Revista Nacional da Carne 455 - Janeiro/Fevereiro

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Nº 455 • Ano XXXVIII Janeiro/ Fevereiro 2015 www.btsinforma.com.br

Um ano edificante

Perspectivas favoráveis redobram a força da carne brasileira em 2015 Exclusivo

Presidente da SNA cobra mais concorrência do setor

Retrospectiva

Empresários e entidades traçam um balanço de 2014



3


Sumário

24 Capa

Perspectivas para 2015 prometem ser favoráveis à indústria da carne

Vis-à-Vis

8

Antonio Alvarenga, da SNA, faz uma análise conjuntural do mercado

E mais

42 4

Retrospectiva

Um balanço de 2014 – feito por representantes do setor

6 Editorial

16 Empresas & Negócios

20 Espaço TecnoCarne

22 Refrigeração

34 Infográfico - Softwares

36 Mercado - Exportação

49 Índice de Anunciantes

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ISSN 1413-4837

Editorial

Ano XXXVIII - no 455 - Janeiro/Fevereiro 2015

As perspectivas de 2015

A

indústria da carne nacional inicia 2015 sob duas perspectivas bem distintas. De um lado, elevando as expectativas de um ano positivo, o mercado externo aposta no produto brasileiro para suprir boa parte de

suas necessidades por proteína animal. A exportação do setor, assim, se confirmadas as projeções, tende a bater novos recordes e alavancar a balança comercial do País.

Nem todas as perspectivas, entretanto, são favoráveis. Uma série

de fatores distintos – políticos, econômicos e até mesmo naturais

– pressiona o mercado interno e coloca um grande ponto de interrogação no setor. O apelo consumista do último mandato presidencial, por exemplo, será impactado por medidas mais austeras, como já

acenou o ministro Joaquim Levy, e tende a ser freado radicalmente.

Esse diagnóstico, aliás, torna-se ainda mais nebuloso para alguns

produtos. Pressionada pela seca e pela disparada da arroba, entre

outros fatores importantes, a carne bovina já inicia o ano como uma das vilãs da inflação. A queda no seu consumo será inevitável? O au-

mento na exportação pode suprir essa diminuição? De que maneira o preço baixo das rações tende a afetar esse cenário?

Para responder essas e outras perguntas, a Revista Nacional da

Carne preparou uma reportagem especial sobre as perspectivas de

2015. Analistas conceituados, empresários renomados e presidentes de associações, entre outros, ajudaram-nos a desvendar a seguinte

President Informa Group Latin America

Marco A. Basso

VICE PRESIDENT INFORMA GROUP Araceli Silveira LATIN AMERICA Group Director

José Danghesi jose.danghesi@informa.com

GERENTE COMERCIAL

Marilda Meleti marilda.meleti@informa.com

DEPARTAMENTO COMERCIAL Cristiane Castro cristiane.castro@informa.com Elena Bernardes elena.bernardes@informa.com Elizabeth de Luca elizabeth.deluca@informa.com Kelly Martelli kelly.martelli@informa.com Lisandra G. Cansian (SC) lisandra.cansian@informa.com Priscila Fasterra priscila.fasterra@informa.com Coordenadora de Publicações Crislei Zatta crislei.zatta@informa.com Atendimento ao cliente Márcia Lopes marcia.lopes@informa.com EQUIPE VENGA Editor Itamar Cardin itamar@vengaconteudo.com.br

REDAÇÃO Thais Ito thais@vengaconteudo.com.br ARTE

Adriano Cantero adriano@vengaconteudo.com.br

Colaboradores:

Leo Martins Mariana Diello Marcus Vinícius Alves Emerson Freire Ricardo Torres Marcelo Tárraga Marcela Gava

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pergunta: o que será da carne brasileira neste ano?

PRES. DO CONSELHO EDITORIAL

é debatida também sob a perspectiva da exportação: o que esperam

CONSELHO EDITORIAL Nelcindo Terra; Manuel P. Neto; Massami Shimokomaki; Rubison Olivo; Jesuí V. Visentainer; Ana Lúcia S. C. Lemos; Ricardo M. Calil; Ivanor Nunes do Prado; Alex Augusto Gonçalves; Lincoln de Camargo Neves Filho; Guilherme A. Vieira; Carmen Contreras Castillo; Marta S. Madruga

A preocupação com os possíveis desdobramentos de 2015, aliás,

os setores bovino, suíno e avícola para o ano?

Construímos, ainda, com exclusividade, um grande balanço so-

bre o impacto do setor à economia brasileira em 2014, material que

Vincenzo F. Mastrogiacomo

PERIODICIDADE Mensal IMPRESSÃO

Gráfica IPSIS

pode servir para espelhar voos futuros do setor. E, para entender a conjuntura

REDAÇÃO E PUBLICIDADE Rua Bela Cintra, 967 - 11º andar - Cj. 111 Consolação - 01415-000 - São Paulo/SP - Brasil Tel.: (55 11) 3598-7800 - Fax: (55 11) 3598-7801

atual do mercado, fizemos uma entre-

vista exclusiva com Antonio Alvarenga,

presidente da Sociedade Nacional de

Conheça o nosso portfólio no site: www.btsinforma.com.br

Agricultura.

Que o setor siga rumos ainda melho-

res em 2015. Tenham todos um excelente

IMPRESSÃO

ano.

José Danghesi 6

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Vis-Ă -Vis Itamar Cardin e Thais Ito

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Em busca da concorrĂŞncia www.nacionaldacarne.com.br

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Vis-à-Vis

A

indústria cárnea nacional teve um ano glorioso em 2014. As exportações, por exemplo, subiram consideravelmente e sustentaram parte dos ganhos da balança comercial brasileira, enquanto grandes frigoríficos aproveitaram a maré favorável e surfaram na onda saudável dos bons resultados financeiros. Mas, na avaliação de Antonio Mello Alvarenga Neto, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), o setor ainda precisa realizar alguns ajustes estruturais. Nada é mais prejudicial à indústria cárnea, segundo ele, do que a ausência de um aspecto fundamental à economia capitalista: uma concorrência estruturada.

Devemos procurar atrair empresas globais para empreendimentos ​no Brasil, a fim de que ​ possamos​agregar valor em nossas ​exportações

Em entrevista exclusiva, presidente da SNA critica concentração na área de processamento animal e garante: setor precisa de concorrência

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“O grande problema do setor, no entanto, é o processo de concentração em curso na área de processamento. Essa concentração causa distorções no mercado e reduz a renda dos produtores”, garante Alvarenga. “É preciso incentivar a instalação de novos e modernos frigoríficos no País, fortalecendo a concorrência e ampliando as possibilidades de comercialização externa.” Em entrevista exclusiva à Revista Nacional da Carne, o presidente da SNA traz interessantes análises sobre a conjuntura do setor. Elogia, por exemplo, a indicação de Joaquim Levy para o Ministério da​Fazenda e de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura, “a mais importante liderança do setor, e legítima representante dos cerca de

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O Brasil possui uma grande extensão de solos degradados que podem ser recuperados para a produção de alimentos, energia e madeira cinco milhões de pequenos, médios e grandes produtores rurais do País”. Alvarenga, entretanto, condena o eminente aumento de impostos: “mais uma vez, a agropecuária vai pagar a conta dos ajustes econômicos”. Ataca, ainda, a falta de infraestrutura nacional e o custo do transporte dos produtos agropecuários. E defende, por fim, “a integração do

agronegócio com o meio urbano, destacando as práticas sustentáveis”. Leia a seguir a entrevista completa com Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional de Agricultura.

O que esperar do segundo mandato de Dilma Rousseff e das novas lideranças do governo, sobretudo com Joaquim Levy no comando da Fazenda e a chegada de Kátia Abreu ao Ministério da Agricultura?

