Revista Cana S.A. A Energia da Informação

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ENTREVISTA: JOÃO BENETTI DIRETOR DA YARA BRASIL

Cana S.A. EDIÇÃO 17 | JUNHO 2014 - R$ 10,00

na internet

A ENERGIA DA INFORMAÇÃO

O ETANOL PEDE SOCORRO Quem pode salvar? PÁG. 30

GRUPO ÁRABE

FÁBIO TRAD

PÁG. 36

PÁG. 47

ADQUIRE 49% DAS AÇÕES DA USINA SÃO FERNANDO EM DOURADOS

COBRA PAGAMENTO DE INDENIZAÇÃO AOS SERVIDORES DA FRONTEIRA





ENTREVISTA • 16 JOÃO BENETTI, DIRETOR COMERCIAL DA yARA bRASIL

GENTE QUE FAZ • 11 ALMIR DALPASQUALE, É O NOVO PRESIDENTE DA APROSOJA BRASIL

OPINIÃO • 24 PROFISSIONAIS DO AGRO: DEMANDA, OFERTA E QUALIDADE

INOVAÇÃO E TECNOLOGIA • 38

AUMENTO DA MISTURA DE BIODIESEL AO DIESEL PREVÊ BENEFICIOS AO CONSUMIDOR

ACONTECEU • 42

CAPA

AOS 50 ANOS EXPOAGRO SE CONSOLIDA COMO A MAIS DIVERSIFICADA FEIRA AGROPECUÁRIA DE MS

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O Etanol brasileiro pede socorro: Quem pode salvar? SUSTENTABILIDADE • 48 BONS EXEMPLOS NA GESTÃO DOS RESÍDUOS SURGEM NO PAIS

POLÍTICA • 46

ANDRÉ ANUNCIA INÍCIO DA PAVIMENTAÇÃO DA RODOVIA MS-483 E OUTROS INVESTIMENTOS PARA PARANAÍBA

MS SE BENEFICIA COM NOVAS MEDIDAS DO BNDS 08

TRABALHO & EMPREGO • 54 CODECON APROVA 11 PROCESSOS PARA AMPLIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DE EMPRESAS NA CAPITAL

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EDITORIAL

Leitores, eleitores capacitados!

Edição nº 17, maio/junho2014 www.canaldacana.com.br Cana S.A. é uma publicação do Canal da

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Cana S.A. trás pra você caro um leitor uma grande responsabilidade não só com um apreciador do setor sucroenergético, mas como eleitores capacitados, que farão uma leitura consciente de que estamos próximos das eleições, onde vivemos tempos de crises, com um setor de padece por falta de ações governamentais que valorizem o setor. Que as informações coletadas nesta edição seja um grande clareador de ideias, para que nosso voto nesta eleições seja, justo e coerente independente de candidato ou partido, devemos nos preocupar em primeiro lugar com o país que vivemos, que oferece um rico potencial agroeconômico. Vamos expor em parâmetros nacionais que somos um setor unido, principalmente nos momentos difíceis, mostrando a nossa população que unidos podemos quebrar este preconceito de que políticas do setor são corruptas, mas sim conscientizar de que estamos nos preparando para suprir uma demanda 9 bilhões de pessoas em 2050, segundo dados da FAO. Triste é ler que um bilhão de pessoas ainda se encontram em estado de miséria no planeta, mas poucos sabem que um dos grandes responsáveis pelo acréscimo na produção de alimentos, segundo o órgão da ONU, é o Brasil, considerado o maior player da produção global de alimentos das próximas décadas. Não será fácil se encarregar da responsabilidade de alimentar grande parte do mundo, enquanto a ignorância e a ganância falarem mais alto. Por isso o agronegócio esta se reformulando e conscientizando-se de que tem que estar preparado para tomar grandes decisões estratégicas nos últimos anos, mas só juntos é que podemos mostrar que somos um país potente e capaz.

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Edição Anterior

Espaço do leitor

A produção de cana-de açúcar registra números expressivos em Mato Grosso do Sul. Com previsão de safra de 48,7 milhões de toneladas para o ciclo 2014/15, segundo projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado comprova sua potência produtora em um setor de grande relevância econômica. Contudo, ainda há paradigmas a serem quebrados e esclarecimentos a serem levados a público e a revista Cana S.A cumpre esse papel, de informar e disseminar conteúdo de qualidade sobre este segmento em expansão, mas que ainda merece mais atenção.

Elcilene Holsback

Jornalista da Assessoria de Imprensa da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul)

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(67) 3029-9754 Redação

redacao@canaldacana.com.br JUNHO 2014 | CANA S.A. | A energia da informação

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Desenvolvimento regional

MS se beneficia com novas medidas do BnDS O

BNDES prepara o terreno para financiar projetos que busquem adaptar usinas sucroalcooleiras para que produzam etanol não apenas a partir da cana-de-açúcar, mas também do milho. A alternativa pode ser a solução para incrementar em até 2,7 bilhões de litros a produção de etanol no Centro-Oeste do país, e dar destinação à crescente colheita do grão na região. O banco apresentou estudo que mostra que o montante de investimento necessário para adaptar uma usina de cana para operar também com milho é menor do que o volume de recursos demandado em um novo projeto. O investimento pode variar de R$ 100 milhões a R$ 205 milhões. O principal público do estudo e para que estimule produtores de etanol, principalmente das regiões de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O governo de Mato Grosso do Sul também anunciou que as americanas Poet e BioUrja Trading vão investir para construir uma fábrica de etanol de milho em Chapadão

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do Sul. Tais medidas incentivam na adaptação das unidades industriais Para o BNDES, a aposta em usinas flex (que usam cana e milho como matéria-prima) pode gerar ganhos de produtividade, uma vez que a produção de etanol a partir do milho ocorreria apenas no período de entressafra da cana, de novembro a março, quando as usinas sucroenergéticas ficam normalmente ociosas. O período coincide com a segunda safra de milho no Centro-Oeste. Mesmo que o período de safra não fosse concomitante, o milho é estocável. “Uma cultura parece favorecer a outra, com diversificação de receitas, novos produtos e safra complementar. A cana tem mais capacidade energética, mas o milho aumenta capacidade de estocagem”, disse Carlos Eduardo Cavalcanti, chefe do Departamento de Biocombustíveis do BNDES. Em função do resultado dos estudos, o BNDES vai avaliar a proposta de as usinas flex receberem condições de financiamento iguais àquelas dadas às usinas de cana-

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-de açúcar. “O BNDES acredita no potencial regional para a integração de milho e cana, e pode ter resposta rápida, porque a implementação desses investimentos não requer um ciclo agrícola longo, como ao da cana. Em até um ano e meio é possível aumentar a produção de etanol agregando o milho”, avaliou Arthur Milanez, gerente da área de biocombustíveis do BNDES. Segundo BNDS, o aumento potencial de produção com uso do milho equivale a 10% da produção nacional do biocombustível e evitaria a importação anual de cerca de 2 bilhões de litros de gasolina (US$ 1,5 bilhão ao ano). Isso considerando que com maior oferta de etanol, reduzir-se-ia a necessidade pela gasolina. “A dificuldade de escoamento da produção de milho seria minimizada. É interessante, entretanto, estimular o consumo do etanol no Centro-Oeste, para não transferir o problema do escoamento do milho para o escoamento de etanol”, disse Milanez. Junior Cordeiros Fonte: Valor Econômico




Gente que faz

Almir Dalpasquale é o novo presidente da Aprosoja Brasil

da entidade em Mato Grosso do Sul e exerceu o cargo de presidente da Arposoja/MS até o final do ano passado. Atualmente, responde também pela diretoria da Famasul. Como diretriz de trabalho, o dirigente traça a consolidação e fortalecimento das Aprosojas estaduais, dando apoio para que as entidades tenham estrutura para representar os produtores de grãos brasileiros. “Nosso desafio é estruturar política e financeiramente as entidades estaduais”, afirmou. Também fazem parte da nova diretoria outros dez vice-presidentes, as diretorias Administrativo e Financeiro e o Conselho Fiscal, composta por representantes de vários estados brasileiros. Fonte: Assessoria de Imprensa Famasul

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produtor rural e diretor Tesoureiro da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Sistema Famasul), Almir Dalpasquale, foi eleito na terça-feira da semana passada (08) o novo presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). Junto com Dalpasquale, assume a entidade como vice-presidente imediato Ricardo Tomczyk, vice-presidente da Aprosoja/MT. A eleição aconteceu em Brasília, com a participação de representantes de todas as entidades em âmbito estadual. Nova liderança nacional, Dalpasquale foi o responsável pela criação

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Você sabia?

Luiz Cornacchioni

é o novo diretor executivo da Abag

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Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) acaba de contratar o executivo Luiz Cornacchioni como seu mais novo diretor executivo. Formado em engenharia pela ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da USP, Cornacchioni possui MBA na Kellogg School nos Estados Unidos e trabalhou nos últimos 27 anos em empresas nas áreas de papel e celulose, florestas plantadas e sucroalcooleiro. O principal objetivo da Abag com a nova contratação é aproveitar a vasta experiência do executivo para aprofundar ainda mais sua filosofia de disseminar e valorizar o conceito de cadeia produtiva. Antes de entrar para a Abag, Cornacchioni exercia a função de diretor executivo da Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas (Abraf). Ele também foi diretor da Terracal Alimentos e Bioenergia e da Suzano Papel e Celulose. Fonte: Associação Brasileira do Agronegócio (Abag)

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Jovem no Agronegócio

Roberta Maia,

coordenadora do AgroJovem Mato Grosso do Sul, representou os jovem do campo com muita firmeza e maestria em uma mensagem lida pessoalmente para um de nossos candidato a Presidência da República.

