Revista Nacional da Carne 433

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ISSN 1413-4837

Nº 433 • Ano XXXVII Março/2013 www.btsinforma.com.br

Especial Quando o bem-estar animal reflete diretamente na qualidade dos produtos

Segurança dos alimentos Indústria Europeia mostra falhas na rastreabilidade

Vis-à-Vis Ana Lúcia da Silva Corrêa Lemos, Pesquisadora do ITAL, e a crise à cavalo




Arte da Capa: Adriano M. Cantero Filho

Sumário

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Especial

Empresas investem no bem-estar animal e colhem os frutos com produtos de qualidade

36 Capa

Apesar de um 2012 desafiador, a indústria de carne de aves crê em voos altos neste ano

68

Segurança dos alimentos

Rastreabilidade falha mostra que teoria é diferente da prática na Europa

E mais

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Vis-à-Vis

Ana Lúcia da Silva Corrêa Lemos, pesquisadora do ITAL, repercute sobre o escândalo da carne de cavalo

4

6 Editorial 8 Palavra do Gerente 18 Mercado 21 Agenda 22 Eventos - IFFA 46 Vitrine 48 Internacional 52 Empresas & Negócios 54 Crônica 55 Caderno Técnico

Março 2013



ISSN 1413-4837

Editorial

Turbulências no trajeto

I

mpossível abrirmos a edição de março sem nos referirmos ao assunto do momento em todas as mídias, especializadas ou não: o escândalo da carne equina. E mais do que uma simples obrigação jornalística, o fato de buscarmos e apresentarmos diferentes opiniões, de diversos especialistas do ramo, quanto a essa fraude ocorrida na Europa, é também uma preocupação da sociedade, quando nos vemos como consumidores. Na Revista Nacional da Carne deste mês trazemos não só explicações técnicas, mas desmistificamos a produção e consumo deste tipo de carne, tratada como corte nobre durante muito tempo em países como a França. Mas claro, não vamos tratar apenas disso. Nossa matéria de Capa traz a indústria de carne avícola como destaque. Porque este ramo pode ser a galinha dos ovos de ouro do mercado frigorífico, mesmo após um 2012 de altos e baixos, que na verdade evidenciou a força das carnes de aves. As novidades tecnológicas em produção, as estratégias do setor contra os altos custos e como o marketing pode ser a locomotiva para o aumento das vendas. O bem-estar animal tem sido grande foco de várias de nossas matérias, tanto dentro do Caderno Técnico, como fora dele. O Especial do mês mostra as vantagens de uma produção que zela pela ética animal, que reflete diretamente na qualidade da carne que chega ao consumidor final, com exemplos de empresas que estão alcançando melhores resultados com as práticas. A tecnologia auxilia os produtores para que o abate seja indolor para o animal, mas a falta de fiscalização do governo ainda faz com que muitos frigoríficos não sigam este padrão, um abate sanitariamente eficaz. No Vis-à-Vis convidamos a pesquisadora técnica do ITAL, Ana Lúcia da Silva Corrêa Lemos, para falar um pouco sobre a carne de cavalo, seus aspectos nutricionais e gustativos, além é claro, de repercutimos como o escândalo da carne de cavalo pode impactar no setor bovino. Ana Lúcia acredita que a carne nacional pode ser favorecida com o escândalo, uma vez que não há amostras contaminadas de carne brasileira, aquecendo ainda mais as exportações do produto. Este mês também temos a volta do nosso colunista Internacional, Hudson Carlos Eduardo Martins Silveira, abordando o mercado norte-americano pelo ponto de vista de um consumidor, a diferença de preços nos últimos anos, e as direções que o mercado deve seguir. De olho nos próximos passos do mercado, esperamos que interesses ocultos sejam desmascarados, que a verdade dos fatos sempre apareça, e que o mercado (principalmente o nacional) não saia atingido pelos acontecimentos recentes. Saúde e sucesso! Tenha uma ótima leitura! 6

Ano XXXVII - no 433 - Março DIRETOR GERAL DA AMÉRICA Marco A. Basso LATINA DO INFORMA GROUP CHIEF FINANCIAL OFFICER DO INFORMA GROUP BRASIL

Duncan Lawrie

CHIEF MARKETING OFFICER DA BTS INFORMA

Araceli Silveira

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Palavra do Gerente

Quem não é visto, não é lembrado

De Luca Filho Gerente do Núcleo Carnes e Frigorificados da BTS Informa

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Este dito sem dúvida é uma verdade universal, “quem não é visto, não é lembrado”. Em tempos de alta, todos procuram se posicionar com força, mas como diz o investidor e bilionário norte-americano, Warren Buffett, “a volatilidade dos mercados é a maior aliada do ‘verdadeiro investidor’”. Pensando nisso, e na leve queda de 0,8% do mercado de carnes no ano passado, e nas ótimas projeções para este ano, 2013 me parece, sem dúvida, o grande momento para que as empresas explorem a exposição de seus produtos e serviços em nosso setor, em veículos de alto nível como a Revista Nacional da Carne e a Tecnocarne. Investimentos, de um modo geral, e mais ainda, investimentos em marketing, devem ser pontuados justamente quando temos que nos esforçar mais para atingir as vendas/metas que cada um de nós tem dentro de nossas empresas. A propaganda e a divulgação da nossa marca se tornam mais importantes quando temos que vender, e certamente a empresa que primeiramente é vista, ou que é vista com mais frequência, será aquela a ser lembrada antes por clientes e possíveis novos parceiros. Portanto, não deixe de aproveitar as ótimas oportunidades que a equipe de marketing, em conjunto com a equipe comercial, prepararam para você que é nosso cliente. Caros leitores e parceiros, aproveitem esta leitura e se atualizem com o que há de mais moderno e com os assuntos que são destaques na mídia. O nosso compromisso é viabilizar a manutenção da sua marca dentro de um dos mercados mais fortes do nosso País, o mercado frigorífico, e que a Revista Nacional da Carne seja o seu canal de sucesso e prosperidade. Boa leitura e bons negócios a todos!

Dezembro 2012





Vis-à-Vis por Carlos Eduardo Martins

Carne de cavalo na berlinda Pesquisadora explica os reais efeitos do consumo da carne equina, apontando os possíveis problemas e derrubando alguns mitos

Antônio Carriero - ITAL

D

Ana Lúcia da Silva Corrêa Lemos, pesquisadora do ITAL - CTC

12

urante os últimos anos, o mercado da carne foi destaque nos noticiários por diversos motivos, em casos como o “mal da vaca louca”, embargos à carne de países com problemas sanitários, febra aftosa, mas nada parecido ao atual escândalo, o da venda de carne equina “disfarçada” de carne bovina, que aflige a sociedade mundial. As perguntas ainda são inúmeras, as dúvidas a respeito dos fatos que levaram empresas a agirem de tal forma são infindáveis. Neste Vis-à-vis, a Revista Nacional da Carne conversou com Ana Lúcia da Silva Corrêa Lemos, Pesquisadora Científica do ITAL - CTC (Centro de Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de Alimentos). Órgão do Governo do Estado de São Paulo, o ITAL realiza atividades de pesquisa, desenvolvimento, assistência tecnológica, inovação e difusão do conhecimento nas áreas de embalagem e de transformação, e conservação e segurança de alimentos e bebidas. E o CTC, é hoje, um dos principais centros de pesquisa tecnológica e de gestão de ensino, oferecendo cursos de pós-graduação para a formação de profissionais, treinamentos in company, consultorias e representação em projetos nacionais e internacionais. Ana Lúcia é pesquisadora atuante principalmente nas áreas de tecnologia de carnes que englobam estudos como o desenvolvimento de produtos cárneos e de pescados, com ênfase em tecnologias para melhoria da maciez de carne bovina (enhancement), uso de ingredientes e aditivos para extensão da vida útil e modificação de produtos cárneos em benefício da saúde (low fat, low sodium), e com ingredientes prebióticos. Formada em engenharia de alimentos pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também cursou mestrado (em Ciência de Alimentos) e doutorado (em Tecnologia de Alimentos) na mesma universidade. Além disso, ministra algumas disciplinas do Curso de Especialização em Tecnologia de Carnes, no ITAL, desde o ano 2000. Nesta entrevista a pesquisadora diz acreditar que o escândalo em pauta enfraquece o mercado de carne bovina. Acha que a fraude tem caráter totalmente ecoMarço 2013


nômico, já que na comparação entre as carnes envolvidas (bovina e equina), a carne de cavalo tem valor de mercado mais baixo. Ana Lúcia explica que a carne equina não é imprópria para a saúde, mostra que ela tem composição nutricional semelhante à bovina, se diferenciando sutilmente em aspectos como cor e sabor. Por fim, Ana Lúcia sugere uma reflexão ao mercado sobre o porquê deste caso só ter aparecido agora e a quem interessou tamanha repercussão, já que o mercado, e o caso, oferecem muitas variantes. Como vocês (ITAL-CTC) enxergam o impacto desse escândalo da carne de cavalo para o setor? De maneira geral o escândalo afeta negativamente a carne bovina, pois nela foi descoberta a fraude. Por outro lado, em análises de amostras de carne bovina brasileira não foi detectada a fraude, o que aumenta a segurança dos consumidores se a carne for de origem brasileira. Inclusive está sendo elaborada uma regulamentação na UE exigindo que os rótulos de produtos industrializados indiquem a origem da carne bovina presente na formulação. Sem dúvida esta medida favorece a nossa carne bovina. O que vocês acham ter motivado essas empresas a comercializarem de forma clandestina esse tipo de carne? Seguramente foi interesse econômico, pois a carne de cavalo tem menor valor de mercado. Algumas análises estatísticas indicam que o abate de cavalos nos Estados Unidos tem crescido de forma expressiva.

Quão prejudicial ao ser humano pode ser o consumo da carne equina? Não há nenhum prejuízo ao ser humano o consumo de carne equina, desde que seja proveniente de animais que não sofreram eutanásia. Os animais sacrificados com injeção letal devem ser cremados. O resíduo de drogas veterinárias oferece risco, mas isso não é diferente das demais carnes. O consumo de carne de cavalo é muito comum em vários países, sendo até considerado uma iguaria por algumas pessoas. Na França, a carne de cavalo foi por muito tempo comercializada em açougues especializados e hoje pode ser encontrada em supermercados normalmente. Existem vários produtos elaborados a partir da carne de cavalo em todos os continentes. Você poderia diferenciar as características físicas da carne bovina para as carnes equinas? O consumidor também sentiria alguma diferença visualmente ou no paladar? Nós no CTC nunca trabalhamos com carne equina a fundo, mas consultamos alguns profissionais de outras instituições e não encontramos quem conhece a fundo a qualidade da carne equina. Sabe-se que o rendimento de carcaça é muito baixo e a quantidade de carne na carcaça também é bem inferior à de bovinos. Alguns textos consultados indicaram que esta carne seria adocicada, macia e com baixo teor de gordura. O fato dos consumidores não terem perce-


Vis-à-Vis Editorial

Tipo de carne (crua)

Composição (em 100g) Calorias

Proteína (g)

Gordura (g)

Ferro (mg)

Sodium (mg)

Colesterol

Equina

133

21

5

3,8

53

52

Bovina

117

23

3

1,9

55

bido nenhuma alteração de sabor nas misturas poderia sugerir que o sabor não seja muito distinto daquele da carne bovina, por outro lado não foi divulgada nenhuma informação indicando qual a proporção de carne equina utilizada na mistura. Em termos de composição, segundo o “Nutrition Facts and Analysis for game meat, horse, raw” (http:// nutritondata.self.com/facts/lamb-veal-and-game-products/463972) acessado em 2 de março de 2012, e o “Nutrition Facts and Analysis for Beef, grass-fed, strip steaks, lean only, raw” (http://nutritiondata.self.com/ facts/beef-products/10525/2), acessado em 2 de março de 2012, tem-se (ver tabela acima):

Os produtos com carne de cavalo clandestina eram

congelados ou embutidos, geralmente. A carne de cavalo quando processada é melhor para ser consumida ou foi puramente um ato de charlatanismo? Na verdade a maior parte das carnes destinada ao processamento é comercializada em blocos congelados. Seguramente a detecção visual, independente de qual tipo de carne se está misturando, é bem dificultada quando a carne está congelada. Penso que se trata de um caso de fraude intencional, pois o método de PCR (reação em cadeia polimerase) consegue detectar a presença de diferentes espécies, por identificação do DNA, mesmo que as carnes estejam completamente misturadas em um produto emulsionado finamente cominuído, como as salsichas, por exemplo. Há diversos frigoríficos que produzem estas carnes no Brasil. Há a necessidade de cuidados especiais para esse tipo de produção? Acredito que os requisitos de higiene sejam os mesmos. Quanto ao manejo pré-abate, bem estar 14

animal e forma de abate, provavelmente haja particularidades, pois bovinos e equinos evidentemente se diferenciam, mas segundo a literatura, o processo de abate é igual ao de bovinos (atordoamento com pistola, sangria, etc). O consumo no Brasil é autorizado? Há produtos ou subprodutos de carne de cavalo sendo comercializados no País hoje em dia? Seria preciso consultar o MAPA*(Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). De qualquer maneira, existem frigoríficos, pois o dado que encontrei sobre produção indica que em 2005 foram abatidos 162.000 animais. Os números atuais não tenho, mas naquela época éramos o sétimo maior produtor dessa carne no mundo, enquanto a China era a primeira (1.700.000 animais) e o México o segundo (626.000). Na América do Sul a Argentina foi o maior produtor (255.000 animais). Como se pode perceber, trata-se de um volume pequeno de abate comparando-se a outras espécies. Como já comentei anteriormente, nos Estados Unidos cresce bastante o abate de cavalos. A carne equina é nutritiva como a carne bovina? Como um todo (equinos, muares e asininos)? Com certeza a carne equina é tão nutritiva quanto a bovina, como citei anteriormente, mas o cavalo não é um ruminante como os bovinos, o que poderia se refletir em menores teores de alguns ácidos graxos essenciais na carne equina se comparada à bovina. Porque não consumimos mais este tipo de carne? Exclusivamente por questões culturais, ou seja, tabus. Segundo alguns historiadores, o Papa Gregório III no ano 732 proibiu o consumo porque Março 2013


esta carne era utilizada em práticas pagãs. Judeus e muçulmanos também proíbem o consumo. Nos dias de hoje acredito que, o fato do cavalo ser um animal de companhia e estimação, impacte grande parcela dos consumidores atuais, que se preocupam com a crueldade e o bem estar dos animais e, portanto, estão reduzindo o consumo de todas as carnes. Que balanço você faz a respeito de todo esse caso? Creio que cabe aqui uma reflexão. Uma análise do escândalo sugere que a carne bovina parece estar sendo fraudada com carne equina há muito tempo, que não começou ontem a fraude. Continuando nesta linha, porque então só “descobriram” agora todo problema e estão analisando milhares de amostras? Quais seriam os interessados em desmascarar a fraude? Laboratórios analíticos? Fabricantes de kits de PCR? Interessados na redução do consumo de carne bovina pelos cidadãos, pois a maior parte da carne bovina é importada? Não tenho as respostas, mas não consigo parar de refletir sobre estas questões.

Março 2013

*Nota da Redação: em consulta ao MAPA, fomos

informados que, “a comercialização da carne de equídeos não é proibida no Brasil. O decreto 30.691 que aprova o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal – RIISPOA, estabelece no artigo 202: Art. 202 - A carne de equídeos e produtos com ela elaborada, parcial ou totalmente, exigem declaração nos rótulos: ‘Carne de equídeo, ou preparado com Carne de Equídeos ou contém Carne de Equídeos’. Além disto, a Instrução Normativa 22 de 24/11/2005, que internaliza uma legislação do MERCOSUL, no item 5 – informação obrigatória, diz que: ‘a lista de ingredientes deve ser indicada no rótulo em ordem decrescente de quantidade, sendo os aditivos citados com função, nome e número de INS’. Há registros no SIF de quatro estabelecimentos de abate de equídeos, porém atualmente somente dois estão em funcionamento”.

