Camisa 13 - Edição 14 (Abril 2019)

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caiu mais um técnico no Atlético. Hoje, a maior dificuldade de um comandante do Galo não é ser campeão de uma competição importante, mas sim superar a marca de seis meses no clube.

Desde 2003, um técnico permanece no Atlético, em média, por 6,4 meses. Para ter ideia como é frequente a troca de comandantes no clube, neste período somente dois treinadores permaneceram no Galo por mais de um ano: Cuca, que esteve à frente da equipe de agosto de 2011 a dezembro de 2013, e Levir Culpi, de abril de 2014 a novembro de 2015. Nesta edição a Revista Camisa 13 fez um levantamento com todos os técnicos que passaram pelo Atlético no período pós-Cuca. Todos conviveram com a sombra do "Galo Doido", implantado pelo técnico campeão da Copa Libertadores. Além disso, comparamos o início da carreira do Alerrandro com o Carlos. Quem você acha que leva a melhor nesta análise? E também, com o Campeonato Brasileiro começando nos próximos dias, fizemos a receita para o Galo ser bicampeão da principal competição do país. Porém, atualmente faltam ingredientes ao clube. Boa leitura!

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ecentemente o Atlético anunciou a demissão do técnico Levir Culpi. A decisão da diretoria agradou a maior parte dos torcedores, uma vez que o comandante não realizava um bom trabalho. Por outro lado, a alta rotatividade de treinadores no clube também chamou a atenção. Desde que Cuca saiu do Atlético, em dezembro de 2013, o clube contratou nove treinadores – uma média de quase dois profissionais por temporada. Desde então, somente Levir Culpi conseguiu completar um ano de trabalho à frente da equipe Se analisarmos desde 2003, em média, cada profissional fica no Galo por 6,4 meses. Desde 2015 o Atlético não termina a temporada com o mesmo técnico que iniciou. Pior, nos últimos dois anos o Atlético chegou a ter três técnicos distintos, com metodologias de trabalho diferente. A Revista Camisa 13 fez um levantamento com todos os técnicos que passaram pelo Atlético desde a saída do Cuca, buscando números e estilo de jogo. Fizemos também uma pequena ficha da passagem do treinador pelo clube. Paulo Autuori Contratação: 20/12/2013 Demissão: 24/04/2014 (4 meses) Jogos: 23 Vitórias: 11 Empates: 9 Derrotas: 3 Gols marcados: 33 Gols sofridos: 15 Aproveitamento: 61% Campeão da Copa Libertadores em 2013, o Atlético ficou temido por ser um time muito agressivo, porém apresentava como ponto fraco dois fatores: o aproveitamento como visitante e o número de gols sofridos. Para se ter ideia, no ano do título continental o time alvinegro entrou em campo em 71 jogos e foi vazado 81 vezes. Com perfil mais tático, Paulo Autuori tentou dar ao Atlético um novo estilo de jogo. Mais contido defensivamente e menos agressivo, o time alvinegro demonstrava dificuldade para entender a nova filosofia, o que foi convertido em resultados ruins em campo, sobretudo no Campeonato Mineiro. Nos seis primeiros jogos na temporada o Atlético venceu apenas dois: o Nacional, por 2 a 1, pelo Campeonato Mineiro, e o Zamora/VEN, por 1 a 0, pela Copa Libertadores. Foi o suficiente para surgirem as primeiras críticas ao Paulo Autuori. Mas houve reação. Recuperado no Campeonato Mineiro, onde chegou a vencer sete partidas consecutivas, o Atlético também se mostrou forte na Copa Libertadores, terminando a fase de grupos invicto. O único resultado questionável no torneio continental foi o empate com o Nacional/PAR, em casa, por 1 a 1. 5


