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EDITORIAL Alexandre Gallo se foi, mas o prejuízo de sua trajetória no Atlético permanecerá por alguns anos. Jogadores como o atacante Denílson, que tem contrato de cinco anos com o clube, serão lembrados por um bom tempo pelos torcedores, que sempre terão um olhar desconfiado a respeito da chegada de alguns atletas. Se o Gallo se foi, Levir Culpi voltou. Esperto, sempre utilizando metáforas ou a política para se esquivar de perguntas mais agudas, o técnico terá trabalho para colocar a turma na linha. Principalmente para fazer alguns nomes fazerem valer a sua contratação pelo Atlético. É a quinta passagem de Levir pelo Atlético e problema não é novidade para ele. Em 1994 pegou um time repleto de estrelas, mas pouco comprometimento. Em 2006 chegou em um Atlético que namorava com a zona de rebaixamento para a Série C do Campeonato Brasileiro. Em 2014 praticamente estreou sendo eliminado da Copa Libertadores. Levir sempre deu a volta por cima e saiu com algum título conquistado. Quais emoções nos aguardam desta vez? Boa leitura!
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Marques Batista Abreu é um ídolo da torcida atleticana por tudo o que sempre fez dentro de campo pelo Galo. Foram três passagens pelo Atlético e os mais diversos contextos, mas o carinho da torcida e a identificação do jogador com o clube nunca mudou. O Messias ou Calango era o típico jogador que toda torcida gosta de ter no elenco. Era um jogador que sempre abdicava do status de estrela para deixar os outros brilharem. Definir o Marques é muito simples: garçom. Marques não se importava em passar a bola para um companheiro mesmo se ele estivesse em condições de finalizar. Ele jamais foi acusado de não ter passado uma bola. Além das assistências, o eterno "Olê, Marquês" tinha algumas jogadas características e é impossível não lembrar do giro rápido no meio de campo que deixava todo defensor adversário em apuros. Marques girava, partia com a bola e dava o passe. A jogada era manjada, mas, assim como o Robben corta pra esquerda e bate, Marques girava e dava assistência. O gol era computado aos companheiros, mas a massa sempre escolhia o Marques.
Agência/Lancepress
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NOVA ERA! Levir Culpi volta ao Atlético com a missão de recolocar a equipe nos 5 trilhos
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9 de junho de 1994. O Atlético havia montado um elenco repleto de estrelas, como Neto, Gaúcho, Luís Carlos Winck, Adilson Batista, Darci e a estrela da companhia: Renato Gaúcho. Entretanto, os resultados não eram os esperados. Como de costume no futebol brasileiro, o técnico normalmente paga pelos resultados ruins do time. Após uma derrota por 3 a 1 para o Vasco, no jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil, o técnico Valdir Espinosa acabou sendo demitido. Para o seu lugar foi contratado um treinador de 41 anos. Ex-zagueiro, Levir Culpi iniciou a trajetória na função oito anos antes e já somava uma passagem pelo Internacional – sem grande destaque, é verdade. Até então o melhor trabalho de Levir Culpi havia sido no Criciúma, onde ficou de 1989 até 1990, antes de se transferir para o Internacional. Os jogadores do Tigre que trabalharam com o técnico o apontam como o grande responsável pelo título da Copa do Brasil conquistado pela equipe catarinense, em 1991. Na ocasião o comandante do elenco era Luiz Felipe Scolari, o Felipão. Levir Culpi estreou pelo Atlético no dia 19 de junho de 1994, na partida de volta contra o Vasco, pela terceira fase da Copa do Brasil. A derrota por 4 a 3 representou a eliminação do Galo da competição, além de deixar claro que o novo técnico teria trabalho para colocar a chamada "SeleGalo" na linha. Levir sempre demonstrou personalidade em seus trabalhos e não demorou para barrar nomes que antes eram inquestionáveis, não pelo que desempenhavam em campo, mas sim pelo status que alcançaram ao longo da carreira. Renato Gaúcho, por exemplo, perdeu a posição para o jovem Reinaldo Rosa, recém-promovido das categorias de base do Atlético. Em sua primeira grande missão na carreira, Levir Culpi fez bom trabalho a frente do Atlético. O técnico levou a equipe à semifinal do Campeonato Brasileiro, onde foi eliminado pelo Corinthians em uma tarde pouco inspirada do goleiro Humberto, que falhou nos dois gols da equipe paulista na vitória atleticana por 3 a 2. No duelo de volta, a derrota por 1 a 0 eliminou o Galo da competição. Em 1995 o Campeonato Mineiro foi disputado no sistema de pontos corridos, com turno e returno. A campanha do Atlético foi irretocável e a equipe terminou com o título da competição, conquistando 14 pontos a mais que o América-MG, segundo colocado. O Galo venceu 16 dos 22 jogos disputados, empatou três e perdeu outros três, o que rendeu ao time comandado por Levir Culpi um aproveitamento de 77,3%. Entretanto, o desempenho nas outras competições foi aquém do esperado e Levir Culpi não suportou a derrota por 3 a 1 para o América-MG, em amistoso, e acabou deixando o Atlético. O comandante rodou, chegando até a trabalhar um ano no Japão, no Cerezo Osaka, antes de retornar ao Galo, em 2001. Na primeira passagem Levir Culpi comandou o Atlético em 64 jogos, conquistando 35 6
vitórias, 14 empates e 15 derrotas. Um aproveitamento de 62,0%. Segunda passagem Em 2001 Levir Culpi assumiu novamente um grande time do Atlético. Provavelmente quem nasceu até o início da década de 90 vai se lembrar da maior parte dos jogadores que formavam o time base do Galo: Velloso; Cicinho (Baiano), Álvaro, Marcelo Djian e Felipe; Gilberto Silva, Djair, Valdo e Ramon Menezes; Marques e Guilherme. Levir chegou ao Atlético em substituição ao técnico Abel Braga, curiosamente, hoje um dos nomes preferidos pelos torcedores para assumir a equipe. A reestreia foi contra a Portuguesa, em amistoso realizado no dia 14 de julho de 2001. O Galo venceu por 2 a 1, com dois gols marcados pelo atacante Marques. Na época o Campeonato Brasileiro ainda era decidido por meio do sistema de mata-mata e o Atlético fez boa campanha na primeira fase, terminando em quarto lugar, com 49 pontos conquistados (dez a menos que o líder, São Caetano) e 61% de aproveitamento. Na época as quartas de final eram disputadas em jogo único, com a equipe que teve melhor campanha possuindo a vantagem de atuar em casa. Sendo assim, o Atlético disputou as quartas de final, contra o Grêmio, no Mineirão. Na ocasião o técnico Levir Culpi armou o Galo com: Velloso; Cicinho (Bosco), Álvaro (Negueti), Marcelo Djian e Felipe; Gilberto Silva, Djair (Cleison), Valdo e Ramon Menezes; Marques e Guilherme.
