Camisa 13 - Edição 06 (Agosto 2018)

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EDITORIAL O que o Atlético precisa fazer para ser campeão brasileiro, este ano ou futuramente? Esta foi a pergunta enviada para dezenas de atleticanos ilustres e que a Camisa 13 também tentará responder. A linha de raciocínio foi praticamente a mesma entre todos que ouvimos: a manutenção do trabalho e a consolidação de um sistema defensivo que faça a diferença. Entretanto, para criar um sistema de jogo que possa nos trazer um grande título, é necessário primeiramente a manutenção do trabalho. Foi assim com o Cuca, que suportou derrotas dolorosas em 2011, ganhou "apenas" o Campeonato Mineiro em 2012, suportando duas sequências de quatro jogos sem vencer no Campeonato Brasileiro. Em 2013, porém, além de conquistar o Campeonato Mineiro o Atlético ainda ganhou a Copa Libertadores. No ano seguinte, uma exceção: com meses no clube, Levir Culpi levou o Atlético ao título da Copa do Brasil. Porém, a metodologia de trabalho foi mantida. No ano seguinte, novamente o vice-campeonato brasileiro. É nesta pegada que deixaremos vocês se deliciarem com mais uma edição da Camisa 13. Boa leitura!

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EDIÇÃO ANTERIOR Na edição anterior trouxemos uma entrevista exclusiva com o meia Tomás Andrade. Falamos tudo sobre os testes no Atlético de Madrid/ESP e Barcelona/ING, a passagem pela Premier League e a trajetória do jogador pelo Atlético. Veja abaixo alguns comentários em nosso perfil no Twitter (@RevistaDoGalo) sobre a edição anterior da Camisa 13: @LucasCalsoni Acho que ele vai evoluir muito até o fim do ano, será uma grata “surpresa”. @Feeh_Galo Por 3,5 milhões de Euros? Pode voltar lá pro time dele. Só compensa comprar se tiver alguém que o Galo possa vender por mais. Porque 3,5 de euros é valor de saída de atleta e não de chegada. Ainda tem Nathan e Leandrinho, quem for melhor o Galo investe para contratar. @PauloRogriodeF4 Futebol ele tem e muito. @pedrodaufla Parabéns pelo trabalho, muito bom ter material só do Galo, e de qualidade. Muito bom o texto do Stéfano e a entrevista do Tomás Andrade. Pra quem tá longe, o Galo fica mais perto. Boa! @Gabriel_Galo_14 Chará chegou por 6M de dólares (que é uns 4,5M de euros). Valores no futebol sempre aumentam, se ele manter um bom nível acho que vale a pena comprar, é jovem ainda, dá para ter retorno.

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que o Atlético precisa para ser campeão brasileiro? Não é uma pergunta simples de responder. Há vários pontos que podemos levar em consideração, além de ser um assunto que gera divergência de opiniões. A Camisa 13 colheu alguns pontos de vistas e dois deles foi praticamente unânimes: o aprimoramento do sistema defensivo e a manutenção dos trabalhos. Muito tem se comentado, tanto nas redes sociais quanto internamente no Atlético, a necessidade do time de reforçar o sistema defensivo. Não apenas reforçar em nomes, mas também em sistema de jogo. Neste levantamento observamos as classificações do Campeonato Brasileiro desde 2010. O Atlético já teve números defensivos consideráveis, mas nos últimos anos tem apresentado um desequilíbrio entre ataque e defesa. Talvez isso se dê devido a falta de um trabalho a longo prazo. Vamos chegar lá. De terceira melhor defesa a sexta pior Em 2010 e 2011 o Atlético não viveu bons momentos no Campeonato Brasileiro e a campanha ruim do coletivo refletiu em números pífios defensivamente. Em ambos os anos o Galo teve a quinta pior defesa do Brasileirão. Entretanto, após o técnico Cuca assumir a equipe e iniciar o trabalho que atingiria o ápice com o título da Copa Libertadores, as coisas mudaram. Em 2012 Cuca ficou marcado no Atlético por um esquema que favorecia o setor ofensivo com uma "bagunça organizada", como ele próprio chegou a definir o seu sistema de jogo. Já os torcedores chamavam aquele time que tinha enorme movimentação dos jogadores de frente de "Galo Doido".

