Ano 4 | Nº 49 | Março e abril de 2010 | Salvador – Bahia
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13 de junho de 1951
I O CEPA: história de 1951 a 2010 K
N
O CEPA na Saúde, 9. a Saúde, 9 foi a primeira sede do CEPA. Era uma pensão, onde estudantes do interior, ocupavam quartos, era na parte de cima; na parte do meio havia uma mesa e cadeiras oferecidas pelo então Secretário do Governo Régis Pacheco, Pita Lima. Na parte central um crucifixo e ao lado na parede uma grande bandeira do Brasil. A casa foi benzida pelo Vigário da Saúde, Carlos Gaeschilin. A Associação dos Estudantes Secundários da Bahia dirigida por Hermano Gouveia Neto sediava-se lá. Tínhamos reuniões às quintas e aos sábados. Dois destaques: falaram nessa sede, o famoso jornalista Carlos Lacerda e o então estudante de filosofia e hoje muito conhecido, professor Hélio Rocha. Um sobre política nacional e internacional e o outro sobre folclore. Através de Lacerda conhecemos Manoel (Maneka) Rodrigues Pedreira. Nesta sede, Jorge Montalvão propôs e todos concordaram na criação do Grupo Monarquista da Bahia. O CEPA no Rosário, 2. Saindo da Saúde fomos para o Rosário 2, na Avenida 7, onde ocupávamos duas grandes salas e nasceu dela uma geração de cinema. Inicialmente com os irmãos: Jamil e Osman de Almeida Bagdede, José Teles de Magalhães, Luis Paulino do Santos, Jayme Cardoso, Calazans Neto, Fernando Rocha, Fernando da Rocha Perez, Ubirajara Rebouças, Paulo Gil Soares, Vivaldo Cairo que lançou o Livro Cinema Negócio Fabuloso, David Sales, Paulo Demarco que escrevia sobre cinema no Jornal A Tarde. Portanto, a geração de Glauber Rocha, inclusive João Carlos Teixeira Gomes e outros
estiveram no CEPA. Mulheres: Miriam Ribeiro Machado, Carmem de Berlim, Carmem Souza, a irmã Lauria, as irmãs Sentges, Ana Angélica Vergne de Abreu e outras. O CEPA no Edfício Itaípe em frente do Mosteiro de São Bento e também no Edifício Derike, no Terreiro: Genebaldo Correia, Edvaldo de Brito, Manoel Hermes, Luiz Gonzaga do Amaral Andrade, França Teixeira, Rizodalvo Menezes, Walney Moraes Sarmento, Paulo Cesar Torres e tantos outros. Uma geração política que participou da campanha o petróleo é nosso com o professor Eloyvaldo Chagas de Oliveira, também com Rômulo Almeida analisando as discussões sobre a PETROBRAS e combatendo a exploração por estrangeiros das areias monazíticas nas praias do sul da Bahia. Neste período foi entregue o primeiro título de Personalidade de Importância Comunitária, a Dom Jerônimo de Sá Cavalcati, OSB., o qual escreveu um longo artigo no Jornal da Bahia mostrando como era necessário a existência de um órgão como esse. De 68 a 81 devido ao AI5 o CEPA não se movimentou.
ofereceu uma sala com cadeiras e quadro negro, começamos o Curso de Filosofia chamado Integrativa, sendo eleito para o CEPA Jovem, Ademir Ismerin Medina. Neste momento nos aparece, uma grande amiga, sempre dedicada a letras, artes, poesia, Clarice Mascarenhas Meireles; é nesse período que se dá a morte de Glauber Rocha lembrado em reunião do dia 22 de agosto quando soubemos do falecimento. Depois o CEPA cresce com novas pessoas, inclusive com Antonio Sebastião dos Santos e vamos sediarnos na Congregação Mariana de São Luis, na Praça da Sé continuando o Curso de Filosofia onde apareceram 2 rapazes que vão se projetar no futuro: Luciando Costa Santos e Iraneidson Santos Costa; futuros Doutores em Filosofia e Ciências Sociais na Europa. Daí, passamos para o Canela, Colégio Nossa Senhora Aparecida que era dirigido pela senhora Maria Bernardes e lá se continuou aparecendo duas figuras que serão centrais no desdobramento do CEPA: A mineira Maria das Graças dos Santos e o castroalvino Eliseu Moreira. Depois passamos ao Colégio Vieira devido ao falecimento de Maria Bernardes. No Vieira continuamos e depois retornamos ao Barbalho.
CEPA no Barbalho Reabertura em 13 de junho de 1981, na Rua Souto Dalva. Com as presenças de Geraldo Leony Machado, Damário da Cruz, Benedito Lacerda, Jaime Silva Lima, Frei Eliseu Vieira Guedes, OC.; Petronílo Reis. Frei Eliseu achando o ambiente pequeno Gláuber Rocha no CEPA.
Maneka Pedreira. Continua na pág 5.
