O Exército, São João de Deus e a Rainha Santa Isabel HISTÓRIA E CULTURA MILITARES
The Army, St John of God and St Elizabeth of Portugal MILITARY HISTORY AND CULTURE
AUGUSTO MOUTINHO BORGES LUÍS CHAVES
FORWARD
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PREFÁCIO
INTRODUC TION
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APRESENTAÇÃO
ST JOHN OF GOD IN MILITARY HISTORY AND CULTURE
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SÃO JOÃO DE DEUS NA HISTÓRIA E CULTURA MILITARES
ST JOHN OF GOD AND THE ARMY
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SÃO JOÃO DE DEUS E O EXÉRCITO
ROYAL MILITARY HOSPITAL S IN PORTUGAL
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REAIS HOSPITAIS MILITARES EM PORTUGAL
ST JOHN OF GOD, PATRON SAINT OF THE DIREC TOR ATE
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SÃO JOÃO DE DEUS, PADROEIRO DA DIREÇÃO DE SAÚDE MILITAR, DOS HOSPITAIS MILITARES E DA ESCOLA DO SERVIÇO DE SAÚDE MILITAR
OF THE MILITARY HE ALTH SERVICE, THE MILITARY HOSPITAL S, AND OF THE MILITARY HE ALTH SERVICE SCHOOL
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RAINHA SANTA ISABEL NA HISTÓRIA E CULTURA MILITARES
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RAINHA SANTA ISABEL PADROEIRA DA ADMINISTRAÇÃO MILITAR
ST JOHN OF GOD AND ST ELIZABETH OF PORTUGAL IN ART
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SÃO JOÃO DE DEUS E A RAINHA SANTA ISABEL NA ARTE
ICONOGR APHY OF ST JOHN OF GOD
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ICONOGRAFIA DE SÃO JOÃO DE DEUS
ICONOGR APHY OF ST ELIZ ABE TH
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ICONOGRAFIA DA RAINHA SANTA ISABEL
BIBLIOGR APHY
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BIBLIOGRAFIA
ST ELIZABETH OF PORTUGAL IN MILITARY HISTORY AND CULTURE ST ELIZ ABE TH OF PORTUGAL , PATRON SAINT OF MILITARY ADMINISTR ATION
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PREFÁCIO FORWARD Due to the sanctity that characterises them, St John of God and St Elizabeth of Portugal have always had an undeniable importance in the history of Portugal.
Pela santidade que os caracteriza, São João de Deus e a Rainha Santa Isabel assumem, desde logo, uma importância incontestável na História de Portugal. Há, também, suficiente razão para que, sob o ponto de vista histórico-militar, os seus feitos e inestimáveis legados sejam dados a conhecer. Este é o propósito essencial da presente obra, elaborada de forma concisa e holística.
There is also more than sufficient reason, from the historical-military point of view, for their achievements and invaluable legacies to be made better known. This is the essential purpose of this concise, holistic book. Separated in time by around two centuries, St John of God and St Elizabeth of Portugal left their stamp on their respective ages, especially in the way they materialized the
Separados, no tempo, por cerca de dois séculos, São João de Deus e a Rainha Santa Isabel marcaram as respetivas épocas, sobretudo pelo modo como materializaram os nobres princípios da solidariedade e da dignificação do ser humano. Por isso, as suas marcantes posturas e virtuosos intentos perpetuaram-se no tempo entre os Portugueses, servindo amiúde de inspiração para semelhantes modos de atuação.
noble principles of solidarity and human dignity. Their striking attitudes and virtuous intentions have, therefore, long been celebrated among the Portuguese, often serving to inspire similar actions. St John of God was the pioneer of structured hospital care. He created the Order of the Brothers Hospitallers and was at the origin of the first hospital network in Portugal, with the foundation of the Royal Military Hospitals. Through these hospitals, especially on the battlefield, it was possible to provide specific, timely and close assistance to the war wounded. In parallel, practices such as cleaning spaces, a diet appropriate to the pathology and the organisation of wards were established in the 15th century, and their principles remain valid today, safeguarding technological evolution. In 1690, the year of his canonization,
São João de Deus foi o pioneiro da assistência hospitalar estruturada. Criou a Ordem dos Irmãos Hospitaleiros e esteve na génese da primeira rede hospitalar em Portugal, com a fundação dos Reais Hospitais Militares. Através destes hospitais, sobretudo os de campanha, foi possível prestar assistência específica, atempada e próxima aos feridos de guerra. Em paralelo, práticas como higienização dos espaços, dieta adequada à patologia ou organização das enfermarias foram criadas nesse século XV, permanecendo os seus princípios ainda hoje válidos, salvaguardada a evolução tecnológica. No ano da sua canonização, em 1690, São João de Deus foi também declarado Patrono dos Hospitais e Doentes. No contexto do Exército, foi escolhido para Padroeiro da Direção de Serviço de Saúde Militar e dos Hospitais Militares.
