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Fluxo de Trabalho Digital Duas décadas de assombrosa inovação tecnológica mudaram completamente o modo de trabalho da indústria gráfica. Nos últimos anos, o grande desafio tem sido integrar novas tecnologias em um fluxo de trabalho simples, eficiente, seguro e totalmente digital. Hoje, todos os grandes fabricantes do setor oferecem soluções completas de “digital workflow”, mas é cada vez mais difícil entender as diferenças e particularidades de cada uma das soluções existentes.
urante séculos, o conceito de “fluxo de trabalho” em artes gráficas foi baseado nos processos mecânicos de produção de originais, matrizes, matérias-primas e impressos – e no seu deslocamento físico entre as diversas etapas e processos de produção. As raras soluções “eletrônicas” que foram pouco a pouco introduzidas em etapas do trabalho (fotocomposição, separações de cores “a laser” etc.) surgiam para facilitar procedimentos isolados e não tinham nenhuma integração entre si. Esse quadro muda rapidamente a partir da década de 1980, quando algumas inovações-chave – a interface gráfica dos micros Macintosh, a linguagem PostScript de descrição de páginas, as impressoras e imagesetters baseadas em laser e o aplicativo PageMaker – colocam em cena o novo conceito de “editoração eletrônica” (desktop publishing), transferindo para computadores “de mesa” compactos e relativamente baratos as tarefas de diagramação, construção de páginas e geração de fotolitos. Numa só tacada, diversas etapas do fluxo de trabalho convencional passaram a ser realizadas dentro dos computadores, com uso de arquivos digitais. Os anos 90 foram dedicados a incorporar ao processo digital as tarefas remanescentes. Rapidamente, os trabalhos de retoque e tratamento de imagens, separação de cores, produção de fotolitos em policromia e geração de provas de cor passaram a ser realizados digitalmente, sem necessidade de materiais intermediários. Na segunda metade dessa década, o surgimento das primeiras impressoras digitais de alta capacidade e dos sistemas de gravação direta de chapa CTP (Computer-to-Plate) empurrou a digitalização dos processos até o chão de fábrica das indústrias gráficas, dando origem ao conceito de “fluxo de trabalho inteiramente digital”.
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A partir de então, a atenção dos desenvolvedores de equipamentos e softwares se concentrou na busca de soluções para integrar todas as etapas de trabalho em sistemas consistentes, seguros e fáceis de gerenciar. Tarefas adicionais – como a montagem eletrônica de cadernos (“imposição”) e as rotinas de verificação de arquivos (“preflight”) – tiveram de ser rapidamente incorporadas a esses novos sistemas de “digital workflow”, na maior parte dos casos por meio da integração de soluções desenvolvidas por pequenas empresas especializadas em software para uso gráfico. Na virada do século XXI, quando as coisas finalmente pareciam bem encaminhadas, o setor gráfico foi obrigado a redirecionar seus esforços. Duas promissoras novidades – surgidas em áreas não diretamente relacionadas ao setor gráfico – lançaram novos desafios aos desenvolvedores dos sistemas de workflow: a tecnologia de “formato documento portátil” PDF (Portable Document Format) da Adobe e a revolução nos sistemas de comunicação global, liderada pela Internet.
A Agfa foi a primeira grande empresa a acreditar e investir no novo formato, em parceria com a Adobe. No início de 2000, a parceria apresentou os primeiros resultados convincentes: a versão 1.3 do formato PDF (apresentada junto com o Adobe Acrobat 4.0) passou a incorporar as principais exigências do mercado e todos os grandes fabricantes do mercado viram-se obrigados a integrar em algum nível soluções baseadas em PDF aos seus sistemas de fluxo de trabalho. Como conseqüência, o formato PDF transformou-se na principal “plataforma comum” a permitir intercâmbios de dados entre diferentes ferramentas e sistemas de workflow. No entanto, o uso de arquivos PDF no fluxo de trabalho gráfico está longe de ser um mar de rosas. É preciso muito cuidado e um grau elevado de conhecimento técnico para gerar e manusear corretamente esses arquivos, já que alguns problemas específicos ainda não foram devidamente solucionados. Hoje, o mercado tenta contornar essas limitações por meio da criação de “padrões restritos” do formato para uso gráfico: os “subsets” PDF/X (veja mais informações sobre esses padrões na Publish nº 61).
