Índice
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Caros leitores,
Entrevista | 05
Nesta edição da Revista Cargo News, abordamos um assunto de grande interesse para o setor de logística e também para a população: o mercado de fármacos. Muito se fala sobre este mercado, que aparentemente não enfrenta crises, afinal, na teoria, a saúde vem sempre em primeiro lugar. Mas nas próximas páginas, vamos esmiuçar o seu processo logístico, as inúmeras exigências da fiscalização, o controle da ANVISA e as dificuldades enfrentadas para que os remédios cheguem até o consumidor final. Atualmente, as “doenças do século” são temas muito discutidos e preocupantes em nosso país, e ainda assim, o número de medicamentos desperdiçados no Brasil é alarmante. Aqui, você pode acompanhar também, as novidades das principais empresas de comércio exterior, e ficar por dentro do lançamento da 15ª edição da Expo Scala, que este ano está de casa nova. Temos ainda, o novo portal Cargo News, que já está no ar, trazendo notícias diárias e entrevistas completas. Não deixe de acessar e nos enviar a sua opinião. Ótima leitura! Redação Cargo News
O mercado de fármacos e a busca por agilidade O papel da ANVISA no setor de fármacos
Milhagem | 12 Intralogística | 14 Evento | 22
Expo Scala anuncia nova casa
Opinião | 30
BRICS - O surgimento de um novo sistema econômico?
Legislação| 36
A polêmica Lei dos Motoristas
24 Artigo do Setor 38 Colunistas Ano XIV Edição 145 2014 Fale conosco: 19 3743.6609 | redacao@cargonews.com.br
Presidente do Conselho Editorial: Luiz Guimarães Conselho Editorial: Mariana Zaidan Guimarães | Carlos Varanda | André Feitosa | Patrícia Ferreira | Amanda Pimentel | Renata Araújo | João Batista | Diego Donato
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Adendo: Na edição 145, trouxemos como matéria pricipal o Agronegócio. Os dados referentes a exportação de laranja devem ser considerados com referência ao suco de laranja, uma vez que a exportação da fruta é quase inexistente. A Cargo News é uma publicação da Editora GR1000. Todos os textos assinados refletem a opinião de seus autores, sendo de inteira responsabilidade dos mesmos. Para solicitações, críticas e sugestões, entre em contato com a redação: redacao@ cargonews.com.br.
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Entrevista
O controle da ANVISA na Logística de Fármacos Agência aposta no Projeto Portal Único-COMEX para simplificar e agilizar seu trabalho de fiscalização
Q
Quando pensamos em cadeia logística para o mercado fármaco, logo nos lembramos da rígida e necessária fiscalização para que as cargas deste setor cheguem até suas indústrias e as prateleiras das farmácias brasileiras. Agilidade e desburocratização são fundamentais para atender parte da população que depende da eficiência desta cadeia. Para conhecer um pouco mais sobre o funcionamento e novidades que prometem acelerar os processos de fiscalização e intensificar ainda mais as ações no mercado fármaco, conversamos com a equipe da Superintendência de Portos, Aeroportos, Fronteiras e Recintos Alfandegados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA.
