Campus - nº 410, ano 44

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AVIAÇÃO

SAÚDE

SOCIEDADE

NÃO CONSEGUEM CHEGAR ALTO Pilotos brasileiros recém-formados não têm apoio e perdem vagas de trabalho para profissionais estrangeiros

INFORMAÇÃO ESCONDIDA Distribuição gratuita de fraldas a pessoas carentes é omitida pelo governo por medo de o estoque acabar

PRECONCEITO FARDADO Há 30 anos mulheres da Polícia Militar do DF lutam diariamente contra crimes e discriminação

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Campus BRASÍLIA, 22 DE ABRIL A 5 DE MAIO DE 2014

QUASE NINGUÉM LIGA MAIS

A cada dia a quantidade de orelhões no DF diminui, seja por vandalismo seja por falta de uso. Será o fim do telefone público? Página 8

NÚMERO 410 ANO 44

Iago Garcia


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Campus

Brasília, 22 de abril a 5 de maio de 2014

Carta do Editor

Recorte

Isabela Resende

Gustavo Garcia

Após um longo caminho de aprendizagem e expectativa, chegamos ao Campus, nosso divisor de águas entre ser cidadãos que convivem com problemas e ser aqueles que os investigam. Esta etapa nos eleva de meros estudantes a fiscalizadores do poder. Poder este que possui um sistema de comunicação falho – seja por falta de informação seja por interesses próprios –, e que se omitiu, negou e por vezes nos passou informações enviesadas durante a apuração de algumas das nossas matérias. Que governo é esse que propõe deixar tudo às claras, mas se indispõe quando nós, jornalistas, questionamos o que está acontecendo? Reclamam que apontamos sempre o lado negativo, mas se este lado, mascarado nas propagandas do GDF, não existe, por que então tanto medo em revelar informações que deveriam ser públicas? Ou

este não é mais aquele governo que defendia a política da transparência? Onde está a clareza ao não divulgar a distribuição gratuita de fraldas à população carente? Sem mencionar o medo que muitas pessoas têm de se comprometer por estarem falando apenas a verdade. Por esses e outros motivos optamos por um jornal sem editorias, para que consigamos tratar de todos os temas, fazer todas as denúncias, e sermos livres para escrever tudo o que acreditamos ser de interesse público. Obrigado às fontes que confiaram em nosso trabalho e compromisso com a verdade. E, por fim, parabéns aos repórteres que, apesar das barreiras, conseguiram produzir boas reportagens. Que assim permaneça pelas próximas quatro edições, que neste semestre, diferentemente dos outros, contam com 16 páginas cada uma. E a você, boa leitura!

Memória A edição 58, de outubro de 1983, do jornal Campus trouxe a matéria Centro orienta pais e filhos, sobre o Centro de Orientação MédicoPsicopedagógica de Brasília, o Compp. O repórter Luis Roberto Nader explicou como o Centro e a equipe médica responsável pelo tratamento funcionavam, como ocorria o

acompanhamento de crianças e adolescentes e inclusão da família neste processo. A reportagem também trazia dados do Compp: 800 famílias foram atendidas num período de cinco meses no ano de 1983. Além de informativa, a matéria destaca dificuldades do órgão que existe desde 1969. Limitações do espaço físico, insuficiência de material e profissionais para o atendimento eram os problemas enfrentados.

Jornal-laboratório da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília

Campus

Em 2014, radares do Detran flagraram 187 avanços de sinal vermelho por dia no DF. Infração é gravíssima, com multa de R$ 191 e sete pontos na carteira. Este tipo de violação é registrado por 135 radares distribuídos em três mil semáforos

Ombudsman*

*Termo sueco que significa "provedor da justiça", discute a produção dos jornalistas sob a perspectiva do leitor. Alexandre de Paula é aluno do oitavo semestre FAC.

Alexandre de Paula Depois de um semestre à procura de um jornal melhor, é nítido que houve revolução da primeira à última edição publicada na segunda metade de 2013. A turma encontrou formas de humanizar as reportagens, conseguiu reduzir a burocratização e chegou mais perto, sobretudo na edição 404, de produzir um jornal que interessasse ao leitor. Outras questões, entretanto, não funcionaram no decorrer das edições. Caso da seção Recorte que não foi bem utilizada em quase nenhuma das produções. Faltaram graça e legendas mais interessantes para uma ideia que tinha potencial. Não é coisa de mulher cumpre bem o papel. Mostra dados,

ouve especialistas, traz um bom personagem e deixa mais claro um assunto pouco discutido. A fotografia, porém, não se destaca. Já as imagens de O lugar entre o passado e o presente merecem atenção, boas fotos que complementam a ótima reportagem e fazem o olhar de quem passa pela página parar por ali. Texto e fotos juntos justificam a utilização de duas páginas. Boa pauta, A grande sacada pedia uma abertura mais convidativa. O texto demora a mostrar a que veio ao usar todo o primeiro parágrafo para falar sobre a Superliga. A ideia de contrapor duas situações perde a força por demorar a aparecer. Vou de mototáxi é correta.

Editora-chefe: Isabela Resende Secretária de redação: Raquel Franco Editores: Beatriz Fidelis, Camila Curado, Henrique Arcoverde, Karla Beatriz, Laís Sinício e Pedro Alves Repórteres: Bruna Chaves, Bruna Furlani, Fernando Jordão, Lara Silvério, Luana Melody Brasil, Mariana Pedroza, Paula Braga, Raila Spindola, Rômulo Andrade, Taina Farfan, Taise Borges, Thomas Gonçalves e Victor Pires Fotorrepórter: Janaina Bolonezi Editora de arte e foto: Jéssica Martins Fotógrafos: Gustavo Garcia, Iago Garcia, Victor Pires, Thaís Carneiro e Thomas Gonçalves Diagramadores: Beatriz Fidelis, Camila Curado, Henrique Arcoverde,

Não empolga, mas também não compromete. A figura que ilustra o quadro, no entanto, é incoerente: um modelo de motocicleta que nada tem a ver com o universo dos mototaxistas. Ela só pensa em beijar chega atrasada. Folha de S. Paulo, Estadão, O Globo, Revista do Correio, para ficar só em alguns casos, já haviam tratado do assunto. O principal problema da reportagem, no entanto, é a tentativa de teorizar muito. O primeiro parágrafo parece mais início de artigo do que de reportagem. “Febre de aplicativos de geolocalização que surge para ressignificar o antiquado termo paquera” soa como rebuscamento gratuito.

Karla Beatriz, Laís Sinício, Pedro Alves e Raquel Franco Projeto Gráfico: Hermano Araújo, Nadjara Martins, Beatriz Fidelis, Jéssica Martins e Karla Beatriz Colaboradoras: Marina Ribeiro e Camila Menezes (ilustração) Professor: Sérgio de Sá Monitores: Eduardo Barretto e Washington Luiz Jornalista: José Luiz da Silva Gráfica: Palavra Comunicação Tiragem: 4 mil exemplares Contato: 61 3107-6498 / 6501 Endereço: Universidade de Brasília, campus universitário Darcy Ribeiro, s/n, Asa Norte, Brasília/DF. Faculdade de Comunicação, Instituto Central de Ciências - Ala Norte CEP: 70 910-900


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INTERNET

ENTRE O REAL E O FAKE

Perfis falsos nas redes sociais simulam histórias reais e prejudicam pessoas. Não há punição severa ou crime que enquadre esses casos na lei Tainá Farfan

Se eu te contar, você não acredita”, diz Nara Lima, 20 anos. A estudante de Psicologia do Centro Universitário do Triângulo, de Uberlândia, em Minas Gerais, nunca imaginou que viveria uma mentira. Após praticamente três meses de namoro por internet e telefone, ela descobriu não só que seu namorado não existia, mas que era uma mulher. Felipe Teixeira, como Luana (nome fictício) gosta de ser chamada na vida real e virtual, criou 18 perfis fakes no Facebook e no Instagram – sendo a maioria pessoas jovens e bonitas de Brasília – para sustentar uma história que quase levou Nara à depressão. De acordo com a professora de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) Elisa Walleska, casos como esse são comuns nas redes sociais. “Uma saída para alguém que deseja obter reconhecimento e afeto é criar personagens falsos que mais se pareçam com os ideais inatingíveis cobrados pela sociedade nos tempos atuais”, explica. O estudante de Medicina da Universidade Estadual de Campinas Mateus Alves, 22 anos, entrou em contato com Nara através do Facebook. Começaram a conversar diariamente. “Era uma pessoa extremamente gentil e educada”, relata Nara. O novo amigo dizia tê-la visto em vários lugares que costumava frequentar quando ia a Uberlândia, além de terem amigos em comum. “Tudo o que ele falava tinha fundamento.” Mateus era de Uberlândia, mas morava em São Paulo por conta da faculdade.

