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a s c e n s o r A SUBIR Figura da Semana

VICTOR RODRIGUES - O Núcleo do Centro da Liga Portuguesa contra o Cancro, a que preside o Professor Victor Rodrigues --- especialista médico conceituado e com rara sensibilidade para as questões do foro oncológico --- divulgou há dias um oportuno e importante estudo relativo à forma como as pessoas reagem e se relacionam com o trabalho de rastreio que a Liga efectua com frequência, com especial e vasta incidência no cancro da mama. Rastreio que constitui a base sobre a qual as equipas médicas decidem depois qual o caminho a seguir nos casos que revelem alguma manifestação dessa patologia que tanto preocupa a generalidade das pessoas. O cancro da mama é um problema de saúde pública com elevada incidência e taxa de mortalidade, como se deduz dos dados de 2020 em que no país foram diagnosticados cerca de 7000 novos casos que levaram a 1800 mortes. De entre os muitos e importantes dados recolhidos consta que cerca de 1/3 das mulheres não responde aos rastreios com receio de descobrir que algo de errado se passa com o seu corpo. Ou seja: com medo que seja detetada qualquer anomalia, optam por ficar em casa e não vão ao rastreio. Cerca de 1/3 é muita gente e nesta doença a grande probabilidade de cura depende da detecção a tempo, antes que seja tarde de mais. Criar essa sensibilidade, tentando convencer as pessoas a ultrapassar essa barreira de medo (que se compreende perfeitamente) é um tarefa importantíssima e urgente, pelo que se saúda essa preocupação da Liga que o Professor Victor Rodrigues bem evidencia no desempenho das suas funções de elevada importância social. Com vasta experiência nesta área (foi anteriormente presidente da Liga a nível nacional) muito se espera que o Professor Victor Rodrigues nos continue, a todos nós, a aplanar estes trilhos onde as preocupações crescem e nos surpreendem a cada instante.

RUI MOREIRA – O seu mandato parece estar a correr de feição e a cidade do Porto vive uma fase de prosperidade. Meio ano após a reabertura do Mercado do Bolhão, - a qual foi um sucesso -, foi inaugurado o primeiro de 10 restaurantes que vão integrar essa estrutura. A acrescentar a isto, a estratégia para diminuir o número de Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (PSSA) está a resultar. Uma análise recente do NPISA

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Porto - Núcleo de Planeamento Intervenção Pessoas

Sem-Abrigo indica que, em 2022, foram registadas menos 83 PSSA a habitar as ruas da invicta. Uma redução de 11,4% em relação a 2021. A par das competências do NPISA, o município tem vindo a implementar a Estratégia Municipal do Porto para a Integração de Pessoas em Situação de Sem Abrigo 2020-2023. Para isto contribui o Centro de Acolhimento Temporário

Joaquim Urbano (CATJU), a funcionar nas instalações do antigo hospital, sendo totalmente financiado pelo Município. Rui Moreira apresenta, assim, uma cidade com várias respostas para quem não tem um tecto (ver notícia na página 12).

SÉRGIO COSTA – Recentemente, o presidente da Câmara Municipal da Guarda considerou que os Passadiços do Mondego “são, talvez, neste momento, o maior ponto de atracção” turística da região. Certo é que, em apenas quatro meses, cerca de 45 mil pessoas visitaram o percurso de 12 km que tem início junto à Barragem do Caldeirão e que se prolonga até Videmonte. Este número representa uma conquista para o presidente Sérgio Costa, tendo em conta os apenas quatro meses de vida daquele trajecto. Os Passadiços do Mondego representaram um investimento na ordem dos quatro milhões de euros que parece, assim, ter valido a pena. Os Passadiços do Mondego foram construídos pela empresa Carmo Wood, a partir da sua unidade localizada em Oliveira de Frades.

EMÍLIO TORRÃO - A cultura popular, as tradições das comunidades e regiões têm vindo a ficar a cargo, quase que em exclusivo, das autarquias, sejam as Câmaras municipais sejam as Freguesias. Aos poucos o Estado vai-se afastando para outras realizações e, se apoiasse mais as autarquias, não viria daí grande mal ao mundo. No final da semana passada acabaram algumas dessas iniciativas regionais cá pelas nossas bandas e outras foram ou estão ser lançadas. Todas directamente relacionadas com as disponibilidades financeiras dessas autarquias e também dependentes da capacidade empreendedora dos respectivos líderes ou da visão diferente que têm das coisas. Mas é bom quando se sente que ali, naquele concelho ou naquela freguesia, está uma pessoa dinâmica que gosta de se envolver com a sua gente. Muito diferente de quando quem lá está conduz a sua acção mais como chefe de secretaria que como presidente. Porque também os há. No final da semana passada terminou em Montemor-o-Velho o Festival do Arroz e da Lampreia. Na im-

