Casamentos da Rainha Santa Isabel realizam-se em Julho
Coimbra vai realizar em Julho os Casamentos da Rainha Santa Isabel, padroeira da cidade, retomando uma tradição descontinuada há mais de 30 anos, numa iniciativa que envolve várias entidades da região.
A iniciativa prevê a realização de um máximo de sete casamentos católicos, que serão celebrados em Coimbra, em anos ímpares (para esta iniciativa não coincidir com a realização das procissões em louvor da padroeira da cidade), no domingo anterior ao feriado municipal e dia da Solenidade da Rainha Santa Isabel, 4 de Julho.
Esta é, também, uma forma de enriquecer o programa das celebrações no ano em que não se realizam as habituais procissões, estando assegurado que os casais, após a celebração do casamento, vão ser acolhidos pelas entidades organizadoras nos Claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, onde se realizará o corte dos bolos de casamento.
A organização encontra-se, ainda, a finalizar o regulamento que estabelece, entre outros detalhes, os critérios de selecção dos casais candidatos, bem como as vantagens e as obrigações dos seleccionados. Após a conferência de imprensa, a comissão executiva reuniu-se para estabelecer que as inscrições se encontram abertas desde hoje, dia 23 de Janeiro, e até ao dia 28 de Fevereiro, e, para
já, através do correio electrónico secretario@rainhasantaisabel.org.
Sabe-se já que os candidatos têm de estar em situação legal, que lhes permita, nos termos da lei, a realização do matrimónio católico; que necessitam de uma prova, a emitir pela Junta de Freguesia da área de residência, de que pelo menos um dos noivos tem residência permanente no concelho de Coimbra; e que devem assegurar a entrega dos documentos que sejam necessários para a realização do casamento católico, de acordo com a lei portuguesa vigente e as normas da Igreja Católica.
A selecção dos sete casais será realizada por uma comissão executiva, composta por representantes das cinco entidades que compõem a organização (José Vieira, pela Confraria Rainha Santa Isabel; Dora Santana, pelo Município de Coimbra; Carlos de Figueiredo, pela Turismo do Centro; José Madeira, pela AHRESP; e Filipe Carvalho, pela EHTC), que irá deliberar por maioria dos votos expressos, tendo o presidente da comissão direito a voto de qualidade. A entrevista será um dos critérios já definidos para a selecção dos sete casais candidatos.
Os casamentos da Rainha Santa Isabel aconteceram pela última vez em finais dos anos 70, no século XX. Eram destinados a casais com algumas dificuldades económicas, a quem eram oferecidos enxovais.
UC desenvolve projecto para a autorreparação de materiais metálicos
AUniversidade de Coimbra (UC) desenvolveu um projecto que visa contribuir para a autorreparação de materiais metálicos para aplicação em áreas como a aeroespacial, aeronáutica ou biomédica.
A instituição especificou que o projecto foi desenvolvido ao longo dos últimos quatro anos por uma equipa de investigadores do Departamento de Engenharia Mecânica da Faculdade de Ciências e Tecnologia.
Com a denominação “CrackFree - Para materiais metálicos autorreparáveis”, este trabalho, liderado por Ana Sofia Ramos, investigadora do Centro de Engenharia Mecânica, Materiais e Processos (CEMMPRE), centrou-se na elaboração de um sistema de autorreparação em materiais metálicos, de modo a diminuir os danos ocorridos por fadiga nesses materiais e a evitar o colapso de sistemas.
Ana Sofia Ramos lembrou que “a autorreparação em metais é complexa, tornando a sua investigação um desafio”, e que, “por isso, foi explorada uma nova abordagem para detetar (micro)fissuras em materiais metálicos”.
Segundo acrescentou, “este sistema é composto por um material matriz, nomeadamente liga aeronáutica de alumínio ou aço inoxidável austenítico, um sensor e um actuador”.
“Neste projecto, por forma a incorporar sensores e actuadores, a matriz metálica é produzida pelo processo aditivo de extrusão de material (MEX, na sigla inglesa), um processo desenvolvido desde a optimização de ‘feedstocks’ e produção de filamentos até à peça final. O sensor tem como elemento principal ligas com memória de forma, capazes de detectar a presença de fissuras. Por sua vez, o actuador tem como des-
taque multicamadas reactivas (MRs) depositadas por pulverização catódica (‘sputtering’), que são capazes de reagir de forma autopropagável libertando calor, de modo a fundir um material reparador com vista a impedir a propagação de fissuras e promovendo, assim, a ‘cicatrização’ dos componentes mecânicos”, explicou.
A liga aeronáutica de alumínio e o aço inoxidável austenítico foram usados para produzir provetes do material matriz utilizando a técnica MEX, de forma a permitir a introdução do sensor sob a forma de fio.
“O primeiro desafio consistiu na detecção de fissuras utilizando fios de ligas com memória de forma, nomeadamente fios de NiTi - Sensor. A transformação martensítica do NiTi induzida por tensão e a diferente resistência eléctrica da austenite, (fase mãe), e da martensite, são o cerne do sensor de fissuras”, descreveu ainda a equipa do projecto.
Paralelamente, outro dos objectivos do projeto “CrackFree” consistiu “na deposição de nanocamadas alternadas de metais que reagem exotermicamente entre si (MRs), sobre a superfície de fios de tungsténio – Atuador. Na etapa de reparação, recorreu-se ao carácter exotérmico das MRs. Após a detecção, o fecho
da fissura é promovido pela fusão de um material reparador por efeito do calor libertado. O material fundido ao fluir pode preencher a fissura ou pelo menos impedir a sua propagação. Para avaliar a estratégia de autorreparação proposta, foi estudada a propagação de fissuras em materiais metálicos com sensores incorporados, tanto numérica como experimentalmente”, referiu Ana Sofia Ramos.
