nos Estados Unidos para ganhar participação de mercado com uma marca de carnes enlatadas e foi muito importante o apoio das informações obtidas para montar o plano tático, determinando onde, concorrentes-alvo e com qual intensidade e recursos o trabalho deveria ser feito para atingir o objetivo. Posso dizer que foi um sucesso a entrada da marca no maior mercado local dessa categoria de produtos. Deixando o passado de lado e olhando o presente, quando analisamos itens importantes da cesta de consumo de carnes do americano, podemos ver o comportamento dos preços dos produtos de carne no varejo. Um item de peso na categoria de carne bovina é a carne moída de dianteiro, muito consumida pelas famílias e também no setor de food servisse. Aqui, mostro dados recentes do índice de variação de preço no varejo das zonas urbanas americanas desse item, juntamente a outros substitutos mais comuns que o consumidor pode lançar mão; veja no Gráfico 4.

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Gráfico 4.

A consequência do preço do milho, como comentado por mim duas edições atrás [RNC 427], mostra os seus efeitos de altas e baixas acentuadas no mercado. Comportamento de liquidação de planteis de suínos pelos criadores para evitar mais prejuízo, tido por aqueles que, por exemplo, não fizeram ou não tiveram condição de fazer hedge do milho, é facilmente visto nos meses de junho a agosto e, depois que o estoque do produto em liquidação acabar, o produto deve voltar à realidade da conjuntura atual de preços nos meses de setembro em diante, com estoques menores e preços de milho um pouco mais baixos que no meio do ano. O frango também, altamente dependente do milho, segue um movimento caótico de preços com altas e baixas expressivas de preço, confundindo o consumidor na sua decisão de compra. Para o ano que vem, como vemos no Gráfico 3, as previsões de variação de preços para todas as proteínas animais são positivas e com números expressivos como os da bovina, entre 4% e 5%, impacto do resultado de menor número de animais confinados este ano ante o passado, de aves de 3% a 4% e os suínos, logo em seguida, com uma previsão de aumento entre 2,5% e 3,5%. Vamos acompanhar o desenrolar dessa história, pois se o milho e a soja indicarem mudanças acentuados no rumo dos preços, estas previsões podem ser revistas, para cima ou para baixo, e aí o mercado vai buscar outro equilíbrio de preços não só na América, mas mundialmente falando, trazendo efeitos inclusive aqui para o Brasil. Hudson Carvalho Silveira é formado em Engenharia Química Industrial com MBA em Administração pela Fundace-USP. Possui experiência de 16 anos no setor, em empresas como Wal-Mart Brasil, Bertin e JBS-Friboi. Hoje, atua como consultor internacional no segmento de alimentos silveira.hudson@ymail.com Novembro 2012

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Destaque

Patrick Parmigiani

Seminário Internacional de Industrialização da Carne debate futuro do setor

Promovido pelo Senai-SC/Chapecó paralelamente à MercoAgro 2012, evento chega à sua nona edição com palestras nacionais e internacionais que levaram o melhor em conhecimento tecnológico e de mercado a um grande público

O

Centro de Cultura e Eventos de Chapecó (SC) recebeu cerca de 300 pessoas para o 9º Seminário Internacional de Industrialização da Carne. Nas palavras de Ivânia Biazussi Thomas, diretora do Senai de Chapecó, essa foi a melhor edição já realizada do evento. “A melhor porque a política do Senai pede para fazermos melhoria contínua, mas este ‘melhor’ tem um porquê que está baseado nas parcerias internacionais que estamos estabelecendo, uma vez que a maior dificuldade que tínhamos nas edições anteriores era conseguir palestrantes internacionais”, comemora. Ivânia lembra que, para o seminário deste ano, o Senai já tinha todos os palestrantes definidos desde o fim de 2011. “Estamos em uma condição de poder escolher o palestrante, porque cada instituto com o qual temos parceria possui especialistas para as mais diversas áreas. E como o Senai tem como visão ser indutor da inovação, procuramos trazer as tendências, perspectivas e as novas tecnologias para o evento”, finaliza. A organização e realização do seminário ficaram por conta do Senai-SC/Chapecó, com o apoio da Revista Nacional da Carne/ BTS Informa e da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (Acic).

Ivânia Thomas, diretora do Senai de Chapecó

Gestão Estratégica da Inovação

O superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL/ SC), Natalino Uggioni, apresentou a palestra Gestão Es70

Fotos: RNC

tratégica da Inovação. Por que inovar? Qual é a visão dos empresários, as expectativas e os temores quando se fala em inovação? Como saber se há maturidade organizacional para mudanças? A competitividade do Brasil depende do aumento da inovação nas empresas? Essas e outras questões foram levantadas por Uggioni. Segundo mostrado por ele, a inovação no Brasil é incipiente, com desempenho abaixo do esperado, reflexo da falta de incentivos para pesquisa. Apesar disso, o palestrante lembrou que há o aumento do interesse pela Lei do Bem, que prevê incentivos fiscais a empresas que desenvolverem inovações tecnológicas. “Mesmo num cenário de retração econômica, as empresas nacionais têm mantido investimento em P&D, comportamento nunca registrado antes.” Uggioni apontou para a necessidade de que as organizações tenham como referência algum modelo de gestão da inovação, e citou as publicações da cartilha e da Metodologia IEL/SC, concluindo: “Lições de inovadores: não é fácil, nem simples, gerenciar um negócio. Gerenciar a inovação é ainda mais difícil. O IEL/SC pode e quer ajudá-los a superar este desafio!”. Novembro 2012


Outubro 2012

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Destaque

Usando as Tendências para Alavancar a Indústria de Carnes

Marcos Sánchez-Plata, especialista em Segurança dos Alimentos para o Inter-American Institute for Cooperation on Agriculture (IICA/EUA), apresentou as principais tendências tecnológicas e nos mercados consumidores que influenciam a indústria frigorífica. “Os consumidores têm cada vez mais poder em decidir o que comem, como comem e como querem que esta comida seja feita”, disse. Segundo ele, em entrevista à RNC, estamos em uma batalha porque a indústria da carne foi “colocada na cruz, e a estão atacando muitíssimo”. Sánchez-Plata lembrou que a carne é um alimento muito nutritivo e necessário para a dieta humana, e tranquilamente saudável. “Há grupos opostos que estão afetando a indústria da carne, na parte de produção, de bem-estar animal, de utilização de químicos, drogas, etc. em nível de produção, atacando aspectos nutricionais destes alimentos, procurando espantar o público com quantidade de gordura, com os ingredientes, conservantes e aditivos, os quais, se bem manipulados, se estiverem respaldados por um bom marco regulatório, embasados em ciência e se estiverem bem aplicados, formulados e inspecionados pelas autoridades oficiais, seguem sendo uma boa fonte de alimento para a população. E a ideia é que sejam mais acessíveis para que mais gente possa consumi-los.” Sánchez-Plata mencionou ainda as oportunidades e desafios proporcionados pelas redes sociais. “As redes sociais permitem transmitir mensagens muito rapidamente, mas de modo lastimável as mensagens que os consumidores recebem nem sempre são boas. Este é o risco. Na internet há muita informação não necessariamente científica ou fidedigna, e os consumidores se deixam convencer, muitas vezes, por informações errôneas.” O palestrante ressaltou que a indústria tem o desafio de comunicar-se melhor com o consumidor. “A indústria deve ser mais transparente para demonstrar o que ela é, como e por que produz. Pois se seguirmos não demonstrando transparência, sempre vão suspeitar que temos algo a esconder. Deve-se melhorar a comunicação com o consumidor, seja pelas redes sociais, demais canais da internet, campanhas publicitárias, contato direto com o consumidor nos supermercados, nas próprias embalagens e rótulos, falando sobre os benefícios dos produtos cárneos”, finalizou.

Tendências e Inovações em Produtos Cárneos A pesquisadora científica do Centro de Tecnologia de Carnes (CTC/Ital), Ana Lúcia da Silva Corrêa Lemos, 72

Cerca de 300 pessoas assistiram às apresentações

abordou as principais tendências do consumo de alimentos levantadas em pesquisa realizada pelo Ibope/Fiesp para elaboração do documento BFT 2020 e analisou relatórios de outras pesquisas de mercado (Business Insights, Innova, Datamonitor, Mintel, Health Focus International). Isso com foco específico em produtos cárneos, ressaltando-se as oportunidades para a indústria frigorífica atender às expectativas dos consumidores com produtos inovadores. As tecnologias disponíveis para o desenvolvimento de produtos cárneos inovadores, incluindo-se ingredientes, processos, equipamentos e embalagens, adequados às tendências de sensorialidade e prazer, saudabilidade e bem-estar, conveniência e praticidade, confiabilidade e qualidade foram abordadas, com uma visão crítica em função das necessidades das indústrias do segmento. Os desafios tecnológicos e regulatórios envolvidos no processo de desenvolvimento de produtos cárneos inovadores também foram discutidos. Resultados de pesquisas desenvolvidas pelo CTC do Ital, com o objetivo de modificar produtos cárneos tradicionais em benefício da saúde, com redução e substituição de sal e gordura e por meio da adição de ingredientes funcionais, foram apresentados, assim como trabalhos com foco no bem-estar animal, que são uma tendência para produtos cárneos. Em entrevista à RNC, a pesquisadora elogiou a MercoAgro. “A presença de profissionais representantes de diferentes escalões dos frigoríficos, desde operadores de linha a supervisores e gerentes, permitiu colher percepções diferentes a respeito dos insumos (equipamentos, embalagens, ingredientes) ou serviços oferecidos pelas empresas expositoras, o que contribui para as estratégias de comercialização e pode auxiliar a adequação destes às necessidades dos clientes”, afirma Ana Lúcia.