St John of God was also declared the Patron of Hospitals and Patients; with the Army later making him the Patron
Vendas Novas, São João de Deus, azulejo, capela Real Paço das Passagens
Saint of the Directorate of the Military Health Service and
Vendas Novas, St John of God, tile, Paço das Passagens Royal Chapel
Military Hospitals.
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A Rainha Santa Isabel é indissociável da portugalidade, nomeadamente pela preponderância na pacificação de inúmeros conflitos travados à época. Dos notáveis sucessos que se lhe atribuem, destaca-se a ação que exerceu em 1297, por ocasião do Tratado de Alcanizes, que permitiu firmar definitivamente as fronteiras de Portugal. Dedicou essencialmente a sua vida à caridade e à assistência aos mais necessitados, atitude justamente ilustrada no lendário “milagre das rosas”. Com indícios de santidade ainda em vida, foi beatificada em 1516 e canonizada em 1625. No Exército, a Rainha Santa foi escolhida como Padroeira do Serviço de Administração Militar, com data festiva em 4 de julho, dia do falecimento da monarca.
St Elizabeth of Portugal is inseparable from the nation, namely due to her major peacekeeping role in the countless conflicts during her reign. Of the various notable successes attributed to the saint, the most outstanding took place in 1297, on the occasion of the Treaty of Alcañices, which definitively established Portugal’s borders. Her life was essentially dedicated to charity and helping the most in need, clearly illustrated by the legendary “miracle of the roses”. Already showing signs of sanctity in her lifetime, St Elizabeth was beatified in 1516 and canonized in 1625. Having been made the Patron Saint of the Military Administration Service, the Queen Saint is celebrated on 4th July, the day of her death.
Muito mais que uma recensão da vida e da obra de São João de Deus e da Rainha Santa Isabel, por si mesmas já extraordinárias, os autores, Augusto Moutinho Borges e Luís Chaves, dão-nos a conhecer, com apreciável detalhe, a rica iconografia destes santos. Lustrado com inúmeras e expressivas referências artísticas, desde o século XVII até aos nossos dias, percebem-se ainda as relações estabelecidas com a heráldica militar, indispensáveis para o devido alcance da presente obra. Publicado por ocasião das celebrações de mais um aniversário do centenário Exército Português, este livro constitui justa e oportuna homenagem a dois dos santos mais retratados e venerados no nosso país. A empatia, o espírito conciliador, a dedicação e o altruísmo, que lhes são apontados, motivam e moldam identicamente a postura militar. Os Soldados do Exército Português revêem-se amplamente na simbologia e nas virtudes evidenciadas neste magnífico trabalho, no desígnio de sempre cumprirem para o melhor de Portugal.
Much more than a review of the life and work of St John of God and St Elizabeth of Portugal, who in themselves are already extraordinary, the authors, Augusto Moutinho Borges and Luís Chaves, have presented us with the rich and substantial iconography of these saints. Lavishly detailed with innumerable and highly expressive artworks from the 17th century to the present day, the links with military heraldry are still clear to see, clearly fulfilling the aims of this work. Published on the occasion of another centennial anniversary of the Portuguese Army, The Army, St John of God and St Elizabeth of Portugal is a just and timely tribute to two of the most portrayed and venerated saints in our country. Empathy, a conciliatory spirit, dedication and altruism, characteristics of both, likewise continue to motivate and mould the military bearing. The Soldiers of the Portuguese Army can see themselves amply mirrored in the symbolism and virtues evidenced in
O CHEFE DO ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
General José Nunes da Fonseca THE ARMY CHIEF OF STAFF
this magnificent work, as they continue to give their very best for Portugal. Estremoz, Capela Real Estremoz, Royal Chapel
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Encontramos em Portugal dois santos que, pelas suas ações concretas na área da assistência e administração, foram designados, respetivamente, Padroeiro da Direção do Serviço de Saúde Militar – São João de Deus – e da Administração Militar – Rainha Santa Isabel de Portugal. There are two saints in Portugal who have, for their concrete actions in the area of medical care and
APRESENTAÇÃO
administration, been designated, respectively, the Patron Saint of the Direção do Serviço de Saúde Militar (Directorate of the Military Health Service) – St John of God –, and of Administração Militar (Military Administration) – St Elizabeth of Portugal.
INTRODUCTION In recognition of their extraordinary lives, the church beatified and later canonized these two figures, as an example for the peninsular community.
Estas duas personagens têm vidas que a igreja considerou fora do comum, motivo pelo qual as beatificou e mais tarde canonizou, como exemplo para a comunidade peninsular. São João de Deus nasceu na então vila de Montemor-o-Novo, c. 1495, e faleceu na cidade de Granada, em Espanha, a 8 de março de 1550. É considerado o criador do Hospital Moderno, tendo sido a Ordem Hospitaleira de São João de Deus, por ele fundada, encarregue da administração dos Reais Hospitais Militares em Portugal entre 1645 a 1834.