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Mercado

Fotos: Divulgação

Tecnocarne tem novos e antigos participantes para o evento deste ano

S

eguindo uma tradição de anos, a Tecnocarne já tem grandes adesões para o hall de expositores, tanto vindas de fora do País, como do mercado nacional. Duas delas, que chegam do mercado externo, são as empresas Multisorb (do ramo de embalagens), que esteve presente em 2011, e a Ceamsa (do setor de ingredientes), que participará da feira pela primeira vez. Guillermo Vivas, Gerente Comercial LATAM da Ceamsa diz que “como uma empresa líder do setor, temos muito a crescer no Brasil e na região, por tanto acreditamos que um evento específico da indústria de nosso interesse, como a Tecnocarne, será ótimo para fazer a nossa marca mais conhecida”. Vivas cita também que “a Tecnocarne em si pode nos abrir as portas a potenciais clientes da indústria onde os ingredientes têm o seu uso mais difundido”.

Já no caso da Multisorb, que voltará à Tecnocarne em 2013, “as empresas e o mercado nos trazem de volta pelo alto nível de interesse que mostraram pelos nossos produtos e tecnologia”, conta seu Presidente, Jim Renda. Para ele “é muito importante participarmos da feira porque somos únicos em soluções para embalagens no mercado cárneo Jim Renda, Presidente da brasileiro”, e completa dizendo Multisorb que “os resultados foram muito positivos no ano passado, e nos levaram a abrir um escritório em São Paulo”. Isto comprova não só que empresas que participaram estão voltando para 2013, e que novas empresas estão visualizando a importância de sua presença para o desenvolvimento de novos negócios, apresentação de produtos ao mercado e visibilidade frente à concorrência.

Serviço:

O credenciamento para visitantes já está disponível no www.btsmedia.biz/credenciamento. A ocupação dos espaços já é de 70% (dados do final de fevereiro) e os interessados devem procurar a equipe comercial da Tecnocarne pelo email comercial.tecnocarne@btsmedia. biz ou no telefone (11) 3598-7814.

Compra da Agrovêneto pela JBS é aprovada pelo CADE

A

pós concluir que a aquisição da Agrovêneto pela JBS Aves não trará problemas concorrenciais no mercado de produção e comercialização de produtos de carne suína e avícola, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou a compra do frigorífico catarinense pela JBS. O anúncio da negociação, fechada em R$ 128 milhões, havia sido feita em novembro de 2012 e, com a venda concluída, a JBS Aves assumirá as dívidas da Agrovêneto. Do valor total da compra, R$ 10 milhões foram pagos em ações da JBS e R$ 118 milhões por 18

meio da assunção de dívida, com a JBS assinando um termo de compromisso para adquirir 100% das ações da Agrovêneto S.A. A JBS deu inicio ao processo de aquisições no setor avícola brasileiro em maio de 2012, quando alugou os ativos brasileiros da processadora francesa Doux ou “Frangosul”. Com esses novos negócios, a JBS terá uma capacidade de processamento de 1,45 milhões de aves por dia no Brasil. Março 2013


Pescado tem alta em fevereiro

Março 2013

scx.hu

C

om o período da quaresma, que termina na Páscoa, o consumo de peixes e carnes brancas aumenta de forma considerável nas cidades brasileiras e já há aumento de preços para este ano nas principais cidades e regiões do País. Em Belo Horizonte, por exemplo, uma pesquisa do site Mercado Mineiro nos principais supermercados e estabelecimentos da Região Metropolitana da cidade indicou que no inicio de fevereiro o pescado estava em média 10% mais caro, com o quilo da corvina indo de R$ 7,90 a R$ 16,90, a sardinha variando entre R$ 5,90 e R$ 9,90, e o bacalhau, o peixe mais tradicional nesta época, ficando 53% mais caro, com o preço entre R$ 24 a R$ 36,80. Em Sergipe, segundo os comerciantes do Mercado Central de Aracaju, os preços do pescado subiram aproximadamente R$ 1,00 e assim devem permanecer até a penúltima semana da Páscoa, com o quilo do peixe vermelha e do atum custando em média R$ 17,00, a cavala saindo por R$16,00 e a pescada amarela por R$29,00 o quilo. Já os comerciantes do Mato Grosso esperam um aumento de pelo menos 30% nas vendas deste ano. O pintado, um dos peixes mais apreciados na região, sai em média ao preço de R$ 20,00 o quilo, com o mesmo valor sendo praticado para o pacu; no caso da piraputanga, o quilo fica um pouco mais caro, a R$ 22, 00 em pontos conhecidos de venda, como o Mercado do Porto, em Cuiabá.

Esses números refletem outra realidade, que a produção e consumo de pescado vem aumentando gradativamente no País com o passar dos anos. Segundo dados do Ministério da Pesca, em 2003, o Brasil produziu cerca de 990 mil toneladas de pescado. Em 2009, a produção anual foi de 1,200 milhões toneladas de pescado, resultando num aumento de 20% nesse período, com o consumo de pescado crescendo 40% entre os anos de 2002 e 2009. O estado do Pará é o maior exportador de peixes do país, com uma média de 80 toneladas por ano.

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Relatório do USDA Em tempos de carne prevê liderança brasileira equina, McDonald’s em exportações de inova no marketing frango e soja

U

m estudo feito pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta que o Brasil será líder mundial na exportação de carne de frango e soja durante a próxima década. Segundo a pesquisa do USDA, o país deve continuar a dominar as exportações globais de carne avícola nesse período. Em 2012, as exportações do produto brasileiro somaram 3,633 milhões de toneladas, representando 38,6% das exportações mundiais. Já os números de venda da carne bovina brasileira para o exterior também foram representativos, com o país encerrando 2012 como o segundo maior exportador mundial com 1,394 milhões de toneladas, atrás da Índia (1,68 milhões de toneladas), mas na frente da Austrália (1,380 milhões de toneladas) e Estados Unidos (1,12 milhões de toneladas). A carne suína brasileira também deve ganhar quota de mercado de exportação durante a próxima década, segundo o USDA. A entidade informou que, em 2012, as exportações brasileiras totalizaram 605 milhões de toneladas ou 8,7% de um mercado global com 6,911 milhões de toneladas e que, em 2022, esse número pode chegar a 778 milhões de toneladas, aproximando-se 10% das exportações globais estimadas em 7,865 milhões de toneladas para esse ano. Por último, no caso da soja, o USDA indica que as exportações brasileiras podem alcançar 63,8 milhões de toneladas em 2022/23, um crescimento de 76% sobre as 36,3 milhões de toneladas registradas em 2011/12. E, se considerado o ciclo 2012/13, a pesquisa prevê entre 37,4 e 38,4 milhões de toneladas de soja brasileira a serem exportadas e direciona que em 2022/23, a participação brasileira nas exportações globais de soja estimada em 144,3 milhões de toneladas, aumentaria 44,2%. 20

Divulgação

Mercado

A

Mcdonald’s mostra origem de seus produtos aos consumidores

pós o escândalo de venda de carne equina misturada à carne bovina, a rede de restaurantes McDonald”s inova em sua estratégia de marketing e lança a campanha “Além da cozinha”, mostrando ao consumidor a procedência dos principais ingredientes que fazem parte de seus produtos. O site (www.alemdacozinha.com.br) apresenta não somente os produtos cárneos usados pela empresa estadunidense, mas também batatas e alface. A campanha será veiculada durante 2013 em diversas etapas e, por ser o carro chefe de seus produtos, a carne bovina é o foco do “Além da cozinha” em seu primeiro momento. A empresa pretende passar ao consumidor a preocupação que tem com o bem estar dos animais e como é feito o manejo desta “carne” nas fazendas fornecedoras. Para Celso Cruz, diretor de Supply Chain da Arcos Dourados (controladora do McDonald’s no País), “o compromisso da companhia e dos seus fornecedores com a qualidade e segurança alimentar dos produtos vem muito antes deles chegarem às nossas cozinhas. Por este motivo o McDonald’s estabelece programas de monitoramento em todos os fornecedores e exaustivos controles em todos os processos”. O McDonald’s veicula sua campanha na TV e em todas as mídias sociais. A ideia é que esses canais sejam um complemento das informações que serão inicialmente veiculadas nos comerciais, fazendo o consumidor acessar o restante dos conteúdos. Março 2013


Agenda

Associação Paulista de Avicultura realiza evento em Ribeirão Preto Acontece entre os dias 19 e 21 de março no Centro de Convenções de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, o XI Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos, que promete a realização de debates sobre as mais recentes pesquisas e tecnologias na área. O encontro deve reunir cerca de 450 participantes, representando todos os elos da cadeia produtiva. Um dos principais focos do evento é gerar conhecimento e contribuir com o desenvolvimento da produção e comercialização de ovos, abordando, por exemplo, questões como o caminho para se reduzir os custos na nutrição de aves poedeiras. “O evento procura apresentar sempre novos conhecimentos em tecnologia, manejo, nutrição, patologia, além de debater temas como legislação”, destaca o médico veterinário, diretor da APA e organizador do evento, José Roberto Bottura. Serviço: XI Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos Data: de 19 a 21 de março Local: Centro de Convenções de Ribeirão Preto – SP Informações: (16) 3209.1300, ramal 1325 ou (11) 3832.1422. Site: www.congressodeovos.com.br

Março 2013

Florianópolis recebe AveSui 2013

Evento consagrado nos setores de Aves e Suínos, a AveSui acontece entre os dias 14 e 16 de maio no CentroSul, Centro de Convenções de Florianópolis, em Santa Catarina. Com mais de 10 anos de vida, a feira deve reunir aproximadamente 250 empresas nacionais e internacionais, integrantes da cadeia produtiva de aves e suínos, que irão expor seus produtos e serviços em busca de oportunidades de negócios e parcerias. A AveSui traz também o Seminário Internacional de Aves e Suínos. Serviço: AveSui 2013 Data: 14 a 16 de maio de 2013 Local: CentroSul - Centro de Convenções de Florianópolis Av. Gustavo Richard, s/n - Florianópolis – Santa Catarina – Brasil E-mail: avesui@gessulli.com.br Site: www.avesui.com Organização: Gessulli Agribusiness Tel. (11) 2118-3133 / www.gessulli.com.br

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Eventos Por Flávio Serra

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IFFA 2013: um mundo de oportunidades

Expositores e a representante da IFFA no Brasil destacam a relevância do evento para o mercado da carne, as expectativas para este ano e os lançamentos que vêm aí

R

ealizada a cada três anos e com mais de 60 anos de história, a IFFA é uma referência entre as feiras de negócios para a indústria da carne. Nesse ano, o evento está previsto para acontecer de 4 a 9 de maio, novamente em Frankfurt, na Alemanha, e promete reunir empresas e profissionais de diferentes segmentações do setor, vindos de diversas localidades do mundo. A Executiva de Vendas, Monique Campos, r�������� epresentante oficial no Brasil da Messe Frankfurt, empresa alemã organizadora da IFFA, conta que “a ������������������������ IFFA é um evento muito importante para a indústria da carne, já que apresenta uma oferta global de máquinas e instalações para todas as etapas do processo, indo desde o abate até o processo de embalagem, passando pelo processamento, tecnolo22

gias de higiene, segurança e análise, produtos auxiliares e aditivos, ingredientes, entre outros”. Monique explica que o trabalho para divulgação da feira dentro do mercado brasileiro começou há cerca de 2 anos e que o saldo tem sido positivo. “Estamos em uma etapa de confirmação final dos expositores participantes, já com a exposição praticamente completa faltando três meses para o início do evento”, aponta. Ela garante que a expectativa para a IFFA 2013 entre as empresas brasileiras expositoras é muito alta, principalmente pela oportunidade de estarem em contato com clientes potenciais e empresas internacionais, o que lhes permite ampliar seu cadastro de clientes e fornecedores, suas vendas, promovendo seus produtos globalmente. Março 2013


Divulgação

IFFA, abrindo novos mercados para a indústria da carne

A chance de internacionalizar suas marcas faz com que empresas brasileiras que participam como expositores no evento pela primeira vez, como a SULMAQ e a CLW Alimentos, tracem suas estratégias e comecem a se preparar com antecedência. “A SULMAQ participará como expositor pela primeira vez da IFFA nesta edição 2013. Esta participação é uma ação muito importante dentro do nosso plano estratégico de internacionalização além da América Latina. Portanto, estamos trabalhando de maneira forte e consistente para esta participação, com o objetivo de recebermos uma grande visitação de potenciais clientes e parceiros comerciais para este novo mercado”, afirma Fernando Roos, Diretor Comercial da SULMAQ. Ele explica que apesar da empresa contar com uma linha referência em uma planta de abate de suínos na Alemanha, o foco para a IFFA 2013 é apresentar formalmente a SULMAQ para os mercados europeu, asiático e africano, e que, para tal, seus serviços e produtos oferecidos, já conhecidos na América Latina, estão sendo adaptados e ajustados pensando na realidade de cada país. No caso da CLW Alimentos, o Gerente Industrial, Luiz Alberto Hillesheim Filho, conta que para essa primeira participação como expositores na IFFA, a equipe da empresa já trabalha no estande, em todo o material publicitário e técnico, pensando, não somente na apresentação corporativa durante o evento, mas, principalmente, no lançamento de um novo item. “Lançaremos oficialmente para o mercado externo, nosso novo ingrediente para produtos cárneos, o HT ADL 300, que já tem excelente resposta dentro do mercado nacional”, indica. Por outro lado, existem situações como a da High Tech Equipamentos Industriais, que já participa da IFFA nos últimos 15 anos, onde a meta é ampliar aquilo que já foi conquistado nas edições anteriores. Março 2013

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Eventos

Alemanha, maior processador Europeu de carne suína, e tradicionalmente conhecido por ter mais de 1500 tipos de salsichas e diversos produtos derivados da carne, com uma posição logística invejável”, sintetiza Fernando Roos da SULMAQ. Além do país sede, outras nações que se destacaram em 2010 pelo número de empresas participando da feira e pelo número de metros quadrados alugados foram a Itália, Espanha, Holanda, Estados Unidos e Inglaterra, o que reforça a ideia da representatividade e abrangência do evento. “A IFFA, para o segmento de carnes, principalmente a vermelha, é a melhor oportunidade de negócios para as indústrias, visto que a feira tem toda cadeia de equipamentos”, enfatiza Daniel Maffi da High Tech. Todos esses motivos explicam a expectativa que a IFFA gera no setor e o porque de sua longevidade. “Pela visibilidade e concentração de profissionais da área, e, principalmente pela oportunidade de contato com os clientes, sem dúvida ela se torna uma poderosa ferramenta de relacionamento junto aos clientes”, conclui Luiz Alberto Hillesheim da CLW Alimentos.

