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EDITORIAL Amado por uns e odiado por outros. Embora clichê, talvez esta seja a melhor definição para o Tomás Andrade, personagem de capa desta edição da Camisa 13. É fato que o meia vem crescendo, mas também é conclusivo que isso ainda não é notório a todos. Simpático, o argentino já tentou a sorte no futebol espanhol e inglês, mas acabou mesmo se tornando profissional na Argentina. Em 1928 o Atlético deu um importante passo para a sua história, quando Djala Andrade escreveu o primeiro hino da história do clube. Entretanto, 40 anos depois Alberto Perini, membro da diretoria do clube à época resolveu alterar este hino. Na Camisa 13 você vai conhecer a história destas duas canções. E o que falar sobre a sequência do Campeonato Brasileiro? Após duas derrotas e uma vitória, o Atlético segue entre os quatro primeiros da competição e com um futebol competitivo faz o torcedor sonhar com o título da competição. Veja uma avaliação individual do SofaScore, site utilizado até mesmo pelo Atlético, com as notas dos jogadores do Galo que entraram em campo nestes três jogos.
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SUMÁRIO 4
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COLUNAS Confira as colunas de Stéfano Bruno e James Campelo
TOMITO! A história de Tomás Andrade e uma entrevista exclusiva para a Camisa 13
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OS HINOS A belíssima história dos dois hinos do Atlético
ELE VOLTOU O Galo voltou! Um relato sobre os três jogos que o Atlético fez após a Copa do Mundo
EXPEDIENTE EDITOR CHEFE Stéfano Bruno PRODUÇÃO E EDIÇÃO Stéfano Bruno ARTES Stéfano Bruno CONTRIBUIU COM ESTA EDIÇÃO Jean Patrick CONTATO revistadogalo@gmail.com Twitter: @RevistaDoGalo 3
27 de novembro de 2005. Pontualmente às 16h deixo o skate de lado para vivenciar um drama inimaginável. O Atlético entrou em campo contra o Vasco ciente que qualquer resultado que não fosse a vitória o rebaixaria à segunda divisão do Campeonato Brasileiro. De um lado, Romário teve um pênalti defendido pelo goleiro Bruno. Do outro, o gol do meia Renato era anulado pela arbitragem. O jogo termina. A perplexidade me domina. Não conseguia acreditar nas palavras explanadas pelo Willy Gonzer na Rádio Itatiaia. Ao fundo, escuto o Mineirão cantar o hino e me fixo na parte: "Uma vez até morrer". Desanimado e cabisbaixo, pego o skate. Na ocasião, a única ferramenta que seria capaz de me fazer esquecer o que era inesquecível. Ao chegar no portão vejo meu pai horando no passeio. "Filho, me desculpa. Não queria que o Atlético fizesse você passar por isso. Me desculpa por fazer você ser atleticano", disse o meu pai enquanto nos abraçávamos fortemente. "Depois da sua amizade, ser atleticano foi a melhor coisa que você já me deu", respondi a ele. A data agora é 23 de julho de 2013. Saio da redação do BHaz para encontrar com alguns torcedores do Olímpia/PAR. Entre uma conversa e uma matéria, uma cerveja e outra, perguntei ao torcedor paraguaio: "Você acredita no título?" Ele me olhou fixamente e alguns segundos depois respondeu: "Torço, mas não acredito. Vocês têm o Ronaldinho". Aquilo ficou marcada em mim. Sempre soube da importância do Ronaldinho, mas ainda não havia pensado desta forma naquela final. "A gente tem o Ronaldinho, o Tardelli, o Bernard, o Victor, o Leonardo Silva, o Réver, o Jô. Não tem como dar errado", pensei confiante. O único fato temido por mim era os pênaltis... No dia 24 de julho de 2013, lembro de ter acordado muito antes do habitual após uma noite mal dormida. Fui para a redação do BHaz mais cedo e com o pensamento de sair mais tarde - queria chegar exatamente quando o juiz estivesse apitando o início da partida. 4