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m nome dos jovens do estado de Mato Grosso do Sul, jovens da zona rural, jovens filhos de produtores, filhos de trabalhadores rurais, jovens trabalhadores rurais e jovens que acreditam no agronegócio brasileiro. É de conhecimento de todos, a importância do setor do agronegócio no cenário mundial. Hoje, o nosso setor é a força motriz da economia brasileira. Entretanto, esta mesma classe que sustenta o Brasil é subjugada pela população que muitas vezes a vê como vilã. É subjugada por um governo inerte, que mantém uma política tributária abusiva e que não demonstra esforço para garantir ao agronegócio o dinamismo necessário. Ainda assim, por mérito do produtor, o País vem se desatacando não apenas pela produção e produtividade agropecuária, mas pela qualidade dos seus produtos, e pela preocupação com a sustentabilidade. O agronegócio brasileiro precisa não apenas se adequar aos padrões e políticas internacionais, mas


como nós, jovens, somos sedentos de energia, oxigenação e criatividade. Nós temos, sim, competência para alçar o setor ao lugar que ele merece. Mas essa é uma porta hoje intransponível devido a uma série de fatores, entre eles uma regulamentação engessada. Atualmente, as empresas mais rentáveis do mundo, principalmente no ramo da tecnologia, foram criadas ou são dirigidas por jovens. Não é ao acaso. A energia, a criatividade, a preocupação racional com a sustentabilidade e a coragem, atributos inerentes aos jovens, são características basilares de qualquer empresa moderna. E por que não nas nossas “empresas a céu aberto”?! No agronegócio brasileiro, estes predicados se esvaziam na medida em que observamos as práticas de produção, a infraestrutura e logística e os subsídios concedidos pelos governos. Queremos mais recursos para pesquisa e capacitação continuada em inovação agropecuária, uma infraestrutura eficiente, que seja capaz de reduzir os custos de escoamento e armazenamento de safra. Não queremos um governo de palavras, queremos um governo de atitudes! Na seara da tributação, por exemplo, as discussões são velhas, seguindo a mesma linha há anos, desde antes de nós nascermos. Nós, jovens, estamos sedentos não apenas de conhecimento, mas também queremos ser ouvidos para que sejamos parte integrante do desenvolvimento brasileiro. Não queremos ser apenas objeto eleitoreiro, esquecidos logo após a conquista do poder. Queremos participar das políticas públicas do nosso país, estado e município. Estamos cansados de ser massa de manobra e isto ficou evidente nas manifestações de junho de 2013, as quis contaram com presença maciça de jovens nas ruas. E é por isso que eu agradeço à Famasul pela oportunidade dada para que a voz do jovem seja ouvida, num momento importante como esse

para o País. O Brasil não é mais um país do futuro e sim do presente. O agronegócio não é uma atividade do futuro. É o setor que se faz presente como nunca na economia brasileira, com importantes reflexos também no âmbito social do país. Atualmente, os municípios de perfil agro estão entre os maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. É no presente que devemos nos preocupar em formarmos profissionais do agronegócio que tenham uma visão holística do setor, que pensem além das questões técnicas. E para isso é preciso gerar oportunidades e investir na formação dos jovens, de dentro da porteira até às universidades. E temos uma questão séria tirando a tranquilidade do setor, em especial em Mato Grosso do Sul. A questão indígena precisa de uma solução concreta: para o bem do produtor rural, para o bem das comunidades indígenas. Todos sabemos que não é a simples extensão de terra que vai resolver a miséria das aldeias. Os indígenas brasileiros, os jovens indígenas, cidadãos como nós, precisam sim de políticas públicas específicas, que lhes garantam oportunidades, independência e dignidade, com respeito às suas tradições. Precisamos de pessoas comprometidas em achar de fato uma solução para esse problema. Somos jovens empreendedores, mas está difícil seguir nossos sonhos. Fica difícil seguir os passos de nossos pais no agronegócio e não há incentivo para que os jovens ingressem no setor. Nós queremos e podemos ser o motor de crescimento do Brasil. Nós não somos o futuro do País. Somos um presente que precisa de espaço para construir ideais. Ideais calcados no trabalho, na produção e no desenvolvimento. É isso que queremos.

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Entrevista

João Benetti A

Diretor Comercial da Yara Brasil

Yara Brasil tem a sua origem norueguesa, no Brasil ela comprou a adubos Trevo, e também os ativos

de fertilizantes da Bunge. A origem da Yara no Brasil se confunde com a história da Adubos Trevo, empresa gaúcha fundada em 1930 e adquirida pela Yara em 2000. Porém, antes disso, em 1977, a NorskHydro foi pioneira no Brasil na comercialização de nitrato de cálcio. A Yara está presente no Brasil desde a dé-

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cada de 1970, atuando de forma segmentada em mercados diferenciados. A empresa sempre esteve atenta às movimentações e às oportunidades de expansão no mercado brasileiro. Nos anos 1990 uma forte crise econômica assolou o mercado brasileiro, abalando muitas empresas nacionais. A Yara decidiu aproveitar uma oportunidade criada e adquiriu, em 2000, a Adubos Trevo, uma empresa com valores semelhantes aos da Yara, produtos de reconhecida qualidade e estrutura, além de pessoas capazes de sustentar o crescimento do negócio no País. Nesta edição a Cana S.A. conversa com o Diretor Comercial da Yara Brasil, João Benetti, falando um pouco de como a Yara Brasil busca a liderança no setor de fertilizantes.

Cana S.A. Que fatia do mercado de fertilizantes a Yara tem hoje no Brasil? João Benetti - Em 2006 a Yara comprou a Fertibrás e suas subsidiárias Agrofértil e Fertimar; e a Bunge Fertilizantes em 2013. Com a aquisição dos ativos de fertilizantes da Bunge, a Yara hoje responde por 25% do segmento no País. Cana S.A. A Yara já tem ou busca a liderança do setor no País? João Benetti - Com a compra dos ativos da Bunge, atualmente a empresa é líder no mercado de fertilizantes brasileiro. Cana S.A. A Yara Brasil tem a sua sede principal em Porto Alegre no Rio Grande do sul. Vocês têm mais outras unidades no Brasil?

João Benetti - No Brasil, tem sede em Porto Alegre e escritório em São Paulo, três fábricas, 32 unidades misturadoras e um centro de distribuição, com presença nos principais polos de produção agrícola do País localizados nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Maranhão e Paraná. Cana S.A. O Centro Oeste Brasileiro é uma das regiões que mais se destaca no agronegócio do Brasil. A Yara tem algum produto que foi desenvolvido específico para essa região? João Benetti - A Yara tem um portfólio de fertilizantes completo que atende a todas as culturas do Centro-Oeste – que vai de misturas de grânulos a produtos especiais, como foliares e NPK’s no grânulo – e programas nutricionais que ajudam a produzir os alimentos necessários para a crescente população mundial Cana S.A. Qual a participação da Yara atualmente no setor sucroenergético? João Benetti - Para os canaviais, a Yara oferece o Programa Nutricional Longevita, que garante mais produtividade, longevidade e lucratividade. Este programa proporciona uma safra mais uniforme e maior quantidade de ATR (Açúcar Total Recuperável),além de estimular o crescimento de raízes. O Longevita prevê o uso de YaraMila, produto que traz nitrogênio, fósforo e potássio no mesmo grânulo. Além disso, o programa prevê a linha de micronutrientes líquidos YaraVita para tratamento de toletes e aplicações foliares.Dessa forma, são fornecidos todos os nutrientes exigidos pela cultura, o que proporciona mais cortes produtivos e prolonga a vida útil do canavial, reduzindo os custos de renovação. O grande diferencial deste Programa Nutricional é a facilidade da aplicação da linha de

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Entrevista micronutrientes líquidos – altamente concentrado e estável – e da linha YaraMila, que contem NPK no grânulo, com uma granulometria superior e nutrientes em formas de alta performance. O Programa Nutricional Longevita indica que as aplicações de fósforo devem ser parceladas durante todo o ciclo da cultura. Cana S.A. O Setor sucroenergético passa por um momento de crise, mesmo assim vocês estudam ampliar o portfólio de produtos para o setor? João Benetti - A oscilação no setor é algo natural e a Yara continua investindo para trazer cada vez mais soluções ao segmento. Prova disso, é o lançamento do programa Longevita, que traz mais lucratividade e mais cortes ao canavial. Cana S.A. A Yara tem alguma parceria com empresas do setor de cana de açúcar, para desenvolver produtos que venha ajudar no melhoramento da cana, ou pretende fazer alguma parceria? João Benetti - A Yara mantém diversos estudos com os principais centros de pesquisa do País. Entre eles, destacamos o comparativo de aplicação de micronutrientes da linha YaraVita em cana soca, ou seja via folha, realizado na Esalq-USP. Na mesma universidade, o professor Pedro Luz conduziu com sucesso um trabalho sobre YaraMila. Cana S.A. Na compra dos ativos da Bunge ficou firmado acordo para a Yara fornecer os seus produtos para a Bunge, isso seria para o setor de cana, e a multinacional tem alguma exclusividades nos produtos da Yara? João Benetti - O acordo prevê o fornecimento de fertilizantes da Yara apenas para os produtores que originam grãos (barter) para a Bunge. Cana S.A. O Senhor é um dos principais

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executivos nesta área de fertilizantes no Brasil, como o senhor vê o agronegócio brasileiro? E qual futuro o senhor espera para esse setor que tanto ajuda a economia do País? João Benetti - Somos muito otimistas com relação ao futuro do Brasil e da agricultura brasileira, em específico. Os produtores rurais brasileiros estão ficando cada vez mais sofisticados e conscientes da importância de se investir em tecnologia no campo, o que favorece muito a estratégia de diferenciação e inovação da Yara. Hoje o produtor sabe que investir em soluções tecnológicas, inclusive em fertilizantes, o ajuda a continuar colhendo mais numa mesma parcela de terra. O agricultor brasileiro está diante de uma situação privilegiada, pois os preços das commodities estão altos há alguns meses e o país conta com disponibilidade de terras, água e tecnologia, garantindo ano após ano recordes na produtividade das safras e lucros aos agricultores. Esse cenário se reflete no mercado de fertilizantes, que continua em expansão. O Brasil se posiciona para ser o celeiro do mundo e a Yara seguirá apostando no País, com soluções competitivas e sustentáveis para todos os tipos de culturas e solos brasileiros. O principal plano da Yara no Brasil é o de contribuir para o crescimento da agricultura brasileira de maneira sustentada, com forte valor agregado ao agricultor – seja pelo knowhow que disponibiliza ou pela qualidade superior de seu portfólio. Cana S.A. O mundo procura por produtos que não venha poluir o meio ambiente, a Yara também tem essa consciência? E o que tem feito para ajudar neste sentido? João Benetti - A Yara trabalha para promover a agricultura sustentável, ou seja, para evitar que recursos essenciais, como solo, nutrientes e água, sejam consumidos de forma indiscriminada. Como maior produtor mundial de nutrição


de plantas, na forma mineral, a Yara desenvolveu um extenso e secular conhecimento agronômico que está na essência do seu negócio. A Yara ajuda os produtores a obter o máximo de produtividade, contribuindo para a agricultura sustentável com as seguintes frentes: * Agricultura rentável: a agricultura precisa fornecer retorno financeiro para os produtores, encorajando-os a continuar a plantar e conservar o meio ambiente. * Proteção ambiental: a agricultura deve minimizar o uso de recursos não renováveis, assim como a reposição dos recursos usados, protegendo e garantindo a melhoria do ambiente e de seus recursos naturais. * Sociedade: a agricultura, em muitos lugares engolidos pela globalização e pelos interesses corporativos, deve ajudar a manter as comunidades locais e a agricultura familiar prósperas e viáveis, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social – incluindo o fornecimento de alimentos mais saudáveis. * Pureza dos nutrientes: os fertilizantes à base de nitratos da Yara oferecem nutrientes puros, requeridos para precisão, eficiência e segurança, o que vai de encontro às necessidades agronômicas e ambientais da agricultura moderna. Esses fertilizantes são uma escolha natural para aqueles produtores que querem cuidar tanto de sua produtividade quanto do meio ambiente. Os adubos de nitrato não se perdem com volatilização. A planta absorve rapidamente o produto, contribuindo para um baixo impacto ambiental.

Esta aquisição, combinada à liderança mundial na produção de fertilizantes, e à maior rede comercial do setor no mundo, tornou a Yara um fornecedor ainda mais competitivo para o agronegócio brasileiro, preparada para novas oportunidades de crescimento. Em março de 2014, reinauguramos a Unidade Misturadora de Porto Alegre, com investimentos de R$ 55 milhões e coloca a unidade de Porto Alegre como a mais moderna misturadora de fertilizantes do país. Ainda neste ano, inauguraremos a Unidade Misturadora de Sumaré, com o mesmo patamar de tecnologia. Isso se encaixa na política global da Yara em manter sua posição de modeladora dos segmentos em que atua. Além disso, a Yara continua atenta às movimentações e às oportunidades de expansão no mercado brasileiro, seu maior mercado único mundialmente. Junior Cordeiros Redator Chefe

Cana S.A. Qual é a ambição da Yara, depois de comprar os ativos de fertilizantes da Bunge, tem mais alguma aquisição para acontecer, ou o senhor já está satisfeito com o tamanho que a Yara tem hoje no Brasil? João Benetti - Com este acordo, a Yara reforçou sua relevância no mercado de fertilizantes, ancorando seu compromisso com o Brasil.

