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Director LINA VINHAL Junho 2011 | Revista do Campeão das Províncias


Escola Secundária José Falcão

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campeão das províncias | junho 2011

Indíce Editorial – No ensino desde 1836........................................................3 Escola Secundária José Falcão: Breve história......................................4 Conheça-nos! | Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola José Falcão..........................................................................7 “Para que haja futuro tem de haver memória”.....................................8 Breve historial da Associação dos Antigos Alunos, Professores e Funcionários do Liceu D. João III / Escola Secundária José Falcão......10 Testemunho: Auto-retrato de uma descoberta....................................11 “É sempre um orgulho figurarmos entre as primeiras escolas do país”.......12 Passado com orgulho, Presente com dignidade, Futuro com optimismo.......14 Um ensino de qualidade.....................................................................16 Sempre presentes e com resultados de excelência..............................17 Os professores de Física e Química testemunham...............................18 Imagem e Património..........................................................................20 Sobre a Educação Tecnológica............................................................21 Uma ajuda sempre presente na vida dos alunos..................................22 Todos têm igual direito à educação e ao sucesso escolar....................23 Uma Educação criadora de “Mundos”..................................................24 Escola de história... e Garras...............................................................26 Biblioteca Escolar: De centro de recursos a centro de aprendizagens.........31

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Aniversário do Liceu de Coimbra Liceu D. João III

Escola Secundária José Falcão FICHA TÉCNICA

Edição Director Lina Vinhal | Coordenação editorial Geraldo Barros | Textos Paulo Ferreira, Maria Regina Rocha, Ana Costa, Geraldo Barros, Reinaldo Elói Oliveira, Palmira dos Santos Albuquerque, Pedro Pita, Jorge Carvalho, Dina Melo, Evelina Silveira, Adelaide Melo, Isabel Nunes, Anabela Pestana, João Branco, José Dias, Aureliano Oliveira, Fátima Cosme, Pedro Miguel Gonçalves, Ana Pato Catroga António Luís N. Ribeiro , Filomena Pedroso | E-mail jornalcp@mail.telepac.pt | Marketing Adelaide Pinto | E-mail adelaide.pinto@mail.telepac.pt | Contactos Tel. 239 497 750 Fax 239 497 759 | Paginação e Maquetagem Nuno Miguel Peres | Impressão FIG Coimbra Esta Revista é parte integrante da edição 576 de 02 Junho de 2011, do Jornal Campeão das Províncias, e não pode ser vendida separadamente


Escola Secundária José Falcão

A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces”.

campeão das províncias | junho 2011 “

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Aristóteles

A Escola, como uma das instituições mais importantes da sociedade, onde coabitam elementos diferentes, sociais, comportamentais e procedimentais, tem a responsabilidade de dar resposta a todas estas variáveis de uma forma equitativa, diferenciada e eficaz. É nesta perspectiva que olhamos para estes 175 anos de existência e preparamos os próximos, com a responsabilidade de uma instituição que sempre respondeu Paulo Ferreira aos desafios locais e nacionais, com um ensino de qualidade Director da Escola de que têm dado prova as gerações de alunos que por aqui Secundária de José Falcão passaram e passam. Num período de grandes mudanças, o sistema educativo não fugiu à regra. Assim, a escola tem de se ajustar às novas realidades, respeitando de forma democrática todas as estruturas, potenciando e incentivando uma participação com maior empenho de toda a comunidade educativa e aproveitando de uma forma mais eficaz os recursos existentes. Para que uma escola seja dinâmica e activa, tem de haver uma colaboração generalizada de todos os sectores, não só no que diz respeito ao pessoal docente e discente como aos Encarregados de Educação. Por isso, incentivamos a colaboração com a Associação de Pais e a de Estudantes e a sua participação na vida de escola. A Escola Secundária José Falcão é uma escola com grandes responsabilidades no ensino, responsabilidades essas a que tem vindo a responder anualmente através dos seus resultados. Assim, pensamos que devemos estar atentos e actualizarmo-nos em alguns sectores, de forma a melhorar ainda o desempenho da Escola, sem que haja uma ruptura total com as linhas de orientação existentes. As boas práticas devem ser mantidas, tentando desenvolver-se as que possam consolidar e aumentar o bom desempenho, bem como a imagem e o reconhecimento que a escola tem. Somos uma escola aberta à comunidade, tendo parcerias com diversas instituições que, tal como nós, servem a cidade. Um novo desafio foi colocado à Escola Secundária José Falcão: que escola queremos para o futuro? Que projecto queremos para a nova escola que sairá da requalificação das escolas? Que desafios? De uma coisa temos a certeza: neste novo paradigma educacional que enfrentamos, esta escola continuará a ser uma referência a nível local e nacional na qualidade de ensino. Continuará a ser uma referência a nível local e nacional como formadora de personalidades que defenderão o interesse do país. Continuará a ser uma referência a nível local e nacional na formação de professores. Continuará a ser uma referência a nível local e nacional na defesa dos valores da igualdade, da cidadania e da solidariedade. Continuaremos a bater-nos por ser uma escola inclusiva e multicultural. Continuaremos a contar com o empenho de todos os professores, o trabalho dos alunos, a ajuda dos funcionários e a colaboração dos pais. Continuaremos a ter a responsabilidade de representar e honrar o nome de Coimbra, responsabilidade essa acrescida pelo reconhecimento dos serviços prestados, através da distinção conferida à escola ao ser-lhe atribuída a medalha de ouro da cidade. A todos, o nosso muito obrigado!

Editorial

No ensino desde 1836


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O rosto actual do Liceu de Coimbra, do Liceu D. João III

Escola Secundária José Falcão: Breve história

Maria Regina Rocha presidente do conselho geral

Situada na Avenida D. Afonso Henriques em Coimbra, a Escola Secundária José Falcão é um estabelecimento de ensino público que está a comemorar, em 2011, 175 anos da fundação do Liceu de Coimbra e 75 da do Liceu D. João III. Por decreto de Passos Manuel, datado de 17 de Novembro de 1836, são oficialmente criados os primeiros três liceus em Portugal: o Liceu de Coimbra, o Liceu de Lisboa e o Liceu do Porto. O Liceu de Coimbra substi-

tui o Colégio das Artes (fundado por D. João III em 1548), e muitos dos professores do Liceu vêm do Colégio das Artes, que se extingue, dando lugar ao Liceu, que começa por funcionar precisamente nas instalações que tinham sido do Colégio das Artes, na Alta de Coimbra. Como tinha corpo docente e instalações, foi este o primeiro liceu no país a poder, efectivamente, entrar em funcionamento. Nos primeiros anos da sua existência, o Liceu de Coimbra constitui uma secção da Universidade de Coimbra, e os seus professores e alunos usam capa e batina. Os alunos vão continuar a usar o traje académico durante século e meio, estando ainda na memória de muitos dos conimbricences a imagem dos alunos do Liceu D. João III de capa e batina. Instalado no belo edi-

fício do Colégio das Artes, o Liceu de Coimbra ocupa dois pisos: o primeiro destinado às aulas; o segundo à acomodação da magnífica Biblioteca, com um acervo de milhares de tomos dos séculos XV a XIX e de um valioso conjunto de manuscritos, que constituem o «Fundo Antigo», à guarda da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra desde a década de 70 do século XX. Este acervo proveio, em boa parte, das livrarias do Convento de Santa Cruz e dos Colégios de Santa Rita e Agostinhos Descalços de Coimbra, extintos em 1834. A partir de 1853, o Liceu passa a partilhar o espaço com a Faculdade de Medicina e respectivo Hospital Escolar (futuros Hospitais da Universidade de Coimbra – HUC). Ora, o espaço começou a tornar-se exíguo para as duas valências, pelo que, em 1870, é o Liceu

instalado no Colégio de S. Bento, ao cimo dos Arcos do Jardim, magnífico edifício que merecerá, de Miguel Torga, aluno do Liceu em 1926, o seguinte trecho (1): “As aulas do sexto eram na ala virada a nascente dum velho e belo edifício que fora em tempos convento, e a paisagem entrava sem cerimónia pelas janelas. Largas e abertas sobre um grande e harmonioso jardim que descia a encosta em amplos patamares, emolduravam nos seus caixilhos de castanho uma sinfonia de montes e de cores, que o rio transparente reflectia. E vectores, trajectórias, sais, ácidos, algas e cromossomas mortificavam como pesadelos. Fixava a atenção, a ver se encontrava pé naquele mar de alucinações. Mas, quando ia a dar conta, o espírito fugira da sala e bandeava-se na copa de uma palmeira que flutuava na limpidez do espaço”. Após a implantação da República, é dado ao Liceu o nome de Liceu José Falcão (1914), evocando-se o grande ideólogo da República, autor da Cartilha do Povo, prestigiado aluno e professor que fora do Liceu de Coimbra e da Universidade (professor catedrático de Matemática). E, por causa do grande aumento da população liceal (mais de 1000 alunos), foi criado, em 1928, o Liceu Dr.

(1) Miguel Torga, A Criação do Mundo – O Terceiro Dia, pág. 58.


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campeão das províncias | junho 2011 Júlio Henriques (designação em homenagem ao grande botânico e cientista fundador da Sociedade Broteriana), funcionando ambos os liceus no Colégio de S. Bento. Em 1936, os dois liceus fundem-se, dando origem ao Liceu D. João III, para o qual foi construído de raiz o edifício na Av. D. Afonso Henriques: com este patrono, homenageava-se o rei que fundara o Colégio das Artes, onde a origem do Liceu entroncara, e, sobretudo, o monarca que trouxera definitivamente a Universidade para Coimbra e conferira a esta urbe o estatuto de cidade dos estudantes, de «Lusa Atenas». Depois de 25 de Abril de 1974, o Liceu D. João III retoma o nome do antigo patrono do Liceu de Coimbra, José Falcão, e, em 1978, com a unificação de Liceus e Escolas Industriais e Comerciais em Escolas Secundárias, este estabelecimento de ensino passa a denominar-se Escola Secundária José Falcão. Este edifício, projectado pelo arquitecto Carlos Ramos e sua equipa, constitui referência obrigatória quando se fala do Modernismo em Portugal. Foi criado segundo as modernas concepções europeias do espaço liceal, que obedecia a normas rigorosas de higiene escolar (materiais utilizados, luminosidade, capacidade dos diversos espaços, etc.) e correspondia às exigências de um plano pedagógico que contemplava as áreas das Humanidades, das Ciências, das Artes Oficinais e da Educação Física. São de referir, em especial, as salas de Línguas, de História e de Geografia, os laboratórios, com material antigo (séc. XIX) e moderno, e os vastos espaços destinados à Educação Física (ginásio, campo de jogos e piscina coberta, que, na década de 70, foi substituída por um auditório). O Liceu D. João III foi um dos dois liceus de formação

de professores em Portugal desde os finais da década de 30 até 1947 (o outro era o Liceu Pedro Nunes, em Lisboa), sendo mesmo, entre 1947 e 1956, o único liceu no país a fazer formação de professores. De 1956 a 1974, o estágio apenas se podia realizar em três liceus: aos de Coimbra e de Lisboa, juntava-se o Liceu D. Manuel II, do Porto. Gerações de professores estagiários passaram pelo Liceu D. João III e pela Escola Secundária José Falcão, vindo alguns a ser professores no próprio Liceu e actualmente na Escola Secundária José Falcão, estando muitos a leccionar por todo o país, levando consigo a qualidade da formação aqui construída. São inúmeros os alunos e professores que passaram por esta instituição e que vieram a notabilizar-se no país e internacionalmente nas mais diversas áreas de intervenção social (política, cultural, científica, literária…). Sabendo embora que qualquer referência pecará sempre por insuficiente e será merecedora de reparos pela ausência de outros nomes, não poderá deixar de se referir o nome de três presidentes da República que aqui foram alunos (Bernardino Machado, Manuel Teixeira Gomes, António José

de Almeida), do homem que proclamou a República da varanda da Câmara de Lisboa (José Mascarenhas Relvas), de homens da Cultura como Bissaya Barreto ou Jaime Cortesão, de homens de estado, como José Veiga Simão, António de Almeida Santos, Carlos Mota Pinto ou Francisco Lucas Pires, de grandes poetas e escritores (como Guerra Junqueiro, João de Deus, Camilo Pessanha, Eugénio de Castro, Almada Negreiros, Fernando Namora, António Gedeão, Vitorino Nemésio ou Miguel Torga), de nomes de vulto da música portuguesa, como Hilário, António Menano, Zeca Afonso, António Pinho Brojo, Luiz Goes, Virgílio Caseiro, de nomes da Ciência como Carlos Fiolhais, da generalidade dos diversos reitores (por exemplo, José Gouveia Monteiro, Ferrer Correia, Rui Alarcão, Seabra Santos e o actual: João Gabriel Silva) e vice-reitores da Universidade de Coimbra, bem como de centenas de professores desta universidade (antigos e actuais) que aqui foram alunos (por exemplo, Castanheira Neves). Acrescente-se a referência às actuais figuras representativas da vida da cidade

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de Coimbra: Presidente da Câmara, Reitor da Universidade, Directora Regional da Educação, Director Regional da Cultura. São de referir, a título de exemplo, palavras de três antigos alunos que quiseram, na obra Memórias do Liceu Português (2), deixar testemunho das suas vivências neste estabelecimento de ensino.

De António de Almeida Santos, que entrou para o liceu em 1938: “Tive a sorte de ter frequentado, do 1.º ao 7.º ano, o Liceu D. João III, de Coimbra. Sorte porque Coimbra é Coimbra, e ficou até hoje, uma das minhas paixões. Quem nela estuda, fica, para sempre, com as marcas e os tiques do seu carácter. E fiquei. Por isso digo às vezes que tirei nela vários cursos: o da galhardia coimbrã, o das disputas académicas, o da resistência política, o do desporto académico (…), o dos fados e guitarradas, o da Faculdade de Filosofia das noites de Coimbra, enfim, o curso de Direito. Mas sorte também por-

(2) Coordenação de Sara Marques Pereira, págs. 40, 186-189, 215-222.