Confira nesta edição Polêmica dentro de um grande livro Germano Machado • pág. 2
E a lua nasceu azul... • pág. 2 Espaço do GEL • pág. 3 O homem não cabe dentro de si Paulo Balôba • pag. 4
A força da palavra. MaƟzes do vocábulo Arlinda Freitas Moscoso • pág. 5
Freud menƟroso?! – (I) Almerindo César de Quadros • pág. 6
O vendedor músico Marcos Brito • pág. 7
A lenda do comparƟlhar irreal Caetano Barata • pág. 7
Segredos da MatemáƟca: O Código da Criação Antônio ConstanƟno Pereira • pág. 8
AnƟamericanismo? Hellmut Contreiras • pág. 8
França Teixeira relembra seu tempo de CEPA • pág. 9 Macrovisão comparaƟva da cultura cienơfica: americana – europeia, asiáƟca e a brasileira Paulo Cezar Torres Silva • pág. 9
O CEPA faz pág. 10
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A VOZ DO CEPA • Março e Abril de 2010
Polêmica dentro de um grande livro Germano Machado*
Livros que chegaram ao CEPA
O
professor Ático Vilas-Boas da Mota publicou um livro altamente interessante para conhecimento dos brasileiros e, em particular, do Ministério do Exterior, dos diplomatas em geral, dos escritores, enfim de todas as espécies de pessoas que estudam a vida mundial. O nome do livro é: Brasil lturais. A edie Romênia – Pontes Culturais. ítora é Thesaurus de Brasília, D.F. É um livro com 1094 páginas e abrange todos os assuntos culturais, tanto da parte do Brasil quanto da Romêniaa e vice-versa, como: Pontee as da Linguagem das ciências sociais, das artes e afins, da literatura, do ensino, da porcio lítica, da economia, comércio e finanças, pensamento filoogias, sófico, ciências e tecnologias, ações, esportes, viagens, associações, rsonareligiões na Romênia, personamenos lidades de destaques, romenos solitários, Congressos, São Paulo e Bucareste como cidades irmãs, e ainda analisa Congressos e Seminários sobre ambos os países detalhadamente. Cuida ainda de personalidades romenas no Brasil, inclusive emigração e tantos outros setores. Tive a honra e o prazer de ser citado em homenagem presencial, onde aparecem nomes de grande relevo do Brasil e da Romênia. Entretanto, das páginas 287 a 292 tratando da literatura romena no Brasil, o ilustre escritor trata de um homem de grande relevo nos anos
E
50: Constantin Virgil Gheorghiu, que lançou um romance chamado A 25ª Hora. O primeiro comentário na Bahia foi feito pelo autor deste comentário. De imediato combatido pelo escritor Adalmir da Cunha Miranda. Em seguida, Ático Vilas-Boas trata dos traços biográficos de Gheorghiu. O motivo da polêmica foi motivada por divergência ideológica. Adalm da Cunha Miranda era Adalmir ain é, se vivo, marxista. ou ainda E eu, o oposto. Virgil Gheorghiu, depois de escrever vários livros e obter renome inte internacional, fez-se padre ort ortodoxo em Paris. Visitou o Brasil proferindo conferê rências inclusive em Salv vador, esta patrocinada p pela Universidade Católica do Salvador, sendo então seu Reitor Mons senhor Eugênio de AnVeiga E Gheorghiu fez questão drade Veiga. de encontrar-se comigo, o que foi feito no Instituto de Música indo depois o Reitor, vários professores, o célebre escritor e este escriba jantar na Pousada do Carmo e entramos pela madrugada, inclusive o saudei. A 25ª Hora teve tanta ampliação que foi para o cinema, cuja principal figura era o grande artista Anthony Quinn. Se, de um lado, na Revista Cultura do Diretório Acadêmico da Faculdade de Filosofia, escrevi o comentário sobre A 25ª Hora, Adalmir da Cunha Miranda retrucou
através de A Tarde que, também, publicou a minha resposta. Ático Vilas-Boas da Mota, em seu grande livro em todos os sentidos, diz assim: “Em compensação, os admiradores de C. V. Gheorghiu não perderam tempo em contra-atacar as premissas do crítico Adalmir da Cunha Miranda. Entre eles destaca-se a figura de Germano Machado que usou de todos os argumentos filosóficos para defender a obra do autor, procurando, por diversos meios, examiná-lo à luz do neotomismo de Jacques Maritain e bem distante da crítica externa, ou seja, a obra é vista por si mesma e muito distanciada das vivências e peripécias do autor, o que vale dizer, o radicalismo no exame da obra como fatalmente ligada à vida do autor, foi atenuado com a visão de que a obra – produto puramente ficcional – não deve ser examinada à luz de um binômino determinista: Vida e Obra”. Escrevi esse primeiro comentário brasileiro ao livro famoso A 25ª Hora e era o início da Guerra Fria. Em 1989 o stalinismo ruiu e as documentações do brasileiro, jornalista William Waack, então em O Estado de São Paulo e hoje na Globo, confirmou o que Gheorghiu afirmava sobre os horrores do stalinismo. O livro de Waack era Os Camaradas e, assim, considero que minha atitude foi concreta e lógica. *Germano Machado Fundador do CEPA BRASIL germanomachado83 @gmail.com
E a lua nasceu azul...
m 14 de maio do corrente ano, na Faculdade 2 de Julho, a Dr.ª Maria Vilma Baleeiro Lima lançou o livro E a Lua nasceu azul. O livro com 79 páginas prefaciado pelo fundador do Círculo de Estudo Pensamento e Ação, com produção gráfica e editoração eletrônica de Couto Colho, demonstra a continuidade da inteligência poética da mais antiga Conselheira do CEPA. Mantém estilo poético de beleza, harmonia e metáforas enriquecedoras. Por exemplo, seu poema Ao silêncio da luz, onde faz um trocadilho de beleza literária, ao mesmo tempo
filosofante como veremos: “O Deus do tempo, o tempo de Deus, nosso tempo é limite de sonhos e ilusões. Deus nos cobre de luz”. Há na poesia Teor das letras, conjunto linguístico, musical e artístico: “Da arte quero, apenas hoje, o teor das letras, o futuro e o presente. A palavra é amor, sempre o amor da arte. Hoje, o texto das telas. A figura do passado é sempre o homem pintor. Da arte quero,
apenas hoje, conhecer os sons, a melodia dos cantos, a harmonia. A figura do homem é sempre o presente cantor”. E é assim a poesia de Maria Vilma Baleeiro Lima. O lançamento na Faculdade 2 de Julho que o patrocinou, juntamente com a Federação das Academias de Letras e Artes da Bahia, Academia de Cultura da Bahia e o CEPA.
A VOZ DO CEPA • Março e Abril de 2010 Luzinete Mello Apressemos os passos rumo ao Sol... Não nos afastemos de sua luz. Tenhamos sua chama como elo de mãos unidas. Naveguemos na chama de sua energia, para projetarmos nosso amor, nosso abraço ao alcance de todos, numa aliança de corações contritos. Socorramos os mais necessitados com a graça do sorriso, com a graça da palavra amiga, com a graça do dia que nasce com fartura em nossos lares. Muitas manhãs já passaram, e mesas vazias, mulƟplicam-se, e desabrigados, mulƟplicam-se, enquanto a indiferença de muitos dilacera vidas. Empenhemo-nos mais. Soltemos as correntes que ainda laçam nossa vontade de servir com a graça da parƟlha. Apressemos os passos, sim, numa ação conjunta, na conquista de um novo amanhecer, para apreciarmos a integração do voo confiante de todos os pássaros.
