ESTE CADERNO FAZ PARTE INTEGRANTE DA EDIÇÃO 619 DE 12 ABRIL DE 2012 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
CONHECIMENTO
DIRECTORA LINA VINHAL
COIMBRA
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ANIVERSÁRIO / CONHECIMENTO 12 QUINTA-FEIRA
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Enquadramento Coimbra é, seguramente, das cidades portuguesas sobre que mais se tem escrito e publicado. Decidimos correr o risco da repetição de algumas obras e escritos de autores, embora nunca de forma intencional, conscientes da dificuldade em apresentar uma visão evolutiva do que foi o conhecimento em Coimbra. A cidade possui, desde tempos medievais, um carácter próprio, no qual se inscreveu desde muito cedo as palavras conhecer e ensinar. Desde as Escolas Monásticas às Escolas Catedrais, passando pela fundação do Estudo Universitário, à criação da Escola Livre das Artes do Desenho, ao aparecimento do primeiro liceu, ao estabelecimento da Escola Normal Social de Coimbra, ao enraizamento do Ensino Politécnico, passando pela afirmação e consolidação da Universidade e, mais recentemente, à afirmação da rede privada de ensino escolar, em todas estas
áreas Coimbra assumiu protagonismo e destacouse a nível nacional. De todo este processo de conhecimento emerg e a Universidade, ontem como hoje um farol destacado: segundo o QS World University Rankings, em 2011 foi considerada a melhor universidade portuguesa, ao mesmo tempo que decorre a avaliação da sua candidatura a património mundial pela Unesco. Em termos de aprendizagem a UC adaptou e implementou o Processo de Bolonha; Modelo Europeu uniforme caracterizado pela aplicação de três ciclos de estudo (licenciatura, mestrado e doutorado). Coimbra transmite a ideia da cidade do estudo e conhecimento, dos estudantes e dos doutores, e os números atestam-mo: a população escolar no ensino superior ronda os 24.000 alunos, 1486 docentes, 87 investigadores e um quadro não docente de 1761 funcionários; a realidade do
ensino politécnico compreende 10.200 alunos e 690 professores. No que respeita ao ensino básico e secundário a estatística aproximada do movimento escolar é a seguinte: os agrupamentos de escolas são frequentados por 7.120 alunos e 907 professores, as escolas secundárias por 4.471 alunos e 636 professores e, os colégios de gestão privada por 405 professores e 4.708 alunos (valores aproximados). Ou seja: em Coimbra, a população que estuda e aprende ultrapassa os 50.000, enquanto a que ensina e forma ascende a 4.120. O valor total, na casa dos 55.000 é, a título de comparação, mais de 1/3 do número de habitantes do Município de Coimbra. As páginas que se seguem procuram lançar breve panorâmica histórica sobre a afir mação do ensino em Coimbra, transmissão do conhecimento e estabelecimentos que estimularam a aprendizagem e formação.
DE ABRIL DE 2012 CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS
MEDIEVALIDADE Escolas Monásticas No período medieval a instrução era, de um modo geral, apenas ministrada aos que aspiravam à carreira eclesiástica. A difusão do saber fazia-se pela letra carolina, o livro, o pergaminho e o papel. A língua utilizada era o latim, sem prévia iniciação da língua materna. As invasões bárbaras conduziram a alterações profundas na organização da região até então denominada Hispânia sob
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governo do Império Romano. Enquadradas cronologicamente entre os anos 300 e 800 marcaram a transição da Antiguidade para a Idade Média. A barbarização do Ocidente traria consequências gravíssimas para a cultura e ensino, levando ao desaparecimento das escolas profanas ou clássicas da Antiguidade. A partir de então, as escolas monásticas tornaram-se o único instrumento de aquisição e transmissão cultural ao nível peninsular: orientadas para a
vida religiosa e fechadas ao exterior, a Teologia era a principal disciplina ensinada. As escolas monásticas, como o próprio nome indica, estavam intimamente ligadas com o aparecimento e difusão dos mosteiros. Sobre as suas origens é possível que logo nos séculos IV-V o monacato estivesse difundido na Península Ibérica, sendo de destacar o mosteiro de Dume, fundado por S. Martinho, que se tornaria numa escola de vida religiosa e num foco cultural.
Recriação de scriptorium medieval (em exposição no arquivo histórico municipal)
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Posteriormente, e sob domĂnio ĂĄrabe, fundaram-se os mosteiros de LorvĂŁo e da Vacariça. O primeiro, por volta de 858, constituiu o mais importante pĂłlo intelectual do territĂłrio conimbricense. Do seu scriptorium saĂram as cĂłpias iluminadas do Livro das Aves (1183), o ComentĂĄrio de Santo Agostinho sobre os salmos (1184) e o cĂŠlebre Apocalipse de LorvĂŁo (1189). A irradiação cultural de LorvĂŁo encontraria continuidade na regiĂŁo com a fundação do Mosteiro de Santa Cruz, o qual, juntamente com o de Alcobaça foram os grandes centros religiosos intelectuais portugueses, fundados no sĂŠc. XII, transmissores do saber antigo, contribuindo de forma
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ANIVERSĂ RIO / CONHECIMENTO decisiva para a preservação de valiosas obras, que chegaram atĂŠ nĂłs. Contudo, estas escolas, sedeadas nos mosteiros, tinham horizontes limitados. Ao surgirem como instituiçþes tĂŠcnicas, destinadas apenas Ă formação de monges e clĂŠrigos, tinham ciĂĄrios essencialmente pessoas da Igreja. A escola cristĂŁ medieval, fosse monĂĄstica, episcopal ou presbiterial, nĂŁo separava a instrução da formação religiosa, ensinando letras e virtudes, promovendo a associação no ensino elementar da instrução literĂĄria, opondo-se assim Ă escola antiga. Deste modo, e atĂŠ ao sĂŠc. XII, ĂŠ-nos legĂtimo con-
cluir que tanto os grandes mosteiros, como algumas escolas episcopais, foram os principais (senão mesmo os únicos) centros de cultura no Ocidente Europeu. Organização do Ensino Monåstico
Transmissores do saber antigo, os monges e suas escolas monĂĄsticas seguiam uma determinada organização de ensino: o culto litĂşrgico, o canto e a lectio divina, eram a alimentação espiritual e o maior estĂmulo intelectual para o conhecimento das letras; a estrutura destas escolas compreendia a existĂŞncia de um conjunto de mais-valias que garantiam a continuidade e
Arca - cartĂłrio do sĂŠculo XVI da Universidade de Coimbra
transmissĂŁo do conhecimento - em cada mosteiro o abade era por norma pessoa muito culta, o mesmo sucedendo com o cantor (praecentor); o suporte material da escola era uma biblioteca (armarius); o ensino era ministrado pelos professores (gramatici) junto dos oblatos (crianças disponibilizadas pelos pais ao mosteiro). Na maior parte dos mosteiros nacionais, entre os sĂŠculos IX a XI, o livro fundamental para o exercĂcio da leitura e estudo deste ensino elementar era o SaltĂŠrio, para alĂŠm das liçþes de canto e noçþes bĂĄsicas de aritmĂŠtica. Estas escolas conheceriam o apogeu a partir do sĂŠc. IX,
tura extremamente favorĂĄvel:
ma da Igreja por GregĂłrio VII, Tomada de Coimbra em 1064 por Fernando Magno, entrega do Condado Portucalense por Afonso VI ao Conde D. Henrique de Borgonha (1096) e as conquistas de importantes cidades como SantarĂŠm e Lisboa em 1147. rio proporcionaria condiçþes excelentes para o desenvolvimento cultural e religioso, algo que se fez notar em especial nos mosteiros mais evoluĂdos, onde se detecta a existĂŞncia de obras eruditas nas suas bibliotecas, e aprofundamento de conhe-
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Mosteiro de Sta. Cruz, 1874
cimentos na ĂĄrea do latim, direito, formulĂĄrios e cultura geral. A avaliar pelo que hoje se sabe dos antigos acervos das bibliotecas monĂĄsticas relativo aos sĂŠcs. X-XIII, as disciplinas mais contempladas pelos monges eram: a Exegese, a Patrologia, a HistĂłria, a
Liturgia, a Teologia Pastoral, Direito e Teologia EscolĂĄstica. No Mosteiro de Santa Cruz encontram-se testemunhos do ensino das 7 artes liberais, bem como da Teologia, ApologĂŠtica, Medicina (devido Ă existĂŞncia do Hospital de San !" # $ $ % &
O MOSTEIRO DE SANTA CRUZ – Arte, História e Cultura
Ăˆ um dos monumentos mais conhecidos e visitado a nĂvel nacional, sendo tambĂŠm grande a projecção que tem a nĂvel internacional. Fundado entre 1123 e 1139, junto da muralha da cidade antiga e ocupando dos melhores terrenos da cidade, foi, em grande parte, o resultado visĂvel da reforma gregoriana que irradiava pelo
'& * + $ ' $ + sando modelos centralizados como Cluny ou Cister. Neste quadro, a fundação do mosteiro, pela mão de D. Telo (o principal fundador), D. João Peculiar e D. Teotónio (primeiro prior do mosteiro), criou um centro de vida apostólica renovada, dedicando-se em especial aos cuidados pastorais sem esquecer os sociais, a assistência aos desfavorecidos no Hospital fundado na zona de Montarroio (entre 1148 e 1150). D. Afonso Henriques desempenharia importância decisiva < da cidade de Coimbra. Por volta de 1130/3 o nosso primeiro monarca, deixa Guimarães tornando Coimbra cidade real e = $ & > ? centro da governação, posto avançado na luta contra os mouros, e centro de irradiação dos ideais culturais nacionais. D. Afonso Henriques, ciente da importância do projecto regrante, torna-se por estes anos o seu principal protector. Assim, o mosteiro serå palco de diversas reuniþes de Estado: nas vÊsperas do Tratado de Zamora (1143), acolhe a reunião entre D. A. Henriques e o Cardeal Guido de Vico e declara-se, mais tarde, vassalo do Papa. O monarca jamais esquecerå o @ + ? + ou ampliando privilÊgios e doaçþes. Formada a congregação por volta de 1130, vida da comunidade terå começado a 24 de Fevereiro de 1132, numa quartafeira de cinzas, com 72 monges. A 7 de Janeiro de 1228, ocorre a dedicação ou reconsagração da Igreja. O templo Ê panteão nacional, acolhendo as ossadas do monarca fundador e de seu + %& ' + &
Grandes vultos da cultura portuguesa estudaram no mosteiro crúzio: Santo António, ou Camþes, que conheceram de perto a livraria do mosteiro, e aprofundando o culto da antiguidade clåssica e leitura das crónicas nacionais. Deve realçar-se, tambÊm, a importância do mosteiro como *< $ actividade musical: O Mosteiro de Santa Cruz tornou-se um centro de cultura que não se circunscreveu à liturgia. De acordo com a missão que os fundadores impuseram, o cenóbio carecia de textos diversos e houve que recolher as obras necessårias. Os primeiros tempos de labor do Scriptorium centraram K * $ ' $ + @ perto se relacionavam com a ordo novus estabelecida para os cónegos regrantes e que visava o regresso à maior austeridade. O conhecimento adquiria-se pela leitura dos textos sagrados, das liçþes dos santos padres e autores profanos. De facto, os primeiros códices foram copiados, no decurso do sÊculo XII, de outros cenóbios como Compostela e Avinhão. Deste ultimo chegaria um importante núcleo de textos, consequência da deslocação a Itålia de D. João Peculiar no Outono de 1138. Nesta comitiva seguiam D. Pedro Salomão, legado de ' ! @
'& executando importante tarefa: Q + ' ! K > W clesiastico perfeito, e trouxe o Costume do Capitulario inteiro, e o Antiphonario, trouxe Nosso Padre sobre SĂŁo JoĂŁo e sobre o GĂŠnesis, e o ExamerĂľ de Santo Ambrozio, e de PenitĂŞncia, e o Pastoral de SaĂľ Gregorio, e Beda sobre SĂŁo LucasÂť. Outro regrante, D. Domingos de seu nome, tambĂŠm estagiou no cenĂłbio de AvinhĂŁo, atribuindo-se-lhe inclusivamente o
$ ' ' Cruz e que tem por titulo Liber Ecclesiastici et Canonici Ordinis
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Assim obtiveram os cĂłnegos regrantes de Santa Cruz os textos indispensĂĄveis para a vida canĂłnica, os primeiros textos do nĂşcleo primitivo da sua livraria de mĂŁo. Originalmente codi ' Y +
princĂpios do sĂŠc. XII, foram depois adaptados pela canĂłnica & $ '&
a vida da comunidade crúzia durante a Idade MÊdia. ? ' grandes executantes da letra carolina: Petrus presbiter (executou diversos diplomas rÊgios), Pelagius diaconus (deu na segunda metade do sÊc. XII importante colaboração a Pedro Alfarde na preparação do Livro Santo), Salvatus magister presbiter (deu grande colaboração à chancelaria rÊgia). Nem só de documentos rÊgios viveria o mosteiro, assinalando-se pelo contrårio imensos documentos particulares, denotando-se grande actividade durante os três primeiros < * quer pelos diplomas trasladados para o Livro Santo quer pelos originais que se conservaram. Cotejando os diversos escribas * * [
@ @ + \ * $ *
* @ Ă carolina. AlĂŠm dos escribas propriamente ditos, no scriptorium de Santa Cruz laboraram homens especializados na preparação dos cĂłdices, ao nĂvel da ilustração dos manuscritos, com execução de capitais ou iniciais decoradas e desenhos. Para se ser um bom scriptor nĂŁo bastava querer sĂŞ-lo. A aprendizagem, que começava pelo domĂnio elementar da leitura demorava anos de estudo e empenho. Na ĂŠpoca a sistematização do ensino nas escolas claustrais passava por dois autores; JoĂŁo de SalisbĂşria e Hugo de SĂŁo VĂtor. Neste quadro a ciĂŞncia sagrada dominava o estudo e a BĂblia era o texto Ăşnico para a respectiva lectio. [JoĂŁo Pinho â&#x20AC;&#x201C; Freguesia de Santa Cruz, HistĂłria, MemĂłria e Monumentalidade, Junta de Freguesia de Santa Cruz, 2010, Pp. 164-166]
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Escolas Episcopais As escolas episcopais ofereciam outro tipo de ensino cristĂŁo, direccionado para as humanidades. A sua origem remonta a comunidades de carĂĄcter monĂĄstico que alguns bispos começaram a org anizar em torno das sedes episcopais. A queda do ImpĂŠrio R o m a n o, a barbarização do Ocidente, e o desaparecimento do ensino clĂĄssico, foram factores que obrigaram os bispos a ministrarem pessoalmente a instrução elementar aos jovens candidatos Ă vida eclesiĂĄstica. As escolas episcopais aparecem documentadas na PenĂnsula IbĂŠrica no princĂpio do sĂŠc. VI, incentivadas pelo II ConcĂlio lio de ] ^_``" cou decidida a criação pelos bispos, s, de escolas para formamação do clero. Foram oram exemplos maiores es de escolas episcopais ais do sĂŠc. VII, Sevilha, lha, Saragoça, PalĂŞncia cia e MĂŠrida. A Diocese de Coimbra data da per manĂŞncia dos Romanos na PenĂnsula (sĂŠcs. III-IV) e esteve primitivamente sedeada em ConĂmbriga. Desta ĂŠpoca nĂŁo se conhece qualquer
nio, situada na margem Norte do Mondego, que anos mais tarde tomaria o nome de Coimbra. No territĂłrio portuguĂŞs, e apĂłs a invasĂŁo ĂĄrabe da PenĂnsula IbĂŠrica, em 711, e poste(5) rior reconquista de territĂłrios, promoveu-se a organização e restauração eclesiĂĄstica das dioceses. Um processo paulatino, que se tor nou especialmente abrangente depois das conquistas de Fer nando Magno, mas ainda no tempo de D. Afonso VI de LeĂŁo com a restauração de antigas dioceses (Braga, 1070; Coimbra 1080; Porto 1112). Este movimento de restauração ou criação de dioceses fez aumentar a preocupação dos seus bispos sobre a formação espiritual e intelectual do clero, originando a funDiploma de dação de escolas Fundação da junto das respecUniversidade tivas sĂŠs. Entre de Coimbra, os exemplos mais bem estudados 1290 estĂŁo as escolas Braga, Coimbra, Lisboa d o i s de Bra Porto, ort tendo perdurado prin- eP Coimbra atĂŠ meados c i p a i s a de C sĂŠc XVIII c e n t r o s do sĂŠc. As livrarias da SĂŠ e religiosos da de Santa M regiĂŁo: Vacariça e LorvĂŁo. do Mosteiro Em 580 faleceria o Cruz foram levadas por primeiro bispo conhecido Alexandre Herculano, (LucĂŞncio) e, por esta altu- na sua quase totalidade, ra, o bispado e sua popula- respectivamente, para a ção muda-se por razĂľes de Torre do Tombo e para segurança, de Conimbriga a Biblioteca do Porto, para a localidade de EmĂ- depois da extinção das
Em 1288, as autoridades eclesiåsticas portuguesas enviaram uma petição dirigida ao Papa, solicitando autorização para a criação de um Estudo Geral em Portugal. Nesse documen $ $ cado o D. Prior do Mosteiro de Santa Cruz e o Abade do Mosteiro de Alcobaça, ao tempo os principais centros intelectuais nacionais. A 1 de Março de 1290, foi criado o Estudo Geral Português, com a assinatura
do documento Scientiae thesaurus mirabilis, por D. % @
e reconhecido pela bula â&#x20AC;&#x153;De statu regni Portugaliaeâ&#x20AC;? do papa Nicolau IV (9 de Agosto) pela qual se autorizava o ensino das licite facultatis (faculdades licitas), criando-se assim as Faculdades de Artes, Direito CanĂłnico (Cânones), Direito Civil (Leis) e k & % Teologia, jĂĄ leccionada no mosteiro de Santa Cruz, e
bispo e durante o domĂnio dos suevos (412-585) pertenceu Ă metrĂłpole de Braga. Nestes tempos, a diocese teria pouca actividade cultural, se comparada com o movimento dos
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Apocalipse de LorvĂŁo: pormenor dos trabalhos agrĂcolas
ordens religiosas em 1834. Coimbra perdia assim dois tesouros preciosos criados à sombra da Igreja. Para alÊm destas escolas, especializadas em educação eclesiåstica, existiam outras escolas
mais modestas, as paroquiais. Tinham como objectivo imediato preparar os clĂŠrig os com habilitaçþes mĂnimas e indispensĂĄveis para o exercĂcio do ministĂŠrio pastoral da Ig reja em zonas rurais. Nelas e Ă
falta de escolas båsicas, os pårocos ensinavam os jovens a ler e a escrever, tendo em vista o serviço litúrgico e a vida sacerdotal. Foram, em certa medida, as predecessoras das actuais escolas primårias.