De acordo com a equipa deste projecto, o uso deste sistema pode ser aplicado, por exemplo, em satélites, uma vez que a manutenção é extremamente difícil e realizada de forma remota, bem como em amortecedores de carros, componentes que sofrem maior colapso ao longo do tempo.
“O nosso estudo é o começo de uma longa caminhada com desafios reais a serem ultrapassados. Os mecanismos e princípios básicos da autorreparação em metais ainda são desconhecidos e os nossos resultados são claramente considerados uma mais-valia”, concluiu a equipa do projecto, constituída por oito investigadores do CEMMPRE.
O projecto “CrackFree” recebeu um financiamento na ordem dos 214 mil euros por parte da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).
Centro Cirúrgico de Coimbra com “Ao final da tarde”
OCentro Cirúrgico de Coimbra recebe, dia 27, pelas 17h00, José Leandro Campos, professor de engenharia mecânica, que vai juntar a energia, temperatura e piano numa só conversa.
Energia crescente a uma temperatura constante é possível? É a esta pergunta que se vai tentar responder, porque viver em harmonia com energia, temperatura, linguagem falada, ritmo e música pode parecer (à primeira vista) uma aventura em busca do Santo Graal.
José Leandro Campos antecipa que “esta é uma história que começa com o nosso bisavô peixe. Herdámos a sua herança, mesmo deixando cair as guelras e, hoje, apesar da nossa temperatura constante, ambicionamos uma energia crescente, com uma motivação incansável. Mas essa - a força anímica, ou, a
chama da alma - já não depende só de nós: depende dos outros, do nosso relacionamento, da linguagem falada, do ritmo e da música, em suma, da cultura e da religião”.
A termodinâmica e a música (piano) juntam-se assim nesta conversa informal, que abre o programa de 2023, das sessões “Ao final da tarde”, que têm vindo a decorrer no Centro Cirúrgico de Coimbra. Esta é uma iniciativa que pretende cruzar saberes, culturas e opiniões; em encontros que não têm dia, nem hora previstos, mas acontecem uma vez por mês e são justificados por um tema pertinente.
Neste encontro de janeiro, a conversa é moderada por António Travassos, médico oftalmologista, e Requicha Ferreira, físico e professor na FCTUC.
A entrada é livre e aberta ao público em geral.
Associação António Fragoso dinamiza Escola Municipal de Música em Cantanhede
ACâmara de Cantanhede aprovou o protocolo de parceria a celebrar com a Associação António Fragoso com vista à dinamização da Escola Municipal de Música.
A Associação compromete-se a desenvolver um “programa pedagógico de ensino da música muito ambicioso e de grande alcance cultural”, que dê continuidade ao trabalho efectuado no âmbito dos projectos da Escola Municipal de Música António Fragoso.
A Câmara Municipal, por seu lado, garante o apoio à Escola Municipal de Música António
Fragoso até final de 2023, período durante o qual o aluno poderá continuar a aprender música e a descobrir a sua vocação musical, sendo-lhe facultada uma ampla pluralidade instrumental, sob orientação de professores de reconhecido mérito.
O Município de Cantanhede assegura ainda a gratuidade do ensino a todos os alunos carenciados, em situação devidamente comprovada pelos serviços municipais competentes, numa lógica de promover a igualdade de oportunidades.
Do protocolo consta ainda a atribuição pela autarquia de um
subsídio de global de 7.500 euros à Associação António Fragoso, distribuído por três tranches.
Para a presidente do Município, Helena Teodósio, “a Associação António Fragoso tem, ao longo destes anos, demonstrado dinâmica e mérito na intervenção cultural e artística que desenvolve, sendo já reconhecida a nível nacional, daí que, numa lógica de rentabilização dos recursos existentes, se concretize esta parceria”.
Já o vice-presidente e responsável pelo pelouro da Cultura, Pedro Cardoso, elogia o “trabalho notável” da Associação na promoção do estudo e divulgação da vida e obra – musical e literária – do grande pianista António Fragoso, e explica que este protocolo “é a forma de dar continuidade ao trabalho de formação à iniciação musical e instrumental efectuado no âmbito dos projectos da Escola Municipal de Música António Fragoso, a um nível qualitativo mais exigente, com uma metodologia de ensino baseada num ensino teórico-prático, através do qual os alunos começam a tocar com os seus mestres e a dar concertos”.
FEUC retoma programa de celebração dos 50 anos
Na sequência da celebração dos seus 50 anos, no passado dia 2 de Dezembro, a Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) organiza, até 2 de Dezembro de 2023, um conjunto de iniciativas dirigidas a toda a comunidade académica, bem como ao público da cidade e às empresas e entidades que fazem parte da sua rede de parcerias.
Por um lado, destacam-se as iniciativas de carácter transversal que colocam em evidência o dinamismo das principais áreas de saber da FEUC, bem como o papel de relevo dos seus centros de investigação, com destaque para o Centre for Business and Economics Research (CeBER) e para o Centro de Estudos Sociais (CES). Aqui se incluem, entre outros, eventos internacionais organizados pelos centros de investigação, uma exposição fotográfica sobre o 25 de Abril (da autoria de Alfredo Cunha), o Brigth Future (dinamizado pelas 10 organizações de estudantes da FEUC), uma Partners Summit (organizada pelo Gabinete de Empregabilidade e Empresas da FEUC), ou ainda a conferência de encerramento das comemorações dos 50 anos
da FEUC (proferida por Boaventura de Sousa Santos, professor catedrático jubilado) e a apresentação do livro FEUC, 50 anos a construir o futuro.