“Os preparativos da empresa são sempre focados na busca de novos mercados e também ser um ponto de referência para seus clientes brasileiros e da América Latina, hoje em torno de 600, sem deixar a Europa e a Ásia, onde já possuímos em torno de 60 clientes” aponta o gerente administrativo da High Tech, Daniel Maffi. Pensando nesse cenário, o gestor confirma que a empresa promoverá lançamentos no evento de 2013. “Este ano iremos levar uma desossadora mecânica 4.5 EC, com sistemas de limpeza, desmontagem, troca rápida de peças e capacidade de 4.500 Kg/h de processamento. As desossadoras são nosso carro chefe. Costumeiramente, também, iremos apresentar institucionalmente outros produtos, como misturadeiras, trocadores de calor e moedores”, resume. Em sua última edição, em 2010, a IFFA contou com aproximadamente 950 empresas, espalhadas em uma área de aproximadamente 104.000 m2, e 60.000 compradores, dos quais 60% provinham de fora da Alemanha. “Outro fator que certamente contribui é ser feita no país que tem uma importância muito grande mundialmente na Indústria da Carne, que é a 24

Serviço Contato no Brasil: Monique Campos Executiva de Vendas Indexport Messe Frankfurt S.A. Representante Oficial da Messe Frankfurt no Brasil Tel. +55 11 3958 4370 monique.campos@brazil.messefrankfurt.com www.messefrankfurt.com

Metas para a IFFA 2013: SULMAQ – a empresa dá início ao seu plano estratégico de internacionalização para mercados além da América Latina e vê na feira um ótimo começo, participando da IFFA pela primeira vez em 2013 CLW Alimentos LTDA – outra estreante como expositora, a CLW lança oficialmente para o mercado externo o HT ADL 300, um novo ingrediente com apelo saudável para produtos cárneos High Tech Equipamentos Industriais – apresentar a Desossadora Mecânica 4.5 EC com capacidade de 4.500 Kg/h de processamento, além de outros produtos como misturadeiras, trocadores de calor e moedores

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Especial Por Léo Martins

Acalanto para uma viagem tranquila

Zelar pelo bem-estar dos animais é garantir não só a qualidade do produto, mas assegurar uma jornada sem sofrimentos

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ma das grandes perguntas que o ser humano se faz durante sua vida é: como será o seu fim? De que jeito que ele gostaria de partir? Pois bem, diversas respostas vêm em nossas mentes quando essas perguntas são feitas e, por mais diversas que sejam as conclusões obtidas, uma coisa é fato: quando o fim chegar, que ele chegue de maneira indolor, sem angústia ou sofrimento (isso explica o fato de que grande porcentagem da população deseja morrer dormindo). E é pautado no fim de uma vida que essa reportagem se aprofundará, pois de maneira equivalente ao ser humano, o animal que será abatido também não precisa sofrer para que o seu fim seja declarado. O seu bem-estar precisa ser assegurado. Por isso, conheça um pouco sobre o abate humanitário e de que maneira ele age para garantir que o animal parta para servir ao consumo humano de maneira tranquila, relaxada e sem sofrimento. Afinal, todo ser vivo deseja uma viagem tranquila para o outro lado.

Mitos sobre o abate

Antes de falar sobre o abate humanitário, precisamos entender um pouco sobre os mitos que acercam 26

esse ato. A palavra abate, na sociedade, remete diretamente à morte e sofrimento. Para isso, José Rodolfo Panim Ciocca, gerente do Programa de Abate Humanitário, pertencente à World Society for the Protection of Animals (WSPA), ONG que zela pelo bem-estar e luta contra os maus-tratos animais, diz que devido a esses mitos e resistências culturais locais, o rótulo dado ao abate é pejorativo. “Muitos acreditam que todo abate, independentemente da forma, causa dor e sofrimento aos animais. Porém, é comprovado cientificamente que quando utilizamos procedimentos e equipamentos adequados, operados por pessoas capacitadas, é possível garantir uma morte sem dor e sofrimento”, afirma Ciocca. Para que essas ideias sejam desmistificadas, Ciocca destaca a importância da informação para tal função. “Nos treinamentos do Programa de Abate Humanitário , o Steps, buscamos transmitir todos os conceitos de bem-estar associados a exemplos práticos. Assim, ideias pré-concebidas como as que ‘o animal deve estar vivo para ser bem sangrado’; ‘o coração deve estar batendo para expulsar todo sangue’; ‘não é possível manejar os bovinos com a bandeira’, entre outros, são desmitificadas”, explica Ciocca. Março 2013


O abate humanitário

Conceitos importantes sobre abate:

Divulgação WSPA

Segundo Ciocca, define-se como abate humanitário o conjunto de procedimentos que garantem o mínimo de estresse aos animais, desde o manejo de embarque na propriedade rural, até a operação de sangria no frigorífico, evitando o sofrimento desnecessário. “O abate humanitário pode ser definido como aquele que é realizado de forma a minimizar o sofrimento dos animais na iminência da morte. É um abate com atitude humanitária, de forma não agressiva e com respeito ao animal”, completa Mateus Paranhos da Costa, professor de Etologia e Bem-Estar Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias pertencente à Universidade Estadual Paulista (FCAV-UNESP), do Campus Jaboticabal.

Os treinamentos fornecidos pela WSPA ajudam a desmistificar os rótulos do abate e informam aos alunos as melhores maneiras para o abate humanitário

Vantagens

Além do fator humanitário já citado, o abate correto também reflete diretamente na qualidade da carne no prato do consumidor final. “O conhecimento do comportamento dos animais e dos princípios de bem-estar animal, aplicados ao manejo na fazenda, transporte e frigorífico, podem assegurar o bem-estar animal e gerar ganhos diretos e indiretos na produtividade e na qualidade do produto final”, argumenta Everton Adriano Andrade, coordenador corporativo do bem-estar animal nas 42 plantas da JBS.

Importância da insensibilização

Como dito anteriormente, o processo de insensibilização ou atordoamento garante que o animal não sofra no momento do abate. “Quando o animal é insensibilizado de maneira correta, eliminamos os riscos de sofrimento nesta etapa, garantindo uma morte sem dor e agonia”, Março 2013

• Sangria: A sangria consiste em uma abertura sagital por meio da linha alba e secção da aorta anterior e veia cava anterior, no início das artérias carótidas e final das veias jugulares. O sangue é então recolhido pela canaleta de sangria e pode ser utilizado, por exemplo, para a fabricação de farinha de sangue, muito utilizada na indústria pet. A importância da sangria também envolve a questão sanitária, pois como o sangue apresenta pH elevado e alto teor de proteína, o animal mal sangrado pode comprometer a conservação de todo o produto. Fatores como o estado físico do animal pré-abate, método de insensibilização e o intervalo entre a insensibilização e a sangria, também influenciam na eficiência da sangria. • Atordoamento ou insensibilização: O atordoamento ou a insensibilização podem ser considerados a primeira operação do abate e, a mais importante para o abate humanitário. O processo visa colocar o animal em inconsciência até o final da sangria, sem causar sofrimento. Podem ser utilizados os métodos mecânicos (pistola pneumática, dardo cativo), percussivo não penetrante -, choupeamento, eletronarcose e utilização de gás, dependendo da espécie. A insensibilização deve perdurar até o fim da sangria, não causando sofrimento desnecessário e promovendo uma sangria tão completa quanto possível. Fonte: Angélica Simone Cravo Pereira, professora doutora no Departamento de Nutrição e Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo

explica José Ciocca, da WSPA. Já para o engenheiro Lenoir Carminatti, diretor da Fluxo Eletrônica Industrial, a insensibilização pode ser comparada a uma anestesia. “A parte da insensibilização deve garantir que todos os animais estejam realmente insensibilizados no momento do abate. Exemplificando, seria como dizer a uma pessoa que ela deverá estar bem anestesiada antes de uma cirurgia para não sentir nenhuma dor”, compara Carminatti. De acordo com Ciocca, conforme a legislação brasileira e internacional, todo abate deve ser precedido de insensibilização. Dessa forma, os três principais requisitos para realizar o abate com insensibilização são: • Utilizar equipamentos com excelente manutenção e apropriados para cada espécie; • Esses equipamentos devem induzir à imediata perda da consciência e da sensibilidade à dor, não permitindo a recuperação até que ocorra a morte do animal; 27


Divulgação Gil Equipamentos Ltda.

Especial

Benefícios do abate humanitário • Melhores condições para os animais e funcionários; • Redução da mortalidade; • Redução das perdas por hematomas, contusões, fraturas e defeitos na coloração e vida útil da carne (shelf life); • Abertura e fidelização de mercados exigentes. Fonte: José Rodolfo Panim Ciocca, gerente do Programa de Abate Humanitário da WSPA

Pistolas pneumáticas são indicadas como métodos eficazes para a insensibilização

Divulgação Gil Equipamentos Ltda.

• O operador deve estar capacitado para utilizar o equipamento adequadamente e conseguir reconhecer os sinais de uma correta insensibilização, e em caso de falhas, re-insensibilizar o animal imediatamente.

Pistola pneumática para insensibilização MJO1201

Maneiras corretas para o abate

Para Angélica Simone Cravo Pereira, professora doutora no Departamento de Nutrição e Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), a melhor forma de abate depende da espécie que será abatida. “Os animais devem ser atordoados, ou insensibilizados, de acordo com a espécie, para que os mesmos entrem em estado de inconsciência para serem abatidos o mais rápido possível”, comenta. Sendo assim, a professora define os métodos para a insensibilização que, de acordo com a espécie do animal, sejam corretos para que o abate possa ser considerado humanitário: 28

• Bovinos (exceto abates judaicos ou islâmicos): pistolas pneumáticas de penetração e pistolas de dardo cativo; • Suínos: eletronarcose (ou choque elétrico) e o dióxido de carbono; • Aves: eletronarcose; • Caprinos e Ovinos: eletronarcose ou pistola de dardo cativo; • Equinos: pistola de dardo cativo; • Peixes: eletronarcose. De acordo com a legislação brasileira (IN 3/2000), os métodos permitidos de insensibilização para o abate humanitário dos animais são: • Método mecânico: utiliza pistola de dardo cativo penetrante ou não penetrante. Esse método é mais utilizado para insensibilização de bovinos, porém, pode ser utilizado em qualquer espécie desde que utilize o equipamento de dardo cativo adequado; • Método elétrico: utiliza corrente elétrica. Normalmente é utilizado em suínos (individualmente) e aves (com equipamentos de imersão em grupo), podendo ser utilizado em bovinos. Entretanto, para bovinos, esse método não é utilizado no Brasil; • Atmosfera controlada: utiliza gases como o dióxido de carbono, argônio, nitrogênio e/ou mistura desses gases. Esse método é mais utilizado para insensibilização de suínos e de aves. Embora a utilização de dióxido de carbono em alta concentração seja a mais utilizada para insensibilização de suínos em atmosfera controlada, sua eficiência para garantir o bem-estar está ainda em discussão, pois o CO2 é considerado aversivo e a perda da consciência não é imediata. No Brasil, são poucos frigoríficos que utilizam o CO2, pois o método elétrico é menos custoso. Fonte: José Rodolfo Panim Ciocca, gerente do Programa de Abate Humanitário da WSPA

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Especial

Questões psicológicas do animal

Divulgação JBS/AS

Animal, independentemente da espécie, também tem problemas psicológicos. No caso do abate, o medo é apontado como o maior problema que o animal pode desenvolver. “A principal consequência psicológica negativa é o medo exagerado, que ocorre principalmente quando os animais são submetidos a rotinas de manejo muito agressivas. Nessas situações, os animais se mostram apavorados, tentam fugir, pulam, não permitem a aproximação de humanos e atacam as pessoas quando se sentem acuados”, explica o professor Mateus da Costa, da UNESP. E explana quais são os efeitos que esse medo traz ao animal. “As consequências são um maior risco de acidentes e estresse, principalmente físico, que leva à redução do glicogênio muscular, muito importante no processo de transformação do músculo em carne”, acrescenta o professor Costa. Sobre os erros que influenciam nessa questão psicológica do animal, a professora Angélica Pereira, da USP, relata que muitos deles têm origem não somente no momento do abate, mas sim antes dele acontecer. “Os erros se iniciam desde o nascimento ou na seleção dos animais na fazenda”, esclarece. Conforme a professora Angélica, selecionar animais de acordo com a reatividade, por exemplo, é uma estratégia bastante interessante.

fisiológicas, as quais podem influenciar negativamente na qualidade da carne, como o aparecimento de alguns defeitos”, completa Ciocca. Ele explica também que existe diferença entre o manuseio dos animais e até entre os diferentes lotes de mesma espécie. “No frigorífico, nos deparamos com animais que são extremamente mansos, outros estressados, alguns agitados, irritados, tranquilos, etc. Isso dependerá tanto do temperamento do animal, quanto suas experiências passadas, como criação, manejo no embarque, transporte e desembarque”, finaliza. Além das diferenças de espécies, Ciocca aponta outras diversidades que influenciam no manejo. “Diferenças nas estruturas dos frigoríficos e nos instrumentos de manejo, que podem variar desde tábuas de manejo, bandeiras, lonas, chocalhos, até a utilização da voz, palmas, entre outros, são levadas em consideração”, afirma. Para completar, a professora Angélica Pereira, da USP, explica alguns dos cuidados no manejo pré-abate. “Pesagem dos animais, assim como embarque, transporte, desembarque e respeitar lotação dos animais no curral até o momento do abate, devem ser feitos com muito cuidado e atenção”, atenta a professora Angélica. “O fornecimento de água para os animais no curral de espera; não utilizar choques elétricos e ferramentas pontiagudas; conduzir os animais de forma racional, com a utilização de bandeiras, por exemplo, são questões extremamente importantes e devem ser observadas”, completa a professora. Ainda dentro do contexto de manejo, o professor Mateus da Costa, da UNESP, indica que para uma melhor compreensão do assunto, o leitor da Revista Nacional da Carne acesse aos manuais de embarque e transporte disponíveis no site www.grupoetco.org.br.

O bem-estar animal e a lei

A utilização de bandeiras pode é um dos métodos eficazes para manejo dos animais

O manejo

Outro ponto bastante discutido no bem estar do animal é o seu manuseio. “As boas práticas no manejo reduzem a incidência de contusões, lesões, hematomas e fraturas, além de melhorar o bem-estar dos animais”, comenta José Ciocca, da WSPA. “O estresse excessivo nessas etapas geram mudanças comportamentais e 30

E o que a lei diz sobre isso? Como ela protege os animais de métodos tortuosos de abate? José Ciocca, da WSPA, conta que em 21 de junho de 2011, foi publicada a Portaria n° 524, que institui a Comissão Técnica Permanente de Bem-estar Animal (CTBEA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para ações específicas sobre bem-estar animal nas diferentes cadeias pecuárias. Essa Comissão é coordenada pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC), e composta pelos próprios membros da SDC juntamente com a Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), Secretaria de Relações Internacionais (SRI), Secretaria de Política Agrícola (SPA), Secretaria Executiva (SE) e Superintendências Federais de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SFA). O objetivo da Comissão é fomentar o bem-estar Março 2013


animal no Brasil, buscando estabelecer normas e legislações de acordo com as demandas. Ainda conforme Ciocca, as diretrizes brasileiras de bem-estar animal são elaboradas com base nas recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). “Além das diretrizes nacionais, há também exigências internacionais embasadas em boas práticas de manejo que minimizam o estresse dos animais no momento do abate. O Regulamento EC 1099/2009 estabelece regras mínimas para a proteção dos animais durante o abate na União Europeia (UE), medida ampliada aos seus países fornecedores de carne”, afirma. Sendo assim, Ciocca destaca alguns requisitos dessa diretiva: - Obrigatoriedade de todo o estabelecimento de abate ter um responsável pelo bem-estar dos animais. Esse profissional, além de fiscalizar, deve possuir autoridade direta, a fim de identificar as prioridades na rotina e determinar ações que supram as necessidades de bem-estar animal; - Qualificação da mão de obra, exigindo treinamentos em bem-estar animal, seus registros e seus respectivos treinamentos de reciclagem; - Manutenção dos equipamentos e registros contínuos de monitoramento.

As mais recentes legislações brasileiras sobre o bemestar dos animais de produção: • Instrução Normativa nº 3, de 17 de janeiro de 2000, é um Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue; • Ofício Circular nº 550, de 24 de agosto de 2011 e Ofício Circular nº 562, de 29 de agosto de 2011, estabelece adaptações da Circular nº 176/2005, na qual se atribui responsabilidade aos fiscais federais para a verificação no local e documental do bem-estar animal por planilhas oficiais padronizadas; • Normativa nº 56, de 06 de novembro de 2008, estabelece os procedimentos gerais de Recomendações de Boas Práticas de Bem-estar para Animais de Produção e de Interesse Econômico (REBEM) e que abrange os sistemas de produção e o transporte; • Instrução Normativa nº 46, de 06 de outubro de 2011, contempla requisitos de bem-estar animal dentro das normas técnicas para instalações, manejo, nutrição, aspectos sanitários e ambientes de criação nos sistemas orgânicos de produção animal. Fonte: José Rodolfo Panim Ciocca, gerente do Programa de Abate Humanitário da WSPA

Como o consumidor identifica o mal abate?