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que o Liceu D. João III era, à data, um dos melhores liceus portugueses. Um dos melhores no sentido de que era um Liceu Normal, onde estagiavam os futuros professores dos liceus e, talvez por isso, dotado de exemplares professores. Alguns deles de nível universitário. Um que outro, simultaneamente, professor do liceu e da universidade. Nomes dos mais notáveis? Receio o papel de seleccionador. Por isso destacarei apenas os conhecidos Drs. Zamith, Sílvio Pélico, Correia de Oliveira, Martins de Carvalho e Menezes Torres”.

De José Veiga Simão, que entrou para o liceu em 1939: “O Liceu D. João III era um liceu público e, coisa rara, misto nas turmas A, que designávamos pela turma das meninas. A minha turma B, que frequentei do 2.º ao 7.º ano, era a rival nas notas obtidas e por nós

definida como a turma dos bons… Mas a solidariedade entre nós e o amor pelo nosso liceu era total. Tinhamos, aliás, o privilégio de o Liceu D. João III ser um Liceu Normal, pelo que dispunha de professores metodólogos da mais elevada competência científica e pedagógica… Era agradável viver no liceu. Um edifício moderno, com boas salas de aula, biblioteca, laboratórios onde fazíamos excitantes experiências e que constavam de exames finais dos ciclos… Os almoços, numa excelente cantina, eram sempre motivo de festa, e as fugas do liceu, nas faltas raríssimas dos professores, tinham por fim jogar a bola no campo das oliveiras, ali pertinho, ou no velho campo de St.ª Cruz, da já nossa Associação Académica… Fugas vigiadas por um ou outro professor, que não nos perdoava na aula seguinte com chamadas ao quadro, a verificar se o trabalho de casa estava em dia… (…) Enfim, aprendemos no liceu que respeitar o passado

campeão das províncias | junho 2011 é a melhor forma de construir o futuro. (…) No Liceu aprendi a entender melhor o que é ser português...”.

De Luís Reis Torgal, que entrou para o liceu em 1952: “Eu fiz todo o Ensino Secundário aqui em Coimbra, no Liceu D. João III, actualmente Liceu José Falcão. (…) No liceu, tive excelentes professores. Se me perguntar qual foi o melhor professor que eu tive na vida, vou dizer que foi um professor do liceu, de História, o Dr. Alberto Martins de Carvalho (…). Tive outros mestres que são para todos nós uma referência. Como era um liceu normal, alguns professores constituíam uma elite. Lembro-me do Dr. Nunes de Figueiredo, que era autor dos manuais de Latim, do Dr. Bonito Perfeito, de Grego, do Dr. Romão Pechincha, notável declamador que nos obrigava a decorar poesias e a uma disciplina muito rigorosa. (…) São professores que ainda hoje nós temos todos na memória

como professores excepcionais. (…) Enfim, julgo que as boas escolas de hoje – como sempre – são menos resultado de melhores condições do que da militância de alguns professores. E, no entanto, esta profissão está, lamentavelmente, tão desvalorizada…!”. Cumpre dizer, a terminar este texto de breve apresentação da Escola Secundária José Falcão, o rosto actual do antigo Liceu de Coimbra, do saudoso Liceu D. João III, que continua a haver, no corpo docente desta escola, professores de qualidade, com obra publicada, cuja competência é reconhecida pelos alunos e pessoas em geral que conhecem a realidade da Escola, e, sobretudo, que os nossos alunos continuam a construir uma aprendizagem de mérito e a ascender a lugares cimeiros na vida profissional, tornando-se cidadãos de referência no nosso país. A Escola Secundária José Falcão sente-se honrada por ser conhecida como um marco significativo do Ensino em Portugal.


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Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola José Falcão

Conheça-nos!

Ana Costa Presidente da Associação de Pais e Encarregados de Educação da Escola secundária José Falcão

A Associação de Pais e Encarregados de Educação (APEE) da Escola José Falcão considera-se a herdeira da segunda Associação de Pais que existiu em Portugal, no longínquo ano de 1969/70, no então Liceu D. João III. Agradecemos às/aos pioneiras/os que, nessa conjuntura política tão adversa, tiveram a coragem de criar uma Associação de Pais para que Pais e Filhos pudessem fazer-se ouvir! Neste momento, mantemos a mesma equipa pelo terceiro ano consecutivo, com pequenos ajustes devidos quer a transferências para outras escolas, quer à conclusão do Ensino Secundário. Há três anos, a APEE da nossa Escola estava pouco activa, mantendo, apenas, gestão corrente. Compusemos, então, uma lista com elementos que já se conheciam de outras APEE e com elementos que não se conheciam entre si. Tem sido um trabalho duro e prolongado devido a variados aspectos: a constituição de uma equipa coesa e activa, o trabalho dentro da Escola que passa por momentos agitados devido às reformas do Ensino em Portugal, o alargamento a outro nível de Ensino – Básico – da Escola Secundária José Falcão

e o reconhecimento, por parte dos Órgãos da Escola, da APEE enquanto parceira. Apesar de tudo, cremos que o nosso esforço deu frutos: estamos representadas/ os nos Órgãos da Escola previstos na lei – Conselho Geral e Conselho Pedagógico – , temos reuniões mensais com a Direcção da Escola e estivemos em grupos de trabalho sobre questões específicas, promovemos reuniões com os/as Representantes dos/as Encarregados/as de Educação das Turmas, Assembleias Gerais, abrimos as nossas reuniões mensais a todos/as os/as Encarregados/as de Educação e criámos um Boletim mensal para agilizar o contacto com os/as Associados/as. A APEEJF está representada na “Melhor Educação”, estrutura concelhia das APEE de Coimbra. Neste ano lectivo, estivemos envolvidos/as na mobilização das entidades responsáveis para a reparação do muro exterior da Escola. Congratulamo-nos com a posição da nossa Escola no ranking do Secundário em 2010 – 5.º lugar das escolas públicas a nível nacional – e com a percentagem de sucesso de entradas no Ensino Superior em 1.ª opção. Orgulhamo-nos do nosso Refeitório, onde as refeições são de boa qualidade e o serviço é agradável. Neste ano em que se comemoram os 175 anos da Escola e 75 anos do Edifício, estamos representados/as na Comissão das Comemorações. Ouvimos, com satisfação, os/as Alunos/as dizerem: “Podia estudar noutra Escola? Podia, mas não era a mesma coisa!” Aspiramos à requalificação

Marta Eufrásio, Ana Costa, António Sousa e Ana Paula Ribeiro integram a associação das instalações da Escola – a intervenção da Parque Escolar encontra-se prevista para a 4.ª fase – mas gostaríamos de, com base em anteriores experiências em escolas da cidade, que se aprendesse com alguns erros e que as soluções venham a ser equilibradas, com vista a uma gestão sustentável do ponto de vista financeiro e ecológico. Trata-se de uma Escola com potencialidades imensas, inserida numa zona da cidade que inclui novos pólos universitários (pólo da saúde, por exemplo) ou a faculdade de economia, cujas ligações podem ser potenciadas para a dinamização de um projecto educativo integrado e inovador. Para além das preocupações com as condições físicas degradadas, também nos preocupam os recursos humanos da Escola, nomeadamente no que concerne à escassez de funcionários/as o que pode induzir situações de compor-

tamentos menos assertivos por parte de alguns/algumas Alunos/as. Apesar do sentimento do dever cumprido, assola-nos um sentimento de insatisfação que se deve fundamentalmente a: Associadas/os pouco numerosas/os, dificuldade de chamar as/os EE à participação na vida da APEE e na vida da Escola e alguns, outros, atavismos que ainda sentimos relativos à nossa intervenção na Escola. Sabemos que teremos muito trabalho pela frente e temos consciência que precisamos de ouvir as/os EE e que precisamos de nos fazer ouvir. Queremos continuar e melhorar o nosso trabalho no sentido da intervenção para uma cidadania mais activa. Acreditamos que o nosso esforço contribuirá para um futuro melhor dos/as nossos/ as Filhos/as, da nossa Escola e da nossa sociedade. Contamos com todos/as os/as Encarregados/as de Educação para fazer mais e melhor!

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Jorge Carvalho, presidente da comissão executiva para as comemorações

“Para que haja futuro, tem de haver memória” Duas efemérides de reconhecida importância justificaram a criação de um grupo de trabalho que teve como missão preparar um programa comemorativo capaz de honrar os 175 anos da criação do Liceu de Coimbra e os 75 anos do Liceu de D. João III | Escola Secundária de José Falcão. Jorge Carvalho, professor e presidente desta comissão executiva, fala de um vasto conjunto de iniciativas que, até ao mês de Outubro, pretende abrir a escola à comunidade, dar a conhecer a instituição e, simultâneamente, “permitir o reencontro de várias gerações”. Quais são os objectivos que o programa das comemorações pretende alcançar? Quando a Direcção da Escola tomou a iniciativa de constituir uma comissão executiva para elaborar um programa e levar a cabo as comemorações dos 175 anos da criação do Liceu de Coimbra e dos 75 anos do Liceu de D. João III, actual Escola Secundária de José Falcão (ESJF), fê-lo com a finalidade clara de comemorar estas duas efemérides. Em termos de objectivos, foram definidas quatro vertentes principais. Assim, o programa comemorativo teve como linhas orientadoras o pretexto para que antigos alunos e professores regressassem a esta casa, motivar os actuais alunos para o significado da sua escola e, simultaneamente, abrir e mostrá-la à comunidade. Outro objectivo fundamental, sendo esta uma escola de referência, com provas dadas ao serviço da Educação e do Ensino em Portugal, foi o de permitir o reencontro de várias gerações. O programa comemorativo começou a ser preparado no início deste ano lectivo, tendo presente a intenção de que estas duas efemérides não passassem despercebidas à cidade.

De que forma é que a população, os alunos e antigos alunos estão representados e participam nestas comemorações? Para que haja futuro tem de haver memória. A partir desta memória, no caso do Liceu de Coimbra – actual ESJF –, justifica-se plenamente o bom nome que existe a ela associada, quer na cidade quer no país. Por-

tanto, quando convidámos várias estruturas para fazer parte da comissão executiva para as comemorações, tivemos logo presente essa intenção. Assim, ela é constituída por actuais e antigos professores, representantes das associações de estudantes, de pais e encarregados de educação dos alunos da escola, de antigos funcionários e professores. Este grupo de trabalho é bastante abrangente e o programa comemorativo, que começou no dia 23 de Fevereiro e se prolongará até ao dia 15 de Outubro, integra actividades divididas por etapas cronológicas e temáticas. Há acções ligadas

à história da escola, outras que têm que ver com o edifício – que foi recentemente classificado pelo ministério da Cultura como monumento de «Interesse Público» – ou, ainda, com a produção artística e literária de antigos e actuais professores e alunos. Um outro aspecto marcante, no âmbito do qual demos grande margem de liberdade e iniciativa aos estudantes, é o “Dia da Escola”, que se assinala a 1 de Junho, dia do nascimento do patrono da escola, José Falcão. Aproveitando a proximidade do final do ano lectivo, no dia 1 de Junho temos uma iniciativa que pretende levar a ESJF a entrar no Livro de Recordes Guinness. É evidente que esta acção, que intitulamos de “Vamos Abraçar a Escola”, tem patente um pouco da nossa loucura, pois não será fácil conseguir reunir as cerca de 3 000 pessoas necessárias para atingir o recorde. Obviamente, para conseguirmos ser bem sucedidos, os actuais alunos, professores e funcionários vão precisar da participação daqueles que frequentaram esta escola no passado. É isso que nos anima a pensar que vamos conseguir, ainda que tenhamos noção de que é um grande desafio. A culminar o programa das comemorações, no dia 15 de Outubro, estão previstas três acções carregadas de simbolismo pois, afinal, trata-se de comemorar Aniversário de Diamante. Está previsto o descerramento de um placa comemorativa, um almoço intergeracional – com a presença de actuais e antigos alunos, professores e funcionários – e, a terminar, uma sarau de gala, no Teatro Académico de Gil Vicente. No âmbito das várias actividades realizadas, promoveram recentemente uma exposição que evoca antigos alunos e professores que vieram a ter ou têm um papel importante na sociedade portuguesa. Trata-se de mostrar o prestígio da escola? Essa exposição tem um duplo objectivo. Pretendemos recordar um passado


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altamente prestigiante de um conjunto de 75 personalidades que passaram por aqui e, ao mesmo tempo, lembrar outros 175 nomes que estão também associados a esta escola. Há, contudo, uma frase que é fundamental e que consta nessa mostra: «E muitos, muitos outros que, com toda a justiça, aqui deviam constar». Tantos foram os alunos e professores que passaram por esta escola que é impossível referir todos os vultos, personalidades e figuras importantes que estão ligadas à história deste estabelecimento de ensino. Todos os alunos que por aqui passaram são ilustres e compõem uma massa enorme que faz desta escola o que ela foi e é actualmente. A lista de pessoas que consta nessa exposição foi elaborada tendo por base cinco áreas. Dela constam académicos, homens de cultura, artistas e músicos, atletas e figuras políticas. A lista final é da minha responsabilidade. Só para percebermos a dimensão da importância destas personalidades, a título de exemplo e focando apenas os mais recentes, os últimos cinco reitores da Universidade de Coimbra foram alunos desta escola. Também não podemos esquecer que por aqui passaram, enquanto alunos, três presidentes da República. Há tantas outras figuras, das mais diversas áreas, que foram aqui alunos ou professores. No caso dos docente, trata-se de um infindável número de pessoas que foram grandes vultos de pedagogia e humanismo e contribuíram para a memória da escola. São pessoas que não podemos nem devemos esquecer. Como é que se explica esta convergência de figuras ilustres e a sua ligação a esta escola? Explica-se, desde logo, pela própria história. Há quatro datas de relevada importância. A saber, em 1836, surge o Liceu de Coimbra – como anexo da Universidade de Coimbra, no Colégio das Artes –, em resultado da reforma de Passos Manuel, que criou três liceus no país, respectivamente, no Porto, em Lisboa e Coimbra. Muitas das personalidades de que falei andaram nesta escola porque, na altura, não havia outra no país ou esta era a que estava mais próxima. Outra data importante, que ajuda a explicar a razão de tantas personalidades de relevo estarem ligadas a esta escola, é 1936. Nesse ano, mediante o projecto do arquitecto Carlos Ramos – a que ele deu o nome de “Santa Cruz” – é inaugurado um novo liceu. Na altura, os jornais da época deram nota do arrojo

arquitectónico do imóvel. Entre outros, um jornalista da “Gazeta de Coimbra” referia-se a ele, escrevendo: «o novo edifício, no alto da Cumeada, muito bonito e com linhas muito arrojadas». De facto, a título de exemplo, a volumetria, a luminosidade e o próprio conjunto arquitectónico, nos seus vários blocos e disposição espacial, eram, então, uma novidade. Por fim, 1978 é outra data emblemática. Após a revolução de 25 de Abril foi reposto o nome de José Falcão na designação deste liceu. É neste longo historial que reside, talvez, a razão de tantas personalidades de relevo estarem ligadas a esta escola e porque foram aqui alunos ou professores. Na qualidade de presidente da comissão executiva para as comemorações, mas também de antigo aluno e professor, que significado atribui a estas duas efemérides? Não posso esquecer que o Liceu de D. João III – o meu liceu, como é carinhosamente recordado por muitas outras pessoas que aqui andaram – é uma instituição, seja liceu ou escola, que granjeou um enorme prestígio ao longo destes 75 anos. A sociedade reconhece a esta escola o papel fundamental que ela teve na formação de milhares de homens e mulheres, de várias gerações, que por aqui passaram. Sente que os actuais alunos partilham desse legado? A maior parte dos eventos que realizámos até agora teve a participação de pessoas que frequentaram a escola. Contudo, os valores da sociedade mudaram muito nas últimas décadas. É evidente que eu não posso exigir, hoje, a estes jovens adolescentes, os valores de escola e de sociedade que eu tinha na idade deles. O objectivo de motivar os actuais alunos para a sua escola não passa por eles assumirem os valores daquela escola que eu conheci nos anos 60 [séc.