Sem poder ir ao Mineirão devido o compromisso profissional, saí da redação às 19h e desci da praça da Savassi até a Praça Sete a pé. Recebia ligações com convites para churrascos gratuitos. Agradecia e recusava. Queria assistir à partida em casa, sozinho. Antes do apito inicial, peguei um terço, ajoelhei e rezei. Pedi a Deus somente uma coisa: "Pai, dê sabedoria aos jogadores do Atlético que entrarem em campo. Que eles façam a coisa certa na hora certa". A partida começou e junto tive uma crise de diarreia. O caminhar do jogo me deixou tenso. Em determinado momento senti a pressão não aguentar e me causar certa tonteira. Levantei-me e fui até a cozinha tomar um copo com água. O gol do Jô quase me fez estourar a laringe devido à intensidade do grito. Quando vi o Victor saindo do gol, gritei: "Não, Victor!" Entretanto, quando o Ferreyra escorregou tive a certeza do título. O gol marcado pelo Leonardo Silva me levou ao ápice do êxtase. Imaginei que o terceiro gol sairia, seja no tempo normal ou na prorrogação. Não saiu. Teríamos pênaltis. Confesso sem medo de ser crucificado que temi o pênalti do Leonardo Silva. Nunca o vi cobrando pênalti e imaginei que o cobrador seria o Réver, que sempre demonstrou categoria com a bola nos pés. Quando o Leonardo Silva fez o gol, gritei para a minha irmã: "Pode abrir tudo que o Gimenez vai perder". E perdeu! Saí gritando "O Galo é campeão", "o Cuca é campeão", "vai tomar no **", e por aí vai. Voltei correndo para finalizar a matéria para o BHaz, ver o time levantar a taça e correr para a Praça Sete. Antes, porém, de joelhos agradeci a Deus pelo título e, desta vez, era a minha vez de chorar. Em meio às lágrimas liguei para o meu pai para agradecer por ter me feito atleticano. Tive a sorte e a honra de um dia após o título encontrar com o Leonardo Silva e poder agradecer-lhe não somente pelos gols, mas também pela grande trajetória que ele já cursava no Galo. De 27 de novembro de 2005 a 24 de julho de 2013, nada mudou para mim. Comemorei, sim, todos os títulos, mas eles nunca foram o diferencial para amar o Atlético. O Atlético é como o amor do pai ao filho e do filho ao pai. Não precisamos de presentes para amar, simplesmente amamos eternamente. #UmaVezAtéMorrer
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Das coisas mais legais de estar viajando é o prazer de sempre ser abordado com um grito de Galo por qualquer canto do Brasil ou do mundo, e é por isso que sempre ando com uma camisa do Atlético na mala. O atleticano reconhece em outro atleticano o que de melhor existe no objeto do seu amor: o Clube Atlético Mineiro. Esses dias estava conversando com alguns amigos e nós relembramos dos tempos da comunidade do Galo (no extinto Orkut). Apesar do saudosismo barato, essa rede social foi percursora da enorme corneta da Massa. A diferença para os dias atuais é que toda cornetada ali era gerenciável e, dependendo do humor dos moderadores ou da polêmica que provocasse, o pitaco sofria sanções - seja por meio de tópico deletado ou perfil excluído do grupo. Hoje em dia, caros senhores, o torcedor já não sofre mais da censura daqueles tempos e tem liberdade para questionar sobre qualquer assunto, contudo, para espanto de absolutamente ninguém, a maior parte das vezes, senhores do conselho, o que temos nas redes sociais é o corneta que sinaliza para o alvo da sua fúria, que rasga o verbo contra um jogador, time ou dirigente no Twitter (Instagram e afins), mas não propõe um debate salutar para o desenvolvimento das ideias e que objetive exaltar o Galo. É o vale tudo para criticar e destruir a imagem do clube, seus dirigentes e atletas. O torcedor corneta não é uma invenção atual e arrisco a dizer que ele sempre esteve em nosso meio, porém é preciso não amplificar os excessos cometidos por ele nas redes sociais. O cara que prefere depreciar o Galo, ao invés de apoiar o clube, não sabe o prejuízo que causa. Talvez até saiba e resolve fazer mesmo assim. Entretanto, não podemos dar voz para quem não merece nada além da exclusão da comunidade do Atlético. Mais prazer pelo alvinegro e menos azedume. Todos pelo Galo, caros leitores, contra tudo e contra todos.