Você já sentiu que a carne estava muito escura no momento da compra? Ou que ela estava muito dura para cortar ou comer? Pois bem, esses são alguns dos sinais ocasionados pelo abate que não leva Março 2013

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Especial Especial em consideração as normas do bem-estar e que refletem diretamente na carne do animal. A professora Angélica Pereira, da USP, expõe que no Brasil é raro encontrar selo de bem estar animal que pode ser visualizado na embalagem dos produtos. Mas o consumidor pode adquirir produtos com o Selo da Inspeção Federal (SIF) e por meio dele, saber se os animais foram abatidos de acordo com a Instrução Normativa n° 03 de 2000 - Regulamento Técnico de Métodos de Insensibilização para o Abate Humanitário de Animais de Açougue. Já em relação às alterações que a carne de um animal estressado pode acrescentar, de acordo com a professora Angélica, destacam-se os seguintes problemas: • Dark, Firm and Dry (DFD): carne escura, firme e seca. Podem apresentar menor prazo de conservação, devido ao pH da carne ser mais elevado (portanto, maior contaminação bacteriana), aspecto duro e coloração escura; • Pale, Soft and Exudative (PSE): pálida, mole e exudativa. A carne apresenta-se com aspecto esponjoso, mole e com coloração pálida.

A tecnologia a favor do bem-estar

Divulgação Fluxo Eletrônica Industrial

Como em diversos âmbitos no mundo atual, a tecnologia é um advento poderoso para que trabalhos possam ser executados de maneira mais eficaz. Para o bem-estar animal, Tulio Marcos de Oliveira, gerente técnico Comercial da Gil Equipamentos Industriais Ltda. comenta como a tecnologia pode ser útil para o trabalho do abate humanitário. “A importância e a tendência dos equipamentos para abate humanitário é assegurar o bem-estar animal, de acordo com um conjunto de procedimentos técnicos e científicos que garantam que o animal será tratado com respeito desde a recepção, até a operação de sangria”,

Monitor indicando parâmetros de insensibilização de suínos

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Para a etapa de insensibilização, o engenheiro Lenoir Carminatti, da Fluxo Eletrônica Industrial, indica alguns aspectos (na parte tecnológica) necessários para que uma instalação seja bem executada: 1) No caso de aves: • A pendura deve ser feita com cuidado e sem machucar as aves; • Precisa haver uma boa cuba de mergulho, um bom insensibilizador e uma instalação bem feita, para que não se tenha fugas de corrente elétrica para não causar pré-choques nas aves; • Os eletrodos dentro da cuba devem possibilitar uma boa transferência de corrente elétrica e o nível de mergulho das aves precisa ser adequado; • O guia superior de transferência de corrente elétrica para os ganchos deve estar bem colocado e transmitir a corrente de forma constante e sem falhas; • Antes da cuba deve haver anteparos para não deixar a ave balançar e ficar se batendo; • Na entrada da cuba, deve haver uma rampa com inclinação adequada e com isolação da água que possa transbordar para não causar pré-choque e outros detalhes que podem ser mais detalhados em cada instalação. 2) No caso de suínos: • Deve haver um bom manejo dos suínos da pocilga até a entrada na linha de insensibilização; • Na linha deve haver um sistema de esteira que transporta os suínos, chamado de restreiner. Este deve fazer o transporte do mesmo até a região do insensibilizador eletrônico de forma a manter um espaçamento mínimo e regular entre os mesmos; • Os pontos de aplicação da corrente elétrica devem ser bem definidos, com uma pressão boa e adequados; • O equipamento eletrônico de insensibilização deve ser especialmente desenvolvido para este fim, fornecendo sinais de corrente e tensão, de forma controlada e regulada, atendendo às exigências das normas do SIF e seguindo as orientações da WSPA (World Society for Protection Animal); • O equipamento eletrônico deve conter dispositivos para indicação dos parâmetros de trabalho em display bem visível; • Deve possuir controles internos para poder ajustar perfeitamente os melhores parâmetros elétricos (corrente, tensão, frequência, forma de onda, tempo de aplicação, retardo do tempo de aplicação do sinal no peito, etc). Fonte: Engenheiro Lenoir Carminatti, diretor da Fluxo Eletrônica Industrial

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Em busca do padrão europeu Para que o Brasil chegue às condições de abate humanitário do mercado europeu, a professora Angélica Pereira, da USP cita alguns pontos a serem melhorados, tais como: • Maior fiscalização por parte do governo em relação aos abates clandestinos no país; • Instalações e equipamentos mais adequados nos frigoríficos; • Treinamento de funcionários em relação ao uso do manejo racional nos animais, seja na fazenda (funcionários), no transporte (motoristas) ou no frigorífico (funcionários); • Melhora do estado das rodovias brasileiras. Estes pontos já poderiam influenciar positivamente o nível de qualidade no que diz respeito ao bem estar animal e ao abate humanitário em nosso país. Fonte: Angélica Simone Cravo Pereira, professora doutora no Departamento de Nutrição e Produção Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP)

explica. Oliveira destaca também algum dos benefícios na utilização correta de insensibilizadores. “Ao utilizar o insensibilizador de maneira correta, ocorre a paralisação imediata dos reflexos do animal, como olhos vidrados, língua e mandíbula relaxada, e respiração arrítmica”, enumera Oliveira. Ainda dentro do contexto do auxílio da tecnologia para o abate humanitário, Oliveira informa que em termos de eficiência, a principal vantagem dos insensibilizadores é a do animal ser abatido no primeiro disparo. “Quanto mais sofrimento, amedrontado e estressado o animal tiver ao ser abatido, seja com golpes de marretas ou choupa, mais o organismo deste animal libera toxinas na carne que ocasionam a DFD ou a PSE”, afirma Oliveira. Ainda de acordo com Oliveira, para quem manuseia, esse é o processo mecânico que mais favorece o abate humanitário. “Desde que manuseado de forma correta, esse processo consegue, por excelência, uma qualidade de carne vista nas prateleiras”, completa Oliveira.

Um exemplo de bem-estar animal

Com a popularização das normas de bem-estar animal, cada vez mais as empresas de processamento de carnes, frigoríficos e abatedouros aderem ao abate humanitário. A JBS aderiu aos procedimentos em seus abatedouros, buscando o bem-estar animal e uma qualidade Março 2013

maior em seus produtos. “Decidimos seguir as normas de abate humanitário para assegurar o bem-estar dos animais e as condições de processo e bem-estar das pessoas. Isso gera melhorias na qualidade da carne devido à redução de hematomas e perdas que afetam a qualidade dos produtos e rendimento dos cortes”, explica Everton Adriano Andrade, coordenador corporativo do bem-estar animal da JBS. Para que as normas sejam seguidas, Andrade explica quais os procedimentos tomados pela empresa. “Estabelecemos procedimentos operacionais com ações preventivas e corretivas, treinando os colaboradores, visando assim, a garantia do bem-estar do animal em todo o processo”, comenta. Quanto aos equipamentos que a empresa possui para que o abate humanitário seja garantido, Andrade diz que as instalações dos frigoríficos da empresa são bem delineadas e foram feitas com o objetivo de diminuir o estresse dos animais, o que melhora a condição do abate. “Trabalhamos com câmeras de monitoramento no curral/ abate, verificando todos os procedimentos operacionais dos principais indicadores de bem-estar animal”, complementa Andrade. Andrade ainda da um conselho para as empresas que ainda não prezam o bem-estar do animal. “Acreditamos que aquele que quiser se manter na disputa pelos melhores mercados no médio e longo prazo deverá atender às exigências dos clientes, e o bem-estar animal é uma destas exigências”, comenta. E ainda completa. “Além de envolver questões de ética e respeito aos animais, o bem-estar animal tem tudo a ver com qualidade de carne. O manejo inadequado no pré-abate, por exemplo, é estressante aos animais e faz com que sua carne tenda a ter a qualidade afetada”, conclui Andrade.

Nem todos seguem o bem-estar

Mesmo com diversas vantagens qualitativas e humanitárias, muitos frigoríficos ainda não seguem as normas de abate humanitário. E dentro desse contexto, uma pergunta é cabível: por quê? “Muitas empresas ainda não visualizaram o grande benefício que é gerado em tratar os animais de forma digna e correta. Ainda há muita resistência de que o bem-estar atrapalha a produção, enquanto que a realidade é contrária”, analisa Adriano Andrade, da JBS. Já para o professor Mateus da Costa, da UNESP, essa é uma questão de mudança na atitude das pessoas. “Diretores, gerentes e manejadores é que precisam mudar. E isto leva tempo. É necessário também que todos sejam treinados, para a aplicação das boas práticas de manejo e que as instalações e equipamentos 33


Especial

sejam adequados para a realização dos procedimentos de manejo de forma correta”, aconselha o professor Costa. José Ciocca, da WSPA, atenta também para a falta de conhecimento de técnicos e funcionários sobre esse tema. Para esse problema, ele diz que é necessário ser mostrado aos abatedouros as vantagens de adoção das técnicas corretas de manejo e bem-estar animal. “Essas técnicas consistem não somente nas melhorias para os animais, mas também na redução das perdas quantitativas - como lesões, hematomas e descartes -, qualitativas - PSE e DFD – e na produção de alimentos éticos para a população”, afirma Ciocca. E também alerta. “Não há como convencê-los a mudar se as empresas não perceberem o quanto estão deixando de ganhar por não adotarem técnicas adequadas de manejo”, conclui.

Quais os conselhos para que haja o abate correto com o bem estar animal • Conscientização e exigência do consumidor por produtos de qualidade ética; • Capacitação dos profissionais responsáveis pela cadeia da carne; • Multiplicação dos conhecimentos e aplicação das boas práticas de bem-estar animal; • Equipamentos adequados à espécie e manutenção frequente; • Análise econômica para mostrar o bem-estar animal como valor agregado nas cadeias produtivas da carne; • Legislações bem embasadas cientificamente;

O que falta para o Brasil?

• Fiscalização presente e ativa.

Divulgação WSPA

Modelo internacional de abates que prezam o bem-estar animal, a Europa ainda é o padrão a ser alcançado no que diz respeito ao abate humanitário. Então, o que falta para o Brasil chegar ao abate europeu? Para Ciocca, muitos frigoríficos já realizam e atendem o padrão europeu de bem-estar animal. Dessa forma, ele atenta para outra deficiência do mercado brasileiro. “A maioria dos problemas que põem em risco o bem-estar dos animais está ligada à falta de informação dos funcionários e, em alguns casos, dificuldades relacionadas à manipulação e aquisição de equipamentos adequados. Por isso, precisamos investir em capacitações”, argumenta. “A parceria entre a WSPA, por meio do Programa Steps, e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, funciona para

Treinamento de bovinos WSPA onde os profissionais adquirem informação sobre o bem-estar animal

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harmonizar os critérios de bem-estar em âmbito nacional, e para que os mesmos sejam seguidos por frigoríficos federais, estaduais e municipais”, completa Ciocca. Partidário da mesma opinião, o professor Mateus da Costa, da UNESP, reforça que todos os envolvidos das empresas precisam desenvolver um compromisso em adotar práticas que aumentem o poder de informação de seus pares. “Boas práticas de manejo, oferecer programas de treinamento acessível a todas as pessoas envolvidas, de forma a substituir as velhas rotinas de manejo, por novas formas de trabalhar que levem em conta o comportamento e o bem-estar dos animais”, opina o professor Costa. “A grande diferença não está somente nos padrões de bem-estar atendidos pelos frigoríficos, e sim na conscientização e atitude dos consumidores frente ao bem-estar dos animais de produção”, completa Ciocca. Sabem aquele dito que diz que “devemos tratar o próximo como a nós mesmos”? Pois bem, esse dito não deve ficar somente restrito à raça humana. Ele pode e deve ser ampliado para todos os seres vivos e, obviamente, os animais fazem parte desse contexto. No caso daqueles animais que servem para o consumo humano, tratá-los com o mínimo de respeito, garantindo a eles um fim sem dor ou sofrimento, é obrigação para garantir que esses animais tenham uma boa viagem. Sofrimento não é restrito somente aos humanos, bem como o respeito também não deve ser. Afinal, somos (humanos e animais) passageiros nesse mundo. E como o fim um dia chegará a todos, o que ansiamos, quando ele chegar, é uma viagem tranquila, seja lá para onde ela for nos levar. Março 2013



Capa Por Léo Martins

Para o alto

e avante! Com lições extraídas de 2012, o mercado de carne de aves espera voar muito além em 2013

S

im, sim, o título dessa reportagem é a famosa frase pertencente ao Super Homem, um dos maiores super-heróis de todos os tempos. Quem conhece o personagem, sabe que ele utiliza essa frase antes de voar, e com ela, expressar que ele pode seguir sempre avante e alcançar patamares cada vez maiores com o seu voo. E é pegando carona na capa vermelha do Homem de Aço (outro apelido dado ao herói) que a Revista Nacional da Carne irá expor para você, nosso leitor, o quanto o mercado de aves é importante para a indústria nacional de carne. Foi sendo poderoso, forte e praticamente indestrutível como o Super Homem, que o mercado conseguiu suportar as tormentas de 2012. Portanto, segure-se, pois o setor de aves espera te levar para o “alto e avante” em 2013! 36

Março 2013


Antes de expormos as condições atuais do mercado, é preciso traçar um panorama do que foi o mercado de carne de aves em 2012. Segundo dados divulgados no mês de janeiro pela assessoria de imprensa da União Brasileira de Aves (UBABEF), a produção de carne de frango, principal produto avícola, foi de 12,645 milhões de toneladas. Apesar dos números aparentemente altos, se comparados aos números obtidos no fim de 2011, foi registrado uma queda de 3,17%. Mesmo assim, conforme a UBABEF, o Brasil ainda se manteve como o maior exportador mundial e o terceiro maior produtor de carne de frango, atrás somente dos Estados Unidos e da China. “O ano de 2012 foi bastante difícil para o agronegócio avícola, abalando a produção de algumas regiões brasileiras. Arrisco falar que 2012 foi um dos períodos mais difíceis na historia da avicultura brasileira”, comenta Aline Raquel Antoniolli Pereira, gerente Industrial da Frango Seva, empresa de abate e processamento de aves. Reforçando a crise enfrentada pelo setor em 2012, Francisco Turra, presidente Executivo da UBABEF, expõe sua opinião referente ao ano passado. “A avicultura brasileira enfrentou em 2012 a maior crise de sua história. E as consequências só não foram mais acentuadas, porque estamos falando de um setor muito sólido”, afirma Turra. Ainda segundo o presidente da UBABEF, a produção avícola só conseguiu atravessar esse período por manter seus atributos de qualidade, sanidade e sustentabilidade. De acordo com informações fornecidas pela assessoria da UBABEF, a redução da produção em 2012 foi reflexo da disparada dos preços do milho e da soja, e que, por consequência, representam o maior custo do setor. Esse impacto foi seguido também pela ausência de créditos

Algumas vantagens da carne de frango:

• A cadeia causa menor impacto ambiental, relativamente é a mais barata das carnes; • É percebida pelos consumidores como a mais saudável e nutritiva; • Não sofre nenhuma restrição religiosa e possui fantásticas propriedades funcionais, sobretudo um sabor natural, que permite à indústria combinar formas, texturas, sabores e cores para criar uma infinidade de produtos. Fonte: Aline Raquel Antoniolli Pereira, gerente Industrial da Frango Seva

para avicultores e agroindústrias, o que resultou na paralização de diversas empresas do setor e em milhares de demissões.