Entretanto, no período mais decisivo do primeiro semestre o Atlético fraquejou. Os dois empates por 0 a 0 com o Cruzeiro, na final do Campeonato Mineiro, deram ao rival o título estadual. Não bastasse, nova igualdade sem gols na estreia do Campeonato Brasileiro, com o Corinthians, e uma derrota por 1 a 0 para o Atlético Nacional/COL, pelas oitavas de final da Copa Libertadores. A sequência foi ruim não somente pelos resultados, mas também pela pouca evolução demonstrada pelo Atlético dentro de campo até aquele momento na temporada. Enquanto a torcida cobrava um time mais ofensivo e agressivo, como no ano anterior, Paulo Autuori insistia em organizar o time defensivamente, dando equilíbrio entre os setores. A sequência ruim culminou com a surpreendente demissão de Paulo Autuori após a derrota por 1 a 0 para o Atlético Nacional/COL, no jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores. Levir Culpi Contratação: 24/04/2014 Demissão: 26/11/2015 (19 meses) Jogos: 109 Vitórias: 57 Empates: 22 Derrotas: 30 Gols marcados: 167 Gols sofridos: 115 Aproveitamento: 59% Embora Paulo Autuori tenha permanecido apenas quatro meses no comando do Atlético, foi o suficiente para o treinador ser muito criticado pelos torcedores atleticanos. Alexandre Kalil, presidente do Galo na época, tentou retomar um técnico com estilo mais ofensivo, e o nome da vez foi o de Levir Culpi. Levir chegou ao Atlético e logo de cara tinha a missão de reverter uma derrota por 1 a 0 para o Atlético Nacional/COL, nas oitavas de final da Copa Libertadores. A estreia do comandante foi contra o Grêmio, em Porto Alegre, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. A derrota do Galo por 2 a 1 não representou muita coisa, uma vez que o foco do time estava no torneio continental. Entretanto, o empate em 1 a 1 com o Atlético Nacional/COL deu fim ao sonho do Atlético em ser bicampeão da Copa Libertadores. Após a eliminação, Levir Culpi iniciaria uma ideia de reformulação no elenco que seria concluída após a Recopa Sul-Americana. Se por um lado Jemerson realizava os primeiros jogos como profissional do Atlético, por outro Ronaldinho Gaúcho realizaria os últimos. O título da Recopa sobre o Lanús/ARG sacramentou o fim da "era R10" no Galo. Mas ainda tinha mais título a ser conquistado naquele ano. 6


Com Dátolo recuado para a função de volante, Levir Culpi adotou novamente o esquema de "Galo Doido" e, com muita emoção, foi avançando na Copa do Brasil. Com viradas históricas sobre Corinthians e Flamengo, chegou à final do torneio, superando o Cruzeiro na decisão. Mantido para o cargo em 2015, Levir Culpi manteve a ideia de um time agressivo, que atua com a linha de marcação avançada. O Atlético demorou a engrenar na Copa Libertadores e quando o fez foi o suficiente somente para chegar às oitavas de final, fase em que foi eliminado pelo Internacional. O foco total da equipe passou a ser o Campeonato Brasileiro. O Atlético chegou a liderar a competição, mas viu o Corinthians ultrapassá-lo na tabela e abrir boa vantagem. Coube ao elenco alvinegro se contentar com o vice-campeonato do Brasileirão. Levir Culpi nem chegou a terminar a competição. Sem acordo para a renovação de contrato, o técnico deixou o Atlético após o empate em 2 a 2 com o Goiás, pela 36ª rodada do Brasileiro. Diego Aguirre Contratação: 07/12/2015 Demissão: 19/05/2016 (5 meses) Jogos: 31 Vitórias: 16 Empates: 7 Derrotas: 8 Gols marcados: 50 Gols sofridos: 27 Aproveitamento: 59% A principal característica de Daniel Nepomuceno na presidência do Atlético era a agressividade e a ousadia no mercado. E na escolha do primeiro técnico contratado – Levir Culpi chegou na gestão do Alexandre Kalil –, não foi diferente. Após uma passagem pelo Internacional, Diego Aguirre foi o nome escolhido para comandar o Atlético em 2016. Com reforços como Cazares e Robinho, o clube alvinegro tinha o intuito de montar um elenco forte e conquistar novamente o título da Copa Libertadores. Contudo, na prática foi um pouco diferente. Vice-campeão do Campeonato Mineiro, no qual foi derrotado pelo América-MG, Diego Aguirre se viu pressionado no cargo e chegou a revelar que pediu demissão após a decisão estadual. Na ocasião ele acertou que comandaria o Atlético até o clube encerrar sua participação na Copa Libertadores. E o Atlético estava bem na competição. Classificado para as quartas de final, o time alvinegro realizava o seu melhor desempenho no torneio continental desde que foi campeão, em 2013. Entretanto, a eliminação para o São Paulo colocou um ponto final 7