Sou otimista em relação ao segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. O início será difícil, com a implementação de diversos ajustes ​em nossa po​lítica​ econômica. No entanto, não há alternativa. É preciso controlar os gastos públicos e a inflação para restabelecer a confiança dos investidores e demais agentes econômicos.


Vis-à-Vis

A presidente Dilma acertou​ao indicar Joaquim Levy para o Ministério da​Fazenda. Ele tem sólida formação acadêmica e grande experiência no trato das finanças públicas. É certo que saberá ​promover os ajustes indispensáveis para reequilibrar nossa economia e alcançar as condições necessárias para que o País volte a crescer de forma consistente. No caso do agronegócio, os produtores ganharam um verdadeiro presente com a nomeação da senadora Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura. Ela é a mais importante liderança do setor e legítima representante dos cerca de cinco milhões de pequenos, médios e grandes produtores rurais do País. Além disso, possui conhecimento e competência para fazer um excelente trabalho.

Quais serão os principais focos de atuação da SNA em 2015? Por quê?

E​ m 2015, a Sociedade Nacional de Agricultura manterá suas atividades regulares de ensino e divulgação. Promoverá a realização de seu 15º Congresso de Agribusiness, que irá abordar os aspectos da integração do agronegócio com o meio urbano, destacando as práticas sustentáveis. Estamos colaborando com o Tribunal de Contas da União (TCU) na realização, em março, de um congresso sobre ‘Solos’. Como se sabe, a ONU declarou que 2015 é o Ano Internacional dos Solos. Trata-se de um assunto da maior importância e que não tem merecido a devida atenção. O Brasil possui uma grande extensão de solos degradados que pode ser recuperada para a produção de alimentos, energia e madeira. ​Também pretendemos apoiar e colaborar com a ministra Katia Abreu em sua atuação à frente do Ministério da Agricultura. Temos a convicção de que ela conquistará importantes avanços para o agronegócio brasileiro, e a SNA estará à sua disposição para apresentar estudos, propostas e projetos que possam ser implementados em benefício do desenvolvimento do agro.

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em níveis significativamente mais elevados do que no ano anterior. O grande problema do setor, no entanto, é o processo de concentração em curso na área de processamento. Essa concentração causa distorções no mercado e reduz a renda dos produtores. É preciso incentivar a instalação de novos e modernos frigoríficos no País, fortalecendo a concorrência e ampliando as possibilidades de comercialização externa.

Kátia Abreu possui conhecimento e competência para fazer um excelente trabalho, opina Alvarenga

A carne bovina brasileira vive momentos discrepantes. Enquanto os preços disparam e freiam o consumo internamente, ela segue em ascensão no mercado externo e deve bater novos recordes. Qual desses dois fatores deve ser mais decisivo? Devemos, afinal, estar otimistas ou pessimistas?

​Acredito que o mercado externo determina os preços do mercado interno. Em 2015, os preços devem situar-se

Como o senhor vê a questão do estabelecimento de acordos comerciais internacionais, bilaterais, regionais e multilaterais, que reduzem tanto as barreiras tarifárias como as não tarifárias? É necessário avançar nesse setor?

​​​Sim, precisamos de uma política comercial mais objetiva, com flexibilidade e autonomia para negociar novos acordos​e abrir mercados​. Precisamos trabalhar no sentido de eliminar ou reduzir as barreiras tarifárias e não tarifárias. Celebrar acordos bilaterais, r​ egionais e multilaterais e atuar em mercados prioritários por meio de parcerias, visando expandir ​a​demanda​. Também devemos procurar atrair empresas globais para empreendimentos ​no Brasil, a fim de que ​possamos​agregar valor em nossas ​exportações.


Vis-à-Vis

A queda nos preços de rações deve favorecer o mercado da carne? Ou a elevação de custos de outros setores, como combustíveis e transportes, tende a equalizar os custos?

​ incidência do PIS/Cofins e da CIDE sobre o dieA sel terá um grande impacto nos custos de todos os produtores. M ​ ais uma vez, a agropecuária vai pagar a conta dos ajustes econômicos. N ​​ o caso das rações, aq ​ ueda nos preços é muito relativa. De forma geral, a ​participação das rações no custo de produção da carne bovina n ​ ão tem grande​relevância. Há outros custos importantes que devem ser considerados​.​​ No caso das aves e suínos, o p ​ reço​das rações tem​ maior r​ elevância no custo do produtor.

O custo do transporte dos produtos agropecuários no Brasil já é um dos maiores do mundo

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Não são apenas os produtores de grãos que sofrem com o deficiente sistema de transporte no Brasil. É preciso avançar na logística de comercialização, abate, industrialização e exportação dos produtos de origem animal. Como o senhor analisa esse quadro? O que pode ser feito?​

Como se não bastassem os graves problemas de nossa deficiente infraestrutura logística, a incidência do PIS/Cofins e da CIDE sobre o diesel prejudicará ainda mais o agronegócio. O custo do transporte dos produtos agropecuários no Brasil já é um dos maiores do mundo. E ainda vem mais imposto. No final, quem pagará por esse aumento de custo será o produtor, que terá sua renda reduzida. Precisamos mostrar ao governo o impacto que esses tributos causará na renda dos produtores. É um tremendo desestímulo.

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Empresas & Negócios

Essas

informações foram

originalmente

publicadas em nosso portal. Acesse e

confira outras notícias:

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Nova estrutura: BRF aposta em descentralização da gestão

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BRF passa a adotar um novo modelo administrativo, “alinhado com o processo de crescimento e globalização da companhia”, nas estruturas do Brasil e do exterior, segundo informações da companhia divulgadas em janeiro A medida “aprofunda o modelo de gestão adotado pela empresa em sua atuação global, voltado a adequar seus processos e produtos aos diferentes perfis e hábitos dos consumidores, respeitando as características culturais das áreas onde a companhia atua”, declara a BRF. Flávia Faugeres, que estava à frente da área de Marketing e Inovação da companhia, será a general manager do Brasil. Junto aos demais general managers, que

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dirigirão as outras unidades de negócio, divididas por área geográfica – América Latina, Europa/Eurasia, Ásia e África/ Oriente Médio –, Faugeres se reportará diretamente ao CEO global. No Brasil, ainda, foram criadas cinco lideranças regionais: Nordeste (sede em Recife), Centro-Oeste/Norte (Brasília), São Paulo (São Paulo, Capital), Sul (Curitiba) e Sudeste (Rio de Janeiro). De acordo com a empresa, os general managers e líderes regionais terão papel decisivo ao estabelecerem as prioridades da BRF nos diferentes mercados. Cada diretoria regional terá equipes próprias, incluindo áreas de vendas, logística, trade marketing, gestão comercial, finanças e “gente”.

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Friboi lança linha de porções prontas de carne bovina

A

Friboi, marca do grupo JBS, anunciou na última semana o lançamento de uma nova categoria no mercado de carne: a linha “Friboi Todo Dia” com pratos prontos à base de carnes bovinas cozidas ou grelhadas. São 14 receitas congeladas ou resfriadas que requerem apenas aquecimento no micro-ondas ou forno. Entre os resfriados, estão opções como tiras de carne grelhadas, estrogonofe, costela ao molho com mandioca, tiras de carne com cebola, cubos de carne grelhados e fraldinha ao molho caseiro. Já nos congelados, a linha chega com costela bovina assada com osso, tiras de carne grelhada, cubos de carne grelhados, carne moída cozida temperada, bites (bolinhas de carne) sabor picanha e costela assada sem osso. Com ênfase na praticidade, Maria Eugênia Rocha, gerente de marketing executiva da JBS, explica que a novidade chega para “acabar com a insegurança” de quem não quer errar no ponto de cozimento da carne. “Essa linha é a revolução da forma de comprar carne. Prática, não é preciso sujar a panela, basta aquecer no micro-ondas ou forno”, complementa Rocha. “Além disso, também oferece ao consumidor a opção de dar um toque pessoal.” A linha Todo Dia já está disponível em supermercados dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ao longo deste ano também será distribuída para outras regiões do País.

