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A alegria da partilha
Nem só de brinquedos, video games e redes sociais, nem mesmo dos jogos de bola, das brincadeiras com amigos e dos livros infantis se faz a felicidade das crianças. Comer bem, comer coisas gostosas e, de preferência, saudáveis, também as deixa muito, mas muito felizes. A felicidade também aparece quando se trata de proporcionar o acesso a tantas gostosuras. Sim, crianças também ficam felizes em repartir o que têm. E ainda mais em agir para que essa partilha seja cada vez maior.
Esta edição de Meninada Especial conta a história de três garotos – e um bebê –que vivenciam a ação voluntária há mais de 3 anos. Eles nos contam de onde vem a disposição para ajudar outras crianças a comerem melhor. E o que sentem por fazer isso.
Toda criança pode crescer praticando o que a gente chama de cidadania, que nada mais é do que fazer pelos outros aquilo que queremos para nós mesmos.
Eles são felizes por fazer o bem sem olhar a quem
Hoje adolescentes, eles começaram a atuar no voluntariado ainda crianças e não medem esforços para
Guilherme e Henrique de Noronha Martins de Miranda são irmãos e têm 13 e 15 anos, respectivamente, eles são irmão do pequeno Leonardo, de apenas 2 anos e meio. Yago Francisco Muniz de Arruda Oliveira tem 13 anos. Além da disposição para brincar e do gosto por esportes, especialmente o futebol, no caso de Yago e Henrique, eles têm algo em comum. Desde muito crianças, a partir dos 8 anos no caso de Guilherme e dos 10, idade de Henrique e de Yago na época, eles atuam no que se usa chamar voluntariado, ajudando crianças como eles a terem mais alimentos gostoso e, assim, ficarem mais satisfeitas e alegres.
A disposição e o prazer em ajudar as pessoas também são afinidades entre esses garotos. Yago começou vendendo abacates do terreno repleto de árvores que existe em frente a sua casa, no bairro Jardim Ivone, em Bauru. A atividade lhe rendeu o apelido de “Menino do Abacate”, que foi ficando conhecido e ganhou espaço na mídia e nas redes sociais através de suas postagens no Instagram, onde fala de futebol, de cidadania e de, abacates, naturalmente.
Depois de dois anos faturando o suficiente para ajudar a mãe nas despesas de casa, Yago se viu diante da decisão de dividir uma única bolacha com dois amigos. Foi ali que teve a ideia de propor à mãe, Franciane, que o apoiasse na realização de um café da manhã mensal para as crianças do bairro.
O argumento do menino de então 10 anos, era que poderia conseguir ajuda com seus seguidores, que somavam 1,5 mil pessoas naquela época. Hoje, já são mais de 4,5mil. Proposta aceita, desde então eme realiza o café da manhã sempre no segundo domingo do mês ou datas festivas, como a Páscoa, o Natal e o Dia das Crianças, que pudemos conferir. Para ele fazer isso é encontrar a felicidade. Para as quase 200 crianças que comparecem para aproveitar as delícias que ele ganha ou compra, certamente também. “Alugamos brinquedos que geralmente eles não têm acesso”, diz Fran, que apoia o filho assumindo a tarefa de ajudá-lo na organização dos eventos. “Sinto muito orgulho e uma pessoa abençoada por Deus”, afirma ela, sobre o filho.
É também por se se sentirem felizes que os irmãos Noronha de Miranda comparecem todos os domingos no café da manhã da Vila Divineia, em Santa Cruz do Rio Pardo, onde seus pais, Ana Claudia e Cristiano, ajudam regularmente na busca por alimentos, serviço do café e até mesmo limpeza do barracão após o evento. Dali, onde muitas vezes preferiam servir as crianças do que simplesmente brincar, Guilherme e Henrique se tornaram os primeiros voluntários Jovens da Vaquinha do Alimento, programa de inclusão alimentar de Santa Cruz do Rio Pardo, que atende mais de 350 crianças e adolescentes da vila Divineia e bairros vizinhos com kits fartos de alimentos todos os meses.
Tempo para os outros – Assim como acontece no trabalho voluntário adulto, quando se trata de crianças, a tarefa também envolve esforço e responsabilidade. Enquanto Yago se prontifica a publicar a campanha de captação mensal e a organizar o café junto com a mãe e pessoas da comunidade, os irmãos Miranda passaram a pandemia se dedicando a encher, lacrar, carregar e entregar centenas de caixas de alimentos. Depois, com o advento de um espaço para o evento mensal e eco-bolsas para as crianças, eles passaram a ajudar fazendo parte de uma equipe de 14 jovens que montam o local do evento, distribuem os alimentos, organizam a fila, registram imagens e deixam tudo em ordem depois de cada edição da Vaquinha do Alimento, que tem apoio da prefeitura da cidade com a cessão de espaço para usa realização, na unidade CRAS Betinha de atendimento comunitário. Nas conversas que mantivemos com os garotos, um de cada vez, as afirmações tinham o mesmo significado: não sentem preguiça, gostam de ajudar as pessoas e acham isso importante.
De pais para filhos – Receber em casa o exemplo do exercício de cidadania, já que todo voluntariado se trata disso, certamente faz as crianças despertarem para essa atividade que, além de proporcionar bem estar, amplia os horizontes desses adolescentes, assim como a base de aprendizado, questões importantes para quando se tornarem adultos. Também proporciona diversão, pois eles conseguem fazer as coisas sem o peso de quem está a trabalho, mas com a alegria de quem está fazendo algo com amigos para amigos.
O pequeno Leonardo – Nascido pouco antes da pandemia, o caçula da família Noronha de Miranda sempre esteve acompanhando a mãe nos eventos da Vaquinha do Alimento. Isso explica a naturalidade com que ele, aos dois anos e meio, coloca itens que estão sob os cuidados dos pais nas sacolas das crianças que recebem o kit da Vaquinha do Alimento todos os meses.
Recentemente, seus irmãos apareceram neste periódico, numa matéria sobre voluntariado, ao lado do grupo jovem que ajudar nos eventos a cada mês. Ao ver o jornal junto com a família, o pequeno Leo questionou: “Cadê eu?, Cadê eu?”
Pois aí está você, Leo, com foto de capa, ensinando que desde sempre é bom, gostoso, saudável e possível fazer o bem sem olhar a quem.
Guilherme, acima, é o “braço direito” da coordenadora da Vaquinha do Alimento. Henrique, abaixo, é o fotógrafo dos eventos
Assim como os irmãos, Leonardo está crescendo acompanhando a cidadania ativa dos pais. Ele já participa nos eventos fazendo o que gosta: separar os iogurtes e entregar para a turma da VAL