Carne de Frango: Perspectivas Atuais e Futuras

O engº químico Fabio Nunes, consultor nas áreas de tecnologia e engenharia de processamento de aves, dividiu sua apresentação em três partes: as transformações Novembro 2012



Destaque

socioeconômicas pelas quais estão passando a sociedade mundial e que vão impactar o consumo e a produção mundial de alimentos e de carne; as exigências a serem observadas para que possamos atender à demanda por alimento e carne nas próximas décadas em função destas transformações; e por que, neste contexto, a carne de frango se apresenta como a proteína mais promissora ante as demais [leia mais na entrevista Vis-à-Vis da edição passada da RNC, de outubro].

Uma Realidade: Processamento de Carne Utilizando Alta Pressão

O professor e engº Gustavo Victor Barbosa-Cánovas, diretor do Center for Nonthermal Processing of Food (CNPF), na Washington State University (EUA), iniciou sua apresentação pelos conceitos de tenderização e marinação, até chegar à aplicação de alta pressão (HPP) em produtos prontos, um processo de esterilização que permite a redução da carga microbiana e o combate a Listeria, Clostridium botulinum e outros micro-organismos. “Hoje, podemos oferecer produtos cárneos com excelente qualidade e maior vida útil. O mais importante da alta pressão é que ela minimiza a contaminação com o mínimo de dano ao produto”, disse. Ao final da palestra, Barbosa-Cánovas mostrou um vídeo sobre um grande frigorífico canadense (Maple Leaf Foods) que utiliza o processo de HPP, obtendo retorno do investimento.

em novos conhecimentos, métodos e tecnologias para produzir e vender bens de mercado. “Para aumentar a competitividade, é fundamental pensar além de nossa empresa, buscar potencialidades externas e aliá-las à nossa capacidade de inovação.” Lauren observou que é preciso definir projetos prioritários, saber exatamente o que se quer, verificar que tecnologias e recursos externos são necessários e de que forma serão conseguidos para que os objetivos sejam atingidos. “Há várias maneiras de descobrir quais tecnologias são necessárias, visualizar oportunidades de negócios, planejar os objetivos e determinar o prazo para alcançar o que se pretende. E quando a empresa já dispõe de tecnologias, há necessidade de buscar parcerias que possam ajudar no projeto”, destacou Lauren.

Competitividade foi o foco da palestra de Lauren Sammel

Demais palestras

Barbosa-Cánovas responde a questões do público

Melhorando a Competitividade na Indústria da Carne

A cientista principal em processo de ingredientes da Kraft Foods, Lauren Sammel, membro da Divisão de Alimentos Musculares do Institute of Food Technologists-IFT/EUA, ministrou a palestra sobre competitividade. Segundo ela, as empresas estão em busca constante por melhores resultados, o que motiva o investimento 74

Os outros temas abordados durante os dois dias de evento foram: Adaptando Novas Tecnologias para o Processamento da Carne, por Tatiana Koutchma, pesquisadora do Agriculture and Agri-Food Canada; Estratégias Tecnológicas para a Redução de Sódio em Produtos Cárneos Processados, Rodrigo Tarté, diretor de P&D da John Morrell Food Group, e Gestão de Sistemas de Segurança Alimentar na Indústria de Alimentos, por Peter J. Taormina, que atua como cientista principal na John Morrell Food Group, Corporate Food Safety & Quality. Na próxima edição da Revista Nacional da Carne, leia a terceira e última parte da cobertura da MercoAgro 2012, que incluirá o Salão de Inovação – evento que também teve a organização do Senai/SC-Chapecó. No Vis-à-Vis desta edição e da edição passada, acompanhe entrevistas exclusivas com os coordenadores do curso Escola de Processamento Avícola 2012, outro evento realizado paralelamente à MercoAgro pelo Senai de Chapecó. Novembro 2012


Mundo Corporativo

N

este Caderno Especial, a RNC reúne mensalmente artigos sobre gestão redigidos por consultores, profissionais liberais e demais especialistas. Trata-se de informação com alcance global, na medida certa para as necessidades de pequenas empresas a grandes corporações. Aproveite a leitura!

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Business Intelligence Maurício Piccinini

Exportação: métricas e indicadores

contribuem na tomada de decisão?

“E

xportar ou morrer”. O brado dos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva ainda ecoa no meio empresarial, gerando reflexões e desejos de internacionalizar o País e as empresas cujos potenciais produtivo e de investimentos dependem da visão clara da corrente de comércio mundial. As exportações representam extraordinária alavanca do desenvolvimento. Se o setor exportador vai bem, a economia agradece e gera renda e empregos. Além disso, expõe o Brasil a um nível elevado de competição – o que é extremamente saudável para a indústria nacional, na medida em que é obrigada a se modernizar para conquistar novos mercados. Medir a corrente de comércio do Brasil e a corrente de comércio mundial pode ser uma boa maneira de amparar a decisão de exportar imediatamente ou adequar a empresa para essa empreitada. O objetivo de exportar pode ser alcançado, mesmo nestes tempos de globalização e de acirrada competição nos negócios, por meio da extração rápida e precisa – e, por que não dizer, cirúrgica – de informações, com o propósito de criar dimensões, medidas e visões estratégicas para a tomada de decisões sobre mercados-alvo, produtos, logística, etc. A análise e a interpretação correta dos dados proporcionam uma visão holística da corrente de comércio mundial. Nesse cenário, parece essencial disseminar a cultura da análise estratégica de dados. Em especial, daquelas informações provenientes dos mercados externos por meio do conceito revolucionário de Business Intelligence (B.I). Infelizmente, ainda há muitas empresas adquirindo bancos de dados a um custo exorbitante para, em seguida, concluírem que se tratou de um investimento frustrado. A “sopa de letras” não produziu a visão estratégica que se imaginava imprescindível à prosperidade da empresa. Diferentemente do senso comum, o conceito de Business Intelligence não é novo. Nações proeminentes e outros povos do Oriente utilizavam esse princípio há 76

milhares de anos, quando cruzavam informações obtidas do ecossistema em benefício próprio. Observar e analisar os períodos de seca e de chuvas, o comportamento dos animais, a posição dos corpos celestes, por exemplo, eram formas de obter e utilizar informações para tomar decisões que permitissem proporcionar uma vida melhor para os povos e aumentar a prosperidade.

A necessidade de cruzar informações para realizar uma gestão empresarial eficiente é, hoje, uma realidade tão verdadeira quanto foi no passado descobrir se as mudanças climáticas resultariam numa boa colheita ou se o ciclo das marés propiciaria uma pescaria mais abundante Muita coisa mudou com o passar do tempo, mas o conceito permanece o mesmo. A necessidade de cruzar informações para realizar uma gestão empresarial eficiente é, hoje, uma realidade tão verdadeira quanto foi no passado descobrir se as mudanças climáticas resultariam numa boa colheita ou se o ciclo das marés propiciaria uma pescaria mais abundante. Mais um exemplo: no final do século 16, a rainha Elizabeth I, visando ocupar territórios conquistados, determinou que a base da força inglesa fosse “informação e comércio”. Sendo assim, solicitou ao filósofo Francis Bacon que inventasse um sistema dinâmico de informação que foi amplamente aplicado pelos ingleses. O crescente interesse pelo B.I se deve à constatação de que seu emprego possibilita às corporações realizar uma

Novembro 2012


série de análises e projeções, de forma a agilizar os processos relacionados às tomadas de decisão. Corporações de pequeno, médio e grande porte necessitam do B.I para auxiliá-las nas mais diferentes situações para a tomada de decisão, e ainda para otimizar o trabalho da organização, reduzir custos, eliminar a duplicação de tarefas, permitir previsões de crescimento da empresa como um todo e contribuir para a elaboração de estratégias. Não importa o tamanho da empresa, mas a necessidade do mercado. A maioria dos analistas enxerga a aplicabilidade eficiente do B.I em todas as empresas, inclusive naquelas que apresentam faturamento reduzido, desde que analisado o fator custo–benefício. No Brasil, soluções de Business Intelligence estão em bancos de varejo, em empresas de telecomunicações, seguradoras e em toda instituição que perceba a tendência da economia globalizada, em que a informação precisa chegar de forma rápida, precisa e abundante porque a sobrevivência no mercado será medida pela capacidade de “gerar conhecimento”. Mais do que isso: somente quem fizer uma boa gestão do conhecimento irá fundamentar políticas e estratégias corporativas. O retorno que se espera de um sistema de B.I depende das prioridades de cada empresa. As ferramentas de Business Intelligence continuam evoluindo, já que o mercado possui enorme potencial de crescimento. A velocidade imposta pelos negócios na web exige que se dê a quem decide toda disposição e autonomia para agir. O Gartner Group, do mesmo Howard Dresner que deu nome ao B.I, reconheceu que 2011 foi marcado por uma mudança na visão da aplicabilidade dos softwares. O que se pode imaginar para o futuro, inclusive dos negócios internacionais,

é muito menos o que podemos chamar de ferramentas e muito mais o que o mercado competitivo necessita com urgência: soluções.