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Qual o papel da ANVISA com relação ao setor fármaco nos aeroportos e portos? A ANVISA tem como responsabilidade garantir o controle sanitário de portos, aeroportos e fronteiras, bem como dos produtos submetidos à vigilância sanitária, dentre eles, os fármacos. A Agência fiscaliza o cumprimento de normas sanitárias, além de controlar a importação, exportação e circulação de matérias primas e produtos acabados sujeitos à vigilância sanitária, cumprindo, assim, a legislação brasileira, o Regulamento Sanitário Internacional e outros atos subscritos pelo Brasil. Quais são as principais atenções e regulamentações pelas quais os commodities deste mercado precisam passar para entrar, sair e ter autorização de uso na fabricação de medicamentos no Brasil? O Regulamento Técnico para Importação de produtos sob vigilância sanitária é a RDC n° 81/2008. Para exportação de produtos, somente os medicamentos controlados precisam de anuência na exportação. Autorização de uso é dada no Registro de Medicamentos, uma vez que o registro é a autorização para comercialização. Quais são os maiores postos da ANVISA no Brasil que atuam principalmente com fármacos? Posto Aeroportuário de Guarulhos (SP), Posto Aeroportuário de Viracopos (SP), Posto Portuário de Santos (SP), Posto Portuário do Rio de Janeiro (RJ) e Posto Aeroportuário do Galeão (RJ). Tivemos a informação, por uma fonte, que o posto da ANVISA em Congonhas, responsável pelos portos secos do estado de São Paulo, deverá
ser fechado, transferindo suas funções para o posto de Guarulhos, que deverá passar por ampliação. Essa informação confirma? Com isso, um maior efetivo será deslocado para Guarulhos? A ANVISA tem passado por um grande processo de reestruturação na busca por mais eficiência e organização do serviço público. Neste sentido, estamos estudando essa possibilidade considerando a grande demanda de ações de vigilância sanitária no Aeroporto de Guarulhos pelo elevado fluxo internacional de cargas e pessoas e o fato do Aeroporto de Congonhas não dispor de fluxo internacional. Desta maneira pretende otimizar a força de trabalho. Entretanto, ressaltamos que este processo ainda está em discussão interna não existindo nenhuma posição concreta sobre o assunto. Com essa mudança, quais melhorias poderão ser percebidas pelos seus usuários? Pretende-se com esta alteração, maior agilidade na liberação dos produtos, dos processos que cumprem todos os requisitos previstos na RDC 81/2008. A indústria de fármacos atua 24 horas diárias. Como o órgão anuente atua para que toda a demanda seja escoada, uma vez que seu trabalho é em horário comercial? Existe alguma estratégia, ou tecnologia que ajude a agilizar? Apesar da indústria de fármacos atuar 24 horas/ diárias, as empresas responsáveis pela importação de produtos não atua 24 horas. Isso pode ser comprovado pelo fato de que mesmo nos locais onde a ANVISA funciona 24 horas, a demanda não tem aumentado após o horário comercial.
“A ANVISA tem trabalhado na simplificação de processos, visando a desburocratização e facilitação para o setor regulado” www.cargonews.com.br
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Entrevista
Partindo do princípio que a saúde da população depende de medicamentos produzidos pela Indústria Farmacêutica, e que, para que esta necessidade seja atendida, os insumos devem chegar aos laboratórios com grande rapidez. Diante desta realidade, quais são as maiores dificuldades encontradas hoje pela Anvisa neste âmbito?
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A ANVISA tem trabalhado na simplificação de processos, visando a desburocratização e facilitação para o setor regulado. Entretanto, atualmente sua maior dificuldade está relacionada a necessidade de recursos humanos devido ao grande número de aposentadorias, e elevado crescimento da demanda de importação de produtos na área de Portos, Aeroportos e Fronteiras. Ademais a existência de um sistema operacional integrado com todos os órgãos anuentes permitiria aos importadores eliminar etapas no atendimento de requisitos documentais e favoreceria a eliminação de erros.
Como são vistas às ações dos sindicatos? Na condição de representantes legais dos importadores que estão próximos aos trâmites necessários ao desembaraço das cargas de produtos, as ações de parceria dos Sindicatos com a fiscalização da Agência, nos portos e aeroportos, empreendidas pelos Despachantes Aduaneiros, ainda que não formalizadas, são salutares para agilização dos processos de trabalho dos nossos profissionais. Existe alguma sugestão de melhorias ou mudanças para (Aeroportos, portos, prestadores de serviços, sindicatos, etc) que tornem os processos logístico e burocrático do setor farmacêutico mais rápidos e práticos? A grande quantidade de importadores e produtos a serem importados e a serem controlados no aspecto da segurança sanitária à entrada no país, demanda por sistemas operacionais que favoreçam a simplificação do processo administrativo necessário à liberação das cargas. Atualmente, a Agência não dispõe desses recursos, que dependem de iniciativas maiores, no âmbito do Governo Federal, para que sejam viabilizadas. A aceleração do Projeto Portal Único-COMEX, em andamento e coordenado pelo MDIC, ao qual a ANVISA se integra na condição de órgão interveniente e, que até o presente ainda se encontra em desenvolvimento apenas o módulo de exportação, irá simplificar este processo. A plataforma prevê, dentre os seus módulos, dois que são imprescindíveis à agilização do trabalho de fiscalização da Agência: - Um banco de dados de órgãos intervenientes, aos quais se inclui os despachantes e importadores; - A possibilidade de anexação eletrônica de documentos do importador ou exportador, de apresentação aos órgãos anuentes, comuns a todos eles, podendo ser anexados de uma única vez.