Mais Amor Eterno
Ave Maria
Rafael Machado* Mãe, desculpe-me pelas vezes em que, preocupada a deixei. Mãe, desculpe-me pelas vezes, mesmo aborrecida soube me ouvir pacientemente. Desculpe-me por dinheiro desnecessário, que fiz você gastar. Mãe, me perdoe quando fiz você chorar. Me perdoe pelas vezes em que não soube lhe consolar. Em que não soube ouvir e a imitar. Desculpe quando fui egoísta diferentemente de você. Às vezes em que você desisƟu de seus sonhos e ouviu os meus e os realizou. Mãe agora envergonhado, sinto-me um lixo por não encontrar uma palavra que expresse tamanha magnitude e que consiga mostrar o que sinto por você. Nenhuma das línguas do nosso vasto planeta conseguiu descobrir o que sinto ao encontrar consolo e paz ao olhar em seus olhos. E, mais uma vez peço-lhe desculpas. Desculpas na língua portuguesa, a única a expressão que tente explicar isso é: Te amo. Amo-te. Te amo. Amo-te.
Rosa Maria* Maria, Mãe do meu Senhor, A mulher do sim. Maria, Mãe do meu Salvador, A Senhora do confim. Sendo jovem e copromeƟda Não exitas ao anjo escutar; Contrita e extasiada Jesus em teu ventre vais gerar. Mãe do Menino Jesus das dores e glórias Mãe que não vacila; Maria de todas as honrarias De infinda valia. Maria de coração meigo Porém, firme qual uma rocha; Mãe do aconchego, Doce amor em tocha. Maria, minha Mãe Maria, Segura-me pela mão; Ampara-me e me guia É vosso meu coração. *Rosa Maria é Diretora ExecuƟva do CEPA
*Rafael Machado, cepista
Dedicatória Rosana Paulo
Em cada poema que escrevo Deixo um pouco De mim mesma no papel... Como um quebra-cabeça Que não consigo armar Tem as incertezas da vida Lance estranho e arriscado O tédio de ir pra lida Depois de acordar tão cedo Querendo mesmo é dormir E sonhar Tem a tortura do medo Querendo me aprisionar A tristeza do choro conƟdo E a alegria do riso Leve solto e diverƟdo Tem a sensualidade latente Às vezes prestes a explodir O amor presente e o ausente O não saber como agir Diante de mágoas que não resolvi Tem chita e linho, João e Maria Água e vinho, noite e dia
Sem ter como separar Meus versos comungam Com a loucura Na incessante procura De quem realmente sou Não rejeito meu lado bruxa Meus conflitos e mau humor A correnteza de paixões me puxa E eu me deixo levar De olhos bem abertos Para espiar dentro de mim Nada é errado ou certo Tem pó de pirlimpimpim Não tem máscaras, mas tem fantasia Brinco com o que me assusta Esta é a minha poesia Que hoje ofereço a Ɵ! Rosana Paulo – cepista e arte-educadora
No jardim das emoções Eclode no jardim das emoções...Rebento Da semente de amor, agora, germinada! Todavia o florir nos traz feliz alento... Na árdua semeadura ao longo culƟvada. A natureza emite emoções a contento! Por toda creação una-manifestada... No caminho da luz, amor, paz... Pelo vento balouça rama em flor translúcida-orvalhada. De surpresa ao colher, às vezes, uma flor! Espinhos nos aƟngem em plena experiência... A verter emoções de sofrimento e dor. Com a mente a culƟvar o bem do coração! Forte seiva ao fluir nos meios da consciência... Floresce puro por amor os ramos da emoção. Helena Pires - Cepista
ESPAÇO DO GEL
Ação conjunta
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A VOZ DO CEPA • Março e Abril de 2010
O homem não cabe dentro de si Paulo Balôba*
O
homem por ser uma célula da sociedade, não cabe dentro de si, é preciso sair de si para contemplar tudo que há fora dele e dar nova significação das interações e conexões onde o externo e o interno estão sempre interagindo... Eu só me conheço quando olho no espelho, não ao espelho narcisista, mas o espelho onde reflete a minha semelhança com o outro. Como somos constituídos de átomos, o outro é tudo que existe na terra ou no universo... transformando o que há de concreto ou subjetivo do meu entendimento das coisas com que me relaciono. Porque além da matéria, possuímos um espírito em desenvolvimento que nos conecta com o infinito. Dentro dessa perspectiva as pessoas vão criando coisas para o benefício da sociedade... Mas nem sempre esse objetivo chega a todos e, às vezes esses benefícios vêm a ser prejudiciais para alguns grupos de pessoas, à busca do poder social, econômico e político. Sempre geram conflitos, e esses conflitos nem sempre são vencidos por grupos que visam o desenvolvimento das comunidades mais carentes. A política é a mola mestra para dar rumo às prioridades das classes mais necessitadas. Outro setor primordial para o desenvolvimento da
sociedade é a educação. Porém como a política, a educação às vezes exerce um poder de manipulação aos menos desprovidos dos conhecimentos científicos. Muitas vezes estão a serviço de grupos que não visam o desenvolvimento social como um todo e sim a serviço de pequenos grupos que só visam o poder econômico sem se preocupar com o bem estar tanto das pessoas como do planeta, no que diz respeito à ecologia para a sobrevivência da terra, hoje, amanhã e sempre. Vejo nas religiões um ponto de equilíbrio para dar norte à sociedade. Visa o bem estar espiritual em contrapartida do consumo desenfreado que os meios de comunicação induzem a sociedade onde só satisfaz a matéria por um curto espaço de tempo e logo é descartável, um aspecto do desenvolvimento tecnológico que trouxe e traz benefício à sociedade. Podemos citar, como exemplo, a indústria automobilística, sendo essencial para o desenvolvimento da sociedade, porém esse desenvolvimento está se voltando contra as pessoas e o planeta. Haja vista, os engarrafamentos que os grandes centros urbanos enfrentam causadores de muitas doenças tanto pela poluição como pelo sedentarismo e estresse que as pessoas passam.