Três momentos do Levir Culpi no Atlético: campeão mineiro em 1995 (à esquerda), apresentação no clube em 2001 ao lado de Bebeto de Freitas e Alexandre Kalil (centro) e campeão mineiro em 2007 (à direita) - Foto: Reprodução do site do Levir Culpi e EM DA Press
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O Grêmio, do técnico Tite, também contava com um bom time, com jogadores como Danrlei, Anderson Lima, Rodrigo Fabri, Roger Machado, Anderson Polga, Emerson, Mauro Galvão, Luís Mário, Zinho e Tinga. O time gaúcho não foi páreo para o Atlético. Com uma atuação monstruosa o Galo venceu o Grêmio por 3 a 0, mas poderia ter sido muito mais devido o volume de chances criadas pelo time mineiro no decorrer da partida. Na semifinal o Galo enfrentaria o São Caetano, sensação da época. Jogando no Anacleto Campanella, o Atlético iniciou bem a partida e chegou a abrir o placar com um gol do Valdo. Porém, uma forte chuva do Atlético comemoram com o Levir acabou atrapalhando a equipe alvinegra, Jogadores Culpi o título brasileiro em 2006 - Foto: LC Moreira/Agência Estado que normalmente atuava explorando os contra-ataques. Com dois gols de bola aérea, a equipe paulista acabou virando o duelo e eliminando o time comandado por Levir Culpi do Campeonato Brasileiro. Em 2002 o Campeonato Mineiro teve uma fórmula diferente, com os grandes clubes de Minas Gerais entrando na competição na segunda fase, em uma disputa que ficou conhecida como Supercampeonato Mineiro. Levir Culpi, porém, não teve tempo de terminar a competição, que possuía apenas quatro jogos. O Atlético havia iniciado bem a temporada e havia chegado na semifinal da Copa do Brasil, fase em que teve o Brasiliense como adversário. No primeiro jogo no Mineirão o Galo levou um baile da equipe do Distrito Federal e foi derrotado por 3 a 0. No duelo de volta nova derrota, desta vez por 2 a 1. Entre os duelos pela Copa do Brasil o Atlético enfrentou o Cruzeiro duas vezes pelo Supercampeonato Mineiro e empatou ambas em 1 a 1. O primeiro adversário após a eliminação da Copa do Brasil era a Caldense, que havia conquistado o Campeonato Mineiro e consequentemente uma vaga para o Supercampeonato Mineiro. Em duelo no Mineirão, o Atlético foi derrotado por 4 a 2 e Levir Culpi encerrou a sua segunda passagem pelo clube. Desta vez o técnico ficou a frente do time alvinegro por 60 jogos, conquistando 29 vitórias, 12 empates e 19 derrotas. Um aproveitamento de 55,0%. Terceira passagem A terceira passagem de Levir Culpi pelo Atlético aconteceu em um momento conturbado do clube. No dia 27 de maio de 2006 o Galo entrou em campo contra o Vila Nova-GO, no Mineirão, pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro da Série B. O empate em 1 a 1 com o time goiano colocou a equipe alvinegra na sexta colocação da competição, 8
com apenas três vitórias. O resultado também culminou com a demissão do técnico Lori Sandri. A diretoria do Atlético agiu rápido e acertou o retorno de Levir Culpi, cujo o último trabalho havia sido no São Caetano, no ano anterior. Levir não assumiu o time na rodada seguinte, e viu o Marcelo Oliveira, técnico interino na ocasião, comandar o Galo no empate em 0 a 0 com o Guarani, em Campinas. Levir Culpi assumiu o Atlético na décima rodada do Campeonato Brasileiro e emendou uma sequência de quatro jogos sem vencer, sendo três pela Série B e um amistoso contra o Santos, durante a pausa para a disputa da Copa do Mundo daquele ano. Na ocasião a equipe alvinegra atingiu a sequência de oito jogos sem triunfo. Ao término da 12ª rodada do Campeonato Brasileiro, a derrota do Atlético para o Avaí, por 2 a 0, colocou a equipe em uma situação delicada na tabela. Com apenas três vitórias nos 12 jogos em que disputou, o Galo ocupava a 11ª posição, estando apenas dois pontos acima da zona de rebaixamento para a Série C e a quatro pontos do grupo de acesso à Série A. Levir Culpi teria trabalho para colocar o Atlético no eixo, mas a tranquilidade começou a se restabelecer quando o Galo venceu o Gama, por 4 a 2, na 13ª rodada. Entretanto, foi na rodada seguinte que a equipe alvinegra se engajou na competição. Atlético e Portuguesa se enfrentaram no Mineirão e foi a equipe paulista quem abriu o placar, aos 23 minutos do primeiro tempo. O Galo tentava de todas as formas buscar o empate, porém encontrou uma Lusa muito fechada, dando trabalho ao sistema criativo do time mineiro. Aos 39 minutos do segundo tempo, Galvão fez boa jogada pela esquerda e cruzou na medida para o Marinho empatar a partida. Aos 43 minutos poderia ter ocorrido a virada do Atlético. Marinho driblou o goleiro Felipe (aquele que atuou por Corinthians e Flamengo), que o derrubou fora da área. Falta para o Galo e cartão vermelho para o arqueiro da Portuguesa. Como o time paulista já havia feito as três substituições, o zagueiro Santiago foi para o gol. Aos 50 minutos do segundo tempo a virada aconteceu. Após cruzamento de Tchô, Galvão antecipou o