A Escola Episcopal de Coimbra ÂŤA escola-catedral de Coimbra foi fundada pelo bispo D. Paterno (+ 1087), tendo como objectivo a forma & ? $ inĂcio, Ă responsabilidade do arcediago, sendo este substituĂdo mais tarde pelo mestre-escola do cabido. Registe-se ainda que muito embora o cargo de mestre-escola das catedrais passasse a ser obrigatĂłrio pelo III ConcĂlio de LatrĂŁo (1179), jĂĄ em 1131 era D. JoĂŁo Peculiar mestre-escola do cabido de Coimbra. Em relação ao programa de estudos deviam serguir-se as determinaçþes do referido ConcĂlio de Coiança, visto que a Vida de S. TeotĂłnio relata que o bispo D. CrescĂłnio (+ 1098), seu tio, o trouxe para Coimbra e o %& ] @ o ensinasse a ler e a cantar segundo o uso eclesiĂĄstico do tempo. Mas a avaliar pela cultura de alguns dos seus
membros, como o arcediago D. Telo, o mestre-escola D. JoĂŁo Peculiar, D. JoĂŁo Anaia (+1155), bispo da diocese, e pelo espĂłlio da sua biblioteca, deviam fazer parte do mesmo plano nĂŁo sĂł as artes liberais do trivium e quadrivium, mas ainda estudo teolĂłgicos de maior nĂvel e outras ciĂŞncias. Sobre a constituição da biblioteca dĂĄ-nos Avelino de Jesus da Costa, a partir do Livro das calendas e dos inventĂĄrios de 1393, 1492, 1517 e 1546, valiosĂssimas informaçþes. Livros litĂşrgicos, Sagrada Escritura, patrologia, direito canĂłnico e civil, artes liberais, medicina, martirolĂłgio e compilaçþes + $ $ guns dos tĂtulos do vasto elenco que nos ofereceÂť. [JosĂŠ Antunes - ÂŤEnsino, Ă&#x2030;poca MedievalÂť In DicionĂĄrio de HistĂłria Religiosa de Portugal, CĂrculo de Leitores, Vol. II (C-I), 2000, Pp. 113-114]
O Estudo Geral em Coimbra @ conventos dominicanos e franciscanos. O Estudo Geral, sob tutela do poder eclesiåstico, foi o nome primitivo das actuais universidades, sendo diferente das escolas que o antecederam: ao contrårio da velha concepção dos sÊculos XI e XII aceitava nas suas salas quem desejasse frequentå-lo, fossem clÊrigos ou leigos, (aà residindo o caråcter universalis); e orientava-se no sentido de
abranger todas as ciĂŞncias. Compreendia um reduzido nĂşmero de docentes e escolares, que careciam de algumas casas para funcionamento das aulas, apoio logĂstico para estudantes e pagamentos aos mestres e
& $ pos dar-se-iam facilidades aos escolares, no acesso a moradas, benefĂcios no abastecimento, isençþes de tributos e diversos privilĂŠgios. A Universidade começa a funcionar em Lisboa mas,
em 1308, o Estudo Geral transita para Coimbra, instalando-se na acrópole, entre a alcåçova e o castelo, talvez nos Paços RÊgios. > $
marcados pela alternância entre as duas cidades, impedindo a consolidação da instituição e dos colÊgios perifÊricos: regressa a Lisboa em 1338 e de novo a Coimbra em 1354 onde se instala no Bairro da Almedina, para Lisboa volta em 1377 atÊ à definitiva
instalação em Coimbra no ano de 1537. Durante estes anos ocorreram importantes progressos ao nĂvel do ensino superior: em 1309, o Estudo Geral recebe os primeiros Estatutos, com o nome â&#x20AC;&#x153;Charta magna privilegiorumâ&#x20AC;? e, por volta de 1380, a Teologia, antes reservada aos conventos dominicanos e franciscanos, passa a fazer parte do ensino universitĂĄrio portuguĂŞs.
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MODERNIDADE O Projecto UniversitĂĄrio
enderia duas componentes fundamentais e interligadas: A 1 de Março de 1537 ? transferiu-se a Universidade se a construção de escolas Y - para as quatro principais K * faculdades (os estudos ou os cidade o ensino pĂşblico do gerais), enquanto para a Baimais alto nĂvel. Inicialmente K ? ' o monarca D. JoĂŁo III des- para instalar os colĂŠgios das tina os gerais de Santa Cruz diversas ordens religiosas e e algumas casas prĂłximas suas habitaçþes. para albergar os cursos de O projecto começou, Teologia, Cânones, Leis e porĂŠm, alguns anos antes Medicina, uma vez que ali da transferĂŞncia da Univerdominava jĂĄ o sistema de sidade. De facto, quando faculdades. Contudo, e como em 1527 D. JoĂŁo III visita a o espaço crĂşzio se revelou in- cidade, dĂĄ inicio ao processo * ? universitĂĄrio, autorizando repartindo por espaços ads- a reforma do Mosteiro de tritos ao mosteiro e tambĂŠm Santa Cruz atravĂŠs da acção pelo palĂĄcio do primeiro de Frei BrĂĄs de Braga cuja esReitor, D. Garcia de Almeida. tratĂŠgia passava pela criação As aulas terĂŁo começado em de um pĂłlo escolar privado. Maio e, em Setembro, D. Nesse sentido, e no interior JoĂŁo III cede Ă Universidade do mosteiro, criaram-se os e a tĂtulo provisĂłrio o Paço colĂŠgios de Santo Agostinho Real, que acolhe Direito Civil e S. JoĂŁo Baptista ladeando a e Direito CanĂłnico, a Mate- igreja crĂşzia. Destinavam-se mĂĄtica, a RetĂłrica e a MĂşsica. exclusivamente ao ensino e Em Santa Cruz destina-se a repartiam-se por dez gerais Teologia, as lĂnguas grega e ensinando os noviços da latina e a Medicina. Ordem e alunos externos, O projecto de refunda- mas de forma separada. Por ção universitĂĄria compre- * {|`}
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cialmente os seus cursos que conferiam graus. No âmbito desta reforma, o rei promoveu a construção de mais dois colÊgios entre 1543-1547, para residências dos alunos externos: o de Todos os Santos e o de S. Miguel, ! Caixa Geral de Depósitos/ Påtio da Inquisição. Estas construçþes destinavam-se, em especial a residências; no primeiro caso para estudantes honrados pobres, futuros teólogos e alunos das Artes e, o segundo, destinado para $ canonistas e teólogos. Terå sido o sucesso deste empreendimento que entusiasmou o monarca ao ponto K bra os estudos superiores, reformando-o sobre bases novas, sintonizando-a com as correntes europeias do pensamento renascentista, e capaz de rivalizar com os altos estudos de qualquer universidade estrangeira. k * sido as razþes apontadas
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Universidade de Coimbra, a Torre e os Gerais
para o estabelecimento da Universidade na Cidade de Coimbra: a tranquilidade por contra-ponto à agitação da capital, a necessidade em garantir o acesso a alunos das zonas mais povoadas do ~ sanitårias lisboetas, o desenvolvimento da tipografia (especialmente a de Santa Cruz), o mau relacionamento existente entre docentes e discentes lisbonenses na relação com o poder real. Este projecto marca o nascimento da Coimbra k @ <
do Antigo Regime foi sede dos Ăşnicos estudos gerais do ImpĂŠrio PortuguĂŞs. A cidade, atĂŠ entĂŁo recatada, com um burgo constituĂdo por 5.000 pessoas, seria invadida por uma corte universitĂĄria, e, num quarto de sĂŠculo, a população quase triplicou para 12.000 almas. A academia logo se dividiu em dois tipos de estudantes: o grupo dos que frequentavam Direito e Medicina, que podemos considerar como leigos, vocacionados para vida activa nas cidades, podendo constituir famĂlia; e
o grupo dos que estudavam Artes e Teologia, obrigados ao celibato e a renunciar a actividades lucrativas e negĂłcios. K Â&#x20AC; * dade em Coimbra iniciaria a transformação fĂsica da cidade: em 1544, todas as Faculdades da Universidade de Coimbra reuniam-se no Pateo das Escolas e, em 1597 a Universidade adquire o Paço da Alcåçova a Dom Filipe I, por 30 mil cruzados, o qual passou a designar-se por Paço das Escolas.
totalidade e atĂŠ Ă reforma de 1772 o professorado da Faculdade de Teologia, para onde seguiam muitos religiosos que pretendiam prosseguir o seu currĂculo com vista Ă obtenção do grau de doutor. Estes colĂŠgios, sob protecção e amparo do monarca-mecenas, fundaram-se entre 1539 e 1779 e constituĂram o Bairro Escolar UniversitĂĄrio, uma rede de colĂŠgios complemento da Universidade, como acon-
tecia em Paris ou Oxford. O primeiro a ser fundado foi o ColĂŠgio de S. TomĂĄs, da Ordem Dominicana, hoje desaparecido, que se localizava na Rua da ' * $ o PalĂĄcio da Justiça. Estes colĂŠgios foram incorporados na Universidade, o primeiro dos quais o ColĂŠgio de N.ÂŞ Sr.ÂŞ da Graça, {|} & Â&#x201A;
< & XVI, atingiam o nĂşmero {_
Â&#x192;Â&#x201E; 20 e, no sĂŠc. XVIII foi o
auge com 23. Uma parte $ * paço colegial erguer-se-ia nas antigas freguesias de Santa Cruz e Santa Justa,
$ ' quase todos seriam fundados por ordens monåsticas, excepto o do Carmo, que teve a designação primitiva de Nossa Senhora da Conceição (fundado em 1540 pelo Bispo do Porto, D. Baltasar Limpo que o destinou a clÊrigos pobres da sua diocese).
] + $ $ papel de D. JoĂŁo III na modernização cultural do paĂs. Em * <$ tendo em vista a reforma do ensino num contexto humanista, onde se conciliassem os grandes ideais cristĂŁos, com o conhecimento e ideal do mundo clĂĄssico greco-latino. Assim, e por volta de 1547, o monarca pediu ao Prior Geral de Santa Cruz, os edifĂcios dos colĂŠgios de S. Miguel e de Todos os Santos, para instalação do ColĂŠgio das Artes, cuja obra seria executada por Diogo de Castilho destinado a 7 gerais ou aulas. Estas começaram em 1548, tendo como principal o humanista AndrĂŠ de Gouveia, que ensinara com grande impacto em França, e veio para Coimbra a convite de D. JoĂŁo III para organizar e assumir a liderança do projecto cultural do ColĂŠgio das Artes. Com ele veio parte da equipa docente do ColĂŠgio de BordĂŠus, garante de credibilidade, entre os quais se contava Diogo de Teive, Jacques Tapie, ou o poeta escocĂŞs George Buchanan. No
{Â&#x2020;Â&#x2021;Â&#x2021; * 1553 foram-lhe concedidos os privilĂŠgios da Universidade. O programa pedagĂłgico do ColĂŠgio das Artes
assentava na relação entre cristianismo e laicismo, segundo um plano de estudos inovador e actualizado pelos padrþes europeus, que ia desde a instrução primåria, passando pelo ciclo de estudos secundårios ou das humanidades, continu ^
+ da natureza), aprendizagem das lĂnguas Grega, Hebraica e k & obtinha o grau em Artes, vĂĄlido para entrar na vida activa e dando acesso Ă Universidade. O colĂŠgio das Artes teria no entanto vida curta: a *
* pelos antigos lente universitĂĄrios, a que se associou a perse$ ' > @ * @ heterodoxo, e a morte de AndrĂŠ De Gouveia ainda em 1548. Em 1549 o colĂŠgio seria subordinado Ă Universidade, alguns dos seus membros foram presos e perseguidos. Em 1555 o edifĂcio seria entregue aos padres da Companhia de Jesus vindo a acolher, depois do falecimento de D. JoĂŁo III, ] ' > ^ @ " $ os jesuĂtas a transferirem para a alta o ColĂŠgio das Artes, em 1566.
A primeira referência à intenção de abertura da artÊria data de 17 de Abril de 1535, numa carta rÊgia dirigida a Frei Brås de Barros. Contudo, apenas em documento posterior, datado de 20 de Março de 1538 se alude ao seu nome, Rua de ' ' < ' ria, designação apropriada @ nava: alinhar os centros de conhecimento, os novos colÊgios universitårios. A ' se tornar eixo viårio fundamental na ordenação do desenvolvimento moderno de Coimbra, primeiro elemento de uma planeada expansão urbana da baixa e da própria cidade para Norte, num modelo inspirado na Rue de Sorbonne: tapada na extremidade Norte pela Porta de Santa Margarida que fechava assim o campus universitårio. Aquando da sua inauguração, em
1546, era uma das melhores ruas portuguesas e, supĂľese, a mais larga da Europa. Destes colĂŠgios saĂram $ $ @ * a ocupar altos cargos na Igreja e no Estado, impulsionando o movimento ~ & colĂŠgio possuĂa organização prĂłpria, personalidade jurĂdica, estatutos e selo privativo. Tinham na direcção um prelado, em geral o Reitor, que marcava presença na inauguração solene do ano lectivo na Universidade, e assistia, juntamente com o corpo docente e pessoal auxiliar, Ă s exĂŠquias solenes por alma de D. JoĂŁo III, celebradas na Igreja de Santa Cruz, a 11 de Julho. A maior par te dos novos colĂŠgios fundados no decĂŠnio de 1540-1550, foram construĂdos sob direcção de dois mestres do renascimento. Diogo de Castilho e JoĂŁo de RuĂŁo.