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Legislação

Aprosoja/MS alerta produtores rurais sobre representação na Câmara Federal

Foto: Leandro Abreu - Sato/Comunicação

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este ano de eleição o produtor rural sul-mato-grossense deve analisar suas lideranças e votar em quem defende o setor primário, para que não correr risco de ficar sem representantes na Câmara Federal no próximo mandato. A afirmação é do presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul (Aprosoja/MS), Mauricio Saito, que discursou aos produtores rurais de Chapadão do Sul, na abertura da 22ª Exposição Agropecuária Industrial (Exposul), nesta quarta-feira (4). Durante o evento, Saito alertou os participantes sobre o cenário de desafios da agropecuária do Estado que exige representação ativa em Brasília. “Atualmente a bancada que representa o agronegócio tem trabalhado com eficiência. O produtor precisa avaliar a atuação dos próximos candi-

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O produtor rural sul-matogrossense deve votar em quem defende o setor primário, defende Saito

datos e escolher cuidadosamente o seu voto e lembrar que reside em um Estado rural”, destacou o presidente da Aprosoja/MS, ao citar a logística e os tributos como entraves para o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul. As autoridades que participaram da abertura da Exposul concordaram com o dirigente e consideraram as invasões em propriedades rurais como um dos desafios para os próximos deputados federais. “Deve-se garantir o direito de propriedade e também o direito dos indígenas, o que não se deve é rasgar uma constituição e prejudicar quem não se entrega apesar da logística desfavorável, o mau tempo que se forma e os tributos que não contribuem. E os eleitos que vão dar encaminhamentos para estes fatores. Precisamos de representantes,” discursou a deputada estadual Mara Caseiro. O também deputado estadual, Carlos Marun, foi enfático ao caracterizar o cenário formado pelas invasões indígenas em propriedades privadas como “deprimente e desesperador”. “Caso o governo de Mato Grosso do Sul não tives-

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se posicionamento definido, a situação não teria controle”, avalia Marun referindo-se à atuação do governador André Puccinelli. “O campo hoje sustenta o Governo brasileiro. Não dá para permitir que um funcionário da Funai olhe para um pedaço de terra e diga que é indígena, enquanto as terras deste Estado foram adquiridas de boa-fé, ” posicionou-se o deputado. Ao abrir oficialmente a Feira Agropecuária de Chapadão do Sul, o presidente do Sindicato Rural do município, Rudimar Artur Borgelt, pontuou que além de refletir sobre a representação política na Câmara Federal, os produtores rurais devem se aliar as classes representativas e unir forças contra os desafios. Também participaram do evento o prefeito de Chapadão do Sul, Luiz Felipe Barreto de Magalhães, com a vice-prefeita, Liza Scheide, o deputado estadual Marcio Fernandes, a presidente da Câmara de Vereadores, Rosemari da Cruz, e o juiz de direito, Silvio César Prado. Fonte: Assessoria de Imprensa Sistema Famasul



Especial

Caminhos do setor sucroenergético em MS

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través da forte intervenção do Estado brasileiro na cadeia de produção do etanol de cana-de-açúcar entre as décadas de 1930 e 1980, acorreu um aumento da produtividade e da competitividade do setor. Os ganhos de produtividade agrícola e industrial obtidos a partir da criação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool) na década de 1970, contribuíram de forma que várias empresas sucroalcooleiras fossem instaladas em nosso estado, Mato Grosso do Sul. Contudo o programa não teve êxito no decorrer dos anos e no final da década restavam apenas duas agroindústrias no Estado. Recebemos um estimulo de incentivos no anos 80 dentro do setor, aumentando para 8 o número de industrias em funcionamento dentro do Estado, mas com a queda dos incentivos na década de 90, podia-se apontar baixas de produção, no que se dizia a respeito de cana-de-açúcar e álcool. Com uma consistente redução dos custos de produção, permitiu-se a retirada dos subsídios públicos no final dos anos 90 e a consolidação, no Brasil, do maior e mais bem-sucedido exemplo mundial de substituição de combustíveis fósseis por um biocombustível no setor de transportes. Houve mudanças institucionais no início dos anos 90, alteraram drasticamente o papel do Estado na economia brasileira e com o início do processo de desregulamentação de diversas cadeias agroindustriais no Brasil, ocorreram mudanças profundas na organização da cadeia produtiva da cana, afetando produtores, consumidores e as políticas do setor. O séc. XXI começou com uma nova expansão, vista como uma oportunidade para o desenvolvimento da área. Houve um aumento na demanda de combustíveis alternativos do petróleo tanto no mercado nacional com em outros países. Com esses fatores criou-se novas oportunidades para o mercado com a criação de novas empresas. Um dos processos que afetaram a cadeia de produção do etanol de cana-de-açúcar foram a eliminação das barreiras à importação, iniciada no governo de Fernando Collor de Mello, a entrada do país na Organização Mundial do Comércio (OMC) e, consequentemente, a derrubada das barreiras à exportação do açúcar brasileiro nos anos 2000.

Outra mudança importante foi a produção dos carros flex no país, grande responsável pela recuperação da confiança do consumidor brasileiro no etanol, que reverteu completamente a tendência declinante do uso do etanol hidratado no Brasil. Durante a Safra 2008/09, MS possuía 14 unidades em operação, sendo que noves estavam em processo de instalação e cinco em projeto. Em 2010 já haviam 21 unidades, em 2011 contávamos com 22 unidades operando. Na época o Estado processava cerca de 33 milhões de toneladas de cana em aproximadamente 480 mil hectares. Em 2012, o governo zerou a taxa Cide (contribuição cobrada sobre a gasolina) com o objetivo de compensar os reajustes do preço do combustível. Vieram medidas como o aumento de para 20% para 25% de etanol da gasolina, desoneração tributária, redução de impostos (IPI), redução da alíquota PIS/ Confins, numa tentativa de estimular o meio. Mato Grosso Sul abriu a safra de cana-de-açúcar 2013/2014 com a inauguração da Usina Ivinhema, do Grupo Adecoagro, animando expectativas para a região. A usina mostrava o crescimento contínuo que o Estado passava e estimativa. Contudo a falta de política para o setor e de transparência na formação de preços do etanol e o subsídio à gasolina, levaram a essa nova crise no setor sucroenergético, o aguardo é de boas perspectivas de renegociação de dívidas com melhores preços, mas a preocupação ainda é o subsídio à gasolina que afasta dinheiro para novos investimentos. Segundo a última projeção apresentada pela Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado (Biosul), a produção de cana-de-açúcar deverá crescer 6,76% em Mato Grosso do Sul na safra 2014/2015 frente a anterior, passando de 41,496 milhões de toneladas para 44,300 milhões de toneladas. Acredita-se que com esta crise o setor tem que se unir, esperando um bom regime de chuvas que venha trazer oportunidades para arrendar áreas que eram de pastagens degradadas para plantio de cana. Hoje o setor vive a crise, mas aguarda por oportunidades. Fonte: Infoagro, Biosul, Unica. Junior Cordeiros Foto: Arquivo

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Opinião

Profissionais do agro: demanda, oferta e qualidade

Por José Otavio Menten, presidente do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior (ABEAS), Eng. Agrônomo, Mestre e Doutor em Agronomia, Pós-Doutorados em Manejo de Pragas e Biotecnologia, Professor Associado da USP/ESALQ.

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ara que uma atividade econômica funcione bem, há necessidade, entre outros requisitos, que existam profissionais qualificados para executarem diversas funções. No agro isto também é necessário. Talvez não seja tão evidente como na área da saúde, onde foi constatado, embora existam divergências, que havia falta de médicos no nosso mercado. Daí o Programa Mais Médicos, com a contratação de profissionais de Cuba. No agro brasileiro o trabalho é executado por diversos profissionais.

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Para as atividades mais complexas, envolvendo estudos, projetos e gerenciamento há necessidade de engenheiros, principalmente o agrônomo, assim como o florestal, agrícola e de pesca, médicos veterinários, zootecnistas, agrimensores, químicos e outros profissionais de nível superior pleno, das ciências agrárias e de outras áreas: engenharias ambientais, de alimentos, civis, mecânicos, biólogos, cientistas de alimentos, nutricionistas, economistas, administradores, advogados, jornalistas, médicos etc. A questão é: quantos profissionais são necessários, atualmente e no futuro, para executar funções essenciais no agro, envolvendo o antes da porteira (insumos, planejamento, seguro), o dentro da porteira (produção vegetal e animal) e o depois da porteira (armazenamento, processamento, comercialização e distribuição)? Existe algum estudo científico que auxilie a obtenção desta resposta? Isto é fundamental para definirmos o número de jovens que devemos formar em cada


uma das profissões. Esta informação pode ser útil na autorização de abertura de novos cursos de profissões tradicionais e o estímulo a criação de cursos que formem profissionais com conhecimentos específicos. Tomando com base um dos profissionais mais típicos e tradicionais demandados pelo agro brasileiro, o engenheiro agrônomo, em 2012 havia 262 cursos no Brasil, ofertando cerca de 20.000 vagas por ano. Contando com os profissionais já existentes, que estão trabalhando no agro, haverá mercado para absorver todos estes egressos? Quantos engenheiros agrônomos necessitamos? É verdade que nem todos os formados em engenharia agronômica vão exercer suas atribuições profissionais. Até que ponto devemos nos responsabilizar pelas eventuais frustrações de um recém-formado que vai encontrar dificuldade de ingressar em seu mercado de trabalho, pela não existência de demanda? O próprio Ministério da Educação deve ter dificuldades para avaliar esta questão e interferir neste mercado da educação superior. E surge outro problema: a qualidade dos cursos e dos egressos. Na engenharia agronômica se discute muito a atual existência de cursos noturnos. Em breve, estaremos discutindo os cursos à distância. Há pouco acompanhamos o fechamento de instituições de ensino tradicionais pela baixa qualidade. Isto cria um grande problema para os estudantes que investiram recursos financeiros e tempo e terão que buscar novas instituições para darem sequência aos seus estudos visando a obtenção de um diploma/título acadêmico. Os engenheiros agrônomos demandados pelo agro brasileiro devem ter sólida formação básica (exatas, biológicas e humanas) e formação profissionalizante ampla, generalista, com conhecimentos para trabalhar com recursos naturais/ manejo ambiental, biotecnologia, engenharia rural (máquinas e implementos, topografia/georreferenciamento, irrigação/drenagem, construções rurais), produção vegetal e animal, processamento de produtos agropecuários e economia, administração e sociologia rural. Esta formação técnica holística, além de qualidades pessoais como ética, responsabilidade e liderança, comunicação/idiomas, tecnologia da informação e gestão são essenciais. Será que todos os cursos estão

formando profissionais adequados a nossa realidade? Há necessidade de um exame de habilitação dos egressos, semelhante ao “exame de ordem” dos advogados, antes de obterem seu registro profissional e puderem exercer a profissão? É importante lembrar que a sociedade tem o direito de contar com profissionais habilitados, competentes, para que não haja risco das pessoas e do ambiente pelo exercício inadequado de uma atividade. Esta reflexão deve estar presente para todos os outros profissionais do agro, incluindo os de nível técnico e tecnólogo. Através de estudos científicos será possível estimar o número de cada um destes profissionais, além da qualidade, para que o agro brasileiro possa atender as expectativas da sociedade brasileira e do mundo, já que diversas instituições internacionais tem declarado que o Brasil é o país que mais vai contribuir com a produção de alimentos nos próximos 50 anos. Além de se destacar a importância do país na produção de agroenergia, limpa e renovável, e fibras.