Maurício Piccinini é gerente de Negócios da Unione | www. unione.com.br

Mais sobre a Unione A Unione atua nacional e internacionalmente na área de T.I, atendendo cerca de 180 clientes ativos – de uma carteira com mais de 600 instituições de médio e grande portes já atendidas. Com sede em Alphaville e filiais em Campinas e Rio de Janeiro, a empresa tem forte presença no setor de serviços, telecomunicações, varejo, mercado financeiro, mineração, indústria de processos, de manufatura discreta, alimentícia e farmacêutica.


Jurídico Luiz Eduardo Lucas de Lima

Arbitragem, o meio alternativo na solução de conflitos

O

direito empresarial, assim como as demais áreas do direito, não está imune às constantes e cada vez mais exponenciais evoluções da sociedade civil, deparando-se frequentemente com o desafio de trazê-las ao mundo jurídico. Surge, nessas ocasiões, uma das mais tormentosas questões: o direito deve ser ágil o suficiente para regular as relações na exata medida em que estas se estruturem ou deve servir de instrumento para dar o devido embasamento legal a valores assentados e regimes já devidamente consolidados pelo tempo, usos e costumes, independente das necessidades da sociedade civil? Atualmente, um dos pilares do processo civil brasileiro é a sua efetividade e, neste sentido, é que estão se desenvolvendo os louváveis esforços na direção de reduzir o tempo entre a formulação do pedido inicial pela parte e a entrega da tutela jurisdicional, monopólio do Estado. O direito empresarial não está imune a isso e sofre, com frequência, os nefastos efeitos da morosidade da Justiça. Uma solução societária tardia é, em geral, ineficaz para os fins a que se destina. E assim será, cada vez mais, diante da velocidade nas relações comerciais e negociais. Nesse cenário, a arbitragem, como meio alternativo de solução de conflitos instituído em 1996, tem crescido significativamente em virtude de seus inegáveis benefícios.

Uma solução societária tardia é, em geral, ineficaz para os fins a que se destina. E assim será, cada vez mais, diante da velocidade nas relações comerciais e negociais. Nesse cenário, a arbitragem, como meio alternativo de solução de conflitos (...), tem crescido significativamente em virtude de seus inegáveis benefícios O Código Civil não contém previsão específica para a adoção de procedimentos arbitrais em sociedades limitadas, porém, o contrato social pode perfeitamente prever cláusula compromissária de arbitragem para solução de 78

conflitos, seja por previsão autônoma, seja com a opção pela regência supletiva da Lei das Sociedades por Ações, o que tornaria aplicável o disposto no artigo 109, § 3º, do referido ditame legal, que prevê a adoção de arbitragem para as companhias. Na hipótese de inserção da cláusula compromissória, entendemos ser indispensável que todos os sócios assinem o instrumento contratual que contenha os dispositivos que regulem a possibilidade de solução de conflitos por meio de arbitragem, evitando-se, assim, eventuais questionamentos por parte de sócios que, por não assinarem o instrumento, poderiam alegar não estarem compromissados de forma expressa às regras de arbitragem. Assim, especialmente se a inclusão de cláusula compromissória decorrer de alteração contratual, faz-se necessária a aprovação de todos os sócios, para que a sua validade não possa vir a ser questionada futuramente por ausência de adesão. Cumpre-nos destacar, sob esse aspecto, que a inserção da arbitragem como meio de solução de conflitos deve ser avaliada e sopesada com muita cautela, na medida em que importa em alto custo financeiro que pode, eventualmente, ser incompatível com a realidade financeira da sociedade e dos sócios. Feita a ressalva acima, entendemos que deve ser acrescentada, com celeridade, a previsão de arbitragem como meio de solução para as questões societárias oriundas de sociedades limitadas, seja pelos benefícios que a medida gera para a sociedade e sócios, seja pela notória dificuldade do Poder Judiciário no enfrentamento de complexas questões de direito societário.

Luiz Eduardo Lucas de Lima é sócio do escritório Lucas de Lima e Medeiros Advogados; pós-graduado em Direito Empresarial pela Universidade Presbiteriana Mackenzie de São Paulo Novembro 2012


Outubro 2012

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Finanças Mikio Kawai Jr.

Você sabe quanto sua empresa paga pela energia?

Hoje, uma indústria brasileira paga a quarta energia mais cara do mundo no mercado cativo (...). Para caráter comparativo, com exceção da Itália, os demais países do G8 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Japão, Reino Unido e Rússia – praticam preços inferiores ao Brasil Tal oscilação é basicamente atribuída ao fato de a principal fonte energética brasileira ser a hidrelétrica, ou seja, o País fica muito suscetível às intempéries da natureza, como períodos de chuvas muito escassas ou em excesso. Isso estimula, no mercado energético, uma busca constante por novas fontes, sobretudo as 80

renováveis, para que a classe empresarial não fique tão amarrada às condições climáticas e à variação pluvial, o que resulta em economia para as empresas e contribui com a sustentabilidade do meio ambiente. O movimento em prol de energia mais limpa já é muito intenso entre as empresas. Muitas, ao ingressarem no mercado livre, optam por receber energia proveniente de uma matriz mais sustentável, como de biomassa, eólica, solar, entre outras. Isso é primordial para que o Brasil se desenvolva de forma mais sustentável e estabeleça padrões internacionais de crescimento, respeitando o meio ambiente e gerando receitas com menores gastos. Mikio Kawai Jr. é economista pela FEA-USP (1995), mestre em economia pela Unicamp (1999 - dissertação sobre gestão de riscos) e Advanced Executive Management pela IESE Business School (Espanha 2011). Iniciou a carreira no mercado financeiro, tanto nacional como estrangeiro, em bancos de investimentos; migrou para o mercado de energia na sua gênese, em 1998, tendo trabalhado na CPFL Energia at������������������������������������ é����������������������������������� 2004; atuou como gerente de suprimento de energia na AES Brasil e gerente de operações na Openlink (Nova York e São Paulo). Desde 2008, ocupa o cargo de diretor executivo do Grupo Safira Divulgação

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abe-se que a volatilidade de investimentos é preocupação recorrente entre os empresários. O que muitos desconhecem, porém, é que a oscilação de ativos, como Bolsa de Valores e o dólar comercial, pode ser significativamente inferior à variação alcançada pelo preço da energia, no mercado ������������������������������ livre, podendo ocasionar impacto aumentando os custos das empresas, caso não tenham um acompanhamento especializado. É notório que, nos últimos três anos, o preço da energia convencional – resultado da soma do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) e do ágio – atingiu desvalorização de 50% e chegou ao pico máximo próximo a 230%. Uma empresa sem planejamento coeso e a longo prazo pode ter pago por este suprimento, no primeiro semestre de 2012, entre R$ 31,31 e R$ 212,80. Enquanto isso, a variação do índice Ibovespa e do dólar comercial se aproximou de zero. Hoje, uma indústria brasileira paga a quarta energia mais cara do mundo no mercado cativo, perdendo apenas para a Itália, Turquia e República Tcheca. Para caráter comparativo, com exceção da Itália, os demais países do bloco econômico G8 – Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Japão, Reino Unido e Rússia – praticam preços inferiores ao Brasil. O governo da China, segundo maior exportador do mundo, cobra pelo megawatt/ hora de suas indústrias pouco mais da metade do preço tabelado no Brasil.