para o Galo na Libertadores e para Diego Aguirre à frente da equipe. Com um perfil mais tático, Diego Aguirre enfrentou a desconfiança dos torcedores por ter uma filosofia de trabalho diferente de Cuca e Levir Culpi, técnicos com um estilo de jogo mais agressivos e que ganharam competições importantes no clube. Coube ao presidente novamente apostar em um técnico com estilo mais agressivo. Marcelo Oliveira Contratação: 20/05/2016 Demissão: 24/11/2016 (6 meses) Jogos: 42 Vitórias: 18 Empates: 14 Derrotas: 10 Gols marcados: 68 Gols sofridos: 57 Aproveitamento: 54% Após grandes trabalhos no Coritiba e no Cruzeiro, Marcelo Oliveira voltou ao Atlético, clube em que começou a carreira como técnico. Com estilo mais ofensivo, o comandante tinha como meta retomar o "Galo Doido" e recolocar o Galo no caminho dos títulos.

Marcelo Oliveira foi demitido pelo Atlético após o primeiro jogo da final da Copa do Brasil Foto: Bruno Cantini/Atlético

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O início do treinador não poderia ser pior. Nos sete primeiros jogos (todos pelo Campeonato Brasileiro), Marcelo Oliveira somou quatro empates e três derrotas, chegando a amargar a 18ª colocação da competição nacional. Nas rodadas seguintes o Atlético recuperou-se, vencendo nove dos 11 jogos seguintes – o que fez o clube terminar o primeiro turno na segunda colocação, um ponto atrás do líder Palmeiras. Entretanto, alguns tropeços fizeram o Atlético se distanciar da disputa pelo título do Brasileirão. Já na Copa do Brasil, aos trancos e barrancos o Atlético foi avançando de fase, chegando à decisão do torneio. Antes mesmo da final contra o Grêmio os torcedores do Atlético já criticavam o técnico Marcelo Oliveira devido a fragilidade defensiva apresentada pelo time. Para ter-se ideia, das oitavas de final à semifinal o Galo realizou seis jogos pela Copa do Brasil e sofreu sete gols. As críticas aumentaram ainda mais após o jogo de ida da final da Copa do Brasil, em que o Atlético foi derrotado por 3 a 1 pelo Grêmio, em pleno Mineirão. O resultado culminou com a demissão do treinador antes mesmo da segunda partida da decisão. As críticas até ostentavam certo embasamento, uma vez que com Marcelo Oliveira no comando o Atlético sofreu 57 gols em 42 jogos. A média de 1,10 gol sofrido por jogo é a mesma alcançada por Oswaldo de Oliveira e só é inferior ao 1,15 atingido pelo Rogério Micale. Roger Machado Contratação: 30/11/2016 Demissão: 20/07/2017 (7 meses) Jogos: 43 Vitórias: 23 Empates: 9 Derrotas: 11 Gols marcados: 74 Gols sofridos: 40 Aproveitamento: 60% Sem conseguir um título de expressão nos últimos anos, mas somando um vicecampeonato brasileiro e um vice da Copa do Brasil, Daniel Nepomuceno resolveu apostar novamente em um técnico com perfil mais estudioso, que prioriza a questão tática da equipe. Com o perfil traçado, o nome escolhido foi Roger Machado, que havia realizado bom trabalho com o Grêmio. O treinador foi além das coletivas teóricas, em que demonstrava ter grande conhecimento tático. Campeão mineiro e com a melhor campanha da fase de grupos da Copa Libertadores, tudo indicava que o comandante teria vida longa no clube. Certo? Errado! A derrota para o Jorge Wilstermann/BOL, por 1 a 0, nas oitavas de final da 9