Jemerson foi a maior revelação do sistema defensivo do Atlético nos últimos anos (Foto: Reprodução)

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Cuca tinha razão quando classificava aquele time do Atlético como "organizado". Com Réver, Leonardo Silva, Richarlyson, Pierre e Leandro Donizete, fora o auxílio na marcação dos jogadores de frente, o Galo atingiu a sua melhor marca defensiva no Campeonato Brasileiro dos pontos corridos. Na ocasião o clube teve a terceira melhor defesa do Brasileirão, com 37 gols sofridos. Em 2013, ainda com Cuca no comando e sem muito foco no Campeonato Brasileiro, principalmente após o título da Copa Libertadores, o Atlético conseguiu uma marca considerável defensivamente: foi a quinta melhor defesa da competição, com 38 gols sofridos. A média de um gol sofrido por partida era boa e precisava apenas de pequenos ajustes para atingir uma marca segura para o título brasileiro. Em 2014 o Atlético não contou com Cuca, que acertou a transferência para o futebol chinês, e desandou nas trocas de comando. Porém ainda não vamos entrar no mérito dos técnicos. É assunto para logo mais. Com Levir Culpi e novamente um esquema muito ofensivo, que chegou a contar com Dátolo recuado para atuar como volante, o Atlético novamente sofreu 38 gols no Campeonato Brasileiro, alcançando desta vez a quarta melhor defesa da competição. Além disso a equipe ainda conquistou o título da Copa do Brasil. Porém, desde 2015 a coisa tem desandado. A tendência era um crescimento defensivo do Atlético, sobretudo após a revelação de bons zagueiros, como o Jemerson. Contudo, os 47 gols sofridos pelo time no Brasileirão de 2015 o levaram a ter a discreta 10ª melhor defesa daquele Campeonato Brasileiro. O desempenho ruim defensivamente talvez tenha sido um ponto crucial para o Galo terminar com o vice-campeonato brasileiro daquele ano.

"Torres Gêmeas": com Leonardo Silva e Réver o Atlético conquistou o título da Copa Libertadores. A dupla também era eficiente ofensivamente (Foto: Reprodução)

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Em 2016 o número piorou e foi o mais insignificante desde 2012. Com 53 gols sofridos o Atlético teve a sexta pior defesa do Campeonato Brasileiro. O que surpreende é a quarta colocação do Galo na tabela, uma comprovação que o sistema ofensivo tem feito bem o seu trabalho. Em 2017, apesar do alto investimento para a temporada, o Atlético teve três técnicos diferentes, o que dificulta a assimilação do trabalho por parte dos jogadores. Os 49 gols sofridos e a sétima pior defesa do Campeonato Brasileiro impediram o clube de se classificar para mais uma Copa Libertadores. Duplas de zaga Muito se atribui os gols sofridos à dupla ou trio de zagueiros. Às vezes, porém, um sistema defensivo bem consolidado pode favorecer um defensor que não seja acima da média. Porém, em alguns anos o Atlético seguiu o caminho oposto a este pensamento, enfrentando até certa dificuldade para valorizar bons valores oriundos da categoria de base. Desde 2010 o Atlético teve 76 formações diferentes na zaga. A dupla que mais atuou foi a campeã da Copa Libertadores: Réver e Leonardo Silva, com 99 jogos. Em seguida aparecem Leonardo Silva e Jemerson, com 63 jogos, e Leonardo Silva e Gabriel, com 56 jogos. Em média as duplas de zaga do Atlético atuaram oito jogos juntos neste período. Em 2014 e 2016 foram os anos que o Galo teve em campo o maior número de zagas diferente: foram 13 formações distintas em ambos os anos. Desde 2010, 16 duplas de zaga entraram em campo pelo Atlético em um mínimo de oito vezes juntas. Destes, seis conseguiram alcançar uma marca inferior a um gol por partida. Destaque para a formação que teve Leonardo Silva e Jemerson. Com eles em campo o Galo sofreu 62 gols em 63 jogos – 0,98 gol por partida. A melhor média, entretanto, é com Réver e Rafael Marques juntos: 11 gols sofridos em 19 jogos – 0,58 de média. Jogos sem sofrer gol Apesar das críticas, o percentual de jogos sem sofrer gols em relação aos jogos disputados neste ano é o melhor desde 2010. Em 2018 o Atlético não sofreu gol em 18 dos 43 jogos disputados, ou seja, em 41,9% dos confrontos. Até então a segunda melhor marca foi em 2014, quando o time saiu de 29 dos 71 jogos da temporada sem ser vazado. O número deste ano é bom, mas também é maquiado pelo campeonato estadual, uma 8