Documentos Portáteis PDF Pode parecer estranho, mas a invenção do formato PDF não teve nada a ver com as necessidades do fluxo de trabalho gráfico. A idéia que deu origem ao desenvolvimento dos arquivos portáteis pela Adobe estava relacionada aos processos de automação corporativa e ao conceito de “escritórios sem papel”. Nesse sentido, o PDF era um modo de permitir que qualquer arquivo – criado em um aplicativo especializado em uma determinada plataforma – pudesse ser distribuído para diversos setores e visualizado corretamente por funcionários que não dispõem do mesmo software em seus computadores. Com isso, elimina-se a necessidade de imprimir e distribuir os documentos em papel. Por exemplo: um anúncio criado em micros Macintosh com aplicativos Illustrator, FreeHand ou QuarkXPress pode ser transformado em PDF e distribuído para revisão e aprovação para diversas pessoas que usam micros PC – e não possuem nem os aplicativos nem as fontes tipográficas usadas na criação da página. O mesmo vale para planilhas de Excel, plantas em sistemas CAD, ilustrações, fotos etc. Virtualmente, tudo o que pode ser impresso é passível de ser transformado em arquivos PDF: os conversores “Distiller” da Adobe transformam os dados PostScript que seriam enviados à impressora em um arquivo portátil no novo formato PDF, que pode ser facilmente visualizado por meio do Acrobat Reader, um software de distribuição gratuita. Não demorou muito para que os técnicos da área gráfica enxergassem potencialidades adicionais nos documentos PDF. O conceito de reunir num único arquivo – compacto, estável e independente de plataforma – todas as informações das páginas de editoração eletrônica caía como uma luva nos requisitos dos desenvolvedores de sistemas de fluxo de trabalho digital. Era preciso, no entanto, que fossem realizados diversos aperfeiçoamentos no formato PDF original para que ele se adequasse aos exigentes requisitos de qualidade da produção gráfica profissional.
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Facilidades da Rede Mundial Ao mesmo tempo em que o PDF se consolidava como formato padrão, outra grande revolução tecnológica mundial iria alterar definitivamente o perfil dos sistemas de workflow gráfico. A disseminação do uso da Internet – considerada até meados dos anos 90 apenas como uma curiosidade do mundo acadêmico – mudou em poucos anos a maneira como as empresas se relacionam com clientes e fornecedores. A recente popularização dos meios de acesso “banda larga” ampliou ainda mais as possibilidades de intercâmbio digital de informações e arquivos, e os sistemas de fluxo digital tiveram de se adaptar a essa nova realidade. Os arquivos PDF, compactos e estáveis, revelaram-se particularmente adequados à troca de arquivos via rede mundial e a Adobe novamente atendeu às demandas do mercado incorporando no pacote Acrobat 5 diversas funções que facilitam seu uso em sistemas de fluxo de trabalho colaborativos (collaborative workflows), nos quais podem interagir dezenas de pessoas, em rede local ou remota. Por outro lado, a evolução dos sistemas de prova digital de baixo custo (impressoras laser ou jato de tinta associadas a aplicativos de gerenciamento de cores) tornaram possível a geração remota de provas de cor de contrato (contract proofs), removendo as últimas barreiras ao atendimento de clientes à distância. Hoje, a grande maioria das soluções de workflow prevê o recebimento e/ou envio de arquivos via redes remotas, o acompanhamento e controle à distância do andamento dos trabalhos e a geração de algum tipo de provas remotas. Em muitos casos, esses serviços podem ser gerenciados a partir de “browsers” comuns (Internet Explorer, Netscape, etc.) sem necessidade da instalação de aplicativos especiais nas máquinas dos clientes. Com isso, o número potencial de clientes que podem ser atendidos por qualquer empresa da área gráfica (com custos razoáveis) foi enormemente ampliada.
