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EDITORIAL Surpresa. Resumiria assim a minha reação com a primeira edição da revista Camisa 13. Muitos elogios, atleticanos ajudando – e muito – na divulgação e (muita) ansiedade de dezenas de pessoas que me perguntam diariamente a respeito da segunda edição. Uma breve história da Camisa 13 – se é que já temos. Em abril estava com o cotovelo quebrado devido a uma dividida no futebol e um estiramento muscular grau 1 na panturrilha que tem me causado alguns transtornos. De férias na empresa, sem o que fazer e sem o que poder fazer, criei essa revista. Confesso que não tinha muitas expectativas. Pensei em retomar um Podcast de futebol chamado Café Com Leite no SoundCloud, mas como consumo diariamente conteúdos underground do Atlético, pensei em entrar para o meio desta trupe com algo diferente. Mas o que? Como sempre gostei de escrever, pensei em uma revista digital.
Editor Chefe Stéfano Bruno Produção Stéfano Bruno Artes Stéfano Bruno Contribuiu nesta edição Jean Patrick
Contato Bom, talvez a história não seja tão legal e surpreendente, mas assim surgiu a revista Camisa revistadogalo@gmail.com 13, com a ideia de lançamento mensal, sempre dois dias após o último jogo oficial do Atlético no mês. Já na segunda edição mudei completamente a revista, que agora está sendo feita com um visual mais profissional. Já nesta segunda edição temos a primeira entrevista da nossa revista. Rafael Carioca foi o escolhido. Questionado por uns, amado por outros. O volante divide opiniões. Não fugiu das perguntas sobre críticas e ainda aconselhou o Elias. Também nesta edição veremos todos os jogadores do Atlético que foram convocados para a Copa do Mundo, Copa Conmebol e... no dia 4 de junho completa-se seis anos da contratação do Ronaldinho. Contarei como recebi a notícia, a minha reação e o meu primeiro ato após o anúncio oficial. E você, o que estava fazendo e como reagiu? Para finalizar, a critério de curiosidade o meu nome é Stéfano Bruno. Se quiser, sinta-se à vontade para me seguir no Twitter: @StefanoBruno07
Foto de capa: Reprodução/Atlético - Arte: Stéfano Bruno/Camisa 13
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SUMÁRIO 4
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COLUNAS Confira as colunas de Stéfano Bruno e James Campelo
DE OLHO NA BASE Conheça o meia Vinícius, destaque do sub-20 do Galo
ENTREVISTA Confira a entrevista exclusiva com o volante Rafael Carioca
QUEM É O MELHOR? Veja o aproveitamento e todos os técnicos do Galo desde 2010
ESTATÍSTICAS Veja, em números, o desempenho do Atlético em maio
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CONMEBOL Veja um pouco da história da Conmebol e todas as participações do Galo
COPA DO MUNDO Todos os jogadores do Galo que já foram convocados para a Copa
É PÊNALTI! Saiba quantos pênaltis foram marcados em jogos do Galo desde 2000
FOI REAL? O sonho de videogame que se tornou realidade
MEMÓRIAS Fatos, jogos e contratações históricas do Galo em maio
FICHAS TÉCNICAS Veja as fichas técnicas de todos os jogos de todas as categorias do Atlético em maio
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COLUNAS Stéfano Bruno @StefanoBruno07
São 15 minutos do segundo tempo da prorrogação. Falta perigosa para Gana, ao lado direito da área. É o último lance antes de uma possível disputa por pênaltis. São as quartas de final da Copa do Mundo. A defesa uruguaia se arma e a falta é cobrada.
o árbitro havia indicado quatro minutos de acréscimo. Surge um lançamento que pensei ser despretensioso, mas o desvio de um jogador da equipe mexicana indicou perigo.
var com os pés em cima da linha. O rebote foi para outro ganês, que cabeceou livre... gol? Não. Fucile tentou fazer a defesa, mas errou a pelota, que não passou por Suárez. Desta vez, porém, o atacante tirou a bola com as mãos.
frase que disse após retornar ao meu estado quase normal foi: "O Victor vai pegar".
Leonardo Silva, no intuito de cortar a bola, acabou fazendo o pênalti. Eram 46 minutos Muslera, goleiro do Uruguai, sai tentando do segundo tempo. Quando o árbitro assievitar o gol, mas a bola sobra para um jo- nalou tive um momento de perplexidade gador ganês que finaliza para Suárez sal- que durou cerca de 10 segundos. A primeira
Para mim, o momento em que o Riascos arruma a bola para cobrar o pênalti até o Victor fazer a defesa só não demorou mais que a bola do Leonardo Silva no segundo Pênalti para Gana. Gyan cobra e acerta gol contra o Olímpia/PAR. Quando o Victor o travessão. O árbitro encerrou a partida fez o milagre saí gritando e voltei correndo logo em seguida. Em casa, assisti à par- em seguida porque o jogo ainda não havia tida e me tornei um defensor do Suárez, terminado. pois se estivesse no lugar dele teria feiEm meio a muitos palavrões, a única coisa to o mesmo. Atitude antidesportiva? Sim, que gostaria era que o árbitro encerrasse a mas valeu a pena uma vez que o Uruguai partida. Quando o fez, eu e meus vizinhos venceu nos pênaltis e se classificou para a saímos gritando "Galo" pela rua em um semifinal da Copa do Mundo. estado de euforia indescritível. Ah, como Quando vejo lances espetaculares como é bom ser atleticano. este, sempre me remeto ao Atlético, imagiTalvez este seja o lance mais espetacular nando a gente passando por uma sensação da história da Copa Libertadores. Talvez as parecida. Mal sabia que três anos depois eu páginas da história do Atlético nunca mais viveria algo até pior com muita intensidade. escrevam uma fábula tão irreal e real ao Atlético e Tijuana estavam em campo. O mesmo tempo. Talvez, como cantávamos Galo até então não havia perdido nenhu- antigamente, o Senhor seja mesmo alma partida no novo Independência. Preci- vinegro. sávamos segurar o empate em 1 a 1 por mais três minutos – já eram 46 minutos e 4
"E O GALO"? James Campelo Quem é atleticano sabe o suplício que é ter algum compromisso na hora do jogo do Galo. Seja por conta de viagem, ENEM, vestibular, trabalho, casamento, etc. Não importa qual o motivo, caro leitor, isso sempre será um martírio para o torcedor. Ele até tenta disfarçar, fingir indiferença, finge até manter o foco na atividade, mas não importa, sua mente estará no desempenho da equipe em campo. É sólido e certo que sua primeira pergunta ao sair de qualquer evento será: "E o Galo"? Por exemplo, ele irá repelir - mesmo de maneira inconsciente - qualquer tipo de questionamento sobre ter ido bem ou não na prova. Sua mente não repousará enquanto não souber o que aconteceu com o Atlético. Saber do Galo é o que realmente conta. Faltando pouco mais de 30 minutos para o jogo do Galo contra o Sport pelo Campeonato Brasileiro, eu estou dentro de um ônibus e já projeto em quais pontos da estrada terei sinal de internet (momentos para aproveitar o lampejo de cobertura e dar uma voltinha pelo Twitter, ver os relatos da partida e sondar pelas mensagens trocadas naquele grupo de torcedores se o Galo está indo bem ou não). Existe também uma possibilidade - um tanto quanto remota – de encontrar algum sinal de rádio no interior de Goiás que esteja transmitindo futebol e já contando com algum anúncio de gol atleticano na Ilha do Retiro. Enfim, quando eu chegar ao meu destino, a primeira pergunta será: "E o Galo"?