José Otavio Menten

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Cana EM FOCO

10º INSECT SHOW

Nos dias 23 e 24 de julho de 2014 acontece em Ribeirão Preto/SP a 10ª edição do Seminário Nacional sobre controle de pragas da cana-de-açúcar (Insectshow), realizado pelo grupo Idea Online. O evento contará com a presença de especialistas, pesquisadores e profissionais do agronegócio para apresentar pesquisas e recomendações sobre o assunto. Associadas UDOP, IAC, UNICA, CEISE e ORPLANA têm desconto na taxa de inscrição. Com o tema “Pragas sob controle”, o seminário visa divulgar como combater pragas, informar sobre os danos causados, uso de inseticidas e como estimular e melhorar os resultados da colheita.

IX CBPE

De 25 a 27 de agosto de 2014 a SBPE estará promovendo, no Resort Costão do Santinho, em Florianópolis, SC, o IX Congresso Brasileiro de Planejamento Energético (CBPE), cujo tema central será “Políticas energéticas para sustentabilidade, segurança no suprimento e eficiência”. No IX CBPE haverá mesas redondas e sessões técnicas com a apresentação dos trabalhos selecionados, além de inúmeras oportunidades de networking para os participantes, embaladas pela exuberante natureza e agradável ambiência da capital catarinense, em geral, e do Resort, em particular.

22º FENASUCRO

De 26 a 29 de Agosto de 2014 no Centro de Eventos Zanini acontece o 22º Fenasucro em Sertãozinho - São Paulo. É o maior evento mundial em tecnologia e intercâmbio comercial para usinas e profissionais do setor sucroenergético, encontro entre produtores, profissionais e os principais fabricantes de equipamentos, produtos e serviços para a agroindústria da cana-de-açúcar, um evento completo que oferece aos visitantes a oportunidade de explorar toda a cadeia de produção: preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita, industrialização, mecanização, aproveitamento dos derivados transporte e logística do produto e subprodutos da cana-de-açúcar. Focado em negócios, o evento é aprovado pelos seus participantes e cobre 4 grandes setores, Agrícola, Fornecedores Industriais, Processos Industriais, Transporte e Logística. É um importante encontro entre os principais fabricantes de equipamentos, produtos e serviços para a agroindústria da cana, e os milhares de visitantes técnicos e qualificados, e sempre apresenta as maiores novidades do setor.

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Capa

O Etanol brasileiro pede socorro: Quem pode salvar ?

Candidatos a presidência analisam contexto do setor sucroenergético

O setor sucroenergético vive um momento ruim dentro do cenário nacional, uma crise que vem afetando a indústria e a economia brasileira. O buraco causado no setor já chega aos 40 bilhões de reais.

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m 2007 o setor consumiu-se 34% de etanol a mais que a gasolina no Estado de São Paulo, levando o setor a um grande auge, considerado uma grande tendência a nível nacional, também por se reduzir em até 90% a emissão dos gases causadores do efeito estufa. Um Cenário que prometia grande crescimento aponta uma queda brusca 7 anos depois, onde erramos? Deveríamos estar numa posição de controlar a nossa industria, mas no caso do Brasil, é o mercado que controla o país, uma luta diária contra a inflação e os custos ascendentes. Para levantar caixa, as endividadas usinas brasileiras vendem açúcar a valores abaixo do preço de custo, provocando quedas nas cotações mundiais do produto. O presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha, disse durante uma cerimônia do setor, que o endividamento já supera os R$ 60 bilhões.


São mais de R$ 100 por tonelada de cana Segundo Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica), 44 usinas entraram com pedido de recuperação judicial. No entanto, com um novo intuito de recuperar este setor, aproveitou-se do período de eleições para analisar as propostas dos nossos candidatos a presidência, para que apresentem soluções ao setor, caso vença a eleição presidencial deste ano. O que queremos é que o futuro Presidente da República compreenda que o setor padece com excesso de capacidade, problemas de armazenagem e logísticos, acúmulo de dívidas acarretadas pelos custos de produção crescentes, e políticas governamentais desfavoráveis. Há meia década o mercado assistiu ao ingresso de vários novos competidores, atraídos pelo entusiasmo do governo com os biocombustíveis e pela promessa de uma maior demanda para o etanol de cana, biocombustível que pode ser misturado com a gasolina ou usado puro na frota de veículos flex. Usinas de açúcar e etanol foram compradas e novas foram construídas, tanto por grupos locais como internacionais. A seca de 2010, entretanto, fez com que

faltasse cana para processar, agravando a ociosidade na indústria, ao mesmo tempo em que os valores da mão de obra e das terras aumentavam. Os custos para produzir açúcar no Brasil já foram os menores do mundo. Buscando reduzir a ociosidade e melhorar a eficiência das plantas, os usineiros ampliaram a produção de cana. Mas para seu alarme, o governo brasileiro, preocupado com a inflação, limitou os preços dos combustíveis e acabou achatando as margens de lucro do etanol. Ao contrário de vários outros países fabricantes de açúcar onde os produtores são generosamente subsidiados, no Brasil os usineiros recebem pouca ajuda. Para fazer caixa, muitos são forçados a vender o produto ao preço que estiver disponível. A logística no Brasil dá muita pouca margem de flexibilidade. Você produz e tem que exportar. Queremos compreensão quando os empresários do setor afirmam que os bancos locais, credores das dívidas das usinas, vêm se provando um obstáculo para a reestruturação. A principal solução que o governo quer dar para resolver a crise é a mais clássica de todas: aumentar o percentual de mistura de etano na gasolina.

Eduardo Campos

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m depoimentos de antemão o pré-candidato à Presidência da República Eduardo Campos fala em “virada de rumo” para o setor “ Para ele, dois fatores exigem atenção para que haja uma retomada da estabilidade, sendo a capacidade de investimento por restrições financeiras e as questões climáticas. “A política de controle do preço da gasolina adotada pelo governo impede que o etanol seja competitivo, leva à redução da produção do combustível e à elevação do seu preço”, comentou. O candidato também já afirmou em coletivas, que é preciso “resgatar” o setor do etanol, mas não afirmou se manterá a mesma estratégia de contenção de preços da gasolina. “Nós vimos esse setor ser extremamente estimulado, hoje ele está esquecido. Viemos dizer que entendemos que ele tem uma importância estratégica para que o Brasil possa ter uma matriz energética mais e mais renovável”, afirmou. Ele frisou que após o “ônus econômico-financeiro” imposto pelo governo, “ainda é possível impedir que o pré-sal, até o momento uma tecnologia cara e com impactos ambientais e climáticos seve-

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ros, se torne a base da política energética do país”. Para Campos, a indústria sucroenergética tem participação fundamental no desenvolvimento do setor energético de baixo carbono, que privilegia tecnologias de ponta tanto no que se refere à energia limpa quanto à eficiência energética. Porém,

ele entende que muitos segmentos “tem atuado em sentido inverso, exercendo pressão no frágil arcabouço institucional brasileiro para que prevaleçam interesses específicos”. Campos entende que isso desconsidera o impacto das mudanças climáticas e os custos sociais implícitos dos combustíveis fósseis.

Aécio Neves

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écio anunciou medidas consideradas por ele como prioritárias. O senador disse que o setor precisa de um marco legal estável, com regras de longo prazo confiáveis, de uma proposta clara por parte do governo de aumento da participação do etanol na matriz energé-

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tica, além de uma política ousada de comércio exterior para que o país passe a exportar mais e importar menos etanol “O setor de etanol, construído ao longo de 40 anos pelo esforço, dedicação e pela pesquisa de inúmeros brasileiros, foi abandonado pelo atual governo, que optou ir na contramão do mundo, que busca energia alternativas, não poluentes e renováveis. O setor vive um impasse e precisa de uma resposta”, afirmou Aécio Neves. “É preciso inserir o Brasil nas cadeias globais de produção. O país não pode ficar amarrado ao anacronismo do Mercosul, que não tem nos levado a lugar algum. Abrir o Brasil para o restante do mundo é essencial”, defendeu o senador. Outro ponto abordado pelo pré-candidato a presidente foi a inovação. Aécio afirmou que o atual governo não investe o suficiente na área, lembrando que os fundos setoriais para a inovação existentes hoje no Brasil são os mesmos criados no governo Fernando Henrique. Outro problema é a baixa execução orçamentária. “O Fundo de Desenvolvimento Científico e Tecnológico teve, no período do atual governo da presidente Dilma, R$ 13 bilhões aprovados no Orçamento e sequer R$ 5 bilhões foram utilizados. Portanto, criar estímulos à inovação é essencial para voltarmos a dar um passo consistente na recuperação da capacidade competitiva do setor”, ressaltou o tucano. O Brasil, a partir da década de 90, ampliou em 40% a área plantada e aumentou a produção em 220%. Isso é uma demonstração de que o setor rural, que sustenta hoje nossa a balança comercial e o crescimento da economia brasileira, precisa ser prestigiado, com diálogo permanente”, ressaltou.


Dilma Rousseff

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urante o seu governo, Dilma realizou algumas medida como a redução de tributos para o setor do etanol, através de crédito de PIS/Cofins correspondente a esse valor, também foi criado uma linha de crédito de R$ 2 bilhões para estocagem de etanol, com prazo de 12 meses para o produtor e encargos de 7,7% ao ano, aumento da mistura de etanol na gasolina dos atuais 20% para 25% a partir de maio de 2013. O governo reduziu a alíquota de PIS/Cofins na indústria, o plano do governo foi cortar tributos do setor na tentativa de estimular o aumento da produção. Segundo reconhecimento da própria presidente Dilma, que prometeu dar “importância estratégica” ao setor. Tais aplicações foram aplicadas do sentido de que o setor amplie os investimentos e aumente a

produção para atender ao mercado interno que tem optado pelo produto importado. Com a inauguração de um duto de etanol entre as cidades de Ribeirão Preto e Paulínia, Dilma afirmou ter barateado o custo do transporte e reduzido o preço na hora que o produto chega-se à bomba. A presidente também disse que “ o transporte de etanol por duto é uma das medidas que o governo tomou para beneficiar os produtores de álcool”. Dilma afirmou que “o uso de caminhões é muito menos poluente, mas ao mesmo tempo é muito mais competitivo, porque o preço do transporte se torna um custo menor na cadeia toda de valor do etanol”. Com essas medidas, de acordo com a presidente, houve redução de R$ 0,12 por litro no custo do etanol.

