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O trabalho voluntário tem vantagens que só o coração pode explicar

No dia 28 de agosto, o país celebra o Dia Nacional do Voluntariado

Você já trabalhou de graça? Sem esperar nada em troca, nem mesmo um “obrigada”? Pois é com esse espírito que as pessoas encaram o chamado “trabalho voluntário”, aquele que você toma a iniciativa ou aceita o convite para executar sabendo que não deve ter expectativa de retorno. Você faz para os outros viverem melhor. Só por isso.

É com esse espírito que 15 jovens, quase todos moradores de uma comunidade vulnerável de Santa Cruz do Rio Pardo, trabalham todos os meses, num sábado, encarando uma carga horária de cerca de 8h, onde atuam organizando (e muitas vezes carregando) caixas de alimentos, montando o salão de atendimento aos inscritos no programa, mais de 350 crianças e jovens entre 3 a 16 anos, colocando alimentos em ecobolsas conforme as crianças vão chegando, fazendo triagem de entrada por horário, na portaria, tirando fotos do evento, colocando tudo no lugar quando acaba e limpando tanto o salão quanto a entrada do local, de modo que tudo fique exatamente como estava antes. Também há trabalho na véspera, colando cartazes do evento em locais estratégicos da comunidade onde vivem e também de bairros vizinhos. “Com a VAL, eu vi o quanto as pessoa precisam da nossa ajuda, não só com alimentos e sim com uma palavra”, diz Raissa Fernandes Rodrigues

O que ele ganham? – Dentre os voluntários que integram o Grupo Jovem da Vaquinha do Alimento, Programa de Inclusão Alimentar que promove a entrega de kits de alimentos complementares à dieta da cesta básica, incluindo frutas diversas, iogurtes, panificação doce e salgada, além de outras gostosuras e proteínas em quantidade suficiente para suprir pelo menos uma semana de consumo, há os que foram convidados a participar por atingir a idade máxima do programa. Em contrapartida, continuam a receber o kit de alimentos. Há também os que ainda têm idade para receber o kit, mas tomaram a iniciativa ajudar voluntariamente. O grupo inclui ainda dois irmãos que ajudam por acompanharem os pais, também voluntários, desde o início da ação, há quase cinco anos.

Rayssa Vitoria visita a Hidroceres

Quando você pergunta a eles, por que são voluntários, nenhum afirma ser por causa do recebimento do kit. A idade máxima aparece como motivo inicial, mas a permanência é atribuída à satisfação que descobriram em ajudar as pessoas. “Eu estou aprendendo com esse trabalho voluntário que fazer o bem nos faz muito bem!! É uma felicidade imensa fazer parte”, avalia Isadora de Oliveira Silva, a primeira a aderir ao grupo quando completou 17 anos. “Aqui aprendi que não devemos olhar para nós mesmos e sim para o próximo. Ver cada sorriso no rosto das crianças é gratificante . Eu fico muito orgulhosa do que eu estou fazendo”, declara a jovem que atua na Vaquinha do Alimento há dois anos, liderando o preparo do salão e a lista de entrada.

Formação social – O trabalho voluntário do Grupo VAL Jovem, também aproxima o olhar da juventude sobre a responsabilidade social. Enquanto ajudam com trabalho, acompanham o resultado da adesão de cerca de 150 doadores, entre pessoas e empresas, que financiam a compra dos alimentos mensais através de doações trimestrais. Eles também entendem a importância da parceria público-privado ao conviver com o apoio da prefeitura ao programa, inclusive nos passeios que eles são convidados a fazer e em reuniões de jovens com o prefeito da cidade.

Os Voluntários Jovens da Vaquinha do Alimento em dia de evento, com dona Odette, de 92 anos. Aprtendendo que fazer não depende de tempo e idade

Reconhecimento – A cada mês, atendendo a pedido da organização do programa VAL, restaurantes e lanchonetes da cidade abrem suas portas para um lanche, um jantar, um combo, como forma agradecer o trabalho que o grupo jovem faz regularmente. Empresas também começaram a aderir a esse receptivo, organizando visitas que incluem conversa com profissional de RH, em função da idade do grupo, prestes a ingressar no mercado de trabalho, seguidas de almoço, afinal estamos falando de um trabalho que envolve alimentar pessoas. “Os passeios são legais e bem diferentes”, afirma Rayssa Vitoria de Souza , 17 anos, que nunca tinha atuado nesse tipo de atividade. “Comecei há um ano porque achava bem legal o jeito que distribuíam os alimentos para pessoas. Aqui aprendo a ter mais atenção e comunicação e a falar com as pessoas ”, diz.

O grupo de Voluntários Jovens da Val tem repercutido tão positivamente na comunidade que já há fila de espera para ingressar, caso algum deles possa deixar de ir por conta de futuros empregos.

Recentemente, alguns dos jovens voluntários da Vaquinha do Alimento foram convidados a participar de uma reunião de jovens com o prefeito da cidade, o que indica que o trabalho que eles vêm realizando está refletindo na sua imagem pública. Lojistas também fazem questão de reconhecer o esforço dessa turma, com doação de presentes em aniversários e material escolar na época de volta às aulas.

Juninho (de boné), recebe os voluntários Victor, Raissa, Luan e Isadora na Bisurda Pizza. No destaque, Rayssa Victória durante a visita à Hidroceres

Depoimento

Me tornei voluntário há 10 meses. Resolvi participar porque outros jovens da minha idade, amigos, também participam. É um trabalho inovador e que fico bem feliz de fazer. Mudou o meu jeito de olhar para as crianças e para mim mesmo.

Uma forma de aprendizagem que veio ampliar mais meu trabalho em equipe e organização. Eu me sinto um pouco especial por ajudar essas pessoas. Me sinto bem e gosto muito dos passeios.

Esses tipo de trabalho voluntário que a gente faz é uma coisa muito boa porque muitas crianças que nos encontra depois, vem nos agradecer e conversar. Tem outros tipos de trabalho voluntário e o nossos é especial porque ajuda no crescimento de uma comunidade e de outros bairros da cidade.

Victor Fernando Lourenço de Souza
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