Palácio das Necessidades

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Palácio das Necessidades NECESSIDADES PALACE

MANUEL CÔRTE-REAL Fotografia | Photography

ANTÓNIO HOMEM CARDOSO

BY TH E

BOOK



Palácio das Necessidades NECESSIDADES PALACE MANUEL CÔRTE-REAL Fotografia | Photography

ANTÓNIO HOMEM CARDOSO

BY TH E

BOOK


O estudo que agora se apresenta não pretende ter um caráter exaustivo ou mesmo definitivo. Resultou dum exame atento, nascido num contacto diário de há anos, que levantou uma forte curiosidade pelo melhor conhecimento da história do edifício das Necessidades. Iniciada a busca documental, dispersa e por vezes difícil, reuniu-se contudo uma série de elementos que permitem traçar um quadro inicial da história do referido edifício. Circunscreveu-se este estudo aos aspetos artísticos do edifício, pois a análise dos acontecimentos históricos e políticos a ele ligados – e foram numerosos e importantes na História nacional – fariam este trabalho ultrapassar o objetivo a que desde o início esteve apontado, embora o pudessem tornar mais interessante a quem sobre ele se debruçasse. Não deixa, no entanto, de fazer referência aos principais acontecimentos da História e da Política que condicionaram as evoluções arquitetónicas e artísticas que o edifício das Necessidades veio a sofrer. This book is not meant to be either exhaustive or definitive. It is the result of careful observation born of many years of daily contact, which led to a strong determination to find out more about the history of Necessidades Palace and Convent. Having embarked on the search for records that were dispersed or difficult to find, it was nevertheless possible to find a number of papers which helped to draw up a preliminary picture of the history of the building. The work has been restricted to the artistic aspects of the buildings since an analysis of the historical and political events linked to it (many of which were important for Portuguese history) would greatly exceed the aim initially established, although it could make it more interesting. Reference is made, however, to the main events of the history and politics that affected the architectural and artistic developments of the Necessidades building.

© EDIÇÃO | EDITION

By the Book, Edições Especiais para /to Ministério dos Negócios Estrangeiros TÍTULO | TITLE

© FOTOGRAFIA | PHOTOGRAPHY

IMPRESSÃO | PRINTING

Palácio das Necessidades Necessidades Palace

António Homem Cardoso

Printer Portuguesa

EDIÇÃO DE IMAGEM | IMAGE EDITING

ISBN

© TEXTO | TEXT

Maria João de Moraes Palmeiro

978-989-54823-2-0

DESIGN

DEPÓSITO LEGAL | LEGAL DEPOSIT

Veronique Pipa

474 968/20

Manuel Côrte-Real REVISÃO | REVISION

Fernando Milheiro

COORDENAÇÃO EDITORIAL E PRODUÇÃO |

TRADUÇÃO | TRANSLATION

EDITORIAL AND PRODUCTION COORDINATION

Alexandra Andresen Leitão

Ana de Albuquerque | Maria João de Paiva Brandão

BY THE

BOOK

Edições Especiais, lda Rua das Pedreiras, 16-4º 1400-271 Lisboa T. + F. (+351) 213 610 997 www.bythebook.pt

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Prefácio PREFACE

Introdução INTRODUCTION

A Lenda de Nossa Senhora das Necessidades THE LEGEND OF OUR L ADY OF NECE SSIDADE S