“Ele conversava com todas as amigas dela”, conta Laura Rodrigues, amiga de Nara. Felipe Rabelo, melhor amigo de Mateus, também mantinha contato diário com Nara. Todos os perfis tinham personalidades diferentes. Enquanto Felipe era amigável e tranquilo, Mateus era bravo e ciumento. Em dezembro de 2013, após dois meses e meio de amizade, Mateus a pediu em namoro. “Eu ficava preocupada porque a gente brigava bastante mesmo antes de começar a namorar. Enquanto não aceitei, não tive sossego”, confessa. Os problemas pioraram após o início do namoro. Mateus prometia que iria vê-la, mas sempre algo o impedia, como na vez em que inventou que a mãe estava em coma. Nara cansou do relacionamento conturbado e, em uma das vezes que tentou dar fim ao relacionamento, parou de dar notícias. Às 3h da manhã, o “pai” de

Marina Ribeiro

Mateus ligou para a mãe de Nara e disse que o filho havia se jogado da sacada. Nara ficou extremamente abalada com a situação e o namorado só deu notícia após seis horas. “Chorei uma vida”, desabafa. Toda semana o namorado ameaçava se matar. Após quase três meses de namoro e tentativas frustradas de término, uma amiga de Nara contou que havia uma menina de Uberlândia que costumava fazer fakes no Facebook e se passar por outras pessoas. “Comecei a desconfiar e joguei verde. Falei que sabia que era a Luana e, depois de muita pressão, ele confessou. Mas até hoje a Luana não assume que era ela quem fingia ser o Mateus, diz que era um primo”. Com isso, o namoro acabou, em março deste ano, e elas combinaram de se encontrar em seguida. Nara diz que foi um cho-

que quando a viu e escutou a voz muito parecida com a do ex-namorado. “Eu sabia que eu falava com aquela pessoa no telefone”, conta. Ela perdeu cinco quilos após descobrir a verdade. Em tratamento psiquiátrico, Luana não pôde conversar com a reportagem. ALÉM DA HISTÓRIA O advogado especialista em segurança da informação Ulysses Machado explica que a maioria dos casos como esse não possui repercussão penal relevante: “Nesse caso, não há o que a vítima possa fazer. Apenas se ela comprovar ao juiz que teve um violento dano emocional, ela pode conseguir reparação por danos morais. Mas isso em nada tem a ver com crime”. Durante os cinco meses e meio em que se relacionaram, Nara conversou com 12 dos 18 perfis falsos que Luana criou para sustentar a falsa história. De acordo com Amanda Borges, amiga de Nara que também teve contato com

diferentes perfis, cada hora ela era um personagem. “Ela conseguia ser o Mateus, ao mesmo tempo o Felipe e todos os outros, mulheres ou homens”, relata. O estudante da Universidade de Brasília (UnB) Murilo Diniz, 21 anos, foi uma das 18 pessoas que tiveram suas fotos copiadas. O perfil fake com suas fotos era do melhor amigo de Mateus, Felipe Rabelo, e ainda está ativo. “Me senti invadido, mas não sei como denunciar no Facebook”, diz. Na rede social, é possível, sim, denunciar conteúdos para tirá-los do ar. O Marco Civil da Internet, aprovado no último dia 25 de março pela Câmara dos Deputados, agora segue para análise do Senado. Se aprovado, caberá ao sistema judicial a decisão da retirada de conteúdos da internet, e não mais aos provedores (como o Facebook) que, apenas após denúncias, derrubam textos, fotos e páginas. Com isso, as vítimas deverão solicitar judicialmente que páginas falsas, por exemplo, sejam retiradas. Grande parte das pessoas que vivem histórias semelhantes a essa, como vítima ou tendo sua imagem roubada, fazem boletim de ocorrência. Porém, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, atualmente é difícil ter números exatos de quantas pessoas já passaram por esse tipo de situação, pois não existe um padrão de registro. Procurado pela reportagem, o Facebook respondeu que não comenta casos específicos. Já o Instagram não respondeu aos questionamentos da reportagem.


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MERCADO MUSICAL

NO DOMÍNIO DE POUCOS Três grandes empresários controlam o mercado sertanejo em Brasília. Quem está de fora sofre para crescer no meio Rômulo Andrade e Fernando Jordão

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iver de música é o sonho de Victor Rocha. No momento, contudo, esse objetivo parece bem distante. Com um cachê de R$ 300 e uma média de 10 shows por mês, ele ainda depende do emprego de corretor de seguros para conseguir se manter. “Todo cantor tem o sonho de se tornar profissional, mas sem um empresário você fica sempre nesse patamar de fazer festinha reduzida. Nunca vai conseguir abrir um show de um grande artista, como Gusttavo Lima, nem vai conseguir emplacar um hit, já que as rádios chegam a cobrar R$ 10 mil para tocar uma música sua”, reclama o artista que há 12 anos tenta um lugar ao sol. A situação de Vitor Rocha não é um caso isolado no mercado brasiliense da música sertaneja. Com grandes referências nacionais, o estilo tem crescido em todo o país, com casos de sucesso, como o das duplas Jorge & Mateus e Fernando & Sorocaba, por exemplo. Motivados também pela proximidade com o estado de Goiás, que sempre foi o celeiro da grandes nomes, diversos artistas de Brasília querem alcançar o sucesso e nem sempre possuem resultados positivos. Três grandes empresários dominam o mercado sertanejo local, gerenciando a carreira dos principais artistas brasilienses. De acordo com o cantor Daniel Duran, que possui um forte empresário por trás de seu relativo sucesso, quem não está inserido nesse ciclo sofre para conseguir se apre-

sentar nas casas noturnas da cidade. “Os contratantes de Brasília são diferentes de outros locais do Brasil. Aqui, se o artista não tiver uma estrutura de caminhão ou ônibus próprio, de som e iluminação, fica difícil conseguir bons shows e um cachê valorizado. É preciso um investidor para que isso ocorra. No resto do Brasil os contratantes já possuem e fornecem tudo o que é preciso para o show, então um artista talentoso e iniciante tem mais espaço”, afirma. Com cerca de 28 nomes em destaque e 11 casas de show voltadas para o estilo – com capacidades média de 300 pessoas – a cidade possui uma grande oferta para a noite. Mas o cantor Giulliano, da dupla Guilherme & Giulliano, reclama que nem todos conseguem ter espaço. “Muitas vezes, duplas iniciantes querem pular etapas, como a de começar em um barzinho, juntar uma verba e investir na carreira, e já querem estar nas baladas mais movimentadas. A nossa dupla tem cinco anos, e só agora conseguimos um investidor. Antes disso, alugávamos ônibus e estrutura de iluminação para poder competir com os maiores artistas locais. Muitas vezes já tocamos para pagar os custos, ou seja, sem ter nenhum lucro para nós”, lembra. A média de cachê das principais duplas do Distrito Federal, como Henrique & Ruan, Wilian & Marlon e Pedro Paulo & Matheus, varia entre R$10 mil e

Gustavo Garcia

Popular no cenário local, a dupla Henrique e Ruan chega a fazer cinco shows por semana, com cachês que variam de R$ 10 mil a R$ 12 mil


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“Se o contratante vê o código de área 61, ele já tem um preconceito, e é por isso que muitas duplas aqui de Brasília possuem um telefone com o código 62 também” Eduardo Santacruz

com o ego dos artistas. Ele já trabalhou com algumas duplas do DF e a última experiência, antes da atual, foi com Wilian & Marlon. Neste caso, a relação não teve um final positivo e o contrato acabou na justiça. Segundo Santacruz, é muito difícil caminhar com uma dupla desde o início até o estrelato, pois ao longo da carreira existem diversas mudanças, e quem ajudou no começo, pode ser que não tenha mais importância em um dado momento. "Ao pensar na parte econômica, se a dupla não der certo o empresário perde dinheiro e, se der certo, ele também perde dinheiro", brinca. Mas nem sempre é o ego do artista que estraga um contrato com o empresário. Rick Azevedo é cantor solo e já teve um empresário para cuidar da carreira, mas conta que nem sempre tudo que está no contrato é cumprido. “Há um investimento e é preciso ter paciência para que os passos deem certo, mas muitas vezes o empresário promete demais e não faz nada”. Por ter uma família repleta de musicos que se apresentam na noite da capital, Rick Azevedo decidiu dividir as responsabilidades para cada membro da família e, de forma independente, fazer toda a administração e estratégia da carreira. Quando o assunto é o surgimento de novas duplas e cantores que se mostram com investimento e toda estrutura necessária, Rick Azevedo questiona o talento e a força econômica envolvida. “O talento é o que está valendo menos hoje em dia. O que mais conta é o fato do cara ser bonito e dançar bem, do que o lado musical mesmo. E se tiver estrutura

FENÔMENO NACIONAL Desde o surgimento do chamado sertanejo universitário – entre o final da década de 1990 e o início da década de 2000 –, o ritmo nascido no Goiás tem se mostrado como um mercado lucrativo. Atualmente, o gênero é responsável por gerar 30% dos lucros da gravadora Som Livre. Já na Sony, essa proporção chega a 40%. Ainda na indústria de CDs, a cantora Paula Fernandes ficou na segunda colocação entre os maiores vendedores de discos em 2012, perdendo apenas para Roberto Carlos. O ranking é elaborado pela Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD). Outro campo dominado pelo sertanejo é o das composições. Há dois anos o cantor Sorocaba, da dupla com Fernando, lidera a lista do Escritório Central de Arrecadação de Distribuição (Ecad) entre os artistas que mais arrecadam com direitos autorais. Antes de Sorocaba assumir a ponta, o ranking foi liderado por três anos seguidos – 2009, 2010 e 2011 – por Victor Chaves, da dupla com Léo. Nas rádios, o domínio do sertanejo é ainda mais evidente. Na principal rádio popular

Momento de oração: equipe técnica, músicos e cantores se reúnem depois dos shows. São cerca de 20 profissionais envolvidos no negocio de uma dupla sertaneja

do DF, a Clube FM, as dez músicas mais tocadas na segunda semana de abril pertenciam a artistas do gênero. Em âmbito nacional, as duas faixas mais executadas no ano passado, segundo a empresa de monitoração eletrônica Browley Broadcast Analysis, foram, respectivamente, “Vidro

Fumê”, de Bruno & Marrone e “Te Esperando”, de Luan Santana. Nessa mesma lista, entre as 50 canções mais tocadas no país no ano passado, 28 eram sertanejas. Além disso, a pesquisa “Tribos Musicais”, feita pelo Ibope, mostrou que o ritmo é o preferido de 58% dos ouvintes de rádio.