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Os colĂŠgios universitĂĄrios de Coimbra representaram um primeiro sinal do interesse pelos estudos superiores â&#x20AC;&#x201C; designadamente teolĂłgicos â&#x20AC;&#x201C; por parte dos regulares, aproximandose Ă Universidade atravĂŠs da implantação na cidade. Foram centros intelectuais das respectivas religiĂľes, ministrando ensino preparatĂłrio ou propedĂŞuticos de acesso Ă Universidade, nas Artes e Teologia, fornecendo na sua quase
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ANIVERSĂ RIO / CONHECIMENTO 12 QUINTA-FEIRA
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Na sequência da reinstalação dos Estudos Gerais nesta cidade, e seguindo o projecto de Frei Brås de Braga, desenvolve-se na Alta o núcleo principal da vida acadÊmica, em torno do antigo Paço Real, que seria transformado em Paço das Escolas. Em 1544, D. João III * * de manter a Universidade no Paço, ordenando, a 22 de Outubro, a mudança dos lentes de Teologia, Medicina, Artes e Latinida-
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de, dos ColÊgios de Santa Cruz para o Paço Real. Um espaço que sofreria nos tempos próximos obras de
$ Diogo de Castilho, com a instalação da Casa da Livraria e Casa do Cartório. O Largo da Feira tornase o espaço principal: em torno desse vasto terreiro constituiu-se um novo bairro com a construção de vårios colÊgios, essencialmente a partir de meados do sÊc. XVI: o da Companhia de Jesus, da invocação das
EstĂĄtua de D. JoĂŁo III
Onze Mil Virgens, o de S. JoĂŁo Evangelista em 1548, o de S. JerĂłnimo (1549), o de S. Paulo ApĂłstolo (1550), o novo Real ColĂŠgio das Artes (transferido ' {|_Â&#x2C6;"& As construçþes colegiais prolongaram-se para as centĂşrias seguintes, terminando com a fundação do ColĂŠgio de S. Paulo Eremita, em 1779. Este bairro atingiria considerĂĄvel dimensĂŁo, dada a necessidade de albergar os estudantes que bra. Logo em Outubro de 1537, e atravĂŠs de carta rĂŠgia, o mestre-de-obras e empreiteiro Diogo de Castilho, ĂŠ o primeiro a usufruir de benefĂcio dado pelo rei para que num chĂŁo isento de foro possa construir casas de morada para arrendar. A partir do ano seguinte e tambĂŠm por determinação rĂŠgia, foram isentos pelo perĂodo de vinte anos, todos os particulares que desejassem + destinadas a estudantes. Em 1541 e porque a oferta fosse inferior Ă procura, o monarca ordena a construção de 12 casas, que oferece Ă Universidade, para que fossem colocadas Ă disposição dos escolares. No princĂpio do sĂŠc. XVII, aquele espaço era jĂĄ encarado como o lugar de * W & W {_Â&#x2021;Â&#x2020; os Gerais sofreram grandes obras, mandando-se fazer a traça ao arquitecto da corte, Francisco de Farias. A Porta FĂŠrrea seria uma das mais emblemĂĄticas obras da universidade setecentista, um arco de triunfo ao saber e em honra dos monarcas fundadores, D. Dinis e D. JoĂŁo III. Ocupa o lugar da antiga porta da fortaleza * {_``?{_`Â&#x2030; autoria de AntĂłnio Tavares,
o primeiro colĂŠgio universitĂĄrio, o ColĂŠgio de Jesus, consequĂŞncia da extinção em Portugal da Companhia de Jesus. Mas, apenas no sĂŠc. XIX, com a acção liberal, jacobina e maçónica, promoveu-se o grande golpe: primeiro, pelo decreto de 9/8/1833, do MinistĂŠrio da Fazenda, extinguemse todas as congregaçþes femininas ou masculinas com menos de 12 professos; e, com efeitos mais profundos, o decreto de 30/05/1834, pelo qual se extinguiram todas as ordens regulares masculinas existentes em Portugal, excepto as militares. Actualmente, a Rua da Sofia nĂŁo alberga nenhum colĂŠgio universitĂĄrio, cujos antigos espaços vĂŞm (7) religiosos, militares e civis. A Torre da Universidade Contudo, a importância sendo empreiteiro Isidro ? * do patrimĂłnio construĂdo Manuel e escultor Manuel dependĂŞncias de forma e a memĂłria dos sĂŠculos, contĂnua: a Sala Grande inseriram a zona na Cande Sousa. AtĂŠ Ă Reforma Pom- dos Actos, os Gerais a Casa didatura da Universidade balina a Universidade teria do Exame Privado, a Casa de Coimbra a PatrimĂłnio como uma das principais da Livraria, a Capela de S. Mundial. Pelo decreto N Âş preocupaçþes a adaptação Miguel, Biblioteca Joanina |{_Â&#x160;Â&#x2030;{ ? ! protegida como de interesdo espaço palaciano Ă mis- e a Torre. Em 1759, foi extinto se pĂşblico. sĂŁo que lhe estava destiCOLĂ&#x2030;GIOS DAS ORDENS RELIGIOSAS E MILITARES INCORPORADOS NA UNIVERSIDADE Designação
Ordem
Fundação
Incorporação na Universidade
ColĂŠgio de S. TomĂĄs
Dominicanos
1539
1557
ColĂŠgio de N. Sr.ÂŞ do Carmo
Carmelitas Calçados
1540
1571
ColĂŠgio de Jesus
JesuĂtas
1542
1561
ColÊgio de N. Sr.ª da Graça
Eremitas Calçados de St.º Agostinho
1543
1549
ColĂŠgio de S. JoĂŁo Evangelista
LĂłios
1548
ColĂŠgio do EspĂrito Santo
Cistercienses
1550
1560
ColĂŠgio de S. Boaventura
Franciscanos (ProvĂncia de Portugal)
1550
1566
ColĂŠgio de S. JerĂłnimo
Monges de S. JerĂłnimo
1550
ColĂŠgio da S.mÂŞ Trindade
SantĂssima Trindade
1575
ColĂŠgio de S. Bento
Beneditinos
1555
1587
ColĂŠgio de Tomar
Ordem Militar de Cristo
1556
1563 1586
ColĂŠgio de S. Pedro
Ordem 3.ÂŞ Regular de S. Francisco
1572
ColĂŠgio da SapiĂŞncia
CĂłnegos Regrantes de Santa Cruz
1604
1576
ColĂŠgio de St.Âş AntĂłnio da Pedreira
Capuchos
1602
ColĂŠgio de S. JosĂŠ dos Marianos
Carmelitas Descalços
1603
1611
ColĂŠgio dos Militares
Ordens de Santiago e de Avis
1615
1615
ColĂŠgio de S. Boaventura (II)
Franciscanos (ProvĂncia dos Algarves)
1616
1616
ColĂŠgio de St.Âş AntĂłnio da Estrela
Capuchos â&#x20AC;&#x201C; ProvĂncia da Conceição
1715
1752
ColĂŠgio de Santa Rita
Eremitas Descalços de Santo Agostinho 1755
ColĂŠgio de S. Paulo
S. Paulo Eremita
1779
O Ensino ministrado no ColĂŠgio das Artes levou a que a Escola da SĂŠ, ! da g ramĂĄtica a alguns $ existĂŞncia nos finais do sĂŠc. XVII. A partir de entĂŁo, o ensino eclesiĂĄstico difundiu-se internamente
atravĂŠs de seminĂĄrios para clĂŠrigos e, exteriormente, atravĂŠs dos jesuĂtas. O Concilio de Tren ^{|}`?{|_|" ~ pela mĂĄ preparação do clero, obrigando os Bispos a criarem seminĂĄrios diocesanos. Por iniciativa de Frei Bartolomeu dos
MĂĄrtires, determinou-se a criação do SeminĂĄrio de Coimbra para 50 alunos, mandado constr uir no tempo do bispo D. Miguel de Anunciação, tendo-se concluĂdo as obras em {Â&#x2030;_|& A frequĂŞncia do SeminĂĄrio de Coimbra co-
meçava com o estudo da Gramåtica, que se prolongava pelo måximo de 12 anos. Os que entravam com a Gramåtica apreendida tinham 9 anos para deixarem a beca (veste dos seminaristas) e, os que
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clusĂŁo dos estudos. No contexto geral de uma rede de ensino, os JesuĂtas detinham implantação maioritĂĄria ao nĂvel dos estudos prĂŠuniversitĂĄrios. Os colĂŠgios conimbricenses das Artes e de Jesus foram o paradigma de diversos
institutos secundĂĄrios estabelecidos pelos JesuĂtas no Reino. A importância do ensino jesuĂtico colhese, por exemplo, no requisito mĂnimo exigido para a entrada nas faculdades jurĂdicas: o exame de Latim estava a seu cargo no ColĂŠgio das Artes.
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ANIVERSĂ RIO / CONHECIMENTO
VII
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A Reforma Pombalina da Universidade Durante os sĂŠculos XVII e XVIII a Universidade de Coimbra consolidou a sua posição enquanto instituição de ciĂŞncia e cultura em Portugal. No tempo do Reitor D. Nuno da Silva Teles, obteve por provisĂŁo de 31 de Outubro de 1716, autorização para construção de novo edifĂcio Â&#x2039; @ conhecida como â&#x20AC;&#x153;Joaninaâ&#x20AC;? e cuja primeira pedra foi solenemente colocada a 17 de Julho de 1717. Em 1772, a Universidade de Coimbra foi reestruturada de raiz no âmbito da Reforma Iluminista Pombalina. Um processo evolutivo, desencadeado em 1770 pela â&#x20AC;&#x153;Junta de ProvidĂŞncia LiterĂĄriaâ&#x20AC;?, a quem se atribuiu a tarefa de examinar as causas da decadĂŞncia universitĂĄria e indicar as soluçþes para lhe pĂ´r cobro. Os resultados desse trabalho vieram Ă luz no CompĂŞndio HistĂłrico
do Estado da Universidade de Coimbra pondo-se cobro ao antiquado ensino de raiz escolĂĄstica. Os â&#x20AC;&#x153;Estatutos Pombalinosâ&#x20AC;? tornaram-se os mestres dos mestres. Mantiveram-se as Faculdades clĂĄssicas (Teologia, Direito, CanĂłnico, Direito Civil e Medicina), e criaram-se as Faculdades de MatemĂĄtica Â&#x152; Â&#x201A; ^ ĂŞncias), de modo a acolher as ciĂŞncias que desde o sĂŠc. XVII haviam progredido. A Faculdade de Filo ? $ complexo dos jesuĂtas, o ColĂŠgio das Onze Mil Virgens e, na ala norte do mesmo, instala-se o Hospital Escolar, o DispensĂĄrio FarmacĂŞutico e o Teatro AnatĂłmico utilizados nas aulas prĂĄticas da Faculdade de Medicina. A reforma estendeu-se Ă criação de institutos anexos Ă s novas faculdades, vocacionados para a prĂĄtica e investiga-
~ $ construção de novos edifĂcios; LaboratĂłrio QuĂmico, ObservatĂłrio AstronĂłmico, e instalação do nĂşcleo inicial do Jardim Botânico. Em 1773 deu-se inicio Ă da formação do Museu de HistĂłria Natural, o mais antigo museu portuguĂŞs, e entrou em funcionamento o Gabinete de FĂsica Experimental, com um notĂĄvel conjunto de equipamentos para realização de experiĂŞncias ainda hoje parcialmente existentes. TambĂŠm por esta altura se cria a Imprensa da Universidade para edição dos novos manuais. A alta transformava-se num imenso estaleiro, e os edifĂcios sĂŁo alterados e construĂdos segundo traçado e indicaçþes do tenentecoronel Guilherme Elsden, auxiliado pelo capitĂŁo Isidoro Paulo Pereira. Foi ainda no tempo pombalino que se alte-
rou o regime de formação dos boticĂĄrios, cuja escola remontava ao sĂŠc. XVI. Quando surgiu, tratava-se de um ensino prĂĄtico, para o qual existiam partidos, isto ĂŠ, uma forma de subsĂdio destinado a suportar a aprendizagem dos alunos boticĂĄrios. Os candidatos a boticĂĄrios aprendiam latim durante dois anos, praticavam depois durante quatro anos numa botica competente e, apĂłs este tempo de aprendizagem, sujeitavam-se a exame na Universidade. Com Pombal, o curso passou a contemplar 4 anos: dois anos em que praticavam as operaçþes quĂmicas no LaboratĂłrio QuĂmico e, passado este tempo, mais dois anos de operaçþes farmacĂŞuticas no DispensatĂłrio FarmacĂŞutico. ApĂłs este perĂodo formativo, os alunos eram sujeitos a um exame aptos, podiam exercer a
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O Portal da Sabedoria
@ @ do paĂs. O curso, porĂŠm, nĂŁo conduzia Ă obtenção de grau acadĂŠmico. A organização do en-
sino universitårio encetada com Pombal manteve-se, sem grandes alteraçþes, atÊ à Implantação da República.
%
& & % Ă&#x20AC; margem do ensino eclesiĂĄstico existia em Coimbra um ensino profissional, o das artes mecânicas ou artesanais. A cidade teria por volta de 1550, cerca de 12.000 habitantes, exercendo 1/3 da população uma profissĂŁo mecânica. Estas actividades inserem-se numa fase proto-industrial e referem-se a a c t iv i d a d e s d o t i p o ar tesanal, transfor madoras de matĂŠria-prima, produção de objectos AGRUPAMENTOS INDUSTRIAIS DE COIMBRA EM 1617 Grupo Industrial 1 Â&#x17E; GH $UWLÂżFLHV Trabalho de couro Confecçþes de pano
138 125
7HFHODJHP H DÂżQV Trabalho de metais comuns Trabalho em madeira Construção civil 0RDJHP H SDQLÂżFDomR Pastelaria 7LSRJUDÂżD H OLYUDULD Trabalho em cera Trabalho em metais preciosos Escultura Olaria Verga e outros Ferradores Barbeiros Instrumentos de mĂşsica Produtos quĂmicos
53 29 56 33 55 12 18 10 13 1 31 14 9 36 2 1
de âmbito local, com recurso a mĂŁo-de-obra familiar. As caracterĂsticas especiais da cidade, de forte implantação oficinal, estĂŁo bem presentes nas Cortes de 1459, em que se pediu a criação da Casa dos Vinte e Quatro em Coimbra, que o rei deferiu, e que atingirĂĄ o esplendor no sĂŠculo seguinte. Este ĂłrgĂŁo era eleito pelos juĂzes dos ofĂcios embandeirados, elegendo cada bandeira dois membros. Assim DESCRIMINAĂ&#x2021;Ă&#x201A;O Sapateiros (90), Curtidores (7), correeiros (10), chapineiros (6)â&#x20AC;Ś Alfaiates (77), Sombreireiros (12)â&#x20AC;Ś TecelĂľes (11), Tosadores (9), Sirgueiros (7), Tecedeiras (7), Toalheiros (4), Cordoeiros (6) Serralheiros (9), Ferreiros (8), Cuteleiros (6) Carpinteiros (37), Tanoeiros (9), Marceneiros (5)â&#x20AC;Ś Pedreiros (24), Pintores (3)â&#x20AC;Ś Padeiras (30), Forneiros (13), Forneiras (10).. Pasteleiros (6), Cozinheiros (2)â&#x20AC;Ś Livreiros (12) Impressores (5).. Cirieiros (8)â&#x20AC;Ś Ourives (12)â&#x20AC;Ś ImaginĂĄrio Oleiros (18), Malgueiros (8)â&#x20AC;Ś Esparteiros (8), Esteireiros (5)â&#x20AC;Ś
Violeiros Saboeiro
Dados extraĂdos de - A Vida EconĂłmica e Social de Coimbra, 15371640, Primeira Parte, Vol. I, 1971, Pp. 336-338
formada, alĂŠm de juiz do povo e escrivĂŁo, designava dois procuradores que a deviam representar na Câmara e assistir a todas as reuniĂľes, sendo consultada nĂŁo sĂł sobre assuntos ou negĂłcios das cor poraçþes dos misteres, mas tambĂŠm do governo econĂłmico municipal. Os oficiais mecânicos participavam, pelo menos a partir de 1517, na procissĂŁo do Corpo de Deus empunhado suas bandeiras: a primeira, a dos ferreiros e serralheiros; a segunda, dos carpinteiros; a terceira, dos cordoeiros, albardeiros, tintureiros e odreiros; a quarta, dos oleiros; a quinta, dos pedreiros e alvanĂŠis; a sexta, dos alfaiates; a sĂŠtima, dos sapateiros; a oitava, dos tecelĂľes; a nona, dos correeiros; a dĂŠcima, dos cirieiros; a undĂŠcima, dos ataqueiros; e a duodĂŠcima dos barbeiros. O exercĂcio da cada actividade estava regulamentado, com normas expressas em direito costumeiro, nos estatutos das confrarias e em determinaçþes do poder local (camarĂĄrio) e central. Os ofĂcios organizavamse em corporaçþes, orga-
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Vista de Coimbra em 1572 (Hoefnagel)
nizada hierarquicamente em aprendizes, oficiais e mestres. O perĂodo de aprendizagem começava por volta dos 14 anos, variando, de ofĂcio para ofĂcio, o tempo necessĂĄrio para chegar a aprendiz de oficial. Por norma, o sapateiro demorava 2 anos, o alfaiate 4, o sombreireiro 5, o oleiro 6, o carpinteiro e o pedreiro 7. Os contratos de aprendizagem fixavam as condiçþes de relacionamento: os mestres que recebiam aprendizes em casa eram obrigados a ensinar nĂŁo sĂł a pro-
fissão, mas tambÊm a educar, podendo castigar corporalmente; os mestres deviam habilitar os aprendizes para exame respectivo; os aprendizes não podiam ausentarse da casa do mestre; em caso de doença os mestres cuidavam dos aprendizes; estipulavamse multas por roubos, faltas e indisciplina; a roupa podia ser de trabalho, passeio ou só o calçado; o sustento seria a remuneração do trabalho prestado, havendo casos em que o aprendiz tinha de pagar durante o tempo de aprendizagem.