JOSÉ FIRMINO, UM MAESTRO QUE SERÁ RECORDADO POR MUITOS ANOS

Falecido na semana passada em Buarcos, onde residia, o Professor José Firmino (de Morais Soares) deixou uma vida cheia de prestígio quer pela sua superior singular forma de relacionar com as pessoas quer pela invulgar capacidade artística, tendo-se afirmado como um maestro de elevada craveira, de cuja acção Coimbra colheu apreciável proveito. De rara sensibilidade estética, saiu, jovem ainda, de Chaves para estudar nos Con- possibilidade de a todos nos referirmos, escolhemos este como exemplo de uma iniciativa muito bem sucedida, como o foram outras da mesma natureza, ainda que de dimensão eventualmente diferente. Montemor é um concelho aparentemente pobre, encravado entre Coimbra e Figueira que lhe roubam visibilidade. Pois apesar disso estendeu durante mais do que uma semana o Festival do Arroz, sua produção referência e uma das maiores do país, (na linha do que tem sido feito noutros anos) e foi capaz de lhe dar dimensão e atracção. Dias houve que a capacidade do espaço, dos restaurantes e da própria tenda central esgotou. Tão ou mais importante do que isso foi a circunstância de quase toda a gastronomia ter sido preparada a partir dos produtos do concelho, de reconhecida qualidade. Que maneira melhor have- servatórios de Porto e Lisboa, mas foi em Coimbra que leccionou muitos anos e dirigiu vários Coros, integrando uma geração de maestros que, a esse tempo, era reconhecida como de elevada qualidade. Autor de várias obras, foi agraciado pelas Câmaras de Chaves e Coimbra em reconhecimento dessa intensa actividade artística que desenvolveu mo país e também no estrangeiro. Em Coimbra, de entre o vasto tra-

Campe O Das Prov Ncias

ria de promover o arroz do Baixo Mondego? Que forma mais eficaz de afirmar o arroz carolino como um dos melhores do mundo dentro da espécie? Que partilhar com os visitantes as diferentes formas de preparar este e outros produtos, chamando mesmo as crianças das escolas para se familiarizarem com a matriz produtiva do seu concelho, aprendendo a fazer dele, do arroz ali produzido, várias e diferentes iguarias? Que melhor conteúdo se pode dar aos eventos concelhos do que promover os seus produtos âncora? O presidente da Câmara, Emílio Torrão, que também é presidente da CIM, é largo de vistas e muito empreendedor. Está no último mandato e depois vai à sua vida. Se outra não houver, tem no bolso a chave do seu escritório de advocacia. A região agradece-lhe e desconta-lhe os erros que eventualmente também possa ter cometido, como todos nós. Mas não há concelhos que não tenham os seus produtos, os seus trunfos, os seus encantos. O que falta às vezes é força de ombro. Aproveitem-se essas potencialidades, junte-se-lhes uma pitada de sal e uma boa colherada de entusiasmo e dinamismo. Acreditem que resulta.

balho que desenvolveu, a criação do Choral Plophónico foi um marco na sua carreira, como o foi também com o Coro dos Pequenos Cantores que durante alguns anos foi uma excelente escola musical para dezenas de crianças que chegaram a actuar no estrangeiro. Dirigia nessa altura do Coro dos Pequenos Cantores a dr.ª Lucinda Guia que, em actividade ainda, se recordará por certo dessa superioridade moral e artística do Professor José Firmino, a quem muitos pais confiaram a educação musical dos seus filhos.

O compositor que gostava do mar

José Firmino Morais Soares era homem dos vários ofícios da Música. Nasceu em Chaves, corria Abril de 1931, e dali levou pela vida fora o claríssimo soletrar do sotaque flaviense e o talento musical por que viria a responder. Iniciou labores na Academia Musical Flaviense, depois de concluir os Cursos Superiores de Composição e de Piano, mas seria em Coimbra que viria a passar a maior parte da sua vida. Aqui formaria família, por cá nasceriam os filhos.

Antes de assentar (e também depois), irrequieto que sabia ser, procurou em Portugal e além-fronteiras os melhores para aprofundar conhecimentos em composição, pedagogia musical e direcção coral. Emanuel Nunes, Michael Corboz, Jos Wuitack e Olivier Messien foram, entre muitos outros, os mestres de que colheu os ensinamentos que transformaria em prática artística e pedagógica, tão rica como extensa.