"E o Galo, como foi"? (Foto: Bruno Cantini/Atlético)
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Após a eliminação da Copa Sul-Americana, frente ao San Lorenzo/ARG, o presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, classificou a competição como "a segunda divisão da Copa Libertadores". De fato, a Sul-Americana não tem o mesmo glamour que a Libertadores, o que não é sinônimo de não ser importante para a imagem e o caixa do clube. Confesso que tentei escrever este texto de forma isenta, sem emitir a minha opinião, mas cheguei à conclusão que isto não é possível. Muitos torcedores, assim como o Sette Câmara, caem na boçalidade de minimizar o bicampeonato da Copa Conmebol conquistado pelo Atlético ao invés de enaltecer a história do clube. Há muitos torcedores que não conhecem a história da Copa Conmebol, desconhecendo o processo de classificação para o torneio, a fórmula de disputa, os adversários enfrentados pelo Atlético e a história do clube na competição. O objetivo deste texto é sanar estas dúvidas e mostrar que não era um torneio com cara de segunda divisão, muito pelo contrário. Vamos aos fatos! Assim como ocorre atualmente na Copa Libertadores, Brasil e Argentina tinham direito a mais vagas na Copa Conmebol por serem os países melhores colocados no ranking da FIFA. No futebol brasileiro, classificavam para a competição sul-americana o vice-campeão da Copa do Brasil e quem terminasse do segundo ao quarto lugar no Campeonato Brasileiro. O Galo na Conmebol O Atlético participou de cinco edições da Copa Conmebol, chegando à três finais e sendo eliminado duas vezes na semifinal. Confira abaixo todas as participações do Galo na competição sul-americana: 1992 Fluminense 2x1 Atlético – primeira fase (ida) Atlético 5x1 Fluminense – primeira fase (volta) Junior Barranquilla/COL 2x2 Atlético – quartas de final (ida) Atlético 3x0 Junior Barranquilla/COL – quartas de final (volta) El Nacional/EQU 1x0 Atlético – semifinal (ida) Atlético 2x0 El Nacional/EQU – semifinal (volta) Atlético 2x0 Olímpia/PAR – final (ida) Olímpia/PAR 1x0 Atlético – final (volta)
1993 Atlético 2x0 Fluminense – oitavas de final (ida) Fluminense 2 (2)x(4) 0 Atlético – oitavas de final (volta) Deportivo Sipesa/PER 1x1 Atlético – quartas de final (ida) Atlético 1x0 Deportivo Sipesa/PER – quartas de final (volta) 7
Atlético 3x1 Botafogo – semifinal (ida) Botafogo 3x0 Atlético – semifinal (volta)
1995 Atlético 1x1 Guarani – primeira fase (ida) Guarani 0x1 Atlético – primeira fase (volta) Atlético 6x0 Mineros de Guayana/VEN – quartas de final (ida) Mineiros de Guayana 0x4 Atlético – quartas de final (volta) América de Cali/COL 4x3 Atlético – semifinal (ida) Atlético 1 (4)x(3) 0 – semifinal (volta) Atlético 4x0 Rosário Central/ARG – final (ida) Rosário Central/ARG 4 (4)x(3) 0 Atlético – final (volta)
1997 Portuguesa 1x4 Atlético – primeira fase (ida) Atlético 0x0 Portuguesa – primeira fase (volta) América de Cali/COL 1x2 Atlético – quartas de final (ida) Atlético 1x1 América de Cali/COL – quartas de final (volta) Universitario/PER 0x2 Atlético – semifinal (ida) Atlético 4x0 Universitario – final (volta) Lanús/ARG 1x4 Atlético – final (ida) Atlético 1x1 Lanús/ARG – final (volta)
1998 Atlético 2x2 Cerro Corá/PAR – primeira fase (ida) Cerro Corá/PAR 0 (2)x(4) 0 Atlético – primeira fase (volta) Atlético 3x1 Jorge Wilstermann/BOL – quartas de final (ida) Jorge Wilstermann/BOL 0x1 Atlético – quartas de final (volta) Rosário Central/ARG 1x1 Atlético – semifinal (ida) Atlético 0x1 Rosário Central/ARG – semifinal (volta)
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Revelar grandes talentos é o desejo de todos os clubes, uma vez que atualmente eles têm gerado grandes receitas para as agremiações, como foi o caso do Vinícius Júnior, do Flamengo, vendido por cerca de R$ 165 milhões para o Real Madrid/ESP. Recentemente o Atlético arrecadou cerca de R$ 90 milhões somente com as vendas do meia Bernard, para o Shakhtar Donetsk/UCR, e do zagueiro Jemerson, para o Monaco/FRA. Normalmente, o último passo antes de integrar o elenco profissional é se destacar no sub-20. Alguns nomes vêm chamando a atenção de quem acompanha a base alvinegra, como o zagueiro Matheus Stockl, o atacante Lucas Índio e ele, Alessandro Vinícius Gonçalves da Silva, ou simplesmente Vinícius. O meia demonstra qualidade em campo e em entrevista exclusiva para a revista Camisa 13 o jogador explanou suas características. "Minhas características são de um meia armador com boa finalização de fora da área. Também venho tendo bom aproveito nas bolas paradas", destacou o meia. Atualmente com 19 anos, Vinícius chegou ao Atlético aos 11 anos. Oriundo de família humilde, em 2015 o jogador acertou contrato de três anos com a Adidas. Em 2017 o jogador acertou a renovação com a distribuidora alemã até 2021. Na atual temporada Vinícius fez nove jogos oficiais pela base do Atlético, marcando oito gols, sendo um deles em uma belíssima cobrança de falta na partida contra o Cruzeiro, pela segunda rodada do Campeonato Mineiro Sub-20. Aos 16 anos o meia chegou a ser observado pelo técnico Levir Culpi e realizou alguns treinamentos com o elenco profissional. Em um deles ele chegou a dar um "chapéu" no Patric, o que gerou diversas brincadeiras entre os jogadores. Em 2017, já no sub-20 do Galo, Vinícius não teve uma temporada tão marcante em números de gols. Foram apenas dois tentos nos 16 jogos oficiais em que entrou em campo. Entretanto o meia integrou o elenco que conquistou a Copa do Brasil da categoria, além de ser campeão mineiro com o time sub-17, título conquistado em 2016. Devido ao destaque que vem conquistando ao longo dos anos, Vinícius deve começar a aparecer em breve entre os profissionais do Atlético. Provavelmente não este ano, mas no Campeonato Mineiro de 2019. Confira abaixo um bate-papo que fizemos com o jogador: Qual jogador é referência para você? Meu estilo de jogo é parecido com o do Gustavo Blanco. Ele é uma inspiração para mim, pois ele se entrega pelo time a todo momento e também tenho isso como característica. Qual a maior dificuldade um jogador da base do Atlético enfrenta para chegar ao profissional? A concorrência é muito grande. O Atlético tem muitos jogadores qualificados e com capacidade de jogar no profissional. Por isso tenho que trabalhar duro todos os dias para ser merecedor de uma oportunidade no elenco principal. 10