Os artĂfices que viviam do trabalho prĂłprio, eram pouco considerados socialmente e subdividiam-se em dois gr upos: os que se dedicavam a trabalhos honrosos e os de ocupaçþes vis. Apenas os primeiros conseguiam alguma representatividade social, participando na Casa dos Vinte e Quatro. O sĂŠculo XVII acentuaria o carĂĄcter oficinal e industrial da cidade. De acordo com as fintas de 1567 e 1617, mais de 60 profissĂľes alimentavam o labor da cidade:
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CONTEMPORANEIDADE DA Ă&#x2030;POCA LIBERAL Ă&#x20AC; QUEDA DA MONARQUIA O liberalismo defendia a instrução pĂşblica e criação de escolas para formação do cidadĂŁo. Por volta de 1890, o analfabetismo revestia o carĂĄcter de uma epidemia, combatida atravĂŠs da formação de professores nas Escolas Normais e criação de uma rede de
Â? ~ + }&Â&#x2021;Â&#x2021;Â&#x2021;
1 escola por 20 km2, nĂşmeros longe do necessĂĄrio, mas afastados da situação insustentĂĄvel de princĂpio do sĂŠculo. CrescerĂĄ, no mesmo sentido, o nĂşmero de escolas e colĂŠgios particulares, sextuplicando em 25 anos: entre 1845-1870, de 200 para 1500. A instrução primĂĄria no municĂpio de Coimbra tem, no contexto acima referido raĂzes muito antigas: na cidade, existiam, por volta de 1882, 3 escolas nas fre-
guesias da SĂŠ Nova, S. Bartolomeu e Santa Cruz. Pelo menos esta Ăşltima tinha raĂzes muito antigas, como Escola de Ensino MĂştuo, datando dos princĂpios do sĂŠculo e funcionando como Escola Masculina, no ColĂŠgio da Graça, em 1857. A LUTA IDEOLĂ&#x201C;GICA PELA SUPREMACIA DO ENSINO SECUNDĂ RIO: O ENSINO RELIGIOSO E O ENSINO PĂ&#x161;BLICO A segunda metade do sĂŠc. XIX, e primeiros anos < & Â&#x192;Â&#x192;
dos pela batalha ideolĂłgica em torno da escola e controlo do ensino. A reintrodução paulatina das escolas das ordens religiosas permitiu $ perdidas pela igreja apĂłs 1834, desempenhando papel fundamental no processo os JesuĂtas, que concorriam com as escolas pĂşblicas do ensino secundĂĄrio.
Ensino Universitårio As lutas liberais e a contestação miguelista provocariam instabilidade: a UC esteve 12 anos sem reitor (1828-1834); empreendeu-se o saneamento dos opositores ao absolutismo, reformulam-se compêndios, fecham-se livrarias suspeitas. Com a vitória liberal de 1834, decreta-se a reorganização do corpo docente, sendo demitidos 34 professores e avança o processo de laicização da Universidade, processo que terminaria com a extinção da Faculdade de Cânones e de Leis em 1841, dando origem à Faculdade de Direito. O poder central atacaria directamente o poder corporativo universitårio, em especial a Directoria Geral dos Estudos, que desde 1799 detinha o papel de coordenação do ensino, sendo dela presidente o Reitor. A Cidade e a Universidade reagem, atravÊs do pronuncia-
mento de 8/3/1844, que origina a transferência provisória * K ? * 1859, com a criação da DG de Instrução Pública. A Faculdade de Teologia perdia peso, Direito era a mais frequentada e contestada pelos estudantes, onde cursaram $ como Afonso Costa. Em 1901 empreendeu-se uma reforma @
@ < Â? o ensino superior continuou organizado em 5 faculdades (Teologia, Direito, Medicina, k Â&#x152; " K tindo tambĂŠm um Curso de FarmĂĄcia, e criando-se um Curso de Habilitação de MagistĂŠrio Liceal. AtĂŠ Ă reforma republicana manteve-se a contestação Ă inadaptação da instituição perante as exigĂŞncias dos novos tempos, caso da Greve AcadĂŠmica de 1907.
DOMITILIA DE CARVALHO â&#x20AC;&#x201C; PRIMEIRA MULHER NA UNIVERSIDADE
Os Setembristas tĂŞm na reforma do ensino a prioridade, consubstanciada no decreto de 17/11/1836: criam-se os liceus em Portugal e, designadamente, o Liceu de Coimbra, que apĂłs a implantação da RepĂşblica, tomarĂĄ o nome de Liceu JosĂŠ FalcĂŁo (1914). Em 1936, fundiu-se com o liceu JĂşlio Henriques, dando origem ao Liceu D. JoĂŁo III, para o qual foi construĂdo de raiz o edifĂcio
na Av. Afonso Henriques. Depois do 25 de Abril de 1974, retoma o nome do antigo patrono, e, em 1978, passa a denominar-se Escola SecundĂĄria JosĂŠ FalcĂŁo. O liceu tem desempenhado um papel de relevo no Ensino e na Educação em Portugal. Uma das ĂĄreas em que a escola mais se tem destacado ĂŠ a MatemĂĄtica. Em 2007 e por ocasiĂŁo dos 25 anos das OlimpĂadas Portuguesas de MatemĂĄti-
ca, recebeu da Sociedade Portuguesa de MatemĂĄtica, uma distinção por ser uma das trĂŞs escolas com mais alunos medalhados a nĂvel nacional. Uma palavra ainda para o ensino tĂŠcnico. Em meados do sĂŠc. XIX, ĂŠ preocupação dominante da classe dirigente a solução dos problemas de desenvolvimento industrial. > trial, considerado imprescindĂvel, leva Fontes Pereira de
Melo, em 1852, a criar o ensino elementar, preparatĂłrio do ensino industrial, habilitando \ $ Â?
mecânico, oficial quĂmico, forjador, fundidor, serralheiro, ou torneiro. Com o ensino industrial objecto de sucessivas reformas, surge por portaria de 6/05/1884 a Escola de Desenho Industrial de Coimbra, cuja gĂŠnese esteve na Escola Livre das Artes do Desenho.
A Escola Livre das Artes do Desenho Em 1878, fundou-se em Coimbra, a Escola Livre das Artes do. Uma escola que funcionou no Arco de Almedina de modo gratuito, em regime nocturno, onde se aprendiam disciplinas artĂsticas sob orientação de grandes professores: mestre Gonçalves era responsĂĄvel pela orientação estĂŠtica, desenho, pintura e modelação; JoĂŁo Machado na escultura; Pereira Dias no desenho ornamental; Silva Pinto em desenho arquitectĂłnico. A escola foi a base da formação de muitos artistas do ferro forjado, embriĂŁo de uma extraordinĂĄria Escola do Ferro Forjado de Coimbra que aos poucos desapareceu, mas que perpetuou nos exemplares da arte espalhados pela cidade o esplendor da capacidade dos executantes. Ali se formaram artistas de grande prestĂgio e capacidade, como JosĂŠ Pompeu Aroso, Albertino Marques, Chaves de Almeida, AntĂłnio Maria Conceição, Daniel Rodrigues. Em 1884, na Exposição Distrital, a Escola viveu o seu momento alto, mostrando ao paĂs as suas potencialidades artĂsticas. A Escola Livre foi precurssora da Escola SecundĂĄria Avelar Brotero, que lhe deu conti < ~ &
O cofre da cidade de Coimbra, obra de Lourenço Chaves de Almeida (1940)
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AS REFORMAS DA I.ÂŞ REPĂ&#x161;BLICA A AFIRMAĂ&#x2021;Ă&#x192;O DO ENSINO PĂ&#x161;BLICO Em 1910, a instauração do regime republicano, desferiu golpe duro no ensino catĂłlico, que ganhara ascendente nos Ăşltimos anos da Monarquia. A publicação da Lei da Separação, a 20/04/1911, levou Ă proibição do ensino religioso nas escolas pĂşblicas, colocando travĂŁo a uma rede de ensino a cargo de institui $ & O advento do regime republicano reformarĂĄ o ensino em todos os seus graus. O primĂĄrio e universitĂĄrio em 1911 e, um pouco mais tarde,
o liceal (1918). No poder, os Republicanos iniciam o combate contra a ÂŤvergonha nacionalÂť; 76,1% de analfabetos e 702 freguesias sem escolas (1910). Prolongou-se a escolaridade, passando o ensino primĂĄrio a comportar 5 classes obrigatĂłrias (dos 7 aos 12 anos), precedidas de classes infantis (dos 4 aos 7 anos). Criaram, tambĂŠm, escolas primĂĄrias superiores, dos 12 aos 15 anos, para oferecer uma formação cĂvica e
+ do povo que nĂŁo cursavam liceus (extintas em 1926). Nas vĂŠsperas da ditadura
militar, a realidade escolar ? * Â? $ * te o nĂşmero de freguesias sem escola (345 em 1926); e o nĂşmero total de escolas primĂĄrias eleva-se a 7000, em 1927, com 1 escola por 13,2 km2; o nĂşmero de professo
$ Â&#x2C6;|Â&#x2021;Â&#x2021; ^Â&#x2C6;Â&#x2020; alunos por professor, contra 127,6 em 1910). No âmbito da reforma liceal de 1918 criou-se, em Coimbra, o Liceu Feminino, que passou a designar-se por Liceu Nacional Infanta D. Maria. Posteriormente,
situadas na antiga Quinta da Rainha (ĂĄrea ocupada hoje pelo Instituto Maternal), depois para o ColĂŠgio de S. Bento, aos Arcos do Jardim. A 1/10/1948, encontrou casa prĂłpria:
Rua Infanta D. Maria. Em 1975, passou a liceu misto, mudando a designação para Escola SecundĂĄria Infanta D. Maria. Nos Ăşltimos anos tem ocupado posição destacadĂssima no ranking das escolas secundĂĄrias pĂşblicas nacionais, sendo considerada em 2011 a melhor escola portuguesa.
(12)
ÂŤNos finais do sĂŠculo XIX, matriculou-se na Universidade a primeira mulher, Domitilia Miranda de Carvalho, no ano lectivo de 1891-1892, na Faculdade de MatemĂĄtica. Foi uma aluna distinta, tendo frequentado disciplinas quer da Faculdade de MatemĂĄtica quer de Filosofia, assim como do Curso de Medicina. Depois desta primeira aluna, a Universidade veria aumentar gradualmente o nĂşmero de elementos femininos atĂŠ que ultrapassaram os masculinos.Âť
In Coimbra na Ă&#x2030;poca Moderna: A Universidade e a sua HistĂłria, Departamento de Cultura da CMC, 2009, p. 146]
O JARDIM-ESCOLA JOĂ&#x192;O DE DEUS A histĂłria dos JardinsEscola JoĂŁo de Deus tem origem na constituição da Associação de Escola MĂłveis pelo MĂŠtodo de JoĂŁo de Deus, fundada a 18 de Maio de 1882. HĂĄ cem anos atrĂĄs, passou a dar-se maior atenção Ă s crianças com menos de 7 anos. Era o inĂcio da Educação PrĂŠEscolar.
Em Portugal, nasceram os Jardins - Escolas graças Ă iniciativa de JoĂŁo de Deus de Ramos. Coimbra foi a primeira localidade a usufruir deste privilĂŠgio e a acarinhar esta obra, que seguia o pensamento de Decroly e Maria Montessori, representando em Portugal o movimento da â&#x20AC;&#x153;Escola
Novaâ&#x20AC;? de que era entusiĂĄstico defensor. O Jardim-Escola, projectado e oferecido por Raul Lino seguindo as $ $ de JoĂŁo de Deus, foi construĂdo em Coimbra com o produto dos espectĂĄculos do OrfeĂŁo AcadĂŠmico, dirigido por AntĂłnio Joyce (que conseguiram juntar a
soma de 1480$000 reis) e de outros donativos. A Câmara Municipal, presidida pelo Dr. Marnoco e Sousa, associou-se de forma benemĂŠrita, oferecendo o terreno com a superfĂcie de 4800m2. O Jardim-Escola JoĂŁo de Deus de Coimbra foi inaugurado a 2 de Abril de 1911 e custou cerca de 4500$000 rĂŠis.
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A Universidade Republicana
Fachadas do Jardim Escola JoĂŁo de Deus (Ă esquerda) e da Escola Avelar Brotero (Ă direita)
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Ensino TĂŠcnico MĂŠdio ApĂłs a implantação da RepĂşblica, mantinha-se o atraso no ensino tĂŠcnico, reconhecido no Decreto de Setembro de 1916 que criou escolas de ensino industrial. Em 1921, cria-se a Escola Industrial de Avelar Brotero e o Instituto Industrial e Comercial de Coimbra que se instalam no antigo edifĂcio da Roda
e HospĂcio de Coimbra (actual Escola SecundĂĄria Jaime CortesĂŁo). Tais escolas dariam origem Ă Escola Industrial e Comercial de Brotero, que ali funcionou durante 35 anos atĂŠ Ă mudança para as novas instalaçþes, em 1958, na zona de S. JosĂŠ. Em 1971, passou a designar-se Escola TĂŠc-
nica de Avelar Brotero e, após o 25 de Abril e com o ensino secundårio uni ! ! & > de Escola Secundåria de Avelar Brotero advÊm-lhe de 1979. A recuperação da sua identidade ocorre em 1983, com o relançamento do ensino tÊcnico &
Greve acadĂŠmica de 1907: protesto dos estudantes junto Ă Porta FĂŠrrea
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tarde, em 1921, funda-se a Faculdade de FarmĂĄcia ^ dos Melos). A legislação republicana concede Ă Universidade autonomia econĂłmica e cientĂfica, definindoa como laica, e em prol * $ ~ tendo em vista habilita-
& Â&#x201A; Â&#x20AC; doutorou-se, em 1901, o Ăşnico Nobel da Medicina portuguĂŞs AntĂłnio Caetano de Abreu Egas Moniz (que recebeu o prĂŠmio em 1949) e dela foi Reitor o = Â&#x2022; = $ Manuel de Arriaga entre 1910-1911.