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André Borges Lopes
Por outro lado, a expansão do papel da Internet no mercado de publicação editorial (publishing) está forçando as empresas do setor a desenvolver sistemas de trabalho que permitam a utilização de um mesmo conteúdo (textos, imagens, gráficos, etc.) em diversas mídias. Daí a crescente atenção que as tecnologias voltadas à automatização do reaproveitamento de conteúdo – normalmente baseadas em linguagem XML (eXtensible Markup Language) – ganham nos sistemas de fluxo de trabalho da área gráfica.
Soluções Modulares Seguindo os padrões e as tendências mais atuais do mercado, não é difícil definir as características que um moderno sistema de workflow gráfico deve possuir. Na prática, a grande maioria das soluções oferecidas hoje pelos grandes fabricantes do setor repousa na integração de uma série de aplicativos modulares, que cumprem tarefas específicas no processo. São eles: 1 Conversão
A maioria dos sistemas modernos de workflow dá preferência ao trabalho com arquivos PDF. Por isso, os arquivos “abertos” precisam ser transformados em PostScript e os arquivos PostScript devem ser convertidos em PDF. A ferramenta básica dessa conversão é o Acrobat Distiller da Adobe (um interpretador de PostScript nível 3) ou sua variante – o Normalizer da Agfa. Os grandes fabricantes costumam oferecer soluções baseadas nesses aplicativos, freqüentemente incrementadas com plug-ins e funções adicionais exclusivas. No entanto, há no mercado bons conversores alternativos – como o Jaws PDF Creator da Global Graphics – e até mesmo soluções shareware, mas a confiabilidade do PDF gerado pode ser discutível.
Cláudio Fahr
3 Verificação
Independente da empresa receber dos clientes trabalhos “abertos” (arquivos dos aplicativos de editoração eletrônica), “fechados” no formato PostScript ou já em PDF, é preciso haver um sistema de verificação da integridade e da adequação desses arquivos. Isso pode ser feito por um aplicativo especialmente desenvolvido ou, o que é mais comum, com o uso de alguma ferramenta “de mercado”. Soluções como o Markzware FlightCheck e o Extensis PreFlight Pro podem verificar qualquer tipo de arquivo. Já o Callas PDF-Inspector e o Enfocus PitStop (esse último também oferecido em uma poderosa versão para servidor) estão restritos à verificação de arquivos em formato PDF. A própria Adobe chegou a disponibilizar uma solução própria, o Acrobat InProduction, que foi descontinuado na versão 1.0. 4 Ajustes e correção
Caso o arquivo PDF apresente algum problema ou incorreção, há duas possibilidades: o processo é reiniciado com a geração de um novo arquivo corrigido no aplicativo original, ou as modificações necessárias podem ser executadas no próprio PDF com uso de alguma ferramenta de correção. O Adobe Acrobat completo – ao contrário da versão gratuita “Reader” – pode ser usado para fazer pequenas alterações nos textos e imagens dos arquivos PDF, mas seus recursos (embora ampliados na versão 5), são muito restritos. Com o fim do InProduction, as opções recaem sobre o já citado PitStop Professional, o QaboT (Quite a box of Tricks) da Quite Software e o PDF Toolbox da Callas, com os quais é possível fazer alterações nas cores, substituição de fontes, modificações nos formatos das páginas, entre outras mudanças. 5 Montagem.
2 OPI
O aumento da capacidade de armazenamento dos computadores, a crescente velocidade das redes e a maior eficiência dos formatos compactados de imagens permitem nos dias de hoje um trabalho relativamente tranqüilo com imagens de alta resolução. No entanto, algumas empresas que lidam com grandes quantidades de imagens (como as editoras de livros e revistas) não abrem mão da agilidade conferida por um bom sistema de OPI (Open Prepress Interface), com o qual todo o trabalho de paginação pode ser feito usando imagens de baixa resolução (low-res) que são automaticamente substituídas pelas equivalentes “de alta” (hi-res) apenas no final do processo. Por isso, boa parte dos melhores sistemas de workflow digital oferecem integração com módulos de OPI.