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10 de fevereiro de 1928. Esta data é um marco para a história do Atlético. Dedicado ao Leandro Castilho de Moura Costa, então presidente do clube, surgiu o primeiro hino da história do Galo. Com letra do poeta Djalma Andrade e música do maestro e professor Augusto César Moreira, a canção foi entregue em uma celebração na casa do engenheiro Adhemar Moreira. A letra já declamava a paixão do torcedor atleticano, a raça em campo, vitórias e glórias daquele jovem clube, então com 20 anos. Leandro Castilho, o homenageado, já era um torcedor fanático do Atlético. A paixão era tamanha que ele vestia roupa somente nas cores preto e branco. Doente, o presidente não podia assistir às partidas, então acompanhava os jogos do lado de fora do Estádio Antônio Carlos, imaginando o desempenho e os gols de acordo com os gritos da torcida. Leandro Castilho esteve a frente do Atlético de 1926 a 1930 e faleceu em 1931 devido a um ataque cardíaco. A primeiro hino da história do Atlético é uma belíssima canção, com melodia remetente à época. Em sua primeira apresentação o hino foi cantado por um coral de garotas e encantou todos os presentes. O download deste hino pode ser feito no site oficial do Atlético, no seguinte link: https://www.atletico.com.br/torcida/hino-oficial/. Veja a letra dele abaixo: O Atlético em valentes combates, Sai dos campos coberto de glórias, É na luta, nos grandes embates, Que ele tem conquistado vitórias. Alvinegro pendão de vitórias, A cidade te aplaude altaneira, Cada dia que passa mais glórias, Vem pousar sobre a nobre bandeira. Se a cidade o proclama altaneira, É que o povo lhe rende justiça, Se entre palmas desfralda a bandeira, Entre louros a tira da liça. Alvinegro pendão de vitórias, A cidade te aplaude altaneira, Cada dia que passa mais glórias, Vem pousar sobre a nobre bandeira. É o querido dos fados, Da sorte não encontramos nos campos rival, A toda gente o proclama mais forte, O mais nobre o mais bravo e leal. Alvinegro pendão de vitórias, A cidade te aplaude altaneira, Cada dia que passa mais glórias, Vem pousar sobre a nobre bandeira. 8
O mais premiado, o hino da massa Em 1968, Alberto Perini, membro da diretoria do Atlético, resolveu alterar o hino do clube e deu a um mineiro de Montes Claros chamado Vicente Mota a missão de escrever a letra e criar a nova melodia. Vicente Mota já era conhecido pelos belo-horizontinos uma vez que vencera os dois últimos concursos de marchinhas de carnaval da cidade. Para a nova canção ele teve 'apenas' três exigências: - Exaltar a vitoriosa excursão do Atlético à Europa, em 1950, que ficou conhecida como o título de Campeão do Gelo - Citar o título de Campeão dos Campeões, conquistado em 1937 - Mencionar o lado vingador do clube Vicente Mota escreveu o hino na primeira pessoa do plural talvez com o intuito de contagiar coletivamente a massa atleticana. Para compor a canção, Mota estudou o estilo de Lamartine Babo, autor de todos os hinos dos times de futebol do Rio de Janeiro e maestro do assunto. Quando o hino composto por Vicente Mota foi apresentado aos torcedores foi prontamente aceito e logo se tornou o mais cantado nos estádios do futebol brasileiro. Em 1976 a melodia participou de um concurso mundial de hinos de clubes de futebol, em Nápolis, na Itália, e foi o vencedor, passando a ser considerado o mais belo hino de um clube no mundo. O download deste hino pode ser feito no site oficial do Atlético, no seguinte link: https://www.atletico.com.br/torcida/hino-oficial/. Veja a letra dele abaixo: Nós somos do Clube Atlético Mineiro Jogamos com muita raça e amor Vibramos com alegria nas vitórias Clube Atlético Mineiro Galo Forte Vingador Vencer, vencer, vencer Este é o nosso ideal Honramos o nome de Minas No cenário esportivo mundial Lutar, lutar, lutar Pelos gramados do mundo pra vencer Clube Atlético Mineiro Uma vez até morrer Nós somos campeões do gelo O nosso time é imortal Nós somos campeões dos Campeões Somos o orgulho do esporte nacional Lutar, lutar, lutar Com toda nossa raça pra vencer 9