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XX] ou que outros conheceram em outras épocas, quando cá andaram. Naturalmente, não é esse o objectivo. Temos dificuldade em transmitir a estes adolescentes esta cultura de escola, idêntica à que nos tivemos. No entanto, pretendemos motiválos para a sua escola, proporcionar-lhes um encontro de gerações e que lhes fique, pelo menos, um pouco do gosto por uma cultura de escola, nem que seja a cultura da sua escola. Não posso esquecer que outros, que estiveram antes de mim nesta escola, me transmitiram uma conjunto de valores. Esta escola, enquanto instituição, dotou-me de um conjunto de valores e saberes que me prepararam para a vida activa. É isso que nós pretendemos dizer aos alunos. A escola prepara-vos e dá-vos um conjunto de valores a que nós chamamos «cultura de escola». Se assumem ou não essa cultura... é outra questão. Hoje, os jovens passam na escola como sendo uma fase da sua vida, mas há, certamente, outros factores de interesse que a sociedade lhes coloca à frente e que lhes despertam a atenção. Actualmente, a escola é mais um local de passagem do que um local de apropriação de valores mas, provavelmente, daqui a uns anos, quando amadurecerem, acredito que vão sentir a escola de outra forma e, sobretudo, que valeu a pensa serem alunos da José Falcão. Assim acontece com os antigos alunos que, enquanto estão na faculdade, todos os anos, visitam a escola por altura da Queima das Fitas, aproveitando para saudar aqueles que foram seus professores.


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Associação dos Antigos Alunos, Professores e Funcionários do Liceu D. João III/Escola Secundária José Falcão

Breve historial Executiva das Comemorações, composta por três elementos, representantes respectivamente de antigos professores (associada n.º 1, Dr.ª Palmira Albuquerque, Presidente), de antigos alunos (ass. n.º 2, Sr. Álvaro Perdigão) e de antigos funcionários (ass. nº 3, Sr.ª D.ª Fernanda Fonseca). Fizeram parte da Mesa de Honra, perante inúmeros convidados, os Presidentes da Câmara Municipal de Coimbra, Dr. Carlos Reinaldo Elói Palmira dos Santos Encarnação, do Conselho Directivo, Dr. Oliveira Albuquerque Etelvino Rodrigues, e das Comemorações, Dr. Jorge Carvalho, antigos alunos do Liceu A ideia da criação de uma associação D. João III. de antigos alunos, ligada à Escola, hoje Os objectivos da Associação estão José Falcão, outrora Liceu D.João III, já vi- consignados no artigo 4.º dos ESTATUTOS nha de longe. De tempos a tempos ressur- que se transcreve: gia, mas por uma razão ou outra voltava ao esquecimento. Foi graças ao querer, «a) Manter, consolidar e vivificar os perseverança e tenacidade da Dr.ª Palmira laços que unem os seus antigos alunos, dos Santos Albuquerque que, finalmente, professores e funcionários; eclodiu. Como base, uma ideia-projecto b) Implementar actividades de carácque remonta ao início do ano lectivo de ter cultural,artístico,desportivo, recreativo 2002/2003, aquando de um projecto e social,dentro e fora da Escola, visando pedagógico-cultural, com duração de dois a aproximação intergeracional dos seus anos (2002/2004), apresentado pela Dr.ª membros; Palmira Albuquerque, e intitulado “PROc) Promover o estudo, preservação e JECTO CULTURAL NA ESCOLA”, seguido divulgação da história deste centenário da dinamização da Escola, na participação estabelecimento de ensino e a sua relação dos eventos do Programa de «COIMBRA, com a cidade e o país; CAPITAL NACIONAL DA CULTURA 2003» d) Contribuir para o engrandecimento (finais de 2002-meados de 2004). Foi no e prestígio do Liceu D. João III/Escola Secontexto destes dois projectos escola- cundária José Falcão; res, de que a Dr.ª Palmira Albuquerque, e) Colaborar com a Escola Secundária professora do 8.º grupo B da Escola, foi José Falcão e com os poderes instituídos coordenadora, que tudo aconteceu. E, em tudo o que seja consentâneo com os em 21 de Março de 2003, no “Dia da fins da Associação.» Escola”, em sessão pública, na Biblioteca, (fim de citação) na presença de antigos alunos, o projecto, anteriormente gizado, da criação de Em Dezembro de 2006, realizaramuma “Associação dos Antigos Alunos”, foi se as eleições para os primeiros corpos definitivamente impulsionado, tendo sido sociais (2007/2008), que tiveram a semesmo distribuídas as primeiras “fichas guinte constituição: a Direcção, com cinco de inscrição” (in “Garras”, jornal da Escola). elementos efectivos e dois suplentes, Atendendo a que o actual edifício da presidida pela Dr.ª Palmira Albuquerque; Escola albergou o Liceu D João III, poste- a Mesa da Assembleia Geral, com três riormente, a Escola Secundária José Falcão elementos efectivos e um suplente, sob e que a associação deveria incluir todos a presidência do Professor Doutor Rui os que, aluno, professor ou funcionário, de Alarcão; o Conselho Fiscal,com três puderam viver (n)a Escola, foi a associação elementos efectivos e um suplente, tendo designada, nesta lógica, por Associação como presidente o Dr. Alfredo Castanheira dos Antigos Alunos, Professores e Funcio- Neves. Neste mandato, foram aprovados nários do Liceu D. João III/Escola Secundá- o Regulamento Interno e o primeiro Plano ria José Falcão. de Actividades. Contudo, a Associação só em 19 de O empenho e o entusiasmo da Dr.ª Abril de 2006 seria constituída, por oca- Palmira Albuquerque foram oficialmente, sião das Comemorações dos 170/70 anos reconhecidos pela Direcção Regional de do Liceu de Coimbra/Liceu D. João III/Es- Educação do Centro que, em 21 de Maio cola Secundária José Falcão. O acto solene de 2007, lhe atribuiu uma “Menção de da escritura notarial pública teve lugar no Louvor por mérito e dedicação” pelos “serAuditório da Escola, tendo sido criada uma viços prestados em prol da valorização do Comissão Instaladora, saída da Comissão património arquitectónico, cultural e sim-

bólico do Liceu D João III, hoje designado por Escola Secundária de José Falcão”. (sic) De acordo com os estatutos e regulamento interno, realizaram-se em Dezembro de 2008 as eleições para o biénio 2009/2010 e em Dezembro de 2010 as eleições para o biénio 2011/2012. Estes dois mandatos passaram a ser presididos, na Direcção, pelo Dr. Reinaldo Elói Oliveira, colaborador, desde a primeira hora, da presidente cessante. Nas presidências dos outros dois orgãos não houve alteração desde o início. A sede da Associação é na Escola, e a interligação Liceu/Escola e Comunidade é uma realidade. Revelaram-se imprescindíveis as parcerias, protocolos e acordos, quer com a Autarquia e a Universidade, quer com Associações e Organismos afins, o que tem permitido oferecer uma diversidade de actividades aos cerca de 200 associados. De realçar a colaboração dos órgãos de comunicação social local e regional. Todos os anos (exceptuando o primeiro, por doença grave da então Presidente Dr.ª Palmira Albuquerque) se tem realizado uma confraternização comemorativa do aniversário da associação, que culmina com um almoço e fotografia de grupo na Escola. No ano de 2008, na data de celebração do 2.º aniversário, foi descerrada uma Placa Comemorativa, no átrio da entrada principal, na presença de associados e outros convidados. Contou com as presenças do Dr. Mário Nunes, Vereador da Cultura , em representação do Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Dr. Carlos Encarnação, e do Dr. Etelvino Rodrigues, Presidente do Conselho Directivo da Escola. Poema de homenagem: “Ao Liceu de Coimbra” Existirá sempre, em todos nós, outra paixão, Uma paixão como a de D. Pedro e D.ª Inês, A do então Liceu e/ou a da agora Escola, D. João III/José Falcão. Paixão à Realeza e/ou paixão à República Cabem, ambas, neste mesmo espaço, No mérito, do 1.º lugar, merecedor, Uno e ímpar, Liceu de Coimbra! Coimbra,19 de Abril de 2006. Poema de Palmira dos Santos Albuquerque (Lido no dia da constituição da “Associação dos Antigos Alunos, Professores e Funcionários do Liceu D. João III/Escola Secundária José Falcão”)


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Testemunho

Auto-retrato de uma descoberta Pedro Pita * Entre 1966-1967 e 197273, não frequentei a Escola Secundária José Falcão. Fui, sim, aluno do Liceu Normal D. João III e nestas diferenças vai um mundo e um tempo. Mas, se perdi esse mundo ou ele me abandonou sem que ambos nos déssemos conta, até hoje sinto-me no futuro desse passado, tão presente e ao mesmo tempo já tão estranho. Com frequência, ao ritmo (sobretudo) dos actos eleitorais, volto a este lugar como a uma casa de família afastada, em seus corredores um pouco solenes, salas um pouco frias, jardins um pouco atraentes, onde ao mesmo tempo reconhecemos a luz ou o cheiro que nos habitam a memória. Sei que nenhum desses pequenos regressos é o Regresso, a reconquista do tempo em que, como dizia o poeta, “eu era feliz e ninguém estava morto”. Sei mesmo que nunca se regressa. Mas não é isso o que mais importa. No fundo, o passado a consumir-se, como as velas que havia antigamente, é que faz com que sejamos o que hoje somos. E eu sou daqui, destes laboratórios em que fui mau aluno, da biblioteca em que li e organizei coisas, da piscina em que não mergulhei porque era arrumação de cadeiras, do jornal que ajudei a fazer, dos colegas que perdi ou continuam até hoje, da D. Isaltina, ali fora, onde comprei num sábado à tarde

o primeiro número da revista Tintin, dos professores-feras que passaram, dos mestres que permanecem porque nós damos eternidade aos nossos mestres. Mesmo a intuição da filosofia foi aqui. A intuição da filosofia como um lugar de liberdade, de radicalidade e de rigor onde é possível responder às perguntas simples fundamentais.

Eu ainda ignorava que a filosofia (como a poesia, para Eugénio de Andrade) é onde o desejo fita a morte nos olhos. Mas, para mudar de vida, bastou-me supor que seria dela que o mundo receberia transparência e luz. Era um erro? E depois? Nenhuma verdade podia pagar tão decisivo deslumbramento. * Director Regional da Cultura

“Com frequência, ao ritmo (sobretudo) dos actos eleitorais, volto a este lugar como a uma casa de família afastada, em seus corredores um pouco solenes, salas um pouco frias, jardins um pouco atraentes, onde ao mesmo tempo reconhecemos a luz ou o cheiro que nos habitam a memória”.

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Paulo Ferreira, director da Escola Secundária de José Falcão

“É sempre um orgulho figurarmos entre as primeiras escolas do país” A comemorar os 175 anos da criação do Liceu de Coimbra e os 75 anos do Liceu de D. João III, que estão na sua génese, a Escola Secundária de José Falcão (ESJF) deverá ser intervencionada, em 2013, pela Parque Escolar. As obras previstas, para um edifício classificado como de «Interesse Público», vão permitir melhorar as actuais condições e afirmar a qualidade de um ensino que é reconhecido a nível nacional. Paulo Ferreira, director da ESJF, fala de uma «cultura de escola» que faz com que este estabelecimento de ensino seja acarinhado por antigos alunos, professores e funcionários. Neste momento, em que o ambiente é de festa, como é que encaram a intervenção prevista pela Parque Escolar? Antes de mais, convém lembrar que estamos a falar de um edifício que, desde a sua construção, não tem sofrido grandes intervenções. Devido ao tempo que tem, já se notam deficiências no sistema eléctrico, nas canalizações e, até, alguns problemas estruturais que, quase diariamente, nos obrigam a ter bastante despesa para os resolver. São intervenções a que a idade obriga. Ao fim de cinco anos de intervenções da Parque Escolar, fomos contemplados para a quarta fase. Sabemos que o país não atravessa um bom momento financeiro, mas esta fase arrancou na mesma; por isso, até ao final de 2011, o programa tem de estar feito. Posteriormente, seguir-se-á a fase de concurso – uma vez que a adjudicação da obra já não é por ajuste directo –, portanto, até ao final do segundo trimestre de 2012 têm de estar os projectos prontos para selecção. Se tudo correr bem, teremos o projecto pronto lá para o final de 2012. Se a escola será alvo de obras a partir de 2013, depende das verbas que serão canalizadas. Estamos a falar de financiamento comparticipado pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) e o Banco Europeu de Investimento. Sendo este um investimento útil, estamos esperançados de que ele não pare. Portanto, até 2013, vamos estar a contar que este projecto

avance. Estamos a falar de uma intervenção global, semelhante à que foi feita em outras três escolas de Coimbra [Avelar Brotero, D. Maria e Quinta das Flores], com a ressalva de que nesses casos não tinham um edifício classificado como de «Interesse Público». No que diz respeito à nossa escola, terá de haver um cuidado

de lotação. Sabemos que não pode haver excessos na volumetria já existente e há um dado importante que é a classificação do imóvel que, como tal, estabelece um conjunto de regras que podem condicionar os trabalhos e o próprio projecto. Quanto mais não seja, a intervenção na ESJF permitirá dotar-nos das mesmas con-

acrescido na intervenção. Será uma obra feita com o maior cuidado, em conjugação com o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR), que irá fazer o acompanhamento de todos os trabalhos.

dições que já existem em outras escolas de Coimbra e que, devido às obras realizadas, se tornam mais atractivas para os alunos. Queremos continuar a ser uma escola que se destaca pelo ensino de qualidade, acrescentando-lhe a mais-valia das instalações. Não há muito tempo, os nossos laboratórios foram alvo de melhorias, e temos feito um esforço para oferecer as mesmas actividades dessas escolas, mas temos a noção de que não estamos a lutar com as mesmas armas. É esse défice que queremos ultrapassar. Queremos aliar a qualidade pedagógica a condições estruturais iguais às demais escolas de Coimbra.