Sobre a Safira Energia A Safira é um grupo de capital nacional que reúne profissionais especializados e experientes no setor elétrico. Agente de comercialização homologado pela Aneel e CCEE, é apta a negociar energia incentivada e convencional. Além disso, atua como consultora e prestadora de serviços de consultoria e gestão para agentes do mercado. Com taxa de crescimento dos montantes negociados em torno de 30% ao ano, a expectativa de faturamento da empresa para 2012 é de R$ 250 milhões. Para isso, sua estratégia passa pela ampliação do número de clientes atendidos pela comercializadora e consultoria em energia, bem como o aumento dos montantes negociados no mercado. Novembro 2012


Outubro 2012

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Mercado de Trabalho

Sxc.hu

Iêda Novais

Lideranças empresariais: a essencial presença feminina

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s vantagens de termos uma mulher como a primeira presidenta da República do Brasil e a posição de destaque que o País vem alcançando no cenário internacional são imensuráveis. A oportunidade tem favorecido e estimulado espaços para que mulheres líderes possam se mobilizar e imprimir novos rumos ao desenvolvimento do País, definindo um papel mais ambicioso na busca por uma atuação mais marcante na vida política, econômica e social. Para se ter um ideia dessa evolução, em 1950, apenas 13,6% das mulheres em idade ativa estavam no mercado de trabalho. Esse percentual alcançou 53,7% em 2011. De acordo com o último censo do IBGE, elas se tornaram maioria no Brasil, sendo 51% da população brasileira.

Em um total de 2.647 posições de conselho efetivas em maio de 2011, apenas 204 eram ocupadas por mulheres, representando 7,71% do total, sendo que 66,3% das empresas listadas não incluem mulheres em seu conselho [Conselhos de Administração, diretorias estatutárias e conselhos fiscais das empresas listadas na Bolsa de Valores] 82

Mas a realidade é que, apesar da significativa participação das mulheres na população economicamente ativa e da maior quantidade de anos dedicados aos estudos em relação aos homens, ainda é bastante reduzido o número das que ocupam cargos hierárquicos mais altos no País. Por exemplo, um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) apresenta um panorama da presença de mulheres nos Conselhos de Administração, nas diretorias estatutárias e nos conselhos fiscais das empresas listadas na Bolsa de Valores. Em um total de 2.647 posições de conselho efetivas em maio de 2011, apenas 204 eram ocupadas por mulheres, representando 7,71% do total, sendo que 66,3% das empresas listadas não incluem mulheres em seu conselho. Na prática, percebemos que a presença feminina em cargos de liderança está em evolução nos últimos anos, embora a predominância ainda seja masculina, especialmente no topo da pirâmide hierárquica das empresas. Uma observação importante é que o crescimento alcançado não está ligado diretamente à ocupação de cargos de liderança, mas o crescimento da participação feminina no mercado de trabalho também levou a transformações setoriais nas empresas e fora delas. A mudança no papel das mulheres na sociedade brasileira pode ser notada também pelo aumento significativo do número de famílias com filhos chefiadas por elas. Novembro 2012


O pontapé inicial está em dar maior visibilidade aos exemplos femininos de sucesso e depoimentos de presidentes e presidentas de empresas que incentivam a conciliação da vida profissional e pessoal, como forma de desmistificar o tema, abordando de maneira clara e honesta as barreiras e dificuldades das mulheres que se tornaram líderes em suas organizações O pontapé inicial está em dar maior visibilidade aos exemplos femininos de sucesso e depoimentos de presidentes e presidentas de empresas que incentivam a conciliação da vida profissional e pessoal, como forma de desmistificar o tema, abordando de maneira clara e honesta as barreiras e dificuldades das mulheres que se tornaram líderes em suas organizações. Outro ponto importante está em planejar e desenvolver nas empresas experiências piloto de reorganização do uso do tempo e organização do trabalho por meio de incentivos à constituição de redes de executivas. Transformar valores e mudar comportamentos ainda arraigados em nossa sociedade em relação ao papel e à presença da mulher no mercado de trabalho não é uma tarefa fácil. Vale lembrar que a equidade é uma garantia de competitividade para um país moderno, igualitário e democrático. E a participação e o fortalecimento da presença feminina no mercado de trabalho permitem um aumento da autoestima e da renda e possibilita ainda um maior envolvimento do homem no cotidiano do grupo familiar. Divulgação / Anuga 2009 (Arquivo)

As barreiras para atingir a equidade de gêneros dentro das empresas ainda são muitas. A busca de compromissos pelas líderes de organizações está se materializando em ações afirmativas de empoderamento da mulher no ambiente de trabalho e na promoção e valorização de temas como governança e liderança para o desenvolvimento de uma economia nacional competitiva, inovadora e inclusiva. Diante desse contexto, torna-se cada vez mais prioritária a construção de políticas para atração, retenção e promoção das mulheres para as organizações fazerem frente ao seu crescimento de forma sustentável. Com a constatação da existência de lacunas nas áreas, verificamos a importância de se pensar em ações ou programas que promovam impactos e que façam a diferença na transformação da sociedade.

Um grupo de mulheres formado pelas executivas das principais empresas brasileiras, da academia, do terceiro setor e da administração pública, apoiando o Ministério do Meio Ambiente na construção de um legado da Rio +20 sobre o papel da mulher na nova economia verde, definiu algumas metas ambiciosas, mas reais, até 2020. No que diz respeito à participação feminina nos Conselhos de Administração, espera-se que seja atingido um percentual de 20% nas empresas de capital aberto, nas companhias públicas e de capital misto. E para que esses objetivos saiam do papel e se tornem realidade também, foi estipulada uma série de ações que devem ser colocadas em prática imediatamente. Novembro 2012

Iêda Novais é diretora da KPMG no Brasil e membro do grupo KNOW – KPMG’s Network of Women 83


Opinião José Roberto Bernasconi

Valter Campanato/ABr

Brasil: a falta de planejamento e a vitória de Pirro

Altamira (PA): obra para a Usina Hidrelétrica de Belo Monte

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m meio ao acirramento da crise econômica internacional, com perspectivas no mínimo pouco otimistas para a economia de diversos países europeus, o Brasil consegue oferecer um panorama razoável para os próximos anos. Esse otimismo relativo deve-se, em grande parte, aos investimentos previstos em nosso país para esta década, com ênfase nos preparativos para a Copa 2014, Olimpíada 2016 e na exploração da camada do pré-sal, especialmente. Essas oportunidades – raras na história de nosso país, diga-se – podem ser desperdiçadas por uma combinação de fatores negativos, principalmente em razão da falta de planejamento e da insuficiência do governo na gestão de programas de infraestrutura, como acontece com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em suas diversas áreas. Os números apresentados pelo mais recente balanço do PAC2 divulgados pelo governo federal revelam que foram investidos R$ 324,3 bilhões nos últimos 18 meses, 34% do total previsto para ser aplicado pelo programa em obras de infraestrutura no período 2011-2014. Parte desse total, destinado a grandes obras de infraestrutura, como a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, 84

por exemplo, tem horizonte superior a 2014. O problema, porém, não está no que é dito, mas principalmente pelo que não é revelado pelo governo. Os números, nesse caso, mais ocultam do que mostram o centro dos problemas. Em relação à mobilidade urbana, por exemplo, das 35 obras que deverão ser feitas nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, somente oito já tinham contrato para execução assinado até outubro de 2011. Dessas, apenas em quatro o primeiro desembolso havia sido feito pela Caixa Econômica Federal, enquanto três tinham licitações em andamento e 24 não haviam iniciado sequer os processos licitatórios. Em abril passado, a informação da Caixa Econômica Federal ao Tribunal de Contas da União (TCU) reportava que, apesar de faltarem apenas quatro operações pendentes de contratação, somente oito já tinham desembolso efetuado, o que equivale a 5% do total previsto. Durante audiência pública em abril com o ministro do TCU Valmir Campelo, a assessoria da Comissão de Desenvolvimento Urbano (CDU) da Câmara dos Deputados divulgou dados baseados em informações da Corregedoria-Geral da União (CGU) e dos Ministérios do Esporte e das Cidades. Segundo esse levantamento, do total de investimentos em mobilidade urbana para a Copa, foram contratados R$ 2,7 bilhões (22%) e executados (efetivamente utilizados) R$ 698,03 milhões (5,64%). Para a Copa das Confederações, que acontecerá em julho de 2013 em seis capitais brasileiras, provavelmente apenas Belo Horizonte conseguirá concluir os dois corredores de BRT (Bus Rapid Transit) previstos no plano de obras da capital mineira para a Copa. Sabemos também, há algumas décadas, que os especialistas em saneamento afirmam que o Brasil precisa investir cerca de US$ 10 bilhões ao ano para resolver essa questão essencial. O penúltimo balanço do PAC, porém, mostrou que das 114 obras de saneamento listadas no programa, apenas oito (7% do total) estavam em execução no início de 2012. E saneamento é básico para a sustentabilidade, que em essência representa a capacidade de as gerações atuais utilizarem os recursos naturais de forma a não comprometer sua utilização pelas gerações futuras. Novembro 2012


A esses problemas, somam-se os relacionados à defasada infraestrutura aeroportuária brasileira, cujos atrasos no cronograma levaram o governo a recorrer aos Módulos Operacionais Provisórios (MOP) como alternativa à falta de planejamento consistente e de contratação de projetos completos de qualidade; acrescentem-se as falhas constatadas no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que há três anos contratou projetos por preços e prazos inexequíveis, e que, em virtude dessa falha de origem, levou à paralisação de todo o cronograma de obras estabelecido na autarquia e à necessidade de contratação de novos projetos.