Tendo como prisma o desenvolvimento social, muitas coisas avançaram principalmente na medicina. Basta imaginar a cura de muitas doenças elevando a perspectiva de vida do homem com relação há séculos atrás. Outro setor primordial que avançou e vem avançando é a agricultura, ela é e será essencial no futuro, porque a sociedade só se desenvolve se houver energia e os minérios um dia se esgotarão. Há uma pesquisa que estima que daqui a cinqüenta anos, o petróleo não atenderá a demanda do mercado. A agricultura a exemplo do hidrogênio, da energia eólica, da energia solar como outras, vai ser um fator essencial para gerar energia... Por isso, precisamos sair de nós mesmos, e nos preocupar com nossos semelhantes porque só posso me amar se me relacionar com o próximo e com Deus. Ninguém se ama solitariamente, quando nos preocupamos com o
semelhante buscando o seu desenvolvimento social, político e econômico com equilíbrio, sentimos que fazemos parte da sociedade como um todo.
*Paulo Balôba cepista.
A VOZ DO CEPA • Janeiro e Fevereiro de 2010
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Continuação da Capa:
I O CEPA: história de 1951 a 2010 K Trabalhos publicados: 8 números do Jornal Grande Salvador, 10 números da Revista Logos, uma revista sobre teologia com padres e pastores. Nesta sede do CEPA entre 81 e 91 foram publicados mais de 150 livros de filosofia, teologia, educação, antologias poéticas e de crônicas; 7 concursos nacionais de poesia e prosa, 2 concursos internacionais com poesia e prosa em português, inglês e espanhol; uma revista totalmente homenageando Castro Alves e uma Antologia Castro Alves Vivo. Nessas Antologias homenagearam-se: Cora Coralina, Zumbi, Rubem Braga, Castro Alves, Elizabete Bishop e Carlos Drummond de Andrade. Foram publicados 31 números da Revista
CEPA Cultural, distinguindo-se no seu trabalho Luiz Germano Ribeiro Machado, Davi Bernardo Ribeiro Machado, Graciela Santos, Joaquim Munduruca, Roberto Leal Correia, Alexandro Santos, Ivan de Almeida e Idenilton Santos. Foram feitos na Fundação Visconde de Cayru Cursos de Filosofia Integrativa, no Museu Geológico da Bahia por 4 anos, no Salão Nobre do Instituto de Música da Ucsal cedido por sua diretora Maria Dulce Calmon que foi a segunda a receber o título de Personalidade de Importância Comunitária. Além destes já citados, receberam o título: Dr. Jorge Calmon, da A Tarde; Leda Jesuíno. No ano 2010 foi realizado o 3º curso de férias de Filosofia das Religiões.
CEPA sente saudades permanentes Manoel Rodrigues Pedreira (Maneka Pedreira), Jorge Montalvão, distinguindo o espírito puro de Joalbo Oliveira e ultimamente, o grande amigo, Damário da Cruz.
Distinguindo professor José Augusto Guimarães, eleito Educador do CEPA do ano de 2009. Entre os jovens, ressaltamos José Abbade, Rosana Paulo, Celso Xavier, Roberto de Paula, Carlos Souza, Adma Nunes, Gilson Figueiredo.
Agradecimentos permanentes Graciela Santos Elgart e Allan Elgart, Joaquim da Costa Munduruca Neto, Eduardo Mendonça, Antonio Massa. Nos últimos anos seguidamente assinalamos: Almerindo César de Quadros, Antônio Constantino Pereira, Antonio Fernando Barbosa Sacramento, Paulo Cesar Torres, Luiz Gonzaga do Amaral Andrade, Caetano Barata, Almerindo Quadros, Rosa Valente.
Agradecimentos aos blogs www.caetanobarata.wordpress.com http://3navegacao.blogspot.com/ http://aqueimaroupa.com.br/ http://www.sentinelasdaliberdade. com.br/
A força da palavra. Matizes do vocábulo Arlinda Freitas Moscoso*
N
os meus textos, seja em prosa ou poesia – procuro reverenciar o que entendo ser a mais importante inventiva do gênero humano: a PALAVRA. Em verdade devemos usá-la com o máximo respeito, atribuindo a cada vocábulo o seu real sentido, dentro do contexto e das circunstâncias em que for empregado. Atente-se para a evidência das palavras adquirirem sentido e consistência em períodos adequadamente elaborados que ofereçam real significado ao pensamento que se deseja expressar. A palavra, com suas características próprias, possui sensibilidade e requinte. Não pode ser usada a ermo, quer na forma escrita ou na verbalizada. Nem pode ser trocada ao acaso por sinônimo inadequado. Para exemplificar, captamos o termo persuadir com os sinônimos: aconselhar e convencer. Aconselhar traz o fluxo da emoção, geralmente de quem deseja o bem de outrem. Encaixa-se com mais acerto, no discurso, na palavra falada que propicia o toque de mãos entre quem aconselha, e o que é aconselhado. Convencer tem mais a ver com exame acurado dos fatos e dos elementos
à disposição no debate. É apelo da inteligência que permite o desenrolar do raciocínio lógico e de argumentos bem elaborados para contrapor-se a uma ideia ou opinião. O instrumento mais apropriado nesse jogo é a palavra escrita, com seus desdobramentos de reflexões e arrazoados lógicos. Alegoria, expressão que personaliza uma obra literária ou artística, também serve para demarcar enredo de escola de samba em apoteose, nos dias do Carnaval, desfilando na avenida. A festa do Momo remete a RESSACA, indisposição gástrica, após a embriaguez, comum aos foliões mais exaltados. Em sentido figurado, ganha significado mais salgado e menos alcoólico: encontro de uma vaga do mar com uma nova onda. E, para não silenciar sobre termos mais utilizados na linguagem coloquial dos nossos dias, mencionemos o vocábulo relaxar. Expressão escorregadia, que tanto pode ser empregada no sentido de abrandar, como de depravar; de suavizar, como de perverter. O essencial sempre estará no entorno da moldura e valor da contextura em que for apresentado o vocábulo.