Em paralelo, sob o lema “5 dimensões para 5 décadas” e com a mediação da associação cultural Gerador, a FEUC organiza ciclos de debate, em torno de conversas, livros, filmes, projectos e entrevistas. A este propósito, merece destaque uma primeira iniciativa presencial – uma conversa sobre “alterações climáticas e sustentabilidade” –, no dia 25 de Janeiro, pelas 17h00, na sala de leitura da biblioteca da FEUC. A convidada será a socióloga do ambiente Luísa Schmidt, que irá debater o
tema com Paula Duarte Lopes e Eduardo Barata, docentes da FEUC.
O director da FEUC, Álvaro Garrido, considera que o programa de comemorações é uma boa oportunidade para expressar valores estratégicos e reforçar dinâmicas: “A FEUC abre-se à cidade e oferece um vasto conjunto de iniciativas científicas e culturais que apelam à participação. A programação traduz um forte compromisso com os valores humanistas da Universidade de Coimbra e apela a um forte envolvimento da Faculdade, dos seus docentes e estudantes, com o debate e resolução dos grandes problemas do nosso tempo”.
Pescadores da Figueira da Foz receberam “autorização especial” para vender sável
A tutela explicou que, em 15 de Dezembro de 2022, por proposta da DGRM, “foi publicada a Portaria nº 296/2022, que estabelece os defesos para o Rio Lima, Ria de Aveiro e Rio Mondego, nos termos acordados com o sector”.
Na sequência da publicação referida, os pescadores da Figueira da Foz “vieram solicitar que fosse reconhecida excepcionalidade para as embarcações licenciadas para operar no mar serem autorizadas a descarregar capturas acidentais de sável, considerando a inevitabilidade das mesmas ao dirigirem a pesca a outras espécies”.
Os pescadores de zona costeira da Figueira da Foz receberam hoje uma “autorização especial” da tutela para poderem vender sável em lota.
“Estavam os barcos a chegar ao meio-dia e, cinco minutos depois, chegou à Docapesca uma autorização especial para podermos vender em lota”, afirmou Alexandre Carvalho, vice-presidente da FigPesca, uma associação do sector da pequena pesca.
Em causa, segundo Alexandre Carvalho, está a falta de um despacho que permita vender o sável capturado com outras espécies (prometido pela tutela em meados de Dezembro) durante um dos períodos de defeso da captura daquela espécie, que começou dia 1 e se estende até 16 de Fevereiro.
O ministério da Agricultura e da Alimentação confirmou que a Direcção Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), a quem cabia emitir o despacho, já concedeu a “necessária autorização específica” à venda do sável proveniente de capturas acidentais, reclamada pelos pescadores da Figueira da Foz.
“E está a ser finalizada uma portaria que visa solucionar esta questão em definitivo”, acrescentou a mesma fonte. “Neste momento, a situação está ultrapassada, estando os barcos autorizados a vender o sável em lota”, adiantou.
O ministério da Agricultura e da Alimentação disse ainda que numa reunião posterior da DGRM com a FigPesca, em que participaram, também, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e a Universidade de Évora, “foi reconhecida a necessidade de estabelecer um nível para capturas acidentais (inevitáveis), através de um sistema de gestão flexível, por despacho”, como defendido pela associação da Figueira da Foz.
De acordo com Alexandre Carvalho, ficou acordado nessa reunião que os pescadores da Figueira da Foz poderiam capturar uma tonelada e meia de sável no mar e vendê-lo em lota, mas o despacho, prometido para 1 de Janeiro “atrasou mais de três semanas”.
Apesar deste acordo com a tutela, a FigPesca contesta aquele limite, argumentando que “desde sempre” houve períodos de defeso no rio Mondego – o sável é um peixe migratório que sobe o rio, no Inverno e Primavera e cuja população está em declínio –“mas não no mar”.
“Uma tonelada e meia para 25 barcos dá para dois ou três dias”, frisou Alexandre Carvalho, argumentando que nos últimos dez anos “nunca houve qualquer defeso no mar”.
“E os pescadores têm limitado as capturas de sável no mar e deixaram de pescar ao fim de semana”, garantiu.
Festival Bons Sons adiado para 2024
A 12.ª edição do festival Bons Sons, - que deveria acontecer este ano -, foi adiada para Agosto de 2024. Em causa estão as obras de requalificação do Largo do Rossio e do centro de Cem Soldos, em Tomar, área ocupada pelo recinto do certame. Em comunicado, a organização do festival admite que este “adiamento não deixa de ser triste”, mas que “acontece devido às melhores razões”, tendo em conta as obras já há muito esperadas.
“Esta requalificação, desenvolvida pelo Município de Tomar, com duração estimada até ao Verão
deste ano, significa o aumento da qualidade de vida das pessoas que habitam e que visitam a aldeia, melhorias nas infraestruturas, no saneamento básico e drenagem de águas, na pavimentação de vias e áreas de lazer, na iluminação/electricidade, no mobiliário urbano, na circulação das pessoas e dos automóveis e na organização do estacionamento”, explica a organização do evento.
A intervenção torna difícil a realização do certame, o que justifica o seu adiamento para o próximo ano. Ainda de acordo com a organização do certame, a 12.ª edição do Bons Sons será “preparada desde já, com o tempo necessário para repensar o
festival e adaptá-lo ao novo recinto que surgirá entre o casario da aldeia”.