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Uma das tendências mais fortes na área de pré-impressão nos últimos anos foi a substituição da montagem de cadernos (imposição) manual por sistemas digitais. Com isso, é possível produzir fotolitos de grande formato com as páginas já posicionadas para a impressão (em sistemas Computer-to-Film) ou até mesmo as próprias matrizes de impressão já gravadas (em sistemas Computer-to-Plate). Ferramentas para executar esse tipo de trabalho em arquivos PostScript ou “rasterizados” (veja o quadro Vector X Raster) já existem há anos, e algumas delas são bem conhecidas, como o Preps, da Scenic Soft. A consolidação do formato PDF como base do fluxo de trabalho gráfico alterou significativamente esse mercado. As ferramentas tradicionais passaram a aceitar o novo formato, mas diversos fabricantes desenvolveram soluções de imposição PDF-PDF (os arquivos de páginas PDF são montados e geram um novo PDF no formato final imposicionado) a custos bem mais baixos, como é o caso do Dynastrip da Dynagram ou o Imposing Plus, da Quite, dentre vários outros.
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6 Provas de cor
Sistemas de fluxo de trabalho “inteiramente digitais” não se relacionam bem com provas de cores convencionais como prelos, Cromalins, MatchPrints etc. Mesmo em sistemas baseados em fotolito (CTF), é complicado gerar provas de cor a partir de filmes em grande formato. No caso dos sistemas CTP, esses fotolitos sequer existem. Assim, os sistemas de workflow digital pressupõem o uso de provas de cor geradas diretamente dos arquivos digitais, por meio de impressoras coloridas. Há diversas tecnologias de provas de cor digitais confiáveis e as mais sofisticadas – e caras – chegam a reproduzir com perfeição os pontos das retículas que serão impressas no produto final. Opções mais simples e baratas costumam ser baseadas em impressoras jato de tinta gerenciadas por um aplicativo que reúne capacidade de RIP e gerenciamento de cores – que permite às impressoras, simular com precisão os resultados que serão conseguidos em cada tipo de processo de impressão e papel empregados. Há soluções independentes bastante conhecidas no mercado – como o Best Color e o Oris Color Tuner que podem usar impressoras como Epson e HP – e outras tantas vinculadas a fabricantes tradicionais de sistemas gráficos, como a Kodak Polychrome, Scitex, DuPont, Agfa etc. 7 Saída e RIP
Todos os sistemas de workflow digital permitem diversas opções de saída final dos arquivos, seja em fotolito (CTF), em matriz gravada (CTP) ou mesmo em impressão digital direta. Para isso, esses sistemas contam com módulos de impressão (saída) e uma ou mais opções de software de interpretação RIP (Raster Image Processor) dos arquivos PDF (veja o quadro Raster X Vector). Como a interface de saída do Adobe Acrobat é bastante precária, ou os sistemas disponibilizam ferramentas proprietárias para essa tarefa ou lançam mão de soluções de mercado, tais como as extensões (plug-ins) do Acrobat Crackerjack, da Lantana, ou Output Pro, da Callas. Quanto à solução de RIP, é fundamental que tenha plena compatibilidade com o equipamento de saída final (imagesetter, platesetter ou impressora digital). 8 Trapping
O fluxo de trabalho precisa ter capacidade de aplicar efeitos de encaixe de tintas (trapping) nos arquivos, já que a maioria dos arquivos PDF atuais não possui o trapping pré-aplicado. Nos RIPs compatíveis com PostScript nível 3 isso pode ser obtido com o uso do recurso InRIP trapping da Adobe ou o EasyTrap da Harlequin para aplicação de trapping simultaneamente à interpretação dos arquivos – o que é uma boa solução, embora pouco flexível. Recursos mais poderosos são disponibilizados em plug-ins de Acrobat como o Supertrap da Heidelberg e o Supertrap Plus da Creo, que permitem ajustes personalizados.