Carne suína brasileira pode “dominar” Ásia

P

ara 2015, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) projeta o embarque de 520 mil toneladas, volume 2,8% maior que o volume embarcado em 2014. Embora exista uma expectativa de que a Rússia continue demandando o produto nacional, a entidade aponta planos de ampliar as opções de mercados importadores. “Apesar do bom desempenho do setor em 2014 [a receita no acumulado do ano foi quase 17% maior que a gerada em 2013], temos ambições maiores, focadas na abertura de novos mercados para a carne suína do Brasil, reduzindo a dependência do leste europeu”, indica Francisco Turra, presidente-executivo da ABPA. Além da Rússia, portanto, a entidade aposta no crescimento de vendas para os mercados da Ásia, com destaque para a China e o Japão. “Para expandir nossos embarques, estamos focando nossos esforços na abertura do mercado da Coreia do Sul”, complementa Turra. “Também há boas perspectivas para abrir os mercados do México e do Canadá e, principalmente, o retorno das vendas para a África do Sul.”

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Empresas & Negócios

Fortress inaugura sede mais ampla e moderna

I

mpulsionada pelo bom desempenho de sua filial brasileira, a Fortress Technology inaugurou uma nova sede. O espaço, de 3.000 m², conta com estacionamento próprio, ampla área fabril e administrativa, Showroom para apresentação dos equipamentos, entre outras comodidades. A fabricante canadense de detectores de metais, que possui filiais no Reino Unido e no Brasil, “está otimista com os resultados alcançados pela filial brasileira”, segundo garante a empresa em comunicado.

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“Estamos muito felizes de ver o crescimento e reconhecimento de nossa marca no Brasil! Sabemos que esse nova sede é resultado de um trabalho em equipe com foco em satisfação das necessidades de nossos clientes”, explica Thais Christinne Cini, analista de Marketing da Fortress Brasil. A nova sede da companhia está localizada no município de Caieiras, São Paulo, na Rodovia Tancredo de Almeida Neves, 3007 – Km 30,5.

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JBJ volta à indústria bovina com a aquisição do frigorífico Mataboi Na balança Vantagem

A carne de frango está 61,4% mais barata que a bovina e 48,8% mais em conta que a suína. É a maior diferença de preços dos últimos cinco anos, destacou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Queda

A

JBJ Agropecuária comunicou a aquisição das ações da Fratelli Dorazio Investimentos S.A., detentora da Mataboi Alimentos S.A. O contrato de compra e venda de participação societária foi celebrado em 22 de dezembro. O fechamento da operação está sujeito a condições suspensivas. A transação representa o retorno da JBJ ao setor de frigoríficos do Brasil. Produtora de gado de corte com fazendas no centro do País, a JBJ é presidida por José Batista Júnior, fundador da JBS. A Mataboi, empresa de abate de bovinos e comércio de carnes, é a detentora das marcas “Mataboi” e “Di Prima”. Fundada em 1949, tem capacidade de abate de 2.600 bovinos por dia, faturamento de R$ 1,6 bilhões nos últimos 12 meses e 2.759 colaboradores. Com dívidas de cerca de R$ 400 milhões, a Mataboi chegou a anunciar sua recuperação judicial em 2011, mas protocolou o pedido de encerramento do processo em 2014.

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Pelo terceiro ano consecutivo, o índice internacional de preços dos alimentos diminuiu. Em 2014, a queda foi de 3,7% em relação a 2013, segundo análise do mercado global da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).

Sobe

O Brasil exportou no último ano US$ 2,947 bilhões em couros e peles. O valor é 17,4% superior à receita registrada em 2013. A informação é da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

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Espaço TecnoCarne TecnoCarne & Leite – o mais tradicional evento do setor de processamento de proteína animal acontece em agosto! A feira será promovida em São Paulo, capital dos negócios e palco fértil para alavancar lucros

A

12ª Feira Internacional de Tecnologia mais tradicional e completa feira brasileira da indústria de processamento de proteína animal ganhou melhorias no local, que promete trazer impactos ainda mais positivos ao evento. Realizado no antigo Expo Imigrantes – agora, São Paulo Expo -, o espaço foi renovado com a implantação dos projetos de climatização, de rede de wi-fi e do restaurante anexo, trazendo mais conforto aos convidados. A 12ª TecnoCarne & Leite acontece na cidade dos negócios: São Paulo. Com fácil acesso, a capital paulistana concentra importantes empresas e elevado volume de negócios, honrando o título de principal centro financeiro do Brasil. É nesse ambiente que a feira reunirá máquinas modernas, equipamentos de primeira linha, novidades e tendências tecnológicas. Além de potencializar o mercado frigorífico, o evento se dedica a oferecer soluções completas a toda a cadeia de processamento da proteína animal. Entre os principais segmentos presentes estão os de Ingredientes e Aditivos, Embalagens e Tripas, Refrigeração, Logística, Produtos e Serviços, Rastreabilidade, Softwares, 20

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a para a Indústria da Carne e do Leite Paletes, Transporte e Armazenagem, Tratamento de Efluentes e Higienização, Máquinas, Equipamentos e Acessórios, Automação Industrial e Comercial e Reciclagem de subprodutos de origem animal. A edição de 2015, será realizada entre 11 a 13 de agosto e são esperados cerca de 21 mil compradores de mais de 20 países. Feira de grande respeito e prestígio no mercado nacional e internacional, a TecnoCarne & Leite avança mais um ano proporcionando oportunidades e o ambiente ideal para impulsionar novos negócios. Para quem quer acompanhar as tendências e todas as novidades, deve se programar para este grande evento.

12ª TecnoCarne & Leite Quando: de 11 a 13 de agosto Horário: das 10h às 19h (entrada somente até às 18h) Onde: São Paulo Expo Endereço: Rodovia dos Imigrantes, Km 1,5 - São Paulo, SP Para maiores informações, acesse www.tecnocarne.com.br

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Refrigeração Editorial Thais Ito

O legado neozelandês divulgação

Com a promessa de soluções inovadoras de refrigeração industrial para alimentos, empresa da Nova Zelândia busca expansão no Brasil

Michael Lightfoot, presidente da Milmeq: “Somos especializados e motivados pela inovação”

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O

mercado frigorífico brasileiro pode receber em breve a presença mais massificada de um novo e importante fornecedor. Atenta à crescente demanda global por proteína animal, a Milmeq sempre buscou oferecer soluções de refrigeração industrial para grandes provedores desse alimento. E seu foco, agora, naturalmente se volta ao local que desponta como principal celeiro mundial do produto. “Temos planos de ter um forte legado aqui no Brasil”, enfatiza Michael Lightfoot, presidente da Milmeq, uma companhia neozelandesa que procura estabelecer-se em importantes mercados. “A China, por exemplo, é um mercado que não produz o suficiente para atender toda a população, então trabalhamos com clientes que querem exportar para a China. Isto é crescimento para nós.” Foi com essa visão de negócios que Lightfoot esteve no Brasil em dezembro. A visita teve uma intenção clara: sondar possibilidades para ampliar a presença no País, com foco no processamento de alimentos primários, incluindo carne vermelha, aves, frutos do mar, laticínios e horticultura. www.nacionaldacarne.com.br