Você sonha em jogar em algum clube da Europa? O meu sonho é jogar no (profissional do) Atlético, fazer história aqui e conquistar muitos títulos. Todo jogador sonha em jogar um dia na Europa, mas o meu objetivo é chegar ao profissional do Atlético e conquistar títulos. Este ano houve uma reformulação nas categorias de base do Atlético. O que mudou para vocês, jogadores, e como avaliam estas mudanças? Este ano está sendo especial. Estou recebendo mais oportunidades de jogar e mostrar o meu futebol. Agradeço a todos que passaram aqui e contribuíram para o meu amadurecimento. Estou vivendo um grande momento este ano no sub-20 e agradeço ao professor Anderson (Valiñas) e toda a comissão (técnica) pela confiança no meu trabalho.
Vinícius com o atacante Robinho (Foto: Reprodução/Twitter)
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No próximo dia 15 começará a Copa do Mundo, que é um dos torneios mais importantes do futebol. Entretanto, para nós pouco interessa as estatísticas da seleção brasileira, a não ser que envolvam jogadores do Atlético. Você sabe quantos atletas do Galo disputaram o mundial, quantos gols fizeram e em que colocação terminaram? A história da representação do Atlético em Copas do Mundo se inicia de uma forma curiosa. Para o primeiro mundial, disputado em 1930, o técnico da seleção brasileira, Píndaro de Carvalho, convocou somente jogadores que atuavam no Rio de Janeiro, porém com uma exceção. Destaque do Atlético, Mário de Castro era um dos melhores jogadores do Brasil na época, não fosse o melhor. Sendo assim, o atacante figurou entre os 22 convocados para o torneio no Uruguai. O feito de Mário de Castro era ainda maior. Ele estava sendo o primeiro jogador fora do eixo Rio-São Paulo a ser convocado para a seleção brasileira. Entretanto, como seria reserva de Carvalho Leite, atacante do Botafogo, que era o preferido do técnico, o atleta atleticano recusou a convocação alegando que vestia somente a camisa do Atlético. Décadas depois Mário disse que se fosse na condição de titular ele aceitaria atuar pela seleção. Convocado pelo presidente O Atlético teria pela primeira vez um represente na Copa do Mundo em 1970, novamente de uma forma pouco convencional. João Saldanha, então técnico da seleção brasileira, resolveu fazer um amistoso contra o Atlético, em 1969, para aprimorar a equipe para o mundial do ano seguinte. Pelé e companhia não foram páreos para Dadá Maravilha, que teve grande atuação e foi coroado com o gol da vitória alvinegra por 2 a 1. Pouco depois, em entrevista ao jornalista Armando Nogueira, o general Médici, então presidente do Brasil, elogiou Dadá e disse sobre o desejo de ver ele atuando pela seleção. A declaração gerou um clamor na imprensa e João Saldanha resolveu rebater Médici: "O presidente escala o ministério e eu escalo a seleção". O resultado foi a demissão de João Saldanha e a nomeação de Zagalo para técnico da seleção brasileira. Para não contrariar o presidente, o técnico levou Dadá Maravilha para a Copa do Mundo, porém o atacante não participou de nenhuma partida. Contudo ele levou sorte à seleção, que conquistaria o tricampeonato mundial. 13
Primeiro estrangeiro e destaque Para a Copa do Mundo seguinte, em 1974, o Atlético teve o primeiro jogador estrangeiro convocado para uma Copa do Mundo. A oportunidade foi dada ao goleiro uruguaio Mazurkiewicz. Porém, com uma seleção razoável o Uruguai não fez grande mundial, terminando a competição com o modesto 13º lugar, entre 16 seleções participantes. Mazurkiewicz foi titular nas três partidas disputadas pelo Uruguai e sofreu seis gols na competição. E se o assunto é gol, ninguém melhor para fazê-los que o gênio Reinaldo. Ao lado do volante Toninho Cerezo, o atacante foi convocado para a Copa do Mundo de 1978 e se tornou o primeiro jogador do Galo a marcar em um mundial. A estreia do Brasil naquela Copa foi contra a Suécia. A seleção perdia por 1 a 0, até que aos 45 minutos do primeiro tempo Toninho Cerezo levantou a bola para Reinaldo que dominou deixando o marcador para trás e bateu na saída do goleiro. O Rei ainda seria titular nos dois jogos seguintes, mas perderia a posição para Roberto Dinamite e não voltaria a atuar naquele mundial. Já Toninho Cerezo foi titular em todos os jogos do Brasil daquele torneio e teve boas atuações. O volante fez seis jogos e ajudou a seleção brasileira a terminar com o terceiro lugar daquela Copa do Mundo. A maior seleção, a maior convocação A seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo de 1982 é apontada como a que apresentou o futebol mais bonito de todos os tempos. Foi também o mundial que o Atlético mais teve jogadores convocados: o zagueiro Luizinho, o volante Toninho Cerezo e o atacante Éder Aleixo fizeram parte da melhor seleção de todos os tempos. Logo na estreia, Éder Aleixo fez o gol da virada brasileira sobre a União Soviética. Porém, não foi um gol qualquer. Foi um golaço, apontado por vídeos de buzzfeed do YouTube como o mais bonito da carreira do atacante. Foi um chutaço de fora da área após bonito corta-luz de um companheiro. Éder voltaria a marcar na vitória da seleção brasileira sobre a Escócia, por 4 a 1. Foi a última vez que um jogador do Atlético anotou um gol em Copa do Mundo. O atacante foi titular nos cinco jogos realizados pela seleção naquele mundial. 14