35 81 93 117 249

O Convento THE CONVENT

Jardins e Cerca GARDENS, PARK AND CONVENT CLOSE

A Capela THE CHAPEL

O Palácio

THE PAL ACE

Notas e Bibliografia NOTE S AND B IBLIOGR APHY


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Conhecer a casa que habitamos uando recebo colegas estrangeiros no Palácio das Necessidades, a antiguidade e a imponência do conjunto formado pelo Convento e o Palácio são invariavelmente temas de conversa. A riqueza da decoração interior, designadamente de azulejos e tapeçarias, e a elegância de salas, corredores e escadarias são também motivo dessas trocas de impressões que (aprendi com os diplomatas) tão utilmente contribuem para a criação de um ambiente favorável a conversações que, aqui e ali, podem ser duras. As quais muitas vezes terminam com momentos de convívio e distensão, que também frequentemente incluem trocas de lembranças. E, aí, alternativa ou complementarmente, este livro do embaixador Côrte-Real sobre o palácio ombreia com o Atlas da Língua Portuguesa no patamar mais alto das ofertas da parte portuguesa. É o livro que agora se reedita, 20 anos depois da última atualização. A pesquisa e o texto de Manuel Côrte-Real e a fotografia de António Homem Cardoso combinam-se harmoniosamente para nos descrever a história e a arquitetura do conjunto patrimonial que hoje constitui sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Estamos-lhes todos gratos por isso. E eu de forma especial, que graças a eles sei que, quando trabalho no meu gabinete, ocupo o que outrora foi o oratório conventual e as figuras que me vigiam do teto são a Temperança, a Fortaleza, a Justiça e a Caridade – às quais uma e outra vez solicito conselho e inspiração. Explico sempre aos colegas requerentes de informações que o Palácio é uma construção setecentista, destinada a convento de oratorianos e a palácio real; que foi a residência dos últimos reis de Portugal, até à revolução republicana de 1910; e que depois foi atribuído ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, sendo sede de gabinetes governamentais e de serviços, e estando também ao dispor do Protocolo de Estado para atividades de natureza cerimonial. Sublinho, assim, o que na própria vida do Palácio se revela de traços fundacionais da política externa portuguesa: de uma banda, a longa duração em que as instituições se desenvolvem e fortalecem; da outra, a capacidade de se transformarem e adaptarem aos novos tempos, sem se perderem os valiosos recursos pelo passado legados.

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Hoje, este conjunto, que já foi lugar de oração, de estudo e de majestade, é um espaço de trabalho. Aqui estão os gabinetes do ministro e de todos os secretários de Estado exceto o ou a dos Assuntos Europeus, localizada bem perto, no palácio da Cova da Moura. Aqui são as instalações da secretaria-geral e da Direção-Geral da Política Externa, bem como os serviços de Protocolo, jurídicos e administrativos àquela vinculados. Aqui estão o Instituto Diplomático e a sua biblioteca e arquivo. Aqui se realizam muitas reuniões bilaterais e multilaterais, aos diferentes níveis políticos e técnicos. Aqui se recebem os embaixadores acreditados. Daqui emanam instruções para os nossos embaixadores e se recebem os seus telegramas. Aqui vem anualmente o Primeiro-Ministro para se dirigir a todos os chefes de missão no estrangeiro, no contexto do Seminário Diplomático. Pleno de vida, o Palácio é rico de história. Só para recordar a mais recente, que pude testemunhar, aqui se montou o quartel-general das candidaturas vitoriosas de António Guterres e António Vitorino; aqui trabalhou o então Secretário-Geral eleito das Nações Unidas, antes da entrada em funções na sede nova-iorquina; aqui se viveram as angústias das informações em falta sobre os portugueses possivelmente atingidos por desastres naturais, atentados ou crises sociais, em tantas partes do mundo; aqui se delineou o plano de repatriamento daqueles bloqueados alhures pela Covid-19; aqui se tratou da primeira ajuda a Moçambique, por ocasião do ciclone Idai; aqui se decidiu avançar para a formalização da parceria com o Ministério da Cultura em matéria de ação cultural externa, para os programas de apoio à internacionalização da nossa economia, ou para o primeiro Congresso Mundial das Redes da Diáspora. Dou apenas exemplos de uma casa viva, que procura estar à altura do seu passado. Como vida e história estão profundamente ligadas, a viagem pelos séculos transatos proporcionada por este livro, convidando-nos a ver atentamente o edifício que habitamos e a recordar as múltiplas intervenções de que é produto (que, como nos lembrava Saramago, uma coisa é olhar, outra é ver e reparar), ajuda-nos a pensar e a agir. É que quanto maior a consciência de que somos o que vamos sendo ao longo do tempo, melhor o conhecimento do que somos; e, quanto melhor o conhecimento do que somos, maior a nossa capacidade de agir na continuidade do que é estrutural e na antecipação do que, na complexidade das circunstâncias vividas, pede adaptação e mudança. Augusto Santos Silva Ministro dos Negócios Estrangeiros 10