A preparação, levada a cabo pelo Sport Club Operário de Cem Soldos (SCOCS), terá a duração de cerca de um ano e meio e “pretende envolver parceiros, apoios, comunidade de Cem Soldos e comunidade Bons Sons em geral, mantendo o vínculo através de acções pontuais, a preparar e anunciar a seu tempo”.
Bons Sons é um festival de música portuguesa, realizado anualmente na aldeia de Cem Soldos, no concelho de Tomar. O evento estava marcado para dia 15 de Agosto deste ano e foi, agora, adiado para Agosto de 2024.
Notícias do Ginásio Figueirense
Secção de futebol promove sessão de formação
A Secção de Futebol promove hoje, com início às 19h00, uma Sessão de Formação Contínua de Treinadores “OS DESAFIOS DO TREINADOR DA FORMAÇÃO AOS SÉNIORES” na qual estão inscritos cerca de 40 técnicos de vários pontos do País.
tual, em suporte de papel, podendo ser consultados na Secretaria do Clube, Arquivo Histórico e Biblioteca Municipal.
CAMPEONATOS DO CENTRO DE BASQUETEBOL SUB-16 E SUB-14 APURADOS PARA AS FINAIS FOUR
Três vitórias fora no fim-de-semana, com as equipas de sub-16 e sub-14 a derrotarem o Guarda UP (108-54 e 74-40, respectivamente), apurando-se para as finais Four destinadas a apurar os Campeões destas categorias.
No Campeonato Nacional da 1.ª Divisão, a equipa do Casino Ginásio deslocou-se ao Porto para vencer o F. C. Porto - sub-13 por 85-68.
OITO JOVENS GINASISTAS NAS SELECÇÕES DISTRITAIS DE BASQUETEBOL
Mais uma iniciativa desta Secção que continua a distinguir-se pelo intenso trabalho de formação a nível desportivo, ético e social, para o qual dispõe duma equipa técnica e de um corpo clínico que acompanham de forma permanente o bem-estar físico, psicológico e mental dos jovens atletas.
Característica que faz a diferença relativamente à grande maioria dos congéneres e é promovida, coordenada e orientada pelo director da Secção, professor Pedro Simões.
EDITADO O ÁLBUM DAS NOTÍCIAS SEMANAIS DO 2.º SEMESTRE DE 2022
Já se encontra acessível o Álbum das Notícias do 2.º semestre de 2022, incluindo todas as informações enviadas semanalmente (segunda-feira) a um conjunto de 59 Órgãos de Comunicação Social de todo o País.
Uma iniciativa datada de 2005, desde sempre assegurada sem qualquer falha - há 910 semanas - por Joaquim de Sousa, coordenador do Gabinete de Comunicação e Imagem do Ginásio.
O Álbum agora editado é o nº 33 - semanas 889 a 910 - estando incluídos neste número duas edições anuais e 31 semestrais.
Está também acessível, conforme vem sendo habi-
Duarte Gomes (1), Francisco Azenha (2), Gabriel Sousa (3), Manuel Silva (4) e Tomás Fidalgo (5) (sub16), Gustavo Lima (6), Luís Figueiredo (7) e Tiago Conceição (8) (Sub-14) são os oito jovens atletas do Ginásio convocados, num total de 30, para os treinos das Selecções Distritais destas categorias, os quais terão lugar hoje, dia 23, no Pavilhão de Montemor-o-Velho.
Em 21 de Fevereiro, a Selecção de Sub-16 participa no Torneio de Carnaval promovido pela Associação de Basquetebol de Coimbra.
BREVES
COIMBRA B POR 4-2.
CALENDÁRIO
BASQUETEBOL
25 JAN. - PAV. GALAMBA MARQUES - 21.30 - X CAMP. NAC. 1ª DIV - C ASINO GINÁSIO / CELESTINO GOMES BASKET 29 JAN. - COIMBRA - PAV. MÁRIO MEXIA - 11H00 - CAMP. CENTRO SUB-14 - ACADÉMICA / GINÁSIO
REMO 28 E 29 JAN - CAMPEONATO NACIONAL REMO INDOOR - VIANA DO CASTELO TÉNIS DE MESA 28 JAN - ALHADAS -| TORNEIO QUADRANGULAR “TAÇA ANIVERSÁRIO” SBU ALHADENSE
Montenegro considera que o Governo está a roubar a saúde aos doentes
Montenegro, durante a visita à Fundação ADFP e o Hospital Compaixão, afirmou “estão a roubar literalmente as oportunidades a muitas pessoas, que podiam estar hoje a ter consultas, a ter exames, a ter cirurgias, e que não estão a ter essa resposta. “
Para o líder do PSD é “assustador” ver o Hospital “fechado “ tendo afirmado: ”numa altura em que sabemos que vários cidadãos nossos ficam horas e horas à espera de consultas de urgência, muitas vezes que até se confrontam com serviços fechados, terem um equipamento destes disponível enfim, é assustador, é mesmo assustador, é a palavra que mais me ocorre.”
“É uma obra com muito mérito. Estou impressionado com esta dimensão, diversidade. É de louvar todo este trabalho, de grande responsabilidade, porque se tratam de vidas. Para além disso, podemos concluir que estamos perante um grande empregador.” Foi assim que Luís Montenegro iniciou o seu destaque e felicitação pelo trabalho desenvolvido pela Fundação
Após visitar as áreas dedicadas a pessoas idosas, crianças, jovens, mulheres grávidas, pessoas com deficiência ou doença mental, o líder do PSD finalizou esta visita à Fundação, no Hospital Compaixão, construído e equipado para melhorar a saúde de proximidade no Pinhal Interior, mas que, segundo Montenegro, tem sido ostracizado consecutivamente pelo Governo de António Costa, e pelo Ministério da Saúde.