O zagueiro Luizinho também atuou em todos os jogos como titular, enquanto Toninho Cerezo atuou em apenas quatro partidas, também iniciando todas elas. Embora a seleção fosse espetacular, terminou em quinto lugar naquele mundial. Novamente quinto, até que... Para a Copa do Mundo de 1986 o técnico Telê Santana resolveu levar o volante Elzo e o atacante Edivaldo, este mais conhecido como Pepe Legal. Enquanto Elzo foi titular nos cinco jogos do Brasil naquele Mundial, o atacante não foi utilizado em nenhuma partida. Novamente a seleção ficava com o quinto lugar. Após um hiato de convocações para a Copa do Mundo, o Atlético voltou a ter um jogador figurando no torneio em 1998, quando Zagalo convocou o goleiro Taffarel, que inclusive foi titular em todas as partidas. Taffarel foi fundamental para a seleção brasileira chegar à final daquela Copa. Além de grandes defesas com a bola rolando, o goleiro ainda foi brilhante na disputa de pênaltis contra a Holanda, na semifinal. Na oportunidade o camisa 1 defendeu duas penalidades. Na final, porém, nem mesmo o grande momento de Taffarel foi empecilho para Zidane brilhar e a França ser campeã do mundo. Mais um título e o segundo estrangeiro Para a Copa de 2002 o técnico Luiz Felipe Scolari, também conhecido como Felipão, chamou o volante Gilberto Silva, que se destacava no Atlético tanto atuando no meio-campo quanto como zagueiro. Gilberto foi um dos pilares do time formado pelo treinador, mas vale lembrar que a princípio ele seria reserva. Gilberto Silva foi convocado para ser reserva de Emerson, entretanto o volante se lesionou em um treino um dia antes da estreia na Copa, o que proporcionou ao volante atleticano a titularidade no mundial. Um dos principais momentos de Gilberto Silva na Copa foi contra a Inglaterra. Aos 45 minutos do primeiro tempo o volante roubou uma bola de Beckham e tocou para Ronaldinho Gaúcho. O meia arrancou e tocou para Rivaldo empatar a partida. Um fato inimaginável neste lance é que 11 anos depois eles reeditariam a dupla no Galo. Após 15
o pentacampeonato, conquistariam juntos mais um grande título internacional, desta vez a Copa Libertadores. Se na Copa do Mundo de 2006 o Galo não teve nenhum jogador convocado, no mundial de 2010 ele teve o segundo estrangeiro chamado. O zagueiro paraguaio Cáceres foi solicitado para o torneio pelo seu país e entrou em campo duas vezes. O Paraguai ficou em oitavo lugar nesta Copa. A pior derrota Para a Copa do Mundo de 2014 o técnico Felipão convocou o goleiro Victor e o atacante Jô. Enquanto o camisa 1 não foi utilizado em nenhuma partida, o centroavante entrou em três jogos. Jô, por sorte, não participou da goleada alemã, por 7 a 1, na semifinal do torneio que foi disputado no Brasil. Jô não marcou nenhum gol na Copa e a seleção brasileira terminou com o quarto lugar.
Após ganharem a Copa do Mundo, em 2002, Gulberto Silva e Ronaldinho Gaúcho conquistaram a Copa Libertadores com o Atlético (Foto: Reprodução)
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Revelado pelo Grêmio em 2008, Rafael Carioca chegou ao Atlético em agosto de 2014, após passagem pelo Spartak Moscou, da Rússia, e pelo Vasco. Volante com notável qualidade técnica, Carioca não demorou para se tornar peça fundamental do meio-campo atleticano, que alguns meses depois se tornaria campeão da Copa do Brasil. Rafael Carioca viveu momentos de aplausos e vaias entre os torcedores atleticanos. Se no primeiro momento ele era visto como fundamental no time, antes da sua saída chegou a ser eleito o culpado pelo momento ruim vivenciado pelo clube no Campeonato Brasileiro. As críticas culminaram com a venda do volante para o Tigres, do México, em agosto de 2017, exatamente três anos após sua chegada ao Galo. De acordo com o site Galo Digital, Rafael Carioca entrou em campo em 172 jogos com a camisa alvinegra, marcando cinco gols. O volante somou 88 vitórias, 37 empates e 47 derrotas no Atlético. Foram quatro títulos: Copa do Brasil (2014), Campeonato Mineiro (2015 e 2017) e Florida Cup (2016). Em entrevista exclusiva para a revista Camisa 13, Rafael Carioca falou sobre o início de carreira, o grande time em que ele atuou no Vasco, a chegada ao Galo, as viradas na Copa do Brasil sobre Corinthians e Flamengo, em 2014, e as críticas que ele e o Elias recebem dos torcedores. Confira abaixo a entrevista completa. Carioca, você surgiu no Grêmio em 2008, integrando o elenco que foi vice-campeão brasileiro naquele ano. No ano seguinte foi vendido ao Spatark Moscou, da Rússia. Como fica a cabeça do jogador quando as coisas acontecem rápido assim na carreira? Temos que procurar nos concentrar no momento que vivemos. Não adianta estar jogando bem e ficar pensando no que pode acontecer lá na frente. A melhor coisa a se fazer é deixar a cabeça no lugar, continuar fazendo o seu melhor no clube que você veste a camisa que as coisas vão acontecendo naturalmente, de acordo com a qualidade do trabalho que você consegue desenvolver. Em 2010 você retornou ao Brasil para atuar no Vasco. No primeiro semestre você atuou ao lado do Philippe Coutinho. Já era notório que ele é um jogador diferenciado, a nível de atuar no
Barcelona, ou ele era bom, mas aprimorou a técnica atuando na Europa? Ele foi vendido muito cedo, mas é claro que, quando um atleta tem um diferencial, a gente já consegue enxergar logo. Ele era um menino diferente dos outros, com muito talento, e foi mostrando isso nos clubes onde jogou. É claro que ninguém nasce pronto, então ele foi evoluindo conforme foi atuando em ligas importantes, como a italiana, a inglesa e, agora, na espanhola. São estilos de jogo diferentes e isso faz com que ele evolua física e taticamente na carreira. Olhando para o elenco do Vasco que você atuou, me chamou a atenção o número de jogadores de qualidade que estavam reunidos por lá. Além do Philippe Coutinho tinha o Fagner, o Dedé, o Souza, o Allan, o FernandoPrass, o Dodô. Embora os jogadores fossem talentosos o Vasco não ga18