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Erros cometidos com o setor

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urante esta últimas cinco safras, de um total de 384 usinas 44 já fecharam, 33 estão em recuperação judicial e 12 não vão moer cana este ano, segundo dados da UNICA. O endividamento é altíssimo, em 20% das usinas, 30% da receita esta endividada. De 2003 a 2009 houve um grande investimento no setor, o preço do petróleo estava subindo, refletindo nos preços domésticos. A Cide de R$ 0,28 por litro de gasolina, dava a respirar a competitividade com o nosso etanol. Veio os carros Flex com redução do IPI, que cada vez mais estimulava o mercado. Em 2008 o mercado começou enfrentar quedas e endividamentos. Nas ultimas três safras o clima interferiu de forma negativo, não contribuindo com a expansão da produtividade.Em uma tentativa de amenizar essas perdas, o governo reduziu o IPI sobre o veículos e expandiu o crédito para compra de automóveis. Por se sentir pressionado no ponto de vista financeiro, parou-se de investir em renovação dos canaviais, e com o canavial mais velho, caiu-se junto a produtividade. A produção de etanol caiu e preço se elevou, acabando com a chance de competitividade. A pressão inflacionário fez o governo diminuir o Cide da gasolina, pois ao segurar o preço da gasolina, também se controlava o preço do etanol. A crise se sucedeu, pois pegou o setor de surpresa, onde as medidas tomadas deveriam ter acontecidas e um maior prazo para serem melhor analisadas. Segundo a visão de muitos pesquisadores e autoridades do setor acorreu um investimento excessivo, quando o governo afirmava que o Brasil iria abastecer o mundo com energias renováveis, que

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seriamos a OPEP do Etanol. O interesse pelo Pré-sal desviou o foco do Etanol, e o controle da inflação através do controle da Cide foi arriscado para setor, chegando a um ponto de se perder a competitividade. Segundo Biag Filho, Integrante do Conselho Econômico e Social da Presidência da República “A questão da Petrobras, que é responsável por 10% das compras internas, tem uma repercussão enorme na questão de compra, prazo e financiamento. A partir do momento em que foi quebrada a paridade econômica com a gasolina, o etanol se tornou inviável. O que irrita o governo é quando os produtores de álcool passam a dar palpite sobre o preço da gasolina, pedir que a Petrobras aumente o preço. As usinas vão se recuperar porque produzem açúcar também, mas vai demorar”. No pico de preços cassados logo que Dilma foi eleita, momento pós-crise e quebra de safra, levou a presidente a impressão de mágoa ao setor .O empresário Maurílio Biaggi, que desistiu de concorrer a vice na chapa de Alexandre Padilha, afirmou recentemente que o setor criou problemas para a Petrobras ao não cumprir a promessa de aumento de produção. O argumento é que a Petrobras não investiu em refinarias de gasolina porque esperava que o etanol fosse cumprir um papel dentro do abastecimento. Mas uma coisa é fazer estimativas de demanda, outra é agir para cumprir a meta. Quando o preço do etanol estava ruim, mas o do açúcar estava alto, as usinas ainda sobreviviam. O açúcar subsidiou o etanol. Mas há dois anos o preço do açúcar está ruim e há excesso de oferta no mercado internacional.


Em uma das analises foi realizado um debate (criado pelo “Projeto AGORA”) realizado durante a Cerimônia de Entrega do 5º Prêmio TOP Etanol. Onde foi enviado um documento elaborado por um conjunto de 18 entidades e empresas ligadas ao setor sucroenergético, com dados atualizados sobre o setor a nível nacional, a fim de mostrar a importância da indústria para a economia, para a balança comercial e para a geração de empregos. A expectativa dos integrantes do Projeto AGORA era que o documento sirva como subsídio para que os pré-candidatos desenvolvam os discursos que farão durante a Cerimônia de Entrega do 5º Prêmio TOP Etanol. O documento inclui sugestões desenvolvidas, segundo o Projeto AGORA, “para evitar que o setor sucroenergético sofra um desmonte”. Intitulado “Uma Solução para o Etanol Brasi-

leiro”, o texto traz diversos destaques e dados recém atualizados, como o elevado número de usinas que fecharam ou entraram com o pedido de recuperação judicial nos últimos anos em todo o Brasil, as altas dívidas líquidas das empresas, a queda no faturamento das empresas do setor, o crescimento do desemprego e a ausência de políticas públicas para enfrentar a conjuntura que vem impactando negativamente o setor desde 2009. A pré-candidata à reeleição pelo Partido dos Trabalhadores e atual presidente da República, Dilma Rousseff, não participou do ‘Encontro com os Candidatos. Na data da premiação a presidente ela se comprometeu com um evento em que a taça de campeão mundial de futebol da FIFA seria recebida em Brasília, com a participação do presidente da FIFA, Josef Blatter.

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Agrobusiness

Grupo árabe adquire 49% das ações da usina São Fernando em Dourados 36

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Por Henrique de Matos

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nformações de bastidores obtidas pela revista Cana S.A junto a executivos diretamente ligados ao setor sulcroenergético de Mato Grosso do Sul dão conta que um grupo de investidores dos Emirados Árabes acaba de ‘bater o martelo’ para compra de 49% das ações da usina São Fernando, em Dourados. Segundo a fonte, o negócio teria girado em torno de R$ 2 bilhões, que é o volume de recursos que os árabes devem investir na planta industrial nos próximos cinco anos. A fonte revelou ainda que a venda está diretamente ligada à necessidade da São Fernando de fazer novos investimentos para manter atrativa e competiti-


As negociações pela venda de ações da usina se arrastam há pelo menos três meses. Um grupo argentino chegou a vir a Dourados, conheceu todas as instalações do empreendimento, mas o negócio não se concretizou. Segundo especialistas, o complexo industrial tem valor de mercado estimado em R$ 4,2 bilhões e atualmente emprega mais de três mil funcionários.

Neste ciclo 2013/14, a São Fernando tem meta de processar 3,924 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. A empresa projeta uma receita de R$ R$ 501,975 milhões na safra e uma margem bruta de 47%. Se confirmados até o fim da safra, os números representarão crescimento de 15% em volume processado de cana e 4,5% em receita em relação ao ciclo anterior, o 2012/13. ]A usina tem um parque industrial com capacidade instalada de moagem de 4,5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano. A São Fernando é a maior produtora de energia elétrica do Estado, por meio da cogeração pela queima da biomassa da cana. O bagaço da cana moído é capaz de alimentar dois geradores com potência acima de 100 MW/h, possibilitando atender a demanda de energia de uma cidade com aproximadamente 200 mil habitantes.

va no mercado e projetar um aumento na produção ao longo dos próximos cinco anos. Apesar da venda de parte das ações, o controle acionário da usina continua nas mãos do empresário José Carlos Bumlay, que permanece com 51% das ações restantes da empresa. As informações obtidas pela Cana S.A dão conta ainda que os R$ 2 bilhões do grupo dos Emirados Árabes serão aplicados em obras de ampliação e modernização da indústria, que está entre as principais do setor sucroalcooleiro do país. A perspectiva é que com esses investimentos a São Fernando se torne a maior do país em um prazo de 5 a 10 anos.

RECUPERAÇÃO Em abril de 2013, a usina São Fernando entrou em recuperação judicial e pendurou uma dívida de R$ 1,2 bilhão. Desse montante, cerca de R$ 540 milhões são financiamentos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Banco do Brasil (BB). A São Fernando deve impostos, pagamentos a fornecedores e salários de empregados, mas seu principal problema é com 15 bancos, credores de mais de R$ 1 bilhão. Entre eles estão Bradesco, Santander, BTG, Itaú e BNP.

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Inovação & Tecnologia

Segundo Abiove a mistura traz benefícios econômicos, ambientais e sociais para população

Aumento da mistura de Biodiesel ao Diesel prevê benefícios ao consumidor A

indústria Brasileira deu um passo importante no setor de biocombustíveis neste ano, através de uma medida provisória divulgada pela presidente Dilma Roussef, prevendo a adoção do B6 (Um aumento de 5% para 6% na mistura do biodiesel no diesel fóssil) e do B7, agregando valor a indústria da soja por meio de geração de empregos, reduzindo a inatividade das industrias. Para a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), as vantagens do biocombustível são muito claras; na parte econômica, por meio da elevação de PIB, demanda de emprego e elevação de renda; sociais, pois, conforme aponta o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), cerca de 90 mil agricultores estão envolvidos no Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB). Enxergam também diversas vantagens ambientais, porque, segundo estudos (da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Oleaginosas e Biodiesel do Ministério da Agricultura), o uso do B7 passará a evitar a emissão de algo como 7,3 milhões de toneladas de CO2eq. por ano. O uso do B10 teria representado cerca de 10,4 milhões de t evitadas de CO2eq. Cada ponto percentual a mais de biodiesel mandatório, no Brasil, é equivalente ao plantio de 7,2 milhões de árvores. Quanto mais se usa o biodiesel, menores serão os impactos de emissões de materiais particulados (hi-

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drocarbonetos e monóxido de carbono), além de trazer maiores benéficos à saúde. Outra vantagem do biodiesel é que ele contribui para a redução das importações de diesel mineral. Atualmente mais de 20% de todo o diesel B consumido no país têm origem externa. Isso implica redução do nível de emprego doméstico e contribui negativamente para o resultado financeiro da Petrobras. Em março de 2014, o preço do diesel entregue nos portos brasileiros – já contabilizados os custos de internação – chegou a R$ 1,89/litro, alta de 13% em relação ao mesmo mês de 2013. Quanto mais biodiesel é agregado à mistura, menor a necessidade de importação do diesel fóssil. Segundo argumentos da Abiove o impacto inflacionário potencial do biodiesel será mínimo. E conforme o estudo da FGV patrocinado pela associação revela que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), no caso da evolução do B5 para o B6, sofreria um impacto inferior a 0,010 ponto percentual. “Todos se beneficiam com patamares mais elevados de uso do biodiesel: população, fabricantes e agricultores familiares”, diz o presidente da Abiove, Carlo Lovatelli. Da Redação Fonte: Assessoria de Comunicação da Abiove


CTC testa cana tolerante à seca em MS Tecnologia permitirá menor risco à produção no sul do Estado; primeira variedade pode chegar ao produtor já em 2016

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CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) está testando em Mato Grosso do Sul clones de cana-de-açúcar resistentes ao estresse do frio (geada). Esse é o principal problema que afeta a produção de cana no sul do Estado. Além desse material, vários outros clones estão em teste no Estado, inclusive alguns resistentes ao estresse hídrico (seca). A informação é do engenheiro agrônomo Willian Willian Roberto Arnt Roberto Arnt, que mora em Dourados e cuida dos experimentos no pólo de Caarapó. Ele falou à Canamix no sexta-feira, dia 30, após a palestra “Variedades Comerciais CTC: Solução para a produtividade em MS”, na Expoagro, em Dourados. O cruzamento das variedades, segundo o agrônomo, que cursa mestrado em Produção Vegetal na UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), é feito em Camamu (BA), cidade que reúne as melhores condições de florescimento da cana no Brasil. Depois, os clones são testados em vários pólos no Brasil, incluindo o de Caarapó. Se provada a superioridade aos materiais já existentes se torna variedade, sendo liberada para plantio. 500 clones estão sendo testados em MS. No caso de MS, os principais problemas são as geadas e a seca. Na safra passada as perdas foram grandes em produtividade justamente por causa das geadas. Com plantio feito este ano, as primeiras colhei-

tas do clone construído para ser tolerante às geadas devem feitas em março do ano que vem. Se a tolerância for comprovada, a variedade pode ser liberada para o plantio a partir de 2016. A preocupação, segundo Arnt, em relação à geadas é grande porque 15% dos 700 mil hectares de cana plantados em MS hoje podem ser afetados pelas geadas. Isso resulta em produção e ATR mais baixos, comprometendo a eficiência da indústria. “Por isso o CTC está sempre buscando desenvolver materiais mais ricos, com melhor brotação sobre palha, boa produtividade e ATR melhor”, afirma. Hoje, segundo o pesquisador, há ótimas variedades desenvolvidas pelo CTC adaptadas ao plantio e colheita mecanizados. “Uma lavoura de um ano e meio plantada com a variedade CTC-6, por exemplo, chega a produzir de 140 a 160 toneladas de cana por hectare. É uma ótima variedade que vai muito bem em solos de alto potencial [muito férteis]”, diz Arnt. Mas, no pólo de Caarapó, são testados também clones para todos os tipos de solo, em relação à estrutura (argiloso e arenoso) e também à fertilidade. “Testamos plantas para 99% dos ambientes de solo e clima do Brasil”, ressalta.

