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icardo Oliveira. Personagem de capa e de gols nesta temporada. Os nove tentos anotados pelo atacante até o momento representam o melhor início de carreira do jogador de 38 anos. E olha que ele tem história.
Autor de um dos gols do título da Copa do Rei, pelo Bétis/ESP, Ricardo Oliveira também atuou no estrelado Milan/ITA, campeão da Liga dos Campeões na temporada de 2006/2007. Além disso, o Pastor atuou em duas finais da Copa Libertadores, sendo ainda o artilheiro de uma delas. E o que dizer da história de Patric e Carlos César no Atlético? O primeiro talvez seja o jogador mais criticado do atual elenco do clube. Ambos chegaram no Galo em 2011 e, mesmo entre idas e vindas, vão renovando o contrato e já vislumbram a possibilidade de completar uma década como patrimônio do Atlético. Esta edição traz estatísticas da carreira do Ricardo Oliveira e também números do Patric e do Carlos César como jogadores do Atlético. Boa leitura!
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ontratado pelo Atlético no fim de 2017 para ser o homem-gol do time, Ricardo Oliveira chegou esbanjando uma forma física invejável. Fora de campo, um vídeo do centroavante plantando bananeira em seu perfil no Instagram viralizou entre os atleticanos. Aos 38 anos, seria a primeira vez que o camisa 9 atuaria no Brasil fora do estado de São Paulo. O desafio foi bem aceito pelo atacante, mas em campo a ansiedade para marcar o primeiro gol com a camisa do Atlético perdurou por 295 minutos. A primeira vez que Ricardo Oliveira balançou a rede com a camisa alvinegra foi na partida contra a URT, pela quinta rodada do Campeonato Mineiro de 2018. Entre críticas e elogios, Ricardo Oliveira marcaria mais três gols no Campeonato Mineiro até chegar à decisão contra o Cruzeiro. O Pastor, como é chamado pelos companheiros, anotou dois gols no superclássico, mas nem isso foi o suficiente para que o Atlético assegurasse o título da competição. Embora sempre tenha sido um exímio finalizador, Ricardo Oliveira demonstrava dificuldade para emplacar uma sequência de gols. As críticas ficaram mais fervorosas, principalmente quanto à participação do atacante nas jogadas de frente do time atleticano. Parte dos torcedores questionavam que o camisa 9 se movimentava pouco na frente, o que dificultava o passe dos meias. A crítica ficou mais incisiva no Campeonato Brasileiro, quando Ricardo Oliveira chegou a um jejum de sete jogos sem balançar as redes. Entretanto, o camisa 9 encerrou a temporada como vice-artilheiro do Campeonato Brasileiro e artilheiro do Atlético na temporada, com 22 gols marcados em 56 jogos disputados – média de 0,39 gol por partida.
Cazares e Ricardo Oliveira, a dupla tem dado resultado em 2019 (Foto: Bruno Cantini/Atlético)
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Melhor ano da carreira? Em 2018, ainda com Alexandre Gallo como diretor de futebol do Atlético, Ricardo Oliveira viu surgir rumores de um possível interesse do Corinthians em sua contratação. A resposta aconteceu com a renovação de contrato do atacante. O vínculo inicial se encerraria no fim de 2019 e foi prorrogado até dezembro de 2020. No início deste ano, muitos torcedores pediram, por meio das redes sociais, que o Atlético contratasse um atacante para fazer sombra ao Ricardo Oliveira ou até mesmo para ser titular em seu lugar. O jogador se manteve sereno com as críticas e vem dando a resposta em campo. No melhor início de temporada da carreira, Ricardo Oliveira já assinalou nove gols em oito jogos – média de
Ricardo Oliveira teve grande passagem pelo Valencia/ESP - Foto: Kai Forsterling
1,1 gol por partida. Antes criticado pelas finalizações pouco assertivas, o camisa 9 tem números excepcionais neste fundamento. Até à partida contra o Cerro Porteño/PAR, pela primeira rodada da fase de grupos da Copa Libertadores, Ricardo Oliveira finalizou 31 vezes a gol. Destas, 19 conclusões do atacante foram certas e nove foram gols, ou seja, uma assertividade de 47% das finalizações do camisa 9. Questionado pela Camisa 13 sobre estes números em uma coletiva na Cidade do Galo, Ricardo Oliveira respondeu: "Isso se dá por muitos anos de disciplina, de treinos. E não paro. Continuo treinando a mesma coisa, é repetição. Lembra ano passado? Eu falhei muito. Eu perdi gols que não acreditava. Às vezes a gente passa por isso. Você não pode perder o equilíbrio". Sempre vencedor A experiência de Ricardo Oliveira e o faro de títulos do atacante podem ser fundamental para a temporada atleticana. Na Espanha, por exemplo, embora o camisa 9 não tenha defendido Real Madrid ou Barcelona, conquistou títulos expressivos. Pelo Valencia/ESP, clube em que atuou na temporada de 2003/2004, Ricardo Oliveira conquistou o Campeonato Espanhol, competição em que entrou em campo 21 vezes, marcou oito gols e deu duas assistências. Na temporada seguinte o centroavante acertou a transferência para o Betis/ESP, clube 5
que ajudou a conquistar a Copa do Rei, competição semelhante à nossa Copa do Brasil. Ricardo Oliveira participou de apenas um jogo da competição, justamente a final contra o Osasuña. E o camisa 9 não passou em branco, marcando um dos gols da vitória por 2 a 1. A temporada de 2004/2005 do Ricardo Oliveira talvez tenha sido uma das melhores de sua carreira. Além do título da Copa do Rei, o atacante ajudou o Betis a terminar o Campeonato Espanhol em quarto lugar, classificando-se para a Liga dos Campeões. E mais, Ricardo Oliveira terminou em terceiro lugar na artilharia do Campeonato Espanhol, com 22 gols marcados em 37 jogos disputados. O atacante ficou atrás de Forlán, artilheiro da competição com 25 tentos, e Eto’o (24). O Pastor ficou a frente de nomes como Ronaldo, que balançou as redes 21 vezes, e Fernando Torres (16). Em 2006 o Ricardo Oliveira acertou o seu retorno ao Brasil, desta vez para defender o São Paulo. O atacante, que estava emprestado pelo Betis/ESP, ajudou o tricolor paulista a chegar à final da Copa Libertadores, porém o contrato do jogador se encerrou antes do segundo jogo da decisão e, sem conseguir prorrogar o vínculo, assistiu o clube do Morumbi ser derrotado pelo Internacional.