marcador e cabeceou para o gol. O tento não foi apenas a reviravolta do Atlético na partida, mas também na Série B. Com duas vitórias consecutivas o Galo subiu para o sétimo lugar, agora a dois pontos do G-4. Após a vitória contra a Portuguesa o Atlético fez as pazes com os torcedores, que a cada jogo que se passava enchiam cada vez mais o Mineirão. Inclusive, com o Levir Culpi a frente do Galo o time não perdeu nenhuma partida como mandante na Série B. Foram 14 jogos no Gigante da Pampulha, 12 vitórias e dois empates. Um aproveitamento de 90,5% e, em toda a Série B, uma média de 31.915 atleticanos por jogo. A dificuldade do Atlético na Série B foi vencer a primeira partida como visitante, o que atrapalhava o clube a emplacar uma sequência de resultados positivos. O primeiro 9
triunfo do Galo longe de Belo Horizonte aconteceu somente na 22ª rodada, quando a equipe venceu o CRB por 1 a 0. O título do Campeonato Brasileiro de 2006 foi a primeira conquista nacional de Levir Culpi no Atlético. Naquele ano o técnico comandou o Galo em 29 jogos oficiais, alcançando 17 vitórias, seis empates e seis derrotas, o que lhe proporcionou um aproveitamento de 65,6%. Vamos para o Japão? Após iniciar os últimos anos sob o olhar de desconfiança dos torcedores, o Atlético iniciou a temporada de 2007 com uma expectativa alta por parte da torcida. Contudo, o início do Campeonato Mineiro jogou um balde de água fria nos atleticanos. Estreando na temporada, contra o Villa Nova, no Mineirão, pelo estadual, o Galo não soube aproveitar o fato de ter ficado duas vezes à frente do placar e foi derrotado por 3 a 2. Na segunda rodada o Atlético visitou o Tupi, em Juiz de Fora, e foi derrotado por 3 a 2. No duelo seguinte, os comandados do técnico Levir Culpi empataram em 0 a 0 com o Rio Branco, no Mineirão, e os jogadores saíram de campo vaiados pela torcida. Os três resultados ruins colocaram o Galo no último lugar do Campeonato Mineiro. O quarto jogo do Atlético no campeonato estadual era o clássico com o Cruzeiro, que chegou a abrir o placar com o zagueiro Gladstone. O Galo era superior na partida e ainda no primeiro tempo virou o marcador, com um gol de falta do lateral Coelho e um gol do atacante Danilinho, que contou com colaboração do lateral-esquerdo Fábio Santos, hoje na equipe alvinegra. No segundo tempo o meia Marcinho sacramentaria a vitória do Atlético por 3 a 1 O resultado deu vida ao Galo no Campeonato Mineiro, que emplacou oito jogos sem perder. Os comandados do técnico Levir Culpi voltaram a ter um resultado negativo somente na última rodada, quando o Atlético já havia assegurado a classificação para a próxima fase da competição. O time alvinegro terminou na segunda posição. Na semifinal o Atlético eliminou o Democrata-GV, vencendo o adversário fora de casa, por 2 a 1, e empatando no Mineirão, em 1 a 1. A final da competição seria contra o Cruzeiro, em um duelo que entrou para a história do clube alvinegro. Avassalador, o Atlético venceu o Cruzeiro por 4 a 0. O placar poderia ser mais amplo, tamanha foi a superioridade do Galo na partida. O resultado, somado a dois gols especiais, fez desta partida um marco histórico nos superclássicos. O Atlético vencia a partida por 1 a 0, quando Tchô lançou o atacante Danilinho, que deu um chapéu no goleiro Fábio e tocou a bola para o fundo do gol. Golaço! Mas o fato mais marcante ainda estava por vir. Quando a partida já se aproximava do fim, Marcinho sofreu pênalti e ele mesmo cobrou para fazer o terceiro gol do Galo no duelo. Os jogadores do Cruzeiro foram dar a saída de bola no meio-campo rapidamente, 10
porém acabaram surpreendendo os atletas do próprio time. Esperto, o atacante Vanderlei roubou a pelota, passou pelo marcador e observou o Fábio voltando, de costas, para o gol, onde caminhava para pegar a redonda do terceiro gol atleticano. Vanderlei teve apenas o trabalho de concluir o lance e marcar o quarto gol do Atlético na partida. Um gol que entrou para a história do futebol e hoje é lembrado pelos torcedores em uma música que normalmente é cantada em todos os jogos do clube. No duelo de volta o Galo perdeu por 2 a 0, mas o excelente resultado conquistado no jogo de ida assegurou aos comandados do Levir Culpi a conquista do Campeonato Mineiro, o terceiro título do técnico no clube. Antes do segundo jogo da final do Campeonato Mineiro surgiu um forte rumor que o técnico Levir Culpi deixaria o Atlético para retornar ao Cerezo Osaka/JAP. Adorado pelos torcedores, o comandante ouviu o Mineirão cantar: "Levir, não vai embora não. Ano que vem nós vamos pro Japão". Nem mesmo o clamor dos torcedores foi suficiente para fazer Levir Culpi mudar de ideia. O técnico acertou com o time japonês, no qual trabalhou de 2007 a 2013. A terceira passagem do comandante pelo Atlético foi encerrada com 51 jogos, 29 vitórias, 12 empates e dez derrotas. Um aproveitamento de 64,7% - até então o maior do Levir pelo Galo. Quarta passagem Após a derrota para o Atlético Nacional/COL, por 1 a 0, no jogo de ida das oitavas de final da Copa Libertadores de 2014, o presidente Daniel Nepomuceno surpreendeu os torcedores ao demitir o técnico Paulo Autuori. No mesmo dia o mandatário atleticano anunciou o retorno de Levir Culpi ao clube – o que não foi o suficiente para reverter o
