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EDITORIAL O imediatismo ou o planejamento? O discurso que difere a diretoria para o torcedor do Atlético é este. Enquanto nós queremos um time mais competitivo, mais equilibrado e que chegue na briga pelo título brasileiro com mais força, Sérgio Sette Câmara e Alexandre Gallo pensam no amanhã. Desde o discurso de posse, Sette Câmara nunca escondeu que o projeto do Atlético não é para 2018 e talvez também não seja para 2019. A ideia é montar um elenco jovem, que chegará forte em dois ou três anos. É difícil avaliar se o planejamento é certo ou errado. Até mesmo porque não temos a certeza do título em 2020. Mas é fácil observar que falta algo a mais no atual elenco do Atlético. Falta o "querer" de alguns jogadores. Com um elenco recheado de atletas jovens, é normal a oscilação. O anormal é a falta de gana. Boa leitura!
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EDIÇÃO ANTERIOR Na edição anterior entamos responder a seguinte pergunta: o que o Atlético precisa fazer para ser campeão brasileiro? Colhemos estatísticas e a opinião de profissionais que cobrem o Atlético.
Na última semana perguntamos em nosso perfil no Twitter (@RevistaDoGalo) quem foi o maior destaque do Atlético no primeiro turno do Campeonato Brasileiro. As opções citadas por nós foram: Róger Guedes, Ricardo Oliveira, Chará ou outro. Com 61% dos votos, Guedes foi eleito como o principal jogador do Galo no turno do Brasileirão. Entretanto, alguns torcedores citaram o Thiago Larghi como o maior destaque do Atlético nos primeiros 19 jogos da equipe na principal competição do país. Veja abaixo a opinião de alguns torcedores sobre o que o Galo precisa fazer para ser campeão brasileiro.
@gustfreitasbb: Precisamos ter os pés no chão. Não temos time, nem elenco para sermos campeões. Somos ainda um time inexperiente, sem jogadores cascudos. Perder 10 pontos por erros nossos, não dá. Nosso campeonato é uma vaga na Liberta 2019. Ano que vem é outra história. @MarcosPauloAlon: Com a experiência de quem acompanha o Galo desde 1987 em Brasileiros e com a fórmula de pontos corridos: aproveitamento alto em casa (tá quase na média necessária), ganhar fora de casa dos times de baixo e trocar pontos contra concorrentes diretos. @MarcosPauloAlon: Ter elenco qualificado (ter 2 jogadores de qualidade por cada posição, é o básico). E finalmente, e muito importante, ter um trabalho forte nos "bastidores", ou seja, nas arbitragens, julgamentos, tabela, alteração de jogos para favorecer uma determinada situação. @PABLOXIS99: O título brasileiro não nascerá da noite para o dia. É necessário que se crie um alicerce que permita ao GALO conquistar o tão sonhado bicampeonato brasileiro. Mais do que nunca é necessário que o GALO faça valer seu DNA, não adotando metodologias tão distintas de trabalho como nos últimos anos. 4
Sérgio Sette Câmara e Alexandre Gallo prometem montar um Atlético competitivo e que renderá receita para o clube futuramente (Foto: Reprodução)
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m projeto a médio e longo prazo. Desde a nomeação de Sérgio Sette Câmara e Alexandre Gallo como presidente e diretor de futebol do Atlético, respectivamente, muito se ouve falar em um projeto que demandará determinado tempo – e muita paciência por parte dos torcedores. Sem dinheiro em caixa, o Atlético tenta agir de forma inteligente no mercado e aumentar o ativo do clube contratando jovens valores, todos com um critério em comum: potencial de crescimento. Com experiência nas categorias de base da seleção brasileira, Alexandre Gallo é peça fundamental neste trabalho desenvolvido no clube, tanto que jogadores que fizeram parte do seu planejamento na CBF hoje vestem a camisa alvinegra. Parte da torcida chegou a criticar veementemente o trabalho desempenhado pelo Alexandre Gallo, mas há de se ressaltar que a oscilação de jovens atletas é algo comum, até mesmo se falarmos de jogadores acima da média, como é o caso do Neymar. O último grande craque a surgir no futebol brasileiro vivenciou momentos de pressão no Santos. Levando em consideração a década atual, a Camisa 13 tentará responder algumas perguntas/dúvidas sobre a montagem do atual elenco que são comuns entre os torcedores. O elenco do Atlético é mesmo um dos mais jovens dos últimos anos? Em partes esta é uma afirmação verdadeira. O atual grupo de jogadores do Atlético não tem a menor média de idade da década, mas também não há elenco que tenha média inferior. Em 2010, 2011 e 2018 a média de idade entre os atletas do Galo é de 25 anos,