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Ranking - VCP
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Ranking - GRU
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Estatística Porto de Santos
Porto de Santos mantém crescimento
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MOVIMENTO ACUMULADO Foi a segunda melhor movimentação também no acumulado do septuamestre, 62.975.872 t, 1,98% abaixo de igual período de 2013 (64.246.773 t). As importações, que entre janeiro e julho somaram 19.174.768 t, aumentaram de 0,31% no cotejo com o período correspondente de 2013 (19.114.736 t). Já as exportações diminuíram 2,95%, de 45.132.037 t até julho de 2013 contra 43.801.104 t em 2014. Entre as cargas que foram escoadas pelo porto santista nos sete primeiros meses do ano, as que apresentaram maior movimentação foram: a soja em grãos (12.147.980 t), o açúcar (8.297.603 t), a soja peletizada (2.405.167 t), adubos e fertilizantes (1.638.113 t), o milho (1.399.745 t), óleo combustível (1.256.941 t) e o óleo diesel e gasóleo (1.240.127t). Até o último mês de julho, foram 2.984 atracações, 2,07% abaixo dos sete meses correspondentes de 2013 (3.047).
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Fonte: Assessoria de Comunicação Social do Porto de Santos/CODESP
7.229.273 t em 2013, para 7.083.300 t em julho de 2014. Nas importações a queda foi maior e alcançou 7,47%, ficando em 2.998.124 perante a 3.240.279 no sétimo mês de 2013.
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MOVIMENTO MENSAL Junho - O movimento do mês de junho deste ano foi 5,37% maior que do mesmo mês do ano passado. O Porto alcançou a marca movimentada de 9.825.879 t. As importações reduziram 0,65% em relação a junho de 2013 e ficou em 2.894.416 t, já as exportações aumentaram 8,08% e chegaram a 6.950.345 t comparado ao sexto mês de 2013. No total entre janeiro e junho de 2014 foi a segunda melhor marca para o período, com 52.894.448 t, ou seja, 1,64% abaixo do período correspondente de 2013 (53.777.221 t). Enquanto as importações cresceram 1,9%, de 15.874.457 t no primeiro semestre de 2013 para 16.176.644 t em 2014, as exportações caíram 3,13%, de 37.902.764 t em 2013 para 36.717.804 t em 2014. Julho – O mês de julho de 2014 apresentou queda, tanto nas importações, quanto nas exportações, se comparado ao mesmo período de 2013. No sétimo mês deste ano, foram movimentados um total de 10.081.424 t, representando 3,71% a menos que no mesmo período do ano passado que chegou a 10.469.552 t atingindo a segunda melhor marca para o período. As exportações caíram 2,02% e passou de
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GRU Airport triplica câmaras-frias O Terminal de Cargas do GRU Airport – Aeroporto Internacional de São Paulo, investiu na ampliação das câmaras-frias de exportação e importação, destinadas a produtos que exijam armazenamento especial. Com as novas câmaras-frias, a capacidade de armazenamento foi triplicada e passou de 7,7 mil m³ para 26 mil m³. A nova unidade para importação de produtos perecíveis começou a ser utilizada em agosto. A unidade para exportação foi implementada em março. A câmara de importação tem volume de 17 mil m³ e capacidade de 1.808 posições, com controle de temperatura entre 16ºC e 22ºC. A câmara-fria de exportação tem um volume de 1,7 mil m³ e capacidade para 220 posições. Além disso, a administração do GRU
Aeroportos
Airport Cargo investiu na revitalização das 16 câmaras que já operavam com a capacidade de 7,7 mil m³. “O Terminal de Cargas do GRU Airport provê ao mercado cada vez melhor infraestrutura para armazenagem de cargas em ambientes refrigerados, principalmente do segmento farmacêutico”, destacou o diretor do GRU Airport Cargo, Marcus Santarém. Dentre os principais produtos armazenados nas câmaras-frias, estão frutas e medicamentos na área de exportação, e medicamentos, pescados, hortifrúti, na de importação. Movimentação de carga: em 2013, o GRU Airport Cargo movimentou 343.784 toneladas de cargas em seus armazéns de importação e exportação, volume 3,6% superior ao operado no ano anterior.