O conceito-chave é planejamento, em vez da improvisação e falta de gestão que caracterizam a maioria das ações do governo, há anos. O planejamento consistente é desenvolvido com vários anos de antecedência. Baseado em estudos técnicos, consegue definir os empreendimentos públicos prioritários para resolver as carências de infraestrutura do País O conceito-chave é planejamento, em vez da improvisação e falta de gestão que caracterizam a maioria das ações do governo, há anos. O planejamento consistente é desenvolvido com vários anos de antecedência. Baseado em estudos técnicos, consegue definir os empreendimentos públicos prioritários para resolver as carências de infraestrutura do País, dos Estados e dos municípios. A gestão competente, baseada no planejamento, contrata projetos executivos (completos) de arquitetura e engenharia pela modalidade melhor técnica e preço justo, independentes da construção, com a necessária antecedência para que o projeto seja bem desenvolvido, com recursos de tempo e remuneração para realizar os levantamentos topográficos e cadastrais, sondagens de subsolo e ensaios geotécnicos, entre outros, para embasar a definição das melhores soluções técnicas para aquela obra específica. Os projetos de arquitetura e de engenharia especificam e definem o produto final – a obra, o equipamento – e, portanto, são elementos-chave para a contratação da construção. O projeto completo de arquitetura e engenharia carrega em si o DNA, o genoma Novembro 2012

do produto ou do empreendimento a ser construído. Ele é, assim, estratégico. Não existe técnica construtiva que corrija deficiência genética, ou seja, uma boa construção não consegue corrigir os efeitos de um mau projeto. O governo federal, porém, em vez de partir de um planejamento consistente, seguido de gestão rigorosa, com a contratação de projetos executivos, completos e independentes da construção, pelos critérios de melhor técnica e preço adequado, como fazem o BID e o Banco Mundial, busca atalhos que podem levar a situações ainda piores do que a atual no País. A ausência de planejamento e gestão tenta ser driblada com o recurso ao Regime Diferenciado de Contratações (RDC), teoricamente destinado a agilizar a contratação de obras, e, mediante pregão, gerar o menor preço. Após esse atalho, o governo busca outro desvio, que é o de tentar jogar nas costas das empresas brasileiras de projeto as consequências da sua falta de planejamento, sinalizando que pretende contratar empresas estrangeiras de projeto como alternativa “à falta de disponibilidade das firmas brasileiras de projeto de atender à demanda”. A proposta de trazer empresas estrangeiras de projeto poderia ser útil ao País se fosse feita com a obrigatoriedade de formação de consórcios com empresas brasileiras. Assim, poderia haver transferência de conhecimentos e tecnologia, que são fatores-chave para a competitividade internacional do Brasil. A realização da Copa do Mundo da Fifa de 2014, dos Jogos Olímpicos de 2016, da exploração da camada do pré-sal de petróleo, entre outros vultosos investimentos previstos para os próximos anos em nosso país, podem contribuir para um avanço geral da nação, nas suas diversas áreas. Mas sem a cultura do planejamento, da valorização da inteligência e do conhecimento dos profissionais brasileiros de projeto, pode haver apenas um crescimento conjuntural, e não estruturalmente sustentado e de caráter duradouro. Em outras palavras, seria o equivalente, numa competição esportiva, a ganhar algumas partidas, porém, perdendo o campeonato. Uma autêntica vitória de Pirro [expressão usada para exprimir uma vitória obtida a alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis – Wikipédia, 13/9/2012]. José Roberto Bernasconi é presidente da regional São Paulo do Sindicato da Arquitetura e da Engenharia (Sinaenco) e coordenador para Assuntos da Copa 2014 da entidade 85


Empresas & Negócios

Frinox e Arbor levam inovação à MercoAgro

Ivécio Matte e Lourdes Weirich (Frinox) e o diretor-presidente da Arbor, Gilles Nignon

e estática, moedor e picador de blocos. Por fim, na linha de peixes, fornece o chiller lavador de filé, descamador rotativo para peixes, esteira de evisceração e filetagem, lavadora de peixes e mesa estática de filetagem e lavagem de pescados, entre outros maquinários e equipamentos. Já a Arbor Technologies atua há mais de 20 anos no mercado de tecnologia em equipamentos industriais nos diversos setores da indústria agroalimentar. Atualmente, a companhia francesa garante liderar o mercado em termos de qualidade, serviços, projeto e realização, oferecendo um serviço completo adaptado às exigências de seus clientes. Mais informações: www.frinox.com.br | frinox@frinox.com.br www.arbor-technologies.com | info@arbor-technologies.fr

Valvugás lança sistema de Indicador e Transmissor de Carga Elétrica

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Thermal Manager garante mais confiabilidade, pois possibilita a exata análise de consumo do equipamento, permitindo ao usuário obter um retrato enérgico de seus equipamentos. Possibilita ainda uma análise de consumo efetivo, garantindo sempre uma alta produtividade. Em virtude de um poderoso microprocessador, o Thermal Manager confere uma expressiva economia de energia, dando ao operador condições de avaliar o desempenho de cada máquina. 86

Além disso, o produto é simples de instalar, e conta com o sistema integrado com capacidade de comunicação CLP. O Thermal Manager pode ser aplicado em sistemas com óleo térmico e outros fluidos compatíveis, em indústrias como a alimentícia (fritadeiras, etc.), têxtil (ramas, secadoras, etc.) e química (reatores). Além disso, ele pode ser utilizado em melhorias no processo de composição de preço do produto final, pois gera gráfico de consumos de cada equipamento diretamente na tela do computador. Novembro 2012

MB Comunicação

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m sistema de robótica que promete dinamizar o processo de pesagem dos produtos nas indústrias foi uma das novidades expostas pela empresa chapecoense Frinox Equipamentos Industriais na MercoAgro 2012. A tecnologia inédita no Brasil é desenvolvida em parceria com a francesa Arbor Technologies. O diretor industrial da Frinox, Ivécio Paulo Matte, ressalta que a máquina “Robô Aranha” traz praticidade à indústria, pois organiza, seleciona e separa os produtos nas caixas por peso. “É um sistema desenvolvido pra trazer agilidade e praticidade às indústrias de todos os setores.” De acordo com a diretora comercial da Frinox, Lourdes Weirich, a feira proporcionou que as empresas tivessem acesso a esse sistema, necessário para quem investe em tecnologia de ponta. “A feira é a maior que participamos e a que mais recebe visitantes/compradores. Temos a expectativa de grandes negócios no período pós-feira”, acredita. A Frinox atua no mercado desde março de 2003, voltada à fabricação de modernos equipamentos para o abate de aves e peixes e, mais recentemente, ao mercado de industrializados e de bovinos e suínos. Na linha de aves, comercializa o achatador de pacotes, bomba mecânica para transporte de miúdos, bomba para transporte de patas e chiller resfriador, entre outros. Para a linha bovinos/suínos, oferece o balancim, carretilha, chave desvio, conjunto carretilha, desarticulador de maxilar, esteira de desossa, gancheira, entre outros produtos. Na linha de industrializados, comercializa o chiller de tingimento, corrugadora de tripas, descascadeira de salsichas, embalador semiautomático de salsichas, misturadeira bacia móvel


A

Divulgação

Akso apresenta o AK891. Com duas entradas para termopar tipo K, o termômetro possui, segundo a empresa, uma ampla faixa de medição (-200 a 1.372°C) e excelente exatidão (±1°C ±0.15%). A escala termométrica pode ser selecionada em °C (graus Celsius), °F (graus Fahrenheit) ou K (Kelvin). Conta também com função ‘hold’ e registro de máxima e mínima para cada sensor, além de indicar a diferença de temperatura entre os dois sensores (T1-T2) e a temperatura média (AVG). Dotado ainda de um temporizador para alguns eventos. A Akso garante que um dos grandes diferenciais do AK891, em relação à maioria dos termômetros disponíveis no mercado, é a função ‘offset’, a qual permite corrigir eventuais desvios na indicação de cada sensor em até ±5.0°C. O amplo visor LCD possui iluminação (backlight) e indica também o nível da bateria. O desligamento automático após 20 minutos sem uso pode ser habilitado (opcional). Mais informações: (51) 3406-1717 | vendas@akso.com.br

Novembro 2012

Sulmaq felicita Aurora por datas comemorativas

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Sulmaq homenageou a Aurora com uma placa durante a MercoAgro 2012. Entre os motivos dos parabéns, além do aniversário de 43 anos, estão os 20 anos de atividades da unidade industrial conhecida por FACH I, localizada em Chapecó (SC). Na placa, recebida no estande da Sulmaq pelo presidente da Aurora, Mário Lanznaster [na foto, o 2º da esq. p/a dir.], consta a seguinte mensagem: “Nossos sinceros parabéns à COOPERCENTRAL AURORA pelos seus 43 anos de história e pelos 20 anos do FRIGORÍFICO AURORA CHAPECÓ I. Que o pioneirismo e a inovação que marcaram essas décadas de sucesso possam garantir um futuro ainda mais próspero para a empresa, seus profissionais e cooperados. Sentimo-nos orgulhosos por fazer parte da história de uma planta que é referência na indústria de suínos do Brasil. Chapecó, setembro de 2012.”