Para além da reabilitação, está prevista a ampliação das actuais instalações? Ainda não discutimos pormenores do programa. Tudo depende. Temos de pensar no que é que queremos que esta escola seja no futuro. No caso dos outros estabelecimentos escolares que foram intervencionados, em Coimbra, houve um acréscimo de edifícios e foi aumentada a capacidade de alunos. Em princípio, contamos que seja feita aqui uma obra do mesmo género. Contudo, não faço a mínima ideia se será feito esse aumento

Receia que a contenção financeira possa colocar obstáculos à realização destas obras? Espero que não. Estou confiante de que este investimento é necessário e útil,


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porque vem dotar as escolas de condições que até aqui não existiam. Por outro lado, sabemos que o país atravessa as dificuldades que todos conhecemos. Do ponto de vista da empregabilidade, estas intervenções também são úteis. Estamos a falar de obras que podem colmatar o desemprego. Estamos conscientes de que é difícil, mas continuamos na expectativa de ser bafejados com este investimento e que haja verbas para a intervenção na escola. Não tenho qualquer dúvida de que a intervenção da Parque Escolar vai ser uma mais-valia, vai marcar o futuro da escola e pode até aumentar a qualidade do ensino que ministramos. Contudo, aquilo que consideramos serem os momentos mais importantes são vividos diariamente, através da formação dos alunos com a qualidade que queremos e que nos reconhecem. Um estudo nacional coloca a ESJF entre os 10 melhores estabelecimentos públicos de ensino do país. Qual é o significado desta avaliação? Para nós é sempre um orgulho figurarmos entre as primeiras escolas do país, independentemente de concordarmos ou não com a forma como é feito esse ranking. É isso que queremos continuar a ser. Queremos continuar a ser distinguidos pela qualidade pedagógica e pelo apoio que damos aos alunos. No dia-a-dia, valorizamos a qualidade do ensino e pretendemos continuar a ser uma escola de referência. Sabemos, no entanto, que há outras questões que levam a que as escolas consigam obter os melhores resultados. Não é só o trabalho que os alunos fazem dentro da escola que permite alcançar bons resultados. O sucesso também está relacionado com o acompanhamento e o trabalho que eles desenvolvem fora da escola. A qualidade de ensino é fundamental para nós. Temos bons professores que fazem bons alunos. É isso que queremos continuar a ser, apesar de a escola estar em constante mudança. Até há bem pouco tempo tínhamos professores a dar aulas nesta escola há 10 e 20 anos, mas é cada vez mais difícil conseguir manter essa estabilidade no corpo docente. Vivemos numa sociedade onde a mobilidade é uma constante e temos de nos adaptar a esta nova realidade. Uma das nossas preocupações é fazer com que os professores se sintam bem e sejam apoiados durante o tempo que aqui dão aulas. Esta é uma

forma de os incentivar a dar o seu melhor, por forma a que se mantenha a qualidade pedagógica que nos caracteriza. Apesar de ter sido criada com uma matriz de ensino abrangente, actualmente, a ESJF tem uma maior vocação para a área das Ciências. A procura assim o determina, uma vez que a empregabilidade em cursos dessa área é maior e essa é a principal preocupação dos pais e dos alunos. É incontornável o facto de a Saúde e a Engenharia serem as duas vertentes vocacionais com maior saída profissional. Como tal, a escola procura responder a essa maior solicitação. Esta é uma realidade que se verifica na generalidade das escolas. Recentemente, promoveram uma exposição em que são evocadas 175 personalidades e 75 nomes de pessoas importantes ligadas a esta escola. De que forma é que o passado pode influenciar o presente e o futuro? O que nos orgulha, anualmente, é o reconhecimento dos nossos alunos. Todos os anos, na Queima das Fitas, os antigos alunos vêm à escola prestar homenagem àqueles que foram os seus professores. Parte da formação dos jovens é feita nesta escola e estamos convictos que tanto eles como o país reconhecem o contributo que a escola dá. Estas 175 personalidades que decidimos homenagear e os 75 nomes que evocamos fazem parte de uma lista onde constam muitos mais e que vai ter continuidade ao longo dos próximos anos. Pelo tipo de ensino que defendemos e praticamos, vai sempre haver pessoas ligadas a esta escola que, no decurso das suas vidas, vão distinguir-se nas mais diversas áreas. É o resultado da cultura de escola que defendemos. Os alunos que decidem ingressar na ESJF, quando o fazem, é porque querem, realmente, estudar nesta escola. Isso acontece porque têm referências dos pais ou dos amigos, dos actuais e antigos alunos. É a partir deste sentimento partilhado pelos professores, pessoal não docente e alunos, que se cria uma relação de entendimento que acaba por resultar

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no gosto que todos nutrem por esta casa. Há o somatório de um conjunto de situações que podem ser definidas como «cultura de escola», que difere de escola para escola. Este sentimento de proteger e acarinhar a escola que frequentam, neste caso a José Falcão, é salutar. De que forma é que as comemorações estão abertas à comunidade? Nós somos uma escola inserida numa comunidade e nunca nos podemos esquecer disso. A política da Parque Escolar, nas intervenções que tem vindo a realizar, é abrir as escolas à comunidade, coisa que nós já fazemos há muito tempo. Defendemos uma escola da comunidade para a comunidade. Embora tenhamos componente lectiva até às 18h00, a escola está aberta até às 24h00. Temos acordos de cooperação com inúmeras colectividades e associações, que desenvolvem as suas actividades na escola. Dito isto, as comemorações têm importância quer para a escola quer para a comunidade em que se insere e para as pessoas que, indirectamente, estão associadas a esta escola. Acho que também lhes devemos isso. O programa comemorativo vai culminar com um sarau, em Outubro, para o qual esperamos a participação de todos, incluindo a da população. A Câmara Municipal de Coimbra decidiu atribuir à ESJF a Medalha de Ouro da cidade. É uma honra mas, também, uma responsabilidade. Esta distinção vem mudar alguma coisa? A atribuição da Medalha de Ouro traduz, sobretudo, o reconhecimento da cidade pelo serviço que esta escola tem prestado. Em si, esta distinção não muda quase nada em relação ao que fazemos, no entanto, traz-nos a responsabilidade de continuarmos a prestar esse bom serviço à comunidade. Essa é a nossa grande responsabilidade, apesar de reconhecer que é para nós um motivo de grande honra e orgulho sermos distinguidos com esta medalha.

“Pelo tipo de ensino que defendemos e praticamos, vai sempre haver pessoas ligadas a esta escola e que, no decurso das suas vidas, vão distinguir-se nas mais diversas áreas”.


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A Escola Secundária José Falcão

Passado com orgulho, Presente com dignidade, Futuro com optimismo

Jorge Carvalho Professor do Departamento de Ciências Sociais e Humanas

Ao longo da sua reconhecida e prestigiosa actividade que já decorre por 3 séculos, vários edifícios serviram de casa ao Liceu de Coimbra, ao Liceu José Falcão, ao Liceu Júlio Henriques, ao Liceu Normal D. João III e à Escola Secundária José Falcão. Qualquer que seja a designação, podemos considerar, com toda a propriedade, que actual Escola Secundária José Falcão é a digna continuadora do Liceu

Normal D. João III e do Liceu de Coimbra. Quer o Liceu de Coimbra, quer o Liceu D. João III, tal como a actual Escola José Falcão têm desempenhado um papel de relevo no Ensino e na Educação em Portugal, sendo muitos os nomes ilustres de seus alunos e professores que, ao longo destes 175 anos, se distinguiram na vida portuguesa. São exemplos, apenas referindo uma pequena listagem: MÚSICA: António Menano, António Portugal, Hilário, José Afonso, Luís Góis, Pinho Brojo, Virgílio Caseiro. ARTES: Almada Negreiros, António Pedro, António Pedro Vasconcelos, Eduardo Batarda, Mário Silva, Sinde Filipe. LITERATURA: António Gedeão, Carlos de Oliveira, Eugénio de Castro, Fernando Assis Pacheco, Fernando Namora, Guerra Junqueiro, Miguel Torga, Silva Gaio, Vitorino Nemésio.

DESPORTO: Adriano Baganha, Augusto Baganha, Cabral Fernandes, Carlos Portugal, Frederico Valido, João Maló, Mário Campos, Mário Mexia, Rui Rodrigues, Sandra Godinho. POLÍTICOS: António Lobo Xavier, António Almeida Santos, António José de Almeida, Bernardino Machado, Carlos Encarnação, Carlos Mota Pinto, Francisco Lucas Pires, João Paulo Barbosa de Melo, José Manuel Pureza, José Relvas, Teixeira Gomes. ACADÉMICOS: Agostinho Almeida Santos, Armando Gonsalves, António Avelãs Nunes, Bissaya Barreto, Carlos Amaral Dias, Carlos Fiolhais, Ferrer Correia, Henrique de Oliveira, João Gabriel Carvalho e Silva, Joaquim de Carvalho, Jorge Veiga, José Cunha Vaz, José Gouveia Monteiro, Manuel Lopes Porto, Ramos Lopes, Rui Alarcão, Seabra Santos, Vaz Serra.

PROFESSORES (considerando apenas os professores já falecidos): Alberto Martins de Carvalho, Alberto Sá de Oliveira, André Lapa, Correia de Oliveira, Domingos Pechincha, Farinha Beirão, Fernando Gillot, Fernando Zamith, Ivo Cortesão, Joaquim Portugal, Leitão de Figueiredo, Manuel da Silva, Marcelino Paiva, Maria Alice Gouveia, Meneses Torres, Monteiro Rodrigues, Nunes de Figueiredo, Reis Torgal, Rómulo de Carvalho, Saavedra Machado, Sílvio Pélico, Urbano Duarte. O Liceu era para a maior parte dos alunos uma referência que foi cultivada ao longo da vida. O Dr. António de Almeida Santos, aluno do Liceu D. João III nos anos 40, figura de referência no panorama nacional, na sua palestra na Sessão de abertura das Comemorações dos 170/70 anos do Liceu D. João III, realizada em 2006, referiu-se ao seu Liceu nestes termos: “Tive excelentes professores, Metodólogos muitos deles. Recordo-os com gratidão e saudade. Encontrei aqui algumas das mais fiéis e duradouras amizades de sempre … Saí daqui, saímos daqui, com uma boa formação geral para a vida”. Actualmente na Escola Secundária José Falcão leccionam cerca de uma centena de docentes que dão resposta a 900 alunos distribuídos por 35 turmas do ensino regular e mais 4 turmas dos Cursos Profissionais Técnico de Multimédia e Técnico de Turismo Ambiental e Rural que constituem uma realidade nova na


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Escola, abrindo-se novas perspectivas de formação para os jovens estudantes. A maioria dos alunos é proveniente do meio social médio alto, e têm expectativas de prosseguir estudos no ensino superior. Verifica-se uma baixa taxa de abandono e de insucesso escolar, destacando-se a boa qualidade das relações humanas no ambiente escolar. Como sinal do dinamismo da Escola estão em funcionamento a Associação de Estudantes e Associação de Pais e Encarregados de Educação que participam com regularidade na vida da Escola, nomeadamente através dos seus representantes nas reuniões do Conselho Pedagógico e no Conselho Geral. A Escola estabeleceu vários protocolos e parcerias com instituições e organismos bem inseridos na comunidade envolvente, numa prova de abertura da Escola à Comunidade. O futuro da Escola Secundária José Falcão terá de ser encarado com realismo e com optimismo. A anunciada reabilitação física do edifício da Escola, a partir de 2012, integrada na IV fase do Parque Escolar, será o leit motiv para a resposta aos novos desafios, potenciando respostas para novas oportunidades educativas. O Dr. Almeida Santos em 2006, na palestra supra citada, referiu assim o papel da Escola no futuro próximo “ … cabe à Escola clássica um papel importante: familiarizar-se com as exigências da Sociedade do conhecimento e do saber, e com as novas ferramentas técnicas dessa mesma sociedade da Informática, electrónica e cibernética, e adestrar no seu manejo os seus alunos, cidadãos do futuro. Prepará-los, pois para, a partir de um saber básico, único para todos, aprenderem para aprender.”