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IntralogĂstica
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Fármacos: agilidade é a saída Alimentação, saúde e educação são algumas das categorias que podemos classificar como indispensáveis e de primeira importância para que a grande roda da sociedade seja movimentada. Afinal, trata-se de necessidade básica e inicial para que as outras atividades continuem. A saúde é um dos temas mais discutidos de uns tempos para cá. 16 | RCN
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Avanços no mercado, nos estudos e pesquisas, novas descobertas, ampliação na tecnologia e em toda sua cadeia logística, unidos à eterna busca pela jovialidade, pela vida saudável, pelo tratamento e pela cura de enfermidades, faz com que este mercado seja extremamente importante. E para que todos os anteriores possam ser alcançados, o comércio internacional de insumos e toda a cadeia que o cerca, precisam atender as indústrias no tempo exato e até mesmo crucial. Segundo Jair Calixto, gerente de Boas Práticas e Auditorias Farmacêuticas do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), o mercado de medicamentos tem se expandido no Brasil nos últimos dez anos, em função do aumento de renda da população, estabilidade nos empregos e incorporação de consumidores das classes C e D, e acredita que se houver a continuidade deste progresso, a tendência do mercado de fármacos é a de continuar a crescer. Mas, ele faz um adendo com relação às dificuldades: “Entretanto, a indústria farmacêutica vem enfrentando nos últimos três anos uma crescente pressão sobre a rentabilidade das empresas, por causa de fatores como a variação cambial (o dólar saltou de R$ 1,80 para R$ 2,30); reajustes salariais muito superiores à inflação; elevação dos preços das matérias-primas importadas e de insumos (como embalagens e a tarifa de energia elétrica). Essa situação é preocupante, pois sem rentabilidade não há investimentos e isso pode comprometer o desempenho de curto prazo e o desenvolvimento futuro do setor, outra questão que prejudica o mercado farmacêutico é a elevada carga tributária que incide sobre os medicamentos. Por isso, o Sindusfarma reivindica há anos a revisão desta política por parte do governo”. Está estimado que cerca de 1 bilhão de medicamentos são desperdiçados no Brasil e as causas para
este desperdício ficam acerca do controle ineficaz de temperatura, armazenamento inadequado e distribuição realizada de forma errada. Este foi um dado levantado pela Sensorweb, uma empresa que atua no ramo de equipamentos para cadeia fria. O Sistema Único de Saúde - SUS, investe 9 milhões de reais, por ano, com a distribuição de medicamentos. Dentre as aquisições da população, somente 20% dos medicamentos são fornecidos pelo SUS, enquanto 70% dos medicamentos para tratamentos, corriqueiros ou longos, são comprados de forma particular, segundo o Ministério da Saúde. Ainda segundo a Sensorweb, em 2013, foi realizada uma pesquisa em 30 hospitais nacionais, privados, de médio e grande portes, e o resultado constatou que 6,7% deles já sofreram perdas significativas devido a desvios de temperatura. Mas além disso, outros problemas são apontados por indústrias e sindicatos quando o assunto é fármaco, um deles é a questão da demora na liberação de mercadorias pelos órgãos anuentes. Afinal, este setor é cíclico e com altas demandas de produção.