Mercado interno em 2012

Alguns pontos são importantes serem frisados no mercado interno. De acordo com a assessoria da UBABEF, do total da produção de 2012, 69% foi destinada ao mercado interno, mantendo assim, a média histórica nacional. Ainda sobre os dados de consumo, o principal Divulgação Marel

Apanhado do mercado em 2012

Título: Comparativo produção de carne de frango 2011/2012 13,1

13,058 mi ton

Milhões de toneladas

13

-3,17%

12,9

Brasil ainda se manteve como o terceiro maior exportador de frango do mundo

12,8 12,7

12,645 mi ton

12,6 12,5 12,4 Fonte: UBABEF

Março 2013

2011

2012

cliente da carne de frango produzida pela indústria nacional é o consumidor brasileiro, que recebe os produtos com os mesmos padrões de qualidade dos produtos destinados ao mercado internacional. Já sobre os Estados brasileiros que efetuam o abate de frangos, o Paraná foi o Estado que liderou, com 29,7% do total nacional. Outros principais produtores que 37


Capa

Título: Tabela de abate por Estado

UF Paraná Santa Catarina Rio Grande do Sul São Paulo Minas Gerais Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul Distrito Federal Espírito Santo Pará Paraíba Bahia Pernambuco Amazonas Tocantins Rondônia Fonte: SIGSIF/MAPA

38

Participação 29,7% 17,7% 14,4% 12,7% 7,4% 6,7% 4,7% 2,8% 1,4% 0,4% 0,4% 0,4% 0,3% 0,3% 0,3% 0,2% 0,2%

receberam destaque foram Santa Catarina, com 17,7%; Rio Grande do Sul, com 14,4%; e São Paulo, com 12,7%. Para finalizar os dados internos, conforme a assessoria da UBABEF, em 2012, o consumo per capita de carne de frango foi de 45 kg, contra 47,4 kg em 2011. A queda é explicada pela redução na produção.

- Mercado externo em 2012

Em concordância com os dados fornecidos pela UBABEF, em 2012, as exportações da avicultura brasileira (neste sentido, consideramos carnes de frango, peru, pato, ganso e outras aves) totalizaram US$ 8,362 bilhões. Esse valor, se comparado a 2011, representa uma redução de 5,5%. Já no caso de volume, as exportações avícolas tiveram uma soma de 4,138 milhões de toneladas, com um aumento de 0,5%. Dentro da perspectiva da carne de frango, o principal produto de exportação brasileira, a assessoria da UBABEF informa que o embarque para outros países teve uma soma de 3,918 milhões de toneladas em 2012, com uma redução de 0,6% em relação a 2011. Já sobre o mix das exportações brasileiras, o ano

Março 2013


de 2012 foi composto por 55% de frango em cortes, 35% de frango inteiro, 5% de frango salgado e 5% de frango processado. Título: Exportação por destino de carne de frango ao mundo

País Arábia Saudita

mil ton

Participação

629

16,0%

Japão

383

9,8%

Hong Kong

307

7,8%

Emirados Árabes

239

6,1%

China

227

5,8%

África do Sul

187

4,8%

Egito

119

3,0%

Kuwait

116

3,0%

Iraque

106

2,7%

União Europeia

448

11,4%

Outros

1156

29,5%

TOTAL

3.918

100,0%

Fonte: UBABEF/SECEX

Março 2013

Dentre as regiões ao redor do mundo que o Brasil mais exporta, o Oriente Médio ainda continua sendo a principal região de destino de carne de frango brasileira. Foram cerca de 1,396 milhões de toneladas em 2012. Em seguida vem a Ásia, com 1,137 milhões de toneladas; a África, com 598 mil toneladas; e a União Europeia, com 448,4 mil toneladas. Já os números de exportação entre os Estados brasileiros, o Paraná lidera a lista como maior exportador com 28,7% da participação total, seguido por Santa Catarina, com 26,2%.

Outras aves

As exportações de carne de peru, de acordo com a UBABEF, totalizaram 170 mil toneladas. Porém, no caso do produto obtido através do peru, houve um aumento de 26,8% em comparação a 2011. Para a carne de peru, o principal mercado comprador foi a União Europeia, com um total de 46%. No entanto, a carne de pato, ganso e outras aves, representaram um total em embarques de 3 mil toneladas, número esse que representou um crescimento de 87,3% em relação ao ano passado.

39


Título: Exportação total de outras aves 12

+60,4%

10

2011

11,21

Divulgação Marel

Capa

2012

8

6,99

6

+87,3%

4

3,06 1,64

2 0

Volume (mil ton)

Receita (milhões US$ Fonte: UBABEF

O mercado atual

Mesmo o ano de 2012 não tendo atingido níveis satisfatórios, para Aline Raquel Antoniolli Pereira, da Frango Seva, no mês de dezembro de 2012, o mercado de

Apesar de 2012 não ter sido animador, estima-se uma grande melhora do setor para 2013

Produção de frango e PIB no Brasil

Fonte: UBABEF

Destino da produção de frango no Brasil Produção de carne de peru

scx.hu

Fonte: UBABEF/SECEX Fonte: UBABEF/SECEX

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Março 2013


carne de aves atingiu bons patamares de preços, o que por consequência, criou uma expectativa para que 2013 possa ser um ano superior a 2012. Já para Lambert Rutten, gerente de Negócios de avicultura da Marel Stork, empresa de equipamentos e sistemas avançados para a indústria de processamento de alimentos, apesar das flutuações a curto prazo e devido à razões econômicas ou de preços de alimentação a longo prazo, o mercado de aves mostra crescimento. “A população mundial continua crescendo e o Brasil é um dos principais fornecedores potenciais para essas pessoas nas próximas décadas”, comenta Rutten. “Além disso, o mercado interno terá ainda algum potencial de crescimento, mas como nós já temos um consumo de aves de 47 kg/per capita, este nível já é elevado”, completa Rutten. Atualmente, conforme Aline Pereira, a atual posição que a carne de frango ocupa na sociedade atual se justifica por essa carne ter características nutritivas. “Graças às suas características, a carne de frango tem ganhado uma grande inclusão nas dietas populares. Por isso, é a segunda proteína mais consumida no mundo. Isso tem contribuído bastante para o crescimento da carne de frango no Brasil e no mundo”, analisa Aline.

Destino por país do frango exportado

Fonte: UBABEF/SECEX

Exportação por produto

Fonte: UBABEF/SECEX

Exportação de frango por Estado do Brasil

Fonte: UBABEF/SECEX

Março 2013

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Capa

Aliado importante para o crescimento do mercado, os avanços tecnológicos são importantes para a indústria de carne de aves, bem como todo o trabalho que é feito com ela. Lambert Rutten, da Marel Stork, pontua alguns aspectos importantes em que a tecnologia se torna indispensável para o mercado. “Para ser capaz de crescer no Brasil, a empresa precisa ser competitiva em custos de produção e eficiência. O fator custo pode ser controlado pela redução da dependência de disponibilidade de mão de obra e aumentos salariais, ou pelo aumento de velocidade de processamento”, analisa Rutten. Ele continua. “Isto significa automatizar mais as plantas que ainda são parcialmente operadas manualmente ou aumentar a velocidade de linhas de processamento para as plantas já automatizadas”, completa. Mesmo assim, Rutten atenta para os cuidados com o aumento de velocidade. “Aumentar a velocidade das linhas deve ser algo feito com muita cautela, pois os rendimentos do processamento e a qualidade não podem ser afetados negativamente”, atenta Rutten.

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Divulgação Marel

A tecnologia e o mercado de aves

A tecnologia pode ajudar na velocidade de produção da indústria

Os processos de classificação por peso e a formação de lotes com peso fixo, de acordo com Rutten, também são fundamentais para controlar o desperdício. Ainda conforme Rutten, as modernas classificadoras e balanças multi cabeçais que a Marel distribui, podem contribuir neste controle de custos e em soluções de logística.

Março 2013


FHF-XB, para a desossa de filés a partir da metade dianteira do frango

Evoluções tecnológicas

Rutten explica que a evolução tecnológica gira muito em torno das novas necessidades que aparecem no mercado de aves. Nesse quesito, segundo ele, regulamentos da Comunidade Europeia são levados

Março 2013

em consideração. “No manejo de aves vivas, o uso do transporte de contêineres e um sistema de atordoamento multi-estágio de gás, como o Stork GP e o Sistema CAS, cumpremcom os novos regulamentos de bem-estar animal da Comunidade Europeia”, explica Rutten. E ainda aconselha. “Para reduzir o consumo e a contaminação da água, o uso do novo sistema de escaldagem Stork Aeroscalder pode ser uma opção muito interessante”, indica. Já no processo de corte e desossa, Rutten explica que há uma evolução permanente dos módulos, sejam eles novos ou atualizados. O objetivo é aumentar a produtividade e a qualidade dos processos. “Também na desossa de peito, diferentes sistemas podem ser escolhidos de acordo com os requisitos de cada planta”, complementa. Por isso, dentro da perspectiva de produtos da Marel Stork, Rutten comenta sobre de que forma eles podem ser uteis no processo de industrialização da carne de aves. “Existe o sistema de filetagem AMF-BX, que está equipado com PLC’s (Controlador Lógico Programável) e touchscreens para

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Capa

automatizar as configurações e tornar o processo menos dependente dos operadores”, esclarece. Já para a desossa de filés, Rutten também indica qual equipamento pode auxiliar no processo. “O equipamento FHF-XB, para a desossa de filés, a partir da metade dianteira do frango, obteve várias modificações em módulos para aumentar a produção e o número de opções de produtos, com rendimentos elevados e uma minimização das operações manuais de refile”, expõe.

Expectativas para 2013

Com relação aos resultados esperados para 2013, a UBABEF prevê que, sem um crescimento maior que a economia, não haverá perspectiva de um aumento expressivo do consumo da carne de frango no Brasil. A grande esperança é a expansão de consumo por parte das classes C e D, classes essas que movimentam grande parte da economia nacional. Ainda segundo a UBABEF, a consolidação da posição da carne de frango como uma proteína animal nutritiva e saudável, também poderá contribuir para um aumento de consumo para o mercado inteiro. Dentro das perspectivas para 2013, Aline Pereira, da Frango Seva, analisa as possibilidades e oportunidades presentes para esse ano. “Para 2013, a expectativa do setor

Para melhores resultados em 2013, a UBABEF estabeleceu ações prioritárias de marketing internacional. As iniciativas abrangem: • Ações de manutenção de mercado e qualificação das exportações com a participação em importantes feiras internacionais e a realização de workshops na França, Emirados Árabes Unidos, China, Japão e África do Sul; • Concretização da abertura do mercado da Índia, onde o fator impeditivo é a tarifa de importação de carne de frango, hoje de 100% para cortes e 30% para o frango inteiro; • Abertura de novos mercados, como Nigéria e Argélia, na África (continente que receberá um foco especial nas ações deste ano), e Indonésia, Malásia e Camboja, na Ásia. Fonte: UBABEF

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Desafios para o setor em 2013 • Monetização dos créditos acumulados atrelada a investimentos produtivos; • Rentabilização da atividade no mercado interno com a ampliação da comercialização de produtos de valor agregado; • Desoneração da cesta básica ampliada; • Consolidação do Salão Internacional da Avicultura (SIAV) como maior evento do setor no Brasil; • Maior aproximação com o Governo Federal para contribuir com propostas para superar gargalos de competitividade, especialmente logística e grãos. Fonte: UBABEF

é de que os valores pagos pelo frango vivo e pela carne sigam em patamares elevados. Por outro lado, os altos custos de produção devem continuar inibindo alguns produtos neste novo ano”, comenta. “Quanto à demanda doméstica, relacionada ao desempenho de variáveis macroeconômicas, pode haver algum avanço frente ao consolidado em 2012”, acredita. Segundo Aline, estudos norte-americanos apontam que o consumo brasileiro de carne de frango deve crescer 1,6% em 2013, e os embarques, cerca de 3%. Já a UBABEF estima que em 2013, o crescimento do mercado brasileiro seja de 3%, tanto na produção quanto nas exportações da carne de frango. Como visto no decorrer da reportagem, o ano de 2012 não teve números animadores para o setor avícola. Porém, o ano anteriormente citado trouxe diversas lições para o setor. Uma delas, em especial, é uma das principais virtudes das aves, que é justamente o dom de voar aprendendo com as quedas. Até mesmo o Super Homem caiu, antes de aprender a voar de verdade. Não se aprende a voar sem quedas. Para que voos mais altos sejam alcançados e seja possível ir “para o alto e avante”, algumas quedas estão naturalmente previstas durante esse percurso. É dessa forma que a indústria de carne de aves espera reverter o ano de 2012 e voar para muito mais além em 2013, mostrando que ela é tão poderosa quanto o Homem de Aço. Afinal, como diz o astronauta de brinquedo Buzz Lightyear, do desenho Toy Story, um dos grandes sucessos da história do cinema, voar “é cair, com estilo”. Março 2013



Vitrine Por Flávio Serra

Soluções para o setor alimentício

1) Quais são os investimentos planejados pela Vemag no Brasil? A Vemag irá mudar seu escritório para o Sul, investindo na expansão de seu estoque de peças e máquinas 46

Crédito: Divulgação

C

om sua origem em 1944, na Alemanha, em um período conturbado pelos eventos que marcaram a segunda guerra mundial, a Vemag conta com uma história de mais de 60 anos no desenvolvimento, produção e fornecimento de máquinas e equipamentos para a indústria alimentícia. Em seus primeiros anos de funcionamento, a empresa solidificou sua reputação entre os fabricantes de alimentos locais e internacionais com uma contribuição efetiva para o desenvolvimento de embutideiras. Já nos últimos anos, a Vemag vem dando ênfase na apresentação de soluções específicas para a integração dos processos de alimentação e porcionamento, que estabelecem a meta de se desenvolver um sistema modular feito de embutideiras e dispositivos customizados, que se adaptam às necessidades particulares de cada usuário e lhe proporcionam a convergência dessas ferramentas. No caso específico do Brasil, a empresa tem uma participação de muitos anos no mercado, que se intensificou recentemente com o estabelecimento, em 2006, de um escritório em São Paulo, com o intuito de prestar um atendimento mais próximo aos clientes brasileiros e expandir os negócios corporativos no País. Seguindo nessa proposta, em 2009, a Vemag do Brasil iniciou um processo de ampliação, que lhe permitiu estender sua área de atuação, antes restrita aos frigoríficos, para os mercados de panificação e segmentos não alimentícios, a partir da manutenção de um estoque de máquinas e peças de reposição, além do oferecimento de serviços de assistência técnica a seus clientes nacionais com técnicos treinados na matriz. Com o foco principal nessas questões sobre os investimentos e expansão da Vemag do Brasil, o Diretor Geral da empresa, Ralph Richard Jonas, concede entrevista exclusiva a Revista Nacional da Carne, onde fala sobre os produtos ofertados pela corporação no mercado nacional, passando pelas inovações que a empresa tem trazido para a indústria alimentícia, além de dar a sua impressão sobre o atual momento do setor cárneo no País.

Ralph Richard Jonas, Diretor Geral da Vemag do Brasil

para demonstração. Nas novas instalações, teremos ambientes que simulam linhas de produção para realizar testes e treinamentos para técnicos e operadores das máquinas. Além disso, ampliaremos nossa equipe, no intuito de atender nossos clientes de forma mais rápida e visitá-los mais frequentemente. 2) Como você analisa o atual momento do setor cárneo no País? No ano passado foi bastante complicado elaborar um planejamento. No entanto, após importantes definições dos principais players do setor, o mercado está mais estável e todas as empresas estão investindo novamente, o que é crucial para nós. A indústria da carne está crescendo rapidamente, fato muito importante para todos: produtores e fornecedores. 3) Com que tipos de produtos a Vemag está trabalhando no mercado nacional? A Vemag oferece uma linha completa de equipamentos para a indústria. Nossa empresa não vende apenas máquinas, mas sim soluções para toda a indústria alimentícia, desde pequenas empresas de panificação e frigoríficos, até companhias que possuem linhas completas de processamento de alimentos. Março 2013


Créditos: Divulgação

4) Quais as inovações que a Vemag tem trazido para o setor? A Vemag irá apresentar o vinculador, torcedor de alta velocidade para salsichas (LPG 209), com controle de peso ideal e controle perfeito de comprimento do produto. Outra novidade é a formadora de hambúrguer de estilo caseiro (FM 250), com capacidade de até 450 porções por minuto.