A companhia promete tecnologias capazes de melhorar a qualidade dos alimentos para os mercados domésticos e internacionais. Para o CEO da Milmeq, o sabor dos produtos brasileiros até melhorou, mas a companhia quer trabalhar com as empresas e ajudá-las a entender como aprimorá-lo ainda mais. O efeito dessa iniciativa deve ser um só: impulsionar novos negócios. Para que isso ocorra, a missão empresarial dos neozelandeses veio ao País hasteando a bandeira da inovação. “Somos especializados e motivados pela inovação”, sublinhou o presidente. “Desenvolvemos, por exemplo, o túnel de congelamento rápido.” Esse equipamento é automático, segundo o executivo, e normalmente dispensa interação manual. O túnel move o produto para dentro durante o tempo necessário para o congelamento - geralmente 24 horas - e, ao final do processo, ele é conduzido para o setor de embalagem. Uma das promessas da empresa é reduzir o tempo de congelamento de produtos alimentícios. Quanto mais rápido o processo, mais eficiente é a conservação do sabor e o prolongamento da vida útil do produto. “Algumas empresas levam 48 horas para congelar os produtos, mas nós podemos oferecer um processo pela metade deste prazo, economizando energia e reduzindo o custo por item, o que aumenta os lucros da empresa”, finaliza.

Inovação que vem da história O processo de inovação da Milmeq tem raízes que se entrelaçam com a história do próprio país. Para Lightfoot, uma das razões para que a Nova Zelândia tenha sucesso tecnológico em diversos setores é seu isolamento geográfico. “Está longe de tudo, separada de outros países. Não temos de quem copiar, então muitas coisas foram desenvolvidas lá mesmo”, justifica. O aprendizado na Milmeq, segundo ele, nasceu assim. Atualmente, a empresa conta com um time de projetistas que desenvolvem os novos produtos. Além disso, segundo ressalta Lightfoot, o processo de inovação da Milmeq é aplicado inclusive na hora de resolver problemas levados por clientes. “Juntamos engenheiros, projetistas, colaboradores de chão de fábrica para pesquisar e desenvolver um modo mais inteligente de realizar as coisas”, conta.

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Capa I Perspectivas

O ano da carne

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Thais Ito

brasileira

“Os desafios da economia em 2015 despertam atenção redobrada, mas não abalam o otimismo em relação à produção, exportação e evolução do setor”

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Capa I Perspectivas

compromisso para que a inflação “entre em longo período de declínio, que a levará à meta de 4,5% em 2016”. Diante desse cenário, contudo, o setor cárneo fortalece perspectivas de continuidade do desempenho positivo na produção e na exportação, bem como no planejamento de ações e mudanças importantes para a sustentabilidade.

Compensações e oportunidades

Os preços elevados pelo cenário externo e pela baixa oferta também consolidam oportunidades para o mercado de bezerros

O setor prevê um mercado interno desaquecido. Mas, graças ao cenário externo, o otimismo permanece em pé. Com a escassez de oferta nos Estados Unidos e na Austrália, somados aos entraves políticos envolvendo a Rússia, o Brasil continuará sendo um porto seguro para a demanda internacional por proteína animal. “Em 2015 poderá haver uma redução no consumo interno de carnes decorrente da alta nos preços e redução do poder de compra da população”, explica Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA). “Essa redução poderá ser compensada com o crescimento das exportações, a valorização cambial e a obtenção de melhores preços no mercado externo.” Se as exportações forem realmente a salvação para compensar o mercado interno limitado, o momento

N

as reticências de um ano economicamente incerto, a indústria cárnea projeta perspectivas otimistas para 2015. Entre oportunidades setoriais e nebulosos pontos conjunturais, o mercado aponta indícios de que contribuirá novamente para destacar o agronegócio na balança comercial brasileira. Há, entretanto, desafios pela frente. E uma das principais preocupações é a economia nacional. Não à toa, representantes do setor demonstram apreensão e cautela ao voltar os olhos para 2015. A projeção de crescimento de 0,5% a 1% do Produto Interno Bruto (PIB), embora maior que a de 2014, ainda reflete um cenário de estagnação. Já a inflação deve continuar no limite de 6,5%, segundo projeções do Rabobank. “Como principais motivos [para a previsão de inflação], destacam-se a desvalorização do câmbio e a necessidade de alívio nas margens dos setores da economia, atualmente impactados pela política de controle de preços, como gasolina e energia”, aponta o banco. O Banco Central reconhece que a taxa tende a apresentar resistência a curto prazo. No entanto, reforça seu

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também será propício para impulsionar as iniciativas relacionadas à vigilância sanitária e à produtividade. No caso da carne bovina, os preços elevados pelo cenário externo e pela baixa oferta também consolidam oportunidades para o mercado de bezerros. Criadores podem manter boas margens, inclusive graças à reduzida taxa de nascimento prevista por Sergio de Zen, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq-USP, e antecipada em agosto pela Revista Nacional da Carne. Além disso, setores como o de nutrição e de genética ganham destaque. “Maiores investimentos nesses dois setores devem colaborar com o abate de animais mais pesados e em menor tempo”, aponta o relatório do Rabobank sobre perspectivas do agronegócio.

As faces dos custos de produção

Ainda segundo o Rabobank, a queda dos custos da ração, ocasionada por preços reduzidos do milho e da soja, deve criar um cenário positivo para impulsionar a produção de carne bovina, suína e de frango. Marcos Antônio Zordan, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc),

O CAR é um passo importante, mas sozinho não vai resolver todos os problemas para acabar com o desmatamento

confirma essa previsão do Rabobank. “O ano novo será positivo para as cadeias produtivas da carne no Brasil. O milho continuará abundante e barato. Logo, os custos de produção estarão mais baixos”, afirma. “O consumo deve baixar um pouco, mas os resultados continuarão compensadores para os criadores e as indústrias da carne. A produção de aves e suínos deve aumentar moderadamente.” Já Mário Lanznaster, presidente da Coopercentral Aurora Alimentos, acredita que os custos de produção aumentarão, “especialmente em face do encarecimento da energia elétrica, do diesel e de outros insumos - e as operações financeiras terão encargos mais pesados, com juros mais altos e menor oferta de crédito”. Para Lanznaster, apesar do clima de otimismo, a produção deve manter o mesmo nível do ano passado. “Os produtores e as indústrias atingiram um saudável ponto de equilíbrio, resultado da aprendizagem – depois de décadas de erros – sobre os efeitos perversos da gangorra (picos de alta e de baixa produção na proporção inversa de altos e baixos ganhos)”, argumenta.

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Capa I Perspectivas

Transparência e monitoramento

O ano de 2015 pode também desenrolar novos avanços na sustentabilidade. A divulgação dos sistemas de controle para compra de gado da Amazônia, em 2014, foi um grande passo dado por grandes frigoríficos - JBS, Marfrig e Minerva - e pode servir de inspiração para uma produção mais transparente. “Outros frigoríficos têm que entrar nessa roda”, enfatiza Adriana Charoux, campaigner de florestas do Greenpeace. “Em termos de agenda para 2015, continua sendo um fator fundamental a questão da transparência. O desmatamento zero é e vai continuar sendo nossa bandeira, especialmente porque é muito difícil monitorar o que é desmatamento legal e o que é ilegal.” Outra projeção positiva para o meio ambiente vem com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), cujo prazo para inscrição se encerra em maio deste ano. O registro, obrigatório para todas as propriedades rurais, permitirá a criação de um banco de dados que ajudará a mapear importantes informações para o planejamento ambiental e econômico, além de servir de poderoso instrumento para monitorar e controlar o desmatamento. Embora não seja a garantia de um milagre, o CAR não só é citado como uma das prioridades para este ano, como também é visto com bons olhos por representantes de diversos setores. 28