“Está estimado que cerca de 1 bilhão de medicamentos são desperdiçados no Brasil e as causas para este desperdício ficam acerca do controle ineficaz de temperatura, armazenamento inadequado e distribuição realizada de forma errada” www.cargonews.com.br
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Capa
Fabiana Sanchez,
diretora de desenvolvimento de negócios do setor farmacêutico na DHL Supply Chain
Uma vez que a indústria aguarda pelos insumos para produção de medicamentos e, distribuição ao consumidor final, e havendo a questão apontada pelas indústrias e sindicatos, existem possíveis saídas para que o consumidor final não fique sem o medicamento, que por muitas vezes é controlado ou vital? Grandes armazenagens ou aumento de tecnologia dos processos da cadeia, poderiam ser algumas das soluções? O fato levantado é que ainda há muito a ser feito e ajustado para que o engajamento entre chegada de commodities, a fiscalização e liberação, o caminho até às indústrias, produção do medicamento e entrega ao consumidor final sejam totalmente alinhadas, sem riscos, com qualidade e agilidade. Algumas empresas, como a DHL, acreditam que a logística no setor farmacêutico é bastante complexa, mas buscam dentro de suas atividades a agilização da mesma. “Os clientes da DHL Supply Chain trabalham diretamente com distribuidores, que necessitam de uma agenda fixa de entrega. O segmento também conta com muitas barreiras fiscais. Atuamos com expertise para entregar os produtos no tempo e com a qualidade que o cliente precisa para cumprir as legislações impostas pela ANVISA”, conta Fabiana Sanchez, diretora de desenvolvimento de negócios do setor farmacêutico na DHL Supply Chain. “O setor fármaco é, sem dúvida, um dos importantes setores de desenvolvimento do nosso cotidiano, pela razão principal e fundamental de salvar vidas ou melhorar a qualidade delas. No cenário do comércio exterior, boa parte dos insumos é importada (para uso em laboratórios, por exemplo), o 18 | RCN
que faz com que tenhamos grande movimentação em nossa atividade de despacho aduaneiro”, afirma Elson Isayama, diretor regional do Sindicado de Despachantes Aduaneiros - SINDASP. Segundo Jair Calixto, o faturamento da indústria farmacêutica, em 2013, no país foi de R$ 58 bilhões. “E a projeção para este ano é de um crescimento de 10% a 12%”. Visando melhorias, agilidade e avanços no atendimento dos insumos deste setor, o Aeroporto Internacional de Viracopos, que movimentou cerca de 5.650 toneladas de carga refrigerada de janeiro a junho de 2014, está investindo ainda mais para evitar que insumos que chegam por importação corram riscos de deterioração. Recentemente inauguraram um novo complexo frigorífico e reestruturaram todo o processo de recebimento e armazenamento de cargas perecíveis do Aeroporto. “O objetivo é, justamente, minimizar o tempo de exposição dessas cargas em temperatura ambiente. Entre as ações estão: uma entrada exclusivamente para o rápido recebimento, atracação e armazenamento dos materiais perecíveis, diminuindo o tempo que estão expostos às temperaturas externas. Além disso, estamos trabalhando em um projeto piloto que prevê o alinhamento das informações entre empresas aéreas, agentes de cargas e o aeroporto. A iniciativa visa dar maior agilidade ao processo, caso a carga perecível venha devidamente identificada, com encaminhamento de informações prévias”, explica Marcelo Mazzali, farmacêutico responsável pela cadeia fria do Aeroporto Internacional de Viracopos. Para melhorar a entrada de cargas, o Porto de Santos, como já dito na edição passada da revista CN, tem realizado obras e licitações. E estas melhorias estruturais também auxiliaram na entrada de insumos fármacos via porto. Segundo a assessoria de imprensa do Porto de Santos, a infraestrutura geral do porto tem recebido obras de dragagem (a Codesp está licitando dragagem de manutenção até que inicie plano nacional de dragagem, da Secretaria de Portos) e de melhorias nos acessos, com a construção de trechos das Avenidas Perimetrais, alinhamento do Cais de Outeirinhos, instalação de VTMIS (Vessel Trafic Management Information System), em licitação, além de investimentos privados. www.cargonews.com.br