Proprietário da casa de shows Caribeño, o peruano Eduardo Santacruz aproveita o palco da casa para divulgar os músicos que agencia

Gustavo Garcia

R$12 mil, dependendo do dia da semana, horário, público estimado e local da apresentação. O empresário de Henrique & Ruan, Eduardo Santacruz explica que uma dupla funciona como uma empresa legalizada, que paga impostos e emprega mais de 20 pessoas, entre músicos, equipe técnica e o escritório que administra a carreira. “O negócio musical é bem divido e organizado. Existe o papel do produtor, que cuida de todos os detalhes técnicos na hora do show, o empresário, que fecha os contratos e direciona a empresa, e o papel do investidor, que disponibiliza toda a estrutura necessária como ônibus e outras necessidades, mas que também possui uma porcentagem em cada cachê, que em Brasília varia entre 20% a 40%”, relata. Segundo o empresário de Daniel Duran e produtor de eventos, Aci Carvalho, o profissional que gerencia a carreira possui um renda que atende as necessidades pessoais, mas diz que o mercado musical é sazonal. “O lucro é muito relativo, pois dependemos de boas datas para fazer eventos e emplacar bons shows. O mais difícil é consolidar uma carreira, e para isso, é preciso reinvestir o lucro. Eu reinvisto cerca de 50% de tudo o que ganho, e no meu caso, dou mais atenção à musicalidade e venda do artista nas rádios, principalmente nas do interior de Goiás, do que em estrutura voltada para o mercado de Brasília”, conta. Com mais de 10 anos de experiência gerenciando artistas e cuidando da conhecida casa de shows Caribeño, Santacruz���������������������� conta���������������� que o mais complicado na profissão é lidar

e dinheiro investido, é bem mais fácil. Agora é preciso saber se um investimento desse porte vai durar e dar certo”.


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AVIAÇÃO

FORA DO PLANO DOS PILOTOS

O custo elevado das aulas práticas de pilotagem e a falta de apoio financeiro por parte de órgãos públicos e privados atrasam entrada de novos profissionais no mercado Luana Melody Brasil

A

poucos meses de terminar o curso superior de Aviação Civil, oferecido pela faculdade Unicesp, Bárbara Montandon, de 24 anos, começou o estágio na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e também passou a vender brigadeiros e pães de mel, tudo para fazer uma poupança direcionada às aulas de pilotagem. Bárbara, que sonha ser piloto de resgate, teve a oportunidade de estar no comando de um avião apenas uma vez, quando recebeu uma hora de voo como presente de aniversário. “Foi uma das melhores sensações que já tive”, lembra a estudante olhando para o alto. “Sei que até conseguir um emprego na área vou ter de abrir mão de muitas coisas. É um gasto grande e são poucos os subsídios”, lamenta. Bárbara custeou a faculdade por meio de uma bolsa integral concedida pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), que não contempla os gastos com as horas de voo.

NA UnB Em 2001, foi criado um curso de extensão na Universidade de Brasília que oferecia aulas de voo teóricas. Com a repercussão dada pela mídia local, a procura gerou mais de 200 matrículas. “Eu esperava uma turma de 50 alunos, no máximo. Mas não pudemos continuar porque a despesa é grande, não dava para a grana da UnB. Por isso criamos o curso numa faculdade privada”, explica Adair Geraldo, coordenador do curso de Aviação Civil da Unicesp.

Para atuar perto da área que escolheu como profissão, Lorena Silveira, de 20 anos, trabalha como secretária numa escola de aulas teóricas de voo em Brasília. Ela terminou em 2012 o mesmo curso feito por Bárbara, mas não pode obter o diploma enquanto não conseguir 40 horas de pilotagem exigidas para a licença de Piloto Privado (PP). “Já tenho 11 horas de avião, mas estou parada desde agosto do ano passado. Eu fazia as aulas práticas em Nova Ponte (em Minas Gerais, a 500km de Brasília) porque eram mais baratas (R$ 270). Tive de parar por falta de tempo para a viagem”, conta Lorena. Os estudantes devem investir em média R$ 50 mil apenas nas aulas práticas para conseguirem o diploma de nível superior e serem remunerados pelos voos, de acordo com as normas da Anac. O preço da hora-aula em aviões varia entre R$ 270 e R$ 1,2 mil, dependendo da aeronave. Em Luziânia (GO), a 60km da capital, o Aeroclube de Brasília oferece as aulas de voo numa aeronave básica por R$ 550. Um dos motivos para o valor alto é a gasolina de aviação, que custa em média R$ 4,85 por litro devido ao processo de destilação. Segundo o instrutor Carlos Etiene, para cada hora de voo em aeronaves básicas, são gastos aproximadamente 35 litros de gasolina. Desta forma, se o estudante gasta R$ 550 em uma hora de voo, R$ 170 são apenas para custear o combustível. Mas, nem sempre foi assim. Até 2005, os aeroclubes eram isentos de impostos da gasolina, o que diminuía o preço das au-

Iago Garcia

Alisson Toscano, 21 anos, já gastou R$ 40 mil para o brevê e possui 230 horas de pilotagem, mas não consegue emprego em companhias aéreas. Atualmente, ele investe na licença para instrução de voo, que exige 25 horas de aulas práticas, no Aeroclube de Brasília. Formado em 2012 pela Unicesp, destaca: ”Era uma turma de 80, alguns desistiram durante os semestres e outros não retiraram as licenças, que são bem caras”

las nas aeronaves. Nessa época, o Departamento de Aviação Civil (DAC), que integrava o Ministério da Aeronáutica até 1999, era o órgão responsável pelo setor. Em 2005, o DAC foi substituído pela Anac, autarquia vinculada à Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República. “Em 2008, propus num seminário no Congresso que nos aeroclubes o combustível e lubrificantes de aeronaves fossem isentos de impostos para diminuir os gastos com a formação, mas não houve interesse”, conta o coordenador do curso de Aviação Civil da Unicesp, Adair Geraldo Ribeiro. Até o segundo semestre de 2011, a Anac oferecia bolsas para ajudar estudantes no pagamento das aulas práticas. Mas, para concorrer à bolsa, os candidatos deveriam ter no mínimo dez horas na caderneta de voo. Segundo a Anac, está em análise um novo projeto de conces-

são de bolsas. Uma das propostas é que parte do auxílio seja direcionada para estudantes beneficiados pelo Prouni. A previsão é de que o edital seja divulgado ainda este ano. LUGAR NO MERCADO Mesmo os estudantes que retiram as licenças de Piloto Privado e Piloto Comercial (PC), o chamado brevê, que exige o mínimo de 150 horas de voo, não conseguem ter emprego garantido numa companhia aérea. As grandes empresas brasileiras estão contratando copilotos com pelo menos mil horas de voo, oferecendo salários de R$ 6 mil a R$ 10 mil. Um estudo feito em 2011 pela Organização Internacional de Aviação Civil (Icao, em inglês) apontou que a quantidade de pilotos necessários passará de 460 mil em 2010 para 980 mil em 2030. Porém, no Brasil, o número de profissionais preparados para assumir o comando de

aviões comerciais tem diminuído nos últimos anos. Segundo relatório divulgado em março deste ano pela Anac, há seis mil pilotos brasileiros ativos. Em documento semelhante relativo ao primeiro semestre de 2011, época do estudo da Icao, havia 14 mil. Uma das soluções encontradas pelas grandes companhias aéreas brasileiras para suprir a falta de profissionais qualificados foi a importação de pilotos, que é uma prática ilegal. Porém, em 2009 foi proposto um projeto para alterar a lei que proíbe a contratação de estrangeiros, mas houve rejeição unânime na Câmara dos Deputados em 2012. As companhias passaram a contratar militares e pilotos brasileiros de linhas áreas internacionais. Questionadas sobre investimentos na formação de pilotos brasileiros, a Avianca, Gol e TAM não responderam até o fechamento desta edição.