Copa Libertadores, deixou o técnico bastante pressionado. Não bastasse, a sequência no Campeonato Brasileiro também foi ruim. As derrotas em casa para o Santos (1 a 0) e o Bahia (2 a 0) culminaram com a demissão do Roger Machado. O comandante deixou o Galo com 60,5% de aproveitamento. Rogério Micale Contratação: 21/07/2017 Demissão: 24/09/2017 (2 meses) Jogos: 13 Vitórias: 5 Empates: 3 Derrotas: 5 Gols marcados: 12 Gols sofridos: 15 Aproveitamento: 46% Campeão olímpico, Rogério Micale foi mais uma aposta do Atlético que não deu certo. O treinador foi o que ficou menos tempo no comando, o que teve o menor aproveitamento e o único a deixar o clube com o saldo de gols negativo. Micale ficou conhecido no Atlético por deixar no banco as principais estrelas do time: Luan, Elias, Fred e Robinho amargaram a reserva com o técnico. Embora não viessem de boas atuações, como o comandante chegou a explicar à época, o questionamento dos torcedores não demorou a acontecer, uma vez que o atacante Pablo, por exemplo, é quem entrava na vaga do Robinho.

Roger Machado não conseguiu deixar um legado no Atlético, deixando o clube sete meses após ser contratado - Foto: Divulgação/Atlético

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Algumas coletivas do Micale também entraram para o folclore dos torcedores atleticanos. Em uma delas, o comandante comentou sobre uma receita de bolo de chocolate com morango. "Conhecemos como o Atlético ganhou no passado. E quando a gente ganha, se torna uma marca. A gente acha que aquilo é como se fosse a receita para se ganhar de novo. Mas se você quiser fazer um bolo de chocolate com calda de morango, você tem alguns princípios para sair o bolo dessa forma. No mínimo é preciso ter chocolate e morango, porque não é possível fazer o bolo de chocolate com morango tendo laranja e baunilha", disse Micale. Rogério Micale ficou dois meses no Atlético. O comandante assumiu o time na 17ª rodada do Campeonato Brasileiro, com a equipe na 13ª colocação, com 20 pontos conquistados – 20 pontos atrás do líder Corinthians, a três pontos do Vasco, primeiro clube da zona de classificação para a Copa Libertadores, e três pontos acima da zona de rebaixamento. Micale deixou o Atlético após a derrota por 3 a 1 para o Vitória, em casa, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro. Na ocasião o clube alvinegro estava em 11º lugar, com 31 pontos conquistados – 23 pontos atrás do líder Corinthians, três pontos atrás do Atlético-PR, primeiro clube da zona de classificação para a Copa Libertadores, e três pontos acima da zona de rebaixamento. A conclusão que podemos tirar dos números do Rogério Micale é que não houve evolução do time sob o seu comando e a contratação do treinador talvez tenha sido precipitada, uma vez que dois meses depois o técnico foi demitido e substituído por Oswaldo de Oliveira, que tem um perfil de trabalho distinto do antecessor.

Rogério Micale foi o técnico que permanece menos tempo no Atlético desde 2014: foram apenas dois meses de trabalho - Foto: Thiago Ribeiro/AGIF