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Termômetro portátil AK891 com duas entradas e ajuste de offset


Empresas & Negócios

reconhecimento internacional

Plasmetal investe em tecnologia para reduzir custo das indústrias

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undado há mais de 30 anos, o LabTec – laboratório especializado em segmento analítico –acaba de ser considerado um dos melhores laboratórios do mundo, de acordo com a Food Analysis Performance Assessment Scheme (Fapas), órgão europeu provedor de ensaios de proficiência. As análises avaliadas foram aflatoxinas B1, B2, G1 e G2 em ração animal. Em agosto deste ano, a Fapas avaliou 65 laboratórios no mundo. “O LabTec é uma empresa que se preocupa com a qualidade de seus serviços. Os bons resultados dos testes de proficiência dão confiabilidade e segurança aos nossos clientes, permitindo que eles tomem decisões estratégicas de liberação de lotes de produção e exportação”, complementa Edson Brito, gerente-geral do LabTec. Além dos testes de proficiência, o LabTec obteve junto ao Inmetro o aumento do escopo de análises (resíduos de pesticidas em tecido bovino e leite) acreditadas pela ISO 17025, que garante a rastreabilidade e sistema da Qualidade em laboratórios de ensaio. É um requisito para os laboratórios credenciados pelo Mapa e Anvisa. Seu portfólio de análises está apto a atender empresas dos setores químico, veterinário, de nutrição animal, alimentício, de cosméticos, entre outros. O LabTec oferece ao mercado os serviços: estudos de estabilidade de produtos e análise de resíduos de medicamentos em sangue, leite, ovos e tecidos de animais; desenvolvimento de métodos; validações; análises de micotoxinas, aminoácidos, ácidos graxos, vitaminas, minerais, metais pesados e bromatogologia completa (proteína, gordura, fibra, umidade, etc). O laboratório está instalado em uma área de 2 mil m² em Hortolândia (SP).

timização de produtos e economia de matéria-prima e de mão de obra foram os principais conceitos apresentados pela Plasmetal Tecnologia Industrial, de Xaxim (SC), na MercoAgro 2012. A empresa é um dos destaques da região oeste catarinense em inovação e tecnologia de ponta, Orly Bernardes, diretor executivo da Plasmetal atendendo indústrias do setor alimentício e frigoríficos de todo o País. Para a edição deste ano da feira, a Plasmetal expôs, entre outras soluções, uma máquina de tampar e colar caixas com produtos. De acordo com o diretor executivo da empresa, Orly Bernardes, o produto foi fabricado pensando na necessidade dos clientes e, principalmente, para reduzir custos. “Essa máquina dobra, fecha e cola a caixa automaticamente, evitando o desperdício de papelão com o fechamento comum utilizado nas indústrias.” Na linha de colar e formar caixas, a Plasmetal oferece inúmeras soluções, proporcionando economia e praticidade no processo de produção, entre elas as máquinas com saída lateral, frontal, modelo capelinha, compacta, entre outras. Fornece ainda a máquina para pesagem de embutidos, alinhadora de salsicha, classificadora de partes de frango, de desenformar presunto, classificadora de pescados, embaladora de bandejas, etc. “A crise enfrentada pelos frigoríficos e indústrias do setor leva a crer que, cada vez mais, as empresas invistam em tecnologias de automação e robotização para reduzir gastos e também suprir a falta de mão de obra, empecilhos no crescimento dos empreendimentos”, afirma.

Mais informações: (19) 3515-4444 | www.labtecanalises.com.br

Mais informações: www.plasmetal.com.br

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MB Comunicação

Divulgação

LabTec conquista


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Eventos

4º Simpósio de Qualidade da Carne Evento da Unesp terá palestrantes de peso para debater o setor entre 21 e 23 de novembro, em Jaboticabal (SP)

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specialistas no assunto, docentes e alunos da Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (Unesp) realizam mais um evento que mobilizará todo o setor de produção de carne do País. Profissionais do setor estarão se direcionando para Jaboticabal (SP), nos dias 21 a 23 de novembro, para participar do 4º Simpósio de Qualidade da Carne, que ocorrerá no Centro de Convenções Unesp/FCAV, no campus de Jaboticabal. O evento é realizado pela instituição, por meio da organizadora de eventos Funep, para que profissionais, docentes e discentes possam discutir, se atualizar e trocar informações sobre as novidades na produção animal e tecnologias disponíveis no mercado e as tendências mundiais em relação à produção de carne. Na sua quarta edição, o simpósio terá como destaques profissionais da Embrapa Pecuária Sudeste e da Sociedade Mundial Protetora dos Animais (WSPA), além de representantes de universidades como Universidade Federal de Lavras (Ufla), Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (Uems), Universidade Federal de Alagoas (Ufal), entre outras. O simpósio terá início no dia 21 de novembro e traz como tema central “Qualidade da Carne, Melhoramento e Bem-Estar Animal”. As atividades estão distribuídas na forma de palestras, mesas-redondas, debates e espaço empresarial, e contarão com a participação de mais de 15 palestrantes das mais diversas empresas do País, representantes do segmento, professores e pesquisadores.

Programação de palestras - 4º Simpósio de Qualidade da Carne 21/11/2012 – Quarta-Feira • “Produção de Bovinos Jovens para uma Carne de Melhor Qualidade” • “Uso da Biologia Celular e Molecular como Indicador de Qualidade de Carne” • “Metabolismo de Lipídios e sua Influência sobre o Perfil de Ácidos Graxos na Carne de Bovinos” • “Uso de Tecnologias de Diagnóstico por Imagem na Identificação da Qualidade da Carcaça” • “Manejo Pré-Abate de Suínos Visando ao Bem-Estar Animal e à Qualidade de Carne” 90

22/11/2012 – Quinta-Feira • “Estratégias Utilizadas pelo Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura Visando ao Aumento do Consumo da Carne Suína no Brasil” • “Mercado Interno: Aposta para a Suinocultura Brasileira” • “Aspectos Nutricionais da Carne Suína” • “Manejo de Dejetos em Abatedouros de Aves” • “Bem-Estar e Rastreabilidade de Frango de Corte” • “Certificação de Sistemas e Produtos Aplicados à Indústria de Carne de Frango” • “Qualidade Microbiológica de Carne de Frango e Inocuidade Alimentar” 23/11/2012 – Sexta-Feira • “Analise Sensorial: Ferramenta para a Avaliação da Qualidade da Carne” • “Mercado da Carne Ovina no Brasil” • “Produção de Carne Ovina com Qualidade” • “Sistema de Integração na Produção Ovina Visando à Melhor Qualidade da Carne”

Serviço: 4º Simpósio de Qualidade da Carne

Data: 21 a 23 de novembro de 2012 Local: Centro de Convenções Unesp/FCAV - campus de Jaboticabal (SP) Responsável: Profª Drª Hirasilva Borba Vagas: Limitadas Carga horária: 20 horas Envio de trabalho: congressoqualicarne@yahoo.com.br

Funep A Fundação de Apoio a Pesquisa, Ensino e Extensão (Funep) é fundação de direito privado, de fins não econômicos e é de apoio à universidade. Foi criada em 28 de novembro de 1979. É conveniada com a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) por meio de um programa de cooperação acadêmica nas áreas de suas atuações e de interesses comuns, especialmente com a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), campus de Jaboticabal (SP). Saiba mais: (16) 3209-1300 / 3209-1301 http://www.funep.org.br/mostrar_evento.php?idevento=265

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4º Fórum Inovação debate a produção de alimentos e o futuro sustentável

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Fotos: Divulgação / Abag

ais de 220 pesquisadores e profissionais da indústria de alimentos e do agronegócio participaram, no último dia 19 de outubro, na sede do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), em Campinas (SP), da quarta edição do Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos para um Futuro Sustentável. Realizado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef) e Associação Brasileira de Agronegócio (Abag), o evento fez parte das solenidades alusivas à Semana Mundial da Alimentação, iniciativa da FAO comemorada mundialmente em cerca de 160 países.