nhou nenhum título e ainda terminou classificar. O que foi passado pelo téco Campeonato Brasileiro em 11º. Por nico Levir Culpi e qual era o sentimenque este time não vingou? to dos jogadores no intervalo daqueles jogos? Nem sempre grandes elencos vão conquistar títulos. Cansamos de ver clubes euro- Foram duas missões muito difíceis, pelos peus montando supertimes, com grandes resultados dos primeiros jogos na casa astros, e não ganhando nada. E, se levar- dos adversários. Depois de conseguirmos mos em consideração que no Brasil come- reverter o resultado no primeiro duelo, a çamos os campeonatos com vários times confiança aumentou para o segundo, tencandidatos ao título, isso torna tudo muito do que reverter o mesmo placar. O Levir mais equilibrado. Claro que não foram os nos passava confiança, e todos nós esresultados que esperávamos, mas aquele távamos muito unidos para conquistar o time lutou muito por tudo que disputou. objetivo, que era o título. Isso não saía da nossa cabeça, que poderíamos marcar Você retornou ao futebol russo e, ennossos nomes na história do clube, então, fim, chegamos onde gostaríamos, no mesmo com o resultado adverso, e com Atlético. Em agosto de 2014 você foi o apoio da torcida, que foi fundamental, anunciado como novo reforço do Galo. conseguimos as viradas nos dois duelos. Na ocasião o clube acabava de ser campeão da Recopa Sul-Americana. As viradas do Atlético sobre CorinQual era a sua expectativa na época e thians e Flamengo nas quartas de fio que esperava encontrar e conquis- nal e na semifinal da Copa do Brasil, tar no Atlético? respectivamente, foram os jogos mais surreais que você participou? Cheguei no Atlético quando o time vinha de um título da Libertadores e, posterior- É difícil elencar jogos surreais, pois já vivi mente, da Recopa. Sabia que seria uma muita coisa no futebol, mas, com certeza, missão muito difícil conquistar uma vaga esses dois jogos ficaram marcados na minha no time, pois era um elenco qualificado, memória. Foram viradas impressionantes, com grandes jogadores e que vinham com com muita entrega, e com a torcida do moral com a torcida. Mas, ao mesmo tem- Atlético empurrando o nosso time no Mipo, me animava muito poder fazer parte neirão, o que fez muita diferença para nós. de um elenco vencedor, com atletas que São duelos que com certeza levarei para o dariam resultado dentro de campo e que resto da vida. lutariam por títulos. Falando em conquistas, três meses depois de chegar ao Atlético você foi campeão da Copa do Brasil. O que talvez seja mais comentado que a conquista seja as viradas sobre Corinthians e Flamengo. O Galo foi para o intervalo das duas partidas sabendo que precisava de uma goleada para se
Eduardo Vargas e Rafael Carioca celebrando o título mexicano (Foto: Reprodução/Instagram)
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Obviamente viradas como estas contra Corinthians e Flamengo são impressionantes e ficam na memória de qualquer um que tenha participado ou acompanhado. A impressão que tenho é que a virada contra o Corinthians teve um sabor mais especial para os jogadores devido à "dancinha" do Mano Menezes no jogo de ida. Isso de fato é verídico? Não teve uma vitória mais comemorada que a outra. Todas as duas tiveram o mesmo sabor, a mesma sensação de dever cumprido. Essas coisas fazem parte do futebol, e, para a nossa felicidade, saímos classificados no duelo. Não entramos com mais vontade contra o Corinthians por causa da "dancinha", ou qualquer coisa do tipo. Entramos focados em honrar a camisa do Atlético, e foi isso que prevaleceu no final. Muito se fala nas mesas de bar ou até mesmo em programas esportivos que gerar concorrência no elenco é produtivo para o time e principalmente individualmente para o jogador. Quando você chegou ao Atlético, Pierre e Leandro Donizete eram idolatrados pelos torcedores e o elenco de volantes ainda contava com o Josué, que tem títulos importantes em quase todos os times que passou. Quando se tem jogadores tão queridos pela torcida e um multicampeão como o Josué como concorrentes de posição, realmente a vontade e a entrega em campo são maiores? O jogador busca mostrar o seu trabalho independente se tem ou não concorrência no setor que ocupa. Eu, quando cheguei no Atlético, encontrei grandes jogadores para a minha posição, e sabia que seria difícil conquistar a minha vaga, pois eles vinham de uma conquista importante com o clube, mas procurei trabalhar e dar o meu máximo para mostrar o meu potencial. Mas, no final, quem ganha é o clube por ter jogadores de qualidade no elenco, e o treinador acaba tendo uma dor de cabeça boa para montar o time. O fato de ter atuado ao lado do Dodô fez você pegar o jeito de fazer gols bonitos? Dodô era um artilheiro nato, e tinha essa facilidade para fazer gols bonitos. Sempre treinei muito a parte de finalização e busco aprimorar para, quando tiver a chance, aproveitar da melhor forma. Mas deixo essa responsabilidade para os atacantes. Entre seus gols marcados pelo Galo, você fez um golaço contra o Colo-Colo na Copa Libertadores de 2015 e outro bonito também contra o Melgar, na Libertadores de 2016 – além de dois gols contra o Cruzeiro, sendo um deles em falta cobrada ao estilo do Ronaldinho Gaúcho. Pelo Tigres você fez um golaço contra o Monarcas Morelia e outro contra o Leon. O chute de fora da área sempre foi uma de suas virtudes ou você tem aprimorado este recurso ao longo da carreira? Sempre treinei muito para aprimorar o fundamento de finalização. Sou um volan te que gosta de chegar ao ataque e, quando pinta uma oportunidade, gosto de arriscar o chute 20