Clube Atlético Mineiro Uma vez até morrer Clube Atlético Mineiro Uma vez até morrer Nós somos campeões do gelo O nosso time é imortal Nós somos campeões dos Campeões Somos o orgulho do esporte nacional Lutar, lutar, lutar Com toda nossa raça pra vencer Clube Atlético Mineiro Uma vez até morrer Clube Atlético Mineiro Uma vez até morrer Clube Atlético Mineiro Uma vez até morrer
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Tomás Gustavo Andrade nasceu em Temperley, Província situada na zona sul da Grande Buenos Aires. De acordo com o censo de 2010, possui 121.451 habitantes. O jogador iniciou a trajetória no futebol em 2004, no Lanús/ARG. Em 2007 o meia fez uma viagem à Espanha que poderia ter dado outro rumo a sua carreira. Naquele ano, Tomás foi à Espanha passar por um período de testes no Atlético de Madrid/ESP. Ficou um mês no clube, mas devido a questões financeiras não permaneceu. Em novembro de 2007 o meia ficou um mês treinando no Barcelona/ESP, onde também acabou não permanecendo. Sem adaptação à Espanha, Tomás Andrade voltou para a Argentina e também ao Lanús/ARG, onde permaneceu até o fim de 2012, quando Patricio Lombilla o levou para o River Plate/ARG. Lombilla atuava com a representação de jogadores, mas chegou a deixar a função de lado para ocupar o cargo de subsecretário de Planejamento do Ministério de Segurança de Buenos Aires. Tomás Andrade chegou ao River Plate/ARG aos 15 anos e já ganhou notoriedade logo em seu primeiro ano, quando foi eleito o melhor jogador do Mundial de Clubes Sub-17, disputado na Espanha. O torneio contou com clubes como o Atlético de Madrid/ESP, Barcelona/ESP, Real Madrid/ESP e o Corinthians. O promissor time do River Plate/ARG ficou em segundo lugar no Grupo B, que contava com Real Madrid/ESP, que terminou com a liderança da chave, Málaga/ESP e Sampdoria/ITA. Nas semifinais o River venceu o Barcelona/ESP, nos pênaltis, classificando-se para a final do Mundial. Na decisão os Millonarios venceram o Atlético de Madrid/ESP por 1 a 0, gol marcado por Sebástian Driussi, que em 2017 foi vendido pelo clube argentino ao Zenit/RUS por 15 milhões de euros. Mesmo sem marcar nenhum gol, a premiação de melhor jogador do Mundial de Clubes Sub-17 deu notoriedade ao Tomás Andrade, que começou a ser convocado para a seleção argentina da categoria. O fato também fez olheiros do futebol europeu, sobretudo da Inglaterra, observarem o meia. Em 2015 Tomás Andrade foi disputado por Everton/ING e Bournemouth/ING, sendo este segundo o clube que acertou a contratação do meia por empréstimo de um ano. À época o Everton/ING era treinado pelo Roberto Martínez, hoje técnico da Bélgica. Em entrevista ao portal Echo, o comandante rasgou elogios ao meia. "Tomas é um jovem muito talentoso. Ele tem um talento natural e bruto para usar no jogo de ataque. Ele pode jogar entre as linhas, é canhoto e tem um perfil muito, muito interessante", disse Roberto Martínez na época. Apesar dos elogios do comandante do Everton/ING, Tomás Andrade acabou acertando com o Bournemouth/ING. Na época, Richard Hughes, chefe de recrutamento do clube inglês convenceu o meia a se transferir para a equipe. O River Plate/ARG colocou uma cláusula no contrato exigindo o pagamento de 3,5 milhões de libras caso o Bournemouth/ING optasse em permanecer com o jogador após o contrato. 12