O título mais marcante do Levir Culpi pelo Atlético foi a Copa do Brasil de 2014 - Foto: Reprodução/ ESPN
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resultado no torneio continental. Em um primeiro momento, Levir Culpi gerou polêmica no clube após barrar Diego Tardelli e Ronaldinho Gaúcho. Após a pausa para a Copa do Mundo, Ronaldinho foi titular nos dois jogos contra o Lanús/ARG, pela Recopa Sul-Americana. Foram as últimas partidas do craque com a camisa alvinegra e o seu último título pelo Atlético. A conquista da Recopa Sul-Americana também foi o primeiro título internacional de Levir Culpi pelo Atlético. Em uma participação no programa Bem, Amigos!, no canal SporTV, o técnico revelou um atrito com o Ronaldinho antes da decisão contra o Lanús/ ARG. "Não tive problema, eu tive uma briga, mas não tive problema (com o Ronaldinho). Essas coisas, eu gosto de conversar diretamente com os jogadores quando tenho um problema profissional, algo que aconteça. A saída dele foi 'ok', do jeito que tinha que ser. Seria difícil ele se motivar novamente nessa temporada e acho que foi bom para os dois lados o que aconteceu", disse Levir. Contudo, futuramente o treinador explicaria que o desentendimento maior foi com o Assis, irmão e empresário do Ronaldinho. A virada do Atlético na temporada aconteceu na 23ª rodada do Campeonato Brasileiro. Na ocasião a equipe alvinegra enfrentaria o Cruzeiro, no Mineirão, e o Levir Culpi armou o time somente com um volante de ofício, colocando o Dátolo para exercer a função de segundo volante. Em um primeiro momento os torcedores se assustaram, mas a atuação do time foi positiva e sustentada pela vitória por 3 a 2 sobre o rival. Na ocasião Levir Culpi escalou o Atlético com Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Jemerson e Emerson Conceição (Douglas Santos); Leandro Donizete, Dátolo, Guilherme (Eduardo) e Diego Tardelli; Luan (Josué) e Carlos. Após o duelo com o Cruzeiro o técnico instaurou no Atlético um modelo de jogo agressivo, com uma marcação alta e muita movimentação no setor ofensivo – estilo que Levir Culpi sempre priorizou ao longo da carreira. Os momentos mais emocionantes daquela temporada ainda estavam por vir e seriam em outra competição. Responda a seguinte pergunta: quais foram os jogos mais marcantes do Atlético em 2014? Certamente você se lembrou das partidas contra Corinthians e Flamengo, pelas quartas de final e semifinal da Copa do Brasil, respectivamente. Em ambos os duelos o Atlético perdeu o jogo de ida por 2 a 0. Na partida de volta o Galo teve jogos que marcaram a história do clube e da Copa do Brasil. Contra o Corinthians, logo aos cinco minutos, Jemerson falhou e Guerrero abriu o placar em favor da equipe paulista. Para se classificar para as semifinais da Copa do Brasil o Atlético teria que marcar quatro gols em uma equipe que nos últimos anos foi vazada poucas vezes. Ainda no primeiro tempo, Luan e Guilherme asseguraram a virada alvinegra, sendo necessário mais dois gols no segundo tempo para à classificação. 12
Na etapa final o Atlético foi avassalador. Guilherme marcou o terceiro gol atleticano aos 30 minutos e desde então o Corinthians estacionou o ônibus na defesa. Entretanto, o quarto gol do Galo era questão de tempo. E aconteceu aos 43 minutos, com Edcarlos marcando de cabeça após cobrança de escanteio. No dia 29 de outubro daquele ano o Atlético entrou em campo contra o Flamengo, pela semifinal da Copa do Brasil. A derrota por 2 a 0, fora de casa, não desanimou torcedores e jogadores, pelo contrário, a classificação em cima do Corinthians ainda fazia parte da memória recente de ambos. No duelo de volta, conta o Flamengo, o Atlético novamente saiu atrás do placar. Ainda no primeiro tempo, Carlos aproveitou bom cruzamento pela esquerda e empatou a partida. Desta vez o Galo teria que fazer três gols no segundo tempo para se classificar. Aos 12 minutos da segunda etapa, Maicosuel recebeu a bola dentro da área e virou o placar em favor do Atlético. Exercendo enorme pressão sobre o Flamengo, o terceiro gol alvinegro era iminente. E aconteceu aos 36 minutos, com Dátolo. A pressão do Atlético sobre o Flamengo era tamanha que para todos que estavam assistindo ficou nítido que a equipe chegaria ao quarto gol. Aos 40 minutos, Marion levantou a bola na área e após bate-rebate a pelota sobrou para Luan, que escorou para o gol. "Com certeza, esses dois jogos ficaram marcados na minha memória. Foram viradas impressionantes, com muita entrega, e com a torcida do Atlético empurrando o nosso time no Mineirão, o que fez muita diferença para nós. São duelos que