“O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é um passo importante, mas sozinho não vai resolver todos os problemas para acabar com o desmatamento”, pondera Charoux. “Mas, sem dúvida, ajuda a monitorar.” Já Fernando Sampaio, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) e membro da comissão executiva do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), garante que o CAR é a principal questão a ser trabalhada na agenda sustentável de 2015. “Também temos projetos com o GTPS em alguns frigoríficos para aumentar produtividade, eficiência e disseminar boas práticas”, complementa. “Além disso, estamos tentando criar dentro da Abiec um programa de melhoria contínua para os frigoríficos implementarem um padrão de controle na cadeia de fornecimento.” O ano, assim, desenha-se repleto de oportunidades. E o setor acende uma luz otimista que não deixa dúvidas: 2015 será desafiador e a categoria vem construindo um caminho para resultados nivelados aos do ano anterior – e vislumbrando, confiante, um desempenho ainda melhor. Em meio às dificuldades conjunturais, que preocupam diversos setores e diminuem as perspectivas de investimento, a carne surge como uma das possíveis tábuas de salvação da economia brasileira. www.nacionaldacarne.com.br



Capa

Ar tigo Rações

Perspectivas da indústria de alimentação animal acerca da cadeia produtiva de proteína animal Ariovaldo Zani, médico veterinário, Vice-Presidente Executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal, Diretor do Departamento de Agronegócio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Diretor do Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, Conselheiro da Asociación de las Industrias de Alimentación Animal de América Latina y Caribe, Board Member of the International Feed Industry Association, Professor MBA Agronegócio da USP/ESALQ/PECEGE e Professor Convidado do Mestrado Profissional/FZEA/USP, Membro do Conselho Consultivo do SESI/SENAI/SP

O Brasil é um dos protagonistas na produção de alimentos e líder na exportação de proteína de origem animal, não por acaso, mas por conta da inovação e das contínuas melhorias implementadas pelo setor privado que asseguram a credibilidade dos nossos produtos pecuários. No ano passado, a exportação das carnes bovina, suína e de frango rendeu mais de US$ 17 bilhões, além de empregar milhões de trabalhadores e promover desenvolvimento econômico local, contribuir decisivamente para diminuição do déficit da balança comercial brasileira e assegurar grande parcela do suprimento global. É por esse motivo que todos os elos da cadeia produtiva de proteína animal buscam implementar soluções tecnológicas que garantam a produção sustentável e aliada ao modelo de criação moderno, cujo objetivo é diminuir ao máximo o tempo de permanência do animal 30

dentro do ciclo de produção, reduzir custos, incrementar a produtividade e diminuir o impacto ambiental, ou seja, produzir mais com menos e com preço adequado à capacidade do consumidor (atualmente o brasileiro gasta em média 16% com alimentação, enquanto há quatro décadas mobilizava 40%). O crescimento da produtividade, portanto, é condição indispensável para o sucesso produtivo e garantia futura de melhor padrão de vida das pessoas e preservação do meio ambiente. Aliás, desde os anos 70, quando o Brasil ainda importava grande quantidade de alimentos, o agronegócio brasileiro já cresceu quase 200%. Para exemplificar, a produção de carne bovina aumentou, de 1979 a 2009, em 5,42% a.a, a suína em 4,66% a.a e a de aves em 8,45% (Gasques e colaboradores, 2010). Mesmo assim, os empreendedores brasileiros continuam mobilizando esforços e recursos para manter

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os índices conquistados e avançar com seus excedentes agropecuários (aproximadamente 30% da produção local) para além dos atuais 180 mercados ao redor do mundo. O vigor é tal que mesmo atracado ao pesado “custo Brasil”, que diminui a rentabilidade e compromete a competitividade dos empreendedores, além de levar à queda da produção dentro e fora da porteira, o PIB do agronegócio em 2014 deve superar R$ 1,1 trilhão. Segundo o CEPEA/USP, até agosto/14, já agregou mais 1,95%, enquanto a pecuária e seu efeito multiplicador já somou aproximadamente R$ 370 bilhões (33% do PIB do agronegócio). Consumidora e supridora de insumos para a indústria, fornecedora de capital para a expansão e divisas para as importações do setor não agrícola, além de produtora de alimentos e geradora de empregos para

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a população doméstica, essa atividade tem sucedido e superado recordes, apesar da pífia contrapartida pública. Ou seja, o investimento médio empenhado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento na segurança da sanidade agropecuária foi de apenas R$ 114 milhões entre 2008 e 2012, R$ 120 milhões em 2013, R$ 141 milhões em 2014 e R$ 185 milhões em 2015, frente aos riscos proporcionais ao nosso território de dimensões continentais, já que o Brasil possui 17 mil km de divisas terrestres (maioria florestas), mais de 7,3 mil km de fronteiras marítimas e espaço aéreo de mais de 8 milhões de km². O Governo precisa elaborar políticas públicas adequadas, gastar muito menos em custeio e corrigir as deficiências infraestruturais que permitam ao setor privado continuar investindo o capital necessário para incremento contínuo da produtividade. Adicionalmente, o Estado deve deixar de financiar suas operações por meio do endividamento público e abandonar a ideia de capitalizar instituições estatais para privilegiar apenas alguns poucos setores, em detrimento de tantos outros empreendimentos menos afortunados que acabam por subsidiar esse crédito. Inserida nessa complexa cadeia produtiva, a indústria de alimentação animal acaba também por encarar o crescente movimento radical que rejeita perigosamente a influência das ciências naturais e desdenha dos reais perigos que afetam uns mais que outros, e que faz apologia ao contraditório princípio da precaução. Esses videntes apocalípticos costumam atribuir, ao modelo de nutrição animal e ao cardápio contemporâneo, o mito de fatores de maior risco à saúde e à sobrevivência dos seres humanos, dentre eles a mobilização dos organismos aperfeiçoados geneticamente (OGM), o emprego dos agentes melhoradores de desempenho zootécnico (antimicrobianos e beta-agonistas) e a nanotecnologia. Apesar da esquizofrenia econômica, dos níveis deprimidos da confiança do empresariado e do consumidor, dos estoques elevados na indústria, da elevação da taxa doméstica de juros, do menor acesso ao crédito, da desaceleração da massa salarial real, dos óbices de consciência, e do rally de projetos de Lei que paradoxalmente tentam eliminar a atividade pecuária da matriz econômica nacional, a indústria de alimentação animal vai continuar respondendo aos estímulos da cadeia produtiva e deverá produzir em 2015 quase 70 milhões de toneladas de rações e sal mineral.

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Capa

Artigo Bem-estar animal

Perspectivas para o bem-estar animal em 2015 Paola Rueda, supervisora de bem-estar animal da World Animal Protection