vez que a defesa do Atlético é a segunda mais vazada do Campeonato Brasileiro. Sem levar em consideração torneios regionais como o Campeonato Mineiro e a Primeira Liga, o percentual de jogos do Galo sem sofrer gols neste ano cai para o terceiro lugar. São nove duelos saindo ileso aos adversários em 27 confrontos oficiais, ou seja, 33,3% das partidas. Neste caso a melhor marca passa a ser em 2014. Entre competições nacionais e internacionais o Atlético saiu de 37,5% dos jogos sem ser vazado. Ou seja, o Galo saiu ileso em 21 das 56 partidas em que entrou em campo. Técnicos A manutenção do trabalho de um treinador é constantemente debatida no futebol brasileiro. Qualquer sequência sem vitórias já é o suficiente para os torcedores pedirem a troca no comando e muitos dirigentes acabam cedendo à pressão e exercendo a alteração do técnico. O melhor exemplo a ser dado no Atlético é o técnico Cuca, que, em 2011, suportou à seis derrotas consecutivas e, pior, uma derrota por 6 a 1 para o maior rival. Mantido para o ano seguinte, o treinador levou o Galo ao vice-campeonato brasileiro de 2012, o título da Copa Libertadores e o terceiro lugar no Mundial de Clubes. Cuca deixou o Atlético no fim de 2013, quando acertou a transferência para o futebol chinês. Desde então, em nenhum outro ano o Galo teve o mesmo treinador no primeiro e no último jogo oficial do clube na temporada. Levir Culpi até chegou a completar um ano como técnico do Atlético, mas assumiu o time em abril de 2014 e deixou o comando da equipe em novembro de 2015, faltando

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dois jogos para o fim do Campeonato Brasileiro daquele ano. Em 2016 o Atlético teve dois técnicos diferentes. Apesar do bom desempenho, Diego Aguirre foi demitido após a eliminação do Atlético na Copa Libertadores, frente ao São Paulo, e Marcelo Oliveira acertou o retorno ao clube. Marcelo, porém, foi desligado do clube antes do fim da temporada, mesmo após levar a equipe à final da Copa do Brasil. Em 2017 o Galo teve três técnicos distintos. Sem convicção na metodologia de trabalho desejada, o Atlético iniciou a temporada com Roger Machado, que tem características de trabalho mais tático. Após a derrota para o Jorge Wilstermann, por 1 a 0, na Copa Libertadores, Roger foi substituído por Rogério Micale. O campeão das olímpiadas com a seleção brasileira resistiu a apenas 13 jogos no comando do Atlético, quando foi substituído pelo Oswaldo de Oliveira, este com um perfil mais 'boleiro', como se diz caracteriza um técnico com perfil de jogador no meio do futebol. Oswaldo de Oliveira conseguiu afastar o Atlético da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro e quase levou a equipe para a Copa Libertadores. Mantido para este ano, o técnico não resistiu às críticas da torcida e após seis jogos foi desligado do clube. Thiago Larghi assumiu a equipe interinamente e, após bons resultados, foi efetivado como treinador do clube. Entretanto, sem contar com peças solicitadas à diretoria, como a contratação de um zagueiro experiente, Larghi vê seu aproveitamento cair e começa a ser cobrado pelos torcedores. Chamado pejorativamente de "estagiário" por alguns torcedores, o comandante tem contrato com o Atlético até o fim deste ano. Será que cumprirá o acordo?

Leonardo Silva e Gabriel foi a dupla de zaga considerada titular do Atlético em 2017 e em boa parte desta temporada (Foto: Bruno Cantini/Atlético)

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inco jogos após a pausa para a Copa do Mundo e somente uma vitória. Neste período o Atlético tem a 14ª campanha, a segunda pior defesa e o oitavo melhor ataque. O desempenho é ruim, tanto em números quanto em atuação.