St John of God was born in Montemor-o-Novo, c. 1495, and died in Granada, Spain, on 8th March 1550. He is seen as having created the modern hospital and the Brothers Hospitallers of St John of God, which he founded, administrated the Royal Military Hospitals in Portugal from 1645 to 1834. During the Portuguese Restoration War (1640-1668), the
Durante a Guerra da Aclamação (1640-1668) constituiu-se em Portugal a primeira rede hospitalar militar, desenvolvida depois, à sua semelhança, por diversos reinos europeus, com a edificação de inúmeros hospitais em diversas praças de guerra além-mar onde havia conflitos armados, especificamente no Espaço Atlântico, em África, no Oriente e Brasil.
first military hospital network was established – and later copied by various other European nations – with numerous hospitals being built in different war zones, specifically in the Atlantic Area, in Africa, the Orient and Brazil.
Elvas, antigo Real Hospital Militar (atual Hotel S. João de Deus)
A Rainha Santa Isabel de Portugal, princesa de Aragão, nasceu na cidade de Saragoça, no reino de Aragão, a 4 de janeiro de 1271, e faleceu na vila de Estremoz, em Portugal, a 4 de julho de 1336. Tendo casado na vila de Trancoso, em 1281, com o rei D. Dinis (1261-1325), formaram um dos casais portugueses de maior prestígio do seu tempo.
Elvas, former Royal Military Hospital, today the Hotel S. João de Deus
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S. Pedro de Moel, escultura bronze, D. Diniz e D. Isabel S. Pedro de Moel, bronze sculpture, King Dinis and Queen Elizabeth
A rainha acompanhava os movimentos e decisões políticas, sociais e culturais da corte, sendo considerada uma excelente gestora do património da Casa das Rainhas – bens que lhe permitiram desenvolver e promover a sua ação caritativa e assistencial, como a construção de hospitais, albergues, mercearias e apoio alimentar aos mais carenciados. É deste ciclo assistencial que vão surgir as referências ao Milagre das Rosas, replicado em lugares distantes como Sabugal e Alenquer, centrado na transformação das moedas ou pão em flores. O episódio é lembrado em crónicas e placas evocativas, e foi passado à heráldica militar, onde se juntaram rosas estilizadas com besantes prateados ou dourados. Como exemplo, veja-se a representação destes episódios na Escola dos Serviços, na Póvoa do Varzim. São-lhe reconhecidos os atos de pacificação – primeiro entre o marido e o filho, e depois entre o filho, o infante D. Afonso (1291-1357), futuro rei D. Afonso IV, e o seu cunhado, rei de Castela –, assim como a capacidade de multiplicar os pães com que alimentava as instituições assistenciais que fundou por todo o reino. As suas ações concretas de pacificação e união evitaram, em momentos cruciais da nossa identidade, a guerra civil e o derramamento de sangue entre portugueses. Um desses acontecimentos nacionais de maior relevância aconteceu no campo de batalha em Alvalade, onde a historiografia militar lhe reconhece este crucial momento de reconciliação entre o pai, o filho, seus vassalos e seguidores. É chamada a “Paz de Alvalade”, momento ilustrado em diversos painéis azulejares, pinturas e litografias. No palácio dos Condes d’Óbidos, Sede Nacional da Cruz Vermelha Portuguesa, em Lisboa, no teto da biblioteca histórica encontra-se uma pintura deste episódio da autoria de Gabriel Constante (1876-1950).
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St Elizabeth, Queen of Portugal, Princess of Aragon, was born in Zaragoza, in the Kingdom of Aragon, on 4th January 1271, and died in Estremoz, in Portugal, on 4th July 1336. Having married Dinis (1261-1325), in the town of Trancoso, in 1281, she and the King formed one of the most prestigious Portuguese couples of their time. The Queen followed the court’s political, social and cultural movements and decisions, and was considered an excellent manager of the Casa das Rainhas1 – assets that allowed her to expand and spread her charitable and care work, such as the building of hospitals and hostels, supplying food and doing other good deeds for the needy. Her care in this respect is the source of the Miracle of the Roses, replicated in places as far apart as Sabugal and Alenquer: the miracle being the transformation of coins or bread into flowers. The episode is remembered in chronicles and evocative plaques, and was passed on to military
heraldry, where stylized roses with silver or golden rondels were added. As an example, see the depiction at the Escola dos Serviรงos (Military Administration and Services School), in Pรณvoa do Varzim. Her role as a peacemaker is well-documented. Her first major act was between her husband and son, and then between her son, the Crown Prince Afonso (1291-1357), the future Afonso IV, and his brother-in-law, the King of Castile. Besides making peace, St Elizabeth also had the ability to multiply the loaves with which she supplied the welfare institutions she founded throughout the Kingdom. Her power to make peace and bring unity, at crucial moments, prevented Portuguese bloodshed and civil war. One of the most nationally significant of these moments was on the battlefield in Alvalade, where military history has recognised the vital importance of father and son being
Sabugal, castelo
reconciled, together with their subjects and followers.