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O ano de 2015 promete me-

tos técnicos e econômicos quanto a necessidade desta lhorias importantes no que tange mudança do ponto de vista o bem-estar dos animais. Globaldo mercado, dos consumimente, há fortes movimentos redores e do bem-estar. lacionados ao consumo consciente As medidas anunciadas da carne e melhores condições de por empresas alimentícias alojamento. Há uma crescente exiou varejistas são reflexo gência por parte dos consumidores da maior exigência por por produtos e processos eticamenparte dos mercados eurote corretos e, dentre estes, estão o peus, norte-americanos e alojamento coletivo de porcas e o canadenses. Recentemenfim das gaiolas para postura, dos te, houve mudança nas ambientes pobres para frangos leis destes locais para a e suínos e dos manejos aversivos Quem irá assumir a melhoria dos padrões de (exemplo: corte de bico e cauda, liderança do conjunto bem-estar na produção de castração sem anestesia e analanimais. gesia) em todas as espécies, além destas mudanças no Brasil? De olho em sua compede transporte, manejo racional e A cadeia deve pensar e titividade no mercado inabate humanitário. atuar de forma conjunta ternacional, os produtores Devido a este movimento, brasileiros estão atentos grandes players do mercado têm a estas tendências. Daí anunciado medidas globais para vieram os acordos bilaterais entre o Brasil e a União melhorar as condições de vida dos animais de produção. Europeia, além da atualização na legislação nacional Em 2014, por exemplo, esse foi o caso da Nestlé, que dede abate humanitário (IN3) e a elaboração de uma lecidiu adotar medidas baseadas nas cinco liberdades, e gislação específica de bem-estar dos animais durante da BRF, que trabalhará com a eliminação de gaiolas de o transporte terrestre. Muitas dessas mudanças estão gestação em porcas. Ambas as organizações vão realizar sendo propostas pela CTBEA (Comissão Técnica Permaessas melhorias em parcerias fechadas com a World nente de Bem-Estar Animal do Ministério da Agricultura Animal Protection. Como elas são grandes produtoras e Pecuária e Abastecimento), grupo que vem trabalhancompradoras de animais, as medidas adotadas servem do ativamente no fomento de acordos, na definição e de norte a todo o setor. Por isso esperamos, para breve, atualização de legislações de bem-estar e na busca de anúncios de outras empresas, que beneficiarão os aniincentivos financeiros para a construção e a adaptação mais e a produção ética. de instalações, como o Inovagro. Também é importante mencionar o acordo firmado Para além da questão mercadológica, sabemos que este entre o governo e a ABCS (Associação Brasileira dos conjunto de mudanças beneficiam os animais, mas tamCriadores de Suínos) sobre a temática de boas práticas bém o produtor e o frigorífico. Com um bom manejo pré do setor, o que incentivará a educação e a adoção de e durante o abate, há redução no número de hematomas, novas medidas na cadeia da suinocultura. Os primeiros dos problemas com cor e pH da carne e de mortalidade – resultados desta parceria devem surgir já em 2015. fatores que trazem melhoras nos resultados produtivos. Ainda sobre a suinocultura, a World Animal ProtecQuem irá assumir a liderança do conjunto destas mution dará sua contribuição neste ano para a melhoria do danças no Brasil? A cadeia deve pensar e atuar de forma bem-estar na cadeia de produção. Durante o primeiro conjunta buscando soluções sustentáveis e práticas em semestre, será lançado um material composto por DVD todas as etapas, uma vez que o bem-estar traz ganhos ao e cartilha sobre gestação coletiva de matrizes suínas. animal, ao produtor e à indústria, por meio da redução de Este material será destinado às indústrias, associações, perdas qualitativas e quantitativas, muitas vezes aliado à produtores e consumidores, destacando tanto os aspecmelhoria zootécnica.

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Software de Gestão Marcelo Tárraga

Três coelhos com uma cajadada só: aumento de produção, prevenção e lucratividade

Como funciona?

Em um frigorífico, o software identifica todas as fases do processo produtivo. Rastreia o funcionamento destas áreas. E, a partir daí, faz uma análise para agilizar o trabalho da empresa.

Qual é o primeiro passo?

Gestão da empresa deve fazer um mapeamento posterior de todos os processos para que o produto possa depois rastrear como é feito o trabalho interno pelo frigorífico.

Como o software em frigoríficos pode melhorar a produção e prevenção? Entende todos os processos mapeados þ Mostra exatamento como vem sendo feito þ þ þ þ þ

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o gerenciamento de cada área Foca em como maximizar esses resultados Identifica problemas Aponta “engessamentos” de produção Racionaliza o negócio

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Arte: Adriano Cantero

GANHOS!

Controle þ Segurança þ Agilidade nos processos internos þ þ Facilita tomada de decisões þ Potencializa tempo de gestores e administradores para realizarem novos negócios

DETALHE: as empresas podem optar por informatizar TODO o processo produtivo ou PARTE deste trabalho, com intuito de identificar “problemas” ou “oportunidades” em áreas específicas.

ALGUNS EXEMPLOS

Na Ecofrigo, frigorífico sediado em Chapecó-SC, o software de gestão proporcionou o gerenciamento do processo de embalagem e sua integração com o sistema, reduzindo significativamente as perdas no processo. No setor de estocagem e expedição a informatização trouxe agilidade e precisão no armazenamento e na saída dos produtos ao cliente.

Na Satiare Alimentos, frigorifico sediado em Nova Prata do Iguaçu-PR, com a implantação do software de gestão o grande ganho foi a rastreabilidade de todo o processo produtivo dos embutidos de forma ágil e segura, bem como na apuração do resultado do negócio por meio de controle de custo e análise da lucratividade.

Fonte de informações: PROXSI - Sistemas de Gestão Empresarial Diego Baptistetti

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Mercado

Preparem os portos Exportadores brasileiros de carnes sinalizam aumento de até 8% para 2015 e novo recorde de faturamento no setor bovino

E

m 2015, os portos nacionais serão ainda mais movimentados. Segundo previsões da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne (Abiec) e da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as embarcações de carne bovina, suína e de frango superarão os impressionantes resultados obtidos no ano recém-encerrado.

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Thais Ito

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Mercado

Bovino mira recorde A exportação de carne bovina, por exemplo, “seguramente” baterá novos recordes. É o que assegura Antônio Jorge Camardelli, presidente da Abiec. Ele se refere ao faturamento de 2014, que já configura uma marca histórica, e ao estimado para 2015. De acordo com a entidade, as embarcações devem faturar 11% a mais novo ano, acrescentando US$ 8 bilhões à balança comercial brasileira. Em volume, o aumento projetado é de 8%, resultando em 1,7 milhão de toneladas. A retomada de importantes mercados, como a China, e a perspectiva da oficialização do fim do embargo da Arábia Saudita e do Japão (eminentes até o fechamento desta edição) são alguns dos fatos propulsores da projeção positiva.

“Tenho certeza que o mercado americano será aberto” Além disso, para o próximo biênio, a parceria entre a Abiec e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) reforçará a “promoção da carne gourmet brasileira em mercados como Europa, países árabes e China”, nicho onde o produto brasileiro tem relevância e potencial para crescer, segundo Camardelli. Há, ainda, o potencial do mercado norte-americano, cuja cota permitiria acrescentar 64 mil toneladas aos negócios brasileiros. “Tenho certeza que o mercado americano será aberto”, garante Camardelli. Outro importante desdobramento, além do incremento das vendas, seria o acesso aos mercados de México, Canadá e América Central. BOVINO Volume

US$

1,56 milhões de toneladas

7,2 bi

3,3%

7,7%

TOP 5 importadores

Mil toneladas

1

Hong Kong

399

2

Rússia

314

3

Venezuela

169

4

Egito

165

5

União Europeia

127

Total exportado Variação 2013-2014

*Fontes: Abiec e ABPA – ** Dados de janeiro/novembro de 2014

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Frango: mais valor No setor de carne de frango, a retomada do crescimento da produção e a atuação brasileira nas exportações são algumas das razões que sustentam o otimismo para 2015, segundo avalia Ricardo Santin, vice-presidente de aves da ABPA. “A abertura das oito plantas para a China e a possibilidade do mercado de Taiwan abrir são algumas das variantes que devem ocasionar um aumento de 3 a 4% nas embarcações de 2015”, explica. A exportação de produtos com valor agregado também continuará sendo incentivada pela entidade. “Estamos em fase de nos consolidar nos mercados para depois dar um passo a mais”, declara Santin. “Queremos aumentar o volume de processados como nuggets, salsicha, mais embutidos, pois só com cortes especializados deixamos de ganhar receita.” Segundo ele, os processados podem gerar um faturamento 30% superior ao dos cortes.