Sábias palavras que deixam aos actuais responsáveis, nos diferentes níveis de decisão, a árdua tarefa de preparar o futuro e criar as condições motivadoras para o trabalho, pois os jovens acreditam, com optimismo, no amanhã, esperando integrar uma Escola atractiva e motivadora que lhes dê respostas para a vida activa e onde haja liberdade de ensinar e liberdade de aprender. O melhor da escola é a sua responsabilidade na democratização e na igualdade de oportunidades, o que faz todo o sentido num futuro próximo, e para o qual a nossa Escola deve, desde já, preparar-se, porque a generalização da escolaridade obrigatória de 9 para 12 anos, as opções da oferta educativa face às novas condições do mercado de trabalho, a necessidade de construir todos os dias a qualidade na Escola e reafirmar a confiança social da Escola, são alguns dos novos desafios que se colocam ao sistema educativo e, naturalmente, à Escola Secundária José Falcão, que deverá ter sempre presente que os alunos, a família e a sociedade esperam sempre muito da Escola. A recente reorganização escolar introduzida pelo DL 75/2008 criou a figura dos Departamentos curriculares (com competências que esvaziaram os grupos disciplinares), sendo um deles o Departamento das Ciências Sociais e Humanas (DCSH) que engloba os docentes que leccionam Economia, Direito, Sociologia, História, Filosofia, Psicologia, Geografia e Educação Moral e Religiosa. Além do desempenho lectivo, comum a todos os docentes, verifica-se que um número muito significativo de professores do Departamento foram eleitos ou nomeados para desempenhar vários cargos e funções que dão à Escola uma dinâmica muito

significativa, envolvendo a comunidade educativa, circunstância bem reveladora das qualidades profissionais e pessoais desses docentes. A actual geração de profissionais que constituem o DCSH têm a ingrata tarefa de dar continuidade à acção de um conjunto de professores que marcaram definitivamente o Liceu D. João III e a Escola Secundária José Falcão. Vultos como Alberto Martins de Carvalho, Sílvio Pélico, João Galvão, na História, Fernando Gillot, André Lapa, Manuela Balsemão Pires, Alfredo Reis, Cabral Pinto, na Filosofia, Ferreira da Costa, Fernanda Velho, João Medeiros, José F. Faustino, Isabel Godinho, na Geografia, Cónego Urbano Duarte, na Religião e Moral constituem referências

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intemporais que se impuseram pela sua competência científica e pedagógica, como metodólogos na formação de professores, como autores de manuais escolares e obras de cariz científico, pelo forte sentido profissional e elevada formação cívica. Cabe à actual comunidade educativa, à cidade de Coimbra e ao País reconhecer o mérito e o papel decisivo que estes professores, ao longo de 75 anos honraram e souberam dignificar o seu Liceu, a sua Escola, instituição que foi capaz de grangear enorme prestígio e desempenhar, ao longo do tempo, um papel de reconhecido valor na formação de homens e mulheres de várias gerações.

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Departamento de Línguas da Escola Secundária José Falcão

Um ensino de qualidade

Dina Melo professora de português

O Departamento de Línguas da Escola Secundária José Falcão, em Coimbra, possui um corpo docente estável, científica e pedagogicamente credível, composto por

um conjunto de professores cumpridores, activos, criteriosos, empreendedores e dinâmicos, convictos de que a transmissão de saberes se deve realizar num salutar ambiente de trabalho, onde exista a vontade de transmitir conhecimentos, de veicular conteúdos, numa partilha quotidiana, pelo que fazem por converter as suas aulas num espaço de aprendizagem, onde impera o respeito mútuo, o rigor, a disciplina e essa comum característica que liga os que querem ensinar aos que se manifestam sequiosos de aprender. A Escola possui neste departamento um corpo docente de excelência, composto por professores que abraçam a sua carreira com empenho e paixão, movidos pela vontade de contribuir para o enriquecimento dos seus alunos. A vertente científica e pedagógica deste departamento é indesmentível, notando-se, por razões compreensíveis, uma especial propensão para alargar culturalmente horizontes, dada essa convivência constante com o mundo do(s) saber(es), com esse entrecruzar de vertentes várias que valorizam todas as dimensões da cultura, numa linha de interdisciplinaridade. É de salientar a actividade constante destes docentes, para além das suas aulas, enquanto dinamizadores de eventos vários, quer na escola, quer fora dela, pela sua aposta séria em generosamente partilhar o saber que possuem, sem esquecer que tal saber não se compagina em exclusivo com os conteúdos programáticos. Temos ido sempre mais além, devassando outros domínios, divulgando outras áreas, re-

velando outros autores, sensibilizando para a nossa riqueza patrimonial, para a herança cultural que importa preservar, sem descurar também as línguas estrangeiras do nosso departamento, pois que comungam de idênticas afinidades com a cultura e o legado dos países de que provêm. É nossa prática corrente dinamizar visitas de estudo, integradas no Plano de Actividades, em função do que é a realidade dos programas, promovemos e realizamos palestras, conferências, oferecemos exposições várias, enriquecemos a alma de quem nos conhece, apresentando a nossa concepção de escola dinâmica, permanente receptiva a iniciativas várias. Queremos ser, mais do que professores, criaturas vivamente empenhadas em dar vida a projectos, sempre disponíveis para aceitar e propor desafios, fazendo de cada dia uma concreta mais-valia, cultural e científica. É por isso que pretendemos que a nossa Escola funcione como símbolo de uma especial forma de ver a escola actual, aglutinando os saberes vários que todos os dias nos enriquecem, não só por ser essa a nossa perspectiva relativamente ao espaço que é a escola, mas também porque sentimos ser herdeiros de exemplos vivos de homens e mulheres que, professores como nós, passaram por esta casa, nela deixando orgulhosamente uma marca, um sinal que jamais poderá ser esquecido, pelo incalculável valor que encerra a inigualável lição que soubemos colher e de que desejamos ser os dignos continuadores. Pelas provas dadas, sabemos ter uma missão a cumprir, uma missão que nos honra, por isso dela queremos dar boa conta. É essa noção do nosso dever que nos dá a determinação necessária e a força para prosseguir uma obra de que todos queremos orgulhar-nos, por isso não hesitamos em confessar a nossa total disponibilidade para aceitar os desafios, enfrentando destemidos o futuro que queremos assumidamente construir.


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Os alunos da Escola Secundária José Falcão e as Olimpíadas de Matemática

Sempre presentes e com resultados de excelência

Evelina Silveira

Adelaide Melo

professoras de matemática

As Olimpíadas Portuguesas de Matemática têm a sua origem num concurso, III Olimpíadas Nacionais de Matemática (1985: Porto, Faculdade de Ciências, Univ. Porto) Categoria B- Vencedor: Miguel de Sá Castelo Branco VI Olimpíadas Nacionais de Matemática (1988: Évora, Universidade de Évora) Categoria B- Vencedor: José Miguel Urbano X Olimpíadas Nacionais de Matemática (1992: Matosinhos, Escola Secundária Augusto Gomes) Categoria A- medalha de bronze: Sérgio Abílio Bernardo de Sousa XII Olimpíadas Nacionais de Matemática (1994: Vila Real, Escola Secundária S. Pedro) Categoria A- medalha de bronze: Nuno Miguel Costa P. M. Mesquita XVI Olimpíadas Nacionais de Matemática (1998: Viana do Castelo, Escola Secundária de Monserrate) Categoria B- medalha de bronze: Inês Rosendo Carvalho e Silva XVII Olimpíadas Nacionais de Matemática (1999: Santarém, Escola Secundária Sá da Bandeira Categoria B- medalha de ouro: João Eduardo Silveira Gouveia

Em 2007, por ocasião da comemoração dos vinte e cinco anos das Olimpíadas Portuguesas de Matemática foi entregue, pela Sociedade Portuguesa de Matemática, à Escola Secundária José Falcão uma placa alusiva ao facto de ser uma das três escolas com alunos mais medalhados. Neste evento, foi também entregue ao ex-aluno da Escola, João Eduardo Casalta Lopes, uma medalha, por ter sido o aluno que

designado por Mini-Olimpíadas de Matemática, realizado pela primeira vez em 1980, em que participaram algumas escolas da região de Coimbra. O concurso decorreu com esta designação até 1982. O aumento de interesse pelas Mini-Olimpíadas de Matemática levou a que, em 1983, a Direcção Nacional da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) apoiasse a extensão do concurso a nível nacional, tendo-se então alterado a sua designação para Olimpíadas Nacionais de Matemática. A crescente internacionalização destes eventos levou a que a designação fosse alterada, a partir do X VIII O l i m p í a d a s P o r t u g u e s a s d e M a t e mática (2000: Guarda, Escola Secundária da Sé) Categoria B- medalha de ouro: João Eduardo Silveira Gouveia | medalha de bronze: Luís Filipe Tavares Matos XX Olimpíadas Portuguesas de Matemática (2002: Portimão, Escola Secundária Poeta António Aleixo) Categoria B- medalha de prata: João Eduardo Casalta Lopes XXI Olimpíadas Portuguesas de Matemática (2003: S. João do Estoril, Escola Secundária S. João do Estoril) Categoria B- medalha de ouro: João Eduardo Casalta Lopes XXII Olimpíadas Portuguesas de Matemática (2004: Tomar, Escola Secundária Santa Maria do Olival) Categoria B- medalha de ouro: João Eduardo Casalta Lopes XXV Olimpíadas Portuguesas de Matemática (2007: Lisboa, Escola Secundária José Gomes Ferreira) Categoria B- medalha de bronze: João Carlos Gomes Martins

mais medalhas conseguiu, a nível nacional, nas diferentes categorias. Em 2008 os Professores de Matemática da Escola Secundaria José Falcão, com a colaboração de alguns Professores de outras disciplinas, tiveram a honra de organizar, por convite da Sociedade Portuguesa de Matemática, a Final Nacional das XXVI Olimpíadas Portuguesas de Matemática. Tudo isto não teria sido possível sem o empenho e a motivação dos

ano lectivo de 1999/2000, para Olimpíadas Portuguesas de Matemática. Em 1989, enviou-se, pela primeira vez uma representação portuguesa às Olimpíadas Internacionais de Matemática. A selecção desta representação tinha como base a classificação nas Olimpíadas Portuguesas de Matemática. Também a partir de 1990 tem sido enviada uma delegação às Olimpíadas Ibero-Americanas de Matemática. Como se pode observar pelos resultados dos seus alunos, a Escola Secundária José Falcão esteve sempre presente nestes eventos. XXVI Olimpíadas Portuguesas de Matemática (2008: Coimbra, Escola Secundária José Falcão) Categoria B- medalha de bronze: João Carlos Gomes Martins Olimpíadas Iberoamericanas de Matemática 1999, La Habana (Cuba) João Eduardo da Silveira Gouveia, medalha de bronze 2000, Caracas - Venezuela João Eduardo da Silveira Gouveia, medalha de bronze Luís Filipe Tavares Matos, participante da representação Portuguesa 2003, Mar del Plata (Argentina) João Eduardo Casalta Lopes, menção honrosa 2004, Castellón (Espanha) João Eduardo Casalta Lopes, medalha de bronze Olimpíadas Internacionais de Matemática Fizeram parte da representação Portuguesa: João Eduardo da Silveira Gouveia – 1999 Bucareste, Roménia João Eduardo da Silveira Gouveia – 2000 Republica da Coreia João Eduardo Casalta Lopes – 2002 Glasgow, Reino Unido João Eduardo Casalta Lopes – 2003 Tóquio,Japão João Eduardo Casalta Lopes – 2004 Atenas, Grécia

alunos e dos Professores de Matemática da Escola.


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A experimentação ensina a utilizar as mãos e a inteligência

Os professores de Física e Química testemunham… No contexto actual de uma sociedade fortemente marcada pela ciência e tecnologia, um ensino das ciências de qualidade, e em particular da Física e da Química, é uma condição da preparação dos jovens, quer no que se refere à sua participação nessa sociedade, enquanto cidadãos de pleno direito, quer pela contribuição que podem dar para o seu desenvolvimento.

Isabel Nunes

Anabela Pestana João Branco

professores de física e química

Com a experimentação consegue-se que o aluno encontre motivos para aprender, para se aperfeiçoar e para descobrir e rentabilizar capacidades. A experimentação prepara o aluno para ser autónomo, para saber seleccionar e fazer uso da informação de que dispõe; cria condições para o desenvolvimento da curiosidade e também dá oportunidade à substituição da dependência

do professor por uma independência intelectual adquirida a partir de várias situações. A experimentação ensina a utilizar as mãos e a inteligência. É neste contexto que os professores das Ciências Experimentais – Física e Química – realçam, em especial, o trabalho desenvolvido num espaço de características muito específicas – Laboratórios de Física e Labo-

ratórios de Química da Escola Secundária de José Falcão. Os laboratórios de Física e de Química foram submetidos a uma grande remodelação no período 1992 a 1995, quer na aquisição de espaços contíguos aos laboratórios existentes, quer em apetrechamento mobiliário. Estamos cientes de que um dos possíveis frutos deste investimento se traduziu, em parte, na possibilidade de enriquecimento dos discentes no âmbito da experimentação e cujos testemunhos poderemos salientar com a participação em Olimpíadas de Física e de Química de elevado êxito e ainda o trabalho desenvolvido com sucesso, no âmbito da concretização dos objectivos propostos pelos projectos integrados no Programa Ciência Viva – projecto PII – 160 - Centro – 10.º ano, no período 1997 – 1998 e Projecto P III – 319 – continuidade – 11.º ano, no período 1997 – 1999. O produto final foi apresentado em painel nos 2.º e 3.º Fórum da Ciência Viva, que decorreram em Lisboa, nos dias 5 e 6 de Junho de 1998 e 28 e 29 de Maio de 1999. Em relação às Olimpíadas de Química de 2000, destaca-se a participação da equipa constituída pelos alunos João Eduardo da Silveira Gouveia e Luís Matos,

uma vez que foi vencedora a nível regional e nacional. No âmbito das Olimpíadas Ibero – americanas, o aluno João Eduardo da Silveira Gouveia foi premiado pela Fundação Calouste Gulbenkian com a frequência de um Curso de Verão em Inglaterra. Acresce referir que este mesmo aluno foi igualmente seleccionado para as Provas Internacionais das Olimpíadas de Física, mas, devido a coincidência de data com as Provas Internacionais das Olimpíadas de Matemática, optou por estas. Os actuais programas do Ensino Secundário promovem o desenvolvimento de competências durante o processo de aprendizagem dos alunos, dando uma forte ênfase aos trabalhos de índole experimental e ao uso de novas tecnologias, tais como calculadoras gráficas, sensores e computadores, que facilitam a aquisição de dados experimentais, o seu tratamento informático e a posterior comunicação de resultados. Consequentemente, um ensino da Física e da Química com qualidade tem de estar associado ao desenvolvimento profissional dos professores. Daí que, ao longo dos anos, tenha havido por parte dos professores desta escola uma


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aposta na formação e actualização ao nível das práticas experimentais, usando técnicas motivadoras, pelas quais os aspectos conceptuais da Física e da Química pudessem ser mais facilmente apreendidos pelos alunos. Nesta perspectiva, acresce referir a colaboração da Escola na formação de novos professores, através dos estágios pedagógicos. Ainda neste contexto, é relevante a participação de dois professores desta escola (nos anos 2008 e 2010) num estágio realizado no CERN, na Suíça, organizada pelo Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) e pelo CERN, com o apoio da Agência Ciência Viva. Durante este estágio, os professores tiveram oportunidade de participar em várias palestras, realizadas por investigadores a trabalhar no CERN, sobre Física de Partículas e suas aplicações mais recentes na medicina, em detectores e aceleradores, entre outras.