Biotecnologia

Além do programa convencional, o CTC trabalha com biotecnologia. A primeira variedade de cana-de-açúcar geneticamente modificada – ou transgênica - do Brasil foi desenvolvida nos laboratórios do CTC em 1994. Em 2000, a empresa liderou o projeto de sequenciamento genético da cana e hoje conduz testes com cana transgênica em seus laboratórios e casas de vegetação. Até 2018, a biotecnologia deve chegar ao campo. Estão sendo desenvolvidas cana resistente a pragas, tolerante a estresse hídrico, cana mais produtiva, com a inserção de genes que conferem aumento de 25% na quantidade de toneladas de cana por hectare, e cana com maior teor de açúcar, por meio da inserção de um gene que contribui para aumentar em mais de 20% o teor de açúcar na produção de etanol. Dênes de Azevedo Especial para Cana S.A. JUNHO 2014 | CANA S.A. | A energia da informação

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Economia & Mercado

Gasolina X etanol O

confronto de preços entre Gasolina e Etanol não é uma estória atual, enquanto o governo e produtores buscam incentivos para que a preferência do consumo seja o etanol, devido ao grande nível de produção nacional, mas os consumidores ainda não enxergam os benefícios nos preços estabelecidos para o consumo do mesmo, levando a consumir em sua maioria o combustível de gasolina. Hoje 12% da gasolina nacional é importada e 17% do diesel vem de fora, o nosso setor de combustíveis exigirá uma demanda de importações da gasolina ao longo dos próximos anos, podendo fragilizar o saldo da balança comercial e ao mesmo tempo em que o setor sucroalcooleiro poderá continuar fechando usinas, poderá reduzir a presença do etanol na matriz energética. Estudos apontam que a Importação de gasolina poderá atingir US$ 15 bilhões em 2022, entre 2010 e início de 2014, as importações do derivado da gasolina cresceram 490%, segundo estimativas do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

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O etanol está sendo vendido hoje abaixo do seu preço de oportunidade, com defasagem de 18,6% em relação à gasolina. Estamos importando gasolina a preço mais alto e o etanol está sendo vendido a um preço muito baixo, calcula-se que em dois anos haverá uma perda de R$ 5,4 bilhões apenas para o álcool anidro. O consumo de etanol, já está em pouco mais de 23 bilhões de litros, teria de subir para 32 bilhões a 40 bilhões de litros em 2022 para atender a demanda em alta. “São investimentos que não saem do dia para a noite, demandam tempo, teriam de ser pensados já hoje, mas também é preciso observar que irá levar tempo para recuperar a confiança de que a intervenção do governo não voltará tão cedo, isso, se for encerrada mesmo”, afirmou o presidente da Datagro, Plinio Nastari. Para um projeto de uma usina sair do papel e se tornar operacional, o prazo é estimado entre quatro a cinco anos. E como não é de se esperar a medida encontrada pelo governo é aumentar a mistura de álcool anidro na gasolina, de 25% para 27,5%, se-


gundo o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. A Anfavea não recomenda o aumento da mistura e estima que ela poderá levar a um aumento das emissões de poluentes em cerca de 75%, e das de aldeídos (gases), em 20%. Já o consumo de veículos movidos somente a gasolina subiria 3%. A indústria teme problemas de corrosão e menor durabilidade das peças, o que causaria insatisfação maior dos compradores de veículos. O ministério encomendou estudos técnicos ao Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (Cenpes) da Petrobras sobre o impacto da mudança na mistura nos equipamentos, na potência e na emissão de gases nocivos pelos motores. O objetivo é contrapor estudos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que é contra o aumento, por considerar que os motores dos veículos não estão preparados para a mudança. Em 2003, a frota de carros flex era de 0,3% do total de veículos que circulavam pelas ruas brasileiras. Dez anos depois, esse número chegou a 63% da frota. Em 2020, deve atingir 85% e em 2024 poderá alcançar 93%. Isso trará pressão sobre o mercado de combustíveis. “Ano passado, as importações de gasolina chegaram a US$ 3 bilhões, um número que poderá aumentar”, comentou o professor da Universidade Federal de Itajubá, Luiz Augusto Horta. O governo tem pressa porque precisa reduzir as importações de combustíveis, que pressionam os preços dos derivados de petróleo e prejudicam a balança comercial. A medida poderá aliviar o caixa da Petrobras e, ao mesmo tempo, evitar um novo reajuste da gasolina a curto prazo, que seria mais um componente para pressionar a inflação. Com mais álcool na gasolina, o governo espera até uma eventual redução no preço dos combustíveis nas bombas. Temos que importar menos gasolina para suprir a demanda do mercado nacional.

Segundo Edivaldo Del Grande presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (OCESP), “Não dá para competir com o subsídio à gasolina. a longo prazo, essa política desestimula o plantio da cana e volta a fazer do Brasil um país dependente quase que exclusivamente do petróleo, aumentando o rombo da Petrobras, que já é grande” “Falta visão estratégica e sobram práticas populistas e ideológicas nas esferas de governo. Esperamos que, passadas as eleições, o novo governo, seja da situação ou da oposição, volte à realidade e valorize o que é 100% brasileiro”, afirma Edivaldo. A Anfavea, ressalta que pode haver consequências para os carros mais antigos, movidos somente a gasolina, e para os importados. Segundo ele, o Brasil hoje importa entre 300 mil e 500 mil veículos por ano e ainda tem uma frota significativa de carros antigos, haverá problemas de desempenho, partida e consumo, além de desgaste maior do motor. Junior Cordeiros

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Aconteceu

Aos

expoagro se consolida como a mais diversificada anos, feira agropecuária de MS

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Fotos: Dênes de Azevedo/Via Mix Comunicação

Exposição e comercialização de máquinas, leilões, shows e eventos tecnológicos foram realizados com muito sucesso

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aior, melhor e mais diversificada, a 50ª Expoagro (Feira Agropecuária Internacional de Dourados) reuniu agricultura, pecuária, serviços, comércio e entretenimento num só lugar. “Chegamos aos 50 anos fazendo a melhor Expoagro de todos os tempos e a melhor feira agropecuária do Estado”, afirma Marisvaldo Zeuli, presidente do Sindicato Rural de Dourados, entidade que promove a feira. É justamente a diversificação, com maquinas para a agricultura, pecuária, construção civil, veículos para o campo e cidade, de todas as marcas e modelos, os mais variados tipos de serviços e uma gama enorme de produtos em exposição e à venda, bons leilões, shows, restaurantes e outros meios de diversão que chama a atenção. “Esta exposição, pra mim, é a melhor de Mato Grosso do Sul, pela diversidade, por que reúne tudo”, afirmou o senador Waldemir Moka (PMDB) na abertura. Ele ainda afirmou ainda que Dourados é a cidade que mais representa o agronegócio no Estado, justamente pela diversidade de atividades desenvolvidas.

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A exposição teve 10 dias de atividades, de 23 de maio a 1º de junho, no parque de exposições Parque de Exposições João Humberto de Andrade Carvalho. “Aqui a gente tem de tudo; só não tem o que não tem”, afirmou o presidente do Sindicato. Apesar das chuvas nos primeiros três dias, os empresários consideram bons os negócios. O operador de negócios da Comatral Máquinas Agrícolas, Thalisson Sales, disse que o evento possibilita a apresentação das novas linhas de produtos. Moisés de Oliveira, gerente de vendas da empresa Rural Center, diz que saiu da feira com vários negócios em andamento para serem fechados nos próximos dias. Os leilões também foram muito bons, na avaliação da Leiloboi, empresa que realizou a maioria desses eventos na feira. O leilão Ribalta Elite, por exemplo, somou R$ 2,43 milhões em negócios, com uma média de R$ 83,97 mil por cabeça, a maioria fêmea da raça nelore. O Leilão QM Dourados teve média de R$ 26 mil por cada égua da raça quarto de milha. Os shows foram de alto nível, reunindo artistas como Jorge & Mateus, Gino & Geno, Lucas Lucco,


Expoagro foi considerada por lideranças políticas e classistas com a mais diversificada feira agropecuária do Estado

Humberto e Ronaldo e Jads e Jadson. Exceto os dias de muita chuva e frio, em todos os outros a participação do público foi considerada muito boa. Na Exposshopping, uma feira de produtos variados do comércio também ocorreu várias apresentações culturais. Nos auditórios do parque simpósios, palestras, seminários e cursos sobre agricultura, pecuária, setor sucroenergético, florestas, piscicultura, seguros rurais, inovação e tecnologia e um assunto que chamou bastante atenção,a sucessão nos negócios rurais. Pela primeira vez foi incluído o tema nas atividades da feira. Um grupo liderado pela empresa Biorural realizou a sua reunião mensal na exposição para estimular a mais pais e filhos e planejaram com a antecedência a mudança de comando na fazenda ou empresa rural.

tro de capacitação na área sucroenergética para a formação de técnicos de nível médio. O centro será construído pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura), com recursos do BNDES. A manutenção será feita pela Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), em parceria com o Sindicato Rural. Serão investidos R$ 5,5 milhões na obra do moderno centro de formação técnica. Também aconteceu a aula magna do curso de especialização (pós-graduação) de manejo do solo, que será aplicado em Dourados pela ESALQ/ USP em parceria AASTEC-MS (Associação das Empresas de Assistência Técnica de MS) e o Sindicato Rural de Dourados.

Centro de formação

Durante a 50ª Expoagro, o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Marisvaldo Zeuli, anunciou a construção dentro do parque de cen-

Dênes de Azevedo Especial para Cana S.A. JUNHO 2014 | CANA S.A. | A energia da informação

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Aconteceu Foto: Dênes de Azevedo/ViaMix Comunicação

Trator médio de alta performance e economia pode ser empregado em todas as atividades rurais

na expoagro, Acricase apresenta o Puma 185 Puma 185 apresenta tecnologia até então não disponível para a categoria no Brasil e possibilita economia de combustível de até 25%

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Agricase Equipamentos Agrícolas, uma das mais completas concessionárias autorizadas da Case Agriculture no Brasil, apresentou na 50ª Expoagro (Feira Agropecuária Internacional de Dourados), de 23 de maio a 1º de junho, o Puma 185, um trator médio com tecnologia até então não disponível no mercado brasileiro. De acordo como o consultor de vendas Marcos Franco, que atendeu aos clientes da Agricase durante toda a feira, o 185 é o irmão mais novo da família Puma, formada ainda pelos modelos 140, 155 e 170. A máquina está disponível nas lojas de Dourados, Maracajú e Ivinehma desde abril. O Puma 185 é equipado com motor Case IH de 6,75 litros que rendem 182 cv, com Power Boost, que oferece potência extra para mais produtividade. Tem transmissão Semi-Powershift 18 x 6 ou sincronizada. Possui ainda o maior tanque da categoria, com capacidade para até 395 litros. O sistema hidráulico é de alta capacidade. “É uma máquina muito versátil que pode ser empregada em várias atividades da agricultura e pecuária, desde preparação de solo, plantio até o transbordo, com muita eficiência e economia”, afirma Franco. “Esses tratores empregam tecnologias até então disponíveis somente nos equipamentos de alta potência”, acrescenta.