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9 Metadados e automação
Uma das grandes vantagens dos sistemas integrados de fluxo de trabalho é a capacidade de inserir nos arquivos diversas informações pertinentes ao serviço em andamento. Usando o recurso job ticket do formato PDF, é extremamente fácil inserir metadados nos arquivos, com opções de acabamento, especificações de matéria prima e até mesmo instruções para faturamento e entrega do produto final. Nos sistemas mais modernos isso é feito em linguagem XML, num padrão da indústria gráfica conhecido como JDF (Job Definition Format). Numa etapa mais avançada do fluxo de trabalho, pode ser importante transferir eletronicamente para as máquinas de impressão e acabamento informações como carga de ajuste de tinteiro, posição das dobras e refiles, o que é conseguido com uso de sistemas e equipamentos que dão suporte aos padrões de transferência CIP3 ou CIP4. 10 Acompanhamento e controle
Por fim, um sistema moderno de workflow digital deve permitir um fácil acompanhamento dos trabalhos em andamento, além de gerenciar o tráfego e o armazenamento de um grande volume de dados e arquivos digitais. Algumas soluções disponíveis no mercado possibilitam que esse acompanhamento seja feito via rede local ou remota (Internet) com uso de browsers padrão, normalmente com uso de pastas automatizadas (hot folders) e ícones que mudam de aparência (esses recursos estão disponíveis nas soluções Delano e Apogee da Agfa, Prinergy da Creo e Prinect da Heidelberg, entre outras). Em alguns casos, os sistemas permitem até mesmo que pessoas autorizadas façam à distância correções de última hora e/ou insiram comentários e instruções de produção. Já o gerenciamento dos dados digitais (data asset management) garante a segurança e a integridade das informações que estão sendo manuseadas, bem como seu correto arquivamento de forma racional e ordenada.
Um Tipo de “Commodity”? Como se vê não há grandes segredos na construção de um sistema de controle de fluxo de trabalho digital para a área gráfica. Além disso, boa parte das ferramentas necessárias está à venda no mercado, e um profissional com bom conhecimento técnico pode reuni-las em “pacotes integrados” que atendam aos requisitos da sua empresa ou dos seus clientes. Até mesmo os grandes fabricantes lançam mão desse recurso na montagem das suas soluções: uma parte dos sofisticados sistemas integrados de workflow Prinergy e Apogee são baseados no licenciamento de ferramentas de terceiros, que também podem ser compradas isoladamente no mercado. Uma comparação direta de números pode levar a crer que a montagem “por conta própria” de um sistema de workflow é mais vantajosa financeiramente que a aquisição da solução pré-integrada de um só fabricante. No entanto, essa opção pode esconder algumas armadilhas,
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como a necessidade de licenças adicionais de software para uso simultâneo das ferramentas, em especial no caso de empresas grandes. Já nas pequenas e médias empresas, é preciso considerar que a integração de soluções de mercado é um processo lento e complicado, que irá exigir mão-de-obra de elevado nível técnico e paciência para lidar com os inevitáveis problemas de compatibilidade. O principal problema das soluções pré-integradas, no entanto, repousa na crescente dificuldade encontrada pelos fabricantes em diferenciar os seus produtos aos olhos dos potenciais compradores. Afinal, todas as soluções se propõem a fazer exatamente a mesma coisa e muitas delas compartilham exatamente as mesmas ferramentas. Um artigo de George Alexander, publicado recentemente no conceituado boletim norte-americano The Seybold Report, constata uma tendência: “o software de fluxo de trabalho está se transformando em commodity”. Para os menos acostumados ao jargão do mercado financeiro, o termo commodity é utilizado para denominar produtos que têm preço designado por uma cotação genérica, independente de quem o produz, tais como café, soja, minérios, aço e cimento.