Após se destacar na Ponte Preta e na seleção brasileira sub-20, Emerson foi contratado pelo Atlético e vem crescendo de produção (Foto: Reprodução/Globo Minas)
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enquanto nas demais temporadas a média é de 26 anos. Este é o ano que o Atlético tem o maior número de jovens valores em seu elenco? Sim. Nove jogadores do atual elenco atleticano têm até 20 anos. Este número é até comum, uma vez que se repetiu em 2010, 2011, 2014 e 2017. Entretanto, em nenhuma outra temporada o Atlético teve tantos atletas com idade entre 21 e 25 anos. Atualmente o Galo tem 26 jogadores nesta faixa de idade. Se mudarmos o parâmetro para jogadores de 17 a 25 anos, 25 nomes no atual elenco alvinegro se encaixam neste filtro. Se levarmos em consideração o sistema defensivo do Atlético (goleiros, laterais e zagueiros), veremos que apenas quatro nomes têm acima de 25 anos: Victor (35), Patric (29), Fábio Santos (32) e Leonardo Silva (39). Retirando-os, a média de idade do sistema defensivo do Galo é de 21 anos. A atual temporada é a que o Atlético tem o menor número de jogadores acima de 30 anos? Não, pelo contrário. Embora a ideia do Atlético neste ano seja contratar jovens com potencial para uma venda futura, a diretoria tem tentado mesclar o elenco com atletas experientes. Entre os 55 nomes que integraram o elenco profissional do Galo nesta temporada, 43 possuem (ou possuíam) a idade abaixo de 30 anos, e 11 já haviam completado três décadas de vida. Este é o segundo ano que o Atlético mais contou com jogadores acima de 30 anos
Emprestado pelo São Paulo ao Atlético, Iago Maidana pode ser um dos jogadores adquiridos pelo Atlético no fim da temporada (Foto: Bruno Cantini/Atlético)
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em seu elenco, perdendo apenas para 2010, quando 12 jogadores com idade igual ou superior à citada entraram em campo com a camisa do Galo. O Atlético tem um dos elencos mais jovens do Campeonato Brasileiro? Verdade. Com idade média de 25,2 anos, o elenco atleticano é o terceiro mais jovem da Série A do Campeonato Brasileiro. A equipe alvinegra é mais velha apenas que o grupo de jogadores do Fluminense e do Vitória, ambos com média de 24,6 anos. Time de aluguel? Base sem muitas oportunidades? De acordo com o site oficial do Atlético, o clube tem atualmente 33 jogadores no elenco principal. Destes, 26 estão no clube em definitivo e sete estão com contrato de empréstimo. Ou seja, 21% do atual elenco do clube é formado por atletas que pertencem a outra agremiação. Se compararmos o número acima com o percentual de jogadores oriundos das categorias de base que formam o atual elenco principal do Atlético, veremos um dado significativo. Atualmente 30% dos atletas formados na Cidade do Galo englobam o elenco profissional do clube. Alguns torcedores questionam nas redes sociais o fato de os jogadores da base serem pouco aproveitados nos jogos ou, quando acionados, ganharem poucos minutos em campo. Neste aspecto, entramos em outra estatística, que é a minutagem dos atletas. Para fazer esta análise levamos em consideração os 46 jogadores que entraram em campo pelo Atlético nesta temporada. Consideramos os números deles até a 20ª rodada do Campeonato Brasileiro e separamos eles em quatro grupos: 1) Jogadores que estão ou estavam no clube em definitivo; 2) Jogadores que estão ou estavam no clube por empréstimo;
Emprestado pelo Coritiba, já tem torcedores que pedem a aquisição em definitivo do volante Matheus Galdezani (Foto: Reprodução/Atlético)
