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A banda que nunca tocou aparece em livro na Europa
A história parece uma “causo”, desses que se conta em rodas de conversa de bar, em família, em noites de lua cheia.
Três amigos resolveram criar uma banda. Só que nenhum deles era cantor ou sabia tocar algum instrumento com desenvoltura. Definiram o nome “Zero à Esquerda”, o que lhe caiu feito o uma luva, já que não sabiam tocar e pouca diferença fariam no cenário musical da cidade, a não ser por serem membros veteranos da tribo de rock local: Zé, Tanaka e Pega, este, entre os mais lendários da cidade.
Eis, no entanto, que na primeira aula de guitarra do Zé, a amiga poetisa e escritora dos integrantes, ao saber do projeto que tinha tudo para não dar certo e mesmo assim fadado ao sucesso, eternizou a banda que nunca tocou numa poesia.
Já habituada ao intercâmbio de seus escritos com editores portugueses, enviou o poema adaptado à fatalidade da perda do vocalista, o qual homenageia a partir do título. A obra foi publicada, tornando pública “além mar” , a história da banda que, precocemente, antes de qualquer aventura de ensaios de garagem, estúdio ou apresentação num palco, deixou de existir, pelo menos em sua formação original. O que vai acontecer depois disso? É um mistério que a vã filosofia não pretender explicar.
A autora, Lully Salinas, é poetiza, escritora e já tem outras obras publicadas pela Editora Chiado Books, de Portugal.
Liberdade na Retaguarda
Eram três amigos
Que não dá para contar o tempo em poucas linhas
Que queriam a liberdade de uma Banda de Rock formar
Repertório ensaiado prontos para tocar
Zé na guitarra
O Pega, o mais livre, quem diria Marcava aula e nunca ia (E agora que não vai mais não)
De tanta rebeldia
Banda metaleira, hard core, punk, trash metal e toda liberdade que a música propicia (Agora só Utopia)
Nasceu a Zero a Esquerda
Sucesso total este tal de metal
E num instante dariam um salto anormal
A Primeira mais tocada na rádio online local
Zero a Esquerda encerraria o Rock in Pardo Festival Com o Zé ligadão na distorção
Tanaka quebrando tudo na bateria
E o Pega, simples homem, pássaro livre voou
Foi um baque total No Bar do Cersão não vão mais estrear Repertório liberdade quebradeira Zé e Tanaka na maior sonzeira
E o Pega no camarote celestial tomando a saideira com seus ídolos do metal
Descanse em paz
Que sejas livre leve noutra dimensão Porque aqui seus amigos Não te esquecem não
Info:
“Anagrama” , publicado em “Quarentena Memórias de um País Confinado Brasil –Colecção Palavras Soltas – Chiado Books 1ª edição (Ago/2020)
“Andor”, publicado em “Registros Femininos” - Coletânea de Autoras Brasileiras Contemporâneas- Colecção Palavras Soltas (Mar/2020)
“Coronelista”, publicado em “Além da Terra Além do Céu” – Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea Volume IV –Colecção Prazeres Poéticos – Chiado Books 1ª edição (Dez/ 2019)