“Entre os objetivos do Fórum Inovação, está o de lembrar a importância crucial do alimento para a humanidade”, explicou Helder Muteia, representante da FAO no Brasil. O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, homenageado deste ano pelo fórum, afirmou, durante o evento, que o Brasil tem todas as condições de assumir o papel de protagonista na busca de um quadro mais compatível com a necessidade de combater a fome no mundo. Rodrigues defendeu a necessidade de o Brasil adotar estratégias com o objetivo de liderar um projeto mundial para garantir a segurança alimentar. Ele também questionou a falta de líderes globais para levar adiante esse desafio. “Já que não há líderes, precisamos encontrar um projeto global de segurança alimentar e energética, com sustentabilidade”, sugeriu. A indústria de alimentos deve encerrar 2012 com crescimento de 4% na produção física e de 4% a 5% nas vendas reais. Para 2013, as projeções apontam para increNovembro 2012

mento de 4% a 5% na produção física e de 5% a 6% nas vendas reais. Os números foram divulgados pelo gerente do Departamento de Economia e Estatística da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos (Abia), Amílcar Lacerda, durante o fórum. Apesar da desaceleração no ritmo de crescimento da produção física neste ano, Lacerda lembra que o cenário futuro é positivo, com aumento da população mundial e necessidade de crescimento do agronegócio brasileiro. “A indústria brasileira de alimentos vai acompanhar este aquecimento na demanda e assegurar o abastecimento interno e externo”, projetou. Já o presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz Carlos Carvalho, concorda que as oportunidades estão claras para o Brasil e que a inovação é o ponto focal da discussão para garantir a segurança alimentar e energética. “Precisamos diminuir a insegurança através da obtenção de maiores índices de produtividade, que só será alcançada com investimentos em inovação e tecnologia”, explicou.

Lançamento de estudo sobre embalagem

As principais macrotendências da indústria da embalagem foram apresentadas no evento pelo diretor do Ital, Luis Madi. Denominado Brasil Pack Trends 2020, o estudo foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores do Centro de Tecnologia de Embalagens (Cetea) e da Plataforma de Inovação Tecnológica do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), com o apoio da Abipet. Sob a coordenação da especialista Claire Sarantópoulos, foram identificadas as macrotendências que deverão nortear a atuação da indústria de embalagens nos próximos anos: Conveniência e Simplicidade; Estética e Identidade; Qualidade e Novas Tecnologias; Sustentabilidade e Ética; e Segurança e Assuntos Regulatórios. Fonte: www.forumagriculturaealimentos.org.br/2012 91


Eventos

Panorama Tributário é tema de debate no 6º Fórum de Gestão Fiscal e SPED O congresso contou com a participação de tributaristas renomados e superou as expectativas

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Divulgação

C

onsiderado o maior evento do segmento na América Latina, o Fórum de Gestão Fiscal e SPED chegou à sua sexta edição e reuniu, em setembro, mais de 400 executivos da área fiscal e tributária em São Paulo. O destaque do encontro organizado pelo Conselho Fiscal Empresarial Brasileiro (Confeb) foi o painel de debate “Panorama Tributário no Brasil”, em que participaram os advogados tributaristas Abel Simão Amaro, Plinio José Marafon e Robson Maia Lins; o debate foi mediado por Mauricio Rodrigues Lima, gerente tributário do Grupo Telefônica. Durante as discussões, foram abordados temas como os impactos econômicos da guerra fiscal e tributária, o verdadeiro custo dos tributos, o futuro do Sistema Tributário Brasileiro e como o cenário fiscal afeta as organizações. De acordo com Amaro, a simplificação na área tributária é possível. “Há possibilidade de reduzir os impostos e a quantidade deles sem reduzir necessariamente a arrecadação.” Na visão de Lins, além da incerteza da regulamentação, a pior insegurança é a decorrente da decisão do Poder Judiciário de forma retroativa. “A retroatividade de uma decisão, seja qual for, é muito maléfica. Se a gente conseguir barrar a retroatividade, já é um grande passo.” Outro debate mediado no encontro abordou assuntos ligados aos últimos cinco anos do SPED [sigla para Sistema Público de Escrituração Digital; determina a transferência para o meio eletrônico de todas as obrigações contábeis e fiscais das empresas, eliminando o preenchimento dos antigos formulários e livros]. A mesa foi composta por Juliana França Lourenço Zobaran, gerente tributária do Anglo American, Antonio Teles de Medeiros, superintendente fiscal do Bradesco Capitalização, e Luciene Petroni, Tax Compliance Manager da General Motors. O mediador Emanuel Silva Franco Junior, coordenador do Projeto SPED Usiminas, foi quem conduziu o debate. Além disso, o tema apagão de talentos na área fiscal e tributária compôs um outro capítulo do evento. Durante o painel de debate, Henrique Bessa Dias, headhunter da Michael Page, José Maurício Lopes da Silva, gerente tributário da Time for Fun, e Vicente Sevilha, sócio da Sevilha

Contabilidade, discutiram os desafios dos profissionais de tributos, o papel das instituições de ensino na formação de profissionais da área, a seleção e contratação e o que as empresas têm feito para reter seus talentos. De acordo com Dias, informação não falta para as universidades, elas sabem da importância e da complexidade tributária no Brasil. “Acho que falta um pouco de proatividade para entender que isso vai atrair novos profissionais e bons estudantes para a área.” Os profissionais que participaram do Fórum também puderam trocar experiências e conhecimentos por meio dos cases apresentados por empresas como Petrobras, Cinemark e Dupont.

Conselho Fiscal Empresarial Brasileiro De acordo com Henrique Gasperoni, diretor de Marketing do Confeb, as ações como o Fórum de Gestão Fiscal e SPED mostram que a entidade ressalta pontos positivos e negativos pertinentes ao setor, atribuídos de suas respectivas soluções. “O Conselho tem promovido ações educacionais que visam aprimorar e aprofundar os conhecimentos dos profissionais em questão.” O Confeb tem como objetivo promover a expansão de conhecimentos dos executivos que atuam no campo fiscal e tributário, por meio de programas educacionais. O ponto forte do Conselho está ligado diretamente ao conceito de ensino e dispõe de cursos práticos e especializados.

Mais informações: www.confeb.org.br Novembro 2012


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Eventos

E

m setembro, 200 pessoas estiveram presentes na abertura da 1ª Conferência Estadual de Desenvolvimento Regional de São Paulo (Ceder SP), realizada na capital paulista. Etapa preparatória para a Conferência Nacional de Desenvolvimento Regional, que será realizada em Brasília, em dezembro, o evento teve ainda transmissão ao vivo pela internet. O secretário de Planejamento e Desenvolvimento Regional e presidente da conferência, Julio Semeghini, fez um resgate histórico do Plano Real, “período em que o Brasil saiu da especulação financeira, a produção passou a ser valorizada e a sociedade começou a se organizar. Entre os ganhos, está a moeda estável, que o trabalhador passou a ter”. Além disso, segundo ele, com a lei de responsabilidade fiscal – que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal –, Estados e municípios assumiram um compromisso que se refletiu na capacidade de investimento e tem relação direta com a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Para finalizar, Semeghini destacou a importância do evento “para levar ao debate nacional a integração entre os entes federados e a relevância da articulação entre os municípios. É essencial apresentar propostas, e que haja espírito de união, para construir uma política que realmente faça avançar o desenvolvimento regional”.

Autoridades

O Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (Cepam) é uma fundação ligada à Secretaria Estadual de Planejamento e Desenvolvimento Regional de São Paulo (SPDR-SP), que apoia os municípios no aprimoramento da gestão e no desenvolvimento de políticas públicas. Para Lobbe Neto, presidente do Cepam e secretário executivo da Ceder SP, é preciso “debater, de forma regional, as demandas e necessidades de cada localidade; 94

Divulgação

Conferência debate desenvolvimento regional vivemos em um Estado em que a diversidade é característica, e contemplar as especificidades de cada região é essencial para o avanço de políticas na área”. Para o deputado e presidente da Comissão de Atividades Econômicas da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Itamar Borges, a Ceder SP é importante na elaboração de um plano que contemple as peculiaridades de todas as regiões do País. “Será possível discutir, debater e diagnosticar os desafios de cada região e propor soluções que contemplem as suas necessidades, atuando de forma conjunta e integrada.” O secretário executivo geral da Presidência da República, Rogério Sotilli, enfatizou a importância da participação social na discussão de políticas de desenvolvimento regional. “Estamos vivendo um novo paradigma nessa área, que sugere a transformação da estrutura e de modelos para a melhoria da qualidade de vida a partir do protagonismo social e das vocações locais.”