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> Â&#x201D; * = * Republicano propĂ´s-se reformar o ensino superior, que se traduziria na perda do monopĂłlio de ensino universitĂĄrio por Coimbra. De facto, pelo Decreto de 19/04/1911, mantĂŠm-se a UC (com as Fac. de Direito, Medicina, CiĂŞncias e Letras, uma Escola de FarmĂĄcia e uma Escola Normal Superior), ? = e Lisboa. A criação da Fac. de Letras leva Ă extinção de Teologia, instalando-se em edifĂcio construĂdo de raiz (onde actualmente se Â&#x2039;Â&#x201D;Â&#x20AC; "& = outro lado, conjugam-se numa sĂł, as antigas Faculdades de MatemĂĄtica e de Â&#x152; Â&#x201A; lugar Ă Faculdade de CiĂŞncias. Alguns anos mais
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â&#x20AC;&#x153;LANGUAGE EXCELLENCE STARTS HEREâ&#x20AC;? A International House World Organisation (IHWO) ĂŠ um dos maiores e mais antigos grupos de escolas de lĂnguas do mundo. Foi fundada em 1953 e ĂŠ uma rede global com mais de 150 escolas de lĂnguas sediadas em 50 paĂses, abrangendo todos os continentes. Qualidade ĂŠ a pedra de toque em tudo o que fazemos. SĂł Ă s escolas que correspondem aos elevados padrĂľes de qualidade exigidos pela Organização, ĂŠ que ĂŠ permitida a utilização da marca International House. Os programas pioneiros de Formação de Professores de InglĂŞs como LĂngua Estrangeira (EFL) da International House, os nossos cursos e centros, continuam a ser dos mais procurados na indĂşstria de ensino de lĂnguas. Muitos dos livros de curso utilizados hoje sĂŁo escritos por professores especialistas treinados pela International House: â&#x20AC;&#x153;Headwayâ&#x20AC;?, â&#x20AC;&#x153;Cutting Edgeâ&#x20AC;?, â&#x20AC;&#x153;Language to Goâ&#x20AC;?, â&#x20AC;&#x153;Natural Grammarâ&#x20AC;? â&#x20AC;&#x153;Fountainâ&#x20AC;? entre outros. 8VDU R QRPH ,QWHUQDWLRQDO +RXVH VLJQLÂżFD XP FRPSURPLVVR FRP D qualidade de ensino, infra-estruturas e preocupação com os nossos alunos.
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Espaços da memĂłria e do saber â&#x20AC;&#x201C; arquivos e bibliotecas de coimbra Os arquivos e bibliotecas sĂŁo guardiĂŁes da memĂłria e saber das civilizaçþes. Coimbra beneficiou de uma dupla realidade: o estabelecimento definitivo da Universidade em 1537 e um MunicĂpio de vasta influĂŞncia geogrĂĄfica e administrativa, que potenciaram a acumulação de mĂşltipla e rica documentação. O Arquivo da Â&#x20AC; * < depositĂĄrio da documentação produzida e recebida pela instituição universitĂĄria desde a sua criação por D. Dinis, em 1290. Em 1901, passou a repartição autĂłnoma da Universidade, sendo nomeado o primeiro director, o Dr. AntĂłnio de Vasconcelos. Com a incorporação de documentos provenientes de outras instituiçþes, o seu patrimĂłnio foi-se enriquecendo passando desde 1917, de facto e 1931, de jure, a desempenhar as funçþes de Arquivo Distrital. Actualmente, o AUC ĂŠ constituĂdo por 300 acervos, acomodados em estantes que perfazem um total de 10km de documentação. A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra reparte-se por dois edifĂcios: a Biblioteca Joanina, monumento nacional, datada do sĂŠculo XVIII, e o novo edifĂcio, construĂdo no sĂŠc. XX, no âmbito das obras da Cidade UniversitĂĄria. Sobre a Biblioteca Joanina, recordemos as palavras do investigador e professor
(16)
Nelson Correia Borges: ÂŤApesar da sua provecta idade, nĂŁo dispunha a instituição universitĂĄria de um espaço adequado a conter o indispensĂĄvel acervo $ @ @ leva a supor, nĂŁo seria muito vasto. Forçoso se tor nou conceber uma nova Casa da Livraria que servisse de escrĂnio adequado aos livros, fontes do saber, em correcta arrumação. Exposta a pretensĂŁo por Nuno da Silva Teles, de imediato suscitou o empenhamento de D. JoĂŁo V, que autorizou as obras em provisĂŁo de 31 de Outubro de 1716 e logo
A Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra
concedeu 14000 cruzados para aquisição de livros. Em 17 de Julho de 1717 foi lançada a primeira pedra, com a presença do corpo docente da Universidade, mas o contrato para a parte de alvenaria e cantaria sĂł foi celebrado em 14 de Agosto seguinte, com o mestre-deobras JoĂŁo Carvalho Ferreira, do burgo de Celas. A autoria do projecto, cuja planta se pagou em 5 de Novembro, permanece um dos mistĂŠrios da HistĂłria da Arte Portuguesa (â&#x20AC;Ś) Gaspar Ferreira mercĂŞ de grande capacidade e algum talento, acabou por dirigir toda a obra e ocupar mesmo o lugar de mestre de obras da Universidade (â&#x20AC;Ś)
A Biblioteca da Universidade constitui, sem dĂşvida, um dos cumes da HistĂłria da Arte em Portugal, podendo ser considerada uma das mais belas bibliotecas de todo o mundoÂť A nova Biblioteca Geral seria instalada nas antigas instalaçþes da Faculdade de Letras, entrando em funcionamento em 1962. Ă&#x2030; espaço de leitura e estudo K
do facto de deter desde 1932 o Depósito Legal, o que juntamente com aquisiçþes, doaçþes e incorporaçþes ao longo de 500 anos lhe trouxeram um crescimento progressivo. Os números falam por si: cerca de 2 milhþes
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$ em depósito; um movimento presencial entre 2008-2009 que regista 24.664 requisiçþes para consulta efectiva de fundos e 30.911 de livre acesso A Biblioteca Municipal de Coimbra, fundada em 1922, <
{ `{ do DepĂłsito Legal. Desde a sua constituição tem vindo a incorporar relevantes espĂłlios de personalidades e instituiçþes coimbrĂŁs. A sua colecção ĂŠ constituĂda por mais de 520.000 $ `Â&#x2021;&Â&#x2021;Â&#x2021;Â&#x2021; ~ publicaçþes periĂłdicas, 6.000 documentos audiovisuais, bem como um rico acervo $ ~ da temĂĄtica coimbrĂŁ com mais de 100.000 fotografias (Imagoteca), e o Gabinete de HistĂłria da Cidade, com vasta documentação sobre a histĂłria da cidade.
(17)
O Arquivo Historico Municipal de Coimbra reĂşne documentação de diversa proveniĂŞncia, estimando-se em 4.000 o volume total de documentos (sĂŠc.XIII ao XX). Teve a sua gĂŠnese em 1927 como sector de manuscritos da Biblioteca Municipal. Em 1977, pela grande dimensĂŁo e dadas as precĂĄrias instalaçþes, foi transferido para a Torre de Almedina, local onde se reunia a vereação do sĂŠc. XIV ao XIX. Desde 2001 estĂĄ sedeado, provisoriamente, na Casa Municipal da Cultura. O seu espĂłlio ĂŠ maioritariamente constituĂdo por documentação do fundo do MunicĂpio de Coimbra. Registou no ano de 2010, 623 presenças e 2418 requisiçþes.
Biblioteca Joanina
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XIII
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O ENSINO DURANTE O ESTADO NOVO A IGREJA RECUPERA TERRENO No contexto do regime ditatorial, instaurado em 1926, a Igreja inicia a recuperação progressiva do terreno perdido ao nĂvel do ensino. Pelo decreto nÂş 23 477, de 1934, estabeleceuse a liberdade de ensino particular e, pela celebração da Concordata (1940) e do suplementar Acordo MissionĂĄrio, abriu-se caminho
ao regresso das congregaçþes expulsas no regime anterior. Em Coimbra surgem colÊgios de cariz religioso: ColÊgio S. JosÊ fundado em 1922 por Dominicanas; ColÊgio da Rainha Santa Isabel. Começou a funcionar com Instrução Primåria, em sistema de co-educação, antes de 1900. Em 1939, foi lançada a primeira pedra do novo
ColÊgio da Rainha Santa Isabel; ColÊgio da Imaculada Conceição, (Cernache). A sua origem remonta a 1943, ano em que a Companhia de Jesus adquire a Quinta dos Condes da Esperança, para instalar a Escola Apostólica. A 15/12/1953 foi lançada a primeira pedra, sendo inaugurado dois anos mais tarde, a 25 /10/1955; ColÊgio de S. Teotónio (Coim-
bra). Em Março de 1960, o Bispo de Coimbra nomeou uma comissão incumbida de estudar a criação de um colÊgio. Em consequência surge, em Janeiro de 1963, a São Teotónio, Sociedade de Ensino, Cultura e Educação Cristã, SA. Tendo como Director D. Eurico Dias Nogueira, o ColÊgio de São Teotónio iniciou a actividade em Outubro de 1963.
Largo da Feira, anos 30 sĂŠc. XX
(18)
Ensino Superior A partir de 1934, a Universidade subordinase ao Estado, tornando-se nacionalista, corporativa e nĂŁo democrĂĄtica: extingue-se naquele ano a Imprensa da Universidade, suspende-se a representação dos estudantes na Assembleia Geral da Universidade e no Senado, impede-se a realização de eleiçþes livres na Associação AcadĂŠmica e, em 1947, sĂŁo expulsos 20 professores e assistentes, como MĂĄrio Silva, investigador reconhecido na ĂĄrea da FĂsica (1947). As obras na Cidade UniversitĂĄria de Coimbra foram o expoente mĂĄximo da ligação da Universida-
de ao Estado Novo. Em 1941, o Governo nomeava a ComissĂŁo Administrativa do Plano de Obras da Cidade UniversitĂĄria de Coimbra, para admi $ ! os trabalhos. Em 1943, iniciaram-se as demoliçþes do antigo e caracterĂstico bairro da alta, sob orientação do arquitecto Cottinelli Telmo. A ĂĄrea total de construção foi de 200.000 m2, destruindo-se 34.000 m2 de patrimĂłnio par ticular e 68.000m2 de patrimĂłnio histĂłrico, Â&#x2020;&Â&#x2021;Â&#x2021;Â&#x2021; pessoas. Em 1948, foi inaugurado o primeiro edifĂcio, o Arquivo da Universidade,
(19)
Obras na Cidade da UniversitĂĄria de Coimbra final dos anos 40
seguindo-se: a Biblioteca Geral (1950); a Fac. de Letras e ObservatĂłrio AstronĂłmico (1951); Fac. de Medicina (1956); EstĂĄdio
Universitårio (1961), Secção de Matemåtica 1969); Faculdade de Ciências e Tecnologia e Faculdade de Economia (1972).
Da escola normal social de Coimbra ao Instituto Superior Miguel Torga Bissaya-Barreto (primeiro presidente) e Constance Davon (a sua directora durante 19 anos), estiveram na gĂŠnese da criação da Escola Normal Social de Coimbra â&#x20AC;&#x153;A SaĂşdeâ&#x20AC;?, nos finais de 1939. Ali se formaram geraçþes de pessoal especializado no domĂnio da assistĂŞncia social que era encaminhado para os diversos equipamentos de assistĂŞncia da Obra Social dinamizada pela Junta Geral, preferencialmente para
a rede de ensino prÊ-escolar: as Casas da Criança e o parque comum a esta rede, o Portugal dos Pequenitos. Esta escola daria lugar, em 1969, ao Instituto Superior de Serviço Social de Coimbra, que mudaria a designação em 1998 para Instituto Superior Miguel Torga, que mantÊm a tradição e saber na formação de assistentes sociais.
Ensino primĂĄrio, tĂŠcnico e liceal Ao nĂvel do ensino primĂĄrio, e atĂŠ Ă dĂŠcada de 1960, a escolaridade bĂĄsica, recomendada desde a ĂŠpoca liberal, nĂŁo foi cumprida. A função da escola seria subalternizada pelo Estado Novo, dado nĂŁo vislumbrar vantagens da participação das massas na decisĂŁo polĂtica. Depois da 2ÂŞ Guerra Mundial, e dada a inquietação de alguns sectores afectos ao regime, com a ignorância do povo o Governo incentiva o â&#x20AC;&#x153;Plano dos CentenĂĄriosâ&#x20AC;?, erguendo-se escolas dotadas de arquitectura prĂłpria, ainda hoje visĂveis em muitas zonas do paĂs. Os nĂşmeros mostrariam o sucesso da iniciativa: em 1940 havia 569.300 alunos, em 1960 eram 887.200. Tendo o analfabetismo na linha de mira, o Estado Novo complementaria a sua acção, com o Plano de Educação Popular, destinado a jovens e adultos e, em 1956, com o alargamento da escolaridade obrigatĂłria atĂŠ Ă 4.ÂŞ classe. A 15 de Janeiro de 1970, jĂĄ com Marcello Caetano no poder, a pasta da Educação seria entregue ao Eng.Âş Veiga SimĂŁo. A ideologia salazarista seria substituĂda pela retĂłrica meritocrĂĄtica; deseja abrir o sistema a todas as crianças, ricas ou pobres, e estender a escolaridade obrigatĂłria atĂŠ aos 8 anos. TambĂŠm ao nĂvel do ensino liceal procurou-se por \ canas. Em 1926 altera-se o sistema em vigor, com aprovação de novos programas, passando a escolaridade liceal de 7 para 6 anos, compreendendo: o curso dos liceus e os cursos complementares de CiĂŞncias e Letras. Entre 1930 e 1974 o nĂşmero de alunos que frequentam os liceus passa de 20.000 para meio milhĂŁo. Em 1948, reforma-se o ensino secundĂĄrio, estabelecendo-se novas bases: divisĂŁo entre ensino liceal e tĂŠcnico, rejeição de valorização do regime de classes em detrimento do regime de disciplinas. O ensino liceal passa a compreender 3 etapas: o 1Âş ciclo com dois anos, o curso geral com trĂŞs anos e o curso complementar com dois anos. PorĂŠm, o ritmo de crescimento do ensino liceal nĂŁo abranda, antes pelo contrĂĄrio, mesmo considerando o prolongamento da escolaridade obrigatĂłria para seis anos em
1964, ou a criação em 1967, do ciclo preparatĂłrio do ensino secundĂĄrio, (fundindo o 1Âş ciclo do ensino liceal e o ciclo preparatĂłrio do ensino tĂŠcnico). Em 1930 cada liceu tinha 400 alunos, em 1960 o nĂşmero subia a 1150. Consciente desta reali $ * 1958 um plano de construção de novos liceus. Neste âmbito, Coimbra seria dotada com um estabelecimento, o Liceu D. Duarte, acolhendo os primeiros alunos no ano lectivo de 1967/68, ocorrendo a sua inauguração a 17/04/69, contando com a presença do Presidente da RepĂşblica e em plena crise acadĂŠmica. Ă&#x20AC; entrada dos anos 70, os liceus apresentavam-se obsoletos e desadaptados das exigĂŞncias sociais e culturais. Em 1973 publica-se a Lei de Bases do Sistema Educativo, procurando pĂ´r \ Â&#x160; las tĂŠcnicas, ou seja; prevendo a fusĂŁo do ensino tĂŠcnico e liceal. O ensino tĂŠcnico ĂŠ reorganizado segundo o modelo do ensino liceal, passando a compreender um curso geral de trĂŞs anos e um curso complementar de dois anos. Em Coimbra, criou-se, em 1972, a Escola TĂŠcnica de SidĂłnio Pais, que iniciou o funcionamento a 1/1/1973. Em 1976, mudaria a designação para Escola TĂŠcnica de Jaime CortesĂŁo. Ainda no domĂnio pĂşblico e tendo em vis criou-se em 1973 o Centro Â&#x152; = de Coimbra. AtĂŠ 1971 o nĂşmero de estabelecimentos oficiais sobe de 50 para 120, ritmo que ĂŠ acompanhado pelo acrĂŠscimo de alunos, de 37.800 para 177.080. Em Coimbra surgem vĂĄrias escolas preparatĂłrias: Escola PreparatĂłria EugĂŠnio de Castro (Solum), iniciou actividade em 1972; Escola Silva Gaio, em Santa Clara (1972), Escola PreparatĂłria Martim de Freitas, em Celas (1973) e Escola Quinta das Flores (1973). Com a Lei de Bases do Sistema Educativo de 1986, ?
ciclos sequenciais do ensino bĂĄsico, dando origem Ă s EB 2/3: D. Dinis, que iniciou actividade em Novembro de 1986, InĂŞs de Castro (1988), e Maria Alice Gouveia (1988).