É verdade e compreensível que as percas de Róger Guedes e Gustavo Blanco estão sendo sentidas pelo time alvinegro, uma vez que é necessário assimilar um novo estilo de jogo, com jogadores que possuem características diferentes. A única ausência que não vem sendo sentida, tanto pelo elenco quanto pelos torcedores, é a de Adilson, uma vez que José Welison tem o substituído com maestria. O que tem chamado a atenção da crítica esportiva e dos torcedores são as constantes desatenções do sistema defensivo do Atlético. E os adversários já perceberam estas constantes distrações. Contra o Bahia a equipe levou o gol de empate faltando 12 segundos para o fim da partida. Contra o Internacional, uma derrota em um lance que o técnico adversário já alertava os atletas da equipe sobre o cochilo dos defensores alvinegros. "O professor Odair (Hellmann) pediu para batermos as faltas rápido, sabíamos que eles tomam gols assim. Foi assim contra o Bahia", disse o volante Rodrigo Dourado, do Internacional, após a partida contra o Atlético. Um fato que também tem chamado a atenção é o número de finalizações sofridas pelo Atlético durante as partidas. Nos cinco jogos após a Copa do Mundo a meta do Victor foi almejada 84 vezes, uma média de 16,8 conclusões por partida. Somente nos duelos contra Palmeiras e Internacional o Galo concluiu mais a gol que o adversário. Após o mundial o time alvinegro soma 41 finalizações a gol.

Ricardo Oliveira deixou sua marca contra o Bahia, mas o gol não foi suficiente para o Atlético sair de campo com a vitória (Foto: Bruno Cantini/Atlético)

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Em algumas partidas o técnico Thiago Larghi chegou a tentar uma nova característica de jogo, recuando o time após fazer o primeiro gol para explorar os contra-ataques. Entretanto a estratégia do comandante não tem dado certo justamente pelas desatenções defensivas. No início do seu trabalho no Atlético, Larghi utilizou um esquema reativo em relação ao adversário e, apesar dos jogos mais frágeis em relação ao Campeonato Brasileiro, a equipe alcançou a marca de três jogos sem tomar gols. "(Thiago) Larghi teve méritos em fazer um time antes da Copa (do Mundo). Sabia-se como jogava, como procurava construir os resultados. Foi o terceiro (colocado no Campeonato Brasileiro) e com bom desempenho. Após cinco rodadas pós-Copa, erra ao tentar repetir a mesma'‘fórmula' com peças muito diferentes. Não é demérito dar passo(s) atrás”, escreveu o jornalista Léo Gomide em seu perfil no Twitter. Índice SofaScore O índico SofaScore, site de scouts de futebol utilizado até mesmo por profissionais do Atlético, mostra, por meio de suas avaliações que os reservas do Galo não têm conseguido fazer a diferença quando acionados. Pior, o rendimento tem caído. Utilizaremos as partidas contra o Bahia e Internacional como exemplo. Contra o time baiano o técnico Thiago Larghi sacou Matheus Galdezani, Elias e Luan, mandando a campo David Terans, Cazares e Bruno Roberto. A avaliação média dos três jogadores que saíram foi 6,9, enquanto a dos jogadores que entraram foi 6,4. Neste duelo o Enderson Moreira, técnico do Bahia, sacou Edigar Junio, Vinícius e Marco Antônio e mandou a campo Mena, Élber e Régis. A avaliação média do trio que saiu foi 7,0, enquanto os que entraram alcançaram a mesma marca. Régis, inclusive, fez o gol de empate do tricolor. Contra o Internacional, Larghi sacou de campo Carlos Gabriel, Matheus Galdezani e Elias, colocando em jogo Lucas Cândido, Nathan e Terans. A avaliação média do trio que saiu foi de 6,9, enquanto a dos jogadores que entraram foi de 6,4. Já no duelo contra o Santos o banco de reservas do Atlético funcionou. Cazares e Luan entraram em campo e cada um contribuiu com a vitória do Atlético sobre o Santos, por 3 a 1, com uma assistência para um gol do Ricardo Oliveira. Além da dupla, Matheus Galdezani também foi acionado para entrar em campo. O trio teve média de 7,0, enquanto Tomás Andrade, Elias e Natha, que deixaram o campo, tiveram uma avaliação média de 6,9. Apenas dois jogadores do Atlético fizeram gol neste Campeonato Brasileiro após saírem do banco de reservas. Os autores foram Tomás Andrade, na vitória do Galo sobre o América-MG, por 3 a 1, e o Luan, no triunfo sobre o Ceará, por 2 a 1. Confira o índice SofaScore dos jogadores do Atlético que entraram em campo pelo clube neste Campeonato Brasileiro: 18


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