Alenquer, painel de azulejo, Milagre das Rosas Sabugal, castle Alenquer, tile panel, Miracle of the Rose
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Datada de 1936, inspirou-se na aguarela de Roque Gameiro (1864-1935) reproduzida em azulejo em diferentes locais do território nacional: Academia das Ciências de Lisboa, Tribunal de Coimbra, entre outros.
Called the Paz de Alvalade (the Alvalade Peace), the event can be seen in various tile panels, paintings and lithographs. On the roof of the historic library, in the palace of the Condes d’Óbidos, the National Headquarters of the Portuguese Red Cross, in Lisbon, the Paz de Alvalade is de-
De forma a plasmar estas duas personagens de carisma nacional, a nossa abordagem passará por realçar os atos sociais concretos, contextualizando-os no tempo e no espaço, apresentando iconografia em território português, de forma a relevaram-se aspetos identitários da História e Cultura Militares. Analisando a vida destes Padroeiros do Exército, referimos que a Rainha Santa Isabel nasceu em território que, no presente, integra Espanha e faleceu em Portugal, enquanto São João de Deus nasceu em Portugal e faleceu em Espanha. Estamos perante dois santos peninsulares com culto devocional enraizado nos dois países, cujas obras assistenciais ainda hoje se encontram vivas. As suas ações constituem-se como referências mundiais, retratadas em inúmeras obras de arte, quer em espaços civis, religiosos, assistenciais quer militares.
picted in a painting by Gabriel Constante (1876-1950). Dated 1936, it was inspired by the watercolour by Roque Gameiro (1864-1935) and reproduced on tiles throughout the country: at the Lisbon Academy of Sciences) and the Coimbra Courthouse, for instance. So as to bring these charismatic national figures to life, our focus will be on contextualizing them and their social action, as well as presenting the related Portuguese iconography that shows their presence in military history and culture. St Elizabeth of Portugal was born in what today is part of Spain and died in Portugal, while St John of God was born in Portugal and died in Spain. They are both, therefore, peninsular saints with devotional worship rooted in both countries, and whose social work continues today. Their
Lisboa, Palácio Óbidos, Cruz Vermelha Portuguesa, Paz de Alvalade
acts are world-renowned, portrayed in numerous works of
p. 13: Mafra, basílica, Santa Isabel Rainha de Portugal e São João de Deus
art in civil, religious and medical settings, as well as mili-
Lisbon, Óbidos Palace – Portuguese Red Cross, The Alvalade Peace
tary locations.
p. 13: Mafra, basilica, St Elizabeth of Portugal and St John of God
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John of God was beatified on 21st September 1630 and canonized on 16th October 1690. In the Portuguese Army, he is the Patron Saint of the Health Directorate and Military Health Service School, the Patron Saint of Montemor-oNovo and Co-Patron Saint of the Portuguese Fire Brigade 2.
João de Deus foi beatificado a 21 de setembro de 1630 e canonizado a 16 de outubro de 1690. No Exército português é Padroeiro da Direção do Serviço de Saúde Militar e da Escola do Serviço de Saúde Militar, Padroeiro da cidade de Montemor-o-Novo e copatrono dos bombeiros portugueses 1.
The parish of São João de Deus was created in Lisbon, on 7th February 1959 (later integrated in that of Areeiro, in 2012). St Elizabeth of Portugal was beatified on 15th April 1516
Em Lisboa, foi criada, a 7 de fevereiro de 1959, a Freguesia de São João de Deus, que viria a ser integrada, em 2012, na Freguesia do Areeiro.
and canonized on 25th May 1625. In the Portuguese Army, she is the Patron Saint of Military Administration, and of both Coimbra and Estremoz. In Lisbon, on 17th May 1741, the parish of Santa Isabel was created, which became part of the parish of Campo de Ourique, following a municipal reorganisation in 2012.
A Rainha Isabel de Portugal foi beatificada a 15 de abril de 1516 e canonizada a 25 de maio de 1625. No Exército português é Padroeira da Administração Militar, Padroeira da cidade de Coimbra e da cidade de Estremoz. Em Lisboa foi criada a 17 de maio de 1741 a freguesia de Santa Isabel, integrada em 2012 na Freguesia de Campo de Ourique.
pp. 15-16: Lisbon, St Elizabeth of Portugal Church
pp. 15-16: Lisboa, Lisboa, igreja de Santa Isabel
p. 14: Lisbon, St John of God Church
p. 14: Lisboa, igreja de São João de Deus 15
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Os dois santos estão representados no Panteão Nacional – igreja de Santa Engrácia, em Lisboa –, juntamente com o Santo Condestável (1360-1431) e Santa Engrácia, no exterior; Santo António (1195-1231), São Teotónio (1082-1162) e São João de Brito (1647-1693), no interior, constituindo-se como uma homenagem pátria a estas personagens, a par dos portugueses evocados nos cenotáfios.