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3) Jogadores oriundos da base; 4) Jogadores estrangeiros. 1) Jogadores que estão ou estavam no clube em definitivo Dos 46 jogadores que passaram pelo Atlético em 2018, 23 estão – ou estavam – no clube com contrato em definitivo. Em média eles permaneceram 1.403 minutos em campo nesta temporada, o que representa uma média de 34% da minutagem total do Galo em 2018. Em média, os jogadores do Atlético que possuem contrato em definitivo com o clube foram titulares em 16 dos 46 jogos do clube nesta temporada. Destaque para o goleiro Victor, o lateral-esquerdo Fábio Santos e o volante José Welison, que foram titulares em 100% dos jogos em que foram relacionados. Ricardo Oliveira foi titular em 40 dos 41 jogos em que foi listado, ou seja, em 98% das partidas. Entre os jogadores que são acionados com mais frequência aparece o atacante Luan, que foi relacionado para 39 jogos, sendo titular em 22 e utilizado no segundo tempo em outras 17 partidas. O atleta que permanece o maior tempo no banco de reservas sem ser utilizado é o lateral Patric, que ficou entre os suplentes em 15 dos 44 jogos no qual esteve presente. 2) Jogadores que estão ou estavam no clube por empréstimo Dos 46 atletas que entraram em campo pelo Atlético em 2018, 12 pertencem a outro clube. Em média, até a 20ª rodada do Campeonato Brasileiro eles ficaram em campo por 713 minutos, ou seja, em 17% do tempo total do Galo na temporada. Em média estes atletas foram titulares em oito jogos do Atlético na temporada. Para este dado não levamos em consideração o zagueiro Martín Rea, que ainda não foi
Aposta da base alvinegra, Bruno Roberto é constantemente lembrado pelos torcedores nas redes sociais (Foto: Reprodução/Atlético)
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relacionado para nenhuma partida. Titular em 76% dos jogos em que foi relacionado, Róger Guedes foi o jogador mais utilizado pelo Galo entre os emprestados. Em seguida aparece o atacante Erik, com 14 jogos como titular. Entretanto, Róger Guedes e Erik não integram mais o elenco alvinegro. O primeiro foi negociado com o futebol chinês, enquanto o segundo acertou a transferência para o Botafogo. Entre os jogadores que ainda estão no Atlético, o mais utilizado até então foi o volante Matheus Galdezani, que entrou em sete dos 15 jogos em que esteve no banco de reservas. 3) Jogadores oriundos da base Entre os 46 jogadores que integram ou integraram o elenco do Atlético em 2018, 11 foram formados pelo clube. A média deles é de 569 minutos em campo. Em média os atletas da base foram titulares em nove jogos nesta temporada. A média de minutos e titularidade seria diferente não fosse à titularidade do zagueiro Gabriel, que iniciou 35 das 46 partidas do Atlético neste ano. Além dele, somente o Bremer iniciou mais de dez partidas nesta temporada. O defensor foi titular em 18 jogos este ano. Observando a média de minutos dos jogadores da base no Campeonato Brasileiro, percebemos que ela é inferior aos outros três grupos observados. Em média os atletas formados no Atlético estiveram em campo no Brasileirão por 238 minutos, enquanto os que estão no clube em definitivo atuaram, em média, 618 minutos, os emprestados, 270, e os estrangeiros, 508. Muitos torcedores pedem, por meio das redes sociais, que o técnico Thiago Larghi dê oportunidades aos meias Bruninho e Marquinhos. Entretanto, somente o primeiro entrou em campo no Campeonato Brasileiro. Somado ao Alerrandro, eles estiveram em campo por 104 minutos. Bruno Roberto atuou por 25 minutos neste Brasileirão, enquanto o atacante ficou 79 minutos nas quatro linhas. 4) Jogadores estrangeiros Atualmente o Atlético tem cinco estrangeiros no elenco, sendo que Cazares e Tomás Andrade estão no clube desde o início da temporada. Em média, os gringos atuaram 1.185 minutos neste ano, sendo titulares em 13 dos 46 jogos, em média. A dupla Cazares e Otero é a que mais iniciou jogos entre os estrangeiros. Enquanto o Juani, como é chamado o equatoriano, foi titular em 24 jogos, o venezuelano começou 23 dos 29 jogos no qual foi relacionado. Chará é o único estrangeiro do elenco do Atlético que participou de 100% dos jogos no qual foi relacionado. Mais do que isso, o colombiano foi titular em todos os oito jogos do Galo após a Copa do Mundo.
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e alguém que não acompanha o Campeonato Brasileiro pegar as estatísticas da competição sem ter conhecimento da tabela de classificação, vai imaginar o Atlético em uma posição melhor que o atual sexto lugar ocupado pela equipe.