Formadora de Hamburguer FM250 da Vemag

Março 2013

5) A Vemag ministra orientação para o uso adequado de suas tecnologias? Oferecemos treinamentos e orientações continuamente. Esses treinamentos são realizados frequentemente na Alemanha e na América Latina, onde os técnicos e operadores das máquinas são orientados. Todos os nossos representantes são muito bem treinados nos aspectos comercial e técnico. É possível encontrar um deles no Brasil, em outros países da América Latina, assim como no México, ou seja, em todas as localidades onde fazemos vendas. 6) Assim como a sede da Vemag, a IFFA é realizada na Alemanha. Qual a importância deste evento para a empresa? A IFFA é a feira mais importante para a Vemag. Neste ano, participaremos com o maior estande que já tivemos, apresentando a linha completa de máquinas Vemag em aproximadamente 1.500m2. 7) A empresa pretende atuar em novos mercados? Devido à versatilidade dos equipamentos da Vemag, temos algo a oferecer para quase todas as indústrias. O foco ainda é a indústria alimentícia, mas já somos bem sucedidos também em outras indústrias, como de graxa, explosivos, etc.

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Internacional por Hudson Silveira

Mercado americano, visĂŁo de um simples consumidor

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Março 2013


J

á faz algum tempo que o mundo sinaliza que as carnes estarão com preços em alta, devido a vários fatores de produção como o clima severo em alguns países, doenças do rebanho, baixa remuneração do pecuarista, uso do milho para produzir etanol (no lugar da ração), e também, pela alta demanda das economias emergentes pelo produto. Recentemente, no último relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre as perspectivas para o mercado da carne de 2012 a 2021, e também, em um outro relatório sobre o tema, divulgado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), continuaram sinalizando a permanência desta tendência para um futuro ainda distante. A severidade do clima tem afetado significativamente o resultado da produção em alguns países. Em um artigo no final de 2012 escrevi sobre os efeitos devastadores da seca nos EUA, uma das maiores nos últimos 50 anos e que comprometia lavoura e pecuária no país; na Austrália, desde 2010, as enchentes e ciclones na região nordeste, principalmente no estado de Queensland, vêm massacrando os moradores e a produção rural. Mais recentemente em Janeiro deste ano, o ciclone Oswald castigou o estado e deixou cidades quase submersas com a enchente que se seguiu ao ciclone. Queensland é um grande estado produtor agrícola e pecuário. Plantações ficaram perdidas, bem como maquinário e as casas dos produtores que ficaram debaixo d’água, portanto tudo foi perdido. No Brasil, o bom resultado da safra também vai depender do clima. Pela primeira estimativa publicada agora em janeiro de 2013 pelo IBGE, nas safras de milho e soja deste ano, principais itens de custo na cadeia de produção da proteína animal, já se observa um aumento da área plantada para 2013, de 8,2% para o milho, e de 9,7% para a soja. Estive morando nos EUA por um período, logo no início da crise em 2007, onde fui comandar uma das empresas do grupo JBS. Morar em outro país te leva a viver o dia a dia de uma forma diferente de um visitante e consequentemente, a visão do ambiente muda. Digo isto pois hoje muitos brasileiros visitam os Estados Unidos e este número tem crescido assustadoramente. A percepção para o turista é que tudo por lá é barato, percepção esta que não é equivocada quando comparada com os preços de produtos similares no Brasil, mas para os locais a realidade é diferente; e é com esta realidade que baseio este artigo, na percepção do cidadão inserido na sociedade ianque. Neste período de vida logo me adaptei para viver como um local e assim, as compras de alimentos ou o almoço diário era medido, as pesquisas de preço, a qualidade da Março 2013

carne, das frutas e verduras, os itens da estação, tudo como qualquer um faz aqui no Brasil, evitando qualquer comparação de preços com o que fazia aqui. Em alguns artigos passados citei, mais precisamente no final de 2011, quando de passagem novamente por terras estadunidenses, fiz minha habitual pesquisa de produtos e preços a qual tinha referência quando morava lá, para medir o que estava acontecendo no cotidiano daquela região. Notei que, no que diz respeito à carne, os preços já haviam subido bastante. Fruto do programa de produção de etanol usando milho, que cada ano consome um maior volume de grãos da produção americana para o biocombustível, os preços do milho subiram e afetaram o preço final da carne. Um exemplo, o corte bovino ribeye, qualidade prime para o USDA (Departamento de Agricultura), que comprava na loja X em 2008 e pagava USD 9,99 /lb, nesta viagem de 2011 visitando a mesma loja X, o mesmo item já custava USD 11,99/lb, um aumento de exatos 20%. Assim faço sempre que estou por lá, como agora no início de 2013. Desta vez comprei o mesmo

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Internacional

produto por USD 16,99/lb, um aumento de mais 41%. Não só a carne bovina teve aumento, desta vez também senti o impacto do aumento de custos no food service, em geral com refeições mais caras em aproximadamente 20%. Entrevistei vários locais, na costa oeste e na leste, e a opinião foi unânime, os alimentos estão muito mais caros mesmo. Não me apoio aqui em nenhuma pesquisa, mas na pura percepção e realidade daqueles que vivem o seu dia a dia por lá, observando desde um simples lanche no almoço, a um jantar sem sofisticação. Apesar do PIB americano registrar um crescimento de 2,2% em 2012, muito maior que o nosso no mesmo período, que deve ficar por volta de 1%, o resultado do último trimestre nos EUA, ainda um número não oficializado para ambos, foi muito ruim registrando uma queda de 0,1%. É o primeiro resultado negativo desde 2009, influenciado, segundo os analistas, pelo atraso na aprovação do programa de impostos para 2013, o chamado abismo fiscal, que gerou muita incerteza para o contribuinte americano. Mas nem tudo é ruim neste número negativo do quarto trimestre. Neste período os consumidores americanos gastaram a um ritmo maior, passando de 1,6% no terceiro trimestre, para 2,2% neste último; isto é um bom indicador e mostra a vontade e confiança do consumidor em ir às compras; lembrando que nos EUA não há 13º salário no final de ano, mas muitos recebem um bônus anual e, junto com o período das festas de final de ano, estes ajudam a impulsionar os gastos. 50

A carne bovina, ou o setor de bovinos em geral, está passando tempos difíceis nos EUA, além dos preços altos que estão afugentando parte de seus consumidores. O rebanho tem diminuído gradativamente desde 2010. No inicio de 2013 o rebanho americano atingiu o menor nível desde 1952, totalizando 89,3 milhões de cabeças (incluindo bezerros); as vacas representaram 29,3 milhões de cabeças e também é o menor nível desde 1962. Esta baixa no rebanho é reflexo da seca que desde 2010 castiga de forma dura o meio oeste americano, celeiro do rebanho bovino americano, que teve em 2012 sua seca mais sevara até agora, gerando uma crise forte no setor pecuário. Muitos criadores foram forçados a mandar suas vacas para abate em 2012 e muitos animais foram mais cedo para o confinamento, para fugir da condição do clima, na tentativa de recuperar um pouco os prejuízos. Mesmo agora no início de 2013 a seca continua e a liquidação de vacas segue em alta. Todo este ciclo tem sido negativo na geração de aumento do rebanho americano. O ano promete ser muito desafiador, ou também, segundo o relatório do USDA, um “ano de solavancos na estrada do rebanho americano”. Enquanto o rebanho bovino “emagrece”, as aves e suínos crescem em produção. Não são crescimentos expressivos, mas começam a preencher as lacunas deixadas pelos bovinos no mercado. Os preços mais firmes dos produtos de aves e a previsão de demanda alta encorajam o aumento da incubação, mesmo com a incerteza do preço da ração baseada no milho. Portanto, continuar comendo carne nos EUA não vai ser tarefa fácil. Oportunidades para mais importação de produtos bovinos podem ser geradas ao longo de 2013 e quem sabe o Brasil pode ter uma chance, ainda este ano, de estar com seu produto in natura nos EUA.

Hudson Carvalho Silveira é formado em Engenharia Química Industrial com MBA em Administração pela Fundace-USP. Possui experiência de 16 anos no setor, em empresas como Wal-Mart Brasil, Bertin e JBS-Friboi. Hoje, atua como consultor internacional no segmento de alimentos silveira.hudson@ymail.com Março 2013



Divulgação

Ferrostaal adquire MGI Sulmaq leva tecnologia e entra para mercado de de abates ao VION na Alemanha impressão digital

Divulgação

Empresas & Negócios

A

Máquina MGI, agora parte do portfólio da Ferrostaal

Ferrostaal, tradicional fornecedora de soluções no mercado alimentício, agora também quer conquistar o mercado digital, ao assumir no Brasil a representação da francesa MGI Digital Graphic Technology, líder mundial em impressão digital em diversas soluções de acabamento e substratos. O negócio é a continuação de uma parceria entre Ferrostaal e MGI em países como África do Sul, Austrália e outros do sul da Ásia, conta Janio Coelho, Gerente Nacional de Vendas da Ferrostaal. “O que recebemos de relatos, o que vimos em instalações no Brasil, nos fez ver que a MGI é o caminho seguro e definitivo para nossa entrada em impressão digital”. Para o executivo, “a adição dos produtos MGI vem para fortalecer nossa linha de produtos já existentes, e claramente estabelece a Ferrostaal como líder de fornecimento de soluções para a indústria gráfica”.

A

Executivos comemoram sucesso de linha de abates

empresa brasileira Sulmaq, por meio de sua sede na Alemanha, instalou uma nova linha de abate de suínos no VION, empresa alemã com sede em Crailsheim. Com mais de 40 anos de experiência em abate e desossa de suínos, bovinos e ovinos no mercado local, a Sulmaq estabeleceu sua sede naquele país há pouco mais de um ano. São 450 animais processados por hora na linha instalada, o que torna o VION uma referência em abates de suínos na Europa. Inaugurada em dezembro do ano passado, a linha agora funciona com capacidade total.

Controladora da JBS compra Canal Rural por R$ 150 mi

A

J&F Investimentos, holding controladora do frigorífico JBS, anunciou no final de fevereiro a compra do Canal Rural, que pertencia há 16 anos ao Grupo RBS, afiliado à Rede Globo. Segundo o jornal “O

Estado de São Paulo”, fontes informaram que o valor fechado

pela aquisição é de R$ 150 milhões, a serem pagos em dinheiro. A emissora de televisão a cabo transmite leilões de gado

e notícias do setor agrícola.

“O Canal Rural é o melhor ativo do setor e irá agregar

muito para o nosso grupo, que já tem uma importante 52

atuação no agronegócio brasileiro”, disse em nota Joesley Batista, CEO da J&F.

Conhecido pelas aquisições de empresas em diferentes

setores, a J&F tem em seu portfólio companhias como a JBS;

a Vigor, de produtos lácteos; a Eldorado, de celulose, e o Banco Original, voltado ao agronegócio. Em seu comunicado, a

empresa informa que a aquisição mantém a estratégia da holding de investir em empresas com potencial de crescimento, ao mesmo tempo em que estreita sua relação com o agronegócio.

Março 2013


Crônica

SKF inaugura centro de distribuição em SP

A

SKF do Brasil acaba de inaugurar um moderno centro de distribuição em Jordanésia, no interior de São Paulo. Líder mundial de rolamentos, vedações, sistemas de lubrificação e manutenção industrial, o novo CD está localizado próximo ao complexo industrial da companhia na mesma cidade. O investimento da empresa está avaliado na casa de R$ 7 milhões, em um espaço de 15,8 mil m2 de área útil, capacidade para armazenar 12 mil diferentes itens e 30 docas para embarque e desembarque de mercadorias. “Com a inauguração desse CD, aperfeiçoaremos nossa eficiência logística. Esse espaço é estratégico para a companhia expandir suas operações no Brasil. Por meio dele, podemos ampliar a oferta de componentes e produtos, além de reduzir o tempo de entrega e as emissões de CO2”, explica Mattias Gremlin, diretor de Logística da SKF do Brasil. O novo CD tem capacidade de abrigar 18 mil pallets e 7 mil caixas de papelão. “Teremos um ganho no processamento de novos pedidos. Isto ajuda a diminuir o tempo de entrega e a melhorar a eficiência dos nossos serviços”, revela Mattias.

Março 2013

Novo CD da SKF, no interior de São Paulo

A SKF realiza suas operações logísticas por meio de três centros de distribuição (São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo) que somam 9,5 mil m2 de área útil. A companhia atua com sete transportadores rodoviários e trabalha semanalmente com 30 embarques que abastecem clientes e distribuidores em todo o Brasil.

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Crônica

Cavalo por lebre

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escândalo da Europa em torno do uso de carne cavalo na fabricação de alimentos que deveriam ser à base de carne de boi abalou a credibilidade de empresas e levou vários países a repensarem o sistema de fiscalização de produtos de origem animal. Em princípio, seria algo parecido com aquela história de “comprar gato por lebre”. Mas, nessa realidade de “vender cavalo por boi”, as consequências são ainda mais graves. Não se trata apenas de o consumidor ser enganado ao comer carne de cavalo em vez da carne de boi, que aparece na embalagem do alimento industrializado. A questão fundamental é a origem misteriosa dessa carne equina utilizada em tal produto e não na eventual repulsa do consumo de carne de cavalo. A partir da certeza de que tal carne não segue o caminho imposto por normas de higiene em vigor nos países evoluídos da Europa, os consumidores enfrentam o risco de doenças graves. Num exercício de trocadilho, isto corresponde à perigosa compra de “cavalo por lebre”. Sanidade animal à parte, vale a pena discutir a questão do consumo de carne de cavalo em si. No Brasil, muitas pessoas se chocam diante da ideia de provocar a morte de um animal tão meigo e tão útil para o transporte e para o esporte, só para que sua carne seja comercializada e comida. No entanto, nosso país está entre os dez maiores produtores de carne de cavalo, superado pelo México, Argentina, Casaquistão, Mongólia, Quirguistão e Austrália. A França produz pequena quantidade dessa carne, mas é um grande consumidor. E a explicação é simples: em alimentação, a exemplo do que ocorre no esporte, as paixões são culturais. Os franceses se acostumaram a comer, com prazer, a carne de cavalo, a “viande chevaline”. Em Paris, existem açougues especializados, além de supermercados com seções específicas de “chevaline” de qualidade e de credibilidade. No Brasil e em mais de cem outros países, o esporte preferido é o futebol, o “soccer”, aquele que foi regulamentado na Inglaterra há 150 anos. Nos Estados Unidos, porém, quando se fala em “football”, o público logo se lembra daquele jogo de bola ovalada, disputada num 54

Luiz Carlos Ramos

campo de traves sem redes, com jogadores que usam protetores de ombro e capacetes, e se agarram com frequência. É uma modalidade que lota estádios em Nova York, Chicago, São Francisco e outras cidades. Mesmo depois de Pelé ter jogado no time de “soccer” do New York Cosmos de 1975 a 1977 e os Estados Unidos terem organizado a Copa do Mundo de 1994, o público de lá resiste à ideia de aderir ao futebol de bola esférica que agita os imigrantes latino-americanos e europeus no país. O beisebol, por sua vez, é mais uma modalidade popular entre americanos. Também movimenta japoneses e moradores do Caribe. Mas, no Brasil, com exceção da colônia japonesa, são poucos os que sabem as regras de beisebol. E o futebol americano, de 11 jogadores, chega a ser confundido com o rúgbi, que tem 15 em cada time. O rúgbi surgiu na Inglaterra, em 1823, e é popular em toda a Grã-Bretanha, Irlanda, França, África do Sul, Nova Zelândia e Austrália. Do outro lado do mundo, na Austrália, o futebol de Pelé, Ronaldo e Neymar é só razoável, mas os times australianos de rúgbi são excelentes, lotam estádios e mantém rivalidade com os da Nova Zelândia, terra dos incríveis “All Blacks”. Outro esporte inglês, o críquete, entusiasma esses dois países, assim como ocorre na Índia e no Paquistão, herança da presença britânica na colonização daquelas regiões. Portanto, por mais que algum jornal ou TV venha a tentar, não adianta lutar para convencer brasileiros a entender de futebol americano, cujas cenas se limitam a filmes de Hollywood. Do mesmo modo, quem seria capaz de convencer gaúchos, paulistas e cariocas a experimentar carne de cavalo numa churrascaria em que as atrações são geralmente picanha bovina, cordeiro assado e costela suína? Luiz Carlos Ramos é jornalista e professor de jornalismo, com 48 anos de experiência na área. Fez coberturas jornalísticas sobre carne em Paris e em dez Estados do Brasil. É colaborador da Revista Nacional da Carne lcr25@terra.com.br Março 2013


Caderno

Técnico Tecnocarne Expresso.................. WSPA.................................................. Segurança dos Alimentos..........