A transferência para o Bournemouth/ING, entretanto, acabou não rendendo muitos frutos ao meia, uma vez que na Inglaterra ele fez apenas dois jogos com o time sub-21 antes de ser liberado em fevereiro de 2016 para regressar à Argentina. Profissional, título e ídolo Após o sucesso no Mundial de Clubes Sub-17 e a passagem pela Inglaterra, Tomás Andrade voltou ao River Plate/ARG e logo foi integrado ao elenco profissional do clube. A estreia no time principal aconteceu no dia 30 de abril de 2016, no empate em 0 a 0 do River com o Vélez Sarsfield/ARG. Na ocasião, Tomás, que utilizava a camisa 35, entrou aos 14 minutos do segundo tempo no lugar de Nicolás Bertolo. Tomás conquistou dois títulos pelo River Plate/ARG, ambos em 2016. O meia participou de quatro dos seis jogos dos Millonarios no título da Copa Argentina de 2015/2016, e entrou no decorrer dos dois jogos da Recopa Sul-Americana de 2016, contra o Santa Fé/COL. O título da Recopa Sul-Americana traz uma curiosidade. Tomás Andrade é fã do meia D'Alessandro, com o qual era comparado no início da carreira, e em ambos os jogos entrou no lugar do D'Ale. Em 2017 esperava-se que o meia tivesse mais chances no River Plate/ARG, entretanto Tomás Andrade acabou ficando a maior parte dos jogos no banco de reservas. Oferecido para alguns clubes brasileiros, o jogador acabou despertando o interesse do Atlético. Interesse este que acabou se transformando em uma negociação que foi concretizada no dia 24 de janeiro.
Em crescente, Tomás Andrade superou as críticas e tem mostrado que pode ser importante no Atlético (Foto: Bruno Cantini/Atlético)
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Logo no desembarque em Belo Horizonte, ao ser chamado para dar entrevista a primeira frase de Tomás Andrade foi: "No hablo português". O idioma, entretanto, não foi empecilho ao jogador, que desde a chegada ao Atlético tem falado melhor a língua. "Venho primeiro com a intenção de somar para o time e depois de ter minutos (em campo), que é o que venho buscando", disse Tomás logo após o desembarque em Confins. Altos e baixos A estreia de Tomás Andrade pelo Atlético foi contra o América-MG, em partida válida pelo Campeonato Mineiro. Embora tenha participado de apenas 10 minutos da partida, foi o suficiente para o meia dar uma assistência para o gol de Ricardo Oliveira e iniciar a jogada de outro gol. Se a primeira im-
Tomás Andrade em ação pelo Bournemouth/ING (Foto: Richard Crease)
pressão é a que fica, a de Tomás não poderia ser melhor. Entretanto, após estrear bem o meia entrou em um martírio e os lampejos em campo se transformaram em críticas por parte da torcida. A confiança do técnico Thiago Larghi no jogador talvez tenha sido a motivação que ele precisava para retomar as boas atuações. A coroação veio no dia 7 de junho, quando Tomás marcou um gol na vitória do Atlético por 3 a 1, sobre o América-MG, em jogo válido pelo Campeonato Brasileiro. Foi o primeiro gol do jogador como profissional. E o meia tomou gosto, já que na partida seguinte ele balançou a rede novamente, desta vez na vitória do Galo sobre o Fluminense, por 5 a 2. A confiança do jogador fez com que ele fosse titular nas últimas duas partidas do Atlético antes da Copa do Mundo e se tornasse andidato a substituir o atacante Róger Guedes, que trocou o Galo pelo futebol chinês. Contra o Paraná o meia retomou a titularidade e teve boa atuação. As boas atuações de Tomás Andrade também chamaram a atenção da diretoria alvinegra, que já planeja adquirir o meia em definitivo ao fim do contrato. O River Plate/ARG estipulou o passe fixado do jogador em 3 milhões de euros. Confira abaixo uma entrevista exclusiva feita pela revista Camisa 13 com o meia Tomás Andrade.