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ase Aérea de Brasília, 8 de abril, segundafeira, 8h da manhã. Universitários não escondiam a ansiedade pela viagem que se aproximava. Para a maioria, era a oportunidade de conhecer a Amazônia. A viagem fez parte do projeto Formadores de Opinião, oferecido pelo Exército Brasileiro. Segundo o coronel Nereu dos Santos, coordenador da excursão, o objetivo é “servir de ponte para mostrar o trabalho das forças armadas na Amazônia”. Antes de chegar a Manaus, onde os estudantes ficariam alojados nas dependências do 1º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), o avião teve de fazer parada para reabastecimento no Campo de Provas Brigadeiro Veloso, no Pará. Depois de mais 1h30 de viagem, o avião pousou em Manaus. Ao sair da aeronave, sentimos o calor amazônico. A umidade deixa o ar pesado para quem é acostumado ao clima seco de Brasília. Os militares também sofrem: o capitão Marcus Vinícius, do Centro de Instrução de Guerra na Selva

livres, então o pessoal aproveitava para conhecer, juntos, os atrativos de Manaus. Uma das noites foi mais agitada. Um furto ocorreu em boteco próximo ao BIS, no qual uma mulher levou o celular de colega da Faculdade Anhanguera. Além disso, uma tentativa de sequestro ocorreu quando estudantes dirigiam-se a um bar. Um carro parou no meio da rua e um homem sem farda se identificou como oficial encarregado de nos dar carona. Ninguém acreditou e confirmamos depois que a história era falsa. No terceiro dia, visitamos a Base Aérea de Manaus. Tivemos uma experiência para poucos: entrar no simulador do avião C-105 Amazonas. Mais tarde, foram apresentadas aeronaves que muitos só conheciam de filmes, como o helicóptero Black Hawk. Depois, foi a vez de visitar o Comando do 9º Distrito Naval. Lá, conhecemos três embarcações: navio-hospital, navio de patrulha e navio responsável pelo levantamento hidrográfico da região. O penúltimo dia amanheceu nublado. Era nítido o cansaço dos alunos. A programação preparada pelos militares previa sequência desgastante de palestras, com pouco espaço para perguntas. Contudo, a quinta-feira iria surpreender, com visita a aldeia indígena às margens do Rio Negro. A visita ao Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia foi seguido por passeio de barco no Rio Negro. A embarcação havia sido preparada para nos receber com lanche e som variado – de funk a maxixe. Alguns tomaram sol, outros ficaram descalços e a maioria preferiu sentar-se no chão. Às vezes, esquecíamos que era uma expedição militar. Ao chegar à aldeia, a interatividade dos estudantes com os índios foi tímida. A oca era pouco iluminada, o que aumentava o clima de mistério. Quando o pajé Raimundo Kissibi começou a falar, logo ficou claro que estávamos diante de um show para turistas. A apoteose deu-se quando cada índio puxou pela mão um dos espectadores, para todos dançarem juntos. Isso quebrou o gelo e nos preparou para a etapa final da visita: o comércio de artesanato indígena. No último dia, fomos acordados às 6h para desocuparmos o alojamento em meia hora. Jogamos tudo dentro da mala e tomamos café da manhã. A volta foi diferente da ida: pouca cantoria e risada. Exaustos, pensávamos apenas em nossas camas. Poucos tinham certeza se fariam de novo a viagem, mas todos sabiam que havia sido uma experiência maravilhosa.

ran dão

(CIGS), explicou que só militares brasileiros que servem há seis meses no Norte podem fazer o curso de guerra na selva. Victor Pires e Thomas Gonçalves O tempo é necessário para adaptação ao clima. Após deixarmos as malas no BIS, seguimos para palestra no 2º Grupamento de Engenharia, na qual o coronel Vianna Peres fez afirmações polêmicas sobre questões indigenistas e ambientalistas. Frisou também a dicotomia entre biocentrismo e antropocentrismo e afirmou que “o bem da biosfera não pode ser superior ao bem coletivo”. Além disso, foi contra ONGs defensoras de indígenas em favor de interesses econômicos externos. No dia seguinte, fomos recepcionados no CIGS, considerado a melhor escola de guerra na selva do mundo. Desde 1964, ano de sua criação, o Centro formou 5.533 militares, sendo 446 estrangeiros. Atualmente, cinco franceses, dois equatorianos e dois senegaleses participam do treinamento de 12 semanas. À tarde, visitamos o Zoológico do CIGS, segundo ponto turístico mais visitado de Manaus e único zoológico militar do mundo. Durante a viagem, novas amizades surgiram e antigas se fortaleceram. Os militares também se deram bem com os universitários. As noites eram

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Projeto leva universitários para conhecer trabalho das forças armadas na região Norte

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Na Amazônia com o Exército

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TELEFONIA

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TÔ TE LIGANDO DE U

Trocados por celulares pré-pagos, os telefones públicos desap

Paula Braga

Thaís Carneiro

O

s orelhões podem serviço disponível para casos de emergência. “Havia acabado estar com os dias emergenciais, nos quais o celular de me mudar, não tinha contados. Segundo falhe, por exemplo”, explica telefone e precisava fazer uma dados divulgados pela Agência o engenheiro especialista em ligação a partir de uma linha Nacional de Telecomunicações telecomunicações João Paulo fixa para que liberassem a água (Anatel), entre janeiro de 2012 Lustosa. “A oferta de aparelhos no apartamento. Desci e fiz a e fevereiro de 2013 o número públicos de telefonia deve chamada do orelhão em frente de aparelhos de telefonia continuar caindo, mas não ao prédio.” pública disponíveis no A pouca utilização país teve redução de do serviço de telefonia aproximadamente 12%. pública também refletiu Somente no Distrito na venda de cartões Federal, no mesmo telefônicos para serem período, a quantidade utilizados nos aparelhos. era o número de aparelhos celulares Segundo Claudia Silva, de telefones públicos passou de 18,1 mil por indivíduo no Distrito Federal em funcionária de uma para 11,6 mil. Entre banca que ainda vende 2013, enquanto havia menos de um os cartões na rodoviária as principais causas orelhão para cada habitante apontadas pela empresa de Brasília, a procura Oi (concessionária de diminuiu nos últimos telefonia pública em anos. “Temos clientes todos os estados do Brasil, acredito que esse é um serviço que ainda compram, mas antes exceto São Paulo) para a redução que deve ser extinto”, afirma. vendíamos mais. Sempre tem “Hoje quase ninguém compra cartão. Vendemos ainda porque sempre tem alguém que precisa, e no número de orelhões estão a A jornalista Rafania Almeida, alguém que precisa, em uma passou a ter celular, quase não vendemos mais”, explica Claudia Silva queda na utilização do serviço de 29 anos, está no grupo emergência, mas tenho visto e os crescentes índices de daqueles que abandonaram o poucos orelhões ultimamente empresa instalados em vias vandalizados. Esse custo é bem vandalismo aos aparelhos. orelhão e passaram a utilizar e nem todos funcionam. A e estabelecimentos públicos menor no caso do serviço móvel, no Entre 2007 e 2013, a apenas o celular. Ela usou o maioria das pessoas partiu para sofrem danos diariamente. qual é instalada uma antena emissora concessionária registrou queda telefone público durante toda a o celular e acabou desanimando Em 2013, foram danificados de aproximadamente 40% ao adolescência, quando o celular um pouco com o orelhão”, diz. por atos de vandalismo, em ano no consumo de créditos em ainda não era popular. “Minha Outro fator que contribui média, 7% dos quase 12 mil seus orelhões – o que representa mãe sabia os números dos para a redução no número telefones públicos no Distrito uma redução de 92% em orelhões próximos à escola. Esse de orelhões é o alto índice de Federal. Além disso, do total relação a todo o período. Além era o meio que ela tinha para vandalismo contra os aparelhos. de orelhões que apresentam disso, pesquisas realizadas pela falar comigo caso acontecesse Segundo a Oi, os aparelhos da defeitos, principalmente em A quantidade mínima de telefones pú companhia apontaram que o alguma coisa. Naquela leitoras de cartões, fones e pelas empresas concessionárias é defin uso dos aparelhos é esporádico. época era comum”, conta. teclado, 91% são em virtude de Universalização do Serviço Telefônic Em 2010, por exemplo, menos Para ela, o aumento atos de vandalismo, entre eles cinco anos, as metas são renovadas ap de 4% da população utilizavam na oferta de planos mais pichações e colagem indevida pública. Atualmente, a proporção é de os orelhões diariamente. baratos de telefonia móvel de propagandas nos aparelhos. mil indivíduos – duas unidades a men “Com o aumento na oferta foi um importante fator “A desvantagem do quando a meta era de seis aparelhos p do serviço de telefonia móvel, na mudança, além da sistema fixo de telefonia é Segundo o Ministério das Comunicaç solicitações de reparo em orelhões que existe um custo elevado a tendência é que a utilidade praticidade de estar sempre sobre a revisão dos contratos de conce do telefone público diminua. com o celular à mão. Apesar foram registradas em todo o país para a instalação do sistema PGMU seria encaminhada até o final Apesar disso, devemos disso, Rafania conta que de cabeamento, somandodiretor da Anatel. Em dezembro de 20 durante o último ano levar em consideração que ainda precisou recorrer ao se aos gastos com reparos plano de metas para as concessionária a população precisa ter esse orelhão em uma situação nos aparelhos públicos

2,04

PLANOS DE METAS

1.515


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UM ORELHÃO...

parecem aos poucos das ruas do DF

TELEFONE PARA CONTATO Lara Silvério

D

em uma emergência, mas depois que todo mundo

de sinal que pode ser usada por vários aparelhos em um determinado raio de distância”, explica Lustosa.