“É cada vez mais importante que o estado colabore com as instituições que estão alocadas ao serviço social corresponde ao espírito da economia social. É e seria fundamental, mas esta situação com que nos deparamos é absolutamente escandalosa.
Se estão aqui investidos muitos milhões de euros, que não são de dinheiro público, são da Fundação, se é um serviço que tem tudo para estar ao serviço das pessoas é, e repito novamente, absolutamente incompreensível a falta de resposta do Ministério, a ausência total de visita ao Hospital, é uma total falta de vontade em colaboração, e parece-me uma questão de embirração ou politiquice.”, destacou logo após a visita ao Hospital.
“Com todos os problemas que nós enfrentamos a no sistema nacional de saúde, a falta de resposta que o SNS tem, e as necessidades dos portugueses, juntamente ao afastamento que com que muitas vezes as pessoas sentem face a essa falta de resposta de saúde nas localidades onde vivem ver uma infra-estrutura destas, com todo
o equipamento, com todos os apetrechos que são necessários para colaborar no serviço público, aos cidadãos que tanto precisam de cuidados de saúde, é incompreensível que não haja nenhuma capacidade do Ministério da Saúde, ou da Administração Regional de Saúde do Centro, em estabelecer uma contratualização com esta Fundação, e colocar este Hospital ao serviço desta comunidade.”, salientou ainda.
Luís Montenegro acrescentou também que faz, a partir da sua visita a Miranda do Corvo e à Fundação ADFP “(..)um apelo mesmo muito mesmo veemente a todos os responsáveis políticos, e que têm hoje o poder de governar, e o poder de decidir, não deixem escapar muito mais tempo, porque estão a roubar literalmente as oportunidades a muitas pessoas, que podiam estar hoje a ter consultas, a ter exames, a ter cirurgias, e que não estão a ter essa resposta.
Numa altura em que nós sabemos que as listas de espera continuam em níveis elevadíssimos, numa altura em que sabemos que vários cidadãos nossos ficam horas e horas à espera de consultas de urgência, muitas vezes que até se confrontam com serviços fechados, terem um equipamento destes disponível enfim, é assustador, é mesmo assustador, é a palavra que mais me ocorre, é impressionante não haver flexibilidade até mental para poder encontrar uma situação para isto.”, finalizou.
Portugal e Espanha juntos na defesa do Montado e Dehesas (homólogo do Montado em Espanha)
AUniversidade de Évora integra, através do MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento o Projeto LIFE Scrubsnet “Regeneration and improvement of dehesas through the appropriate management of scrubland/shrub areas” que pretende explorar o potencial da gestão dos matos como forma de regenerar e melhorar o Montado e Dehesas (homólogo do Montado em Espanha).
Nesse sentido e como o solo é a base de todo o sistema, os investigadores do MED que integram a equipa do projeto pela Universidade de Évora, única entidade portuguesa envolvido neste projeto, deram início aos trabalhos através de um olhar atento às condições do solo.
O trabalho começou com a recolha de amostras de solo nas duas propriedades integradas no projeto e que serão alvo de intervenção: Terra das Freiras e Grupo de São Mateus, ambas localizadas no Sítio de Importância Comunitária (SIC) de Monfurado, da Rede Natura 2000, em Montemor-o-Novo.
“A maioria dos solos no Alentejo é ácida e apresenta uma alta toxicidade por manganês, resultando num solo pouco propício para o crescimento de diversas plantas. Assim,
uma das soluções em análise é a aplicação de calcário dolomítico, considerada como a técnica mais eficiente para correção de acidez nos solos.
Comprovada a elevada acidez dos solos recolhidos, através de análises laboratoriais (componentes física e química), fez-se a aplicação do calcário dolomítico no solo das duas herdades” explicam os investigadores da academia alentejana. Espera-se que na próxima primavera já se consigam observar os primeiros resultados desta ação.
Na página oficial do projeto, sublinha-se a importância destas áreas referindo que “grande parte da biodiversidade da Europa está intimamente ligada a práticas agrícolas tradicionais e extensivas”. Aqui, frisa-se que “os ecossistemas agrícolas representam 38% da área total da rede Natura 2000, a maior parte da qual foi moldada por sistemas agrícolas extensivos.
Um bom exemplo deste tipo de habitat são as Dehesas/Montados (habitats 6310, 9330, 9430), a sudoeste da Península Ibérica (cerca de 4 milhões de hectares em Espanha e Portugal), mas também presentes em Itália. O seu estado de conservação tem sido repetidamente diagnosticado como desfavorável, sobretudo devido aos efeitos da intensificação
da pecuária que se manifesta nas suas florestas envelhecidas”
Desta forma, “as práticas de gestão intensiva têm consequências profundas nos processos ecológicos que garantem a persistência do habitat a longo prazo, impedem a regeneração das árvores e esgotam a função do solo. Além disso, fatores adicionais estão comprometendo a sobrevivência da floresta, incluindo a disseminação de patógenos exóticos, aumento da seca, etc. Juntas, essas ameaças representam um desafio para o manejo desses sistemas que podem resultar em dramáticas consequências sociais, econômicas, paisagísticas e de biodiversidade”.