De entre as diversificadas actividades realizadas com os alunos, destaca-se a implementação da técnica da holografia realizada por alunos do 12.º ano no âmbito da disciplina de Área de Projecto, e supervisionada por um professor de Física, a participação dos alunos nas MasterClasses Internacionais em Física de Partículas, as visitas aos Departamentos e Museu da Ciência da Universidade de Coimbra e ainda a participação regular nas Olimpíadas de Física, com realce na recente conquista da medalha de bronze nas Olimpíadas Regionais de 2011, pelo aluno Gonçalo Martins. A dedicação, a partilha de conhecimentos e o profissionalismo dos professores que integram o Grupo de Física e Química desta escola fazem deste um veículo promotor do sucesso no ensino destas ciências experimentais.

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Uma reflexão sobre o estado de conservação do edifício da Escola Secundária José Falcão de Coimbra

Imagem e Património

José Dias* Professor de artes Visuais

Este breve artigo propõe-se reflectir sobre o estado de conservação do edifício da Escola Secundária José Falcão de Coimbra, classificado como Património Nacional, que, resultado da incúria das instituições do Estado, se encontra num avançado estado de degradação. Importa delinear aqui alguns factores que ajudem à compreensão e necessidade de criar uma nova imagem para Coimbra e, assim, capazes de justificarem uma rápida intervenção naquele e noutro património votado ao abandono. Inaugurado em 1936, da autoria do arquitecto Carlos Ramos e sua equipa, é um dos símbolos do Modernismo Português, de forte índole racionalista de inspiração alemã. Como sabemos, nas sociedades contemporâneas, o universo patri-

monial, cultural e os valores que lhes estão subjacentes ganharam um espaço político próprio, exigindo a criação de estruturas específicas e da preservação das mais emblemáticas. Ora, é suposto que em democracia se reflicta na cultura, nos princípios e nas referências que lhe dão conteúdo e sentido. Ou seja, através da cultura potencia-se o pluralismo das ideias, da diversidade estética, das concepções e visões do mundo. Assim, em oposição a formas autoritaristas, ao Estado Democrático não caberá a função de impor uma cultura, mas sim a de criar condições para que os seus cidadãos a possam criar e dela fruir. Deste ponto de vista, adquire legitimidade questionar a razão de ser do património e do seu papel no contexto contemporâneo. A nova ordem global coloca a imaginação no centro de todas as formas de acção. Como refere Appadurai, o mundo contemporâneo caracteriza-se por uma complexa construção de “paisagens imaginárias”. Constroemse paisagens iconográficas, utilizadas pelos Estados, pelas cidades e por organizações, a fim de potenciar imagens num sistema de fluxos globais. As análises sociológicas sobre a capacidade competitiva das cidades

realçam uma imagem identitária forte, capaz de promover o seu desenvolvimento e reforçar a importância do turismo urbanocultural. Afirma Carlos Fortuna: «A visita turística a uma cidade é uma forma de a tornar um puro objecto de consumo. E as regras do consumo recordam que aquilo que é único, singular, quiçá exótico, deve ser sempre valorizado. O lugar conferido ao património, aos seus monumentos, aos seus museus, é um lugar central na formação da identidade e da exclusividade do lugar que se visita». As imagens são uma das mais importantes matérias-primas de construção, afirmação e negociação identitária. Parece-nos uma evidência a necessidade urgente de classificar, reabilitar, o edifício da Escola José Falcão, a par de outras estruturas que permanecem ao abandono pela cidade. Urge a necessidade de construir e promover uma política urbana que promova e potencie novas imagens de Coimbra, assente nos seus edifícios, monumentos, espaço público, a par de uma identidade visual urbana, consistente e contemporânea. * Doutorando em Artes e investigador do IIADS pela Universidade do Porto


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175 anos da José Falcão

Sobre a Educação Tecnológica

Aureliano Oliveira Professor de Educação Tecnológica

Levantemos todos a taça e brindemos “Parabéns José Falcão!”. Obrigado por tudo! Pelo excelente trabalho. Pelos homens e mulheres, filhos ilustres, que do teu ventre emergiram. A Educação Tecnológica não podia alhear-se desta data, deste acontecimento. A Educação Tecnológica, que pede sorrisos, disponibilidade das capacidades, incentiva trato fino entre pares e alimenta a empatia, não podia deixar de se associar às comemorações e de se juntar a um levantar de braços segurando ta-

ças recheadas de júbilo e esperança. “A educação tecnológica deverá caracterizar-se através do desenvolvimento e aquisição de competências numa sequência progressiva de aprendizagens ao longo da escolaridade básica, tendo como referência o pensamento e a acção perspectivando o acesso à cultura tecnológica”. (1) Na mesma linha da obra edificada no José falcão, a Educação Tecnológica aposta na construção de uma mente totalmente nova, em que a lógica se associa à emoção, pondo à disposição da sociedade mulheres e homens mais alegres, mais disponíveis e mais solidários. A Educação Tecnológica reside numa sala simpática, embora não tão vistosa quanto o edifício que a acolhe. Uma salinha que recebe de braços abertos todos os aficionados, simpatizantes e simples curiosos. Nela,

a Educação Tecnológica incentiva a questionar e, fundamentalmente, a questionar-se. Ajuda a planear, gerir, a avaliar. Sujar as mãos, experimentar e construir, porque “o que faço não esqueço”. Aproveita afinal as oportunidades que a Escola Secundária José Falcão lhe proporciona. A cada elemento desta simpática Comunidade

deixa 175 Bem-haja, em especial aos alunos. À Instituição que, diariamente, nos recebe e acarinha, calma e serenamente, mas vigorosamente bradamos “Longa vida, José Falcão!” Longa vida! (1) Princípios da Reorganização Curricular, 3.º Ciclo Educação Tecnológica – Edições ASA


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22 Os Serviços de Psicologia campeão das | junho 2011 anos e Orientação (SPO) desenvolvem a províncias sua acção,

sendo três os domínios considerados para a sua intervenção:

O apoio psicopedagógico a alunos e a professores; O apoio ao desenvolvimento do sistema de relações da comunidade educativa; A orientação escolar e profissional. Têm como atribuições: Colaborar com a comunidade educativa, prestando apoio psicopedagógico às actividades educativas, identificando as causas do insucesso escolar e propondo medidas tendentes à sua eliminação.

Articular em colaboração com os órgãos de gestão da escola e com outros serviços especializados, nomeadamente das áreas de saúde e da segurança social, educação especial, de modo a contribuir para medidas de intervenção e de ajuda. Apoiar alunos no processo de desenvolvimento da sua identidade pessoal e do seu projecto de vida. Planear e executar actividades de orientação escolar e profissional,

através de programas e acções de aconselhamento a nível individual e de grupo. Colaborar com outros serviços, nomeadamente no apoio à celebração de protocolos, tendo em vista a organização de informação e orientação profissional. Desenvolver acções de informação e sensibilização dos pais e da comunidade em geral no que respeita à problemática que as opções escolares e profissionais envolvem.

Serviços de Psicologia e Orientação

Uma ajuda sempre presente na vida dos alunos

Fátima Cosme Psicóloga

No que diz respeito aos seus objectivos, os Serviços de Psicologia e Orientação articulam com as estruturas de Orientação Educativa e outros serviços locais, para promover condições que contribuam para a igualdade de oportunidades de acesso à escolarização e ao sucesso escolar. A melhoria da qualidade da educação e o desenvolvimento global dos alunos são os objectivos gerais deste serviço. O Serviço de Psicologia e Orientação desenvolve as suas actividades enquadradas nas atribuições legais, tendo como referência o projecto educativo da escola e o diagnóstico de necessidades e é composto por uma psicóloga. Ao nível do apoio psicopedagógico, são efectuadas actividades para grupos de alunos no âmbito do desenvolvimento de métodos e competências de estudo e apoio individual, quando necessário. No âmbito da Educação Especial, existe uma estreita colaboração e comple-

mentaridade de serviços, no diagnóstico, classificação e definição de estratégias para a inclusão efectiva dos alunos. Sempre que os conselhos de turma, Directores de Turma, Conselho Directivo, ou Encarregados de Educação o solicitem, são efectuadas intervenções em turma e delineadas estratégias para a promoção de atitudes e hábitos conducentes ao sucesso educativo e ao bem-estar psicológico. Conforme consta no plano anual de actividades, são dinamizadas acções de formação para professores e para o pessoal não docente, no âmbito da psicologia da adolescência e da psicopatologia. Relativamente às actividades da comunidade educativa o S. P. O. colabora, dinamiza, sempre que solicitado e de acordo com a disponibilidade, em acções e actividades promovidas pelos alunos e professores na Área de Projecto, Gabinete do Aluno, disciplina de Psicologia e Formação Cívica. Colabora em equipas de trabalho nomeadas pelo Conselho Pedagógico ou Direcção, de acordo com as necessidades e os projectos anuais de escola. Define estratégias e promove medidas em parceria com os Coordenadores de Directores de Turma e com os Directores de Turma para a prevenção e remediação de situações de insucesso escolar, de indisciplina e de dificuldades de integração na turma e na escola.

Faz encaminhamentos e intervenção em rede com as várias instituições e serviços da comunidade, para apoio e ajuda psicológica aos adolescentes e famílias que deles necessitem. No âmbito da orientação escolar e profissional é efectuado um programa contínuo de orientação escolar e profissional dirigido aos alunos do 9.º ano de escolaridade, efectuando-se, também, sessões de informação destinadas aos pais e encarregados de educação. Os alunos do ensino secundário poderão solicitar um processo de orientação ou de reorientação escolar e profissional a efectuar-se de forma pontual ou contínua. De referir que o S.P.O. organiza sessões de informação sobre as condições de acesso ao ensino superior, saídas profissionais para todos os alunos do 11.º ano e, pontualmente, para alunos do 10.º ano; neste âmbito decorre todos os anos uma feira de orientação escolar e profissional, aberta a toda a comunidade educativa, com a presença de várias escolas, institutos politécnicos, universidades, instituições, e com as respectivas ofertas escolares e profissionais. Por forma a divulgar a oferta educativa, e promover e valorizar a nossa escola, são efectuadas acções dirigidas aos alunos do 9.º ano de outras escolas e organizadas visitas em colaboração com Serviços de Psicologia e Orientação das referidas escolas.


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Necessidades Educativas Especiais

Todos têm igual direito à educação e ao sucesso escolar

Pedro Miguel Gonçalves Professor de Educação Especial

O José Falcão de hoje é herdeiro de uma longa história de educação, desde que foi fundado o Colégio das Artes pelos humanistas bordaleses (com o célebre André de Gouveia, antigo Reitor da Universidade de Paris, à cabeça), no plano da reforma da Universidade de Coimbra, transformado depois em Liceu Central de Coimbra, com a reforma de Passos Manuel, em 1836, novamente transformado em Liceu D. João III com a construção do actual edifício em 1936 e agora designado, desde 1978, de Escola Secundária José Falcão. Ao longo de todos estes anos, o exercício da docência foi pautado pela elevada exigência dos seus professores, pela progressiva actualização dos saberes e pela modernização de práticas pedagógicas (teve mesmo o monopólio da formação de professores em Portugal). No que toca à Educação Especial, a Escola Secundária José Falcão também não deixou de estar na linha da frente,

quando, a partir dos anos 60, cresceu a preocupação com os alunos portadores de deficiência. Em meados dos anos 70, a escola já dispunha de docentes com alguma orientação nessa área, graças à formação inovadora prestada pelo Instituto Aurélio da Costa Ferreira. Nesse período, criou-se um gabinete de apoio ao aluno com dificuldades de aprendizagem e constituiu uma equipa de docentes de apoio educativo. Entretanto, o panorama da Educação Especial mudou muito desde esses primórdios. Foi pela Lei de Bases do Sistema Educativo de 1986 que se determinou explicitamente o objectivo de «assegurar às crianças com necessidades educativas específicas (…) condições adequadas ao seu desenvolvimento e pleno aproveitamento das suas capacidades», mas é só com a publicação do DL 319/91 que se alarga a resposta especial para o aluno com Necessidades Educativas Especiais (NEE), conceito pedagógico que entretanto se generalizou. Hoje em dia, a acção da Educação Especial regula-se pelo DL 3/2008, e os professores que prestam estes cuidados têm formação especializada na área da Educação Especial. Pelo menos uma vantagem tem o novo diploma: torna claro qual é o público-alvo. é um diploma que diz exclusivamente respeito a alunos com NEE de carácter perma-

nente (e já não de carácter prolongado), deixando de fora todos os outros alunos com NEE temporárias (para os quais se reserva outra legislação). Como se diz na lei, «os apoios especializados visam responder às necessidades educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível da actividade e da participação, num ou em vários domínios de vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente». A ideia fundamental que explica a existência dos serviços de Educação Especial é muito democrática. Apesar de os alunos serem muito diferentes entre si, todos têm igual direito à educação e ao sucesso escolar. Nisto consiste a chamada “Escola Inclusiva”, ou seja, uma escola organizada e a funcionar de tal modo que todos os alunos, por mais diferentes que sejam, se sin-

tam efectivamente incluídos na comunidade escolar, e não segregados. Como cada um dos alunos é uma pessoa única e irrepetível, diferente de todos os outros na cor dos olhos, na cor do cabelo, no tom da pele, nos gostos, nas ideias, nos hábitos, etc, também é, inevitavelmente, diferente na maneira como aprende. É a coisa mais natural do mundo. Ora, quando se descobre que um aluno não consegue aprender através das estratégias mais comuns, por meio das quais a maioria dos alunos aprende, é necessário adaptar a maneira de ensinar do professor àquela maneira de aprender do aluno. Essas adaptações podem ser muito simples ou muito complicadas, mas o docente de Educação Especial está na escola para ajudar a pensá-las, tendo em conta o caso específico do aluno.