José Firmino, o Pedagogo, concebeu programas escolares, orientou estágios, formou professores, proferiu conferências, criou um programa televisivo (Música e Fantasia), foi professor de Formação Musical, de Análise e de Composição no Conservatório de Música de Coimbra que criou, integrando a respectiva Comissão Instaladora (1985). Deixa-nos ainda um conjunto de manuais de Formação Musical de uso generalizado, responsáveis pela aquisição de conhecimentos de leitura musical de muitas gerações de músicos.

José Firmino, o Maestro, fundou (1972) e

MANUEL ROCHA*

dirigiu, ao longo de duas décadas, o Choral Poliphonico de Coimbra. Ajudou a fundar e dirigiu o Coro dos Pequenos Cantores de Coimbra, para ser músico e pedagogo ao mesmo tempo. Será difícil contar - por serem muitas - as vezes que subiu ao palco com aquelas formações corais, com as quais calcorreou Portugal inteiro e, muitas vezes, atravessou fronteiras.

José Firmino, o Compositor, deixa-nos um largo espólio de partituras para coro, orquestra, instrumento, voz, música de câmara, arranjos e harmonizações de canções populares. Pela música que compôs foi premiado e celebrado, em sede musical e também pelas Câmaras Municipais de Coimbra e de Chaves. A sua música foi apresentada por solistas e formações orquestrais de renome, aplaudidas por um público numeroso.

José Firmino, o nosso, gostava de caminhar. Caminhava quilómetros todos os dias, por razões de saúde física mas também por razões de impulso criativo - “às vezes”, contava-nos, “é nas caminhadas que me surgem os temas das composições”. O Professor Firmino, como ca- rinhosamente lhe chamávamos, gostava também de mergulhar no mar frio da Figueira da Foz onde, uma vez aposentado, passou a permanecer por longos períodos. Vestia o seu fato de mergulho e ia oceano adentro, numa visita breve ao útero que gerou os animais todos do Planeta. Um dia, porém, há poucos anos, foi levado pela corrente e viu-se desamparadoum jacques-cousteau sem barco nem bússola, apenas o céu por cima e o vasto Atlântico pelos restantes lados. Uma traineira que ia a passar, a caminho da faina, lá deu com o náufrago e socorreu-o, declaradamente a contragosto: “o Mestre do barco chamou-me os nomes todos, sabe lá! Tratou-me por tu e disse-me ‘tu andas aí a gozar com o mar, a faltar ao respeito ao mar, e um dia não há quem te acuda’. Não quer saber? Nem me desembarcou no cais. À entrada do porto mandou-me saltar e tive de nadar até à praia”.

O Professor Firmino era uma espécie de herói dos livros de aventuras, saltando apressado, audaz e feliz das linhas do pentagrama para os trilhos de mar e terra. Foi velado na bela Capela da Misericórdia de Buarcos. No adro do templo, à passagem do caixão, um grupo de coralistas despediu-se do Maestro cantando “águas das fontes calai / ó ribeiras chorai / que eu não volto a cantar”. Volta a cantar sim - mas, agora, através das nossas vozes.

(*) Professor do Conservatório de Música de Coimbra

Campe O Das Prov Ncias 23 De Mar O De 2023

A Ter Em Conta Nas Pr Ximas Semanas

Está a chegar a altura de nos prepararmos para tratar do IRS. A partir de 1 de Abril já podemos entregar as declarações de rendimentos, nas quais está um pequeno espaço a que muitos de nós não ligamos nada mas que tem uma importantíssima função social. Nessa caixinha podemos colocar uma cruzinha que consiste numa mensagem que queremos transmitir, dizendo que queremos utilizar o direito que a lei confere ao contribuinte de destinar 0,5 do IRS que vai pagar a uma instituição de solidariedade social, de entre as muitas – milhares – que existem país fora e vivem com tremendas dificuldades. É por causa dessas dificuldades que este pequeno gesto tem todo o significado e nos permitimos chamar a atenção para os contribuintes, dizendo-lhes que a opção é muito simples: se pusermos a cruzinha e dissermos a que instituição queremos doar essa pequena quantia, estamos a ajudar quem precisa. Se não fizermos nada, se passarmos ao lado desta possibilidade, é mais dinheiro que vai para o Estado e perde-se-lhe o rasto. Podemos acrescentar que a verba assim conseguida é determinante para a vida de muitas das instituições, qual delas a mais decisiva para aquelas camadas populacionais que dependem muito da sensibilidade de todos nós. Alguém dúvida do papel iminentemente social de uma Liga Contra o Cancro, de uma Casa dos Pobres, da Cáritas, da Cozinha Económica, para só falar destas que, estando em Coimbra, são do país e da região, são de quem delas precisa? Mas muitas e muitas outras precisam de igual modo e agradecerão por certo que a sociedade comece a olhar para este assunto com um outro olhar. Segundo um estudo muito recente, de entre o universo de contribuintes há ainda uma percentagem de 43% que não assinala nada no espaço da cruz e deixa ir em branco. Pois. Mais um whisky que alguém vai beber lá para as capitais cujos luxos são em parte suportados pelos impostos dos portugueses.