O Projeto LIFE Scrubsnet (LIFE20 NAT/ES/000978) é cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia. Mais informações em https://lifescrubsnet.eu/
Município de Cantanhede conclui limpeza de ribeiras e valas
OMunicípio de Cantanhede deu por concluídos os trabalhos de limpeza e controlo de espécies invasoras existentes nos leitos e margens de ribeiras e valas do concelho.
A intervenção centrou-se nas ribeiras da Varziela e da Corujeira e nas valas da Veia e dos Moinhos, e consistiu no corte selectivo e poda de formação de vegetação arbórea e arbustiva autóctone existente e a remoção de troncos do leito, na contenção de elementos da vegetação exótica invasora no leito e margens e na consolidação e renaturalização das margens e melhoria de habitats através de estacaria viva de espécies autóctones da região, entrançado vivo, faxinas vivas e enrocamento vivo.
Os trabalhos incidiram nos 10 metros de margens do domínio hídrico, num total de 27,5 Km e
representam uma medida de valorização ambiental das linhas de água do concelho de Cantanhede, assente numa estratégia de desenvolvimento sustentável, através da implementação de soluções de reabilitação fluvial.
Desta forma, evita-se a proliferação das espécies invasoras e a ameaça que constituem aos ecossistemas, habitats e à biodiversidade, conforme previsto na Estratégia Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade 2030.
Recorde-se que estas intervenções reflectem um investimento de 120 mil euros, comparticipado pelo Fundo Ambiental, nos termos da aprovação da candidatura elaborada para o efeito pelo Gabinete Técnico Florestal da autarquia cantanhedense.
Advogado de Coimbra julgado por 555 falsificações para clientes escaparem a multas
Um advogado com escritórios em Coimbra e Pombal começa a ser julgado na quarta-feira por 555 crimes de falsificação e é suspeito de “ludibriar” o sistema para os clientes escaparem a coimas por infracções do Código da Estrada.
O advogado, de 40 anos e residente em Coimbra, é suspeito de praticar 555 crimes de falsificação, a maioria dos quais a tentar evitar a cobrança de multas a empresas, às quais cobrava “pelo menos” 50 euros pelo serviço, referiu o Ministério Público na acusação.
Nessa acusação, é explicado que, quando se regista uma contra-ordenação sem identificação do autor da infracção, é levantado um auto de contra-ordenação ao dono do veículo, que é notificado para confirmar a identificação do condutor.
Caso seja indicada uma pessoa distinta, é criado um novo processo contra-ordenacional contra o condutor identificado.
Segundo o Ministério Público (MP), o advogado agora acusado pedia aos seus clientes para lhe entregarem o auto de contra-ordenação e preenchia o documento de identificação do condutor, a indicar-se a ele próprio como o condutor infractor em todas as 555 situações apuradas neste processo.
“Conforme o plano por si gizado, ciente e aproveitando-se, designadamente, do volume e regras de tramitação dos autos de contra-ordenação na ANSR [Auto-
ridade Nacional de Segurança Rodoviária], o arguido conseguia, assim, eximir de responsabilidade os seus clientes como a si próprio”, realçou o MP.
Para além de a sua actuação obrigar a criar um novo procedimento contra-ordenacional, o arguido procurava utilizar todos os meios legais disponíveis para garantir a prescrição dos processos.
Face à sua conduta, aquele advogado era procurado por “inúmeros clientes”, a maioria empresas, sempre que lhes era levantado um auto de contra-ordenação previsto no Código da Estrada, em que o condutor não estivesse identificado.
A directora da Unidade de Fiscalização de Trânsito e Contra-ordenações, Anabela Arraiolos e Silva, que foi inquirida no âmbito do processo, realçou que dão entrada anualmente 1,2 milhões de autos na ANSR, que contava com apenas oito juristas e uma prestação de serviços com a Universidade Católica para análise de processos.
“A falta de meios humanos com competência decisória, atento o volume de trabalho, conduziu à prescrição de processos”, é referido, sublinhando que apenas em 2019, no âmbito da regularização de trabalhadores com vínculo precário na administração pública, 26 trabalhadores da Católica viram o seu vínculo precário reconhecido e integraram os quadros da ANSR, mas que tal número “é manifestamente insuficiente face ao volume de processos que requerem instrução”.
“Mais esclareceu que a ANSR não possui qualquer sector de análise que se debruce sobre a incidência de infractores em concreto e que a distribuição dos processos no sistema SIGA é feita aleatoriamente pelos juristas da ANSR, com excepção de listagens de processos em vias de prescrição”, referiu o Ministério Público.
A directora da UFTC sublinhou ainda, no âmbito do inquérito, que os infractores, tendo conhecimento desses mesmos constrangimentos, “apresentam, numa grande percentagem de tramitações, inúmeros requerimentos, designadamente de prova, com vista à dilação do tempo da tramitação processual e consequente arquivamento por prescrição”.
O julgamento começa no Tribunal de Coimbra, na quarta-feira, às 09h30.
Consignação da ETAR de Cantanhede avança
Águas do Centro Litoral consigna empreitada de aproximadamente nove milhões de euros, que irá recolher os efluentes do município de Cantanhede.
A Águas do Centro Litoral (AdCL), realiza amanhã, terça-feira, 24 de Janeiro de 2023, pelas 14h30, a consignação da Empreitada de Conceção-Construção da ETAR de Cantanhede, uma obra co-financiada pelo POSEUR - Programa
Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos, ao consórcio “Espina & Delfin/ Factor Ambiente”, estando a fiscalização dos trabalhos a cargo da empresa RIOBOCOServiços Gerais, Engenharia e Manutenção, S.A.