Já a DHL acredita que as oportunidades da indústria e os riscos, combinados com os fatores locais únicos, estão empurrando a evolução dos modelos de Supply Chain. “Muitos fabricantes estão avaliando o uso compartilhado versus armazenamento se dedicado a modelos de transporte, para maximizar a flexibilidade, escala, eficiência de custos e sinergia de distribuição. Temos investido fortemente em crescimento e expansão do segmento farmacêutico para nos mantermos na vanguarda e preparados para os novos desafios de crescimento e regulamentação. Acreditamos que toda a cadeia logística precisa se adequar às exigências e peculiaridades do setor para otimizar a operação”, conta Fabiana. Mas não é só de avanços e investimentos que vive este mercado, como mencionado anteriormente, alguns pontos ainda precisam ser melhor estudados e solucionados. Segundo Elson, o maior
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problema hoje encontrado neste setor, no ponto de vista do desembaraço aduaneiro, são duas áreas que tem grande impacto no tempo de liberação. “A ANVISA, que pode levar até 10 dias para avaliar uma licença de importação e a Receita Federal, quando a parametrização for diferente de canal verde. Esse processo pode levar até 10 dias também conforme o caso”, conta. Já na visão do Sindicato das Indústrias o maior problema é o atraso na liberação. “O tempo de liberação das cargas é o maior gargalo e o que tem causado maior impacto no setor, pois a demora ou atrasos podem levar a perda de cargas sensíveis e desabastecimento. Portanto, é necessário que haja entendimento uniforme de todos os setores sobre as necessidades relativas aos produtos farmacêuticos, principalmente, aqueles sensíveis à temperatura”, explica Jair Calixto, da Sindusfarma. Além disso, Elson destaca que as ações dos órgãos anuentes são morosas.
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“Até porque, em alguns casos, um órgão depende do outro e quando isso acontece, há conflitos e a melhor e mais eficiente solução, não necessariamente é a que prevalece”, pontua. Pensando na entrega rápida de produtos para o mercado, Viracopos conta com uma estrutura voltada para os órgãos anuentes: “foi construída uma antecâmara em área anexa às câmaras frigoríficas, compreendendo um range de temperatura entre 16 – 22 °C. Essa instalação facilita a atuação dos órgãos anuentes nas vistorias de cargas perecíveis, especialmente a ANVISA, que poderá executar as atividades de fiscalização com mais segurança e agilidade. Também podemos destacar a construção de novas salas administrativas para atuação da fiscalização no Trânsito Aduaneiro e liberação de cargas nacionalizadas no aeroporto, dando mais conforto a equipe de fiscais nas atividades de rotina”, conta o farmacêutico responsável do Aeroporto de Viracopos. Viracopos também investiu no redesenho do processo de recebimento de cargas, com o intuito de otimizar o fluxo, gerando maior agilidade e confiabilidade nos processos de recebimento e armazenamento da carga. Além de atuar na ampliação da infraestrutura, como, por exemplo, a extensão da cobertura do Teca de Importação, que agrega área útil para a movimentação de cargas. Para agilizar os processos pré e pós liberação, a DHL Supply Chain trabalha no sentido de sempre focar na busca de processos robustos e rastreamento de produtos, como continua Fabiana, “uma vez que
Jair Calixto, gerente de Boas Práticas e Auditorias Farmacêuticas do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo, 20 | RCN