As a tribute from the nation, these two saints are represented in the National Pantheon – The Santa Engrácia Church, in Lisbon –, together with Nuno Álvares Pereira (1360-1431) and St Engratia, on the exterior; St Anthony (1195-1231), St Theotonius (1082-1162) and St John de Brito) (1647-1693), in the interior. The building, listed as a National Monument in 1910 (De-
O edifício, classificado como Monumento Nacional em 1910 (Decreto de 16-06-1910, DG, 136, 23-06-1910. Decreto n.º 251/70, DG, 129, 03-06-1970) foi escolhido pelo governo da República Portuguesa2 para ser o Panteão Nacional (Decreto-lei n.º 520, de 29 de abril de 1916), em paralelo com o Panteão Real. Este encontra-se distribuído pelo território nacional por vários conventos e mosteiros: Coimbra, Alcobaça, Santarém, Batalha e Lisboa (Jerónimos e São Vicente), embora haja reis e rainhas não sepultados nesses panteões, pois pretenderam ficar noutros locais da sua devoção. Este livro constitui uma boa amostra do relacionamento entre a sociedade civil, religiosa e militar. O estudo destas duas personagens e dos espaços geográficos associados às suas vidas revela os percursos que projetam a própria identidade nacional. A realização desta obra só foi possível com o apoio do Chefe do Estado-Maior do Exército, General José Nunes da Fonseca, do Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército, Tenente-General Rui Guerra Pereira, do Comandante do Pessoal e do seu Ajudante-General do Exército, Tenente-General José António da Fonseca e Sousa, do Comando da Logística (CmdLog) e do seu Quartel Mestre-General, Tenente-General João Manuel Lopes Nunes dos Reis, da Academia Militar (AM) e do seu Comandante, Major-General João Jorge Botelho Vieira Borges, da Direção de História e Cultura Militar (DHCM) e do seu Diretor, Major-General Aníbal Alves Flambó, da Direção de Infraestru-
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cree of 16-06-1910, DG, 136, 23-06-1910. Decree nr. 251/70, DG, 129, 03-06-1970), was chosen by the Portuguese government 3 to be the National Pantheon (Decree-law nr. 520, 29-04-1916), together with the Royal Pantheon. This one is actually distributed throughout the country in several convents and monasteries: Coimbra, Alcobaça, Santarém, Batalha and Lisbon (in Jerónimos and São Vicente). There are, however, kings and queens not buried in these pantheons, as they preferred to be interred in other places that were subject to their devotion. This book exemplifies the relationship between civil, religious and military society. The study of these two figures and the places associated with their lives show Portugal’s path towards affirming its national identity. This work was only possible due to the support of the Army Chief of Staff, General José Nunes da Fonseca, the Deputy Army Chief of Staff, Lieutenant-General Rui Guerra Pereira; the Personnel Command and the Adjutant-General of the Army Lieutenant-General José António da Fonseca e Sousa; the Army Logistics Command (CmdLog) and its Director, Lieutenant-General João Manuel Lopes Nunes dos Reis; the Military Academy (AM) and its Director, Major-General João Jorge Botelho Vieira Borges; the Military History and Culture Directorate (DHCM) and its Director, Major-General Aníbal Alves Flambó; the Army Infrastructure Directorate (DIE) and
Lisboa, Panteão Nacional Lisbon, National Pantheon
its Director, Colonel Tirocinado Manuel Pires; the Finance Department (DFin) and its Director, Major-General Fernando de Oliveira Gomes; Personnel Service Directorate (DSP) and its Director, Brigadier-General Henrique Pereira dos Santos; the Military Administration and Services School and its Director, Colonel Aquilino Torrado; Head of the Army Audiovisual Centre (CAVE), Lieutenant-Colonel Carlos Martins Prada; the Directorate of Health Service (DS) and its Director, Brigadier-General Eduardo Fazenda Branco; the School of Service Military Health (ESSM) and its Director, MajorGeneral Paulo Santos Guerra; the publisher, By the Book and all the civil and religious institutions that kindly allowed me to use their photographic records. To each and every one of you, I extend my warmest gratitude for all your help and collaboration.
1. This was the name given to the assets granted by the Portu-
guese monarchs to their consorts, as a source of income for their
support and to support the mother queens after the ascension to the throne of their children.
2. St John of God and St Martial were proclaimed the patron saints of the Portuguese Fire Brigade at the National Congress held in Sintra in 1982.
3. After the Revolution of 5th October 1910, the National Pantheon
was instituted to glorify all the Portuguese and not just the Portuguese royal family, as had been the practice until then. Cunha
Belém (1824-1905) states, in his article “O Panteon Nacional berço
de buttes”, 27th January 1921, that it was Colonel Ramos da Costa (1881-1970) who proposed the Santa Engrácia Church for the National Pantheon.