ao gol. Acho que, com o tempo, a gente aprimora o fundamento e espero que possam sair mais gols. Mas minha primeira função é a marcação e a distribuição de jogo para os meias e atacantes do meu time. Sua saída do Atlético talvez não tenha sido da forma desejada por você. Você acredita que a pressão da torcida, que à época pedia a sua saída, foi crucial para a sua venda ao Tigres ou acredita que isso aconteceu devido a necessidade do clube em fazer caixa vendendo algum jogador? Acho que tudo tem seu momento certo para acontecer, e, naquela ocasião, a minha saída para o Tigres era boa para todas as partes. O clube precisava de uma venda para respirar financeiramente e a proposta do Tigres era boa para mim também. O México é um lugar muito bom para se viver e tive a oportunidade de conhecer um novo país, uma nova cultura e estou muito feliz no Tigres. Na época os torcedores te criticavam utilizando o argumento que você não sujava o uniforme, não dava carrinho em campo. Atualmente quem sofre críticas semelhantes é o volante Elias, que assim como você é um jogador mais técnico. Qual conselho você daria ao Elias e o que diria aos torcedores a respeito de tais críticas ao seu futebol? O torcedor vive muito a emoção do momento do time e, mesmo que você esteja no seu melhor momento individualmente, se o coletivo não estiver bem às críticas acabam respigando em todo mundo. O Elias é um grande jogador, de seleção brasileira, de grandes clubes e títulos, e tenho a certeza que vai conseguir dar a volta por cima e dar alegrias à torcida atleticana. No Tigres você tem a companhia do zagueiro brasileiro Juninho, além do técnico Ricardo Ferretti. O elenco também conta com outros bons nomes como o meia Zelarayán e os atacantes Eduardo Vargas e Gignac. Mesmo com um time forte o Tigres não é o líder da Liga MX, que é o Campeonato Mexicano. Como é o nível do futebol no México? O Campeonato Mexicano é dividido em duas partes, o Apertura e o Clausura. Fomos campeões do Apertura e, infelizmente, no Clausura fomos eliminados nas quartas de final, depois de fazer um bom resultado em casa. De qualquer forma, acho que essa minha primeira temporada aqui no México foi positiva. O futebol aqui é diferente, bem pegado, com os clubes estruturados, e estou podendo aprender muito por aqui.
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É pênalti! Mas desta vez não é para o Corinthians. Mas também pode ser, tanto a favor quanto contra. Sabe quantas penalidades o Atlético teve assinalada a seu favor e contra nos anos 2000? Não precisa procurar no Google, a Camisa 13 traz para você estes números. São surpreendentes? Talvez, vai depender da sua expectativa. Antes de iniciarmos as respostas, tente responder as perguntas abaixo: 1- Quantos pênaltis o Galo teve marcado a seu favor de 2000 até maio de 2018? 2- Quantos foram gol? 3- E contra? E quantos sofremos gol? 4- Qual foi o atacante que mais fez gols de pênalti neste período? E o que mais perdeu? 5- Esta é moleza: qual o goleiro que mais defendeu pênaltis neste mesmo período? Se você respondeu que o clube que mais teve pênalti marcado a seu favor contra o Atlético foi o Corinthians, você está... quase certo, porque a equipe paulista aparece no top 5, mas não na liderança. Se espera uma agremiação paulista ou carioca a resposta vai te surpreender, mas tem uma explicação. Qual o time que o Galo mais enfrenta durante o ano? Se tudo ocorrer normalmente, o Cruzeiro é o nosso adversário ao menos cinco vezes na temporada (três no Campeonato Mineiro e duas no Brasileirão). Sendo assim, o adversário que o Galo mais teve pênaltis marcado tanto a seu favor quanto contra é o Cruzeiro. Foram 11 penalidades a nosso favor contra 13. Falando das cobranças marcadas para o Atlético, em segundo lugar aparece o Goiás, com nove marcações para a gente, e em terceiro o Coritiba, com oito. Sobre penalidades marcadas contra o Atlético, em segundo lugar também aparece o Goiás, com nove infrações cometidas por um jogador alvinegro, e em terceiro aparecem Botafogo e Corinthians, empatados com oito pênaltis para cada. Em números gerais, de 2000 até maio de 2018 o Atlético teve 203 pênaltis marcados a seu favor. Destes, 151 foram convertidos, 46 o goleiro adversário fez a defesa, quatro foram cobrados para fora e dois no travessão. Explanando as penalidades contrárias a nós, foram marcados 149 infrações, sendo que 116 foram gol, 27 foram defendidos pelos nossos goleiros e seis foram cobrados para fora. Claro, estes números não incluem disputas por pênaltis. Já respondemos as duas primeiras perguntas feitas lá em cima, mas ainda faltam duas. Com 24 gols marcados, Diego Tardelli é o jogador que mais fez gols de pênaltis pelo Galo desde 2000. Guilherme, aquele que fez memorável dupla com o Marques, aparece em segundo lugar com 15 penalidades convertidas. Em terceiro está Lucas Pratto, com dez. Por um lado Guilherme aparece bem colocado em penalidades convertidas. Por outro ele é o jogador que mais perdeu cobranças: foram cinco ao todo. Em segundo lugar aparecem dois ídolos: Marques e Diego Tardelli, com quatro cobranças desperdiçadas, 24
cada. Completando este indigesto pódio estão Alex Mineiro, Fábio Júnior e Ronaldinho Gaúcho, cada um com três pênaltis que não entraram. Agora a pergunta mais fácil feita na página anterior: qual o goleiro que mais defendeu pênaltis desde 2000? Isso mesmo, Edson. Brincadeira, é claro. Obviamente foi o Juninho. Chega de enrolação e voltemos a seriedade. Com nove defesas, se o assunto for penalidades, Victor é o camisa 1 dos camisas 1 do Galo. Em segundo lugar aparecem o fosso do Mineirão, o estacionamento do Independência e o Velloso, com seis defesas, cada. Como assim o fosso do Mineirão e o estacionamento do Independência? Provavelmente estes tenham sido o destino dos pênaltis cobrados para fora. Em terceiro lugar aparecem Bruno e Eduardo, empatados com duas defesas, cada. E qual time foi mais beneficiado pelos erros do Galo? Foram América-MG e Atlético-PR, com quatro pênaltis desperdiçados contra cada um deles. Em seguida aparecem Cruzeiro, Palmeiras e Paraná, com três penalidades perdidas.