essa é a exigência atual do mercado e sempre trabalhando dentro das boas práticas de armazenagem e distribuição propriamente dita. Além disso, uma das principais tendências é a de que as empresas do setor estão, atualmente, trabalhando com regras para entrega. Precisa-se respeitar a localização onde são distribuídos os medicamentos e recebem só com agendamento”. Recentemente a DHL Supply Chain recebeu, pela nona vez consecutiva o prêmio Sindusfarma, “o que afirma que atendemos a todas as normas e requisitos do mercado farmacêutico. Nós nos consideramos uma extensão da indústria, que busca atender aos padrões de qualidade esperados”. Atuando com mais de 20 anos para o mercado farmacêutico, há 5 anos criaram um centro de distribuição específico para o mesmo, com o intuito de atender as especificidades para o setor Medical Services. “O Sindusfarma realiza um trabalho importante de análise regulatória, dando suporte na definição dos modelos operacionais e atualização quanto às tendências regulatórias nacionais e internacionais”, finaliza Fabiana Sanchez. Mas, para solucionar tais problemas dentro do setor, algumas sugestões são vistas pelos empresários do ramo, como Elson Isayama que acredita que o primeiro passo, deve ser a modernização dos processos. “Sem dúvida, é um grande avanço em toda a cadeia do processo logístico. Porém, ainda temos muita dependência dos fiscais dos órgãos anuentes, como a Receita Federal, que mesmo com algumas medidas como o aeroporto 24 horas (que na realidade só funciona no papel, já que não é possível entrarmos com um processo e liberarmos no mesmo dia. À noite, por exemplo, protocolo e outras atividades não funcionam), dependem de uma quantidade de mão de obra maior. Também devemos reconhecer que é clara a defasagem de profissionais nessas atividades. No entanto, não tenho dúvidas de que os sindicatos vêm, ao longo do tempo, intensificando os seus pleitos diretamente a cada órgão. Fizemos há alguns meses atrás uma reunião com outros sindicatos e entidades, na tentativa de buscar algumas soluções neste sentido. Registro que é muito importante, que os governantes entendam a necessidade de saírem do discurso, ou seja, a ‘imwww.cargonews.com.br
portância do tratamento da população’, e efetivem políticas que melhorem essa realidade. Entendemos, ainda, que o processo de informatização deve continuar e esperamos que algumas definições sejam colocadas rapidamente em prática, como a contratação e reforço de pessoal. Não podemos viver de força tarefa! Precisamos de um processo rápido e uniforme, entre todos os portos e aeroportos, seja com relação a processo, seja com relação a tempo e claro, que o dimensionamento correto de pessoal seja feito pelo órgão”, finaliza Elson. O Sindusfarma vê algumas ações que podem melhorar estas questões, são algumas delas: melhoria nos trâmites burocráticos entre o órgão regulador e operações aeroportuárias; melhoria na gestão; investimentos em equipamentos e áreas de armazenagem preparadas para receber medicamentos, que muitas vezes são sensíveis à temperatura. “Muitos produtos dependem da rapidez da
liberação para que o produto não sofra problemas de qualidade relativos ao ambiente. Para isso é necessário dar tratamento diferenciado aos medicamentos. Adicionalmente, a entrada dos produtos biológicos/ biotecnológicos tende a crescer muito nos próximos anos, demandando cuidados cada vez maiores no manuseio destes produtos sensíveis à temperatura”, conta Calixto. E para finalizar, ele ainda fala das ações dos órgãos anuentes e a importância de suas atividades, “os órgãos anuentes têm procurado aprimorar os procedimentos relativos à liberação de cargas sensíveis. Porém, é preciso um contínuo trabalho de melhoria entre eles, para que as ações sejam mais e mais efetivas. A remodelação de alguns aeroportos já é um grande passo em direção à melhoria”. Acesse o Portal Cargo News e confira na integra a entrevista completa do Sindusfarma.
Evento
EXPO SCALA apresenta sua nova casa! Empresários do setor mostraram-se confiantes com as novidades
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Na manhã do dia 1º de Agosto, com um café da manhã preparado especialmente para receber a imprensa e as principais empresas da área de logística, transporte de cargas e comércio exterior, foram apresentadas as novidades da Expo Scala e do novo Portal Cargo News.