A mais importante função da palavra é, sem dúvida, a comunicação. Mas, não visando apenas, informar ou desfazer dúvidas. Sua mais consistente meta só será atingida sob forma de diálogo. Implica em exercício da inteligência e troca de emoções. Como já sabiamente observado: “Toda a história da humanidade está marcada pelo esforço de Deus para entrar em diálogo com o homem”.
Assim é a palavra: esfinge de inumeráveis faces, pedra angular da cultura e da civilização. Fio de seda e também de aço, de um novelo de inesgotável fiação.
*Maria Arlinda Moscoso é baiana, advogada, educadora, Membro Efetivo da Academia de Cultura da Bahia, Membro Honorário a Academia Internacional de Letras Artes y Ciências com sede em Buenos Aires, Argentina, Conselheira do CEPA – Círculo de Estudo, Pensamento e Ação.
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A VOZ DO CEPA • Janeiro e Fevereiro de 2010
Freud mentiroso?! – (I) Almerindo César de Quadros*
O texto que se segue não é uma procuração, não é um documento oficial, não é, sequer, um conjunto de considerações relativas à Filosofia, como os que sempre figuram neste espaço, e vou começá-lo assim:
E
u, pobre mortal, acabei de ler, em página do Folha de S. Paulo de 27/04/2010, que um filósofo francês – Michel Onfray - acaba de lançar um livro (O Crepúsculo de um Ídolo, a Fábula Freudiana) em que considera Freud mentiroso e tenta igualar, a Psicanálise com a Homeopatia. Nem Freud pediria que eu o defendesse, nem sou advogado à altura para defesa de um suposto réu da sua envergadura. Mesmo assim, é quase impossível ficar indiferente e não se manifestar ante tão importante ocorrência. Não existe ninguém perfeito, mas, acusar um dos gênios da humanidade de mentiroso é, sempre, um gesto
Ernest Haeckel.
de abuso de poder, de ousadia ou de coragem. Ficaremos no aguardo das razões do filósofo francês, mas, enquanto elas não chegam, aqui vai este comentário inicial, que poderá ser reformado no todo, ou em parte, ou mantido. É próprio dos gênios terem, nas suas respectivas épocas, visões da realidade, ou cosmovisões, que só serão captadas e entendidas, por parcelas maiores da humanidade, séculos ou milênios depois. Mas, se o gênio quer falar ou ser entendido por seus contemporâneos, quase sempre tem que fazer ajustes em sua maneira de ver a realidade. E, se não os faz, correrá o risco de ser perseguido ou de ser excluído. Assim aconteceu com Ernest Haeckel, que, por ter apresentado, diretamente e sem rodeios, o seu monismo naturalístico, terminou por ser tido como falsário, mesmo contando, na época, com o apoio da Maçonaria. Fato semelhante aconteceu, também, com o jesuíta Pe. Pierre Teilhard de Chardin, que, na primeira metade do século passado, já conseguia antever o desaparecimento futuro da metafísica, mas, na tentativa de ser aceito por seus coetanos, mitigou o seu monismo naturalístico através de uma teoria conciliatória denominada hiperfísica. (Concessão que não impediu
que ele encontrasse as maiores limitações à difusão das suas idéias.). Se, por um lado, Sigismund Freud se opôs ao ontologismo da psicologia racional religiosa, por outro lado fez concessões ao ontologismo racionalístico-filosófico da cultura de sua época (1) O Dr. Michel estará reclamando porque Freud fez concessões ao ontologismo, ou metafisicismo dominante na Psicologia em seus dias, ou estará querendo mais Metafísica onde ela não mais deveria existir? Aguardarei a chegada do livro do Dr. Michel Onfray ao Brasil Freud. para tirar a dúvida. Em nossos dias ou nesta primeira década do século XXI, quando não mais se necessita de demoradas reflexões para concluir que é a Física que dita e constitui a realidade e não a Metafísica, a Psicologia de uso mais corrente entre nós continua eivada do ontologismo que vem das idades Antiga, Medieval e, até mesmo, da Moderna(2). Em conseqüência disto, verifica-se que a nossa Psicologia é, ainda, digamos assim, esmagadoramente mais racional (3) e antinatural. Se, hoje, ainda é assim, imaginemos a situação ao tempo de Freud, quando se visualiza um século atrás. Por questão de espaço não será comentada a analogia feita entre Psicanálise e Homeopatia, ficando, isto, para o próximo- número. Notas:
(1) Os conceitos de ego, id, etc. formulados por Freud, se, por um lado, se opuseram aos conceitos antigos de alma, ou de espírito da ordem cultural religião, por outro lado terminaram adquirindo uma conotação
ontológica e dualística de uma metafísica racionalístico-humanista. (2) Este modo de dividir a História em Idades tem, hoje, um uso limitado devido ao fato de sua validade ficar restringida, na maioria das vezes, à cultura européia. (3) O conceito atribuído ao termo racional, aqui, é de uma realidade ontológica, metafísica, partindo da crença de que o pensamento não é uma forma de energia e, também, que tem outra origem que não os sentidos. Não existe a dualidade – realidade racional e realidade natural ou instintiva: a racionalidade é um estágio evolutivo da sensibilidade tornado possível na espécie humana em face da evolução do seu sistema nervoso. Por terem uma mesma origem, conhecimento sensível e conhecimento racionalização, ambos naturais, não havendo mais sentido se falar em Psicologia Racional, entendendo-se a razão como uma realidade ontológica.... *Almerindo César de Quadros, mais conhecido como professor Quadros, é licenciado em filosofia, aposentado do magistério secundário da Bahia, integrante do CEPA, da ACB, do GACBA e autor do livro “Monismo x Dualismo”. almerindoquadros@uol.com.br.