com certeza levarei para o resto da vida", disse o volante Rafael Carioca, em entrevista à revista Camisa 13. A final da Copa do Brasil seria contra o Cruzeiro, mas entre os torcedores já existia a convicção do título, o que não impediu uma enorme ansiedade nos atleticanos. Entre os jogadores também havia a certeza da conquista. "A gente sabia que se viesse (o Cruzeiro) na final iríamos ganhar. Não tinha dúvida. Nós, jogadores, falamos: 'queremos o rival na final. Se eles vierem, nós vamos ganhar, não tem jeito'", disse o atacante Luan em entrevista ao canal Pilhado, no YouTube. E de fato o título ocorreu. Assim como nas oitavas de final, contra o Palmeiras, o Atlético venceu os dois duelos decisivos contra o Cruzeiro e conquistou o título da Copa do Brasil daquele ano. Visando o bicampeonato da Copa Libertadores, em 2015, o então presidente Daniel Nepomuceno resolveu investir no elenco e contratou o atacante Lucas Pratto junto ao Vélez Sarsfield/ARG, por R$ 13 milhões de reais. O atacante ajudou o Levir Culpi a conquistar o Campeonato Mineiro daquele ano, o terceiro do treinador pelo Atlético. Contudo, no principal objetivo do clube na temporada o Galo iniciou com um desempenho abaixo do esperado. Após derrotas 13
para Colo-Colo/CHI e Atlas/MEX, o time alvinegro venceu o Santa Fé/COL duas vezes e respirou no Grupo 1 da competição. Entretanto, em novo duelo contra o Atlas/MEX o Atlético foi derrotado novamente por 1 a 0 e deixou a classificação para a última rodada, contra o Colo-Colo/CHI. Na ocasião o Galo precisava vencer os chilenos por dois gols de diferença, mas a sorte não demonstrava empatia com a situação alvinegra. Lucas Pratto abriu o placar em favor do time alvinegro ainda no primeiro tempo, mas a retranca formada pelo Colo-Colo/CHI impedia o Atlético de chegar ao segundo gol. A oportunidade esteve nos pés de Guilherme, porém o atacante perdeu um pênalti na segunda etapa. Mas foi dos pés de Guilherme que nasceu o passe para Rafael Carioca anotar um golaço no Independência e assegurar a classificação do Atlético para as oitavas de final da Copa Libertadores. O Galo classificou devido ao seu saldo de gols ser superior ao do Colo-Colo/CHI. Nas oitavas de final o Atlético acabou sendo eliminado da Libertadores pelo Internacional. O foco passou a ser total no Campeonato Brasileiro e o desempenho alvinegro foi bom. Não fosse uma campanha quase irretocável do Corinthians, certamente o Galo ficaria com o título da competição. Apesar do título da Copa do Brasil, em 2014, da conquista do Campeonato Mineiro e do vice-campeonato brasileiro, em 2015, o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, acabou optando em não renovar o contrato do técnico Levir Culpi para a temporada seguinte. "Estou desconfortavelmente falando com vocês. Neste momento, estamos encerrando um ciclo. Praticamente um ciclo da minha vida em Minas Gerais", disse Levir Culpi na coletiva de despedida. Emocionado, o treinador demonstrou insatisfação por não poder dar continuidade ao trabalho, mas, apesar de deixar a entender que não voltaria a trabalhar no Atlético, encerrou com um "até logo" aos profissionais do clube. "A diretoria chegou à conclusão de que não deveríamos seguir o trabalho. Sinceramente, é ruim falar muito nesse momento. É uma rotina tão desgastante, que não vale a pena ser repetitivo. Aproveito para agradecer às pessoas que me ajudaram, que estiveram comigo, que sentiram as derrotas como eu senti. É um até logo. Foi um casamento com algumas brigas, mas que a gente se ama. (...) Hoje estou triste", disse o técnico com os olhos marejados. Levir Culpi foi o último técnico a completar um ano no comando do Atlético. Após a passagem do comandante, o Galo emplacou uma série de treinadores com perfis distintos, demonstrando pouca convicção nas contratações. Diego Aguirre, Marcelo Oliveira, Roger Machado, Rogério Micale, Oswaldo de Oliveira e Thiago Larghi passaram pelo clube após o último trabalho de Levir. 14
Em 2016, mesmo chegando à final da Copa do Brasil, o técnico Marcelo Oliveira não resistiu à pressão e foi demitido após a derrota no jogo de ida da competição, não recebendo sequer a oportunidade de tentar corrigir o placar no duelo de volta. Marca histórica Levir Culpi é o terceiro técnico com mais jogos na história do Atlético. O treinador encerrou a quarta passagem pelo Galo com 288 jogos, atrás do Procópio Cardoso, que tem 328 partidas, e do Telê Santana, comandante com mais duelos pelo clube: 434. Nos 288 jogos que esteve a frente do Atlético, Levir Culpi venceu 154, empatou 60 e perdeu 74, alcançando um aproveitamento de 60,4%. O técnico disputou, em média, 72 jogos pelo clube em cada passagem. Levando em consideração apenas os clássicos com o Cruzeiro, o desempenho do Levir Culpi também é positivo. Foram 20 partidas contra o maior rival, dez vitórias, sete empates e três derrotas, o que dá ao comandante um aproveitamento de 61,7% no superclássico.
