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UC recebe 8.º Encontro Nacional pela Justiça Climática
Entre esta sexta-feira (10) e sábado (11), a Universidade de Coimbra (UC) recebe o 8.º Encontro Nacional pela Justiça Climática (ENJC). Centenas de pessoas e dezenas de organizações vão, assim, juntar-se no Departamento de Física da UC para partilhar experiências, traçar novos caminhos e debater possíveis soluções para travar vários problemas sociais.
“Já andamos a falar de questões ambientais e climáticas há algumas décadas, mas colocarmos o eixo da Justiça Climática significa tornarmos isto um problema social e percebermos que este problema vai impactar desigualmente grupos em específico, nomeadamente, pessoas mais marginalizadas, empobrecidas e do sul global”, explica Ivan Barbeira, um dos responsáveis pela organização do evento, em Coimbra, em declarações ao “Campeão das Províncias”.
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O mesmo responsável salienta ainda que o facto de vivermos numa sociedade capitalista “faz com que certas percentagens da população tenham causado grande parte destes problemas, por exemplo, as empresas de combustíveis fósseis, que são responsáveis pela maior parte das emissões de gases de efeito de estufa”.
Assim, e como forma de alertar para esta realidade, diversas organizações deram as mãos e criaram o Encontro Nacional pela Justiça Climática. A oitava edição tem início esta tarde e Coimbra faz parte do debate. “Abrimos o evento, às 18h30, com uma discussão sobre o Movimento Cívico pela Estação Nova, sobre o MetroBus e Ferrovia em Coimbra e propostas de mobilidade para a cidade”, adianta Ivan Barbeira. Após esta sessão, - e a partir das 21h30 -, estão planeados concertos e uma exposição de arte, que conta com ilustrações do projecto ‘Pactos Ecosociales en Puerto Rico’.
Para o último dia do evento estão reservadas várias sessões paralelas, que decorrem entre as 9h30 e as 19h30. “Os temas vão desde questões de democracia energética a questões sobre mineração. Vamos abordar também o papel da mulher no sul global. Além disso, vamos falar sobre gás e transição agrícola”, descreve a organização, acrescentando ainda que vão estar em debate temas concretos como ‘Como pode a sociedade responder aos incêndios catastróficos?’ ou ‘Porquê atirar sopa a quadros?’
Esta última é uma sessão única com participação internacional. “É uma sessão sobre escalamento de tácticas e onde vai ser discutido o porquê do movimento estar, cada vez mais, a desenvolver tácticas desobedientes e/ou mais directas. Vamos tentar perceber se isto é válido ou não e qual é o limite. As pessoas estão fartas de tentar efectuar a mudança e não verem a mudança a acontecer”, refere Ivan Barbeira.
Objectivos ainda por cumprir
Sendo esta a 8.ª edição do ENJC, o feedback actual indica que “a maior parte da população está cada vez mais sensibilizada, tem visto o tempo a passar e as soluções a não aparecerem”, expõe Ivan Barbeira. O responsável pelo evento recorda ainda que, no ano passado, a “Caravana pela Justiça Climática” passou por Coimbra e “não tive de explicar a ninguém o que é que são as alterações climáticas, desde crianças a pessoas mais velhas”.
Nesse sentido, o jovem acredita que esta “é uma luta de todos. Aquilo a que assistimos é que os jovens incentivam os adultos”. Uma acção importante tendo em conta que, segundo Ivan Barbeira, as entidades competentes se limitam a deixar promessas por cumprir. “Apesar de serem feitas promessas, todos os anos, vemos que essas promessas são vazias. Fizemos um inventário de emissões, em Portugal, e apercebemo-nos de que, para cumprir os níveis requisitados, teríamos de reduzir as emissões em 75% até 2030. Isto já foi analisado há cerca de 3 anos e continuamos a não cumprir esses objectivos”, critica.
Assim, entre hoje e amanhã, todas estas questões vão estar em debate com o ENJC, pela primeira vez, em Coimbra. De recordar que, até ao momento presente, todas as edições do evento se realizaram em Lisboa. Contudo, este ano, a iniciativa decidiu apostar na descentralização por acreditar que seria “o momento certo para isso”. Uma realidade que os números parecem comprovar, já que “com a quantidade de inscritos que temos, vemos que foi uma boa decisão. Recebemos inscrições de Coimbra, mas também de Lisboa”. Ao todo, estão previstas entre 150 a 200 pessoas a participar nestes dois dias de debate.
Dos planos ficam, para já, de fora, algumas ambições que ainda não puderam ser concretizadas. “O que realmente queríamos que tivesse acontecido era colocar as questões da Região Centro em discussão, mas não conseguimos avançar. É um trabalho que tem de ser feito com mais tempo”, remata Ivan Barbeira.