KNOWING THIS HOUSE

henever I welcome foreign colleagues to Necessidades Palace, talk invariably turns to the ancient and imposing whole formed by the Convent and the Palace. The rich interior decoration, in particular the azulejos and the tapestries, as well as the elegant rooms, corridors and staircases also figure in our conversation which (as I have learnt from diplomats) is so helpful in creating an environment conducive to talks that can occasionally be hard. Very often these talks end with moments of convivial relaxation, frequently including an exchange of gifts. It is here that this book by Ambassador Côrte-Real on the history of the Palace comes into its own for, either alone or in tandem, it stands shoulder to shoulder with the Atlas da Língua Portuguesa at the top of the list of presents given by Portugal. Twenty years after its latest update the book is being reprinted. The research and the text by Manuel Côrte-Real with photographs by António Homem Cardoso merge harmoniously, as they describe the history and the architecture of this heritage site that today houses the Ministry of Foreign Affairs. We are all grateful to them for this, I in particular, because thanks to them I am aware that the office I work in once served as the convent oratory and that I am observed from above by the figures of Temperance, Fortitude, Justice and Charity, from whom now and then I beg advice and inspiration. To those colleagues eager for information I always explain that the Palace is an eighteenth century construction built for the Oratorian congregation and serving also as a royal palace; that it was the residence of the last kings of Portugal until the 1910 republican revolution; and was then assigned to the Ministry of Foreign Affairs, where among others it contains government offices and services, and is also used by the Protocol Department for ceremonial activities. In this way, I emphasise the foundational traces of Portuguese foreign policy revealed in the very life of the Palace: on the one hand, the long period over which institutions develop and consolidate; on the other, the capacity to transform and adapt to new times, without relinquishing the valuable resources bequeathed by the past.

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última edição desta monografia sobre o palácio das Necessidades contava já com cerca de duas décadas. Entretanto mercê de uma política inteligente e culta, atenta ao património histórico que esta casa representa e contém, que tem sido prosseguida pelos dirigentes do Ministério dos Negócios Estrangeiros, foram efetuados uma série de restauros e recuperações que merecem ser conhecidos. As salas de aparato, que até há poucos anos eram gabinetes de trabalho de vários funcionários que partilhavam o espaço, foram restauradas nos tetos e paredes que se encontravam bastante degradados. Voltaram assim a recuperar a sua função social de espaços destinados a reuniões, agora não puramente sociais, mas sim reuniões de trabalho, indissociáveis da atividade do Ministério, sobretudo no que se refere ao acolhimento e trabalho conjunto com ilustres estadistas e membros de governos estrangeiros que nos visitam. Também foram recuperados certos espaços muito degradados devido à sua localização afastada e acesso difícil, não utilizados há décadas. Passaram a constituir novos ambientes de trabalho numa conceção moderna de open space. Deram uma nova imagem de eficiência e modernidade a um edifício setecentista que, pela alta qualidade da sua estrutura e conceção, permitiu esta adaptação ao século XXI. Em boa hora, pois, foi decidido oferecer ao público estas novas imagens do palácio das Necessidades, conjuntamente com novos elementos relativos à sua história que se foram colhendo ao longo dos anos. Muito mais haveria para contar, mas a necessidade de contenção impunha-se, de modo a tornar possível o manuseamento deste volume, assim como torná-lo simultaneamente um livro de arte.

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he latest edition of this work had been reprinted twenty years ago. As the result of an intelligent and cultured policy imbued with special care for this building’s historical heritage, which has been pursued by the high-ranking officials of the Ministry for Foreign Affairs, a series of restoration works have taken place and deserve to be acknowledged. The present ceremonial rooms have had their seriously damaged ceilings and walls restored. They have thus recovered their purpose of social meeting places. No longer purely social, but now used to host political meetings which are an important part of the Ministry’s work. Several spaces that had fallen into disrepair for decades, due to their distant location and difficult access, were also renovated. They became new working environments in a modern conception of open space. They provide a new image of efficiency and modernity to an 18th century building where the quality of the underlying design and structure permitted a 21st century adaptation. A judicious decision was thus made to offer the public new images of Necessidades Palace accompanied by further information gathered over the years concerning its history. In the interests of making this volume manageable much has been left out, but the end result is a beautiful art book.