Levir Culpi voltou ao Atlético em 2018 com o objetivo de classificar o clube para a Copa Libertadores de 2018. Vai conseguir? - Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com
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CONTRATAÇÕES DO ATLÉTICO O Atlético contratou 120 jogadores nos últimos oito anos
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rouca, Samuel Xavier, Erik, Ricardo Oliveira, Róger Guedes, Iago Maidana, Tomás Andrade, Matheus Galdezani, Emerson, Juninho, Chará, David Terans, Denílson, Edinho, José Welison, Leandrinho, Nathan e Martín Rea. Estes são os 18 jogadores contratados pelo Atlético em 2018. Destes, somente cinco são considerados titulares atualmente. A aceitação dos torcedores pelo nome do Alexandre Gallo como diretor de futebol era mínima. Também sobram críticas ao presidente Sérgio Sette Câmara, o qual os torcedores alegam que não exerce o poder de presidente. Talvez este ano seja o que o Atlético tenha a menor assertividade no mercado desde 2012. Recentemente, na Live 71 do canal Camisa Doze no YouTube, Fael Lima e Rodrigo Raynner debateram a respeito do nível de contratações do Atlético. Fael ressaltou que o nível de contratações desta temporada regressou ao ano de 2010. Este argumento trouxe à Camisa 13 um levantamento feito ano a ano a respeito das contratações do clube alvinegro. 2010 Jogadores contratados: 22 Goleiros: Marcelo e Fábio Costa Lateral-Direito: Diego Macedo Lateral-Esquerdo: Leandro e Fernandinho Zagueiros: Jairo Campos, Cáceres, Lima e Réver Volantes: Zé Luís, Edison Méndez, Joedson e Alê Meias: Nikão, Daniel Carvalho, Diego Souza e Jackson Atacantes: Muriqui, Obina, Ricardo Bueno, Neto Berola e Jheimy 2011 Jogadores contratados: 23 Goleiros: Giovanni e Lee Lateral-Direito: Patric e Carlos César Lateral-Esquerdo: Guilherme Santos e Triguinho Zagueiros: Leonardo Silva e Luiz Eduardo Volantes: Toró, Richarlyson, Dudu Cearense, Gilberto e Pierre Meias: Mancini, Caio e Didira Atacantes: Magno Alves, Wesley, Jóbson, Guilherme, Marquinhos Cambalhota, Jonatas Obina e André 2012 Jogadores contratados: 11 Goleiro: Victor Lateral-Direito: Michel Lateral-Esquerdo: Júnior César 17
Zagueiro: Rafael Marques Volante: Leandro Donizete Meias: Escudero, Ronaldinho Gaúcho Atacantes: Danilinho, Jô, Juninho e Leonardo 2013 Jogadores contratados: 10 Zagueiro: Emerson Volantes: Gilberto Silva, Rosinei, Josué Meias: Morais e Dátolo Atacantes: Alecsandro, Luan, Diego Tardelli e Fernandinho 2014 Jogadores contratados: 9 Lateral-Esquerdo: Pedro Botelho, Emerson Conceição e Douglas Santos Zagueiros: Otamendi e Tiago Volantes: Claudinei e Rafael Carioca Meia: Maicosuel Atacante: Cesinha 2015 Jogadores contratados: 4 Volante: Danilo Pires Meia: Cárdenas Atacantes: Lucas Pratto e Thiago Ribeiro 2016 Jogadores contratados: 13 Goleiro: Lauro Lateral-Esquerdo: Fábio Santos Zagueiros: Erazo e Ronaldo Conceição Volante: Júnior Urso Meias: Cazares, Carlos Eduardo e Otero Atacantes: Hyuri, Clayton, Robinho, Pablo e Fred 2017 Jogadores contratados: 10 Lateral-Esquerdo: Danilo Barcelos Zagueiros: Felipe Santana e Matheus Mancini Volantes: Elias, Adilson, Roger Bernardo e Gustavo Blanco Meias: Marlone e Valdívia 18
Atacantes: Rafael Moura 2018 Jogadores contratados: 18 Lateral-Direito: Samuel Xavier e Emerson Zagueiros: Iago Maidana, Juninho e Martín Rea Volantes: Arouca, Matheus Galdezani e José Welison Meias: Tomás Andrade, David Terans e Nathan Atacantes: Erik, Ricardo Oliveira, Róger Guedes, Chará, Denílson, Edinho e Leandrinho
Acredito que ficou claro ao Atlético e ao torcedor do clube que quanto menor o número de contratações, melhor foi o desempenho do clube ao longo da temporada. Normalmente, quando os algarismos de chegadas ao elenco de uma agremiação são elevados, é sinal que algo não deu certo naquele ano. De dezembro de 2017 a janeiro deste ano o Atlético fez sete contratações. Destes atletas que chegaram, somente três ainda estão no elenco alvinegro: Ricardo Oliveira, Iago Maidana e Tomás Andrade. Em contrapartida, Arouca, Samuel Xavier, Erik e Róger Guedes já respiram outros ares. De abril a agosto o Atlético montou um novo time, com 11 contratações. Apesar do excesso de jogadores que chegaram ao clube em 2018, o clube não tem uma base formada para 2019, o que pode ser sinônimo de novamente a instituição contratar atletas em excesso. De 2010 a 2018 o Atlético fez 120 contratações, sendo seis goleiros, seis laterais-direitos, dez laterais-esquerdos, 17 zagueiros, 24 volantes, 21 meias e 36 atacantes. 48% destas chegadas aconteceram nos três primeiros meses do ano, período considerado fundamental para a montagem do elenco.
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PROTESTO DA TORCIDA
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o dia 31 de outubro de 2017 o então candidato à presidência do Atlético, Sérgio Sette Câmara, disse que, se eleito, Alexandre Tadeu Gallo seria o seu diretor de futebol. Quase um ano depois, no dia 30 de outubro de 2018, sob muitas críticas, o clube comunicou à imprensa o desligamento do Gallo. Quando confirmou o Alexandre Gallo, Sette Câmara explicou que a aposta se justificava pelo fato do Gallo ter identidade com o Atlético e comparou o diretor com outros profissionais que iniciaram recentemente a profissão. "Este não é um mercado fácil. Eu queria um diretor de futebol que fosse um diretor técnico, que cuide também da base. O Atlético precisa revelar jogadores de base, eu quero isso. Queria uma pessoa com identidade com o Galo, e o Gallo foi capitão do Atlético. Ele já passou pela CBF. O momento é de ousar um pouco. Se você analisar os diretores de futebol que estão no mercado, ou são diretores nos valores caríssimos, e o Gallo veio em uma boa condição para nós, já que teremos que passar por um momento de ajuste. Se você analisar um mercado mais recente, o Edu Gaspar, por exemplo, qual experiência ele teve? Hoje é inquestionável. Leonardo, jogou muito tempo no Milan e depois foi ser diretor de futebol. Temos que apostar nisso também. Temos que apostar em pessoas com identidade. Se não apostasse nisso, não seria candidato, porque não tenho experiência", justificou Sette Câmara na época do anúncio de Alexandre Gallo. Alguns torcedores questionaram o nome de Alexandre Gallo na época, alegando que ele não tinha experiência necessária para exercer a função. As alegações acabaram se confirmando no decorrer da temporada. Gallo teve pouco tato na condução do elenco e de crises internas, como algumas discussões entre jogadores e o ex-técnico do Atlético, Thiago Larghi. A má gestão do vestiário acabou causando problemas internos no clube, gerando diversas críticas dos torcedores e tornando a saída do diretor iminente.