úblicos que devem ser disponibilizados nida pelo Plano Geral de Metas para a co Fixo Comutado (PGMU). A cada pós serem submetidas a consulta e quatro aparelhos para cada grupo de nos do que o estipulado em 2003, para cada mil habitantes. ções, a proposta de consulta pública essão e sobre a quarta atualização do de abril para apreciação do conselho 015 deve ser estabelecido um novo as.

istante 46 quilômetros de Brasília, a mas, como o orelhão está do lado população do Vale das Andorinhas de fora, às vezes perdemos a ligação vive uma situação pouco comum. porque não o ouvimos tocar”, explica Diferentemente dos grandes centros Ivone. De acordo com a Oi, que responde pela urbanos, a comunidade rural do Novo Gama, cidade goiana do Entorno do telefonia na região, a empresa segue as regras Distrito Federal, possui um único telefone da Agência Nacional de Telecomunicações público, que é peça essencial no dia a dia das (Anatel) para instalar orelhões. É previsto, pessoas. Não há rede telefônica instalada em lei, o atendimento às escolas rurais e, na região, o sinal de celular é inconstante para receber mais de um telefone público, a região deve ter mais de 300 e o orelhão, que habitantes. Entretanto, os funciona via satélite, órgãos brasiliense e goiano é o principal meio responsáveis não sabem de comunicação de, informar quantas pessoas aproximadamente, residem no Vale das 90 famílias e da Andorinhas. "Fora dessa Escola Municipal obrigação, a instalação de Carla Moana Dias outros orelhões seria por Simões. interesse e iniciativa da A comunidade, concessionária [no caso, que existe há pouco a Oi]" afirma, em nota, mais de 40 anos, a Anatel. A Oi não quis recebeu o orelhão se manifestar acerca dos apenas em fevereiro requerimentos feitos pela de 2012. Ele foi população. instalado em frente Difícil mesmo é à escola e a chegada foi comemorada A população do Vale das Andorinhas depende quando chove. O orelhão perde o sinal e quem precisa em grande estilo: de um único orelhão para se comunicar se comunicar tem que dar com direito à festa de inauguração, laço vermelho e tudo mais. um jeito. A assistente da escola nascida na Na mesma época, a escola promoveu uma comunidade, Mônica Menezes, conta as campanha com os alunos para que eles dificuldades que a comunidade enfrenta. entendessem a importância de conservar “Uma criança precisou ser levada ao hospital o “filho único”. E parece que funcionou. do Gama e ficamos duas horas tentando O telefone não sofre com depredações e contato com a mãe dela.” De acordo com Mônica, apenas a família vandalismos. Ivone Costa, secretária da escola há oito dela e outras três possuem linha de telefone anos, conta que gostaria que outro orelhão fixo na residência. O artigo é considerado de fosse colocado dentro da instituição. luxo. A assistente se queixa do alto valor da “Muitos pais de alunos e a própria Secretaria conta. “Pago para ligar e até para receber. A de Educação do Novo Gama ligam aqui, instalação é bem cara também.” De acordo

com a Anatel, o atendimento às áreas rurais implica em cobrança diferenciada, mas cada caso deve ser analisado à parte. A melhor alternativa para a população local continua sendo o telefone público. Entretanto, o cartão telefônico não é vendido no Vale das Andorinhas. Apegado ao orelhão, Dezílio de Souza se aproveita da situação para “tirar um dinheirinho”. Vigia da escola, ele é quem, na maioria das vezes, atende ao telefone. Desde 2012, ele compra os cartões no Pedregal, bairro distante 4km em estrada de chão, e revende por R$ 2 mais caro, ganhando até R$ 50 por mês. “O pessoal compra de mim porque a gente não tem transporte direito. Às vezes a pessoa espera 2h na parada [de ônibus]. Quando eu não tenho mais cartão as pessoas perguntam: "cadê, irmão?”, conta sorrindo. “Um telefone é muito pouco pra quem ama como louco e mora no Plano Piloto. (...)", cantava Renato Matos na década de 1970. No Vale das Andorinhas, que fica pra lá do Gama, um telefone continua sendo, realmente, muito pouco.


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MEIO AMBIENTE

FOCO NO LIXO

Iago Garcia

Brasília se prepara para fechar maior lixão da América Latina

Mariana Pedroza

sativou todos seus lixões até agora foi Santa Catarina. Grandes cidades como Rio de Janeiro e São Paulo contam com um eficiente sistema de tratamento de resíduos, mas existe um pequeno porém: o lixo produzido pelos cariocas e paulistanos é tratado e aterrado em outros municípios. “Quando o aterro estiver pronto, Brasília vai ser uma das poucas metrópoles brasileiras que vai tratar no próprio território o lixo produzido. Em vários lugares do mundo, como a Califórnia, nos Estados Unidos, o lixo é enviado para a China”, explica o diretor-técnico de planejamento e projetos especiais do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Edmundo Gadelha. O custo benefício de um aterro sanitário se sobressai quando comparado a outros métodos de tratamento do lixo. Segundo o subsecretário de Políticas de Resíduos Só-

Operários trabalham na construção do Aterro Sanitário do Distrito Federal, localizado em Samambaia

lidos do DF, Paulo Celso dos Reis Gomes, “um incinerador cobra em média R$ 250 por tonelada de lixo queimado, fora o gasto de US$ 200 milhões para lavar os gases que ele emite. A usina de compostagem cobra por volta de R$ 100 a tonelada e o aterro, R$ 50.” Em Brasília, a área selecionada para receber o aterro sanitário fica em Samambaia, ao lado da estação de tratamento de esgoto Melchior, administrada pela Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). Os estudos de impacto ambien-

Camila Menezes

Nunca foi dada a devida importância ao lixo aqui no Brasil. Tratá-lo não é prioridade, por isso estamos rodeados de lixões país afora.” A avaliação é do professor Gustavo Souto Maior, do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB), e expressa a realidade nacional. Não à toa, foi publicada, em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 12.305, q u e d e t e r m i n a que todos os municípios tenham um plano de gestão dos rejeitos e desativem seus lixões até agosto de 2014, substituindo-os por aterros sanitários. Faltam menos de quatro meses para o país mudar radicalmente a forma de lidar com o lixo e, no entanto, poucas cidades estão preparadas para a transformação. Segundo pesquisa feita em dezembro de 2012 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o principal fator para que a PNRS tenha êxito está longe de virar realidade. Ainda existem quase três mil lixões em atividade espalhados em 2,8 mil municípios. Isso sem citar que, das 190 mil toneladas de resíduos sólidos produzidos por dia no país, apenas 1,4% é reciclado. Diante de tantos dados alarmantes, o único estado da federação que de-

tal tiveram início em 2004 e especialistas do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) analisaram desde aspectos geológicos até o abalo social na região. Projetado para ter três metros de profundidade e ocupar 32 hectares, o aterro sanitário está previsto para ser inaugurado no final de maio. O solo vai passar por impermeabilização e o chorume, que tem uma carga poluidora quase mil vezes maior do que a do esgoto doméstico, vai ser conduzido a tanques de equalização e depois encaminhado para a estação de tratamento Melchior, para ser tratado junto com o esgoto convencional. O SLU quer que o ritmo de trabalho comece acelerado para dar conta das 8,7 mil toneladas de lixo produzidas todos os dias na cidade. A proposta é que seja aterrado apenas o que não for aproveitado na reciclagem e na compostagem orgânica. A médio prazo, o SLU espera que sejam enterradas, diariamente, apenas 540 toneladas

de rejeitos. Segundo Gadelha, a quantidade de lixo aterrada interfere na vida útil do aterro de Brasília, que “pode variar entre 15 e 25 anos. Por isso, os processos da coleta seletiva e da triagem do lixo são importantes. É ali que a gente garante a qualidade e a quantidade do que vai ser aterrado.” Segundo o professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB Sergio Koide, “a meta do SLU de enterrar só 15% do lixo é excelente, mas vai depender de como vão administrar o aterro. O projeto no papel funciona e segue os padrões internacionais, resta saber se na prática também vai ser assim.” Koide ainda argumenta que um aterro sanitário precisa ser monitorado a todo o tempo porque “há o risco da coleta seletiva e da reciclagem não serem feitas da maneira correta ou de não separar direito os entulhos da construção civil do lixo doméstico e, aí, perder o trabalho feito ao longo do tempo”.