Conferência

Sob o tema central ‘Governança Regional para o Desenvolvimento’, o evento contou com representantes do segmento empresarial, da sociedade civil, de instituição de ensino superior, pesquisa e extensão, e do poder público. O objetivo foi promover um debate de âmbito estadual, do qual resultem princípios e diretrizes para as políticas estadual e nacional, esta última a ser instituída pelo Ministério da Integração Nacional. O debate teve quatro eixos temáticos: governança, participação social e diálogo federativo; financiamento do desenvolvimento regional; desigualdades regionais e critérios de elegibilidade; e vetores de desenvolvimento regional sustentável. Após a definição dos princípios e das diretrizes da Ceder SP, o Estado de São Paulo elegeu 20 delegados para os encontros macrorregional e nacional. Novembro 2012


Agenda

Calendário de Eventos

2012 NOV

Data

Evento

Local

Informações

19 a 22

Emballage 2012 – 40ª Feira Internacional de Envasamento e Embalagem

Paris-Nord Villepinte, França

www.emballageweb.com

21 a 23

4º Simpósio de Qualidade da Carne

Centro de Convenções da Unesp/FCAV - Jaboticabal (SP)

http://www.funep.org.br/mostrar_ evento.php?idevento=265 congressoqualicarne@yahoo.com.br

Vitafoods South America – Feira do Setor Nutracêutico e Funcional na América do Sul

Transamerica Expo Center – São Paulo (SP)

www.vitafoodssouthamerica.com Para expor: nadja.curti@btsmedia.biz

ABR

24 e 25

2º Simpósio de Carnes e Derivados (Sicade) - “Prof. Nelcindo Nascimento Terra” – Tecnologias Limpas para o Aumento do Shelf Life e Obtenção de Compostos Bioativos

Local: Santa Maria (RS)

Informações: www.ufsm.br/sicade sicade.inscricoes@gmail.com (55) 3220-8254

4a9

IFFA 2013 – Feira Internacional da Indústria da Carne

Frankfurt, Alemanha

www.iffa.com

13 a 15

TecnoCarne 2013 – 11ª Feira Internacional de Tecnologia para a Indústria da Carne

Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo (SP)

www.tecnocarne.com.br www.btsinforma.com.br

27 a 29

23º Congresso Brasileiro de Avicultura

Pavilhão de Exposições do Anhembi – São Paulo (SP)

www.ubabef.com.br congresso@ubabef.com.br

AGO

MAR

26 a 27

MAI

2013

Cursos CTC/ITAL

• 28 a 30 de novembro - Métodos de Análises Físico-Químicas em Carnes e Produtos Cárneos Local: Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) – Campinas (SP) Inscrições pelo site: www.ital.sp.gov.br Mais informações: (19) 3743-1884 | eventosctc@ital.sp.gov.br

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Índice

Anunciantes

Akso.........................................................................................................20 Ansell......................................................................................................47 Anuncie RNC..................................................................................52/53 Arprotec................................................................................................. 77 Assine RNC..................................................................................... 81/96 Berndorf Band..................................................................................... 73 Betori / Fatmaq.................................................................................. 60 Bettcher..................................................................................................21 Brusinox..........................................................................................22/23 Bumerangue....................................................................................... 40 Camrey.............................................................................................. 10/11 Cryovac........................................................................................4ª Capa Detectores Brasil................................................................................ 18 Dânica.................................................................................................... 37 Fermod................................................................................................... 55 Fispal Tecnologia................................................................................93 Gail.......................................................................................................... 27 Geza........................................................................................................ 61 GPS Kal................................................................................................... 57 Handtmann...........................................................................................41 Incomaf.............................................................................................19/71 Intralox....................................................................................................17 Jarvis do Brasil.....................................................................................29 JBT FoodTech........................................................................................ 35 Kraki / Lopesco...................................................................................... 7 LDS Máquinas......................................................................................67 Longa..................................................................................................... 49

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Mahindra..............................................................................................79 Mastec.....................................................................................................14 Mebrafe.................................................................................................38 Metalquimia.......................................................................................... 5 Multifrio................................................................................................36 Newdrop............................................................................................... 66 NovaProm............................................................................................. 25 Odim.......................................................................................................58 Perfil-Maq.............................................................................................95 Poly-Clip..................................................................................................15 Protervac................................................................................................31 Purac.......................................................................................................65 Rib-Therm.............................................................................................87 Savik........................................................................................................ 16 Semco.....................................................................................................39 SIAL Brazil............................................................................................. 89 Soccorro.................................................................................................45 SHD......................................................................................................... 69 Spel........................................................................................... 2ª Capa/3 TecnoCarne........................................................................ 98/3ª Capa Termkcal.................................................................................................51 Tinta Mágica........................................................................................58 Torfresma..............................................................................................63 Ulma Packaging....................................................................................9 Unirons..................................................................................................59 Vemag................................................................................................... 68 VPG..........................................................................................................43

Novembro 2012


Crônica

Carne, sim. Cigarro, não

M

eu amigo Décio Mattar está doente. Problema grave no intestino grosso: vai ter de fazer cirurgia e passar por quimioterapia. Mas estou otimista; ele também. Décio, experiente e conceituado médico oftalmologista de São Paulo, na faixa dos 50 anos, faz parte da confraria de amigos que frequento há 16 anos e que costuma se reunir para bater papo na primeira sexta-feira de cada mês, sempre num restaurante diferente. Numa das crônicas publicadas aqui na revista, focalizei essa confraria criada pelo goiano-corintiano Nicolau Pedro e mais dois amigos. O Décio começou a frequentar o grupo há cerca de dez anos e está entre os mais assíduos, ao lado do próprio Nicolau, Clóvis, Ivan, Edi, Achilles, Flávio, Jacinto e Constantin. Fala-se de política, economia, futebol, música, cerveja, comida e viagens. Décio Mattar aparece por lá sempre: só falta quando visita a Grécia, país pelo qual tem paixão, a ponto de manter um site sobre as atrações gregas. Se no cardápio das atrações turísticas a Grécia é a preferida do Décio, também não ficam dúvidas quando se fala de comida: ele é fanático pela carne bovina e conhece todos os melhores restaurantes de São Paulo especializados em churrasco, além de possuir uma lista dos melhores endereços de grelhados da Argentina, Estados Unidos e Europa. Para acompanhar a carne, Décio prefere cerveja. Ele é capaz de dar nota para cada uma das marcas nacionais e explicar a predileção pelas claras e escuras de cada país europeu. No futebol, a preferência do Décio também é constantemente declarada: torce para o Palmeiras desde os tempos de garoto, não perde os jogos mostrados pela TV e lê todo o noticiário esportivo dos jornais e da internet. Nos últimos tempos, ele andava um pouco triste. Alguns amigos achavam que fosse por algum problema de saúde, mas a melhor explicação foi encontrada na classificação do Campeonato Brasileiro – o Palmeiras ameaçado de cair para a Série B. No fim de outubro, época em que escrevo esta crônica, a ameaça persiste e tudo indica que o drama prosseguirá até as últimas rodadas do campeonato. Ah... Quase me esquecia de informar: outra grande paixão do Décio Mattar é pelo cigarro. Um cigarro só? Novembro 2012

Luiz Carlos Ramos

Não: algumas dezenas por dia. Pelo menos dois maços diários de cigarros. Isso há bastante tempo, tanto que a voz do meu amigo é rouca. Portanto, o médico que atendeu o Décio há alguns dias e pediu um monte de exames havia avisado que ele está num grupo de risco. Determinados prazeres são ótimos no momento, mas provocam problemas a longo prazo. É o caso do cigarro, para quem gosta. No meu caso, sou suspeito para falar: jamais fumei, jamais tive vontade de fumar e jamais acreditei na tese dos que dizem que cigarro e maconha não fazem mal para a saúde. Estou na contramão das marchas do fumo e do baseado. Considero um absurdo o fato de a medicina, já na década de 1950, ter concluído que o cigarro traz câncer e males cardíacos e, mesmo assim, a máquina publicitária da indústria de tabaco ter investido tanto dinheiro para pagar artistas de cinema que fumavam diante das câmeras. Governos foram omissos. Só nos últimos anos o mundo começou a impor restrições ao fumo em locais públicos, com base na proteção ao fumante passivo. E a carne? Também faz mal? Os médicos dizem que não. Eles concluem que vale a pena evitar as partes mais gordurosas da carne, sob pena dos níveis de colesterol no sangue, com riscos de enfarte. Mas tudo aquilo que é demais faz mal. Até os tão saudáveis exercícios. Os prazeres da carne estão liberados. A vida é maravilhosa diante de um filé. Não só o Décio sabe disso. Uma vez que neste julgamento – que não é do STF – a carne está absolvida, mas o cigarro, não, resta apontar outra causa dos males do Décio: o Palmeiras. Time ruim faz mal. O que não se faz por um amigo??? De repente, eu, são-paulino, me surpreendo torcendo para o Palmeiras não cair. Pelo Décio, que logo estará bom.

Luiz Carlos Ramos é jornalista e professor de jornalismo, com 48 anos de experiência na área. Fez coberturas jornalísticas sobre carne em Paris e em dez Estados do Brasil. É colaborador da Revista Nacional da Carne lcr25@terra.com.br 97


Novembro 2012




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