XIV
ANIVERSĂ RIO / CONHECIMENTO 12 QUINTA-FEIRA
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DA REVOLUĂ&#x2021;Ă&#x192;O DE ABRIL de 1974 Ă&#x20AC; ACTUALIDADE A MASSIFICAĂ&#x2021;Ă&#x192;O DO ENSINO E A AFIRMAĂ&#x2021;Ă&#x192;O DA REDE PRIVADA Com a consolidação do regime democrĂĄtico verificou-se a massificação do ensino, mantendo a Ig reja catĂłlica uma posição hegemĂłnica. Em Coimbra, criou-se a Cooperativa de Ensino de Coimbra, resultando da fusĂŁo de antigos colĂŠgios nĂŁo religiosos da cidade â&#x20AC;&#x201C; Santa Maria, S. TomĂĄs de Aquino, Pedro Nunes, Progresso, S. Pedro e Externato Os LusĂadas. Em
Julho de 1979, o ColÊgio Alexandre Herculano, passou a constituir mais uma das suas secçþes. Em 1986 Ê publicada a Lei de Bases do Sistema Educativo reorganizando o ensino: o anterior curso geral do ensino secundårio passa a fazer parte do novo e n s i n o b å s i c o, c o m o seu 3º ciclo; o antig o c u r s o c o m p l e m e n t a r, mais o 12º ano, passam a constituir o novo ensino secundårio. A educação estr uturou-se a par tir
de entĂŁo em 3 ĂĄreas: prĂŠ-escolar, educação escolar e educação extra-escolar. Em 2003, avançou-se para o reordenamento da rede educativa pĂşblica, constituindo-se agrupamentos de escolas ao nĂvel concelhio. Em Coimbra organizaramse os seguintes agrupamentos: Dr.ÂŞ Maria Alice G o u ve i a , E u g ĂŠ n i o d e Castro, InĂŞs de Castro, Martim de Freitas, Silva Gaio, Quinta das Flores e D. Dinis.
A partir de 1988 o ensino privado båsico e secundårio começou a ganhar terreno ao público, surgindo vårios colÊgios e institutos em C o i m b r a e a r r e d o r e s, de gestão privada e cooperativa, inseridos na rede pública de ensino g ratuito: Instituto de A l m a l a g u ê s, f u n d a d o em 1992/1993, Instituto E d u c a t i vo d e S o u s e las (1993/94), Instituto Educativo de Lordemão (em 1995), e ColÊgio de S. Martinho (1998).
Desde meados da dÊcada de noventa, tambÊm o ensino superior privado acusou um råp i d o d e s e n vo l v i m e n to. Neste âmbito, e em Coimbra, criaram-se: Instituto Superior Bissaya Barreto (1993), Escola Universitåria Vasco da Gama, (1.º ano lectivo em 2000/2001). Uma palavra para as Escolas Profissionais. Surgiram um pouco depois da abertura do ensino superior à iniciativa privada. Criaram-se
mais de 2 centenas de escolas no paĂs, algumas delas em Coimbra, tais como: Profitecla, Instituto TĂŠcnico ArtĂstico Profissional de Coimbra â&#x20AC;&#x201C; ITAP, ou a ARCA, todas criadas em 1989. Depois do 25 de Abril surgiram instituà ç Ăľ e s Pa r t i c u l a r e s d a LĂngua Inglesa e outras, tais como: International House (1967), Cambridge School (1983), British Council (1938, 1ÂŞ casa em Portugal) e o Wall Street Institute (1997).
ENSINO POLITĂ&#x2030;CNICO O ensino politĂŠcnico, Y Â&#x2039; do Sistema Educativo {Â Â&#x2030;`
criado em 1977, tendo em vista a formação de tĂŠcnicos de nĂvel mĂŠdio. Enquanto o ensino universitĂĄrio se orienta pela investigação e criação do saber, o ensino politĂŠcnico orienta-se pela aplicação e o desenvolvimento do saber e pela compreensĂŁo e solução de problemas concretos. W { Â&#x2030; ? rede do Ensino Superior PolitĂŠcnico, criando-se tambĂŠm o Instituto PolitĂŠcnico de Coimbra, que herdaria a tradição e a experiĂŞncia das escolas que passaram a integrĂĄlo. Ă&#x2030; constituĂdo por seis unidades de ensino: Escola Superior de Educação de Coimbra W'W
+
no Ensino Normal, designadamente na Reforma de Rodrigo da Fonseca MagalhĂŁes de 1835. Em consequĂŞncia, e no reinado de D. Maria II, seria criada a Escola Normal PrimĂĄria de Coimbra (Portaria de 19/9/1839). A Escola Superior de Educação de Coimbra funciona no edifĂcio da antiga Escola do MagistĂŠrio PrimĂĄrio, na zona da Solum. Escola Superior AgrĂĄria de Coimbra - A sua histĂłria estĂĄ intimamente ligada com o ensino agrĂcola em Portugal,
(20)
Sede do Instituto PolitĂŠcnico de Coimbra (IPC), na avenida de dr. Marnoco e Sousa
instituĂdo no tempo de D. Maria, em 1852. Em 1855 criam-se escolas regionais de agricultura, transferindo-se a de Viseu para Coimbra, que seria extinta em 1869. Em 1931 a Escola passa a designar-se por Escola de Regentes AgrĂcolas de Coimbra aprovando-se o regime e plano de estudos. W {Â Â&#x2030;Â < do Ensino Superior PolitĂŠcnico criando escolas superiores agrĂĄrias em
diferentes regiþes, entre as quais a Escola Superior Agråria de Coimbra. Em 1980, toma posse a 1.ª comissão instaladora e, pelo Decreto 46/85, de 22 de Novembro, a ESAC seria integ rada no Instituto PolitÊcnico de Coimbra. Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Oliveira do Hospital: A sua gÊnese remonta a meados dos anos 90, quando o MinistÊrio da Educação revelou a intenção de, atÊ
< + o ciclo de expansão da rede do ensino superior politÊcnico estatal. Neste contexto, o Instituto PolitÊcnico de Coimbra (IPC) considerava, em 1994, a hipótese de criação de um pólo na zona da Beira Serra. Em 1999 o MinistÊrio da Educação aprova a criação da ESTGOH, que inicia actividades escolares no ano lectivo de 2001/2002. Escola Superior de
Tecnologia da SaĂşde de Coimbra - Teve os seus antecedentes nos designados Centros de Preparação de TĂŠcnicos e Auxiliares dos Serviços ClĂnicos, criados em 1961, com o objectivo de uniformizar a formação de
$
tadores de cuidados de saúde. Em 1982, criou-se a Escola TÊcnica dos Serviços de Saúde de Coimbra e, em 1993, foi integrada no Ensino Superior Poli-
tĂŠcnico adoptando a designação actual. Em 2004, foi integrada no Instituto PolitĂŠcnico de Coimbra. Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra - O ISCAC tem os seus primĂłrdios no Curso de Contabilidade ministrado no ano lectivo de 1972/73 no Instituto Industrial e Comercial de Coimbra. Contudo, apenas em 1974, pela separação entre os ramos de â&#x20AC;&#x153;IndĂşstriaâ&#x20AC;? e â&#x20AC;&#x153;ComĂŠrcioâ&#x20AC;?, ĂŠ que a instituição ganhou a sua prĂłpria personalidade, passando a denominar-se Instituto Comercial de Coimbra. O ISCAC seria posteriormente integrado Instituto PolitĂŠcnico de Coimbra, pelo Dec.-Lei nÂş 70/88, de 3 de Março. As suas instalaçþes localizam-se na Quinta AgrĂcola, em Bencanta. Instituto Superior de Engenharia de Coimbra - O ISEC resultou da conversĂŁo do antigo Instituto Industrial e Comercial de Coimbra, deter minado pelo DL nÂş 830/74, de 31 de Dezembro. Mais tarde, em 1988, foi integrado no Ensino Superior PolitĂŠcnico atravĂŠs do DL nÂş389/88, de 25/10. O estabelecimento compreende a existĂŞncia de 6 Departamentos: Eng.ÂŞ Civil, Eng.ÂŞ ElectrotĂŠcnica, Eng.ÂŞ InformĂĄtica e de Sistemas, Eng.ÂŞ Mecânica, Eng.ÂŞ QuĂmica e BiolĂłgica, FĂsica e MatemĂĄtica.
DeixĂĄmos marcas no sĂŠculo passado e vamos mantĂŞ-las no futuro
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QUINTA-FEIRA
DE ABRIL DE 2012 CAMPEĂ&#x192;O DAS PROVĂ?NCIAS
ANIVERSĂ RIO / CONHECIMENTO
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A Universidade de Coimbra: o crescimento sustentado em PĂłlos que aqui se localizam sĂŁo: Â&#x152; Y % to, Medicina (que dispĂľe tambĂŠm de instalaçþes no PĂłlo das CiĂŞncias da SaĂşde),
] $
^% & de Arquitectura, CiĂŞncias da Terra, CiĂŞncias da Vida, FĂsica, MatemĂĄtica e QuĂmica), a Fac. de Psicologia e de CiĂŞncias da Educação e o ColĂŠgio das Artes. Aqui se encontra tambĂŠm a sede dos Ă&#x201C;rgĂŁos de Governo da Universidade. =Â&#x2122;Y> ? * cação das ĂĄreas de ensino tornou imperativa novas instalaçþes da FCTUC, iniciando-se o concurso de projectos em 1988. Em
Centros de Investigação da Universidade de Coimbra A Universidade de Coimbra ĂŠ hoje indissociĂĄvel dos seus centros de investigação, referĂŞncias nacionais e internacionais na produção de ciĂŞncia em diversos domĂnios. Os de maior relevo, sĂŁo avaliados pela Fundação para a CiĂŞncia e a Tecnologia e membros do Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra. Actualmente, o IIIUC ĂŠ composto por 34 Unidades de Investigação: Centros de Investigação em CiĂŞncias da SaĂşde Associação para Investigação BiomĂŠdica e Inovação em Luz e Imagem (AIBILI), Centro de CiĂŞncias Forenses; Centro de Cirurgia CardiotorĂĄcica; Centro de Investigação em Meio Ambiente, GenĂŠtica e Oncobiologia; Centro de Estudos e Investigação em SaĂşde da Universidade de Coimbra ; Centro de Estudos FarmacĂŞuticos; Centro de Gastrenterologia; Centro # $
[ % e da Actividade FĂsica; Centro de NeurociĂŞncias e Biologia Celular; Centro de Oftalmologia e CiĂŞncias da VisĂŁo; Centro de Pneumologia; Instituto BiomĂŠdico de Investigação da Luz e da Imagem (IBILI); Instituto de CiĂŞncias Nucleares Aplicadas Ă SaĂşde
1997, a FCTUC começou a sua expansão para o novo espaço na Qt.ª da Boavista. No ano de 2001/2002, jå
% & Engenharia InformĂĄtica, ElectrotĂŠcnica e de Computadores, Mecânica, QuĂmica e Civil. Actualmente a FCTUC compĂľe-se de 11 departamentos e mais de 3 dezenas de unidades de investigação, mantendose alguns deles, ainda no PĂłlo I. PĂłlo III - das CiĂŞncias da SĂĄude - Começou a desenhar-se em 1986, com a conclusĂŁo do novo Hospital da Universidade de Coim-
Centros de Investigação em Ciências Exactas Associação para a Inovação Tecnológica e Qualidade (AEMITEQ); Centro de Estu k
%
Â&#x192; ^ Wk% Â&#x192;"[ Â&#x152;~ cional da Universidade de Coimbra (CFC); Centro de Instrumentação (CI); Centro de QuĂmica; Centro Internacional de MatemĂĄtica (CIM); Centro de MatemĂĄtica da Universidade de Coimbra (CMUC) ; Grupo de FĂsica Nuclear da MatĂŠria Condensada; LaboratĂłrio de EletrĂłnica e Instrumentação (LEI); LaboratĂłrio de Instrumentação e FĂsica Experimental de PartĂculas (LIP); QuĂmica-FĂsica Molecular (QFM)
bra, em Celas. No ano seguinte, principiaria a transferĂŞncia para a nova casa, abandonando as antigas instalaçþes dos colĂŠgios das Artes e de S. JerĂłnimo que ocupava desde 1856. Em Â&#x2020;Â&#x2021;Â&#x2021;{ novas construçþes, transferiram-se duas Unidades (Medicina e FarmĂĄcia). Este PĂłlo compreende, ainda, a existĂŞncia de vĂĄrios centros e unidades de investigação.
(21)
Foi aqui, no Instituto de CiĂŞncias Nucleares Aplicadas Ă SaĂşde (ICNAS), que se desenvolveu o primeiro rĂĄdio fĂĄrmaco portuguĂŞs, usado para o diagnĂłstico da doença oncolĂłgica (2012). EstĂĄdio UniversitĂĄrio e Faculdade de CiĂŞncias % W FĂsica - PĂłlo localizado na margem esquerda do Rio Mondego (junto Ă Ponte de Santa Clara). Compre-
ende, quer o complexo do EstĂĄdio UniversitĂĄrio, bem como a Faculdade
% e Educação FĂsica (criada em 1997). Faculdade de Economia e localizaçþes prĂłximas: A Faculdade de Economia encontra-se desde a inauguração, em 1972, na *& %
' * ~ conhecido por Casa dos Limas.
O PĂłlo I da Universidade de Coimbra PUBLICIDADE
Centros de Investigação em CiĂŞncias Naturais Centro de Investigação em Biotecnologia (Biocant); Centro de GeociĂŞncias (CG); Centro de GeofĂsica da Universidade de Coimbra; Instituto do Mar, Centro Interdisciplinar de Coimbra IMAR
Centros de Investigação em CiĂŞncias Sociais Associação de Estudos Europeus de Coimbra (AEEC) Centro de Coimbra para a GestĂŁo Inovadora - Avaliado pela Fundação para a CiĂŞncia e a Tecnologia; Centro % Â&#x2039; < ^ %Â&#x2039;"[ % Â&#x152; ~
^ %Â&#x152;"[ % Centros de Investigação ^ % "[ W em CiĂŞncias da Engenharia e % > Â&#x20AC; Tecnologias ^ W%>Â&#x20AC; "[
% * * W % =Â&#x2022; $ Â&#x2DC;
^ % " [ - ^ W% = W"[ W Â&#x201D; tro de Engenharia Mecânica da Universi- $ > ] [ dade de Coimbra (CEMUC); Centro de W '< Â&#x192;Â&#x192; Investigação em CiĂŞncias da Construção; (CEIS20); Grupo de Estudos MonetĂĄrios e Centro de Investigação em Engenharia Financeiros; Centro de Estudos Notariais e Civil (CIEC); Centro de Investigação em Registais (CENOR); Centro de Estudos SoEngenharia dos Processos QuĂmicos e dos ciais (CES); Centro de Investigação em AnProdutos da Floresta (CIEPOPF); Centro tropologia e SaĂşde; Centro Interdisciplinar de InformĂĄtica e Sistemas da Universi- de Estudos JurĂdico-EconĂłmicos (CIEJE); dade de Coimbra (CISUC); Instituto de % W
^ %W"[ Engenharia de Sistemas e Computadores % Â&#x2039; Â&#x2039; (INESC); Instituto de Sistemas e RobĂłti- ' $ ^Â&#x2039;Â&#x2039;'"[ % ca (ISR); Instituto de Telecomunicaçþes W ] + ^ %W]"[ ^ ]"[ * $ % - % = W W volvimento; TecnolĂłgico em CiĂŞncias da ^ %=WW"[ W $
Construção (ITeCons); Grupo de Investi- e Urbanos (IERU); Instituto JurĂdico da gação em Utilização Racional de Recursos Comunicação (IJC); Ius Gentium ConimEnergĂŠticos e GestĂŁo de Energia (URGE) brigae (IGC)
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ApĂłs a implantação de novo regime polĂtico em Portugal, a Universidade democratização do ensino, respeitando o passado. Em 1975, sĂŁo inaugurados os % Â&#x152;~ e de QuĂmica e, em 1980, a Faculdade de Psicologia e de CiĂŞncias da Educação. A partir de meados dos anos 80, a Universidade encetou uma descentralização funcional e orgânica. O espaço universitĂĄrio passou a organizar-se em PĂłlos: PĂ&#x201C;LO I - Corresponde Ă zona histĂłrica da Universidade de Coimbra. As unidades
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ANIVERSÁRIO / CONHECIMENTO 12 QUINTA-FEIRA
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DE ABRIL DE 2012 CAMPEÃO DAS PROVÍNCIAS
Associação para Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem (AIBILI)
Líder de rede de investigação oftalmológica na Europa O Retmarker, comercializado pela Critical Health, é um dos principais produtos-bandeira da AIBILI – Associação para Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem, instituição privada sem fins lucrativos sediada em Coimbra. A solução tecnol ó g i c a i n ova d o r a q u e possibilita a detecção de alterações na retina decorrentes de várias patologias, com destaque para a Retinopatia Diabética – uma das principais causas de cegueira –, assume-se como uma importante ferramenta de diagnóstico ao serviço da oftalmologia, já que recorre a “métodos fotográficos não invasivos e fáceis de utilizar”. Liderada pelo investigador José Cunha-Vaz, a instituição tem-se destacado a nível internacional na área da investig ação oftalmológica.