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COLETA SELETIVA

PARA CATADORES, A HISTÓRIA É OUTRA

PROCESSO JÁ TRAZ RESULTADOS, DIZ GOVERNO

Fernando Henrique Jordão

A coleta seletiva de resíduos, etapa fundamental para o fechamento do Lixão da Estrutural, tem apresentado bons resultados. Um mês após o início do funcionamento do sistema, em 17 de fevereiro, a quantidade de lixo reciclado no DF saltou de 2,4 mil para 3,8 mil toneladas por mês, o que representa um aumento de 58,3%. Os dados são do Serviço de Limpeza Urbana (SLU). Proporcionalmente às 81 mil toneladas de lixo produzidas por mês no DF, o volume reciclado cresceu de 3% para 4,7%. A meta do SLU é elevar esse percentual a 15%, cerca de 12,1 mil toneladas/mês, até fevereiro de 2015. Para se ter uma ideia, em Curitiba, primeira cidade a contar com a coleta seletiva no Brasil, a proporção de resíduos reciclados chega a 21%. Alguns problemas, no entanto, têm sido relatados pelos usuários. De acordo com o SLU, a maioria das queixas diz respeito ao não cumprimento dos horários para a coleta do lixo seco. O órgão alterou seis das 68 rotas de coleta para melhor atender à população e estuda ampliar os horários de quatro para seis horas. No entanto, a maioria dos usuários ouvidos pelo Campus reclamou da falta de informações sobre os horários da coleta. “Não sei dizer se passa na hora certa, não sei qual é o horário que esse caminhão deveria passar. Só coloco o lixo para fora de casa quando está cheio e espero até ele ser recolhido”, conta Luciana Lima, moradora do Recanto das Emas. O SLU, por sua vez, respondeu que disponibilizou o cronograma da coleta em seu site (www.slu.df.gov.br) e que distribuiu um milhão de panfletos com informações sobre a coleta em residências do DF. A autarquia afirma ainda que vai imprimir mais um milhão de folders para atingir as cidades restantes, além das áreas rurais. A coleta seletiva no DF inclui as áreas rurais. Para realizar o serviço, foram contratadas três empresas terceirizadas (CGC, Quebec e Valor Ambiental) escolhidas por meio de licitação, ao custo de R$ 1,2 milhão mensais. São utilizados no recolhimento exclusivo dos resíduos recicláveis 120 funcionários e 32 caminhões . Victor Pires

Funcionários da coleta seletiva recolhem lixo na Asa Norte

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Representantes de cooperativas afirmam que a coleta seletiva não é capaz de diferenciar resíduos recicláveis de lixo orgânico Taise Borges

Moça, vou te falar a verdade: não existe coleta seletiva.” É assim que Raimunda Ribeiro resume a situação da coleta de lixo reciclável estabelecida pelo Governo do Distrito Federal (GDF) desde fevereiro deste ano. Raimunda é diretora social da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do Distrito Federal, a Centcoop, e presidente da Cooperfenix, uma das cooperativas associadas à Central. “Não mudou nada”, é o que afirma ao se referir à quantidade de resíduos recicláveis que chegam às cooperativas diariamente e à renda dos trabalhadores responsáveis pela triagem dos materiais. Cerca de 3,5 mil catadores trabalham nas 24 cooperativas associadas à Centcoop. Dessas, sete situam-se nas áreas atendidas pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e são privilegiadas ao receberem a maior parte dos resíduos coletados no DF. Uma delas é a cooperativa da qual Raimunda Ribeiro é presidente e onde tem encontrado dificuldades para trabalhar. “Na Coorperfenix, os materiais recicláveis chegam misturados ao lixo orgânico. Nosso maior trabalho é separar um do outro. No final, a quantidade de material reciclável é a mesma de antes da coleta seletiva”, garante a presidente. Ivanilde Soares é conselheira fiscal da Coorace, a Cooperativa de Reciclagem Ambiental da Cidade Estrutural. Ela concorda com Raimunda ao declarar que a coleta de materiais recicláveis

não trouxe benefícios para os catadores do DF: “Ainda não vi vantagem nenhuma nessa coleta seletiva. Na Coorace, não aumentou a quantidade de material reciclável, só de lixo. O que chega lá é animal morto”. Representantes de cinco cooperativas localizadas na área atendida pelo SLU opinaram sobre a situação da coleta seletiva no DF. Todos foram unânimes ao afirmar que o programa não aumentou a quantidade de material reciclável que chega ás associações, mas que, agora, o volume de lixo orgânico que recebem é muito maior. Para um funcionário de uma das três empresas responsáveis pela coleta de materiais recicláveis no DF, o problema é a falta de conhecimento da população: “Como os moradores não sabem os horários dos caminhões do lixo orgânico e os do material reciclável, colocam o lixo misturado no horário que bem entendem. Nós, da coleta seletiva, colhemos o lixo que encontramos, seja ele orgânico ou seco”. No DF, a renda dos catadores é garantida pela venda do material reciclável e pela Bolsa Ambiental de R$ 300 concedida pelo GDF. Desde 2006, está em negociação o Pagamento por Serviço Prestado. A quantia destinada aos catadores é relacionada ao convênio acertado entre o GDF e as cooperativas, responsáveis pela triagem do material. O pagamento é previsto pela Lei 12.305 de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos. O valor do Pagamento do Serviço Prestado ainda não foi decidido, o que deve ocorrer ainda este ano, segundo a Centcoop. A renda dos catadores com a comercialização dos materiais recicláveis varia em cada cooperativa. “Com a venda dos resíduos, dá pra tirar R$ 400, R$ 500. Se somar a bolsa, ganhamos até R$ 800 por mês”, explica Ivanilde Soares sobre a renda dos trabalhadores da Coorace. Apesar de os valores atuais serem similares aos da cooperativa da Cidade Estrutural, na Associação dos Agentes Ecológicos da Vila Planalto, Ageplan, a renda já foi mais baixa. “Teve mês que ganhamos R$ 70 cada um. Não dava nem pra pagar a passagem de ônibus”, lembra Francisco Lobato, presidente da associação. As cooperativas não reciclam os resíduos que coletam. Cerca de 90% do material colhido mensalmente em todo o DF, o equivalente a 600 mil quilos de resíduos, são comercializados com a empresa Capital Reciclável. Mas a companhia também não recicla o material que compra: ela revende para empresas de outros estados que realizam o processo. A Capital Reciclável paga, aproximadamente, R$ 0,26 pelo papel branco, R$ 0,14 pelo papelão, R$ 1,30 pela garrafa PET, R$ 0,15 pelo fardo amarrado de jornal e R$ 2,50 pela lata de alumínio que compra das cooperativas.


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DENÚNCIA

FRALDAS PRA QUE TE QUERO Secretaria de Saúde do Distrito Federal prejudica população carente ao não avisar distribuição gratuita de fraldas

Bruna Chaves

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aria Inácio de Oliveira teve derrame aos 75 anos de idade, ficou sem a fala, sem os movimentos da perna e com paralisia na parte direita do corpo. Hoje, aos 81 anos de idade, se alimenta usando apenas a mão esquerda, não é capaz de tomar banho e fazer as necessidades fisiológicas sozinha. Para isso, precisa dos cuidados de sua filha, Lourdes, e do neto Érick. A família que passa por dificuldades financeiras tem como renda apenas a aposentadoria de Maria Inácio. Lourdes, que era auxiliar de limpeza, está desempregada há um ano e meio e conta que gasta cerca de R$ 400 mensais apenas com a compra de fraldas para a mãe: “Ainda tenho que economizar. Ela usa duas fraldas por dia sendo que o normal seriam quatro”. No entanto, Lourdes não sabe que a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF) fornece fraldas de graça desde junho do ano passado. As informações que deveriam ser transmitidas pelos centros de saúde e demais serviços de atenção primária não têm chegado de forma efetiva aos pacientes. De acordo com estudo realizado em maio do ano passado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), o DF possui mais de meio milhão de deficientes, 22% da população. Não se sabe quantos precisariam de fraldas, mas o número de beneficiados não chega nem a 0,23% do total de deficientes no DF. “Apenas 1.284 pacientes são cadastrados no programa, o que é conside-

Thaís Carneiro

A família de Maria Inácio de Oliveira, 75 anos, gasta R$ 400 por mês somente em compras de fraldas geriátricas

rado um número pequeno”, afirma Rodrigo Ferreira, chefe do Núcleo de Enfermagem e um dos responsáveis pela avaliação de laudos médicos para a entrega das fraldas. Antes do recebimento gratuito nos centros de saúde, os pacientes recorriam à Defensoria Pública ou à Justiça para assegurar o direito. E, em

seguida, após um demorado processo para a aprovação do pedido, iam até a Farmácia de Ações, localizada no Setor de Indústria e Abastecimento, todos os meses, para retirar a quantidade estabelecida pela Justiça. A fim de reduzir as dificuldades de espera e deslocamento dos pacientes, foi editada em junho do ano passado

Documentos necessários Para receber as fraldas, paciente ou seu representante legal deve apresentar: - Um relatório médico com quadro clínico do paciente; - Cópia do comprovante de residência; - Cópia de cartão do SUS; - Cópia do cartão de atendimento de Centro de Saúde (se tiver); - Cópia do RG, CPF; - Cópias de exames e laudos que ajudem na comprovação da patologia (se tiver).