Alexandre Gallo deixou o Atlético sob muitas críticas dos torcedores - Foto: Pedro Souza/Atlético
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Alexandre Gallo fez 18 contratações para o Atlético, um fato que também é muito questionado pelos torcedores, uma vez que alguns nomes chegaram e saíram sem obter sucesso com a camisa alvinegra. Para se ter ideia do quão elevado é este número, somado 2016 e 2017 o clube anunciou 22 chegadas. Interferência interna "Eu estava conversando com o Alexandre Gallo e chegamos até a discutir um pouco mais exageradamente. Ele perguntou: 'Onde você descobriu aquela história que eu estava escalando o time do Atlético?' Respondi: 'Alexandre, eu tenho informações seguras'. Ele questionou: 'Mas como você tem informações seguras?' Falei: 'Tenho, de dois jogadores do Atlético. Eu não vou entregar o jogador'. Ele ficou exaltado, eu também fiquei exaltado. Veio o presidente (Sérgio Sette Câmara), segura de lá, segura de cá. A
Marco Aurélio Cunha é o nome preferido dos torcedores para ocupar o lugar de Alexandre Gallo - Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com
informação que eu tenho é que, apesar de toda a manifestação da torcida, o Alexandre Gallo vai permanecer. Ele vai continuar como diretor de futebol (em 2019)'. Parece um excelente roteiro. Mas este episódio aconteceu com o repórter Roberto Abras, da Rádio Super Notícia. O setorista do Atlético trouxe a informação que havia interferência interna nas escalações do técnico Thiago Larghi, deixando a entender que esta atitude partia do diretor de futebol do clube, Alexandre Gallo. Inconformado, Gallo, foi até o gramado do Engenhão, antes da partida contra o Fluminense, conversar com o jornalista e acabou ocasionando o episódio acima. Questionado se houve interferência interna e algum pedido para priorizar os jogadores contratados em relação aos da base, Thiago Larghi foi evasivo, mas negou o assunto. "Não, absolutamente não. Isso na época eu respondi, de forma muito clara e simples. Em relação a base, utilizei sim. Usei o Alerrandro, salvo engano, em nove jogos, o Bruninho em uns nove, dez jogos. Tiveram oportunidade sim. O Bremer tanto que jogou que foi embora, o Yago, que também jogou e foi embora. O Hulk a gente subiu e é o reserva imediato do Fábio (Santos)", disse Larghi em entrevista ao programa 98 Esporte, da Rádio 98. Fato é que o episódio também pesou na demissão do Alexandre Gallo. Sérgio Sette Câmara anunciou que Marques, atualmente coordenador das categorias de base, será o diretor de futebol do Atlético interinamente até dezembro, quando o clube pretende já ter anunciado um novo profissional para o setor. Marco Aurélio Cunha, coordenador de futebol feminino da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), é um dos nomes preferidos pelos torcedores. 22
Manifestações Fato é que os torcedores perderam a paciência com a atual gestão do Atlético. Partindo desta premissa, Victor Gomes criou o grupo GaloAtitude, que tem organizado manifestações pacíficas na sede do clube, no bairro de Lourdes, na região centro-sul de Belo Horizonte. "Inicialmente o movimento se criou pelo péssimo trabalho do diretor de futebol Alexandre Gallo, e ao nos organizarmos para estes protestos, chegamos à conclusão que existem vários erros sendo cometidos por quem detém o comando do clube", disse Victor em entrevista exclusiva para a Camisa 13. Até o momento os torcedores do Atlético organizaram três protestos contra a atual gestão do clube, sendo um deles na Cidade do Galo. Na ocasião, um jogador do elenco pediu aos atleticanos para realizarem mais manifestações no centro de treinamento. "Não sabemos responder se há algo que eles (diretoria do Atlético) possam estar escondendo da torcida. Mas existe sim essa atuação de torcida, geralmente organizadas, dentro do clube. Gaviões da Fiel no Corinthians, Mancha Verde no Palmeiras, o clube os respeita e a torcida respeita o clube e quem o comanda. Um ajuda o outro, e esse é o objetivo da GaloAtitude, aproximar o torcedor cada vez mais das situações do clube", explanou Victor. A Camisa 13 fez uma entrevista exclusiva com o Victor Gomes, líder do GaloAtitude. As manifestações dos torcedores, seja na sede do clube, no Independência ou na Cidade do Galo, deve se tornar algo rotineiro no Atlético. Confira abaixo o bate-papo com o Victor:
Torcedores do Atlético organizaram um protesto contra a atual gestão do clube em frente a sede de Lourdes- Foto: Túlio Santos/EM/D.A Press
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Há uma pergunta no perfil do GaloAtitude no Twitter (@galoatitude) que repasso a você: na sua opinião, por que a atual diretoria do Atlético tem tanta resistência para dialogar com os torcedores? Infelizmente essa distância do clube com o torcedor, que é visível a todos e não uma coisa inventada por nós, é muito prejudicial. Não há a preocupação das últimas diretorias do Atlético, pois não é só a atual que tem esta política com a torcida, em manter um diálogo, um canal de comunicação com o torcedor comum. O torcedor não ter voz no clube consideramos como desrespeito. Parece menosprezo com aqueles que são a razão da existência do clube. Como o movimento enxerga o primeiro ano de mandato do Sérgio Sette Câmara? O presidente atual começou o ano pregando um discurso de austeridade financeira, trouxe um diretor de futebol que todos disseram que não tinha competência, deu continuidade a um treinador que sabíamos que era fraco, e desde então cometeu erros e erros. Efetivou o Thiago Larghi como treinador sendo que o mesmo jamais havia sido técnico em outra equipe. Recentemente o demitiu e não teve o senso de oferecer ao Larghi a vaga de auxiliar novamente, para que ele aprendesse mais. O clube também poderia investir no profissional, mas não fizeram isso. Nosso presidente menosprezou a Copa Sul-Americana, classificando-a como "campeonato de segundo escalão", consequentemente desdenhando de duas conquistas que tivemos da Copa Conmebol, que não existe mais, mas deu lugar a Sul-Americana. Desvalorizou