Pelo Bétis/ESP, Ricardo Oliveira vivenciou um dos melhores momentos da carreira - Foto:Yves Herman
Foi a segunda vez que Ricardo Oliveira disputou uma final da Copa Libertadores. A primeira foi em 2003, quando o atacante ajudou o Santos a chegar à decisão da com-
petição, mas foi derrota pelo Boca Juniors/ARG. Na ocasião o atacante foi o artilheiro do torneio continental ao lado do argentino Marcelo Delgado, do Boca Juniors/ARG, ambos com nove gols marcados. Em boa sequência na carreira, Ricardo Oliveira foi negociado pelo Betis/ESP com o Milan/ITA, por 15 milhões de euros. O atacante chegou ao clube italiano para substituir o ucraniano Schevchenko, um dos grandes jogadores do futebol mundial no momento. No Milan/ITA, Ricardo Oliveira atuaria ao lado de grandes estrelas do futebol mundial, como Dida, Cafu, Maldini, Gattuso, Inzaghi, Seedorf, Nesta, Pirlo, Kaká e Ronaldo. E o time deu liga em campo. O quarto lugar no Campeonato Italiano não foi lembrado pelos torcedores do clube, uma vez que o Milan/ITA levantou a taça da Liga dos Campeões. Ricardo Oliveira participou de seis jogos da campanha da maior competição europeia 6
e não contribuiu com nenhum gol ou assistência. Já pelo Campeonato Italiano o atacante marcou três gols nas 21 vezes que esteve em campo pelo Milan/ITA. Ricardo Oliveira acabou sendo negociado pelos italianos com o Zaragoza/ESP na temporada seguinte, clube que defendeu até 2009. Na temporada de 2007/2008 o camisa 9 marcou 22 gols em 43 jogos. Já em 2008/2009 foram 15 gols em 33 partidas. Em 2009, inclusive, o Pastor acertou o retorno ao Betis/ESP, mas seis meses depois acabou sendo negociado por 14 milhões de euros com o Al-Jazira/EAU. Em julho de 2010 o atacante acertou o retorno ao São Paulo, clube que defendeu até o fim daquela temporada. Em 2011 Ricardo Oliveira retornou ao Al-Jazira/EAU, onde permaneceu até 2014, antes de se transferir ao Al-Wasl/EAU. Em 2015 Ricardo Oliveira acertou o retorno para o futebol brasileiro, desta vez para defender o Santos. O atacante permaneceu no Peixe até o fim de 2017, quando acertou com o Atlético.
Ricardo Oliveira, Kaká e Ronaldo: o trio foi campeão da Liga dos Campeões pelo Milan (Foto:Reprodução / N/A)
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que é primordial para um clube renovar o contrato de um jogador? O que é essencial para um jogador permanecer na mesma agremiação por oito anos?