a Nota Técnica 01/2013 que permitiu o fornecimento gratuito das fraldas pelo centro de saúde mais próximo à casa das famílias beneficiadas e sem a necessidade de o pedido passar pela via judicial. No entanto, a Secretaria de Saúde não seria capaz de atender a todos, caso o programa fosse divulgado. “Se divulgarmos, vamos extrapolar os recursos e não vamos ter como comprar mais. Isso porque diariamente chegam de cinco a seis novos requerimentos para o recebimento de fraldas” afirma Rodrigo Ferreira. A falta de informação é tamanha que Isabel de Cirqueira, 54 anos, avó do deficiente Wirley Gadelha, 14 anos, conta que, ao chegar ao Posto de Saúde nº 1, localizado em Samambaia Norte, e requerer o direito, não conseguiu convencer os atendentes de que as fraldas deveriam ser fornecidas pelo posto. “Eu tive que sentar com a enfermeira, explicar o projeto que me passaram na Farmácia de Ações e dizer como ela tinha que me encaminhar.” Hoje Isabel recebe todo mês 120 fraldas para o neto, e afirma: “Às vezes me entregam apenas 80 fraldas, ligo lá, reclamo, e no outro dia vou buscar o restante, caso contrário, eles ficam com as fraldas”. De junho a dezembro do ano passado, o DF gastou R$ 1.743.685 em compra de fraldas. A verba hoje utilizada vem da parte repassada aos centros de saúde, que de acordo com Ferreira “é menos apertada que a dos hospitais”. O material fornecido aos pacientes é

de 103.437 fraldas por mês, número que tende a aumentar. Temendo que o lote de fraldas acabe antes de findar o período de um ano da atual licitação, a Secretaria já organiza o próximo processo licitatório. A quantidade de fraldas compradas é estabelecida na licitação, e ao longo do ano de vigência o lote é fracionado e entregue mensalmente na quantidade necessária aos centros de saúde. Para acabar com o problema e divulgar o benefício, a Secretaria pretende reeditar a nota técnica com a criação de um protocolo que estabeleça os requisitos para que os interessados ingressem no programa, como por exemplo, quantidade máxima de 150 fraldas por pessoa e renovação de cadastro no programa. No entanto, o protocolo ainda não começou a ser discutido e, assim, ainda não existe data para divulgação. O interessado em receber as fraldas deve ir ao centro de saúde mais próximo de sua casa para receber o laudo médico com a quantidade de fraldas necessárias ao deficiente. Há também a possibilidade de receber óleo ou pomada a fim de evitar a formação de assaduras na pele de pacientes que ficam em uma mesma posição por muito tempo. Em seguida, deve levar uma lista de documentos para ingressar com o requerimento na Unidade de Atendimento, conhecida como Prosus, localizada na 712/912 sul. Após 45 dias, caso o requerimento seja aprovado, o paciente ou representante pode retirar as fraldas no centro de saúde mais próximo de sua casa.


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SAÚDE

FILAS PREJUDICAM APRENDIZADO Centros de tratamento público a crianças e adolescentes com transtornos mentais no DF têm espera de até um ano

Bruna Furlani

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esde que deu entrada Diagnosticada aos oito anos no Centro de Orien- com deficiência mental leve, a tação Médico Psicope- filha de Aldenoura nunca estudagógico (Compp), que presta dou em escola com acompanhaatendimento multi e interdisci- mento especial. Mesmo com plinar em saúde mental a crian- a negativa dos médicos, a mãe ças e adolescentes do Distrito sempre acreditou que havia Federal e Entorno, Elinete Silva algo mais grave com a menina. vem sofrendo para ser atendi- A suspeita do transtorno foi leda na rede pública de atenção vantada pelos professores quansecundária. Ao buscar o espaço do a filha começou a ter mais dipor recomendação da escola, ela ficuldade que os demais colegas esperou cerca de um ano para para aprender e socializar. marcar consulta para o filho de dez anos. ATENDIMENTOS E FILAS O menino tem problema Criado há mais de 40 anos, de falta de oxigênio no cérebro o Compp é um órgão da Sedesde pequeno, o que gera pro- cretaria de Estado de Saúde do blemas na aprendizagem. Eline- Distrito Federal e possui cinco te conta que, a partir de um ano frentes de tratamento: Dislexia, de idade, o filho iniciou o trata- TDAH (Transtorno de Déficit mento. Porém, durante o tem- de Atenção e Hiperatividade), po que aguardou para a marca- Violência (maus-tratos, tortura ção de consulta, a mãe se sentiu e crimes sexuais), Transtorno desamparada: “Foi muito ruim Alimentar e Ambulatório. Poter que esperar. Sempre tive di- rém, segundo a diretora geral, ficuldade para trabalhar por não Simone Guimarães, os serviços ter ninguém que quisesse ficar não são suficientes para atender com o menino. Ele não tem no- a comunidade. Em 2013, o local ção de perigo. A gente não pode acolheu por mês cerca 300 casos se distrair”. novos e realizou uma média de Aldenoura Silva buscou o 5 mil atendimentos mensais. Compp pela Contabiliprimeira vez em zados os aten2009. A demora dimentos dos já começou no últimos quatro acolhimento, é possível Atendimentos mensais anos, processo em que perceber que no Compp em 2013 o número salos pais fazem o registro no sistou de 34 mil tema e relatam, em entrevista, em 2009 para mais de 58 mil, os sintomas do futuro pacien- segundo a diretora. A criança te. Para conseguir cadastrar a ou o adolescente que procura o ficha e entrar na fila de espera, centro encontram o apoio de 12 Aldenoura teve de aguardar especialidades na área de saúde, quase seis meses. Após várias como neuropediatria, psicoloviagens perdidas, ela obteve o gia e enfermaria. Vários casos atendimento para poder marcar são encaminhados pelas escolas a consulta. ou até mesmo pela Justiça, o que

300

Gustavo Garcia

Logo cedo, pais ou responsáveis fazem fila na porta do Compp para conseguir ao menos cadastrar o nome da criança ou do adolescente no sistema e, então, ter a chance de marcar um atendimento

aumenta ainda mais a quantidade de atendimentos. Outro centro que atende crianças e jovens entre 10 e 17 anos é o Adolescentro. De acordo com Ivan Guilhermo, psicólogo que trabalha no local há três anos, a fila de espera para os tratamentos “biopsicossociais” é de cerca de nove meses após o cadastro do nome do paciente no sistema. Assim como no Compp, o tempo varia segundo a classificação de risco. De acordo com a Secretaria de Saúde, para tentar resolver o problema da demanda nos locais de atenção secundária, foram criados outros centros: Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil e Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas. Os espaços prestam serviços de atendimento a crianças e adolescentes que possuem transtornos mentais graves ou que fazem uso de crack,

álcool e outras drogas. E a grande demanda por atendimento gera reflexos na fila de espera. Porém, segundo a gerente de Terapia do Compp, Viviane Gonçalves, atualmente não existe perspectiva de tempo para que o jovem seja atendido, até porque muitos casos são enviados pela justiça com tempo determinado para ação. Além disso, outro motivo para a demora é que a lista de espera é feita com base em critérios de “classificação de risco”, a partir da descrição dos sintomas. Os pacientes com maior prioridade são encaminhados para as emergências dos hospitais gerais por apresentarem risco imediato de morte. Depois vêm os jovens que necessitam de atendimento rápido, mas precisam de acompanhamento porque o transtorno prejudica o funcionamento psíquico, cognitivo e social. Em penúltimo e

último lugares vêm aqueles em que os sintomas afetam apenas uma ou duas áreas “psicossociais” ou que não afetam, respectivamente. Para o professor da UnB Carlos Nogueira Aucélio, especialista em TDAH, a longa fila de espera pode interferir no diagnóstico, que deve ser feito durante a alfabetização. Nessa fase, a criança começa a mostrar os primeiros problemas de aprendizagem. Além disso, os transtornos mentais geram dificuldades para a compreensão do conteúdo transmitido pelos professores. Com isso, as crianças e adolescentes não conseguem mostrar todo o potencial e são prejudicadas academicamente.

Compp 3326-3201 Adolescentro 3242-1447


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SOCIEDADE

FARDA DE DISCRIMINAÇÃO A presença da mulher na Polícia Militar do DF: uma história de luta diária contra preconceitos que já duram 30 anos Raila Spindola

A

companhia de policiamento militar do Distrito Federal tem, hoje, 16 mil policiais na ativa, sendo desses postos 6% ocupados por mulheres. 10% das vagas nos concursos para a Polícia Militar são para mulheres e não existe data prevista para mudança. Apesar de já estarem presentes na corporação há 30 anos, mulheres ainda são vistas como fracas e inadequadas para o serviço militar, sendo constantemente tratadas de maneira diferenciada por colegas e superiores. O primeiro concurso da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) a abrir vagas femininas na corporação aconteceu em 1983 e entre alguns dos principais requisitos para participar estava ser solteira e não ter filhos, o que não vinha como exigência para os homens. Na época, cem mulheres ingressaram no Curso de Formação de Praças, obrigatório para todos os aprovados antes de adotarem a patente de soldado. Após seis meses de curso e 16 desistências, no início de 1984 foi lançado o policiamento feminino no Distrito Federal. Com um quartel separado para elas, funções específicas na corporação e proibidas de conversar com os policiais homens, a entrada da mulher demorou a ser tratada com qualquer seriedade. Usando saia, sapato de salto, meia fina, cabelo esticado no coque e as unhas impecáveis e bem-feitas, a mulher demorou muito para deixar de ser tratada como bo-