A VOZ DO CEPA • Março e Abril de 2010
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O vendedor músico Marcos Brito*
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parentava ter seus ta e um metro e oitenta eu oito centímetros, seu sotaque, um pouco diferente, levou Sérgio a conbelos cluir ser um estrangeiro. Cabelos ou ruivos, pele clara. Algo chamou atenção do vendedor. Sérgio olhou a cabeça do jovem e observou a trança de raiz. Aproximou-se e o cumprimentou saudando e oferecendo-se para ajudá-lo no que pudesse na loja. Respondeu: – Cheguei ontem da Alemanha e o apartamento em que estou instalado não tem TV. Sérgio, como sabia algumas palavras do alemão, o elogiou.
– Muito obrigado. Respondeu Willhelm Ernest, qu também falava português. que Interrogou-lhe Sérgio: – Você fala alemão? – Um pouco. Respondeu o vendedor. E completou: – Estudo violino e meu c compositor preferido é Johann Sebastian Bach (1685-1750). – Podemos combinar um dia para ouví-lo tocar violino? – Trouxe o meu violino, completou. Falou Sérgio completando: – Posso tocar o violino um pouco.
E, sem demora, foi onde guardava seu objetos e trouxe o violino. Afinou o instrumento e tocou a primeira peça – o Concerto de Brandenburgo. – Perfeito, falou Willhelm. Sérgio, após concluir, deu continuidade tocando Jesus alegria dos homens. Willhelm, maravilhado, o aplaudiu e perguntou: – Você sabe tocar a Cantata 156 de Bach? – Mas, é claro! respondeu Sérgio. Enquanto Willhelm ouvia a última peça, lágrimas desciam de seus olhos. Ao final, quando Sérgio acabou de tocar a cantata Willhelmperguntou-lhe se poderia voltar ao
assunto relacionado à TV. O vendedor, sem titubear foi à seção de TV e explicou ao cliente sobre marcas, preços e Willhelm objetivo: – Quero o último lançamento. Tela plana, de plasma... Pagou à vista. Para o vendedor, um sucesso. Willhelm se despediu de Sérgio com um abraço caloroso. O gerente da loja comentou: – Sérgio, você conseguiu vender uma excelente TV. Sérgio lhe respondeu: – E resolvi também um problema de nostalgia...
*Marcos Brito – Cepista.
A lenda do compartilhar irreal Caetano Barata*
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“O grande segredo para a plenitude é muito simples: compartilhar.” (Sócrates)
iz uma lenda que um jovem discípulo iniciou um diálogo cheio de si e de razão enfatizando suas palavras; depois de ouvi-lo, o mestre respondeu apenas: – Não poderemos comprovar a veracidade dos fatos, disse o mestre. Ao que o jovem aprendiz não satisfeito balbuciou: – Mestre, o que é o irreal? O mestre sorriu e sentando com o discípulo à beira do caminho começou: – Um dia, um homem de meia idade voltando para casa depois do seu longo dia de trabalho caiu num buraco em meio ao caminho. Dentro do buraco constatou que não teria condições de, sem receber ajuda, sair daquela situação. Sentou-se diante da sua impossibilidade e permaneceu ali, até ouvir barulhos de passos. O jovem olhou para o mestre como quem diz: “De onde virá o
irreal quando um homem cai dentro de um buraco, a situação é fática, estar-se dentro de um buraco”. Mas, não teve coragem de interromper a verbalização do mestre amado. O mestre observou a mudança no semblante do jovem, sabendo que sua ilustração já constituía uma ebulição na mente do jovem discípulo e continuou sem nada dizer: – Os passos pararam de repente e uma grande sombra surgiu no buraco. Um homem imenso falou com voz firme: “Ei, tá me ouvindo bem?”, ao que o homem dentro do buraco respondeu: “Sim, estou lhe ouvindo perfeitamente”. O homem fora do buraco olhou ao redor como suspirando a buscar forças no universo e continuou: “Você está sentindo alguma coisa?”, o homem dentro do buraco respondeu: “Sim, minha perna está quebrada e dói muito, entretanto, louvo a Deus por não ter caído de cabeça e morrido”. O homem do lado de fora suspira mais uma vez e completa: “Ei, então, estou indo, quando você sair,
me procure que vou lhe ajudar no tratamento da perna”. Sem esperar resposta o homem foi embora. – Mestre, eu não acredito que alguém faça isso. Resmungou o jovem discípulo, ao que o mestre naturalmente respondeu: – Isso é o irreal. Nesse caso, chamemos de solidariedade irreal,
compartilhar irreal, amor irreal. E, ao contrário do que você pensa, ainda existe muito entre os homens não evoluídos, que não possuem nobreza e fracos de espírito, os quais não descobriram o real valor do ato de compartilhar. *Caetano Barata – Poeta, ativista cultural em Simões Filho e Conselheiro do CEPA.
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A VOZ DO CEPA • Março e Abril de 2010
Antônio Constantino Pereira*
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o se deparar com a imensa complexidade do universo, o homem sempre buscou explicações para entender os fenômenos naturais observados desde os primórdios da civilização. Esta busca pela ordem natural das coisas foi transformada em padrões e a matemática utilizada como forma de expressão para estabelecer a correspondência entre suas estruturas e os fatos reais da natureza. Então, poderíamos questionar: seria possível desvendar a complexidade do universo e entender a "mente de Deus” usando a linguagem matemática? Certamente, esta é uma das possibilidades de entendimento dos segredos da natureza, embora não seja facilmente apreensível por todos. Seguindo esta tendência investigativa, a Revista Passos, em sua edição brasileira de abril deste ano, reporta recente descoberta em relação à proporção áurea, a relação perfeita da harmonia, o número 1,618 (o “número de ouro’’, chamado fi, inicial do escultor e arquiteto grego Fídia, que lhe deu o nome). É o número rea: a relaque representa a seção áurea: ção entre duas grandezas, diferentes entre si, onde a maior é o meio proporcional entre a menor e a sua soma. É a relação quee faz com que uma parte es-niteja na proporção harmônião ca com o todo. Esta relação perfeita da harmonia, utiade lizada desde a Antiguidade, está presente tanto na arquitetura quanto na figura humana em diversos outros ramos do conhecimento. A descoberta reportada revela que esse número ocorre inclusive em nosso sangue: no universo de 150 mil pessoas pesquisadas por uma Universidade Austríaca, mostra que a saúde melhor em termos de expectativa de vida é daqueles que têm a
relação entre pressão arterial máxima e mínima igual a 1,618 (número irracional igual a metade da 1 + √ 5, isto é, uma das duas possíveis raízes da equação x2 – x-1 = 0) . No início do ano, a revista americana Science também relatou uma pesquisa que encontrou em escala atômica descrevendo um sistema de átomos responde, quando perturbado, como se fosse uma corda de violino, gerando notas cujas vibrações estão em relação aproximada de 1,618. A relação perfeita pode ser observada nos cristais de gelo dos flocos da neve, no corpo humano, nos chifres em espiral de um carneiro, numa estrela do ar de cinco pontas. Há, pois, uma dimensão harmônica, presente na natureza viva bem como na criação artística. Também observada na relação entre a base e altura da pirâmide de Quéops, no retângulo áureo do Partenon ou numa espiral logarítmica da abadia beneditina de Melk e até na música: o exemplo de maior rigor é a obra para orquestra La Mer. Com ele, o artista remete à criação. Co Como se observa, o segredo da harmonia oculta, prese presente na geometria, mús música, arquitetura, químic zoologia e botâmica, nic cria uma admiranica, çã e gera uma grande ção in interrogação. Parece h haver uma estreita correspon correspondência entre nossa razão subjetiva e os fatos naturais traduzidos pela matemática. Tudo indica que nossas mentes estão de tal modo sintonizadas com a estrutura do Universo que são capazes de penetrar nos seus segredos mais profundos. *Antônio Constantino Pereira, Engenheiro Químico, Conselheiro do CEPA
Antiamericanismo?