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ANO XIII Nº 117

TecnoCarnes Expresso

Av. Brasil, 2.880 - Jd. Chapadão - CEP 13070-178 - Campinas/SP - Tel.: (19) 3743-1880/1886

por José Ricardo Gonçalves

Superações para o crescimento das

exportações brasileiras de carne bovina

Plenário da OMC (Organização Mundial do Comércio): palco de arbitragens tarifárias Divulgação/OMC

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Março 2013


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ma breve revisão sobre os desafios para manter a liderança do País no mercado de exportações de carne bovina foi publicada por Gonçalves e Luz Neto (2010), que abordaram desde a situação da produção de bovinos até eventuais expectativas, projeções e estratégias. Dentre outros destaques, foram citadas as barreiras comerciais impostas por países importadores como forma de proteger a sua economia. São medidas que influenciam o acesso aos mercados, como as barreiras tarifárias (tarifas e quotas-tarifárias) e as não tarifárias (sanitárias e técnicas), assim como os subsídios concedidos para produção e exportação (WAQUIL; ALVIM, 2006). Segundo Nassar (2004), as barreiras tarifárias estão entre as proteções de fronteiras estabelecidas por políticas agrícolas, cuja finalidade principal é garantir renda para o produtor doméstico. São instrumentos importantes para o controle da oferta e manutenção dos preços, de modo a proporcionar aos produtores um nível satisfatório de competitividade. Porém, para os exportadores, isto significa uma dificuldade adicional. Por exemplo, Rubin et al. (2008) relatou que a carne brasileira tem um custo de produção menor que a dos seus concorrentes, mas enfrenta barreira tarifária que pode superar em 150% o valor do produto. Entretanto, eventuais situações favoráveis ocorrem quando há queda de produção nos países importadores, ocasião em que eles tendem a eliminar ou reduzir subsídios e tarifas. Buainain e Batalha (2007) admitiram uma tendência para a redução das barreiras tarifárias internacionais, o que poderia beneficiar o Brasil nas exportações de carne bovina em longo prazo. Mas, no aspecto não tarifário, demonstraram certa preocupação com o sistema de rastreabilidade e com o controle sanitário do rebanho. Os autores defenderam o princípio da regionalização e a busca por acordos de equivalência sanitária para reagir com maior sustentação jurídica aos embargos do produto no País inteiro. Tais afirmativas são pertinentes devido ao que aconteceu em 2004, quando a Rússia suspendeu as importações do Brasil em razão de um foco de aftosa ocorrido no Amazonas - estado que não produz carne para exportação. Recomendaram, ainda, maior transparência na coleta e sistematização de informações e adesão aos padrões sanitários internacionais. Bender Filho e Alvin (2008) avaliaram os possíveis impactos das barreiras tarifárias e não tarifárias no mercado da carne bovina brasileira, simulando quatro cenários. Os maiores ganhos ocorrem quando a simulação é feita com a eliminação das barreiras não tarifárias, mostrando que somente a eliminação das barreiras tarifárias não é suficiente para impulsionar a produção e a exportação do produto brasileiro. Então, apesar do rígido mecanismo protecionista do mercado, há espaço para o crescimento do Brasil e dos demais países do Mercosul, caso obtenham o reconhecimento internacional como área livre de aftosa. Para tratar especificamente da febre aftosa, o governo brasileiro criou o Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa Março 2013

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TecnoCarnes Expresso

(PNEFA), buscando a implantação progressiva e manutenção de zonas livres da doença, conforme as diretrizes da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), tendo como referência a Instrução Normativa no44, de 02 de outubro de 2007. Os dados oficiais referentes ao ano de 2008 mostram que a região centro-sul e parte do norte e nordeste são consideradas zonas livres com vacinação, restituindo o reconhecimento da área afetada em 2005. A partir de 2007, o Estado de Santa Catarina foi reconhecido internacionalmente como zona livre sem vacinação, mas sua produção de carne bovina não está entre as mais 58

Divulgação/OIE

A carne brasileira tem um custo de produção menor que a dos seus concorrentes, mas enfrenta barreira tarifária que pode superar em 150% o valor do produto. Entretanto, eventuais situações favoráveis ocorrem quando há queda de produção nos países importadores, ocasião em que eles tendem a eliminar ou reduzir subsídios e tarifas.

expressivas do País. Na ocasião, a meta para erradicação da doença no território brasileiro foi traçada para o ano de 2010, porém, a extensão territorial, a necessidade de entendimento entre os envolvidos no processo e outros fatores podem ter contribuído para o prolongamento deste prazo. Entretanto, alguns avanços foram obtidos até 2011, como a inclusão total dos Estados de Mato Grosso do Sul, Bahia e Tocantins na zona livre de aftosa com vacinação, os quais possuem rebanhos significativos. A maior parte das regiões norte e nordeste ainda oferece risco para a febre aftosa, mas permanecem nos programas de vacinação (BRASIL, 2013). Um fato referente ao aspecto sanitário e recentemente divulgado foi a ocorrência de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) ou doença da “vaca louca” no Brasil. Trata-se de uma doença degenerativa e que, no passado, trouxe enormes prejuízos econômicos para o mercado internacional de

Gado sendo vacinado contra febra aftosa

carne bovina. O caso ocorreu em um animal de 13 anos de idade, morto em 2010 no Estado do Paraná. Segundo as autoridades brasileiras, as análises realizadas no Animal Health and Veterinary Laboratories Agency (Inglaterra), e outras informações de campo, concluíram que se trata de uma ocorrência não clássica da doença, cuja forma Março 2013


Apesar do rígido mecanismo protecionista do mercado, há espaço para o crescimento do Brasil e dos demais países do Mercosul, caso obtenham o reconhecimento internacional como área livre de aftosa. similar também ocorreu em outros países produtores. A Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) manteve o status do Brasil como país de risco insignificante para EEB, considerando a não existência de mudança na situação epidemiológica ou algum tipo de falha que pudesse comprometê-la (BRASIL, 2013). Mesmo assim, o País está encontrando restrições para comercializar o produto com o Japão, China, Taiwan, África do Sul, Arábia Saudita, Peru e Coréia do Sul. São mercados que, em conjunto, representaram 5% do volume total exportado em 2012, mas que podem influenciar outros mercados mais relevantes, caso as restrições não sejam revogadas em curto prazo (ABIEC, 2013). Em síntese, o desempenho das exportações brasileiras de carne bovina dependerá, sobretudo, de alguns acontecimentos futuros. O principal deles será o comportamento do mercado internacional que, no momento, aponta para uma estagnação ou ligeira queda de consumo, visto que a crise econômica ainda existe nos principais importadores. Internamente, o País deverá

Março 2013

persistir nas ações para melhorar o controle sanitário do rebanho, incluindo a erradicação da febre aftosa, pois cerca de 80% do volume exportado é de carne in natura. O aperfeiçoamento do sistema de rastreabilidade também deve permanecer na pauta das decisões. Referências bibliograficas ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA EXPORTADORA DE CARNES (ABIEC). Disponível em: <http://www.abiec.com.br>. Acesso em fev.2013. BENDER FILHO, R.; ALVIN, A M. O mercado de carne bovina no Brasil: os efeitos da eliminação das barreiras tarifárias e não tarifárias. Revista de Economia e Sociologia Rural, v.46, n.4, p. 1095-1127, dez. 2008. BRASIL. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA). Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br>. Acesso em fev.2013. Buainain, A.M.; Batalha, M. Cadeia produtiva de carne bovina. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO. Série Agronegócios, Brasília, V. 8. , p. 86, 2007. GONÇALVES, J.R; LUZ NETO, N. K. Desafios para as exportações brasileiras de carne bovina. Informações econômicas. Instituto de Economia Agrícola. São Paulo, v. 40, n. 10, p. 17-23, out. 2010. NASSAR, A M. Produtos da agroindústria de exportação brasileira: uma análise das barreiras tarifárias impostas por Estados Unidos e União Européia. São Paulo: USP, 2004, p. 206. Tese (Doutorado)- Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. RUBIN, L. S; ILHA, A. S; WAQUIL, P. D. O comércio potencial brasileiro de carne bovina no contexto de integração regional. Revista de Economia e Sociologia Rural, Piracicaba, v. 46, p. 1067-1094, out/dez. 2008. WAQUIL, P. D; ALVIM, A M. Acordos comerciais e o setor produtivo de carne bovina: Estimativas de ganhos para o Mercosul. CONGRESSO DA SOBER, 44, 2006, Fortaleza. Disponível em: <http://www.agricultura.gov. br> Acesso em ago.2010.

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Charli Ludtke; Patrícia Barbalho; José Rodolfo Ciocca; Tatiane Dandin; Carla Ferrarini WSPA- Sociedade Mundial de Proteção Animal (Brasil – Rio de Janeiro)

Entendendo o manejo dos bovinos para promover melhorias no bem-estar dos animais no frigorífico Dando sequência à série Manejo pré-abate de bovinos, apresentamos o segundo artigo: “Entendendo o manejo dos bovinos para promover melhorias no bem-estar dos animais no frigorífico”

Harmonia Pessoas

Animais

WSPA Brasil - Programa Steps

Instalações

porque tiveram um bom manejo na propriedade e aprenderam a responder adequadamente ao comando dos manejadores. No entanto, alguns animais podem ser difíceis de serem manejados e isso pode estar associado à genética dos animais, ao manejo na criação, à deficiência das instalações do frigorífico, ou à forma de condução dos manejadores. As instalações devem ser projetadas de acordo com o comportamento e a percepção dos bovinos. A utilização dos recursos oferecidos pelas instalações ao manejo depende do conhecimento e do comprometimento dos manejadores, assim como a avaliação e correção de suas limitações. Além do conhecimento sobre as instalações e os animais, é de grande importância para os manejadores conhecerem os efeitos de seu próprio comportamento no processo de manejo. Atitudes agressivas podem provocar reações mais aversivas nos animais e dificultar o manejo. Um bom manejador é também um bom observador. Antes de iniciar o manejo, é ideal que sejam observados o nível de agitação e o temperamento dos animais, para que essas informações indiquem como se comportar diante de cada lote de bovinos. Poderá haver uma maior ou menor necessidade de estimular os animais para que respondam ao manejo na direção e velocidade desejadas. WSPA Brasil - Programa Steps

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manejo pré-abate envolve três elementos-chave: animais, instalações e pessoas. Esses elementos interagem entre si com efeitos que podem contribuir para um bom manejo, desde que estejam em harmonia. Para isso, é necessário o conhecimento de cada elemento e de sua influência nos demais, buscando sempre boas interações. O melhor nível possível de bem-estar animal estará na interseção positiva entre três elos: • Animais: reagem ao ambiente e ao comando das pessoas envolvidas no manejo, havendo diferenças individuais e entre raças; • Instalações: a forma como a estrutura física da fazenda e do frigorífico é projetada e construída para favorecer o manejo; • Pessoas: como as pessoas se comportam e interagem com os bovinos e com as instalações.

Bem-estar animal – área de interseção positiva entre os três elos

Esses três elos são interdependentes e o conhecimento sobre os animais é o impulso que dinamiza e favorece essas interações, e quando em harmonia, minimizam o nível de estresse nos animais e nas pessoas envolvidas. No frigorífico encontramos bovinos de muitas procedências, onde vivenciaram diferentes experiências durante a criação na propriedade e que poderão interferir no manejo pré-abate. Assim, muitos bovinos são facilmente conduzidos 60

Manejo calmo diminui o estresse para animais e pessoas Março 2013


Se os animais aumentarem significativamente seu nível de estresse, podem tornar-se excessivamente temerosos e/ou agressivos, o que dificulta o controle e a condução do grupo, exigindo do manejador a habilidade de manter-se calmo, controlando seu próprio nível de estresse. O cuidado é princípio básico no manejo, mesmo em situações em que os animais estejam com baixo nível de agitação.

Raças menos reativas e bovinos que tiveram experiências positivas com o manejo na fazenda também tendem a ter uma zona de fuga pequena, como por exemplo, as vacas leiteiras que têm contato diário com os tratadores e se habituam a eles. A compreensão da zona de fuga é importante para influenciar, conduzir e controlar a movimentação dos bovinos. Para isso, o manejador deve: situar-se fora da zona de fuga e em um dos lados, evitando se posicionar na área cega do animal; caminhar para dentro da zona de fuga para fazer o animal avançar; logo que o animal seguir, avançar com ele, permanecendo dentro da zona de fuga; observar que, ao mover-se para fora da zona de fuga do bovino e parar, o animal para de se movimentar. Os bovinos são conduzidos em grupo, por isso não é possível entrar na zona de fuga de cada animal. No entanto, é necessário que o manejador esteja posicionado de forma que todos os bovinos possam visualizá-lo. Logo que o manejador entrar na zona de fuga do animal, a reação do bovino será fugir. Se não houver espaço para o animal fugir, o bovino irá para trás do manejador, evitando aproximação. Se os bovinos forem criados a pasto, sem contato habitual com pessoas e estiverem agitados, essa reação poderá ser violenta, caso o manejador se aproxime excessivamente ou faça movimentos bruscos. O manejador pode influenciar a reação do animal, levando-o a aumentar ou diminuir sua velocidade de fuga, de acordo com movimentos e postura corporal. Agindo de forma calma e em silêncio, o manejador reduz a velocidade de reação do animal; níveis crescentes de barulho ou movimentação, por parte do manejador, aumentarão essa resposta. Muitas vezes, para preservar o manejo tranquilo diante de animais agitados, é necessário que os manejadores fiquem ainda mais calmos e silenciosos.

A zona de fuga

Bovinos preservam uma área ao seu redor, denominada “zona de fuga”, que é definida pela máxima aproximação que um animal tolera da presença de um Zona de fuga determinada estranho ou ameaça, antes pelo bovino para se proteger de de iniciar a fuga. Quando ameaças ou predadores a zona de fuga é invadida, o animal tende a afastar-se para manter uma distância segura da ameaça. O tamanho da zona de fuga é variável e depende da espécie, raça, das experiências vividas pelo animal e de determinadas situações no momento do manejo. A maneira (agitada ou calma) como o manejador se aproxima de um bovino irá influenciar em sua zona de fuga, assim como o estado do próprio animal. Desse modo, quando um bovino encontra-se estressado, sua zona de fuga é maior do que quando ele está calmo. Quando os bovinos estão presos num curral, a zona de fuga é mais evidente e facilmente observada. Em currais de frigoríficos, por exemplo, é comum ver bovinos se agruparem e manterem uma zona de fuga em relação aos locais de circulação de pessoas. Fotos: WSPA Brasil - Programa Steps

Ponto de equilíbrio

Bovinos mantêm a zona de fuga em relação à circulação de pessoas Março 2013

O ponto de equilíbrio é um limite estabelecido na paleta (escápula) do bovino que determina, de acordo com o posicionamento do manejador, a direção que o animal irá seguir. O manejador utilizará esse ponto para controlar o movimento e a direção do animal e conduzi-lo da forma desejada. Os bovinos se movem para frente ou para trás dependendo da posição do manejador em relação ao ponto de equilíbrio, se: • o manejador posicionar-se à frente do ponto de equilíbrio e dentro da zona de fuga (posição 1), o bovino se moverá para trás; • estiver atrás do ponto de equilíbrio e dentro da zona de fuga (posição 2), o animal se moverá para frente; • estiver fora da zona de fuga (posição 3) o animal irá parar. 61


WSPA Brasil - Programa Steps / Fonte: adaptado de Grandin (2008)

O princípio do ponto de equilíbrio é bastante utilizado em corredores estreitos ou bretes, onde a movimentação dos bovinos é limitada, podendo apenas avançar ou recuar, evitando a proximidade dos manejadores. A sequência mostra os posicionamentos do manejador para que o bovino se desloque de forma desejada no brete: • O manejador deve entrar na zona de fuga e ficar no início do brete, à frente do primeiro animal (posição 1); caminhar movimentando-se da posição 1 para a 2, passando o ponto de equilíbrio de cada animal para estimular que avancem; • Quando chegar ao fim do brete, o manejador deve sair da zona de fuga (posição 3) e retornar à posição inicial. Para mover um animal por vez, do brete para o boxe de insensibilização, o manejador deve entrar na zona de fuga, passar o ponto de equilíbrio e parar, estimulando o primeiro bovino a avançar, e o seguinte a ficar parado. Logo que o primeiro animal começar a avançar, o manejador deverá segui-lo até a entrada no boxe.