A defesa que canonizou Victor e ficou marcada como um dos lances mais impressionantes da história da Copa Libertadores (Foto: Reuters)
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Talvez a pergunta que o técnico Thiago Larghi mais respondeu desde quando assumiu o Atlético diz respeito a sua efetivação. O mesmo é válido para o diretor de futebol Alexandre Gallo, que frequentemente é questionado a respeito da permanência do Larghi como comandante do time. Elogios, críticas, sequência de vitórias, sequência de jogos sem vencer, vitórias em clássico, perda de título, eliminações. Thiago Larghi já experimentou diversos momentos na nova função. Se o assunto for a pressão da torcida, o técnico já foi alvo de campanha por efetivação, pedidos de dispensa e até mesmo vaias no estádio, como no empate em 0 a 0 com a Chapecoense, no Independência, em jogo válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil. Muito tem se comparado os números do Thiago Larghi com o seu antecessor, Oswaldo de Oliveira. Mas resolvemos ampliar este leque e comparar as estatísticas do atual técnico do Atlético com todos que passaram pelo clube nesta década. Certamente você vai se surpreender com o resultado. Responda esta pergunta antes de dar continuidade à leitura: qual o técnico com o melhor aproveitamento no Galo desde 2010? Provavelmente você respondeu o Cuca. Não gostaria de lhe desapontar, mas o comandante da Copa Libertadores aparece em terceiro lugar neste ranking. Talvez você tenha apostado no Levir Culpi. Também não é ele. Que rufem os tambores e esteja preparado para esta surpresa. O técnico do Atlético com o melhor aproveitamento desde 2010 é o Paulo Autuori, com 60,9%. Em segundo lugar aparece o Roger Machado, com 60,5%, e posteriormente o Cuca, 59,8%. Mas calma, tem uma explicação. Paulo Autuori foi o que trabalhou no menor número de jogos - apenas 23 -, o que torna maior a possibilidade de ter um aproveitamento alto. Há casos no Atlético em que acontece o oposto. Rogério Micale, por exemplo, trabalhou em 13 partidas e tem o aproveitamento de 46,2%, superior apenas ao do interino Diogo Giacomini (33,3% em sete jogos). Sendo assim, para não parecer um levantamento injusto, traçamos também o número de pontos conquistados pelos treinadores. Neste caso, quanto maior o número de jogos maior a probabilidade de ter dados melhores. Agora sim Cuca aparece no topo do ranking. Nos 150 jogos que ele trabalhou no Atlético conquistou 269 pontos. O distante segundo colocado é Levir Culpi, com 196 pontos em 110 partidas. Em terceiro lugar está Dorival Júnior, com 89 pontos, seguido pelo empate entre Roger Machado e Vanderlei Luxemburgo, com 48, cada. Entre os 12 técnicos que passaram pelo Atlético desde 2010, Thiago Larghi aparece em oitavo lugar no quesito pontos somados. Um resultado esperado devido o número de jogos do treinador. Trabalhos ruins (alerta de opinião) Tudo bem que a ideia deste texto era citar o trabalho do Larghi, mas não podemos 27
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O ano é 2009 e o auge no mundo dos games é o Bomba Patch. Meu clube na Master Liga, é claro, é o Atlético. As contratações são as mais surreais possíveis: Ronaldo, Adriano e ele, Ronaldinho Gaúcho. Avançamos o tempo. Agora o dia é 31 de maio, uma quinta-feira. Lembro que estava conversando no Facebook com o Muriqui, à época no Guangzhou, da China, quando recebi através da mesma rede social a informação de que o presidente Alexandre Kalil estava embarcando para o Rio de Janeiro. Na época os portais de notícia que cobriam os clubes cariocas estavam divididos. Uns noticiavam que o Vasco havia acertado a renovação com meia Juninho Pernambucano, enquanto outros estampavam que a negociação não havia sido concretizada. Logo imaginei: "O Kalil foi buscar alguém. Se a renovação com o Juninho realmente não ocorreu, provavelmente é ele". Para surpresa nacional, no dia 1º de junho o Ronaldinho Gaúcho anunciou o rompimento de contrato com o Flamengo. Pesquisas de vários sites demonstravam que nenhuma torcida do Brasil queria ver o meia com a camisa do seu respectivo clube de coração. Falando especificamente de uma enquete realizada pelo site Globoesporte.com, a rejeição dos atleticanos pelo camisa 10 foi de 68%. No dia, lembro de ter comentado com um companheiro da empresa que o Ronaldinho era "a cara" do jogador que o Atlético busca. Mas claro, foram palavras ao vento, sem nenhum senti- mento. Me recordo que no dia 3 de junho a mesma pessoa que me falou a respeito da viagem do Alexandre Kalil ao Rio de Janeiro me disse que iria verificar uma possível negociação com o Gaúcho. Achei loucura, confesso. Não loucura no sentido de ser contrário à contratação, mas sim surreal ver o Ronaldinho como jogador do Atlético. Era algo que até então eu imaginava apenas no meu videogame – e até mesmo nele era difícil contratar o Bruxo. Segunda-feira, 4 de junho. Pontualmente às 11h30 sintonizei o rádio na Itatiaia para escutar o Rádio Esportes. Surgiram os primeiros murmurinhos públicos de uma possível negociação do Ronaldinho com o Atlético. Fiquei maravilhado, mas ciente que a princípio eram apenas especulações. Bom, isso para a imprensa, pois àquela altura o jogador já estava contratado pelo clube. Após terminar o programa da Rádio Itatiaia, sintonizei na 98fm para ouvir o 98 Futebol Clube. A notícia já era em um tom mais otimista, falando-se até que o meia já estava a caminho da Cidade do Galo. Pelo fato do centro de treinamento do Atlético ser referência mundial, alguns comentaram no Twitter que o Ronaldinho estava em Belo Horizonte apenas para aprimorar a parte física. Talvez fosse medo do sucesso que já imaginavam que o jogador fosse fazer. No fim da tarde, Alexandre Kalil reuniu a imprensa e anunciou a contratação do jogador, então com 32 anos. A minha primeira reação foi de espanto. Sabe aquele cara que disputou a Copa do Mundo de 2002 com a camisa 11 da seleção brasileira e marcou um gol surreal contra a Inglaterra, nas quartas de final? Sabe aquele jogador que deu três chapéus no mesmo jogador sem deixar a bola cair no chão? É ele, esse é o cara que 31
estava sendo apresentado pelo Atlético. Tomei banho. Saí em disparado para a sede do Galo, em Lourdes. O objetivo? Comprar uma camisa do Atlético. Imaginava que o Guilherme cederia o número 10 para o Ronaldinho, mas acabei comprando a camisa 9, número que me identifico e que historicamente o Galo sempre tem um grande jogador. A primeira vez que vi o Ronaldinho em campo foi emocionante, foi um êxtase incomensurável. Para mim, seria como no videogame, o Galo ganharia todos os títulos que disputasse. Não foi bem assim, afinal faltou o Campeonato Brasileiro e o Mundial de Clubes. No mais, não há taça que não esteja na sede de Lourdes. Ronaldinho Gaúcho entrou em campo 88 vezes pelo Atlético, marcando 28 gols. Com o Bruxo em campo o Galo venceu 45 partidas, empatou 27 e perdeu 16 jogos. E uma curiosidade: com o R10 em campo o time alvinegro nunca perdeu no Independência.