“Uma das coisas em que t e m o s mu i t o o r g u l h o é que 80 por cento do nosso financiamento é assegurado pelo estrangeiro”, afir ma o presidente do Conselho de Administração. Especializada em ciências da visão, biofísica e far macologia, a AIBILI coordena a Rede Europeia de Centros de Investigação Clínica em Oftalmologia (EVICR. net), composta por 78 centros de 16 países da União Europeia. A rede europeia, comenta José da Cunha-Vaz, reflecte bem a credibilidade internacional que a instituição goza. Além de ser um dos centros mais activos em investigação clínica com iniciativa do investigador, a AIBILI tem uma actividade também interessante na área da avaliação dos medicamentos (testando a sua relação/ custo e vantagens da sua
utilização) e dos estudos de bioequivalência dos genéricos. Na qualidade de laboratório-associado com o Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), a AIBILI desenvolve ainda um trabalho relevante na área da validação de moléculas que se destinam ao uso humano. “ Te m o s u m a b a s e científica e é muito difícil que alguma coisa venha a traduzir-se realmente num produto útil para o paciente, mas é o que todos desejamos”, observa o professor catedrático. A AIBILI, como estrutura para transferência de tecnologia, foi apoiada pelo PEDIP e ainda hoje é a única infra-estr utura financiada por este programa comunitário na área da saúde em Portugal. A AIBILI está certificada sob a norma ISO
9001 desde 2004. Os ensaios clínicos são realizados em conformidade com as Boas Práticas Clínicas (BPC) e os estudos de biodisponibilidade e farmacocinéticos são desenvolvidos em conformidade com os Princípios de Boas Práticas de Laboratório (BPL). A AIBILI foi fundada em 1989 (então como Associação PróInstituto Biomédico), na sequência da entrada de Portugal na Comunidade Europeia e com a intenção de liderar a candidatura a um grande instituto de investigação em ciências da visão, biofísica e farmacologia. Desde o início, a instituição procurou implementar uma componente de investigação multidisplinar e transnacional, à semelhança das grandes estruturas internacionais. Seguindo as melhores práticas do sector, a AIBILI colocou sob o
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José Cunha-Vaz é presidente do Conselho de Administração da AIBILI (Associação para Investigação Biomédica e Inovação em Luz e Imagem)
mesmo edifício a investigação básica, a investigação de transferência de tecnologia para as empresas e aplicação no paciente e a vertente de ensino (valência esta que só seria concretizada cerca de uma década depois da sua criação). Por questões funcio-
nais, o Instituto Biomédico de Investigação da Luz e Imagem (IBILI), que nascera sob a égide da AIBILI, foi entretanto cedido à Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, mantendo-se a AIBILI estatutária e financeiramente independente.
Potencial a investigação é o objectivo
CNC vai instalar-se no UC-Biotech e Biomed 3 O Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra, que integra investigadores das Faculdades de Medicina, Ciências e Tecnologia e Farmácia, vai em breve instalar-se no UC-Biotech, em Cantanhede, e no Biomed 3 – Instituto de Investigação em Biologia Celular e Molecular, no pólo das Ciências da Saúde (pólo III). Aprovado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), o UC-Biotech acolherá os investigadores do CNC que se dedicam a projectos ligados à área da biotecnologia. “O conjunto de investigadores da CNC que desenvolvem projectos mais biotecnológicos tem todo o sentido estar na proximidade das empresas. Por isso, essa parte do CNC ficará em C a n t a n h e d e n o n o vo edifício em que a UC tem também uma componen-
te forte, o UC-Biotech”, comentou Catarina Oliveira, presidente da direcção do CNC, adiantando que a estrutura, já em construção no Biocant Park, deverá ficar pronta no final do ano. Já a parte da investigação básica, mais relacionada com mecanismos de doença e com a área mais clínica, vai ficar no Pólo das Ciências da Saúde. O Centro de Neurociências será um dos parceiros do novo edifício de investigação da UC, o Biomed 3, cujo projecto também é financiado pelo QREN e que deverá ser executado a curto prazo. “Penso que estas duas mudanças são de facto fundamentais para a afirmação do Centro, quer a nível nacional quer internacional, e sobretudo para torná-lo atractivo para investigadores estrangeiros”, afir mou a neurologista. D e d i c a d o à i nve s -
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Catarina Resende de Oliveira preside à direcção do CNC há cerca de oito anos
tigação em biociências e biomedicina, o CNC surgiu em 1999 como laboratório associado, mas sem instalações próprias,
razão por que os investigadores se mantiveram dispersos pelas diversas faculdades. “De início, a preocu-
pação do Centro foi criar massa crítica, criar investigação de elevada qualidade, interdisciplinar, mas a partir de uma certa dimensão isso tornouse prejudicial, porque começa a haver alguma dispersão das pessoas e de equipamento”, referiu a médica, acrescentando que a ida para junto de outros grupos de investigação da Faculdade de Medicina, que também fazem investig ação de grande qualidade, como a que é feita no Instituto Biomédico de Investigação da Luz e Imagem (IBILI), vai permitir potenciar mais sinergias ao nível da investigação. O CNC tem a neurociências como área de investigação maioritária, mas dedica-se também à biotecnologia, toxicologia celular e molecular, biologia celular, microbiologia e biofísica e à ressonância magnética nuclear biomédica. “A grande riqueza do Centro é a multidiscipli-
naridade e os diferentes backgrounds científicos que os seus investigadores têm e que se complementam”, declarou Catarina Oliveira, reconhecendo que sobretudo a investig ação que está mais focada nas doenças neurodegenerativas – que estão correlacionadas (não exclusivamente) com o envelhecimento da população –, tem tido um forte impacto na sociedade e na comunidade científica. O Centro é uma associação privada sem fins lucrativos, de utilidade pública, que também alberga investig adores lig ados a ins t it u iç õe s de saúde, como o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), Hospital Pediátrico e o Instituto Português de Oncologia. Para além da investigação, o CNC tem também uma forte actividade de formação pós-graduada, nas áreas do doutoramento.
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QUINTA-FEIRA
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ANIVERSĂ RIO / CONHECIMENTO
XVII
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Centro de Estudos Sociais (CES)
Ă&#x2030; fundamental â&#x20AC;&#x153;aprofundar a transdisciplinaridadeâ&#x20AC;? Instituição cientĂfica vocacionada para a investigação e formação avançada na ĂĄrea das ciĂŞncias sociais e humanas, o Centro de Estudos Sociais (CES) ĂŠ dirigido pelo professor Boaventura de Sousa Santos. Criado, em 1978, na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, o CES ĂŠ membro do Instituto de Investigação Interdisciplinar da UC e conta, actualmente, com mais de uma centena de investigadores que, na sua maioria, desenvolvem actividade a tempo inteiro na instituição. Com unidades descentralizadas que englobam um conjunto de investigadores interessados em ĂĄreas ou temas relacionados entre si, o CES estĂĄ organizado em cinco nĂşcleos de investigação, respectivamente, Cidades, Culturas e Arquitectura (CCArq), CiĂŞncia, Economia e Sociedade (NECES), Democracia, Cidadania e
Direito (DECIDe), Humanidades, Migraçþes e Estudos para a Paz (NHUMEP), e PolĂticas Sociais, Trabalho e Desigualdades (POSTRADE) Do corpo de investigadores fazem parte sociĂłlogos, economistas, juristas, antropĂłlogos, historiadores, especialistas das ĂĄreas da educação, da literatura, da cultura e das relaçþes internacionais, geĂłgrafos, arquitectos, engenheiros, biĂłlogos e mĂŠdicos. Boaventura de Sousa Santos, director do CES desde a sua fundação, explica que esta ĂŠ â&#x20AC;&#x153;uma instituição de investigação de ciĂŞncias sociais e humanas, com uma forte vocação transdisciplinar, apostada na inovação teĂłrica e metodolĂłgica, centrada na anĂĄlise dos processos de transformação social nacionais e internacionais, com um enfoque especĂfico nas relaçþes Norte/ Sulâ&#x20AC;?. A expansĂŁo da instituição ĂŠ perceptĂvel na
dimensĂŁo crescente da sua actividade cientĂfica, traduzida â&#x20AC;&#x153;no alargamento do quadro de investigadores, na sua progressĂŁo acadĂŠmica, na multiplicação dos projectos de investigação em que estes tĂŞm estado envolvidos, no alargamento das redes de cooperação internacional, nas actividades de cooperação com o meio exterior e na vitalidade dos seus principais instrumentos de divulgação cientĂficaâ&#x20AC;?. O dinamismo do CES estĂĄ ainda patente nos vĂĄrios projectos de investigação e redes internacionais em que estĂŁo e nvo l v i d o s i nve s t i g a dores desta instituição de Coimbra, cujos mĂŠritos cientĂficos foram reconhecidos em 1997, em 1999, em 2005 e em 2010, com a obtenção do grau de â&#x20AC;&#x153;Excelenteâ&#x20AC;? por um jĂşri internacional, no âmbito do Processo de Avaliação de Unidades de
Investigação do ministĂŠrio da CiĂŞncia, Tecnologia e Ensino Superior. HĂĄ uma dĂŠcada que o CES tem o estatuto de laboratĂłrio associado do ministĂŠrio da CiĂŞncia, relevando quer a capacidade demonstrada por esta instituição em desenvolver investigação inovadora sobre a sociedade portuguesa nas suas diferentes vertentes, bem como sobre as transformaçþes actuais a nĂvel mundial, particularmente ~ ~ $
portuguesa; e o envolvimento desta em questĂľes de interesse pĂşblico, nomeadamente as polĂticas pĂşblicas e as novas formas de regulação, as relaçþes ~ participação dos cidadĂŁos e o sistema legal e a reforma da administração da Justiça. Preparar o futuro
Boaventura de Sousa Santos considera que â&#x20AC;&#x153;nas prĂłximas dĂŠcadas, as ci-
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Biblioteca Norte/Sul do Centro de Estudos Sociais
ĂŞncias sociais e humanas sivosâ&#x20AC;?, pelo que haverĂĄ a necessidade de repensar a universidade e o conheci ~ ~ * critĂŠrios de relevância social do saber. Na opiniĂŁo do sociĂłlogo, reconhecendo que â&#x20AC;&#x153;vivemos o presente com muita intensidade e cosmopolismoâ&#x20AC;?, ĂŠ necessĂĄrio â&#x20AC;&#x153;aprofundar a transdisciplinaridade, envolvendo cada vez mais as ciĂŞncias da vida e as ciĂŞncias da terra e desenvolver metodologias adequadas Ă articulação de escalas locais, nacionais, regionais e globais de anĂĄlise socialâ&#x20AC;?. No âmbito das novas ĂĄreas de investigação e
intervenção, Boaventura de Sousa Santos destaca um conjunto de vertentes relacionadas com novos riscos e polĂticas sociais; a reforma do Estado, do Direito e das organizaçþes internacionais; a reinvenção da economia; as novas mobilidades, interculturalidades e prĂĄticas educativas; as religiĂľes e a disputa do espaço pĂşblico; novas formas de colonialismo e de luta anti-colonial e os novos papĂŠis das artes e das culturas. â&#x20AC;&#x153;O CES prepara-se para o futuro vivendo intensamente o seu presente e partilhando-o com todos os que nos querem acompanharâ&#x20AC;?, explica o director da instituição.
Instituto de CiĂŞncias Nucleares Aplicadas Ă SaĂşde (ICNAS)
Investigação aliada Ă aplicação prĂĄtica Desenvolver a investigação cientĂfica, implementar novas tĂŠcnicas de investigação bĂĄsica e clĂnica, no âmbito das t e c n o l o g i a s nu c l e a r e s aplicadas Ă saĂşde e, simultaneamente, divulgar os avanços cientĂficos alcançados na sua ĂĄrea de intervenção, ĂŠ um dos principais objectivos do Instituto de CiĂŞncias Nucleares Aplicadas Ă SaĂşde (ICNAS), uma unidade orgânica de investig ação da Universidade de Coimbra (UC). Dirigido por Miguel de SĂĄ e Sousa CasteloBranco, professor auxiliar da Faculdade de Medicina da UC, o ICNAS ĂŠ uma unidade completa de Medicina Nuclear, da qual fazem parte uma clĂnica, devidamente equipada com equipamentos de exame e diagnĂłstico (gama câmaras e PET/ CT), e uma unidade de produção constituĂda por um laboratĂłrio de radiofarmĂĄcia e um ciclotrĂŁo. Localizado no PĂłlo
III (CiĂŞncias da SaĂşde) da UC, num edifĂcio de arquitectura moder na que foi construĂdo tendo em conta um conjunto de caracterĂsticas adequadas Ă actividade que ali se desenvolve, o ICNAS presta serviços especializados de SaĂşde, no domĂnio das aplicaçþes biomĂŠdicas das radiaçþes. No âmbito das suas vĂĄrias competĂŞncias, este instituto visa ainda a promoção da interdisciplinaridade, explorando as articulaçþes possĂveis entre as ĂĄreas cientĂficas envolvidas na sua actividade; e o desenvolvimento, ao nĂvel nacional e internacional, da cooperação entre as entidades de investigação, educação e prestação de cuidados de saĂşde nas ĂĄreas cientĂficas a que se dedica. Este ano ficou marcado pelo contributo do ICNAS para um momento pioneiro nas CiĂŞncias da SaĂşde em Portugal. O primeiro medicamento radiofarmacĂŞutico
de Estado do Ensino Superior. Todos foram unânimes em reconhecer o contributo do ICNAS para a inovação e investigação em Portugal e, ao mesmo tempo, o acto pioneiro que estava a acontecer. Contudo, este medicamento ĂŠ apenas o primeiro de muitos que estĂŁo a ser preparados (25) Os ministros Nuno Crato (Educação e CiĂŞncia) para futura entrada no mercado radiofar mae Paulo Macedo (SaĂşde) em visita c ĂŞ u t i c o, c o n f i r m a n d o Ă s instalaçþes do ICNAS o sucesso da investiga Â&#x152; % Â&#x201D; Â&#x161; Â&#x20AC; viço Nacional de SaĂşde, ção desenvolvida neste (Fluodesoxiglucose[18F] considerando que ac- instituto de Coimbra, UC), usado no estabele- tualmente toda a FDG dedicado Ă s CiĂŞncias da cimento do diagnĂłstico utilizada no nosso paĂs SaĂşde. > Â&#x152;%Â&#x201D;Â&#x161;Â&#x20AC; $ mĂŠdico em oncologia, ĂŠ importada da vizinha foi desenvolvido na Uni- Espanhaâ&#x20AC;?, disse, nesse apĂłs uma dĂŠcada de inversidade de Coimbra e dia, o vice-reitor para a vestigação desenvolvido obteve autorização de ĂĄrea da investigação da no ICNAS e, com produintrodução no mercado UC e director tĂŠcnico do ção suficiente para cobrir pelo INFARMED, tendo ICNAS Produção, Amil- as necessidades do mercado nacional, permitiu sido lançado no dia 03 de car FalcĂŁo. Fevereiro. Durante a cerimĂł- a Portugal deixar de ter â&#x20AC;&#x153;AlĂŠm de ser o pri- nia de apresentação do de importar de Espanha meiro medicamento de- Â&#x152;%Â&#x201D;Â&#x161;Â&#x20AC; ! este medicamento. Este senvolvido numa uni- Coimbra, estiveram pre- ĂŠ, sem dĂşvida, um bom versidade por tuguesa, sentes os ministros da e xe m p l o d o c o n h e c i representa ganhos sig- SaĂşde, da Educação e mento que se produz em nificativos para o Ser- CiĂŞncia e o secretĂĄrio Coimbra.