“Queremos aumentar o volume de processados como nuggets, salsicha, mais embutidos” O grande mercado consumidor da ave brasileira, entretanto, ainda é o próprio País, conforme ressalta Francisco Turra, presidente da ABPA. A previsão é que a disponibilidade do produto no mercado interno seja de 68% - contra 32% voltada à exportação. “O consumo de frango por brasileiro por ano aumentou 1kg de 2013 para 2014”, ressalta. “Só não aumentou mais porque há um clima ‘meio recessivo’ [da economia].” FRANGO Volume

US$

Total exportado

4,1 milhões de toneladas

8,08 bi

Variação 2013-2014

3%

-0,2%

TOP 5 importadores **

Mil toneladas **

1

Arábia Saudita

592

2

União Europeia

380

3

Japão

379

4

Hong Kong

289

5

Emirados Árabes

234

*Fontes: Abiec e ABPA – ** Dados de janeiro/novembro de 2014

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Mercado

Suíno: um novo 2014 O câmbio favorável às receitas e a ausência de entraves que desequilibrassem a cadeia, apesar da queda no volume exportado, tornaram 2014 um ano “extremamente satisfatório”, segundo avalia Rui Vargas, vice-presidente de suínos da ABPA. Para 2015, segundo projeção de Vargas, a expectativa é que o volume tenha um pequeno aumento. “A meta para 2015 é exportar 560 mil toneladas, contra 517 mil toneladas de 2013”. Em 2014, o volume embarcado foi de 505,7 mil toneladas. Embora tenha liderado o ranking de importações da carne suína brasileira, a Rússia e sua conjuntura instável ainda causam incertezas para 2015. “Não temos certeza se a performance de exportações para a Rússia se repetirá, por isso estamos trabalhando com força na reabertura dos mercados da Coreia do Sul e África do Sul e com o aumento gradativo no Japão e na China, além do recente experimento interessante de exportação para os Estados Unidos”, afirma Vargas.

“Não temos certeza se a performance de exportações para a Rússia se repetirá” O Japão, inclusive, é um mercado para ficar de olho. “Em 2014 ficamos muito contentes porque passamos a ter uma certa frequência de exportações para o Japão e apostamos que o país será um dos nossos grandes clientes nos próximos anos”, conclui. Em relação à produção, não há perspectiva de aumento de matrizes. No entanto, Vargas aposta na melhoria da performance dos animais, aumentando a produtividade e gerando uma produção de carne de 2% a 3% maior em 2015. SUÍNO Total exportado Variação 2013-2014

Volume 505,7 mil toneladas

US$ 1,6 bi

-4%

16,9%

TOP 5 importadores

Mil toneladas

Rússia

186

2

Hong Kong

110

3

Angola

52

1

4

Cingapura

32

5

Uruguai

20

*Fontes: Abiec e ABPA – ** Dados de janeiro/novembro de 2014

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Retrospectiva

Carne, o alicerce de 2014 Em ano marcado pela estagnação, setor supera limitações da economia geral e ajuda a evitar recessão do País

C

om estimativa de crescimento abaixo de 1% e inflação de 6,41% - beirando o limite do teto da meta estipulado pelo Banco Central, de 6,5% o ano de 2014 foi marcado por sentimentos de estagnação e cautela. Esse cenário, entretanto, não foi capaz de derrubar os pilares do mercado cárneo. Pelo contrário: encontrou nesse setor forças para se sustentar. Segundo o Ministério da Agricultura, Abastecimento e Pecuária (MAPA), a agropecuária foi responsável por 22,5% do Produto Interno Bruto (PIB) total da economia brasileira de 2014, atingindo cerca de R$ 1,1 trilhão. Um dos grandes responsáveis por esse resultado, conforme o próprio MAPA destaca, foi a carne, cuja produção histórica de 25,9 milhões de toneladas foi “a maior obtida até hoje no Brasil”. O desempenho positivo do setor cárneo se esmerou principalmente pelas exportações, favorecidas, entre diversos fatores, pelo câmbio, escassez de oferta de países concorrentes, como EUA e Austrália, e por conflitos

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políticos no leste europeu. A boa performance não se restringiu apenas às carnes bovinas, suína e de frango. O setor de couro, por exemplo, gerou uma receita 17,4% superior à registrada em 2013. No mercado interno, a carne protagonizou outra história. O item liderou a inflação dos alimentos, acumulando alta de 22,21% no ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Contribuíram para essa elevação a falta de oferta, a alta dos custos de produção, a boa demanda externa e a estiagem que castigou a agropecuária brasileira neste ano, segundo sublinhou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Especificamente no setor de carne suína, após anos de crises, a alta dos preços tem favorecido os produtores e o mercado volta a se recuperar, segundo ressalta Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). www.nacionaldacarne.com.br


Thais Ito

Em 2014, o mercado cárneo apresentou, ainda, avanços importantes em termos de transparência na gestão, conforme destaca Adriana Charoux, do Greenpeace, ao se referir à publicação inédita de auditorias por parte de grandes frigoríficos. Por outro lado, é justamente na gestão agropecuária que residem desafios para a evolução do setor, segundo argumenta Guilherme Malafaia, da Embrapa. Confira insights de representantes de diversos setores ligados ao mercado cárneo sobre o balanço de 2014.

Já no caso do frango, a escassez de oferta de bovinos e suínos não foi suficiente para pressionar a alta do preço, limitada também pelo aumento da produção, que cresceu na casa dos 2%. Ao mesmo tempo, o item, um dos substitutos naturais à carne bovina, teve o consumo interno incrementado em 2,3% neste ano. “Só não aumentou mais porque há um clima meio recessivo”, declarou Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em referência à economia brasileira. Carne

Consumo per capita/ano

Produção (toneladas)

2013

2014

Perspectiva 2015

2013

2014

Perspectiva 2015

Bovino*

41,8kg

40,5kg

41kg

10,22 milhões

10,08 milhões

10,6 milhões

Frango**

41,8 kg

43kg

45kg

12,3 milhões

12,7 Milhões

13 milhões

Suíno**

14,56 kg

14,63 kg

14,6kg

3,41 milhões

3,47 milhões

3,52 milhões

*Agroconsult. – **Dados de 2013 e estimativas para 2014 e 2015 da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

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Retrospectiva

“O consumo caiu porque faltou oferta” Marcos Campos/MCPress

“O consumo per capita de carne bovina caiu porque faltou oferta - foi de 41,8kg em 2013 para 40,5kg no ano seguinte, mas havia demanda para 42,5kg. Por isso o preço subiu muito. Ou seja, a falta de oferta, além de diminuir o consumo, deixou de atender a demanda de 2kg a mais. Em 2014, abatemos o que havia para abater. A produção diminuiu por uma questão cíclica. Vínhamos abatendo vacas a mais desde 2011 por conta de um procedimento periódico de ‘limpeza’ no rebanho, retirando animais improdutivos. Além disso, a estiagem atrapalhou a produção. Não houve perda, o que aconteceu foi uma reorganização de rebanho. 2014 foi atípico por conta desse reajuste de equilíbrio. Em 2015 devemos voltar ao mesmo ritmo de produção que tínhamos em 2013.”

Maurício Palma Nogueira, coordenador de Pecuária da Agroconsult

divulgação/Greenpeace

“2014 foi um avanço em termos de transparência”

“2014 foi um avanço em termos de transparência. [A JBS, Marfrig e Minerva] publicaram pela primeira vez as auditorias do sistema que eles desenvolveram de controle de fornecedores para evitar carne vinda de desmatamento e trabalho escravo. Foi um super gol. Os resultados mostram que o sistema de controle está funcionando. Ainda tem alguns problemas, mas de fato estão rejeitando boi contaminado com destruição da floresta. O que continua preocupando é a questão dos fornecedores indiretos.”