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A Lenda de Nossa Senhora das Necessidades THE LEGEND OF OUR LADY OF NECESSIDADES

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elos fins de 1580 começou Lisboa a sentir os efeitos de uma peste terrível que, grassando durante mais de 20 anos, teria causado a morte de vários milhares de pessoas. A peste assumiu tais proporções que levou o Município de Lisboa a tomar uma série de medidas de emergência. Uma delas, a de contrair um empréstimo “para acudir as cousas tocantes à saúde desta cidade, que de presente tem necessidade disso” 1. Chegou mesmo a alvitrar-se que os órfãos e desamparados fossem embarcados para o Brasil, a povoar a região entre o Paraíba e o Rio Grande; “e serão de proveito depois para a pouar e cultiuar e Lisboa ficara desaliuiada desta cargua” 2 . A maior parte da população fugiu da capital, procurando refúgio no campo. Um dos locais escolhidos por maior número, decerto por se encontrar próximo de Lisboa, mas também por ser considerado “lavado de ares”, foi a Ericeira. Entre as pessoas que demandaram esta vila contou-se um casal de tecelões, natural da freguesia dos Anjos. Enquanto aí residiu, frequentou amiúde uma pequena ermida que tinha a invocação da Senhora da Saúde. Durante os vários anos que lá permaneceu gozou de boa saúde, circunstância que o casal para sempre ligou à frequência com que visitava e orava perante a imagem daquela invocação. Passado o perigo de contágio, voltaram os cônjuges para Lisboa – a peste abrandou cerca de 1604 – e, conforme referem alguns autores, não resistiram a furtar a imagem à qual tanto se tinham afeiçoado. Guardavam-na secretamente em sua casa, na Pampulha, perto da ribeira de Alcântara, mas a situação não era nem clara nem digna, e assim ambicionaram construir uma ermida na qual a imagem pudesse ser venerada. Na vizinhança encontraram os devotos cônjuges uma bondosa mulher, de nome Ana de Gouvêa de Vasconcellos, sobrinha de um Francisco de Veloso, a quem pediram um pedaço de terra para local da construção. Concedido o terreno no alto de Alcântara e obtida a necessária licença, iniciou-se a construção da ermida à custa das esmolas dos fiéis.

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owards the end of the 1580s Lisbon began to suffer the effects of a terrible plague, which lasted for more than twenty years, killing thousands of people. So serious was it that the Town Council was forced to adopt emergency measures. One of these was to take out a loan “to provide health services in this city, which at present are needed”. It was even suggested that those who were orphaned or homeless should be shipped to Brazil to people the region between Paraíba and Rio Grande; “as they will populate and cultivate it and Lisbon will be relieved of this charge”. Most of the population fled the capital and sought refuge in the countryside. One of the places chosen, no doubt because it was close to Lisbon but also had “clean air”, was Ericeira. Among those who settled there were a weaver and his wife from the parish of Anjos in Lisbon. During this time they frequently visited a small chapel dedicated to Our Lady of Health and throughout their many years there always enjoyed good health, which they were convinced was due to the assiduity with which they visited and prayed before the saint’s image in the chapel. When the plague abated in about 1604 the couple decided to return to Lisbon and as mentioned by some authors, were not able to resist stealing the statue to which they had become so attached. They kept it hidden in their house in Pampulha near Ribeira de Alcântara but considering this neither proper nor fitting they decided to build a shrine where the statue could be venerated. In the neighbourhood lived a kind woman named Ana de Gouvêa de Vasconcellos, niece of one Francisco de Veloso, to whom the devout couple made a request for a piece of land. They were granted this land at the top of Alcântara and having obtained the necessary permit began to build the shrine with alms from the faithful.

Retrato de D. João V por Domenico Duprá, vendo-se ao fundo a Torre de Belém. Oferta do monarca ao convento dos Oratorianos.

Portrait of King João V by Domenico Duprá, showing Belém Tower in the background. A gift from the king to the Oratorian Convent.

Na dupla página anterior: Palácio das Necessidades e a Ribeira de Alcântara. Aguarela de Frederick William, 1829

Previous pages: Palácio das Necessidades e a Ribeira de Alcântara. Watercolor by Frederick William, 1829

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O Palácio THE PALACE

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Sala do Bilhar ou dos Mármores

BILLIARD OR MARBLE ROOM

Esta sala destinou-se, evidentemente, ao jogo do bilhar, destino esse que perdurou até ao fim da monarquia. Os estuques desta sala são dignos de nota, pois não só forram todas as paredes e teto como possuem também a particularidade de imitar perfeitamente o mármore, em tons de verde-escuro, branco, cinzento e amarelado. Os ornatos, em gesso, do teto foram feitos por Rosconi, que executou também os florões e sobreportas da mesma sala. O trabalho de estucador de Rosconi é notável, também devido às figuras em falso relevo de putti e elementos vegetalistas que ornamentam as paredes e sobreportas.