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Como está o processo de adaptação ao futebol Brasileiro? A adaptação está muito boa, estou muito feliz aqui. Gostei muito da cidade, do clube, do futebol. Ainda quero ficar (no Atlético) muitos anos. Tomás, normalmente você tem atuado pelo lado direito, mas a sensação que fica para o torcedor é que o seu rendimento cresce quando joga centralizado ou pela esquerda. Você se sente mais à vontade atuando pela esquerda? Para mim é igual jogar pela direita, pelo meio ou pela esquerda. Eu só quero jogar. Gosto de jogar perto da bola, nem fixo na esquerda, nem fixo na direita e nem fixo no meio. Gosto de movimentar e ficar perto da zona da bola. Quais diferenças você enxerga do futebol argentino para o brasileiro? Acho o futebol argentino mais físico, tem mais faltas e se joga menos. Gosto mais daqui porque as equipes propõem o jogo, tentam jogar, atacar. Gosto mais daqui. O que surpreendeu você desde que chegou ao Atlético? Uma coisa que me surpreendeu foi a Cidade do Galo. É muito boa, de altíssimo nível. Como avalia o seu rendimento até o momento? Quando cheguei no Atlético a minha meta era finalizar o primeiro semestre jogando, e por sorte cumpri. Acho que estou em um momento bom e agora é continuar assim. Certa vez o Dátolo comparou a torcida do Atlético a do Boca Juniors. O torcedor atleticano é mesmo semelhante ao argentino? Sim. A torcida do Atlético é muito apaixonada, gosta de apoiar o time e parece muito com o torcedor argentino.
Embora sempre visto como um jogador especial, Tomás Andrade não teve muitas oportunidades no River Plate/ARG (Foto: Getty Images)
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A culinária mineira costuma ser elogiada pelos jogadores que atuam por aqui. Já tem algum prato predileto? Eu gosto da comida simples, não gosto muito de experimentar coisas novas. Tem uma coisa que gostei: o queijo. O queijo daqui é muito bom. Pouco antes de você acertar com o Atlético o River Plate acertou a contratação do Lucas Pratto, que teve boa passagem pelo Galo em 2015/2016. Você chegou a conversar com o Pratto sobre o Atlético? Se sim, o que ele te falou sobre o clube? Sim, falei com ele quando chegou ao clube (River Plate). Eu estava lá e falamos um pouquinho. Recentemente ele veio aqui e a gente se falou (novamente). Tenho uma boa relação com ele e ele adora o Atlético. A Cidade do Galo é apontada como o melhor centro de treinamentos do Brasil e um dos melhores do mundo. Pelas estruturas que você já conheceu, o centro de treinamentos do Atlético é mesmo diferenciado? A Cidade do Galo é incrível. É belíssima, tem tudo. Academia e campos de primeiro nível. Tem tudo! Canhoto, atuando pela direita... não demorou para os torcedores te chamarem de "Tomessi Andrade". Como você lida com estas brincadeiras? E com as críticas? A gente está sempre mexendo no Twitter, no Instagram, mas eu não ligo para estas comparações. Quando eu jogo bem, sou um craque. Mas quando jogo mal sou o pior jogador. Eu tento manter o equilíbrio porque acho isso muito importante. Quem são os seus ídolos no futebol? Tem algum jogador brasileiro que você admira? Sempre gostei muito do D'Alessandro. Sempre me falaram que eu tenho um estilo parecido com o dele. E dos brasileiros gosto muito do Neymar. Adoro como ele joga. Eliminada das oitavas, acredita em uma renovação da seleção argentina e quem sabe fazer parte do elenco? É o sonho de todo jogador atuar na sua seleção, representar o seu país. Mas primeiro tenho que fazer bem o meu trabalho aqui no Atlético e depois, se tiver que acontecer vai acontecer. Mas agora não estou pensando nisso, estou focado no Atlético.
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O GALO VOLTOU!