Foi sonho ou realidade? (Foto: Bruno Cantini/Atlético)
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FATOS 03/06/2001 – Neste dia o meia Lincoln fez sua última partida pelo Atlético. Na ocasião o Galo venceu o América-MG por 3 a 1. 04/06/1939 – O atacante Guará, vulgo “Perigo Louro”, como era conhecido, sofreu uma grave lesão após dividida com o zagueiro Caiera, do Palestra Itália. Ele tentou retomar a carreira, mas não conseguindo, sendo forçado a encerrar sua trajetória no futebol aos 23 anos. Guará fez cerca de 200 jogos com a camisa do Galo e marcou 168 gols 04/06/1995 – Éder Aleixo realizou sua última partida pelo Atlético. A despedida do futebol foi na vitória por 3 a 1 sobre o Cruzeiro. 19/06/1983 – O zagueiro Osmar Guarnelli fez a última partida com a camisa do Atlético. Na ocasião o Galo venceu o Uberaba por 4 a 1. 10/06/1994 – O técnico Levir Culpi fez o seu primeiro jogo no comando do Atlético. Na ocasião o meia Negrini fez o último jogo pelo Galo, que perdeu para o Vasco por 4 a 3. 27/06/1993 – Nelinho fez a última partida como técnico do Atlético. Na ocasião o Galo perdeu para o Cruzeiro por 1 a 0.
JOGOS 01/06/2008 – Atlético 2x0 Portuguesa (Campeonato Brasileiro) 03/06/2000 – Atlético 2x1 Cruzeiro (Campeonato Mineiro) 04/06/1989 – Atlético 7x0 Democrata-SL (Campeonato Mineiro) 05/06/1968 – Atlético 3x2 Napoli/ITA (Amistoso) 06/06/1976 – Atlético 2x0 Caldense (Campeonato Mineiro) 07/06/2009 – Atlético-PR 0x4 Atlético (Campeonato Brasileiro) 08/06/1958 – Atlético 3x0 Renascença (Campeonato Mineiro) 09/09/1974 – Atlético 2x1 Santos (Campeonato Brasileiro) 10/06/2007 – São Paulo 0x1 Atlético (Campeonato Brasileiro) 11/06/1989 – Atlético 1x0 Cruzeiro (Campeonato Mineiro) 12/06/1958 – Atlético 3x0 Corinthians (Amistoso) 13/06/1946 – Atlético 5x2 Sete de Setembro (Campeonato Mineiro) 14/06/2009 – Atlético 3x0 Náutico (Campeonato Brasileiro) 15/06/1980 – Atlético 5x0 Gama (Amistoso) 40
16/06/2008 – Atlético (júnior) 1x0 Seleção Brasileira (amistoso) 17/06/2007 – Atlético 4x1 Figueirense (Campeonato Brasileiro) 18/06/2000 – Atlético 2x1 Seleção da Jamaica 19/06/1983 – Atlético 4x1 Uberaba (Campeonato Mineiro) 20/06/2004 – Atlético 2x1 Fluminense (Campeonato Brasileiro) 21/06/1936 – Atlético 6x1 Cruzeiro (Campeonato Mineiro) 22/06/1955 – Atlético 2x1 Paysandu (Amistoso) 23/06/1981 – Atlético 6x1 Seleção Colombiana (Amistoso) 24/06/1978 – Atlético 2x0 Vitória (Campeonato Brasileiro) 25/06/1939 – Atlético 2x1 Sete de Setembro (Campeonato Mineiro) 26/06/1966 – Atlético 3x2 Cruzeiro (Amistoso) 27/06/1990 – Atlético 5x0 Vila Nova-GO (Copa do Brasil) 28/06/1952 – Atlético 2x1 América-MG (Campeonato Mineiro) 29/06/1958 – Atlético 5x2 Cruzeiro (Campeonato Mineiro) 30/06/1952 – Atlético 5x1 Meridional (Campeonato Mineiro)
CONTRATAÇÕES E SAÍDAS 04/06/2008 – O Atlético anunciou o empréstimo do atacante Vanderlei ao Botafogo. 04/06/2009 – O atacante Eduardo foi emprestado ao Atlético-PR. 04/06/2012 – O presidente Alexandre Kalil acertou a contratação do meia Ronaldinho Gaúcho, que estava sem clube após rescindir contrato com o Flamengo. 05/06/2008 – O Galo apresentou o atacante Beto, contratado junto ao Criciúma. 08/06/2010 – O Atlético anunciou a contratação do goleiro Fábio Costa, que estava no Santos. 09/06/2009 – O zagueiro Alex Bruno foi contratado pelo Galo. O defensor estava na Portuguesa. 11/06/2008 – O volante Francis e o lateral-direito Amaral foram contratados pelo Atlético. Ambos pertenciam ao Palmeiras. 14/06/2008 – O Atlético acertou a contratação do lateral-esquerdo César Prates e do volante Elton, ambos junto ao Figueirense. 21/06/2010 – O lateral-esquerdo Fernandinho, ex-Cruzeiro, foi anunciado como 41
novo reforço do Galo. 23/06/2010 – Eduardo Maluf foi apresentado como novo diretor de futebol do Atlético. 24/06/2009 – O Atlético acertou a venda de 50% dos diretos do zagueiro Leandro Almeida para o Dínamo de Kiev, da Ucrânia, por 2 milhões de euros. 24/06/2010 – O atacante Kléber teve 50% dos direitos vendido ao Porto, de Portugal, por 2,5 milhões de euros. 26/06/2008 – Carlos Puppo foi anunciado como o novo preparador de goleiros do Atlético. 30/06/2010 – O Atlético anunciou a contratação do meia Diego Souza, ex-Palmeiras.
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