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lguma coisa está dentro da ordem, dentro da nova ordem mundial. O século XX foi a era da ascensão e consolidação da hegemonia dos Estados Unidos, potencialmente dominantes, notadamente depois da segunda grande guerra. Muitos foram os fatores da supremacia norte-americana nas relações internacionais, especialmente sobre os chamados países periféricos, de economias deficientes. O frio duelo bélico entre o capitalismo e o comunismo acentuou as ofensivas e estratégias de dominação desta ou daquela ideologia. Então, lançaram-se mãos de todos os meios que favorecessem a propagação de
www.whitehouse.gov
Segredos da Matemática: O Código da Criação
Obama e Lula, e retrato de Abraham Lincoln.
Hellmut Contreiras* uma e de outra. Da indústria cultural ao poderio armado, passando pelas intervenções estratégicas em outros países ao redor do mundo, prevaleceu o sonho americano, a todo custo. Agora, um novo horizonte se confunde ao sol. O antiamericanismo soa como grito de liberdade, alforria e independência multilateral. Está posto o equilíbrio entre as nações. A eleição de Barack Obama, governos populares que despontam e predominam, Copas do Mundo de Futebol na África e no Brasil, as Olimpíadas no Rio... Finalmente, podemos aumentar o tom de voz sem baixar o nível do debate. A despeito de toda a onda transformadora, não podemos, porém, transferir comando de um extremo a outro. A democracia na América Latina deve ser observada em toda a sua legitimidade, sob pena da transferência de culpa por nossos males. Em nome de um ideal libertário, está em curso um ardil antidemocrático e autoritário, disfarçado de antiamericanismo, que nada serve aos nossos reais interesses, muito menos à nossa luta. *Hellmut Contreiras, jornalista. (hellmut@atarde.com.br)
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Macrovisão comparativa da cultura científica: americana – europeia, asiática e a brasileira Paulo Cezar Torres Silva*
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or força de minha atividade empresarial e decorrente da atual conjuntura sócio econômica que o mundo vivencia, visitei os Estados Unidos da América por duas vezes. Em fevereiro/março precisamente nos dias 27 de fevereiro viajei para Orlando no estado da Florida para participar da Conferência de Petersburg que acontece simultaneamente com a PITTCON, é um evento de real significado e importância para a comunidade científica mundial, nesse evento o participante conhece as novidades tecnológicas que estão em evidência em todo o mundo, discorre e discute as novidades e experiências novas das atividades no âmbito da Química, Física e Biologia dentre outros segmentos e, sobretudo recicla os conhecimentos no propósito de conhecer, cada vez mais, as novidades e métodos experimentais que é o objetivo do evento. Nas conversações e visitas empresariais que realizei pude fazer varias observações de caráter profissional e específico à minha atividade e também o comportamental dos empresários americanos, europeus e ocidentais. Vivenciei situações de perplexidade com a maneira de como pensam os povos chamados de ‘desenvolvidos’, quer sejam os americanos,
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europeus e asiáticos. Pensam e agem diferentemente de como agimos nós, principalmente os povos sul-americanos e de modo especial os brasileiros. ões, Fatos e ações, eu poderia rela-tar vários, mas vou me ater em um fato isolado que, por si só, subsidia o título desse singelo relato. Em uma conversa informal entree empresários na m requal participavam presentantes de varias nacionalidades, Americana, Alemã, Japonesa, Indiana, Chinesa e Brasileira ouvi e vivenciei métodos e maneira de se conhecer e entender o porquê o nosso desenvolvimento científico tem o seu cordão umbilical preso e dependente do mundo desenvolvido científicamente, nesta linha de raciocínio o nosso progresso fica refém da benevolência estrangeira e de iniciativas isoladas de cidadãos abnegados do nosso País. Nesse caso particular, várias ações e providências podem e devem ser empreendidas para que o Brasil possa vir a figurar no cenário mundial
como o País, que independentemente de ser o País do futebol, das suas belas mulheres, da sua beleza natural, da sua potencialidade de um dos principais país do mundo em países fo fornecer alimentos, minerais e, sobretudo um povo inteligente e criativo. Na minha modesta ótica de ver, entendo que o que nos falta é uma m melhoria educacion em todas as cional direçõe direções, especificamente no segmento básico da sociedade e, conseqüentemente, no patamar maior em conseguir formar doutores e técnicos capacitados para acompanhar o desenvolvimento científico que se processa no mundo. Registre-se que condições para efetivação desse intento não nos faltam, basta verificar que os brasileiros que se aventuram a trocar o torrão natal por outras plagas dotadas de maior estágio de desenvolvimento, buscam e sedimentam conhecimentos e são sempre bem sucedidos. O que nos falta mesmo são líderes preocupados com os propósitos maiores de