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O Campeonato Brasileiro voltou e até o lançamento desta edição o Atlético já entrou em campo três vezes. Foram duas derrotas e uma vitória. Indo além dos resultados, também foram três atuações distintas. No duelo contra o Grêmio o torcedor esperava uma atuação segura e consistente, porém não foi o que o time apresentou em campo. Dominado pela equipe gaúcha, o Atlético saiu de campo derrotado por 2 a 0 e poderia ter sido mais, não fosse um pênalti perdido pelo Luan. Contra o Palmeiras, nova derrota, desta vez por 3 a 2. Apesar do resultado, o Atlético teve uma apresentação mais consistente e quase superou as falhas individuais e voltou de São Paulo com um resultado melhor. No reencontro com a torcida o Atlético venceu o Paraná por 2 a 0. A atuação ainda não foi a sonhada pelos atleticanos, mas o triunfo certamente deu tranquilidade aos jogadores e ao técnico Thiago Larghi para trabalharem visando a sequência do Campeonato Brasileiro. Novidades Se não contou com Cazares, que aguardava a confirmação de uma possível transferência para o futebol árabe - o que acabou não ocorrendo -, o técnico Thiago Larghi pôde contar com novidades no elenco como o atacante Chará, o meia Terans e o volante José Welison. E este trio mostrou qualidade. Com muita velocidade pela direita e qualidade nas jogadas individuais, Chará chamou a atenção dos torcedores e marcou um belíssimo gol contra o Palmeiras. O atacante colombiano foi titular nos três jogos que o Atlético realizou após a Copa do Mundo.
Chará chegou ao Atlético sob grande expectativa e tem correspondido em campo (Foto: Bruno Cantini/Atlético)
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Revelação do futebol uruguaio, David Terans entrou no segundo tempo das partidas contra o Grêmio e o Palmeiras, mas não foi o suficiente para mostrar algum diferencial. Entretanto, contra o Paraná o meia foi titular e deu a assistência para o gol do Leonardo Silva. Com mais minutos em campo, Terans já demonstrou que tem potencial com a bola no pé. Para alguns, José Welison foi a grande surpresa. O volante foi um dos poucos a se destacar na partida contra o Grêmio e também foi muito seguro nos duelos contra o Palmeiras e Paraná. Continuidade Até o lançamento da próxima edição da revista Camisa 13 o Atlético voltará a campo pelo Campeonato Brasileiro contra o Bahia (fora) e contra o Internacional (casa). Atualmente a equipe baiana tenta se distanciar da zona de rebaixamento, enquanto o time gaúcho tem a mesma pontuação do Galo e almeja o título do Brasileirão. Novidade A Camisa 13 trará um índice com a avaliação dos jogadores do Atlético jogo a jogo do Campeonato Brasileiro. A medição é feita pelo site SofaScore, utilizado até mesmo por profissionais do clube. A ideia é trazer a avaliação individual dos jogadores jogo a jogo e a média em um contexto geral. Contra o Grêmio, por exemplo, somente Juninho e José Welison obtiveram uma avaliação considerável, sendo o segundo o melhor jogador do Atlético em campo. Inclusive, dos jogadores do Atlético que atuaram nos três jogos pós-Copa do Mundo, Welison é o que tem a melhor média de avaliação. Destaque também para o Chará. O colombiano ainda está em fase de adaptação, mas vem crescendo em campo. Prova disso são as avaliações do atacante: 6,1 contra o Grêmio, 6,8 contra o Palmeiras e 7,3 contra o Paraná. Até o momento a melhor atuação individual do Atlético, de acordo com o SofaScore, foi do Victor, contra o Paraná. Na ocasião o goleiro conseguiu um nota de 9,5. A avaliação mais baixa também foi do camisa 1 atleticano. Contra o Palmeiras ele foi avaliado com 5,4. O fato talvez tenha se dado pela falha do arqueiro no terceiro gol palmeirense. Veja a seguir um quadro com a avaliação de todos os jogadores que entraram em campo pelo Atlético neste período pós-Copa do Mundo.
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