Torcedores também organizaram uma manifestação em frente o centro de treinamentos do Atlético Foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press
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totalmente os jogadores da nossa base e permitiu a contratação de 18 jogadores em ano de austeridade. O que você acredita que mudaria no Atlético se o clube tivesse uma oposição atuante? Primeiro, ter oposição não significa que o clube esteja fragmentado ou que há um racha interno na condução dos rumos do clube. Ter oposição deveria ser interpretado como uma chance de avaliar opiniões divergentes e buscar o crescimento de ideias e propostas, ouvindo também um lado que pensa diferente daqueles que estão no comando. Este é o princípio básico de um processo democrático. Compreendendo e aceitando esta verdade, qualquer oposição já seria fortalecida, não como simplesmente um coro de descontentes, mas sim como um lado que pode ter boas ideias que nos ajudem a transpor de forma mais tranquila os obstáculos que este mundo do futebol nos impõe. Acreditamos que, se assim o fosse, as decisões poderiam ser tomadas com mais responsabilidade. Quando se tem uma oposição e ela é respeitada como um ponto a ser considerado, ela já seria forte e o trabalho acabaria sendo feito com mais atenção. Como o movimento enxerga a atuação do ex-presidente Alexandre Kalil nos bastidores do clube? Se formos discutir sobre a interferência do prefeito e ex-presidente Alexandre Kalil dentro do Atlético, deveríamos também levar em consideração as diversas vezes em que ele foi chamado ou consultado sobre suas opiniões – ou pelo seu poder de domínio e convencimento entre os conselheiros e mesmo junto à torcida. Mas de maneira geral, isto é muito ruim. Em várias oportunidades ele disse não querer mais ser presidente do clube, não querer mais se envolver com o clube, enumerando vários motivos. Porém, percebe-se que tanto o Kalil não consegue se afastar, como os dirigentes pós-Kalil, se se mantêm reféns da figura mítica em que ele se transformou. Recentemente ele está mostrando a todos nós que ainda atua dentro do clube sim, e de forma bem forte. Há inclusive, um receio muito grande por parte de uma parcela da torcida, que o Kalil se transforme em um "Eurico Miranda" do Atlético e nós nos aproximemos de uma "vascainização" do clube. E sabemos dos resultados desastrosos que isto poderia nos causar. Mas não podemos e nem devemos culpar única e exclusivamente a figura do Kalil pois, como já dissemos, por diversas vezes ele é chamado pelas diretorias para ajudar a contornar ou mesmo resolver um problema. Queremos e precisamos, que as diretorias pós-Kalil se libertem desta figura mítica e promovam os seus próprios trabalhos, com garra e, principalmente, com convicção em seus trabalhos. É isto que mais se sente falta no Atlético. Um trabalho feito com profissionalismo e com convicção. O GaloAtitude tem ou visa fazer parceria com alguma torcida organizada? O GaloAtitude é um movimento do atleticano, do torcedor do Galo, independente se 25
faça parte de alguma organizada, todos torcemos pro Galo. Queremos ver o Atlético aonde sabemos que ele tem que estar, aonde a torcida merece que ele esteja, por isso convido a todos os atleticanos de organizada ou não, torcedor comum, torcedor do interior, a nos unirmos e tornar o movimento GaloAtitude cada vez mais forte. Você pretende levar esta manifestação aos jogos? Se sim, como será organizado? Tudo e questão de ocasião, se for necessário sim. A forma precisa ser estudada, planejada, não podemos fazer um manifesto de qualquer maneira. Dois jogadores do atual elenco do Atlético asseguraram que o Alexandre Gallo interferia nas escalações do Thiago Larghi. Como você enxergou esta informação e qual a sua avaliação a respeito da postura do presidente Sérgio Sette Câmara neste caso? Este assunto foi levantado por um repórter bastante conceituado de Minas Gerais, mas como não houve a apresentação de provas e, tanto a diretoria, como o Gallo e o próprio Thiago Larghi desmentiram esta notícia, fica difícil para nós, que somos apenas torcedores comuns, opinar a este respeito. Mas, levando para o campo das hipóteses, não seria prudente que houvesse qualquer tipo de interferência no comando de uma equipe. O papel do diretor de futebol inclui, sim, discutir com o treinador sobre questões relacionadas aos atletas e até mesmo sobre uma possível formação para a equipe em determinados jogos. Mas nunca uma imposição de sua vontade em quaisquer condições ou circunstâncias. Afinal, o técnico tem suas responsabilidades definidas, assim como o diretor de futebol e ambos serão avaliados por aquilo que produziram em suas funções. Acabou que, ao que parece, os dois foram reprovados em suas funções. Quando será a próxima manifestação do GaloAtitude? Não temos data marcada, mas temos várias bandeiras a serem levantadas. O torcedor precisa ter voz dentro do clube, o clube precisa ter uma oposição de verdade, quem não tiver cargo no Atlético não tem que mandar em nada. A torcida merece e precisa voltar pro Mineirão, a torcida precisa cantar músicas novas de apoio ao Galo somente. Enfim, existem várias bandeiras a serem levantadas e a GaloAtitude veio para isso.
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