LOCAL DE TREINOS Escola Secundária José Falcão

festas de aniversário temáticas Desportiva Mistério

Artística

férias desportivas Falcão em Movimento

Escola de Ténis do Centro Contactos 966 266 341 916 774 594 eteniscentro@gmail.com

PERÍODO Setembro a Julho

Junho e Julho Compacto de Ténis Natal Páscoa Verão (Junho e Julho)


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Cultura de Escola

Uma Educação

Ana Pato Catroga Coordenadora do Clube Europeu, do PES e ES

Educar é, em nosso entender, muito mais que instruir ou ensinar. Ensinar e instruir são a missão de qualquer escola, e o seu significado não levanta muitas dúvidas. Ensinar Matemática, Física ou História é instruir a criança nas respectivas matérias, enquanto a função de educar não se esgota na mera transmissão de conhecimentos, porque tem que ver com uma tarefa bem mais abrangente e, por isso mesmo, muito mais polémica. Educar é preparar o jovem para se tornar um agente social com capacidade interventiva, levando-o a compreender que deve contribuir para a edificação de um mundo melhor. Isso implica a interiorização de valores fundamentais – o respeito por si próprio e pelo outro, a dignidade, a autonomia e a liberdade –, aprendizagem que somente pode ser adquirida através de uma pedagogia activa. Por isso, não é matéria que se estude para testes e passível de avaliação imediata. É, sim, um trabalho de inserção na vida concreta da sociedade e com efeitos de longa duração. E toda a Escola que se queira digna desse nome tem muito a fazer neste âmbito. É dentro deste espírito

que a Escola Secundária José Falcão abraçou projectos como o do Clube Europeu, iniciativa que tem contribuído para incrementar, nos seus alunos, o sentimento de pertença a uma união alargada – a Europa –, bem como a (auto)consciência de que são cidadãos europeus de pleno direito, mas respeitando sempre a sua cultura e as suas identidades, incluindo a nacional. Por sua vez, a participação em vários concursos, promovidos por instituições como o Parlamento de Jovens e a Euroescola, tem desafiado os estudantes a reflectirem sobre problemas sociais e políticos relevantes e a discutirem as suas possíveis soluções. E estas actividades, para além de abrirem horizontes, ajuda-os não só a treinar competências essenciais – tais como as argumentativas e oratórias – como a perceber que o diálogo é a única forma digna de confronto de ideias. E o empenhamento no Parlamento Europeu de Jovens tem gerado, ainda, um outro saldo muito positivo: o convívio e a troca de experiências com jovens de origem e culturas distintas. Podemos dizer que, com estas actividades, os nossos alunos acrescentaram “mundos” ao seu próprio “mundo”. Este ano, o Clube, sempre aberto a acções que ajudem a radicar a cidadania activa, aderiu ao projecto “Faça-se Justiça”. Através de um jogo de “faz-de-conta”, os discentes puderam contactar, directamente, com os meandros dos tribunais e verificar que o funcionamento do poder judicial pouco tem que ver com ideias feitas e preconceituosas. Para esta experiência, enriquecedora e divertida, muito contribuiu


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criadora de “Mundos” a disponibilidade da Juíza Isabel Namora, que presidiu à simulação de um julgamento, cujos intervenientes eram alunos da nossa escola, e que, no final, explicou a sentença proferida num estilo muito didáctico. Quantas aulas sobre esta matéria seriam necessárias para que um adolescente percebesse um mecanismo tão complexo? E, após essas aulas, ficaria sensibilizado para olhar para um tribunal como hoje o pode fazer? É também dentro desta linha orientadora que organizámos a “Educação para a Saúde”, com o objectivo de informar e formar os estudantes para uma tomada de decisão livre e responsável. Para tal, estabelecemos protocolos com instituições que também perfilham este ideal: educar para valores, mas valores definidos e concretos – o respeito por si próprio; o respeito pelo outro; o primado da afectividade; a liberdade e, nesta área, como não podia deixar de ser, a prevenção. Tentámos enfatizar, principalmente junto dos mais pequenos, comportamentos de simpatia pelos colegas e combater os comportamentos violentos. Trabalhámos, também, para a consciencialização dos perigos do ciberbulliyng, de forma a promover atitudes críticas e de não-violência. E, para a consecução desta tarefa, contámos com a colaboração de técnicos de pedopsiquiatria, nomeadamente com a Dr.ª Ana Paula Carvalho, da equipa da Dr.ª Beatriz Pena. No final das sessões, os alunos traduziram, em cartazes, o que tinham aprendido. A alimentação e, principalmente, os distúrbios pro-

vocados por uma alimentação irracional são também uma das nossas preocupações, pois acreditamos que uma má relação com o próprio corpo obstaculiza o desenvolvimento de uma mente saudável, o que conduzirá, inevitavelmente, a uma vida não realizada. Para este propósito, também tivemos a saborosa colaboração da Escola de Hotelaria. Os consumos de álcool, de tabaco e, muito especialmente, de substâncias psicoactivas foram temas muito discutidos e reflectidos, campo em que contámos com a preciosa colaboração da Escola Superior de Enfermagem e com a disponibilidade sempre simpática da Enfermeira Inês Monteiro. A Educação Sexual, um assunto mais polémico, tem sido abordada com respeito pelas várias sensibilidades familiares. Na polémica nacional acerca de saber se caberia à escola, ou não, esta área educacional, a nossa resposta foi sempre afirmativa, por duas razões fundamentais: os jovens têm vergonha de exteriorizar estes problemas com os pais, e muitos pais também não sabem como responder às questões que os filhos possam colocar. Na maioria dos casos, é com os seus pares, também impreparados, que debatem problemas que, mal resolvidos, podem tornar-se traumatizantes e provocar vidas insatisfatórias. Neste domínio, o valor mais veiculado é, como não podia deixar de ser, a dignidade humana. Esclarecer dúvidas, incentivar o debate e sensibilizar para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis têm sido as nossas prioridades, desígnio que seria difícil de alcançar sem a muito importante

colaboração da Escola Superior de Enfermagem (equipa da Professora Irma Brito), do CAOJ (Fundação Portuguesa da Luta contra a SIDA), da IREFREA, dos alunos da Faculdade de Medicina - Pelouro da Saúde Reprodutiva e SIDA - NEM/AAC. Na verdade, só a confluência de todas estas boas vontades tem permitido o cumprimento das nossas metas.

Dr.ª Fátima Cosme, pela Enfermeira Inês Monteiro e por um grupo de alunos do 12.º ano. Para já, ainda não está a funcionar em pleno. Porém, para o próximo ano, esperamos ter um grupo de oito professores, actualmente em formação, a colaborar neste projecto, que consideramos ser nuclear para a educação global dos nossos alunos.

Por último, impõe-se destacar o Gabinete do Aluno, um espaço animado por esta certeza: a dignidade começa na criação de condições que possibilitem que o aluno com problemas se sinta bem e importante. Foi com este espírito que decorámos uma sala semiinformal, com mobiliário jovem e confortável. Este espaço era uma necessidade urgente, pois os jovens precisam de quem os saiba ouvir e de quem os ajude a encontrar respostas para as suas angústias, sem interferir nas suas escolhas, enfim, de quem os leve a comportar-se de uma forma mais responsável e mais crítica. A dinamização do gabinete está a ser feita pela psicóloga,

De tudo o que ficou sintetizado, facilmente se conclui que as actividades enumeradas não representam um somatório sem nexo. Ao contrário, elas constituem uma das faces da concretização de uma estratégia mais global que, articulando o ensinar, o instruir e o educar, visa consolidar uma “cultura de Escola”, realidade cada vez mais assumida pelos seus membros e reconhecida pela sociedade onde se insere.


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“As Garras estão afiadas, a semente está lançada, cabe agora aos falcões decidirem voar”

Escola de história... e Garras

António Luís N. Ribeiro Professor de filosofia

A história dos jornais na Escola Secundária José Falcão remonta ao período mais recôndito da instituição quando, por decreto de Passos Manuel, publicado

no Diário do Governo de 17 de Novembro de 1836, foi criado o antigo Liceu de Coimbra, que constituía uma secção da Universidade de Coimbra e ocupava as instalações do antigo Colégio das Artes. Mas abrange igualmente o período da implantação da República, fazendo com que em 1914, o Liceu tome o nome de Liceu José Falcão, em homenagem a um dos grandes ideólogos do Republicanismo, autor da Cartilha do Povo, que veria o seu nome substituído em 1936, aquando da construção do novo edifício na Avenida Afonso Henriques, que passaria a ser designado por Liceu D. João III, rei responsável pela vinda definitiva da Universidade para Coimbra no século XVI. Mas a tradição jornalística da escola abarca igualmente o período da Revolução, que levou em 1974 os professo-


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res a renomeá-la como Liceu José Falcão, recuperando assim o nome do seu antigo patrono. Por isso, será da mais elementar justiça, que antes de me reportar ao actual modelo jornalístico da escola, vos proponha uma breve viagem cronológica pelos muitos projectos que preencheram o espaço desta ilustre instituição. Socorro-me para o efeito do esforçado e meritório trabalho de pesquisa desenvolvido pela nossa colega, a professora Maria João Dimas. Num longo e empenhado papel de resgate do antigo e surpreendente acervo jornalístico, a professora Maria João identificou uma significativa quantidade e variedade de títulos, que listou por ordem cronológica, e dos quais só nos é possível dar uma nota sumária: O Lyceu (1867), Os Novos (1896), Gôndola (1897), A Pátria (1897), A Academia (1897), O Gaiato (1897), A Pátria (1904), O Gorro (1909), O Mondego (1910), Alvorecer (1914),Gente Nova (1919), Na Morte de Junqueiro (1923) (número evocativo),O Bicho (1926), Brado Académico (1930), Ensaio (1932), Alvorada (1935), Mensagem (1944), A Mensagem (1945), À Despedida (1949), No Caminho da Vida (1950) (Revista de Finalistas), Revista dos Finalistas do Liceu Normal D. João III (1952 – 1953 – 1954 – 1958 – 1961), Pátio (1961), Revista dos Finalistas do Liceu Normal D.João III e do Liceu Nacional Infanta D. Maria (1973), O Ponto (1974), Quintoanuoum (1974), Movimento (1976), Espaço Aberto (1986), O Falcão (1991), Garras (1999). Como esclarece a professora Maria João Dimas, O Lyceu (1867), Semanário científico e literário, faz jus ao título e subtítulo, pois apresenta-se imbuído de curiosidade científica e de rigor no tratamento de temas variados – a pena de morte, a filosofia alemã, para os artigos dos seus jovens colaboradores que treo ideal da arte; Os Novos (1896), Revista de literatura, sandam a romantismo; O Gaiato(1897), visa promover ciência e recreio, diz-se um “jornal de rapazes, uma aquilo que parece ser uma nova literatura, e anuncia brincadeira de estudantes que procuram nas lides da uma “colecção de contos engraçados, estilo realista, pena um meio útil de suavizar as fadigas da vida académica; A Pátria, de 1897, é um jornal de estudantes sérios, que se apresentam como independentes “sem definição política que não seja Sede: eminentemente patriLargo Nossa Senhora ótica”, e “sem outras de Guadalupe - Chapinha ambições que bem 3220 - 058 Miranda do Corvo servir a muito amaO melhor sabor da vida! da e Pátria”; A GônInstalações: dola(1897), revista literária e recreativa, Rua Cova da Ponte, n.º 6 Agora também com CHURRASCOS séria e confessamente 3220-190 Miranda do Corvo para todo o distrito de Coimbra intelectual, presta hoTelefone: 239 538 440 menagem a figuras da - Porco, presunto no espeto e grelhada mista à Dona Carne 239 533 282 literatura romântica, - Máquina de cerveja à pressão e animação (música e insufláveis) Fax: 239 533 283 com destaque para CaTelemóvel: 91 069 48 46 milo Castelo Branco, e

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suave, transparente mas sem vocábulos pornográficos e tece uma crítica mordaz ao romantismo lamechas”; O Gorro, Jornal dos alunos do Lyceu de Coimbra, tem edição entre 1909 e 1910 e afirma ser “uma publicação exclusivamente recreativa”, cujas “colunas serão franqueadas a todos os académicos que queiram honrá-las com a sua valiosa colaboração artística ou literária”. De temática variada, com destaque para o amor e a amizade, muitos artigos revelam ainda uma sensibilidade romântica; O Mondego (1910) surge com a finalidade de “preencher as horas que nos crescem dos nossos trabalhos, escrevendo sobre vários assumptos mas sem ostilisar ninguém”; Alvorecer, semanário académico de 1914, pretende ser “um órgão que sustente as tradições da nossa gloriosa academia, que organise a desorganisação escalabrosa que lavra no nosso seio”; Gente Nova(1919), semanário académico de literatura, ciência e arte, surgiu no pós-guerra e pretende “romper com a inacção que se instalou na Academia nos últimos 4 anos”. É um jornal “de rapazes novos”, animados das melhores intenções e boas vontades. Nas colunas deste jornal discutem-se questões científicas, apresentam-se trechos bem modelados de poesia. Para introduzir uma nota modernista, escreve-se sobre o futurismo e os futuristas; O Bicho(1926), Jornal do Liceu de Coimbra, surge com o beneplácito dos “Exmos. Professores”, nas

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palavras de António Pedro, director deste “semanariozinho que está consciente da sua categoria de bicho”, mas sabe também que “os grandes escritores começaram em pequenos escritores, não nasceram perfeitos; Brado Académico (1930) é um quinzenário dos estudantes liceais de Coimbra, que pretendem um jornal com qualidade, ainda que o tomem como um campo de ensaio, “só não ensaiam os Mestres” e desses esperam uma valiosa colaboração. É um jornal sobretudo literário. Como curiosidade traz anotada a presença do dístico que, a partir de então, se tornou obrigatório em todos os meios de comunicação impressos “visado pela Comissão de Censura”; Ensaio(1932) Jornal do Liceu do Dr. Júlio Henriques, considera-se um “campo de treinos”, mas não servirá apenas para ensaiar as faculdades literárias e poéticas. Estará atento à academia liceal, que se mantinha como “parte integrante da academia universitária, numa situação humilhante”, propondo-se pugnar por “uma academia liceal livre e responsável, baseada nos princípios da razão”; Alvorada (1935) jornal cultural dos estudantes do Liceu José Falcão de Coimbra, dirigido por Fernando Namora, não se assume como um jornal literário, mas de jovens que apenas aspiram a escrever. E Namora pergunta no editorial “não começaram também por escrevinhar, com ingénua e doce aspiração em jornaizitos como este, os grandes homens de hoje?”;