This room, needless to say, was used for the game of billiards until the end of the monarchy. The stuccoes here are remarkable as not only do they cover all the walls and the ceiling but they have the peculiarity of imitating marble to perfection in tones of dark green, white, grey and yellow. The plasterwork mouldings on the ceiling were done by Rosconi who also made the fleurons and overdoors in the same room. Rosconi’s stucco work is remarkable also for its depictions in faux relief of putti and vegetalist ornamentation on the walls and overdoors. Marble or Billiard Room. Current view.

Sala do Bilhar ou dos Mármores. Aspeto atual. Next page: Stucco plaque imitating marble topped by a group of putti painted in trompe-l’oeil. All the work on the ceiling, overdoor and mouldings is by the Italian artist Rosconi, as is no doubt the remaining stucco work in this room.

À direita: Placa de estuque imitando mármore encimada por grupo de putti pintado em trompe-l’oeil. O trabalho de estuque do teto, sobreporta e ornatos é da autoria do italiano Rosconi. 158


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Sala Azul, dos Embaixadores ou do Despacho Assim conhecida pela cor azul dos estuques do teto e da seda que lhe forrava as paredes. Até ao reinado de D. Manuel II serviu como Sala de Despacho ou de Conselho de Ministros. Serviu ainda para o soberano receber as credenciais dos embaixadores. Do teto desta sala, talvez o mais trabalhado de todos os do palácio, em ornatos de gesso, bem no género das obras de Rosconi, não existem quaisquer indicações quanto à sua autoria. Tem, como principais motivos, diferentes panóplias de armas e capacetes romanos que alternam com as armas do reino, em gesso branco realçado a dourado, sobre fundo azul, o que enriquece sobremaneira a sala. Os ornatos das cinco portas, ou sejam, as cinco cimalhas com picados de ovais e folhas, as cinco peças de ornatos para cima das cimalhas, os cinco ornatos grandes com “cabeças de medusa” para os frisos, os cem florões das portas, os dez ornatos grandes “que vão a prumo” e as dez coroas com florões foram executados pelos mestres entalhadores Inácio Caetano e José Francisco Lisboa 103 . No entanto, quer os desenhos dos ornatos de gesso, quer os das obras de talha foram, conforme o estipulado, da mão de Cinatti.

Sala Azul ou do Conselho de Estado na atualidade. Blue Room or the Room of the Council of State as it is today.


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BLUE ROOM, AMBASSADORS’ ROOM OR DISPATCH ROOM So-called because of the colour of the ceiling stucco and the silk hangings on the walls. Until King Manuel II’s reign it served as the Dispatch Room or Room of the Council of Ministers. It was also used when the sovereign received the foreign ambassadors’ credentials. There is no indication as to who painted the ceiling in this room, possibly the most elaborate of all in the palace, with many plasterwork mouldings well along the lines of Rosconi’s works. The principal motifs are varied panoplies of Roman arms and helmets which alternate with the coat of arms of the kingdom, done in white plaster highlighted in gold on a blue background, which greatly embellishes the room. The mouldings over the five doors, that is, the five cymas with ovals and foliage, the five mouldings over the cymas, the five large mouldings with “heads of Medusa” for the friezes, the hundred fleurons for the doors, the ten large mouldings applied vertically and the ten crowns of flowers were made by the woodcarvers Inácio Caetano and José Francisco Lisboa. However, the design of the plasterwork mouldings and the woodcarvings was, as stipulated, by Cinatti. Cipriano António da Silva and Diogo Faustino agreed on 19 September 1846 to gild two consoles for this room. The mirrors over the consoles had, however, been gilded by Diogo Faustino dos Reis at an earlier date, 9 May 1846.

Overdoors, frieze and ceiling of the Blue Room or the Room of the Council of State.

Sobreportas, friso e teto da Sala Azul ou do Conselho de Estado.


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