Posicionamentos do manejador para condução dos bovinos no brete

O manejador deve entrar no curral calmamente e de modo que todos os animais percebam seus movimentos, posicionando-se próximo à porteira (posição 1) para que os bovinos vejam a saída. Em seguida deve caminhar afastando-se da porteira e entrando na zona de fuga do grupo, passando o ponto de equilíbrio dos animais mais próximos, até que o movimento se inicie (posição 2). Logo 62

Limite da zona de fuga do grupo

Entrar na zona de fuga

Ponto de equilíbrio

WSPA Brasil - Programa Steps / Fonte: adaptado de Grandin (2008)

WSPA Brasil - Programa Steps / Fonte: adaptado de Grandin (2008)

Posicionamentos do manejador para utilizar o ponto de equilíbrio e a zona de fuga na condução do bovino

que os bovinos começarem a se movimentar em direção à saída, o manejador deve controlar a velocidade e a quantidade dos animais que saem do curral. Para isso, ele poderá avançar um pouco mais adentro do curral (posição 3) e mover-se entre as posições 2 e 3, até o momento de cortar o lote em dois grupos (posição 4). Esses posicionamentos deverão ser adaptados ao tamanho e desenho do curral e à reatividade dos animais manejados. O manejador deve manter a bandeira ao lado do corpo, direcionada aos bovinos e para cima. Com animais mais reativos, o manejador poderá permanecer nas posições 1 e 2 para controlar a saída calma dos bovinos. Nesse caso, a posição 3 causaria grande fluxo de saída dos animais, o que poderia promover aos bovinos o risco de contusões ao passarem na porteira e, para o manejador, maior dificuldade para cortar o lote.

Ponto de equilíbrio

Passar o ponto de equilíbrio dos animais Manejador a frente do ponto de equilíbrio dos animais Manejador atrás do ponto de equilíbrio dos animais

Grupo B Cortar o lote Grupo A Ponto de equilíbrio

Posicionamentos do manejador para estimular a saída dos bovinos do curral

Algumas vezes, há resistência dos animais em saírem do curral. Uma forma de facilitar esse manejo é retirar um número mínimo de animais e conduzi-los ao corredor, logo em seguida os demais os seguirão. Após diminuir o lote no curral, o manejador deve seguir atrás do grupo no corredor, com a bandeira levantada para que todos os animais conduzidos a vejam. Dessa forma, os animais são estimulados a avançar, evitando o retorno. O uso da voz também estimula os animais na condução, mas não deve haver gritos ou movimentos bruscos. Sempre conduzir grupos pequenos e lembrar que a bandeira não deve ser utilizada para agredir os animais. O manejo de bovinos deve ser tranquilo, sem barulho, gritos, correria ou movimentos bruscos. Os animais devem estar atentos ao comando do manejador. Agitação excessiva pode causar pânico e descontrole. Março 2013


Fotos: WSPA Brasil - Programa Steps

Bandeira elevada facilita a condução dos bovinos no corredor

O desembarque de bovinos

Após a chegada dos animais ao frigorífico, deve-se dar início à verificação da documentação dos animais para que o desembarque seja efetuado o mais rápido possível. Nas instalações do frigorífico, recomenda-se dispor de uma área sombreada e ventilada para abrigar os caminhões carregados, a fim de minimizar o estresse térmico dos bovinos por calor durante essa espera. Veículo mal É necessário que o caminhão esteja estacionado promove bem estacionado, com o comparti- riscos aos animais mento de carga totalmente encostado ao desembarcadouro, sem deixar nenhum vão que possa dificultar a passagem dos animais.

Março 2013

Deve-se observar se há algum bovino deitado nos compartimentos do caminhão. Caso haja, é necessário primeiro levantá-lo para evitar o pisoteamento, antes de iniciar o desembarque, de acordo com os seguintes procedimentos: • Antes de estimulá-los a levantar, verificar se há espaço à frente do animal; • Fazer uso da voz, sem gritos. Bata palmas ou na lateral do veículo para estimulá-los a levantar. Sempre com calma. Quando necessário, faça uso da bandeira ou do chocalho; • Quando o animal não apresenta condições de levantar, comunicar imediatamente ao profissional responsável pelo abate emergencial. Esse procedimento somente deve ser realizado por pessoas capacitadas e com equipamentos adequados. Para o melhor desembarque, a abertura dos compartimentos deve ser realizada abrindo as porteiras em sequência, sentido desembarcadouro-cabine (posições 1 a 3). Ao abrir a primeira porteira, aguardar o bovino mais próximo do desembarque reconhecer o novo ambiente e descer, logo os demais o seguirão. É importante observar a saída desses animais e abrir a porteira do segundo compartimento, ainda com animais descendo no primeiro (posição 2). Os bovinos prestarão atenção na descida do lote e se sentirão estimulados a segui-los. Esse procedimento deve ter continuidade até o término do desembarque. É ideal que os animais desçam a passo, sem correria e mantendo o contato visual entre eles. Portanto, o uso de auxílios para o manejo somente deve ser utilizado quando realmente

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Fotos: WSPA Brasil - Programa Steps

A abertura das porteiras em sincronia com a descida dos bovinos facilita o desembarque

necessário. Algumas ações positivas no manejo podem prevenir a ocorrência de lesões nos animais durante o desembarque, dentre elas estão: • O manejo calmo, com animais desembarcando sem pressa, previne lesões laterais (paleta, costela e anca) ocasionadas pelo trauma contra as instalações; • A total abertura das porteiras verticais (guilhotina) do veículo diminui o risco de contusões no dorso ou cupim. No desembarque, normalmente os bovinos se movem facilmente e seguem uns aos outros. No entanto, podem interromper esse movimento quando há mau posicionamento do manejador, barulho ou pontos críticos nas instalações. Por isso, é importante ter atenção ao manejo, evitar o trânsito de pessoas e ruídos excessivos nessa área. Outro fator que facilita o desembarque é manter bovinos em currais próximos ao desembarcadouro, isso incentivará a saída dos animais que estão dentro do caminhão.

do chocalho em animais que já estão se movimentando na direção desejada. Não é recomendada a utilização de chocalho em animais muito reativos, principalmente sendo de metal, devido à possibilidade de causar estímulo excessivo; • Bandeira – estimula principalmente a condução, auxiliando, também, no bloqueio da visão. Por ser flexível, sua movimentação chama atenção dos animais, e a extensão do cabo promove aproximação, dando a impressão de que o manejador está mais perto dos animais. A bandeira não deve tocar no animal e é importante posicioná-la para o alto, de modo que os bovinos a serem conduzidos a vejam. O uso em conjunto da bandeira e voz é ideal para a condução dos animais.

Bandeiras direcionadas aos animais e para cima facilitam o manejo no curral

Auxílios para o manejo

São recursos e atitudes do manejador que auxiliam na condução dos bovinos. Quando utilizados corretamente, esses auxílios estimulam os animais a se moverem para onde o manejador deseja. Certos grupos de bovinos podem requerer mais persuasão do que outros. O essencial é que o nível de persuasão seja ampliado apenas quando não houver resposta dos animais, pois esse é o momento apropriado para a utilização de auxílios para o manejo, tais como: • Estímulos sonoros (chocalho e voz) - ajudam na condução do bovino através do som emitido. O uso da voz durante o manejo é uma prática comum em fazendas, muitos animais estão condicionados a responder com facilidade. Associados ao som, a movimentação e o posicionamento do manejador promovem uma resposta adicional. É importante salientar que a emissão do som de forma contínua não trará respostas tão significativas na condução, quando comparada à utilização intermitente. Deve-se evitar o uso rotineiro e contínuo 64

Uso da bandeira ‘aproxima’ o manejador em relação ao animal

A bandeira também pode ser utilizada para virar o bovino na direção desejada. Para isso, basta que seja movimentada de um lado da cabeça do animal para que ele vire para o lado oposto. A bandeira pode ser elaborada com qualquer material que seja flexível e gere movimento, como sacos de ráfia, tecidos e outros. O tamanho e comprimento do cabo da bandeira devem estar de acordo com o temperamento dos animais e o local de manejo (brete, corredor, curral). Para bovinos menos reativos poderão Março 2013


ser utilizadas bandeiras grandes. No entanto, animais mais reativos podem sentir-se muito ameaçados com a bandeira e responderem de forma exagerada, promovendo descontrole na condução. Nesses casos, o melhor é dispensá-la e o manejador deverá movimentar-se o mais calmamente possível. • Bastões elétricos – é um método doloroso e estressante devido à transmissão da corrente elétrica para o animal. Sua utilização é permitida apenas como último recurso, ou seja, quando todos os outros auxílios de manejo aplicados não obtiveram resultado, e somente nos bovinos que se recusam insistentemente a se mover. Em muitos países, a utilização desse recurso é controlada e limitada apenas ao brete que antecede o boxe de insensibilização. O uso do bastão elétrico nunca deve ser tolerado em partes sensíveis do bovino, como ânus, genitais, focinho, olhos, úbere. Quando necessário, deve ser usado apenas: • Nos animais que se recusaram insistentemente a seguir em frente; • Sobre os quartos traseiros de bovinos adultos, acima do jarrete para evitar coices e riscos de acidentes; • Quando há espaço à frente do bovino conduzido; • Tempo máximo de um segundo, com pausa entre cada aplicação. Importante lembrar: o bastão elétrico deve ser utilizado somente no animal que tem espaço à frente e não naqueles que estão impossibilitados de andar. O bastão elétrico nunca deve ser utilizado: • Repetidamente, principalmente se o animal não reagir; • Ligado diretamente à rede elétrica, devido ao fato de a alta voltagem provocar choques extremamente dolorosos. A utilização do bastão elétrico deve ser controlada para proporcionar o mínimo de estresse e dor, ao invés do uso rotineiro e contínuo em animais que já estão se movimentando na direção desejada. Mudanças de hábito como a substituição desse recurso por bandeira melhoram o manejo.

Considerações finais:

• A harmonia entre os três elos-chave (animais, pessoas e instalações) minimiza o estresse das pessoas e dos animais durante o manejo; • Os animais devem ser desembarcados logo que chegarem ao frigorífico; • Utilize a zona de fuga e o ponto de equilíbrio para influenciar, conduzir e controlar o movimento dos bovinos; • A utilização de qualquer auxílio de manejo deve ser feita de forma cautelosa; • O bastão elétrico só é tolerado como último recurso, apenas quando o animal tiver espaço para avançar, por no máximo um segundo e nos quartos traseiros acima do jarrete; • Nunca utilize o bastão elétrico em regiões sensíveis do bovino, como genitais, focinho, olhos, entre outros. Mais informações: WSPA Brasil Tel.: (21) 3820-8200- E-mail: charli@wspabr.org

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Segurança dos Alimentos

Na prática a teoria é diferente

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O

episódio recente que vem causando grandes transtornos na Europa relacionado à adição de carne de equino em produtos, merece uma reflexão mais apurada. Em um primeiro momento a mídia andou enquadrando o assunto como sendo referente à saúde pública, porém, na realidade, a questão deve ser tratada como economia popular. Enganar o consumidor não declarando a real composição do produto é fraude contra a economia da população, mesmo que a carne de equino fosse mais cara, ainda assim as indústrias estariam enganando aqueles que acreditaram na qualidade dos alimentos comprados. A carne de cavalo quando proveniente do abate inspecionado, não causa dano à saúde das pessoas e não existe inconveniente no seu consumo, a não ser no caso de países como o Brasil, cuja cultura alimentar interfere na aceitação do consumo, rejeitando este tipo de produto. Mas a situação criada pelas indústrias europeias demonstra a possibilidade de falhas na rastreabilidade tão alardeada em vários destes países, que vêm exigindo cada vez mais dos produtores brasileiros medidas de garantia de origem das matérias primas utilizadas nas mercadorias exportadas. No mercado, muitas vezes as exigências dos compradores ultrapassam em muito o nível mantido de responsabilidade aceito nas suas realidades. Naturalmente os compradores internacionais podem pedir e até determinar procedimentos, afinal a regra básica é que o cliente sempre tem razão e se existe o interesse em atendê-lo é assim que será feito. Entretanto a confusão gerada entre as indústrias incriminadas permite levantar a dúvida em relação à adoção das condutas de qualidade e até mesmo da utilização das ferramentas para sua obtenção, é quando o poder econômico fala mais alto do que procedimentos escritos e validados, mas esquecidos em favor do lucro efêmero colocando em risco a credibilidade da marca.

A situação criada pelas indústrias europeias demonstra a possibilidade de falhas na rastreabilidade tão alardeada em vários destes países, que vêm exigindo cada vez mais dos produtores brasileiros medidas de garantia de origem das matérias primas utilizadas nas mercadorias exportadas Março 2013

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Segurança dos Alimentos

Lasanha da marca Findus foi encontrada com carne de cavalo na Inglaterra

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Interessante verificar que quando se rompe o elo de um sistema que funciona marginalizado, o jogo de empurra na hora de apurar as responsabilidades dificulta sanar o problema rapidamente. A rede de supermercado inglesa alegou ter sido enganada por seu fornecedor, que é uma empresa francesa que por sua vez jogou a culpa no abatedouro, também de origem francesa, mas esta colocou a culpa na carne que recebeu do frigorífico estabelecido na Romênia, que diz não ter enganado ninguém. Claro que nesta hora, depois da forte repercussão negativa, fica muito difícil achar quem se responsabilize pela situação criada, a não ser por meio de investigações dos órgãos sanitários e policiais que possam apontar os verdadeiros fraudadores. Sem dúvida, as cadeias produtivas têm muitas variáveis e não é fácil mantê-las sob controle permanentemente, e de quando em vez, as falhas aparecem, pelo menos as mais grosseiras ou quando são persistentes. Mas mesmo no caso de assuntos relacionados à sanidade, muitas vezes interferem questões políticas, como no caso da comunicação da existência da BSE (mal da vaca louca) na Inglaterra, que demorou a relatar de forma efetiva casos da doença, que vieram a causar enormes prejuízos econômicos, além de ter exposto muitas vidas a um risco desnecessário. Em qualquer das situações, seja de aspecto econômico ou de sanidade, é preciso que os governos mantenham os serviços de controle e fiscalização em condições de atuarem constantemente nos elos das cadeias produtivas, não só preenchendo planilhas e relatórios, mas verificando nos locais de produção, e de forma permanente, como estão sendo fabricados os alimentos. Manter a rastreabilidade, a segurança dos alimentos, não é só uma questão técnica, mas principalmente uma conquista para os consumidores, só que para tanto é preciso não só desenvolver manuais de procedimento e planilhas sofisticadas,torna-se necessário, além disto, conhecimento prático sobre produção e tudo mais pertinente à atividade, permitindo que os profissionais envolvidos possam tornar efetivos na prática, todos aqueles princípios estabelecidos e ensinados na teoria. Março 2012





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