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Nas duas versões, os motores Case IH apresentam ótimo rendimento tanto no preparo de solo, incluindo a subsolagem, como no plantio, sem perder rendimento, e com baixo consumo de combustível. De acordo com Franco, o sistema de controle de operação do Puma, com sincronização eletrônica do motor, câmbio e alavancas possibilita alta performance, com economia de até 25% no combustível em relação aos equipamentos concorrentes da mesma categoria. O motor eletrônico tem sistema de injeção de combustível tipo Common Rail. Power Boost é responsável por um aumento de potência de até 35 cv nas operações com TDF, no transporte, em condições de alta exigência de fluxo hidráulico ou em terrenos íngremes. Além da linha Puma, a Case fabrica tratores nas linhas Farmall (60, 80, 95, 110A, 120A e 130A – a linha A também é novidade no mercado); Maxxum (110, 125, 135, 150, 165 e 180); Magnum (235, 260, 290, 315 e 340) e ainda o Steiger (450 e 550). A Agricase tem 12 filiais estrategicamente posicionadas nos estados de Mato Grosso do Sul e Paraná. Comercializa toda a linha Case de tratores e colheitadeiras, possuindo mais de 10 mil itens de peças em estoque. A equipe de assistência técnica é especializada na fábrica. Dênes de Azevedo Especial para Cana S.A.



Política

André anuncia início da pavimentação da rodovia MS-483 e outros investimentos para Paranaíba

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o participar das comemorações do aniversário de 157 anos do município de Paranaíba, na noite desta quarta-feira (2), o governador André Puccinelli anunciou investimentos que reforçam a estrutura e incentivam o desenvolvimento do município e região. Um dos grandes anseios da administração municipal, do setor produtivo e da população, a pavimentação da rodovia MS-483 vai sair do papel, garantiu Puccinelli. Falando a representantes do setor público e produtores rurais na abertura da Exposição Agropecuária e Industrial de Paranaíba, a Expopar, o governador do Estado anunciou que vai destinar recursos próprios para pavimentar a chamada Estrada do Guilhermão. A decisão cumpre compromisso assumido há um ano, quando havia cerca de R$ 10 milhões de recursos do Orçamento Geral da União previstos para iniciar a obra e que acabaram não sendo liberados. “Nós dissemos na época que se o Governo Federal não o fizesse, nós iríamos cobrir. Já determinei ao secretário de Obras que faça os procedimentos, com a divisão em três trechos para licitarmos e contratarmos as empresas”, informou André. A intenção é agilizar o processo para iniciar as obras no primeiro trecho nos próximos meses. Como não haverá tempo hábil para concluir a pavimentação do trecho total - cerca de 43 quilômetros entre Paranaíba e a localidade da Ponte do Guilhermão, na divisa com Goiás -, o atual governo vai garantir recursos para serem utilizados pela próxima administração na conclusão da obra. “A Lei de Responsabilidade Fiscal determina que, se iniciada a execução, tendo contrato assinado, é preciso ter os recursos assegurados para terminar. E vamos deixar esses recursos providos, em conta específica, para o próximo governo. Queremos ver essa obra terminada”, afirmou André Puccinelli. O projeto executivo do empreendimento já está pronto. O custo do investimento deve

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ser de um valor em torno de R$ 40 milhões, conforme André. “É um compromisso que o governador, faltando seis meses para o fim de sua gestão, resgata com Paranaíba”, festou o prefeito Diogo Tita. Indústria e conhecimento Além dessa obra estrutural, Paranaíba comemora neste aniversário a parceria com o Estado que garantirá a instalação de unidade de uma das maiores indústrias de alumínio reciclado do Brasil, a Latasa. Um repasse de R$ 450 mil foi recentemente garantido pelo Governo, por meio da Secretaria de Produção (Seprotur) para aquisição da área para a unidade fabril. Em outra ação, a parceria do Estado com a Prefeitura possibilitará a criação de novos cursos universitários, expandindo a oferta da formação pela UEMS. “Vamos sempre dar esse acompanhamento a quem faz o progresso nessa terra, para que possa produzir e gerar riquezas”, afirmou Puccinelli. Durante discurso na Expopar, André Puccinelli ainda lembrou que o projeto de auxílio do Governo ao recapeamento de vias urbanas, que na gestão anterior da prefeitura destinou alguns milhões para Paranaíba, vai novamente contemplar o município na próxima etapa. Em torno de R$ 1,5 milhão será investido nesse benefício aos paranaibenses.


Fábio Trad cobra pagamento de indenização aos servidores da fronteira

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deputado federal Fábio Trad (PMDB-MS) criticou hoje o Governo Federal por não ter implantado ainda a indenização para servidores em regiões estratégicas, especialmente de fronteira, que trabalham na prevenção e no combate a crimes transfronteiriços, como tráfico de drogas e de armas. “Hoje completam 300 dias desde a Lei 12.855 sem que o Governo Federal implemente a indenização de fronteira”, reclamou nesta quarta-feira (2) o parlamentar sul-mato-grossense, referindo-se à falta de regulamentação para que o benefício passe efetivamente a ser pago aos policiais federais e rodoviários federais, além de agentes fiscais de dois ministérios. A falta de implementação, segundo Fábio Trad, chega a ser in-

justificável, já que o projeto foi proposto pelo próprio Poder Executivo em 2012 e sancionado em 2 de setembro de 2013. Com essa lei, foi “instituída indenização a ser concedida ao servidor público federal regido pela Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, em exercício de atividade nas delegacias e postos do Departamento de Polícia Federal e do Departamento de Polícia Rodoviária Federal e em unidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Trabalho e Emprego situadas em localidades estratégicas, vinculadas à prevenção, controle, fiscalização e repressão dos delitos transfronteiriços”. Há, porém, necessidade de regulamentação visto que a indeni-

zação de que trata a lei será concedida ao servidor ocupante de cargo efetivo em “localidades estratégicas” a serem “definidas em ato do Poder Executivo, por Município”, considerada a localização em região de fronteira e dificuldade de fixação de efetivo. Pela lei, a indenização será devida por dia de efetivo trabalho nas delegacias e postos do Departamento de Polícia Federal e do Departamento de Polícia Rodoviária Federal e em unidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Trabalho e Emprego situadas em localidades estratégicas, no valor de R$ 91,00. O pagamento da indenização somente é devido enquanto durar o exercício ou a atividade do servidor na localidade.

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Sustentabilidade

Bons exemplos na gestão dos resíduos surgem no País

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ais do que pôr fim aos lixões, a Política Nacional de Resíduos Sólidos preconiza o estabelecimento de todo um sistema de gestão integrado, de modo que seja reaproveitado o máximo possível dos resíduos e somente um mínimo, o chamado rejeito, realmente seja destinado aos aterros sanitários. A esse nível mais complexo ainda não é possível dizer que alguma cidade do Brasil já tenha chegado, mas algumas estão no caminho, na avaliação de especialistas em resíduos. É o caso de São Bernardo do Campo, que no ano passado recebeu o prêmio Eco Cidade, concedido pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Públicas e Resíduos Especiais (Abrelpe), por adotar um sistema de gestão integrado. São Bernardo assinou em meados de 2012 parceria público-privada que tem como objetivo aumentar a coleta seletiva e a reciclagem, recuperar a área degradada pelo antigo lixão do Alvarenga (fechado em 2000) e implementar um sistema de destinação dos resíduos com recuperação energética - ou seja, a incineração de resíduos úmidos com geração de energia. De acordo com Tarcisio Secoli, secretário de Serviços Urbanos, desde que a PPP entrou em vigor a coleta seletiva passou de 0,81% para 1,9%. O objetivo é que suba para 10% até 2016. O restante deve passar por uma nova triagem ao chegar à usina de incineração (que ainda aguarda licença ambiental para começar a ser construída). A expectativa é que, no mínimo, mais 8% sejam retirados ali para reciclagem e compostagem. “A lógica é a da cidade limpa. Não vamos pagar pelo volume que for executado pela empresa, mas pelo resultado. Isso vai incentivar a própria empresa a investir na reciclagem e na educação. Se menos lixo sobrar para ser enviado para o aterro, menos ela vai gastar”, diz Secoli. Segundo ele, quando a usina estiver funcionando, será possível gerar energia para usar em todos os órgãos municipais (prédios públicos, escolas, hospitais) e em praças e avenidas. Outra cidade citada como bom exemplo é Itu, no interior de São Paulo, que implementou, também por meio de uma PPP, a coleta com contêineres em toda a cidade. Em vez de a prefeitura fazer a coleta porta a porta, o morador leva seus resíduos separados entre úmidos e recicláveis para os contêineres. “Isso tem um efeito educativo muito bom, porque em vez de simplesmente deixar o lixo na porta e ele ‘sumir magicamente’, o morador se torna mais consciente sobre o que está produzindo e tende a diminuir sua quantidade de resíduos”, afirma Carlos Silva Filho, diretor da Abrelpe. De acordo com o prefeito Antonio Luiz Carvalho Gomes, 60% da área urbana já está coberta por 3.700 contêineres. “E 70% das residências já separam o reciclável, o que dá 10% dos resíduos”, diz. A meta é chegar a 20% até 2020. Por Giovana Girardi Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo

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Presidente da CnA diz que agronegócio brasileiro é sustentável

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presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, destacou nesta segunda-feira, que o Brasil já cumpriu 88% da meta de redução do desmatamento para 2020, estabelecida na Conferência do Clima de Copenhague em 2009, o que, segundo ela, comprova a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. Em palestra sobre Código Florestal: preservação e progresso, no Fórum de Sustentabilidade promovido pelo jornal Folha de S. Paulo, a senadora disse que o país está em situação confortável em termos ambientais, pois restam apenas 12% a cumprir do compromisso internacional, nos próximos seis anos.