Não há uma resposta exata para as duas perguntas acima, mas, talvez, a linha de raciocínio mais coesa nos leve a pensar que a argumentação mais plausível para tais questionamentos seja o futebol dentro de campo. No dia 26 de janeiro de 2011, em um amistoso contra o River Plate/URU, estreava pelo Atlético o lateral-direito Patric, recém-chegado do Avaí. Já no dia 25 de setembro do mesmo ano, na derrota do Galo por 2 a 1 para o Internacional, estreou pelo clube o também lateral-direito Carlos César. Oito anos depois, ambos os laterais seguem no Atlético. E a pergunta a ser respondida é: eles se enquadram na resposta para as duas perguntas que fizemos no início do texto? Até mesmo o clube alvinegro entende que não. Por que? Primeiro, ambos atletas foram emprestados diversas vezes e, quando tiveram oportunidade de jogar, nunca foram unanimidade e nunca tiveram uma temporada inteira como titulares. Patric Desde que chegou ao Atlético, Patric entrou em campo 145 vezes pelo clube, conquistando 71 vitórias, 29 empates e 45 derrotas – aproveitamento de 55,6%. Pelo Galo ele foi campeão mineiro, em 2015, e também conquistou o simbólico título da Florida Cup, em 2016. Sem conquistar espaço no clube, Patric conviveu com empréstimos. Ao longo de seu contrato com o Atlético o lateral já foi cedido para cinco clubes distintos: Ponte Preta (2011), Avaí (2012), Coritiba (2013), Sport (2013/2014) e Vitória (2017).
Em 2015 o Patric se envolveu em uma polêmica ao acertar um pré-contrato com o Osmanlispor/TUR (Foto:Reprodução)
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Mesmo com muitos empréstimos e poucos jogos, Patric já teve três renovações de contrato com o Atlético. Primeiro reforço do clube para a temporada de 2011, o primeiro vínculo assinado pelo lateral com o Galo tinha duração até o fim de 2015. Em meados de 2015, Patric envolveu-se em uma polêmica ao assinar um pré-contrato com o Osmanlispor, da Turquia. Entretanto, o Atlético ignorou este acordo do lateral e estendeu o vínculo do jogador até o fim de 2018. Titular durante boa parte da última temporada, Patric renovaria seu contrato com o Atlético pela segunda vez, desta feita por mais um ano. O acordo foi selado em maio de 2018. Menos de um ano depois, o lateral e o clube alvinegro anunciariam mais uma extensão do vínculo, desta feita até o fim de 2020. Atualmente o jogador tem vencimentos na casa dos R$ 250 mil mensal no clube. Desde que chegou ao Atlético, Patric participou de 26% dos jogos do clube. Levando em consideração apenas as temporadas completas em que esteve disponível na agremiação, o lateral entrou em campo em 55% dos duelos do Galo. Carlos César Já o Carlos César participou de 101 jogos pelo Atlético, somando 47 vitórias, 23 empates e 31 derrotas – 54,1% de aproveitamento. Pelo Galo o lateral conquistou quatro estatuais (2012, 2013, 2015 e 2017) e a Copa Libertadores, em 2013. Carlos César foi emprestado pelo Atlético em três oportunidades. Contudo, mesmo conseguindo permanecer no clube por mais tempo o jogador foi pouco aproveitado. Em 2014 o lateral foi cedido ao Athletico-PR e, pouco depois, repassado ao Vasco. Em 2018 o Carlos César vestiu a camisa do Coritiba.
Sem espaço na lateral direita, Carlos César vem sendo utilizado neste ano como lateral-esquerdo (Foto: Bruno Cantini/Atlético)
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Carlos César chegou ao Atlético em setembro de 2011, emprestado pelo Boa Esporte até o fim do Campeonato Mineiro do ano seguinte. Antes do fim do contrato o clube alvinegro acertou a compra de 50% dos direitos do lateral. Em fevereiro do ano passado o Atlético estendeu o vínculo do Carlos César por mais um ano, ou seja, o contrato que acabaria em julho de 2018 foi renovado até julho de 2019. Atualmente o lateral tem um salário na casa de R$ 140 mil mensal. Desde que chegou ao Atlético, Carlos César participou de 18% dos jogos do clube. Levando em consideração apenas as temporadas completas em que esteve disponível na agremiação, o lateral entrou em campo em 27% dos duelos do Galo. Outros nomes Além do Patric e do Carlos César, outros oito laterais-direitos vestiram a camisa do Atlético desde 2011. São eles: 2011 Rafael Cruz e Roger 2012 Marcos Rocha 2013 Alex Silva, Marcos Rocha e Michel 2014 Alex Silva, Marcos Rocha e Michel 2015 Marcos Rocha 2016 Alex Silva e Marcos Rocha 2017 Alex Silva e Marcos Rocha 2018 Emerson e Samuel Xavier 2019 Guga A Camisa 13 fez um levantamento de quais jogadores atuaram por um dos 12 maiores clubes do país em 2011 e que em 2019 veste as mesmas cores – independente de ter saído neste intervalo. Segue abaixo a lista: 11
Alison – Santos (saiu, mas voltou) D’Alessandro – Internacional (saiu, mas voltou) Digão – Fluminense (saiu, mas voltou) Fábio – Cruzeiro Fellipe Bastos – Vasco (saiu, mas voltou) Henrique – Cruzeiro (saiu, mas voltou) Léo – Cruzeiro Rafael – Cruzeiro Rafael Sóbis – Internacional (saiu, mas voltou) Ralf – Corinthians (saiu, mas voltou) Rodrigo Moledo – Internacional (saiu, mas voltou)
Se permanecerem no Atlético até lá, em 2021 Carlos César e Patric completarão 10 anos de clube (Foto: Bruno Cantini/Atlético)
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