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Oswaldo de Oliveira Contratação: 26/09/2017 Demissão: 09/02/2018 (5 meses) Jogos: 20 Vitórias: 8 Empates: 9 Derrotas: 3 Gols marcados: 32 Gols sofridos: 22 Aproveitamento: 55% Com um perfil mais boleiro, de maior proximidade com os jogadores, Oswaldo de Oliveira encontrou em sua chegada ao Atlético um grupo pouco motivado e pouco ambicioso. Quase um psicólogo, o técnico ganhou os jogadores na base da conversa e fez crescer o rendimento de alguns atletas, como o Robinho, por exemplo. Nos 13 jogos restantes do Campeonato Brasileiro de 2017, Oswaldo de Oliveira tinha como principal objetivo levar o Atlético à Copa Libertadores. E foi por pouco. Com 59% de aproveitamento com o treinador, o Galo terminou o Brasileirão em nono lugar e só não disputou o torneio continental devido a derrota do Flamengo para o Independiente/ ARG na final da Copa Sul-Americana. Embora não fosse unanimidade entre os torcedores, Oswaldo de Oliveira foi mantido no cargo para 2018. Mas não permaneceu nele por muito tempo. Após seis jogos, o técnico não suportou ao empate com o Atlético-AC, pela primeira fase da Copa do Brasil, e, somado a uma confusão com um repórter na coletiva após a partida, Oswaldo acabou sendo desligado do cargo. Até a demissão do Oswaldo de Oliveira, somente Levir Culpi e Roger Machado trabalharam no Atlético por um período superior a seis meses – reforçando que o Roger Machado permaneceu no clube por sete meses. Thiago Larghi Contratação: 09/02/2018 Demissão: 18/10/2018 (8 meses) Jogos: 49 Vitórias: 23 Empates: 12 Derrotas: 14 Gols marcados: 74 Gols sofridos: 46 Aproveitamento: 55% Membro fixo da comissão técnica do Atlético, Thiago Larghi foi o nome escolhido para comandar o time em alguns jogos do Campeonato Mineiro, até o clube acertar a 12


chegada de um novo treinador. Contudo, o tempo foi passando e a agremiação alvinegra não conseguiu chegar a um acordo com Cuca e Felipão, os nomes procurados para assumir a equipe. Com bons números e boas atuações, Thiago Larghi foi se firmando como técnico do Atlético. Em junho o clube anunciou a efetivação do comandante como treinador da equipe. Entretanto, com a perda de jogadores importantes, como Róger Guedes, negociado com o futebol chinês, e Gustavo Blanco, lesionado, Larghi viu o desempenho do time cair. E como tem acontecido frequentemente no Atlético, os técnicos não têm suportado o momento de oscilação do time. Com o Thiago Larghi não foi diferente. Após a derrota para a Chapecoense e o empate com o América-MG, o clube alvinegro surpreendeu alguns ao demitir o Larghi. Na ocasião o Atlético era o sexto colocado do Campeonato Brasileiro, quatro pontos acima do Santos e a seis do São Paulo, primeiro clube do G-4. Novamente, o técnico que chegaria ao clube teria um perfil distinto do antecessor. Levir Culpi Contratação: 18/10/2018 Demissão: 11/04/2019 (6 meses) Jogos: 31 Vitórias: 18 Empates: 5 Derrotas: 8 Gols marcados: 52 Gols sofridos: 28 Aproveitamento: 63%

Estudioso, Thiago Larghi foi mais um técnico a não completar um ano de trabalho no Atlético - Foto: Bruno Cantini/Atlético

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Contratado em outubro do ano passado, Levir Culpi tinha como principal objetivo classificar o Atlético para a Copa Libertadores deste ano. Com um desempenho mediano, Levir cumpriu o objetivo mesmo com números inferiores ao seu antecessor. Thiago Larghi teve um aproveitamento de 52,9% no Campeonato Brasileiro, enquanto Levir Culpi alcançou 48,1% na competição. Enquanto Larghi perdeu nove dos 29 jogos em que comandou o Atlético, Levir saiu derrotado em quatro das nove partidas em que esteve à frente do time. Em 2019 o primeiro objetivo do Atlético era chegar à fase de grupos da Copa Libertadores. Esta missão o time alcançou com pouco sofrimento. Entretanto, no Grupo E da competição, o Galo apresentou muita dificuldade e terá que contar com quase um milagre para avançar às oitavas de final. Nos três primeiros jogos da fase de grupos da Copa Libertadores, o Atlético saiu derrotado para o Cerro Porteño/PAR, no Mineirão, e para o Nacional/URU, ambos por 1 a 0. Contra o Zamora/VEN, adversário mais fraco da chave, o Galo superou uma apresentação assustadora no primeiro tempo e, após sair perdendo por 2 a 0, virou o placar para 3 a 2. Até então, esta é a única vitória do Atlético no Grupo E. Na quarta rodada, uma nova apresentação assustadora e a derrota por 4 a 1 para o Cerro Porteño/PAR. Sem conseguir dar um padrão ao time e perdido nas coletivas, Levir Culpi não resistiu ao resultado e acabou sendo demitido após o retorno da equipe a Belo Horizonte.