Uma obra complementar a outra já em curso, que visam resolver o saneamento nos concelhos de Mira e Cantanhede, representando um investimento total de 12,8 mi-
lhões de euros.
A cerimónia simbólica decorrerá na sede da Empresa, na ETA da Boavista, e conta com o Conselho de Administração da AdCL e dos presidentes de Câmara de Cantanhede e de Mira.
Além da ETAR, a AdCL já tem em curso a Empreitada de aumento da capacidade das infra-estruturas, que representa um valor de 3,7 milhões de euros, cofinanciado pelo POSEUR.
Segurança de bar em Coimbra é julgado por tentativa de homicídio
Um homem que era segurança do bar Mandarim, em Coimbra, começa a ser julgado na terça-feira, por um crime de tentativa de homicídio, na madrugada de 19 de Fevereiro de 2022.
No processo que vai ser julgado no Tribunal de Coimbra, são também arguidos o seu filho, de 18 anos, e um amigo deste, de 22 anos, que terão começado os desentendimentos com dois homens na zona da Praça da República, onde funciona o Mandarim, bar fechado pelo Ministério da Administração Interna desde Novembro.
Apenas o segurança de 34 anos, que está preso preventivamente em Aveiro, é acusado do crime de homicídio qualificado na forma tentada, sendo também suspeito de dois crimes de ofensa à integridade física qualificada e um crime de detenção de arma proibida, refere a acusação.
Segundo o Ministério Público, por volta das 5h00, a 19 de Fevereiro de 2022, dois homens estavam na Praça da República, junto à caixa de multibanco ali existente, quando passaram por estes o filho do segurança e o seu amigo, que esbarraram contra uma das vítimas, tendo-
-se gerado uma altercação.
O jovem ameaçou que ia chamar o pai, que era segurança do Mandarim, e deu um murro no peito numa das vítimas, que conseguiu agarrar o arguido e provocar-lhe uma queda.
Imediatamente a seguir, surge o pai do jovem, segurança naquele bar situado na Praça da República, que terá dado “uma forte pancada na cabeça” da vítima, atirando-o para o chão, refere o Ministério Público (MP).
De acordo com o MP, o segurança e o amigo do seu filho terão desferido vários murros (com recurso a uma soqueira) e pontapés na vítima caída no chão, que a determinado momento consegue libertar-se e fugir com o seu amigo.
Os dois fogem apeados até ao café Atenas, enquanto os três arguidos seguem num
carro para tentar alcançar as vítimas, acabando por parar junto àquele café.
As vítimas decidem correr em direcção à Cruz de Celas, mas um deles acaba por tropeçar e cair no chão, sendo alcançado pelos três arguidos, conta o MP.
O Ministério Público alega que os três terão dado murros e pontapés na vítima e que o segurança, munido de uma navalha, terá dado um golpe no abdómen e outro na face do homem, que, face aos ferimentos, esteve 30 dias de baixa.
O filho do segurança é acusado de um crime de ofensa à integridade física qualificada e o seu amigo de dois crimes de ofensa à integridade física qualificada.
O julgamento começa na terça-feira, às 14h00, no Tribunal de Coimbra.
O curador, o apagão e a exposição “Primavera Estudantil”
No Convento de S. Francisco, em Coimbra, uma grande e anunciada exposição sobre as lutas estudantis, da Crise de 1962 ao 25 de Abril de 1974. O nome, “Primavera Estudantil”. Para a velha tribo de estudantes que viveram essa época, o assunto ainda bate no coração, já que as recordações mais importantes de uma vida são as últimas a morrer. À entrada, um cartaz com um grafismo moderno e apelativo. E, passado o “hall”, a exposição a alargar-se numa longa ala bifurcada em salas laterais, com documentos, fotos e textos, mais de 62 e de Lisboa, saltando 64 e 65, continuando na Crise de 69, em Coimbra. Documentos e fotos novas ou já vistas, e o arrancar da luta, com o painel do “Peço a palavra” do Alberto Martins na inauguração do edifício das Matemáticas, a 17 de Abril, mais as legendas explicativas. Na parede, duas filas de fotografias a ilustrar: o presidente-múmia Thomaz, estudantes e cartazes em frente às Matemáticas, o Presidente da AAC de pé, no meio da sala, as silhuetas dos GNR nas escadas monumentais, estudantes em assembleias, e … círculos pintados à volta de buracos de bala nas paredes da Associação Académica. Espanto. Balas em 69?... Mas não houve tiros nem balas em 69! Como surge aquela fotografia ali? Engano? Uma tentativa de sublinhar a violência policial de 69, mais contida que nos anos 70 devido à “Primavera Marcelista”? Pois se única manifestação reprimida a tiro foi a 9 Maio de 70 (dezenas de disparos reais, à altura da cabeça), em que Fernando Seiça, atingido à queima-roupa, esteve às portas da morte e perdeu o baço e o rim… Talvez a organização não saiba e baralhe tudo…. Nada de grave, deve haver outras referências aos anos 70, à frente.
Mais documentos e os célebres desenhos da Crise, alguns, dos melhores, de Carlos Santarém, o culto e bom “Menino” da República dos Cágados, falecido há poucos dias, uma implícita homenagem que traz de volta o humor e brilho da sua inteligência.