Foto de Arquivo

tamento machista e discriminatório, principalmente pela forma como os homens que já estavam lá as treinaram ao chegar à corporação. “Elas eram as primeiras e não tinham em quem se inspirar, então agiam como o masculino. Assim como eles, muitas pensavam que atestado de acompanhamento dos filhos não valia como justificativa para atraso ou falta no serviço”, exemplifica Angélica. EVOLUÇÃO LENTA As duas primeiras grandes conquistas da mulher na polícia foram o fim de um quartel exclusivamente feminino, quando elas eram impedidas de trabalhar no que desejaTurma do primeiro concurso não organizado pela PMDF em novembro de 1990, primeiro ano em que a seleção foi terceirizada. vam, e a junção dos quadros Na época, ainda existia o Batalhão de Polícia Feminino (BPFem), local onde foi tirada a foto profissionais até então separados entre homens e mulheres. neca para virar policial. poder aquisitivo frequentava, eu só voltei a tentar quando Segundo a coronel Vanuza Segundo a subtenente eram sempre mandadas para a uma empresa terceirizada foi Almeida, ex-subcomandante Tânia, que prefere não ter o Rodoferroviária e rodoviárias. colocada para fazer o processo geral da PM-DF, mesmo sennome real revelado por tePara a tenente Ariel (nome seletivo em 1990”, conta. “Eu do mais antiga que muitos homer represálias, a presença fictício), o desafio para ingres- brinco que parece que juntei mens, quando chegasse na pada mulher na polícia não fez sar na polícia foi dobrado por tudo de ruim: negra, mulher, tente de capitão já não poderia tanta diferença no começo, ser, além de mulher, negra. pobre e PM”. subir para outra maior. “Eu fiz já que elas apenas recebiam Em um processo seletivo que, Segundo a sargento An- o mesmo curso que eles e não funções que não tinham tanta no final dos anos 80, ainda gélica Machado um dos pro- poderia chegar até o cargo de importância para a profissão. era criado, corrigido e avalia- blemas sérios da época era coronel por quê? Foi então “Nós ficávamos só desfilando do pela própria polícia, eles que mesmo as comandantes que extinguimos a companhia no aeroporto, passeando no tinham o poder de eliminar e mulheres tinham um compor- feminina para que, a partir shopping e servindo oficiais aprovar quem dedisso, não fizesem eventos internos, porque sejassem. Ariel foi se mais sentido como policiais eles não pen- reprovada no teste a grade separada savam que nós éramos mui- psicotécnico duas e pudéssemos É o número de mulheres PMs no Distrito Federal to capazes”, diz. Segundo ela, vezes, quando dismostrar que sotambém havia uma seleção seram que alguém mos iguais.” presentes em uma carreira que possui bem explícita baseada em apa- de sua cor era A distribuirência física para decidir quem inadmissível. “Não ção das mulheres exerceria certas funções. Gor- tinha nenhuma entre os quarpoliciais das e negras nunca ficavam em transparência ou téis gerou satislocais onde o público de maior legalidade, então Dados de 2013, site oficial da PMDF fação entre

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curso de piloto, e mesmo assim muitas mulheres fizeram cursos e entraram para batalhões considerados masculinos”, conta Vanuza, orgulhosa. “Hoje a comandante da tropa de choque da PM-DF é a tenente Cynthiane Maria da Silva, uma mulher.” Apesar dos transtornos passados, a subtenente Tânia afirma que, hoje, essa discriminação parte de uma minoria e acontece de maneira mais sutil. Segundo ela, policiais já saíram de seu grupo de ronda na viatura para não serem comandados por ela, mas o contrário também acontece com frequência. “Muitos já vieram me dizer que se eu montasse um grupo viriam trabalhar comigo, não importa onde estivessem. Então quem não quiser prefiro que saia, quem ganha sou eu”, argumenta Tânia. “Também vai muito do comandante da companhia e o meu não é machista e nem permite esse tipo de comportamento.” O soldado Bruno Mendes de Oliveira confirma a existência de machistas entre os novos policiais, mas que eles não são a maioria da tropa. “O problema é que com a polícia tendo se tornado, para alguns, um concurso público como outro qualquer, muita gente

infelizmente está ficando cada vez mais rara. Então quando alguma delas pede para ir para ronda a gente acha ótimo.” Uma das grandes lutas que as mulheres ainda têm dentro da polícia é a busca pelo fim das vagas diferenciadas nos concursos para ingressar na corporação. Segundo Angélica, um dos argumentos usados para que isso não seja possível A sargento Angélica Machado, representante do Movimento Unificado dos Policiais e é o da força física. Mas ela exBombeiros Militares, já foi vítima de preconceito e hoje luta contra ele plica que o policiamento hoje já não exige tanta violência. “A Victor Pires Tenente Tainá Bucar, formada segurança pública é feita muiem primeiro lugar na VIII turma to mais com inteligência do do curso do Batalhão de Polique com truculência, e nisso ciamento de Choque da PM nós somos ótimas”, argumenta (BPChoque), cuja formatura a sargento. “Nós conduzimos foi no último dia 4 de abril. O uma situação e levamos para batalhão é responsável pelo onde quisermos, o que crime policiamento especializado, também percebeu. Hoje tem como ação rápida e de dismulheres envolvidas com o suasão para as situações de tráfico. Todo mundo acha que controle de distúrbios. A turma, que teve sete desistentes, tomulher é santa, ainda mais se dos homens, contou com duas tiver com o filho no colo. Nós formandas, a tenente Tainá e a conhecemos melhor a índole cabo Ana Maria Reis feminina e o velho truque de ‘fazer cara de idiota’ que os homuitas delas, mas não tes), a unificação causou ainda Angélica, que se orgulha de já mens caem há séculos.” mudou totalmente a situação. mais transtorno, principal- ter sofrido consequências por Ao ser procurada pela reSegundo Tânia, quando houve mente para as mulheres. Com a não ter se calado em uma épodação do Campus a assessoria a união elas nunca pegavam união, todas foram para o final ca em que todos tinham medo. de imprensa da Polícia Militar ocorrência. “Começaram a nos da fila do ano de seus respec- “Peguei cadeia de dias, semanas, se recusou a dar entrevista somandar ir dormir duas da ma- tivos cursos, inclusive as que fora os inquéritos de que eu bre o assunto e afirmou, em nhã para chamar só em caso de tinham sido primeiro lugar na consegui me safar e os dois anos nota, não existir machismo emergência, mas nunca cha- turma de formação. “Elas fica- que cumpri em liberdade.”, redentro da corporação, que Angélica, mavam. Então começamos a ir ram atrás do último colocado lata promove sem chamar mesmo”, admite do masculino e tiveram que com um sorrioportunidaTânia, com um sorriso. brigar na justiça para voltar so de diversão. des iguais às A unificação de quadros para o lugar que era de direito “Eu aprendi que mulheres que profissionais desagradou tan- delas para serem promovidas quando recorria fazem parte Tenente Ariel, sobre a primeira vez que to homens quanto mulheres. no momento que era de direito à imprensa eles deste órgão. As oficiais que entraram no delas”, explica a coronel. “Mui- não podiam me “Não temos trabalhou em um shopping perseguir e coquadro se encaixaram onde tas nunca conseguiram.” registro de deveriam estar de acordo com Apesar dos problemas, as mecei a andar com o gravador sem perfil nenhum entra na casos de machismo, mas sim o ano em que fizeram o cur- mulheres que estão há 20 anos no bolso da camisa. Isso me sal- corporação e fica como secre- um regulamento disciplinar tária ou trabalhando em outra que pune o desrespeito entre so de oficial, mas algumas das ou mais dentro da corporação já vou muitas vezes”. coisa dentro do quartel, o que colegas”, explicam. A Secreturmas mais novas não gosta- conseguem citar várias pequeabre brecha para esse tipo de taria de Estado da Mulher do ram do atraso que a mudança nas conquistas, como o direito CHEGANDO LÁ causaria na promoção deles. de usar rabo de cavalo no lugar Para a coronel Vanuza, a pensamento”, explica Men- DF diz não possuir nenhum “Por mais que nós fôssemos do coque. “Quando eu sugeri o maior prova de que a mulher é des. Segundo ele, quando as programa de conscientização apenas três na época, isso ge- rabo de cavalo, alegando que tão capaz quanto o homem para mulheres se mostram iguais voltada para a Polícia Militar rou uma briga até judicial”, o coque fazia o cabelo mofar, exercer o serviço militar já foi em força e resistência física ou qualquer outro órgão do conta a coronel Vanuza. debocharam e disseram que eu dada. “Diziam que não podía- a maioria passa a admirá-las governo. “As palestras que Para os praças (soldados, devia pensar que não estáva- mos andar de moto, entrar no muito mais. “A presença do promovemos são abertas para cabos, sargentos e subtenen- mos no militarismo”, comenta Bope, para a cavalaria ou fazer feminino na rua é essencial e que todos participem”.

"A comandante perguntou se tinham aberto a porta da senzala"


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O RETRATO DE UM ASSENTAMENTO Janaina Bolonezi Há dez anos um acampamento de moradores rurais sem-terra era montado às margens da BR 020. O motivo: reivindicar ao governo um local onde pudessem plantar e trabalhar. Após anos de embates com as autoridades, uma área permanente foi finalmente entregue aos agricultores. Assim nasceu o Assentamento Pequeno William, em Planaltina. Porém, o que parecia ser a solução das dificuldades se tornaria somente o início de outras. Com inúmeros problemas estruturais, a realidade atual do Pequeno William espelha a dos 194 assentamentos de trabalhadores rurais existentes no Distrito Federal e Entorno. As áreas são mantidas de maneira provisória por décadas e fazem com que os problemas sejam rotina na vida dos moradores.

As crianças frequentam a Escola Pedra Fundamental, que atende 70 alunos. Por falta de infraestrutura, o colégio não acolhe os estudantes em período integral

Em novembro, os moradores construíram uma estrada de acesso ao assentamento com as próprias mãos. A solicitação da construção foi feita ao Incra, que não atendeu a reivindicação

A plantação local possui cinco áreas comuns. Cada uma é responsabilidade de dois moradores. A água é escassa, por isso, é um desafio plantar no período da seca

Saneamento é uma realidade distante do Pequeno William. Há quatro anos na área, os moradores usam banheiros improvisados

Outro problema é que o local possui apenas uma caixa d’água de 10 mil litros que atende as 20 famílias e é reabastecida só uma vez por semana por um caminhão pipa


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