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Busca de Nichos de Mercado Diante desse quadro, resta aos fabricantes diferenciar seus produtos de acordo com o tipo de cliente que desejam atender. Afinal, o mercado gráfico é bastante diferenciado, seja no porte das empresas, seja no tipo de trabalho em que elas se especializam. Como sua estrutura é baseada em ferramentas modulares, a maior parte dos sistemas integrados de workflow costuma ser comercializada na forma de “pacotes de funções” independentes: ou seja, o cliente pode adquirir apenas aquelas ferramentas que lhe interessam. Apesar disso, dificilmente uma única solução de workflow consegue ser perfeitamente adequada tanto para uma grande editora de revistas quanto para uma pequena indústria de embalagens. Os fabricantes internacionais de equipamentos gráficos e de préimpressão, por exemplo, oferecem ao mercado sistemas de fluxo de trabalho voltados às indústrias gráficas de grande porte, que lidam com enormes volumes de trabalho. Essas soluções foram desenvolvidas para alimentar com um fluxo contínuo de cadernos montados uma ou mais das grandes platesetters ou imagesetters de alta capacidade oferecidas por esses fabricantes. São exemplos dessas soluções os já citados Apogee,
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Prinergy e Prinect, além do TrueFlow (Dainippon Screen) e do FastLane (Esko Graphics). As indústrias gráficas que preferem equipamentos e soluções alternativas às dos grandes fabricantes, também encontram boas soluções de workflow, tais como o Dalim Twist e o SpeedFlow, produzidos pelas empresas alemãs Dalim Software (representada no Brasil pela Eletronic Imaging Integration) e OneVision (representada pela SRS Equipamentos Gráficos). Há ainda produtos direcionados a nichos mais específicos do mercado, como o Nexus da Artwork Systems, especialmente adequado ao mercado de embalagens (a Artwork promete para 2003 o Odyssey, um novo sistema direcionado às gráficas comerciais). Já outros fabricantes desenvolvem sistemas de workflow especialmente voltados para editoras e empresas de pré-impressão: é o caso do Oris Works, da CGS Publishing Technologies e do Prinergy Publish da Creo. É possível encontrar até mesmo sistemas especificamente direcionados às gráficas digitais de conveniência, como o Velocity One Flow da EFI.
Conclusão A aquisição ou montagem de um sistema adequado de gerenciamento do fluxo de trabalho é um dos maiores desafios dessa década para as empresas gráficas e de pré-impressão. Se, por um lado, não faltam boas soluções no mercado, por outro é cada vez mais difícil perceber as sutis diferenças entre sistemas muito semelhantes que, freqüentemente, até mesmo compartilham algumas das suas ferramentas. Para a empresa gráfica que está adquirindo um novo sistema de CTP de grande porte, ao custo de centenas de milhares de dólares, é normal que faça sentido a compra em conjunto de uma solução integrada de workflow do mesmo fabricante dos equipamentos. O mesmo não se aplica, no entanto, àqueles que estão comprando imagesetters ou platesetters de fabricantes menores (que não costumam oferecer sistemas de workflow próprios) ou mesmo às empresas que já possuem essas máquinas e querem apenas modernizar seu controle do fluxo de trabalho. Nesses casos, é importante realizar uma extensa e cuidadosa pesquisa, a fim de encontrar as soluções que – além de serem compatíveis com os equipamentos – sejam adequadas à realidade de trabalho e ao orçamento de cada empresa. A tendência de especialização dos fabricantes, que hoje buscam conquistar fatias de mercado com necessidades específicas, pode facilitar muito essa tarefa. É sempre bom lembrar que aos mais corajosos resta a alternativa de montar “peça-a-peça” um sistema próprio de workflow, lançando mão das inúmeras ferramentas isoladas disponíveis no mercado. Essa opção requer tempo, paciência e um elevado grau de conhecimento técnico dos envolvidos na montagem, mas pode – em alguns casos – resultar numa significativa economia de recursos e em uma solução especialmente adequada às necessidades específicas da sua empresa.