Adriana Charoux, campaigner de florestas do Greenpeace

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divulgação

“Em 2014 quem produziu ganhou”

“Em 2014 quem produziu ganhou. O agronegócio, mais uma vez, salvou a balança comercial brasileira. O setor de carnes teve um bom desempenho em razão de vários fatores, como as doenças em vários países e a relativa escassez de carnes no mundo.”

Marcos Antonio Zordan, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC)

divulgação/CICB

“Resultado que pode render benefícios por anos” “Foi um bom ano em termos de números [as embarcações geraram US$ 2,947 bilhões no acumulado de 2014, 17,4% a mais que o mesmo período no ano interior], com o couro tendo o seu valor reconhecido em todo o mundo como uma matéria-prima superior. Acreditamos que os avanços atingidos em 2014 estejam ligados ao trabalho de todo o setor em fazer o couro do Brasil ter seu devido reconhecimento, com inovação, conhecimento e investimentos. Este é o resultado que pode render benefícios por anos para a indústria.” “Em 2014, uma equipe do CICB percorreu o Brasil visitando mais de três mil estabelecimentos comerciais para divulgar as informações sobre a lei 4.888/65, que proíbe o uso de expressões como “couro sintético” e “couro ecológico. De acordo com a legislação, somente produtos oriundos de pele animal podem receber a designação “couro”, e queremos que a indústria e o comércio cumpram isso e sejam claros com seus consumidores.”

José Fernando Bello, presidente executivo do CICB

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Retrospectiva

“Os preços dos insumos estiveram em declínio” divulgação/Aurora

“O ano que se encerra foi muito bom para a indústria da carne. A Aurora conquistou novos mercados, aumentou a produção e atingiu os níveis de faturamento desejados. Os preços dos insumos (milho e farelo de soja) estiveram em declínio, o que barateou os custos de produção.”

Mário Lanznaster, presidente da Coopercentral Aurora Alimentos

Édi Pereira

“Foi um ano adequado” “2014 foi um ano extremamente positivo porque a suinocultura vinha experimentando crises de custo de produção, principalmente, e de preço pago ao produtor - havia uma insatisfação por parte de vários atores da cadeia. Podemos considerar este ano extremamente positivo porque a cadeia como um todo está safisfeita. Não teve nenhum desafio que deixasse algum elo da cadeia desabrigado. Foi um ano adequado.”

Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de suínos da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

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“Torna-se fundamental a qualidade da carne “ divulgação/Heatcraft

“O aumento da renda no Brasil tem impulsionado o consumo doméstico de alimentos com maior valor agregado e, atualmente, os brasileiros já estão entre os maiores consumidores de carne bovina, com consumo em torno de 40 quilos per capita/ano e crescendo. Diante deste cenário, torna-se fundamental a qualidade da carne produzida, pois a preferência do consumidor é pelas certificadas e de boa qualidade - sendo esta última fortemente relacionada à cadeia do frio.”

Fábio Pedrozo, gerente de vendas industrial da Heatcraft

divulgação/Embrapa

“Somos um grande exportador, mas um grande exportador de commodities” “2014 foi positivo principalmente pela abertura e credenciamento de novos frigoríficos para exportação para a Rússia. Isso deu um bom aquecimento para o mercado. O mercado externo refletiu muito no preço da arroba. Há dois pontos a se levar em consideração: a redução da oferta de animais e o aquecimento da demanda do mercado externo com a abertura desses mercados. Somos um grande exportador, mas um grande exportador de commodities. O Brasil tem uma cota de 10 mil toneladas anuais na Cota Hilton [cota destinada à exportação de cortes de alto padrão de qualidade], mas pouco dela é explorada. É lucro que deixa de entrar para a balança comercial brasileira. Ainda temos muito o que melhorar em termos de desempenho no mercado externo, principalmente em mercados de qualidade. Então todo o trabalho que tem sido feito por associações de raça ou até pelo Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS), de procurar produção de carne sustentável é no sentido de poder explorar nichos que estão demandando esse tipo de produto que pagam um preço diferenciado. Ainda tem um cenário muito amplo para esses programas de qualidade. No entanto, a grande parcela dos pecuaristas - produtores de forma geral, não só os pequenos -mal consegue cobrir os custos operacionais. Quando começam a trabalhar dentro de protocolos de boas práticas, por exemplo, é requerida uma readequação no sistema de produção que muitas vezes exige investimentos. Mas quem paga essa conta se não existe uma sinalização de remuneração por parte da indústria? Políticas públicas de incentivo podem ser um caminho. Já temos algumas iniciativas mas ainda não vemos o resultado na prática. Pequenos exemplos podem inspirar outros, mas temos que avaliar melhor o perfil do profissional que está envolvido nesses exemplos. Temos uma tipologia de produtores rurais muito variada no Brasil. Será que os exemplos de boas práticas são passíveis de ser replicados em grande escala? A assistência técnica é deficitária em fazer chegar a todos. Falta amadurecer um pouco mais tudo isso. (...) O pecuarista é muito bom em produção mas ainda muito deficitário em mecanismos de gestão, inclusive são mais avessos a riscos que o agricultor. Talvez isso seja um gargalo.” Gulherme Malafaia, pesquisador da Embrapa, membro do Comitê do Programa Mais Pecuária do MAPA e especialista em cadeias produtivas

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Retrospectiva

Newton Bastos

“O plano pecuário incluiu linhas de financiamento” “Estamos chegando ao final de 2014 com praticamente todos os indicadores macroeconômicos deteriorados. Dessa forma, faz-se necessária uma urgente correção de rumo em direção à maior estabilidade. Precisamos restabelecer a confiança dos investidores e demais agentes. Considero que a política do governo Dilma Rousseff foi, de forma geral, positiva para o agronegócio, inclusive em relação à cadeia produtiva da carne. O plano agrícola e pecuário do período 2014/2015 foi adequado e incluiu linhas de financiamento - com prazos e juros convenientes - específicas para aquisição de matrizes e reprodutores, aquisição de animais para engorda em sistema de confinamento e retenção de matrizes.”

Antonio Alvarenga, presidente da Sociedade Nacional da Agricultura (SNA)

divulgação/ABCS

“Há males que vieram para o bem”

“2014 foi um ano bom até em função da crise que tivemos em 2011, 2012 e meados de 2013. Há males que vieram para o bem porque tivemos uma diminuição de matrizes e agora a oferta diminuiu. Com a demanda em alta, tanto mundial quanto interna, e essa oferta em baixa, os preços passaram a ser mais remunerativos. Isso provocou um impacto positivo e os produtores estão conseguindo repor as perdas daqueles anos.”

Marcelo Lopes, presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS)

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“O Brasil é o principal player de produção mundial de alimento” Marcos Campos/MCPress

“O Brasil tem no agronegócio a sustentação da balança comercial. O mundo nos encara como fonte de fornecimento de proteína do planeta. Somos o principal player na produção mundial de alimento. Isso graças a muitos anos de pesquisa. O agronegócio brasileiro vai de vento em pompa, tem um potencial de crescimento gigantesco, principalmente o de grãos e até o de carne. O País se tornou um grande exportador.”

Moacir Ferreira Teixeira, sócio fundador do Grupo Ecoagro

Índice

Anunciantes

Geza.............................................................................................13 Handtmann................................................................................11

Sial ................................................................................................. 41

Tecnocarne..................................................................3 e 2a capa

Incomaf......................................................................7 e 4a capa Jarvis..............................................................................................5 Multifrio.....................................................................................15

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Tinta Mágica .............................................................................. 14

Zeus................................................................................................23

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