Utilizando números do portal Footstats, vemos um Atlético competitivo no Campeonato Brasileiro, mas precisando desenvolver pontos que são cruciais para alcançar o título da competição. Coletivo A Camisa 13 analisou os números coletivos do Atlético no Campeonato Brasileiro. Visando facilitar a leitura, vamos citar o fundamento e listar os três primeiros colocados nele. Caso o Galo não apareça entre eles, o acrescentaremos na lista com a sua respectiva posição. Antes de mencionarmos o ranqueamento por fundamento, é válido citar o desempenho do Atlético como mandante e visitante neste Campeonato Brasileiro. O Galo fez 11 jogos em casa, venceu sete, empatou dois e perdeu outros dois. O desempenho proporciona a equipe a quinta melhor campanha como mandante, com 23 pontos conquistados em casa – cinco a menos que o Flamengo, líder neste aspecto. Como visitante o Atlético possui a sexta melhor campanha. São dez jogos, três vitórias, dois empates e cinco derrotas. Com 11 pontos conquistados, o Galo está oito pontos atrás do São Paulo, líder neste quesito. Em casa o Galo marcou 19 gols e sofreu dez. Já como visitante a equipe balançou a redea adversária 17 vezes e foi vazado em outras 17 ocasiões. Os números abaixo são até a 21ª rodada do Campeonato Brasileiro: Gols de dentro da área 1- São Paulo: 30 2- Atlético: 28 3- Flamengo: 27 Gols de fora da área 1- Atlético: 8 2- Chapecoense e Palmeiras: 6, cada Gols com a perna direita 1- Atlético: 18 2- Vasco: 16 3- Fluminense, Grêmio e Palmeiras: 14, cada Gols com a perna esquerda 1- São Paulo: 17 2- Flamengo: 16 12
3- Palmeiras e Internacional: 11 5- Atlético: 10 Gols de cabeça 1- Cruzeiro: 8 2- Atlético, São Paulo, América-MG, Flamengo, Atlético-PR e Botafogo: 7, cada Assistências para gol 1- Atlético: 30 2- São Paulo: 23 3- Flamengo e Palmeiras: 22, cada Assistência para finalização 1- Atlético: 214 2- Botafogo: 203 3- Palmeiras: 197 Cruzamentos certos 1236-
Internacional: 127 Cruzeiro: 121 São Paulo: 120 Atlético: 112
Cruzamentos errados 1239-
Chapecoense: 431 Bahia: 428 Internacional: 418 Atlético: 383
Desarmes certos 1235-
Flamengo: 411 Palmeiras: 394 São Paulo: 391 Atlético: 346
Desarmes errados 1- Palmeiras: 95 2- Santos e São Paulo: 55, cada 6- Atlético: 49 Dribles certos 1- Palmeiras: 88 2- Internacional: 87 3- Fluminense: 83 13
18- Atlético: 49 Dribles errados 1236-
Palmeiras: 53 Santos: 45 Corinthians: 39 Atlético: 35
Faltas sofridas 1239-
Palmeiras: 388 Vitória: 379 São Paulo: 348 Atlético: 314
Faltas cometidas 1- Sport: 350 2- Grêmio: 346 3- Paraná: 340 17- Atlético: 292 Finalizações certas 1- Atlético: 127 2- Palmeiras e Flamengo: 119 Finalizações erradas 1238-
Paraná: 175 Botafogo: 169 Santos: 163 Atlético: 155
Impedimentos 1- Santos: 49 2- Cruzeiro: 45 3- Atlético: 42 Interceptações certas 1- Palmeiras: 95 2- Internacional: 76 3- Corinthians: 71 9- Atlético: 57 Interceptações erradas 1- Internacional: 23 2- Palmeiras: 22 14
3- Atlético: 16 Lançamentos certos 1- Palmeiras: 388 2- São Paulo: 369 3- Internacional: 301 10- Atlético: 268 Lançamentos errados 1- Botafogo: 534 2- América-MG: 491 3- Internacional: 486 15- Atlético: 387 Passes certos 1- Grêmio: 9.783 2- Atlético: 9.327 3- Corinthians: 8.705 Passes errados 1236-
São Paulo: 897 América-MG: 864 Grêmio: 847 Atlético: 806
Perda de posse 1- Internacional: 824 2- Paraná: 785 3- Corinthians: 780 10- Atlético: 673 Rebatidas 1239-
São Paulo: 684 Palmeiras: 653 Vitória: 637 Atlético: 599
Viradas de bola certas 1238-
Palmeiras: 89 Cruzeiro: 86 Ceará: 83 Atlético: 65
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Viradas de bolas erradas 1237-
Palmeiras: 19 São Paulo: 18 Vitória: 17 Atlético e Vasco: 13, cada
Campanhas Em 2015 e 2017 o Atlético realizou suas melhores campanhas no segundo turno do Campeonato Brasileiro. Em ambas as ocasiões o Galo teve a quarta melhor campanha do returno do Brasileirão. Em 2015 o Atlético terminou o Campeonato Brasileiro com o vice-campeonato. Foram 33 pontos conquistados no returno e um aproveitamento de 57,9%. Já em 2017 o Galo terminou o Brasileirão na nona colocação, utilizando o segundo turno da competição como recuperação no campeonato. Na ocasião a equipe alvinegra somou 31 pontos e teve um aproveitamento de 54,4%. Em média, desde que o Campeonato Brasileiro é disputado com 20 clubes, o Atlético somou 29 pontos no returno da competição. Se alcançar esta média neste ano, somado aos 33 pontos conquistados pelo Galo no primeiro turno, a equipe alcançaria 62 pontos. No Brasileirão de 2017 o Grêmio atingiu esta marca e terminou a competição com o quarto lugar.
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CAMPEONATO BRASILEIRO 2017 x 2018
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