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Movimento Humanizar a Saúde é apresentado em breve no Seminário Maior de Coimbra
Amedicina está progressivamente a afastar-se da sua forma tradicional, assente na participação e valorização humana, para se basear cada vez mais na tecnologia, argumentou um novo movimento cívico que quer humanizar os cuidados de saúde em Coimbra.
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Com apresentação pública agendada para a próxima quinta-feira (27), pelas 15h00, no Seminário Maior de Coimbra, o movimento Humanizar a Saúde alegou que “a humanização dos cuidados de saúde tem sido uma preocupação, desde sempre, mas a sua necessidade é agora sentida como ainda mais urgente”.
Essa urgência decorre da necessidade de uma “relação de confiança a estabelecer com a pessoa doente, através de uma eficaz capacidade de comunicação, de respeito, de empatia e de compaixão”, ou seja, exige-se “um contacto humano que, naturalmente, a tecnologia não pode disponibilizar”.
“A tecnologia é sem dúvida muito útil no diagnóstico e tratamento das patologias, mas não pode relegar para um segundo plano as ligações humanas fundamentais para o estabelecimento de uma boa relação com o doente”, acrescentou o novo movimento.
O grupo integra uma equipa de coordenação “constituída por personalidades de Coimbra prestigiadas na área da humanização em saúde”, onde se incluem o médico João Pedroso de Lima, especialista em Medicina Nuclear do Centro Hospitalar e Universitário (CHUC), o padre Nuno Santos, Reitor do Seminário Maior, a advogada Filomena Girão e a psicóloga Marcela Matos.
Integram ainda a coordenação do movimento Helena Albuquerque, presidente da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM - Coimbra), Teresa Pereira Monteiro, directora de formação da Fundação Bissaya Barreto e Joana Araújo, da Coimbra Colectiva.
O movimento Humanizar a Saúde em Coimbra anunciou já algumas iniciativas, nomeadamente a realização de palestras, seminários e formações, como uma formação dedicada a estudantes de medicina, de enfermagem e de técnicas de saúde e outra dedicada a alunos do ensino secundário.
A divulgação de casos de sucesso em humanização existentes em instituições de saúde da cidade, uma formação de âmbito genérico para promover a valorização do cuidar e da humanização em cuidados de saúde e a criação de uma Provedoria do Doente, que pretende “actuar através da análise e discussão de situações concretas” são outras das iniciativas previstas.
O novo movimento contará ainda com uma Assembleia de Colaboradores, a constituir por todos os que se revejam nos seus objectivos, desde voluntários individuais, instituições de saúde públicas e privadas, escolas, ordens profissionais ou associações de doentes, entre outros.
“A promoção da humanização dos cuidados de saúde pela sociedade civil será, portanto, também, um verdadeiro exercício de cidadania”, referiu o movimento Humanizar a Saúde em Coimbra.
As Jornadas “Vida saudável depois do cancro”, organizadas pelo Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro (NRC.LPCC) e Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), no âmbito do projecto europeu OACCUs – Outdoor Against Cancer Connects Us, contaram com a presença de quase duas centenas de participantes, numa iniciativa onde se desmistificou a doença evidenciando que é possível ter uma vida saudável após o cancro.
Jovens sobreviventes de cancro e familiares, profissionais de saúde, investigadores, psicólogos, nutricionistas e estudantes, marcaram presença no Auditório do Hospital Pediátrico de Coimbra, no passado sábado (15), local onde decorreram as Jornadas e se realizaram quatro mesas-redondas em alusão aos quatro pilares do projecto, sob as denominações: “Bem-estar psicológico”; “Nutrição e Cancro”; “Dar voz aos sobreviventes e cuidadores”; “Actividade física e cancro”. Além destas, teve, ainda, lugar a realização de dois workshops (um sobre práticas de mindfulness e outro de prática de exercício físico ao ar-livre) e um showcooking de alimentação saudável, além de um momento musical surpresa protagonizado por um sobrevivente de cancro e a sua banda.
Ao longo do dia, o painel de oradores e moderadores multidisciplinar procurou desmistificar as doenças oncológicas, sublinhando que o diagnóstico da doença não é uma “sentença de morte”. Aquando da realização das duas primeiras mesas-redondas - sobre o bem-estar psicológico e sobre a nutrição -, foram tratadas temáticas concernentes aos desafios de adaptação na sobrevivência ao cancro e frisado que a promoção do bem-estar psicológico na doença oncológica ajuda na diminuição do distress. Neste sentido, foram, ainda, revelados alguns dos mitos sobre a alimentação e cancro e sublinhada a alimentação recomendada para o sobrevivente de cancro.
Por sua vez, a terceira mesa-redonda - “Dar voz aos sobreviventes e cuidadores” - contou com o testemunho de quatro jovens sobreviventes de cancro e de dois cuidadores. Neste debate, foi promovida uma reflexão sobre os desafios e necessidades dos sobreviventes de cancro para uma vida saudável e integração na vida social e académica/laboral, análise suportada pelos testemunhos dos jovens que frisaram a importância de “ferramentas” como o desporto, a dança, música e introspecção pessoal, além do apoio de familiares e amigos, factor que se assume como suporte fundamental no processo de superação da doença. Manter as rotinas e “não ter medo de se ser egoísta pensando mais em si próprio” foram outros aspectos enaltecidos pelos intervenientes.
O evento encerrou com uma mesa-redonda dedicada à temática do exercício físico onde foi abordada a importância de uma actividade física regular na jornada do doente oncológico focando, assim, os seus benefícios.
Já nas considerações finais, o professor Vítor Rodrigues, presidente da Direção do Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, enalteceu a importância de “deixar o doente oncológico fazer a sua vida normal”, dirigindo uma palavra de apoio às associações intervenientes nesta área. “É importante a sinergia entre elas porque ninguém faz nada sozinho. É gratificante lembrar-me dos tempos em que tentávamos que as pessoas morressem da maneira «o menos difícil possível» e agora sabemos que há muito mais para além da Medicina no seu sentido mais restrito. Há, realmente, vida saudável depois do cancro, o que há 40 anos era muito difícil dizer às pessoas”, concluiu.
A Enfermeira Diretora do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, Áurea Andrade, sublinhou alguns números relevantes no contexto do cancro infantil. “Em 2020, mais de 15.500 crianças foram diagnosticadas com cancro na Europa e mais de 2.000 jovens morreram desta doença. O cancro infantil continua a ser a primeira causa de morte por doença em crianças com mais de um ano e adolescentes. Um em cada 350 adultos até aos 25 anos é sobrevivente de cancro e é para esse que vale a pena estarmos aqui hoje até porque, felizmente, o número de sobreviventes de cancro continua a aumentar, daí a importância de uma equipa multidisciplinar e respostas adequadas a estes jovens”, enalteceu.
O debate “Dar voz aos sobreviventes e cuidadores” já está disponível na íntegra através do link https://bit. ly/41CLKk4, mesa-redonda que foi moderada pela jornalista Sara Tainha, do projecto editorial “Tenho Cancro. E depois”, da SIC Notícias, que fez, igualmente, a cobertura integral do evento. Os restantes debates, bem como o registo fotográfico das Jornadas “Vida saudável depois do cancro” serão disponibilizados, oportunamente, nas redes sociais do NRC.LPCC e do CH.