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Lisboa, mosteiro dos Jerónimos Lisbon, Jerónimos Monastery
turas do Exército (DIE) e do seu Diretor, Coronel Tirocinado Manuel Pires, da Direção de Finanças (DFin) e do seu Diretor, Major-General Fernando de Oliveira Gomes, Direção do Serviço de Pessoal (DSP) e do seu Diretor, Brigadeiro-General Henrique Pereira dos Santos, da Escola Prática dos Serviços (EPS) e do seu Comandante, Coronel Aquilino Torrado, do Centro de Audiovisuais do Exército (CAVE) e da sua Chefia, Tenente-Coronel Carlos Martins Prada, da Direção de Saúde (DS) e do seu Diretor Brigadeiro-General Eduardo Fazenda Branco, da Escola de Serviço de Saúde Militar (ESSM) e do seu Diretor Major-General Paulo Santos Guerra, da Editora By the Book e de todas as instituições civis e religiosas que permitiram os registos fotográficos, a quem agradecemos a sua total colaboração.
1. No Congresso Nacional dos Bombeiros Portugueses realizado em Sintra em 1982, São João de Deus e São Marçal foram proclamados patronos dos Bombeiros Portugueses. 2. Pela Revolução de 5 de outubro de 1910 instituiu-se o Panteão Nacional para glorificação de todos os portugueses e não apenas da família real portuguesa, tal como era prática até então. Cunha Belém (1824-1905) afirma, no seu artigo “O Panteon Nacional berço de buttes”, de 27 de janeiro de 1921, que quem propôs a igreja de Santa Engrácia para Panteão Nacional foi o Coronel Ramos da Costa (1881-1970).
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A iconografia de São João de Deus e da Rainha Santa Isabel é bastante complexa e variada, correspondendo a vivências dos Santos ao longo das suas vidas.
The iconography of St John of God and St Elizabeth of Portugal is complex and varied, illustrating the saints’ experiences during their lives.
ST JOHN OF GOD AND ST ELIZABETH OF PORTUGAL in Art They are mainly depicted in sculptures (wood, bronze, stone and ceramics) and paintings (on canvas, frescoes or watercolours), although they have also been represented in stained glass, postage stamps and banknotes. This section takes a close look at some of these artistic representations from the 17th century to the present, as devotion to these
SÃO JOÃO DE DEUS E A RAINHA SANTA ISABEL na Arte As figurações surgem maioritariamente em escultura (madeira, bronze, pedra, cerâmica) e em pintura (telas, a fresco, aguarelas), podendo haver formas artísticas em vitrais, mas também em selos de correio e papel-moeda. Vamos analisar algumas representações artísticas desde o século XVII até ao presente, pois continua a haver reproduções dos Santos, pelo culto e devoção que se lhes prestam. São João de Deus e Santa Isabel são dos santos portugueses mais representados em território nacional, juntamente com Santo António, ao longo dos séculos referidos. É precisamente a sua iconografia que serve de base para a “construção” heráldica militar, tendo para o santo a figuração da romã e para a santa os besantes que se transformam em rosas.
saints has continued to depict them. St John of God and St Elizabeth have, together with St Anthony, been the saints most frequently represented in Portugal over these centuries. Their iconography has been the basis for military heraldry, with the figure of the pomegranate for St John and the roundels that turn into roses for St Elizabeth. Lisbon, St John of God Church
Lisboa, igreja de São João de Deus
Sabugal, Miracle of the Roses
Sabugal, Milagre das Rosas 127
Santa Isabel
St Elizabeth
Na sombra – Suave docel Cobrindo o Jardim antigo. A alma de Santa Izabel Recorda um cantar de amigo.
In the shade – gentle canopy
Enquanto a Rainha o espera Rezando contas saudosas - A selva da Primavera Faz o Milagre das Rosas
While the Queen waits for him
Thomas Ribeiro Colaço, 1940
Thomas Ribeiro Colaço, 1940
Lisboa, Instituto Superior de Agronomia, Jardim da Tapada
Lisbon, The School of Agriculture, in the former Royal Hunting Park
p. 129: Montemor-o-Novo, Cripta de São João de Deus
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Covering the ancient garden. The soul of St Elizabeth Remembering a troubadour’s song.
Telling her beads of longing - The spring wildness Performs the Miracle of the Roses
p. 129: Montemor-o-Novo, St John of God crypt
ICONOGRAPHY OF ST JOHN OF GOD Granada will be your Cross From the 17th century, St John of God was represented, as the founder of an Order, with the two-armed patriarch’s cross: a double cross in his right hand, with the other presenting an open pomegranate (‘granada’ in Castilian), topped by a cross and light (star). It is an allusion to the Infant Christ, who appeared to him at a fountain and predicted “John,
ICONOGRAFIA DE SÃO JOÃO DE DEUS Granada será a tua Cruz
Granada will be your Cross”. The same pomegranate was chosen by the Hospitaller Order as their coat of arms. Although the design has changed, it is still so today. This figuration is well represented in the 17th and 18th centuries. There are some examples in the Royal Military Hospitals, both exterior, as we have already mentioned, in Elvas and Ponte de Lima, and interior, especially the sculptures at the Pampulha Convent-Hospital, in Lisbon, now the GNR Clinical Centre. These are to be found at
São João de Deus começou por ser, desde o século XVII, representado com a cruz de patriarca (dois braços) como fundador de uma Ordem: cruz dupla na mão direita, apresentando na outra uma romã aberta (granada em castelhano), sobrepujada por uma cruz e luzeiro (estrela). É uma alusão ao Menino Deus, quando lhe apareceu numa fonte e vaticinou “João, Granada será a tua cruz”. A mesma romã foi escolhida como brasão de armas da Ordem Hospitaleira, mantendo-se na atualidade, mas com novo grafismo.