A seguir, notas biográficas com fotos e colunas de texto, salientando, justamente, três dos mais prestigiados dirigentes estudantis de 69: Alberto Martins, Celso Cruzeiro e Fernanda da Bernarda. Nesta última, um estranho “pormenor” referindo o facto de pertencer ao Partido Comunista mas ter discussões com Barros Moura e ter descoberto, depois, que também ele era do PC, mantendo, contudo as divergências. Estranho, além do mais, porque de Barros Moura e Carlos Batista, dois dos principais dirigentes estudantis de 69 (castigados por terem discursado depois do presidente Thomaz e comitiva terem debandado da sala), nada! Nem fotografias, nem textos, nem o mais pequeno destaque. O apagamento total. Enfim, lá volta o velho “esquecimento”… Depois, o fim da galeria onde, para além de um esquema da miríade de organizações “ML” (mais lisboetas que coimbrãs), e da foto de Ribeiro do Santos, militante do MRPP, assassinado pela PIDE em Lisboa, surge uma curta nota sobre as sequelas da Crise de 69, que fala… da Crise de 69. Quanto aos anos 70, 71, 72 (para falar só dos mais agitados), zero! Depois de 69, o vazio…
O vazio...
Da manifestação dos tiros em 9 de Maio de 70, nada! Das Assembleias Magnas (com milhares de estudantes), nada! Das greves às aulas, nada! Do inquérito judicial e da não homologação da Direcção de 70, nada! Do cerco e encerramento da AAC, em 71, nada! Das cargas da polícia dentro das Faculdades (nunca antes acontecidas), nada! Da prisão de meia centena de estudantes pela PIDE, em Caxias, nada! (em 69, devido à demagogia da “primavera marcelista”, as prisões foram feias pela PJ). Dos que sofreram tortura do sono e da estátua, nada! Da tentativa de suicídio de um deles, em Caxias, (acabando tragicamente por concretizá-
-la anos depois,), nada! De ter ficado em coma mais de uma semana, por atraso de evacuação pela PIDE, nada! Do julgamento de sete dirigentes, em Janeiro de 72, no Tribunal Plenário (político) do Porto, nada! Das acções de protesto e solidariedade da Comissão de Socorro aos Presos Políticos, nada! Da mais de uma centena de intelectuais, professores e estudantes que aí testemunharam em favor dos acusados, nada! Do livro “Estudantes de Coimbra em Plenário”, editado na altura, nada! Talvez a organização da exposição pudesse ter a visão, desse início dos anos 70, condicionada pela “narrativa oficial” dos dirigentes de 69 ligados à tendência “CR” (de “Conselho das Repúblicas”), ignorando todas as outras e o que aconteceu a seguir.
Telefonema ao curador da “Primavera Estudantil” para esclarecer o injustificado “apagão”, pensando ir ao encontro do seu próprio interesse, pela reconhecida costela de historiador e estudioso. Mas, em vez do “ai sim? Não sabia… Muito interessante. Gostava de saber mais sobre o que aconteceu. Afinal, é sempre importante ouvir quem viveu tudo ao vivo, conhecer melhor o que se passou…”, chegou um, “sim, sei isso, nessa altura estava ainda a nascer mas estudei bem essa época, e sabe, a exposição veio já de Lisboa centrada em 62, eu acrescentei um pouco mais à parte de Coimbra. Mas não é a maior exposição sobre as lutas estudantis?…” Protesto e revolta. Afinal o principal responsável da “Primavera Estudantil” conhece o acontecido nesses primeiros anos de 70 e decidiu apagar todo esse período especialmente duro para a academia, com tiros, greves, espancamentos, assembleias, prisões e tortura, sem dele fazer uma única referência? Os “vinte meses de inferno”, que deram título ao livro póstumo do reitor Gouveia Monteiro, varridos da história das lutas estudantis sem deixar rasto? Como era possível?
Desculpas...
Vieram os argumentos e as contradições: “não tinha espaço”, ´”não posso pôr tudo”, “só para isso era necessário outra exposição”, “reconheço que esse período tem ficado mais esquecido e é pouco falado para as gerações mais novas”, “e a morte de Ribeiro dos Santos, em Lisboa, não foi importante?...”
“Foi. Mas, e o que passou em Coimbra? “Então, como era preciso mais espaço, apaga-se tudo e nem uma linha? Conhece os factos e achou-os sem relevo suficiente?…Não se pode compreender! Então sabe o que se passou e coloca os tiros de Maio de 70, em 69?...”
A resposta a azedar: “Assim, talvez não valha a pena falarmos. Conheço o registo!...”. “Qual registo?”. Adivinha-se o preconceito, provavelmente contaminado por uma pitada de sectarismo político, mas faz-se mais uma tentativa: “Trata-se de factos que aconteceram! Manifestações, greves, o cerco e encerramento da AAC pela polícia, prisões em Caxias, a tortura, o julgamento, custou muito a muita gente e apaga-se tudo, porquê? Por não ter sido em 69?...”
Inútil. Na tão anunciada exposição sobre as lutas estudantis entre 62 a 74, nada disso existiu. O apagão, já antes presente na “clássica” narrativa da crise de 69 que a dá como acabada nas vésperas da manifestação dos tiros, continua. Se na altura contassem isso, não se acreditaria.
Talvez o dolo tenha vindo de trás, na confusão do fim da crise de 69 com o fim do domínio da tendência “CR” (Conselho das Repúblicas). Mas o historiador falhou, a isenção falhou, e o apagamento dos factos para as novas gerações agravou-se com a sua contribuição. Era tão grande que não havia espaço… Se, como é ali afirmado, a lista de todos os estudantes presos de 62 a 74 é uma forma de homenagear a luta estudantil, no que se refere aos dos anos 70, era melhor descrever o que fizeram e o que sofreram…
(*) Membro eleito da Direcção da AAC de 70 e de 71, preso em Caxias e julgado no Tribunal Plenário do Porto