sua gente, oferecendo a oportunidade de CRESCER E CRESCER – CAMINHAR E CAMINHAR com as suas próprias condições e pernas. Isso não significa que deixemos de estar antenados com os princípios participativos e buscar fazer acontecer através de uma ação política mais representativa nas decisões dos nossos governantes. Neste momento estou em NEW YORK buscando incrementar novos negócios e oportunizar relações com empresas altamente desenvolvidas no segmento tecnológico para permitir que a minha atividade empresarial ofereça não somente equipamento e insumo elementar para utilização científica no segmento laboratorial, e sim possa contribuir de forma pragmática para que o nosso desenvolvimento se estabeleça de maneira vibrante e altaneira. PRECISAMOS ESTAR ATENTOS PARA NOS SERVIR DOS BENFEITORES DE QUALQUER SEGMENTO E PAÍS, MAS NÃO PODEMOS E NÃO DEVEMOS SER SUBALTERNOS ETERNAMENTE A ESSA CONDIÇÃO. TEMOS QUE TER A NOSSA PARTICIPAÇÃO ATIVA E RECONHECIDA PELA COMUNIDADE INTERNACIONAL. *Paulo Cezar Torres Silva Empresário e Conselheiro do CEPA
França Teixeira relembra seu tempo de CEPA
o dia 14 de janeiro do presente ano, na Tribuna da Bahia, em sua coluna diária França Teixeira em comentário com título: Taba dos Órixas, depois de tratar de vários assuntos, dá o seu depoimento sobre o CEPA, afirmando: “Círculo de Estudo Pensamento e Ação 58 anos. Do CEPA, excelentes recordações... Pensávamos o Brasil no Edf. Derik, Terreiro de Jesus, numa pequena sala. Nas tardes de sábado, estudávamos o país. Germano, e se
a memória corresponde, Walney Moraes Sarmento, Manoel Vitório (Pai), Genebaldo Correia, Álvaro Martins, Jessé, Manoel Hermes de Lima e outros. Os constantes eram eles, a radiografia, creio, está correta. Eu comparecia quase sempre quando “A Taba dos Órixas”, as batidas das sabatinas, da escola de direito, no Vale do Canela permitiam. Germano estava começando a sua difícil e admirável missão. Tive a oportunidade de vê-lo brilhando feito brasa, estrela, no fogo
dos cultos, ao passar na posse de Joacy Góes na Academia. Gratidão ao abnegado professor Germano Machado. Muito obrigado por ter despertado neste obtuso e confuso ex-comunicador, deputado frustrado e conselheiro arrependido, os primeiros e pueris sentimentos de cidadania e patriotismo. No CEPA aprendi “balaio não segura lacaio, galinha para pegar, há de ser com milho”. E o significado maior da banalizada expressão “Ordem e Progresso”. Glória
a Ti Germano Machado, neste dia de Glória, Glória a Ti Redentor, 58 anos conduzindo tantos jovens às vitórias, pesquisando o Brasil e suas complexas vicissitudes. Germano já é da Academia? Se ainda esquecido, tem o meu apoio e voto. Sou igual a Ibrahin Sued, acadêmico sem colar, pulseira e fardão! Ademan. Vou em frente, porque cavalo não sobe nem desce escadas... Good laundry. Boa Lavagem. Esperança e Fé no que virá.
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A VOZ DO CEPA • Março e Abril de 2010
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O CEPA faz
o dia 06 de março, o advogado Dr. Osvaldo Novaes palestrou em comemoração ao dia da mulher sobre o tema: A mulher hoje, no edifício Juiz Paulo Fontes, Campo Grande. No dia 13 de março, no Edifício Juiz Paulo Fontes, em comemoração ao dia da poesia e ao aniversário de Glauber Rocha foi exibido o documentário Memória – pelo professor José Augusto Guimarães; seguido de sarau poético com Rosana Paulo contando estórias. No dia 20 de março, após exibição do documentário “Pro dia nascer feliz”, realizou-se mesa redonda sobre a Educação Hoje com a
presença do professor José Augusto Guimarães (Facceba), do Dr. Osvaldo Novaes, da gestora escolar Edilene Silva e Silva, do Colégio Estadual Raimundo Matos e do professor Germano Machado. No dia 10 de abril, o CEPA recebeu a presença do Dr. Mariolando Assis, professor de Direito Público falando sobre Direito e acompanhando ao violão a cantora e artista plástica Cyda Lyma. No dia 17 de abril, em comemoração ao dia do livro infantil, a escritora Licínia Ramizete explanou sobre os caminhos editoriais e sua experiência em publicações, apresentando seu livro O Vampiro da Internet.
A gestora de educação Edilene Silva e Silva.
Iara Castro no violão.
Expediente
A VOZ DO CEPA Órgão de Divulgação EducaƟvo-Cultural, Filosófico e Literário do Círculo de Estudo Pensamento e Ação – CEPA)
Diretor Geral: Germano Machado – DRT 5312
O CEPA no Edifício Juiz Paulo Fontes.
Relações InsƟtucionais: Paulo Cesar Torres e Antonio ConstanƟno Pereira Conselho Editorial: Germano Machado, Almerindo César de Quadros, Caetano Barata, Adma Nunes, Natanael Miranda, Carlos Souza, José Abbade, Nilza Silva Oliveira, Rizodalvo Menezes, Maria Arlinda Moscoso, Couto Coelho e outros. Diagramação: Maitê Coelho (maitescoelho@yahoo.com.br) Os arƟgos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. Rua Souto Dalva, 98 – Salvador – Tel: (71) 3242-0502 E-mail: cepaadmin@gmail.com e cepagefgel@gmail.com
Celene Fonseca.
Como Órgão EducaƟvo-Cultural sem fins lucraƟvos, colabore conosco depositando o que for possível para A VOZ DO CEPA – Banco Bradesco; Ag. 3551-3, Conta-corrente 15470-9 – Shopping Baixa dos Sapateiros.
“NÃO DEIXE ESSA CHAMA SE APAGAR”
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