Graças a uma equipa empenhada de investigadores, a uma lid e r a n ç a p e r s e ve r a n t e e dinâmica, o ICNAS tem vindo a afirmar-se como uma referĂŞncia na investig ação cientĂfica nuclear, aplicada Ă SaĂşde. O produto lançado n o i n Ă c i o d e s t e a n o, desenvolvido na UC, ĂŠ apenas o primeiro de vĂĄrios outros medicamentos que, prevĂŞ-se, virĂŁo a ser apresentados dentro de trĂŞs a quatro anos, orientados para as ĂĄreas da Neurologia e Cardiologia. Em Fevereiro, quando esteve em Coimbra, referindo-se ao inĂcio da comercialização do novo rĂĄdio fĂĄrmaco, o ministro da Educação e CiĂŞncia, Nuno Crato, sublinhou â&#x20AC;&#x201C; e bem â&#x20AC;&#x201C; que â&#x20AC;&#x153;a ligação entre a investigação fundamental e a sua aplicação prĂĄtica ĂŠ uma via de sucesso, ĂŠ uma via para o desenvolvimento do paĂsâ&#x20AC;?. Ă&#x2030;, tambĂŠm, essa a via do ICNAS.
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ANIVERSĂ RIO / CONHECIMENTO 12 QUINTA-FEIRA
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DE ABRIL DE 2012 CAMPEĂ&#x192;O DAS PROVĂ?NCIAS
JoĂŁo Gabriel Silva, reitor da Universidade de Coimbra
Do saber ĂŠ que vem inovação e desenvolvimento â&#x20AC;&#x153;A Universidade de Coimbra tem mostrado a sua capacidade para produzir conhecimento com relevância para a sociedadeâ&#x20AC;?, assegura o reitor, JoĂŁo Gabriel Silva, numa conversa com o â&#x20AC;&#x153;CampeĂŁoâ&#x20AC;?, acrescentando, com ironia: â&#x20AC;&#x153;Agora que a Torre * ? @ < de pedraâ&#x20AC;?. Para o reitor, a Universidade tem feito bem a sua parte no que diz respeito
placas da auto-estrada de â&#x20AC;&#x153;Cidade-Museuâ&#x20AC;? para â&#x20AC;&#x153;Cidade do Conhecimentoâ&#x20AC;?, destacando que â&#x20AC;&#x153;saĂram directamente da Universidade boa parte das em
internacional que existem em Coimbraâ&#x20AC;?. O â&#x20AC;&#x153;exemplo mais visĂvelâ&#x20AC;?, para o primeiro responsĂĄvel da Universidade de Coimbra, ĂŠ o Instituto Pedro Nunes, que tem a melhor incubadora de empresas a nĂvel mundial, aliado ao facto de esta ins Â? $ das congĂŠneres portuguesas, estar a responder aos $ ! ! *
Â&#x17E;&
e estes tiveram uma Ăşnica Universidade durante sĂŠculos, de onde vinha o tal conhecimento, que era a Â&#x17E; Â&#x; Gabriel Silva. O reitor explica que a candidatura tambĂŠm tem a * ~ - existindo um conjunto arquitectĂłnico notĂĄvel, = W e os colĂŠgios da rua da ' ? @ isto, sĂł por si, nĂŁo seria suficiente. â&#x20AC;&#x153;Quando foi feita a submissĂŁo provisĂłria da versĂŁo preliminar da candidatura Ă UNESCO, o (26) comentĂĄrio essencial que JoĂŁo Gabriel Silva: â&#x20AC;&#x153;Quem quer construir alguma coisa tem de utilizar ! o conhecimento, porque este nĂŁo se faz por fotocĂłpiaâ&#x20AC;? imaterialâ&#x20AC;?, adianta. cĂŠpticos a importância de diz: o melhor portuguĂŞs versidade com particular â&#x20AC;&#x153;Estamos a falar da Coimbra, o reitor destaca fala-se em Coimbraâ&#x20AC;?, con- *Â&#x2DC;
- Universidade que ĂŠ o berque esta ĂŠ a Universidade sidera JoĂŁo Gabriel Silva, ~ ~ $ $ de todo o mundo onde hĂĄ destacando que esta Uni- abrange todo o mundo, com os documentos mais mais bolseiros (cerca de 1 versidade â&#x20AC;&#x153;ĂŠ uma referĂŞncia com imensos investigado- antigos que se conhecem 500) pagos pelo Governo res a serem distinguidosâ&#x20AC;?. em lĂngua portuguesa, an & Â? < $ - e totalmente reconhecida teriores atĂŠ Ă prĂłpria nativo e corresponde a algo em todos os cantos do PatrimĂłnio Mundial cionalidade, provenientes @ * - mundo, estando jĂĄ globalido Mosteiro do LorvĂŁo, Outro aspecto relevan- aqui ao lado, e depois do mar com intensidade, a um zada e tendo muitos estute prende-se com a candi- Mosteiro de Santa Cruzâ&#x20AC;?, aspecto central da candida- dantes estrangeirosâ&#x20AC;?. Contudo, nĂŁo ĂŠ a penas datura da Universidade de acrescenta. tura a PatrimĂłnio da Humanidade: A Universidade a questĂŁo da lĂngua que Coimbra a PatrimĂłnio da O reitor mostra-se con < sobressai, pois, conforme Humanidade. â&#x20AC;&#x153;Estamos a victo de que â&#x20AC;&#x153;aliado ao Â? - falar de algo que teve um valor arquitectĂłnico hĂĄ lĂngua portuguesaâ&#x20AC;?. â&#x20AC;&#x153;Foi aqui que a lĂngua * $ poder transformador do um valor imaterial enorBerço da lĂngua portuguesa foi estudada, ~ $ mundo, porque se olhar- me, ingredientes essenciais desenvolvida, caracterizada, de reconhecimento elevado mos para o globo estĂĄ com- para que a candidatura seja Prosseguindo no desa- e nĂŁo ĂŠ por acaso que hĂĄ em termos internacionais pletamente marcado pela aprovada, daqui a um ano
aquele saber popular que e, embora seja uma Uni- $ e meioâ&#x20AC;?. Interpelado sobre se o conhecimento universitĂĄrio ĂŠ sĂł teoria, JoĂŁo Gabriel Silva contrapĂľe: â&#x20AC;&#x153;A resposta que damos a isso sĂŁo as empresas criadas na Universidade, os contratos @ de todos os tipos, nos sĂtios mais diversosâ&#x20AC;?. â&#x20AC;&#x153;Essa ideia de que aqui ĂŠ sĂł teoria nem sequer corresponde a nada que seja actual e sĂŁo restos de ideias do passadoâ&#x20AC;?, sustenta, para acrescentar: â&#x20AC;&#x153;Ă&#x2030; interessan * @
esmagadora das empresas de tecnologia, ou de co + * @ tĂŞm surgido em Coimbra saiu quase na totalidade da Universidade e mostra que esse clichĂŠ nĂŁo corresponde Ă realidadeâ&#x20AC;?. Para JoĂŁo Gabriel Silva, reitor e professor da Faculdade de CiĂŞncias e Tecnologia, â&#x20AC;&#x153;nĂŁo hĂĄ prĂĄtica sem teoria e nĂŁo hĂĄ teoria sem prĂĄticaâ&#x20AC;?. â&#x20AC;&#x153;Teorias, sĂł por si, hĂĄ em algumas ĂĄreas, sĂŁo rigorosamente especulativas e fazem sentido, mas praticamente em todas as vertentes, mesmo nas ĂĄreas das humanidades, tĂŞm a ver com a realidadeâ&#x20AC;?, refere.
Quando uma instituição do Estado paga mais do que recebe....
Auto-estradas ou universidades? JoĂŁo Gabriel Silva ĂŠ claro e preciso no que pensa sobre o financiamento do ensino superior, particularmente pela Universidade de Coimbra, de que ĂŠ reitor. Compreende a ~ K K & â&#x20AC;&#x153;Portugal estĂĄ mal e toda a gente sabe, porque andĂĄmos a viver acima das nossas possibilidades, a gastar dinheiro onde nĂŁo devĂamos. Temos uma densidade de auto-estradas difĂcil de explicar, temos uma densidade de estĂĄdios de futebol difĂcil de explicar, temos < empresas de transporte difĂceis de explicar, etc. HabituĂĄmosnos demasiado a viver de dinheiro emprestado. Aquilo que neste momento as universidades estĂŁo a ! < & k
mento da Universidade de Coimbra ĂŠ proveniente de receita prĂłpria e temos feito -
*
W embora mesmo assim ela tem que ser relevante e nunca residual, porque aĂ seria uma Universidade diferente. E se todo o ensino superior fosse privatizado representaria um retrocesso social enorme. W
Estado, a que vimos sendo sujeitos, sĂŁo incomportĂĄveis e nĂłs, em dois anos, perdemos `{
to. Se todos os sectores do W * de despesa de 30 por cento, Portugal podia devolver a Troika Ă procedĂŞncia, porque ~ + < & Fiz umas contas, usando
~ K % ?$ > to e as contas sĂŁo simples: o Estado portuguĂŞs teria neste momento a trabalhar nĂŁo para } | = Â&#x2039; < tarĂamos a aproximarmo-nos de 05 por cento de superavit.
O Estado, o Governo, o paĂs, tem que decidir se entende que o ensino superior ĂŠ importante, ou nĂŁo. Se acha que ĂŠ um sector sem relevância, entĂŁo feche, que ĂŠ aquilo que acontecerĂĄ se se mantiverem cortes desta dimensĂŁo. Se ĂŠ importante, entĂŁo hĂĄ que, pelo menos, parar com os cortes, porque sĂŁo incomportĂĄveis e todas as universidades estĂŁo no absoluto limite da capacidade de funcionamento. W @ > mento para 2013 isso seja corrigido, atĂŠ porque no meu entendimento ĂŠ de facto nas universidades e no conheci * @ ~ & < um bom exemplo, porque se nĂłs olharmos para o tecido industrial na regiĂŁo, com as empresas com mais capaci K
ternacionalizadas e com mais * * @ @ todas elas saĂram directamente da Universidade.
Â&#x152; K ~ imaginar o que era Coimbra, neste momento, se nĂŁo existissem as empresas de + * Ădas da Universidade. Seria praticamente um deserto em termos econĂłmicos. Qual ĂŠ o outro sector do Estado que traz consigo esta promessa de desenvolvimento, esta capacidade de ajudar o desenvolvimento? NĂŁo ĂŠ seguramente por construir auto-estradas, TGVâ&#x20AC;&#x2122;s que o desenvolvimento vem. A prova estĂĄ feita, porque autoestradas nĂŁo nos faltam, mas
< @ que nĂłs conhecemos. Ă&#x2030; o conhecimento, porque desse conhecimento ĂŠ que vem a
* * internacional. Ă&#x2030; difĂcil compreender que um sector que tem esta capacidade esteja a ser muito mais mal tratado do que a maior parte dos outros sectores do Estado.
Os nĂşmeros
presas que saĂram directamente da Universidade, chegamos A Universidade de Coim- Ă conclusĂŁo que pagaram bra, neste momento, jĂĄ tem
@ ~*
- entre os 48 e os 63 milhĂľes de to tal que paga mais impostos euros. EntĂŁo, a Universidade do que aquilo que recebe do estĂĄ a gerar para o Estado Estado. Vamos receber, este bastante mais dinheiro do que ano, Ă volta de 68 milhĂľes de aquele que recebe. euros, considerando todas as Acho que num sector > com estas caracterĂsticas se dedo Estado, mas vamos pagar via, nĂŁo propriamente sujeitar directamente de impostos 48 a cortes, que quase impedem milhĂľes de euros. Isto inclui de funcionar, mas dar-lhe alo IVA, o IRS, a Caixa Geral gum ar porque isto se multipli %'W ca, porque se transforma em
' $ '
@ < desenvolvimento para o paĂs. notĂĄvel para quem recebe de @ transferĂŞncia directa 63 mi-
@ lhĂľes de euros. austeridade nĂŁo resolve nada â&#x20AC;&#x201C; Isto dĂĄ uma taxa de acerta-nos as contas, mas nĂŁo imposto brutal e nĂŁo hĂĄ ne- resolve o problema â&#x20AC;&#x201C; , sĂŁo em nhuma empresa que pague larga medida as universidades coisas desta ordem de gran- e o sector produtivo. Espero, deza e, deste ponto de vista, sinceramente, que o Governo tambĂŠm estamos muito bem perceba que nĂŁo ĂŠ razoĂĄvel ter tratados! o Metro de Lisboa e do Porto Se a isto acrescentarmos, a darem, no ano passado, Ă volnum cĂĄlculo muito por baixo, ta de 1 000 milhĂľes de euros os impostos pagos pelas em- de prejuĂzo, e ao mesmo tem-
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po todo o sistema de ensino superior portuguĂŞs a receber
que isso. Isto nĂŁo ĂŠ nenhum modelo de desenvolvimento para o paĂs, nem tem viabilidade. Ă&#x2030; irracional e tem de ser alterado. Os dĂŠfices dos metros de Lisboa e do Porto, que desenvolvimento representam para o paĂs? - SĂł representam despesa, sĂł custo, mais dĂvida para pagar. E isto ĂŠ particularmente amargo de dizer, em Coimbra, sabendo nĂłs o que aconteceu Ă linha da LousĂŁ:
ANIVERSĂ RIO / CONHECIMENTO
XIX
www.ca m p e a o p r o vin cia s.co m
nem metro, nem linha! Estå lå um caminho para cabras. Qualificação
HĂĄ tambĂŠm outros aspectos que devem se realçados quando se fala nas universidades. Ă&#x2030; verdade que a percentagem da população portuguesa que chega ao ensino superior ĂŠ muito mais do que era na altura do 25 de Abril de 1974, e anteriormente, e houve uma enorme evolução nessa matĂŠria, mas ainda continua a estar bastante abaixo daquilo que
sĂŁo os indicadores dos paĂses mais desenvolvidos, aos quais nos queremos aproximar. Portanto, nĂłs ainda nĂŁo atingimos e estamos longe de atingir uma percentagem da população com formação superior comparĂĄvel aos paĂses que nos servem de modelo. Com frequĂŞncia aparece na comunicação social algumas exclamaçþes de espanto pelo facto de haver pessoas com formação superior desempregadas, mas isso nĂŁo tem espanto nenhum, porque ĂŠ preciso perceber trĂŞs coisas.
Aquela ideia do canudo, que dava automaticamente direito a emprego, sĂł era vĂĄlido quando a percentagem da população que chegava ao ensino superior era tĂŁo pequena que era muito inferior Ă s necessidades e acabava, assim, sempre por arranjar emprego. Em segundo lugar, percentualmente, hĂĄ muito menos desempregados com formação superior do que aqueles que nĂŁo tĂŞm. Ainda por cima, quando possuem emprego, com formação superior, tĂŞm, com rarĂssimas excepçþes,
melhores salĂĄrios. Em terceiro lugar - e talvez o mais importante - ĂŠ que uma pessoa com formação K de para encontrar caminhos novos, para se reformatar, para seguir outras possibilidades que entretanto surjam, e nĂłs estamos num mundo cada vez mais dinâmico, onde as coisas mudam muito depressa. Ă&#x2030; preciso ter uma agilidade e um conhecimento que permita Ă s pessoas a capacidade para se adaptarem Ă mudança. A ideia que uma
pessoa entra, quando ĂŠ jovem, K a coser calças atĂŠ se reformar, jĂĄ nĂŁo corresponde Ă realidade. Mesmo em termos de saĂda do paĂs, as pessoas, a serem obrigadas a fazĂŞ-lo, se emigram com formação superior conseguem mais rapidamente ter uma situação pessoal, familiar estĂĄvel e confortĂĄvel. Se emigram sem formação arriscam-se a reeditar os bidonvilles (bairros de lata) da dĂŠcada de 60 e de 70. De modo que mesmo aĂ a vantagem ĂŠ evidente.
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FICHA TĂ&#x2030;CNICA TEXTOS Redacção do â&#x20AC;&#x153;CampeĂŁo das ProvĂnciasâ&#x20AC;? e JoĂŁo Pinho (investigador - coordenador) PUBLICIDADE Departamento Comercial do â&#x20AC;&#x153;CampeĂŁo das ProvĂnciasâ&#x20AC;?
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