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Mensagem (1944), jornal do Liceu Nacional D. João III, pretende “patentear aptidões literárias de tantos, e fazer perder o medo a muitos” porquanto “todos poderão contar ou cantar o que sabem ou sentem, em linguagem expressiva e comunicativa.” “E depois…com a ajuda dos mestres, sempre prontos, pelo exemplo e pelo trabalho, a colaborar, se aparecer matéria informe, podereis aperfeiçoá-la de forma a que pareça bem.”; À Despedida(1949) é, como o próprio nome indica, um jornal de alunos finalistas, jovens cheios de ambição e de sonhos; A partir de 1950 instalam-se as Revistas dos Finalistas do Liceu Normal D. João III. A 1ª de que há conhecimento intitula-se “No Caminho da Vida”. Possuem sempre o mesmo formato: para além dos nomes dos estudantes finalistas e dos que integram as comissões da festa, há uma fotografia de grupo dos alunos finalistas e dos seus professores, e apresentam artigos sérios a par de páginas de humor, passatempos e muita poesia; Nesta década de 60, eis o Pátio , órgão do Centro de Cultura dos Estudantes do Ensino Liceal, sedeado no Liceu Normal D. João III. O seu lema era a colaboração entre todos os estabelecimentos de ensino secundário: liceu masculino, liceu feminino, colégios de Coimbra, do país e das províncias ultramarinas de então. O Pátio pretendia “chegar a todos os estudantes do ensino secundário, uni-los numa grande família académica”. Entre os colaboradores ressaltam nomes como José Carlos Seabra Pereira, Carlos Encarnação, José Miguel Júdice, António Leite da Costa; Apesar de não termos tido acesso ao jornal O Estudante, sabemos que ele existiu anteriormente ao 25 de Abril de 74. Diz-se que era um jornal bastante avançado, atento à realidade académica e não só, e cujos voos libertários eram muitas vezes censurados pelo reitor; já depois de 25 de Abril de 1974, publicou-se O Ponto, do qual saiu apenas um número copiografado, afirma-se sem “as influências moralistas do fascismo reinante do nosso reitor”. Aí se denuncia a pressão que os alunos sofriam por parte do Reitor, e se repõe a verdade, porque são publicados alguns artigos censurados com as respectivas notas de censura; Em Dezembro de 1974, surge o Quintoanoum, com preocupações de índole cultural, onde aparecem nomes como o de João Gouveia Monteiro, e se abordam temas como o ensino, música, teatro, e se fica a saber da existência de secções de cinema, estudos sociopolíticos, enfim, toda uma dinâmica cultural e política emergente; em 1976, aparece-nos Movimento, jornal dos estudantes do Liceu José Falcão, da responsabilidade do Centro de Estudos de Jornalismo, “uma das poucas secções da abandalhada Associação de Estudantes”.(sic) Afirma-se ”um jornal profundamente anti-fascista, consciente da missão que tem a cumprir”; Na década de 80, surgiu o Espaço Aberto, Jornal da Escola Secundária José Falcão, de que nos chegou o número 3, de Maio de 1986. Não apresenta ficha técnica ou redactorial, pelo que não sabemos o nome dos mais directos responsáveis por esta publicação.

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E é na esteira deste vasto legado de realizações, que surge em Fevereiro de 1999 o projecto Garras, desafio lançado pelo professor Jorge Paiva, à data presidente do Conselho Directivo. A equipa inicialmente formada pelos professores A. Luís Ribeiro e Paulo Ferreira, responsáveis respectivamente pela coordenação editorial e gráfica, fez sair a 1ª edição em Abril de 1999, tendo tido como primeira directora a aluna Joana Dias do 11.º ano, turma 14 e como sub-directora, a aluna Raquel Pereira do mesmo ano e turma. Era uma reduzida mas não menos ambiciosa edição de apenas 16 páginas, na qual propúnhamos um “Garras sem rodrigos nem guitarras, nem laivos de jornal asséptico, ou politicamente correcto, indigente ou de panfleto, como os que pululam por aí.” O desafio era o de “sintonizar o pulso da escola, mas também denunciar e com temperança procurar as soluções para o que pouco ou mal funciona.” Confrontámos a comunidade escolar com a necessidade de aGarraR este projecto, que se queria constituído por “gente que não se acomode às habituais desculpas de falta de tempo, ou que escorado na crítica espúria do muito que há a fazer, não se dispõe fazê-lo quando as oportunidades são criadas. As Garras estão afiadas, a semente está lançada, cabe agora aos falcões deci-


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direm voar, deixando o enfadonho ninho, voar mais alto, voar mais longe…!” Em boa hora a escola agarrou o projecto, e um ano depois o Garras estava indubitavelmente consolidado, com uma alargada participação de alunos e professores, o que iria exigir a duplicação da paginação para umas expressivas 32 páginas por edição. Com um trabalho de composição gráfica elaborado e inovador do professor Paulo Ferreira, ao qual se foi paulatinamente associando uma crescente mancha de cor, o Garras começava por seduzir pela sua capa irreverente e imprevisível, para depois se revelar no ecletismo e substancialidade dos seus conteúdos, a saber, do Caleidoscópio, onde se dava conta das respostas dos leitores às questões que eram mensalmente apresentadas à escola, à Entrevista com… uma figura representativa da comunidade ou fora dela, às escolhas do meu Filme e do meu Livro da vida, às Páginas Temáticas do Francês e da Matemática, do Inglês e do Alemão, da Biologia e da Geologia, da Geografia e da Filosofia, à página de Poesia Escolhida, à do CineFalco, cineclube da escola, entre muitos outros. Tínhamos conseguido ultrapassar as maiores fragilidades das edições iniciais, para construir um jornal coeso, escorado num amplo conjunto de temas e com a muito empenhada participação da comunidade. A proposta inicial de assumir o projecto como força de mudança que podia e devia inspirar a escola, e que deveria traduzir a garra com que era suposto encararmos o trabalho diário, ia-se consolidando. Foi então que a inclusão de suplementos e separatas passou também a ser presença habitual nas edições regulares do jornal, aumentando a paginação e o interesse por cada novo número. Nesse sentido, na edição de Maio/Junho de 2002, apresentámos com um total de 72 páginas num único exemplar, incluindo um suplemento dedicado à europa na escola, uma separata sobre a comunicação, outra sobra as sexualidades e ainda um suplemento de Filosofia. O Garras era integralmente concebido na escola, desde a recolha de conteúdos, à maquetagem e à tiragem final. Mas à medida que o jornal ia crescendo, o aumento substancial das despesas de publicação tornou insustentável a manutenção do projecto, que apresentou a sua última edição em Junho de 2003. O Garras perfizera até então um total de 26 edições e ultrapassara as 800 páginas publicadas. O jornal manteve-se suspenso até 2006, altura em que foi proposta à antiga equipa, a edição de um número especial relativo à comemoração dos 170 anos do Liceu de Coimbra e dos 70 anos do Liceu D. João III / Escola Secundária José Falcão. No ano lectivo de 2009/10, o professor Paulo Ferreira, ex-coordenador gráfico do projecto original e actual director da escola, propôs a recuperação do Garras, mas agora em suporte electrónico. Reiniciámos o jornal usando o muito conhecido modelo do blog, mas progressivamente constatámos que era uma plataforma pouco flexível para a apresentação da diversidade de conteúdos, pelo que, no início de 2010/2011, iniciámos a apresentação do Garras

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num formato que consideramos mais versátil e apelativo, o do actual website, que é laboriosa e inspiradamente trabalhado pelo professor Paulo Pereira, e que pode ser consultado em https://sites.google.com/site/garrasesjf/ home. É uma experiência singular, distinta do velho e convencional jornal de papel, mas o que se perde da fiabilidade da antiga escrita e impressão fáctil – como acontecia no tradicional modelo do Garras – ganha-se em celeridade, participação, e em volatilidade, no recurso do actual modelo electrónico. As dificuldades são hoje maiores, mas o espírito permanece intacto, porque como referimos no último editorial, “mantemos a disposição para os desafios, afiamos as garras, perseguimos desvios, porfiamos na luta contra a apatia, a inércia ou a epidémica melancolia. Deixamos os queixumes, os chorinhos e negrumes, e recobramos o alento sem temor ou ressentimento. Venham connosco sacudir o mofo dos tempos, libertar ideias, sem teias nem peias, fomentar ideais, incendiar neurónios e velhas concepções morais, estremecer a indiferença como gente que pensa, reage e se reergue, gente com garra e paixão, de vontade e volição, na urgência do combate, de quem resiste e se bate, com empenho e convicção”. Sim, vale a pena ser Falcão! *Agradecemos a colaboração da professora Maria João Dimas


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Biblioteca Escolar

De centro de recursos a centro de aprendizagens

Filomena Pedroso professora bibliotecária “Um cilindro desenha a esquina do edifício com a avenida (...) e a biblioteca sobre o vazio da entrada.” (Arqt.º Bandeirinha) A história da biblioteca confunde-se com a história da escola. Desde 1936 localizada no 1.º andar do corpo central do edifício, a biblioteca é composta por uma sala de leitura, plena de luminosidade, graças à fachada envidraçada ainda com as janelas originais, por dois gabinetes de trabalho e pela sala de arquivo. O fundo documental é vastíssimo - cerca de 35 000 títulos. Outra parte da colecção, a mais antiga e valiosa, encontra-se há alguns anos, à guarda da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra e lá pode ser consultada. Desde 1976, o patrono da biblioteca é Alberto Martins de Carvalho, um antigo Professor e Metodólogo da Escola, nas disciplinas de História e Filosofia. Ao longo destes 75 anos, a biblioteca tem-se assumido como um centro de recursos de qualidade assinalável, sublinhese. Contudo, a biblioteca escolar e a sua representação social têm mudado. Hoje, nomeadamente desde que integrámos a Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), em 2005, trabalhamos para que a biblioteca seja mais do que um centro de recursos, queremos que seja um espaço de permanente aprendizagem, de construção do conhecimento, de transversalidade curricular. Em média, esta estrutura é visitada por cerca de 280 alunos, diariamente. A mudança de paradigma impõe-se pelas novos desafios e necessidades dos nossos utilizadores, na era da informação. Efectivamente, a colecção, a organização funcional e os recursos existentes, sendo fundamentais no acesso à informa-

ção, são meios apenas de um caminho maior na operacionalização da função educativa e informativa das bibliotecas. Actualmente, coloca-se a tónica na intervenção pedagógica da biblioteca escolar, no ensino de competências cognitivas, instrumentais e éticas de aprendizagem que, na sociedade actual, constituem condição de cidadania e que é missão da escola desenvolver. Intervenções pedagógicas explicitamente formalizadas, programadas, contextualizadas e sistemáticas, em sincronia com o projecto educativo e o plano de acção da escola, deverão constituir a característica distintiva e observável do funcionamento da biblioteca escolar. Pretende-se, assim, promover o conhecimento, competências, atitudes e um conjunto de valores relacionados com o uso adequado da informação junto dos nossos alunos. As bibliotecas escolares existem, nas e com as restantes estruturas educativas, para provocar impacto e transformar a vida dos mais jovens. Como se poderá concretizar tão arrojado desiderato? Naturalmente, mediante um trabalho de proximidade e articulação entre a equipa da biblioteca escolar e os professores que trabalham directamente com as turmas. Através da programação de experiências de aprendizagem autênticas, potenciadoras do desenvolvimento de níveis intelectuais e cognitivos que agilizem o uso eficaz da informação em qualquer formato (electrónico, impresso ou pertencente ao repertório intelectual de qualquer cultura) e facilitem a construção de sentido e de novo conhecimento. O enfoque no desenvolvimento de literacias críticas e de literacias da informação está também plasmado no Manifesto das Bibliotecas Escolares(1), da IFLA/UNESCO. O documento afirma, de forma clara, que “a biblioteca escolar disponibiliza serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitem a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efectivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação.” As principais dimensões dos serviços prestados pela biblioteca escolar são, por isso, o apoio e a promoção dos “objectivos educativos definidos de acordo com as finalidades e currículo da

escola”, a criação e manutenção do “hábito e prazer da leitura, da aprendizagem e da utilização das bibliotecas ao longo da vida” e o trabalho articulado “com alunos, professores, órgãos de gestão e pais de modo a cumprir a missão da escola”. Da análise aos princípios contidos no manifesto infere-se facilmente que a intervenção pedagógica constitui o aspecto fundamental da actividade do professor bibliotecário. Munidas de tecnologias, recursos analógicos e digitais, de serviços em presença e à distância, as bibliotecas são uma infra-estrutura básica das actividades de leitura, investigação e construção de saberes dentro das escolas. Importa ainda relevar que, volvidos quase 15 anos sobre a criação do programa RBE, no ano lectivo transacto, foi lançado um modelo de auto-avaliação das bibliotecas escolares como factor importante de monitorização e melhoria do seu trabalho e de valorização e reconhecimento do seu papel a nível interno e externo. Numa abordagem holística da prática baseada na evidência, avalia-se o impacto da biblioteca no funcionamento global da escola e nas aprendizagens dos alunos, identificando assim áreas de sucesso e outras que carecem de melhoria, reclamando inflexão de práticas. Em suma, é uma evidência documentada que, quando os bibliotecários escolares e professores trabalham em conjunto, os alunos atingem níveis mais elevados de literacia, leitura, aprendizagem, resolução de problemas e competências em tecnologias de informação e comunicação. É minha convicção que, também aqui na nossa escola, uma instituição de referência, alfobre de distintas personalidades que lograram alcançar lugares cimeiros na sociedade portuguesa, juntos, professor bibliotecário e docentes, conseguiremos fazer mais e melhores leitores, leitores críticos, leitores digitais competentes, criativos e interventivos, capazes de aprender ao longo da vida, de tomar decisões sustentadas, assumindo uma participação activa e proactiva na sociedade do séc. XXI.

(1) Texto disponível em http://www. ifla.org/VII/s11/pubs/manifest.htm



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