Com duas passagens pelo Atlético desde 2014, Levir Culpi foi o último técnico a conseguir completar um ano de trabalho no clube - Foto: Bruno Cantini/Atlético

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e antes criticado, hoje solicitado no time principal. Se antes perdia gols, hoje os faz. Se antes artilheiro das categorias de base, hoje chegou a ser artilheiro do Campeonato Mineiro.

É claro, estamos falando do Alerrandro. Aos 19 anos, o jovem atacante estreou pelo Atlético em 2018, com 18 anos recém completados. O início foi normal para um jogador recém-promovido das categorias de base. Ansioso, Alerrandro não demonstrava nem de longe ser aquele menino que chegou a marcar 68 gols em uma única temporada. Este feito aconteceu em 2015, quando o atacante atuava pelo sub-15 do Atlético. Ano passado, duas partidas marcaram bastante o nome do Alerrandro. A primeira foi o empate com o Ferroviário-CE, pela Copa do Brasil. Na ocasião o jovem desperdiçou chances claras de marcar seu primeiro gol pelo profissional, mas encerrou a partida com duas assistências. Pouco mais de um mês após o duelo com o Ferroviário-CE, Alerrandro foi titular na partida contra o Flamengo, em um duelo que valia a liderança do Campeonato Brasileiro. Com uma atuação discreta, o atacante foi substituído no segundo tempo e deixou o campo chorando. "Saí chateado, não pela substituição, mas pela minha atuação. Fui abaixo daquilo que esperam de mim. Saí chorando sim pelas oportunidades que eu perdi, já não vinha bem e ainda perde oportunidade, a cabeça fica meio abalada. Tentei controlar, mas estava difícil demais", explicou o jogador após a partida. Na rodada seguinte o Alerrandro ainda chegou a ser aproveitado, porém um imbróglio em sua renovação de contrato e problemas em seu comportamento geraram um longo período sem utilização no time principal. Entre maio e novembro o atacante não atuou em nenhuma partida do elenco profissional, mas voltou a ser utilizado com o técnico Levir Culpi. A sensação que ficou para alguns em 2018 é que o Alerrandro precisava marcar o primeiro gol para tirar um peso das costas e deslanchar no profissional. E isso aconteceria nesta temporada. Comparações com o Carlos A ideia do técnico Levir Culpi em dar oportunidade aos jogadores considerados reservas no Campeonato Mineiro fez bem ao Alerrandro. Certamente o dia 2 de fevereiro jamais sairá da cabeça do atacante. Foi nesta data que o jovem marcou o primeiro gol como jogador profissional. O tento aconteceu na vitória do Atlético sobre o Guarani-MG, por 2 a 0. E o atacante não parou de fazer gols. Alerrandro balançou as redes adversárias mais sete vezes, assumindo a artilharia do Campeonato Mineiro. Antes, porém, o jovem talvez tenha visto alguns torcedores o compararem ao atacante 16


Carlos, outra promessa das categorias de base do clube, que hoje defende o Vitória de Setúbal, de Portugal. Carlos apareceu pela primeira vez no time profissional do Atlético em 2013, quando estreou no time principal no empate em 0 a 0 com o Náutico. E foi a única oportunidade que o atacante recebeu naquele ano. Na temporada seguinte Carlos ganhou espaço no Campeonato Mineiro. Paulo Autuori mandou o atacante a campo em sete jogos e viu o jovem de 18 anos marcar dois gols na competição. Mas seria justamente com o Levir Culpi que o jovem ficaria marcado. Com um gol anotado na partida contra o Flamengo, pela semifinal da Copa do Brasil, Carlos foi uma peça importante na campanha do Atlético, que seria campeão do torneio. Na temporada de 2014, o jovem atacante atuou em 36 jogos e marcou oito gols. É o mesmo número de gols marcados pelo Alerrandro, que certamente entrará em campo mais vezes nesta temporada, podendo aumentar ainda mais esta marca. A principal característica do atacante é o posicionamento, o que é primordial para um jogador da sua posição balançar a rede adversária. Até o momento, Alerrandro fez nove jogos em 2019. Se recortamos o mesmo número de partidas do Carlos, em 2014, teremos o seguinte quadro:

Artilharia Apesar da artilharia do Campeonato Mineiro, Alerrandro teve poucas oportunidades quando o Levir Culpi optou em iniciar a partida com o Ricardo Oliveira no ataque. Para ser mais preciso, o jovem atacante entrou no decorrer da partida apenas uma vez. 17


Com o time principal sendo utilizado nesta reta final do Campeonato Mineiro, Alerrandro acabou perdendo a artilharia da competição e segue esperando uma nova oportunidade para se firmar no ataque alvinegro. O jogador não entra em campo desde o dia 20 de março, quando foi substituído no intervalo da vitória do Atlético sobre o Tupynambás, na última rodada da primeira fase do estadual.

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1. Monte um elenco com 15 jogadores de qualidade já conhecida no futebol e pelo menos cinco jogadores que serão titulares nas próximas temporadas. Em 2013 o Atlético foi campeão da Copa Libertadores, vencendo o Olímpia/PAR na decisão. Você lembra o banco de reservas do Galo naquela ocasião? Se não, trazemos para você. Neste duelo o Cuca tinha como suplente: Giovanni, Gilberto Silva, Leandro Donizete, Rosinei, Guilherme, Luan e Alecsandro. Além destes nomes, é válido ressaltar que Marcos Rocha e Richarlyson, os laterais titulares da equipe, não atuaram na final por estarem suspensos. Sendo assim, possivelmente Michel e Júnior César estariam entre os suplentes. 2. Um desempenho consistente, sobretudo na reta final do campeonato. "Título se ganha nas últimas oito rodadas e se perde nas oito primeiras". Esta frase foi dita por ninguém menos que Pep Guardiola. Desde 2003, quando o Campeonato Brasileiro é disputado no sistema de pontos corridos, o Atlético esteve próximo do título em algumas ocasiões. Entretanto, um dos motivos pela consagração não ter acontecido foi justamente esta oscilação do Galo nas últimas rodadas. Ampliamos a "lei do Guardiola" e fizemos um recorte das últimas dez partidas do Brasileirão dos anos de 2009, 2012, 2014, 2015 e 2016, quando o Atlético sonhou com o bicampeonato brasileiro, mas acabou não alcançando o objetivo. Podemos notar que o desempenho do Atlético quase sempre foi inferior ao do campeão.

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3. Bom aproveitamento como mandante e visitante. Possuir números equilibrados em casa e fora é crucial para ser campeão brasileiro. Levando em consideração somente os anos em que o Atlético esteve próximo do título, somente em um deles o campeão não teve o melhor aproveitamento do campeonato como visitante. O melhor desempenho do Atlético como mandante foi em 2012, quando o time alvinegro fez a segunda melhor campanha em casa do campeonato. Já como visitante, o melhor aproveitamento do Galo foi em 2015, quando foi o segundo hóspede do Brasileirão.

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Opinião Unifique um forte elenco com um desempenho sem grandes oscilações e será candidato ao principal título nacional. O Atlético iniciará o Campeonato Brasileiro deste ano um passo atrás de outros concorrentes que, com contratações mais pontuais, conseguiram montar um grupo mais sólido. O título brasileiro seria uma utopia para os atleticanos, mas a realidade não deve nos mostrar algo diferente de uma disputa por uma vaga na Copa Libertadores. E isso se concretizará de acordo com as oscilações que o Atlético apresentar durante o Brasileirão. Quanto mais, menor a chance de terminar a competição bem posicionado. Atleticanos que somos, torceremos e acreditaremos que o time se sobressairá em campo, conseguindo boas sequências de resultados que culminarão com o bicampeonato brasileiro do Atlético. Saudações alvinegras!

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