the Museu São João de Deus in Sintra. But also at the Military Hospital in Évora, currently at the Évora Health Centre, with other images from this period existing in the church of the former Montemor-o-Novo Convent-Hospital as well as in Porto, Ponte de Lima, Miranda do Douro, Pinhel, Castelo de Vide, Elvas, Estremoz, Évora and Olivença. Other depictions can be found in the Portalegre Cathedral, in Portel and in Porto. Although his cult is largely public, he is also represented in chapels and private oratories, as in the Church of Nossa Sr.ª do Rosário, in Benfica, Lisbon, and in Montemor-o-Novo.
Esta figuração é bastante representada no século XVII e XVIII. Há alguns exemplares nos Reais Hospitais Militares quer no exterior, como já referimos, em Elvas e Ponte de Lima, quer no interior, destacando-se as esculturas do Convento-Hospital da Pampulha, em Lisboa, atualmente Centro Clínico da GNR, e que se encontram no Museu São João de Deus em Sintra. Mas também no Hospital Militar de Évora, atualmente na Unidade de Saúde Tipo II de Évora, havendo outras imagens deste período na igreja do antigo Convento-Hospital de Montemor-o-Novo e das localidades do Porto, de Ponte de Lima, Miranda do Douro, Pinhel, Castelo de Vide, Elvas, Estremoz, Évora e Olivença. Outras representações encontram-se na Sé de Portalegre, em Portel e no Porto. 129
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Montemor-o-Novo, igreja matriz p. 148: Castelo de Vide, Hospital de Nossa Senhora da Vitória, sacristia; Lisboa, Palácio Óbidos – Cruz Vermelha Portuguesa p. 149: Lisboa, Convento de Santos-o-Novo, São João de Deus livreiro Montemor-o-Novo, mother church p. 148: Castelo de Vide, Our Lady of Victory Hospital, sacristy; Lisbon, Óbidos Palace – Portuguese Red Cross p. 149: Lisbon, Santos-o-Novo Convent, St John of God, Patron Saint of Booksellers
1. Fundo António Duarte, Centro de Artes, Caldas da Rainha 2. Na Capela de São João de Deus, Padroeiro do Regimento de Cavalaria de Olivença. 3. Em Olivença, na Capela de São João de Deus, em virtude do Santo ser patrono do Regimento de Cavalaria Real, o fecho decorativo culmina com a heráldica régia portuguesa. É curiosa a colocação da simbólica da Ordem Hospitaleira, com ramos de romã e do luzeiro (estrela). 4. Na atualidade, encontram-se na escadaria três painéis, mas não deixamos de colocar a hipótese de terem sido quatro, tendo um sido retirado por motivo de obras, para se abrir um vão no seu espaço.
1. António Duarte Collection, Caldas da Rainha Arts Centre. 2. In the Chapel of St John of God, Patron Saint of the Olivença Cavalry Regiment.
3. Due to the saint being the patron saint of the Royal Cavalry Regiment, the decoration in the Olivença Chapel of St John of God culminates with Portuguese royal heraldry. The symbolism of the
Hospitaller Order is interestingly arranged, with pomegranate branches and the light (star).
4. There are, today, three panels on the staircase, but it is possible that there were originally four, one having been removed to leave room for works.
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ICONOGRAFIA DA RAINHA SANTA ISABEL O Milagre das Rosas
ICONOGRAPHY OF ST ELIZABETH
that are particularly important. Estremoz castle, where she
O culto à Rainha Santa Isabel tem-se manifestado em território nacional através da imagética religiosa, de arte pública colocada nos eixos viários, da aplicação de registos e painéis azulejares nos imóveis de instituições públicas, privadas e residências, quer nas fachadas, quer nos interiores, em parques e jardins. Realçam-se em Portugal dois locais emblemáticos associados à Rainha Isabel, santificada pela igreja católica: o castelo de Estremoz, local onde faleceu, quando tencionava deslocar-se a Badajoz para tentar impedir o deflagrar da guerra entre o filho D. Afonso IV e seu sobrinho, o rei Afonso XI de Castela (1311 ‑1350). O calor que se fez sentir no Alentejo e a avançada idade da monarca, conduziram ao recolhimento ao paço real, onde faleceu de doença súbita. Neste momento final encontravam-se presentes os reis, os netos, muitas damas e religiosos.