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Raster X Vector O processo de transformação de uma “página virtual” – construída em um aplicativo de editoração eletrônica (PageMaker, QuarkXPress, CorelDRAW, etc.) – em uma “página real” impressa em papel passa por diversas etapas intermediárias. Normalmente, o primeiro passo é o chamado “fechamento do arquivo”: a transformação de todos os elementos da página (textos, fontes tipográficas, fotos, desenhos, layout etc.) num conjunto de instruções cuidadosamente codificadas numa sofisticada linguagem de computador conhecida como PostScript (para entender melhor o que é um arquivo PostScript, experimente “ler” um pequeno PS fechado em um editor de texto como o MS Word. Você ficará surpreso com o que vai ver!). Nos arquivos PS costumam estar codificados diversos tipos de imagens á base de mapas de pixels (desenhos a traço, fotos PB e fotos coloridas), informações em formato texto e também elementos vetoriais (tais como os desenhos de Illustrator, FreeHand, CorelDRAW e também as fontes tipográficas). Por isso, dizemos que os arquivos PS são híbridos vetor/bitmap. O dispositivo de saída que recebe o arquivo (impressora, imagesetter ou platesetter) deve ser capaz de interpretar corretamente cada uma dessas instruções e transformar todos esses elementos em uma imagem da página em alta resolução, que será usada para pintar o papel ou sensibilizar os fotolitos ou chapas. Quem executa esse trabalho é um software especializado conhecido como RIP (Raster Image Processor), que executa duas tarefas básicas. A primeira é conhecida como “rasterização” (derivado do termo inglês raster) e consiste na decodificação das complexas instruções PostScript e transforma cada página em um ou mais arquivos interpretados, constituídos unicamente por imagens a base de pixels (a traço ou com meios-tons). É nessa etapa que, eventualmente, podem surgir os erros de interpretação de PostScript, as substituições de fontes tipográficas, o desaparecimento de objetos, dentre outros problemas. A segunda etapa, conhecida como “renderização” (do termo inglês render) consiste em transformar todos esses elementos em arquivos de imagem a traço (preto ou branco) de altíssima resolução (entre 1200 a 3800 dpi nas saídas profissionais em fotolito ou chapa) conhecidos como “TIFF de 1 bit” que servem de base para a gravação das matrizes de impressão. Nessa etapa, os meios-tons são transformados nas retículas de impressão – seguindo as instruções de lineatura, formato de ponto e inclinação fornecidas pelo operador – de acordo com as características e capacidades dos RIPs. Todo fluxo de trabalho, em algum momento, precisa converter os arquivos codificados híbridos (raster/vector) em arquivos apenas de imagem (raster). As soluções de digital workflow oferecidas no mercado variam muito em relação ao momento em que isso é feito, e certas soluções executam algumas etapas do processo com arquivos intermediários (já rasterizados, mas não renderizados). Os arquivos “raster/vector” são menores, mais fáceis de lidar e tem maior flexibilidade para ajustes e correções. Por outro lado, quanto antes se converte os arquivos em raster puros, mais cedo se detectam eventuais incorreções e erros de interpretação do RIP. Os arquivos PDF convencionais também são híbridos (raster/vector), mas tem uma vantagem sobre o PostScript. Como a conversão do PS para PDF é feita com ajuda de um tipo de RIP (o Distiller ou equivalente), as instruções PostScript já foram préinterpretadas e boa parte dos erros pode ser detectada já no arquivo PDF. Esse arquivo, no entanto, terá de ser interpretado novamente pelo RIP principal do fluxo de trabalho para dar origem a arquivos “raster” puros que geram as matrizes de impressão.
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André Borges Lopes (andrelopes@bytestypes.com.br) é produtor gráfico, consultor em artes gráficas pela Bytes & Types e instrutor na Graph Work. Cláudio Fahr (fahr@graphwork.com.br) é coordenador técnico da Graph Work
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