“Preservamos 61% de todos os biomas de forma original. Mesmo sem saber, criamos a poupança verde, afirmou a presidente da CNA, referindo-se às exigências do novo Código Florestal, considerado o mais rigoroso do mundo. Enquanto, entre 1976 a 2013, a área plantada aumentou quase 43%, a produtividade avançou mais de 178%”, completou, ao lembrar que, no mesmo período, a produção agrícola cresceu 298,72%, sustentada pela tecnologia agropecuária. Para se ter uma ideia do esforço do agricultor brasileiro para produzir mais, usando menos terra, a senadora calculou que, mantidos os índices de produtividade das lavouras registrados em 1976, seria necessário cultivar uma área

de 148,6 milhões de hectares para produzir a atual safra de grãos e fibras. “Se estivéssemos produzindo da mesma maneira, precisaríamos de três vezes mais área plantada, afirmou. E o compromisso dos agricultores com a produção sustentável não para aí, uma vez que a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) estabeleceu papel de destaque para o Brasil na segurança alimentar mundial. O país precisará aumentar em 40% sua produtividade para ajudar a alimentar uma população de 9,1 bilhões de habitantes até 2050. Segundo a presidente da CNA, é possível produzir mais, preservando o meio ambiente e sem abrir novas áreas de produção. O segredo é repassar tecnologia ao pequeno produtor rural, das classes D e E, que respondem por apenas 7,6% da produção nacional, embora detenham 70% das áreas agrícolas. A senadora também enfatizou a importância do setor agropecuário para a economia nacional. Se não fosse o agronegócio, teríamos uma balança comercial com bastante dificuldade. Produzimos um quarto do PIB nacional”, afirmou. O agronegócio é responsável por 41% das exportações e por 37% dos empregos com carteira assinada no país. Fonte: Assessoria de Comunicação da CNA

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Máquinas & Equipamentos

Pti lança linha de protetores Flexguard A PTI (Power Transmission Industries do Brasil), tradicional empresa que atua no mercado brasileiro de acionamentos mecânicos e representa as marcas WDS, Transmotécnica e PTI Service, lançou a linha de protetores e elementos rotativos Flexguard.

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egundo o gerente geral de vendas da PTI, Sérgio Bonassa Manfrim, a linha Flexguard foi desenvolvida visando segurança total e economia. “O protetor possui corpo robusto que envolve todo o acoplamento e permite maior segurança entre a ligação da máquina motora e movida, reduzindo drasticamente os riscos de acidente de trabalho causados pela exposição a elementos rotativos”, explica o gerente, ressaltando que a linha atende as mais rigorosas normas de segurança tais como OSHA, ASME, ANSI e NR-12. Além disso, também permite versões especiais para o atendimento a outros requisitos de norma, mediante consulta. De acordo com Manfrim, o sistema de ajuste nos extensores e na base permite uma instalação mais rápida e fácil. “As soluções otimizadas como o sistema de dobradiças, por exemplo, facilitam a manutenção, pois permitem ao técnico de manutenção realizar inspeções e lubrificações do equipamento com maior facilidade e comodidade”, afirma. Todo o corpo do protetor respeita o limite de fendas com no máximo 6 mm de abertura, conforme norma ANSI Z535-4. O sistema de ventilação axial possibilita maior segurança, pois permite a contenção eventual de óleo, graxas e pequenas partículas que possam se desprender do equipamento em funcionamento. Por este motivo, permite a instalação de qualquer tipo de acoplamento, inclusive hidrodinâmicos (no modelo de protetor FG). Os protetores podem operar em temperaturas que variam de -40° até 150º. “Sua forma construtiva permite fácil adaptação de diversos acessórios que tornam o equipamento ainda mais seguro, como por exemplo, sensor de intertravamento, que impede que a máquina

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entre em funcionamento em uma eventual manutenção ou abertura indesejada”, acrescenta Manfrim. A linha de produtos permite ainda a instalação de sensores de vibração, janelas de inspeção e a montagem com bases prolongadas (pedestais). A designação dos protetores Flexguard é feita da seguinte forma: FG (Flexguard – corpo em aço carbono e extensores em alumínio), disponível nos tamanhos 10 a 80 FGA (Flexguard –corpo e extensores em alumínio), disponível nos tamanhos 30, 40 e 50. Sobre a PTI A PTI, além de tradicional fabricante de redutores e acoplamentos, representa as marcas WDS, Transmotécnica e toda a estrutura de serviços e revitalizações de redutores da PTI Service, que realiza reformas com garantia de fábrica, serviço de atendimento 24 horas e uma equipe administrativa dedicada a técnicos especializados nos diversos estados brasileiros. Seus produtos contribuem em processos nos mais diversos setores produtivos como na indústria de mineração e siderurgia, nos transportes, no setor sucroalcooleiro, na geração de energia, entre outros. A PTI ocupa uma área construída de aproximadamente 30 mil m², e desde o recebimento da matéria prima até a montagem do produto, todos os processos são realizados internamente com equipamentos de última geração. A gestão da operação está totalmente baseada nas normas ISO 9001 e são anualmente auditadas e certificadas pelo Den Norske Veritas (DNV), o que permite um monitoramento constante dos índices de desempenho e melhoria de performance. www.pticorp.com.br



Estudo

País economiza R$ 430 mi por ano com uso do etanol em automóveis

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País teria um gasto adicional anual de R$ 430 milhões nas despesas com saúde pública se todos os carros rodassem apenas com gasolina. Caso os veículos circulassem com gasolina aditivada com 25% de etanol anidro, sem o etanol hidratado utilizado nos carros flex, esse adicional seria de R$ 280 milhões por ano. Já num terceiro cenário em que fosse mantido o mesmo nível de participação de etanol observado em 2009, de 31% da matriz nacional de combustíveis, o País, poderia ter uma economia adicional de R$ 68 milhões anuais nas despesas com saúde. A constatação é do estudo Cenários de mudança no perfil de consumo do etanol/gasolina e impacto epidemiológico estimado em saúde, de autoria do pesquisador Paulo Saldiva, médico e professor da faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), sobre os benefícios para a saúde pública que o uso do etanol usado como combustível de veículos urbanos pode promover nas maiores regiões metropolitanas do país. O estudo constata que, no

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primeiro cenário, no qual os veículos usassem apenas gasolina, o número de internações por problemas respiratórios e cardiovasculares nos principais centros urbanos do País aumentaria em 9.247 e o de mortes, 1.384. No segundo cenário, com os carros circulando somente com gasolina acrescida de 25% de etanol anidro, esses números cairiam para 6.553 internações e 856 mortes. Já no terceiro cenário, mantendo-se o nível de participação do etanol na matriz de combustível em 2009, haveria uma redução de 505 internações e de 226 mortes por ano.

Etanol sofre com dívidas e custos elevados

O setor sucroalcooleiro vive a pior crise de sua história. Nos últimos seis anos, 40 usinas fecharam as portas, enquanto o endividamento do segmento superou R$ 40 bilhões na safra passada, alta de 8% em relação ao período anterior. Há estimativas de que mais de 30% do faturamento do segmento estão ligados a dívidas financeiras. A alta de custos, com salários mais altos e investimento em mecanização, tem

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se combinado ao clima severo nos últimos três anos e à política de controle do preço da gasolina pelo governo federal, que reduziu a atratividade do etanol. Em 2008, as 11 usinas instaladas em Mato Grosso do Sul chegaram a moer 14 milhões de toneladas de cana de açúcar. Cinco anos depois, o número de usinas dobrou, chegando a 22, que movimentaram 41 milhões de toneladas. São ocupados 750 mil hectares de terras, sendo que há oito milhões em áreas disponíveis. “Hoje as usinas poderiam aumentar sua capacidade para 70 milhões de toneladas, sendo que poderiam fazer etanol, açúcar e gerar bioeletricidade, mas com a situação atual fica difícil investir”, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), Roberto Holanda Filho. Segundo ele, não há investimentos previstos em novas usinas ou na modernização das atuais que, com caldeiras mais eficientes, poderiam gerar um excedente de energia elétrica. “Outro problema é que o setor de biomassa compete com as eólicas nos leilões do governo federal, o que inibe”, avalia o executivo.


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Trabalho & Emprego

Codecon aprova 11 processos para ampliação e construção de empresas na Capital Por Aline Oliveira

Fotografia: Ernesto Franco

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Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico (Codecon) promoveu hoje (2), a 109ª reunião ordinária, na qual foram aprovados 11 de 16 cartas consultas de empresas que solicitam implantação e ampliação (doações de terrenos e incentivos fiscais) à Prefeitura de Campo Grande, apresentando contrapartida de investimentos na ordem de R$ 828 milhões e geração de renda prevista em 1.038 empregos diretos. Apenas uma proposta foi revogada, por não cumprir as exigências da administração pública, 10 canceladas e quatro foram retiradas da pauta de votação, visto que solicitaram isenção de ISSQN (Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza) sobre serviços prestados, o que não está previsto na concessão de incentivos. De acordo com o presidente do Codecon, Edil Albuquerque um dos critérios do conselho é de que só ocorrerá isenção do imposto sobre as obras de construção e taxas. “Deixamos claro que a isenção do ISSQN vale apenas para construção e taxas. Já no caso de incentivos sobre o IPTU (Imposto Territorial Urbano) é concedido, mediante apreciação, 30% de redução durante três anos para empresas que receberam doação de imóvel da administração pública. Já as que tiverem imóvel próprio podem conseguir até 50% de redução no mesmo período”, detalhou. Cabe destacar que a pauta realizada nesta quarta-feira segue o cronograma de revisão dos 110 processos que precisam ser reavaliados, votados e publicados no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande). “Devido à demora em direcionar as tratativas destas propostas, alguns empresários tinham desistido de investir na Capital e a equipe da Sedesc conseguiu retomar vários interessados. O conselho terá ainda que votar processos que já tinham sido aprovados, porém, como não foram publicados no Diogrande, ficaram invalidados. Esta exigência está prevista na lei do Prodes”, reforçou Edil. Quanto aos processos retirados da pauta, o presidente do conselho explicou que serão analisados junto ao prefeito Gilmar Olarte e os titulares da PGM, Seplanfic, Semre e Sedesc. “Os processos que serão discutidos se referem a empresas no ramo hos-

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pitalar e hoteleiro que solicitaram redução ou isenção do ISSQN sobre os serviços prestados. Esta situação terá que ser analisada com cuidado, visto que se aprovada pode impactar na arrecadação municipal, por isso nos reuniremos com o prefeito para consultar qual será a determinação que seguiremos”, concluiu. Apresentação CCR MS Via – Na oportunidade, o representante da CCR MS Vias, Maurício Soares Negrão fez uma apresentação sobre o alcance do grupo, que além de atuar na construção, manutenção e concessão de rodovias nacionais e internacionais, trabalha com transporte marítimo e metrôs. “A escolha de nossa empresa por Campo Grande foi baseada em análise econômico-financeira que demonstra o crescimento diferenciado que Mato Grosso do Sul obteve nos últimos cinco anos, se comparado a média nacional. O PIB daqui foi o dobro em relação a outros estados da região Centro-Oeste e acreditamos que existe potencial para um crescimento ainda maior”, analisou o empresário. Negrão destacou que a concessão da CCR MS Vias terá prazo de 30 anos e visa recuperar, melhorar e ampliar a capacidade da Rodovia BR 163, com 847,2 km de extensão. Deste total, 28,6 km serão duplicados e o restante receberá recapeamento. “A ordem de serviço para construção de praças de pedágio será assinada hoje e a previsão de operação está prevista para começar em outubro. Nós ganhamos a concorrência com base no quesito de menor tarifa, com valor de R$ 4,38 a cada 100 km e deságio de 52%”, relatou. Nos primeiros cinco anos, a CCR MS Vias pretende investir R$ 3,4 bilhões, alcançando R$ 5,5 bilhões até o final da concessão. Quanto a geração de empregos devem ser abertas 4000 vagas em todo estado, sendo 245 iniciais em Campo Grande, onde funcionará a sede administrativa da empresa, que será construída no Polo Empresarial das Moreninhas (região Sul).




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