died, when intending to go to Badajoz and prevent the out-
Coimbra, registo azulejar
The Miracle of the Roses Evidence of the cult of St Elizabeth of Portugal can be seen in religious imagery throughout Portugal: street public art, tile and devotional panels in public or private institutions, as well as residences, on facades or in interiors, besides parks and gardens. There are two emblematic Portuguese locations associated with Queen Elizabeth, sanctified by the Catholic Church,
break of war between her son, Afonso IV, and his nephew, Afonso XI of Castile (1311-1350). The Alentejo heat and the monarch’s advanced age led to her taking shelter in the royal palace, where she died of a sudden illness. When her final moments came, the King, grandchildren, many court ladies and religious figures were in attendance.
p. 152: Lisboa, Academia Militar p. 155: Coimbra, Mosteiro de Santa Clara a Nova; Coimbra, Paço Real, Universidade de Coimbra; Coimbra, Mosteiro de Santa Clara a Nova Coimbra, devotional tile panel p. 152: Lisbon, Military Academy p. 155: Coimbra, Santa Clara a Nova Monastery; Coimbra, Royal Palace, Coimbra University; Coimbra, Santa Clara a Nova Monastery
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Outro local associado à sua vida é a cidade de Coimbra, onde se encontra sepultada, depois de grande e solene cortejo saindo de Estremoz até ao convento de Santa Clara-a-Velha, onde foi depositada em caixa jacente policromada, mandada fazer pela própria. Este sarcófago de pedra de Ançã, completo de jacente e arca paralelepipédica, mostra-nos a rainha de olhos abertos, vestindo o hábito das clarissas e coroada, com as mãos cruzadas sobre o peito, realçando na mão direita um livro de horas fechado. Manifesta-se o seu caráter de esmoleira, com sacola a tiracolo recheada de moedas decorada com a emblemática vieira de Santiago, e de peregrina com o bastão em forma de tau que lhe foi oferecido.
Coimbra is another place closely associated with the Queen
Estes são, normalmente, os atributos representados, interpretação desenvolvida na altura da canonização, em 1625, quando foi realizada uma estátua de Santa Isabel de Portugal, obra da escola do napolitano Bernini (1598-1680), colocada sobre um pedestal da colunata da Basílica de São Pedro em Roma. A iconografia da Santa Rainha apresenta-a vestida de franciscana terceira, com coroa junto aos pés, tendo no manto diversas rosas e uma moeda na mão, atributos alusivos ao milagre das rosas e à transformação das moedas em flores, elementos utilizados na heráldica militar.
These are her normal attributes, associated with those
Na Real Basílica de Mafra, a estátua em mármore de Santa Isabel de Portugal, de escola italiana da segunda metade do século XVIII, é representada com os mesmos atributos: o bastão de peregrina, coroa aos pés, hábito de terciária e rosas a sair do manto.
In the Royal Basilica at Mafra, the marble statue of St Eliza-
Saint. After a large, solemn procession leaving Estremoz, St Elizabeth was taken to the Convent of Santa Clara-aVelha and laid in a polychrome Ança stone coffin she had commissioned herself. Complete with her recumbent figure and parallelepiped ark, we see the Queen with her eyes open, dressed as a Poor Clare and crowned, with her hands crossed over her chest, highlighting a closed book of hours in her right hand. Her charitable character is clearly shown by her carrying a bag filled with coins decorated with the emblematic scallop of St James of Compostela. Her taushaped staff also shows she is a pilgrim.
originated at the time of her canonization, in 1625, when a statue of St Elizabeth of Portugal was made by the school of the Neapolitan, Bernini (1598-1680), and set on a colonnade pedestal at St Peter’s Basilica in Rome. There, St Elizabeth is presented dressed as a Franciscan tertiary nun, with a crown at her feet, several roses in her cloak and a coin in her hand, attributes alluding to the miracle of the roses and the transformation of coins into flowers, both of which appear in military heraldry.
beth (Italian school, 2nd half of 18th century) is represented with the same attributes: the pilgrim’s staff, the crown at her feet, the Franciscan tertiary habit and roses appearing from her cloak.
Na Academia Militar, no vestíbulo da capela do Palácio da Bemposta, em Lisboa, encontram-se duas esculturas em nicho, uma de São João Baptista e outra de Santa Isabel de Portugal, obras do escultor José de Almeida (1708-1770) e terminadas por José Barros Laborão (1762-1820) c.1793. A rainha coroada está vestida de clarissa, com as rosas no regaço.
In the Military Academy, in the chapel vestibule at Bemposta Palace, in Lisbon, there are two sculptures in niches: St John the Baptist and St Elizabeth of Portugal. They are the work of José de Almeida (1708-1770) but were finished by José Barros Laborão (1762-1820) in around 1793. The crowned Queen is dressed as a Poor Clare, with roses in her lap.
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Roque Gameiro, A rainha Santa em Alvalade, aguarela, 1917 Roque Gameiro, The Queen Saint at Alvalade, watercolour, 1917
Coimbra, Tribunal da Relação Coimbra, Court of Appeal
Oeiras, Fortaleza de S. Julião da Barra p. 167: Penamacor, Igreja de S. Francisco Oeiras, S. Julião da Barra Fortress p. 167: Penamacor, St Francis Church
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