Casamentos Da Rainha Santa Isabel Decorrem Em Julho E Contam Com Sete Casais

Os Casamentos da Rainha Santa Isabel, uma tradição que tem longas décadas e que foi descontinuada há mais de 30 anos, regressa em Julho, a Coimbra para oficializar o matrimónio de sete casais. Com devoção à Rainha Santa, foram 25 os casais que se inscreveram para receber a benção da padroeira da cidade, tendo sido sete os seleccionados e ainda dois que ficaram como suplentes. De acordo com o presidente da Confraria da Rainha Santa Isabel, Joaquim Nora, “a adesão excedeu largamente as expectativas” da organização, que seleccionou “por unanimidade” os sete casais, com idades entre os 28 e os 42 anos, a maioria com filhos. A residirem todos em Coimbra, há dois candidatos desempregados, sendo que na maioria as profissões dos noivos são diversas, desde motorista, bombeiro, analista de comunicação, esteticista, assistente dentário, engenheiro informático, entre outras. A cerimónia vai decorrer a 2 de Julho, celebrada sempre no domingo anterior ao feriado municipal e dia da Rainha Santa Isabel, 4 de Julho, e após o casamento, os noivos serão acolhidos pelas entidades organizadoras nos Claustros do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, onde se realizará o corte do bolo. A Confraria da Rainha Santa Isabel decidiu reactivar a tradição dos Casamentos da Rainha Santa Isabel, em parceria com a Câmara Municipal de Coimbra, a entidade regional Turismo Centro de Portugal, Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e a Escola de Turismo de Portugal de Coimbra.

Sabores Tradicionais

A primeira Feira do Fumeiro em Coimbra decorreu no passado fim-de-semana e não faltaram os enchidos, de várias regiões, assim como outros produtos tradicionais como queijos, mel e o pão.

Facto Da Semana

RUI NABEIRO, O EMPRESÁRIO QUE COMEÇOU DO NADA E CHEGOU A DOUTOR DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA

As dificuldades e o trabalho árduo gravaram a sua história, mas Rui Nabeiro, que morreu no passado domingo, aos 91 anos, enfrentou a adversidade e tornou-se um dos maiores empresários portugueses, colocando no mapa a sua terra natal, Campo Maior (Portalegre). Coimbra não foi indiferente ao percurso de vida de Manuel Rui Azinhais Nabeiro, empresário que fundou o Grupo Nabeiro - Delta Cafés, num percurso que começou aos 12 anos a trabalhar com o pai e os tios na torra do café, numa altura em que o contrabando era actividade que matava a fome das gentes da raia. Foi dentro de um pequeno armazém de 50 metros quadrados, na vila de Campo Maior, em 1961, que Rui Nabeiro começa o seu negócio com a torra de 30 quilos de café por dia, criando a Delta Cafés, dando origem a um grupo empresarial que hoje lidera o mercado dos cafés em Portugal e se encontra em forte expansão nos mercados internacionais. “O espírito empreendedor e a sua ética de trabalho estiveram sempre presentes nos momentos decisivos da sua vida”, o que foi amplamente reconhecido e sublinhado nesta hora de partida. Comendador da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial desde 1995, distrinção atribuída pelo Presidente da República Mário Soares, Rui Nabeiro consederava-se um homem ambicioso, mas de mãos abertas. Coimbra homenageou em duas ocasiões o comendador Rui Nabeiro. Foi a 27 de Maio de 2021, com a Câmara Municipal de Coimbra a distingui-lo com a Medalha da Cidade, enquanto que a 8 Junho 2022 a Universidade de

Coimbra, sob proposta da Faculdade de Economia, atribui-lhe o grau de Doutor Honoris Causa. Por parte da Universidade de Coimbra tratou-se de conferir a mais elevada distinção a um cidadão de indiscutível mérito profissional e de qualidades humanas que constituem uma referência inspiradora para toda a sociedade. Já por parte da Câmara de Coimbra, o então presidente, Manuel Machado, justificou a entrega da Medalha da Cidade a Rui Nabeiro, que também foi presidente da Câmara de Campo Maior, pelo seu empreendedorismo, cidadania e sensibilidade social.

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