Luiz Guimarães, presidente da comissão organizadora da Expo SCALA
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O evento aconteceu no centro de convenções Expo Dom Pedro, mesmo local que, em novembro, vai receber a Expo Scala, maior feira de negócios do comércio exterior e da logística no interior paulista. Em seu aniversário de 15 anos, inova tendo em seu favor um novo espaço, um novo auditório para o ciclo de palestras que acontecem paralelas a feira, estacionamento a preço único, local de fácil acesso situado a 100 km da cidade de São Paulo e próximo às principais rodovias da região, além das facilidades de estar presente em dos maiores shoppings da América Latina, uma vez que o espaço está anexo ao Parque D. Pedro Shopping. Segundo o presidente da comissão organizadora do evento, Luiz Guimarães, a feira cresceu e um novo espaço era necessário para atender a demanda dos expositores. “Temos certeza que será uma grande oportunidade para que outras empresas que participam deste mercado possam estar conosco neste e nos próximos anos”, afirma. Já para Elizabeth Pinto, gerente nacional de vendas da DHL Global Forwarding, empresa que participa da feira desde a primeira edição, “a Expo Scala foi inovadora, quando há 15 anos, contribuiu com a profissionalização do mercado, trazendo para a região uma exposição do setor de comércio exterior e nos deu a oportunidade de expor nossa marca, divulgar melhor o nosso trabalho e ficar mais perto dos clientes finais. Acredito que este ano será um divisor de águas para a feira, pois o novo espaço traz também fôlego novo e mais chances de crescimento e vendas para os expositores”, concluiu. www.cargonews.com.br
Na ocasião, também foi apresentado o Portal Cargo News que passou por atualização e ganhou nova diagramação, valorizando mais as imagens e facilitando a leitura das matérias. O portal deixou de ser apenas o site da Revista Cargo News e passou a ter vida própria, tornando-se mais interativo, dinâmico e com visual repaginado. Com isso, as empresas também poderão ser beneficiadas, já que o novo veículo aumentou as possibilidades de anúncios e parcerias e deixou os espaços publicitários mais atrativos. O diretor comercial da EGA Solutions, Leonardo Russi, declarou sua satisfação: “O portal ficou muito agradável, vou me tornar um leitor freqüente e também seguir a Cargo News em minhas redes sociais. Quanto à Expo SCALA, é fundamental que nossa empresa participe e consiga em uma só feira estreitar o relacionamento com expositores, parceiros e clientes”. Carlos Alcântara, assessor de relações institucionais da presidência da Aeroportos Brasil Viracopos, parabenizou à equipe pela inovação, sucesso e organização, “essas são bases fundamentais para que www.cargonews.com.br
esses projetos não tenham ficado no meio do caminho”, completou. O Evento A Expo SCALA consiste em uma feira de negócios e relacionamento para empresas que atuam na área de logística, transporte e comércio exterior, além de um ciclo de palestras e debates que abordam importantes temas para soluções no setor. O público frequentador, em sua maioria, é formado por executivos e profissionais de empresas importadoras, exportadoras, mídia especializada e prestadores de serviços ligados às atividades de cargas. No segundo dia do evento, ocorrerá a entrega da 2ª edição do Prêmio Viracopos Excelência Logística, realizado pela Aeroportos Brasil Viracopos com o apoio do CIESP Campinas, que elege as empresas do segmento com melhor desempenho durante o ano. As palestras e a feira serão gratuitas para os executivos do setor. A partir de setembro, as inscrições poderão ser realizada pelo site www.exposcala.com.br RCN | 23
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Informe
JAS do BRASIL aposta em readequação estratégica para atender novos segmentos e regiões no mercado Brasileiro, intensificando o relacionamento comercial com Clientes Prestes a completar 25 anos no Brasil, a JAS tem sua matriz em São Paulo e hoje conta com 10 escritórios próprios e 7 agentes exclusivos, marcando presença nos principais portos e aeroportos do país, atuando como facilitador nos processos de importação e exportação, com a eficiência garantida pelo grupo JAS WW, com sede em Atlanta/GA, presente em 82 países com mais de 240 escritórios próprios e 3600 funcionários no mundo. A empresa está em processo para um possível IPO, o qual deverá acontecer na bolsa de New York nos próximos anos. Nos últimos anos, a JAS vem investindo e promovendo uma ampla reestruturação na formatação de seus produtos, integração de sistemas de gestão operacional e comercial, visando dispor ao mercado, serviços integrados e compatíveis com a demanda de diferentes setores que atua. Para Elder Apolinário, novo diretor-presidente da JAS no Brasil, o mercado atual exige constantes investimentos e, sobretudo, experiência profissional, fatores que farão a grande diferença neste momento de mercado. “Estamos ampliando a senioridade na Empresa e contratando profissionais com larga experiência, trazendo para a Empresa anos de bagagem e relacionamento com os setores que atuamos. Aumentamos também o número de profissionais dedicados ao desenvolvimento de mercados prioritários para a JAS como EUA, Itália e China, além de investimentos em nossas plataformas na Europa, voltada ao segmento automotivo, como Alemanha, França e Espanha, acreditando que apesar da forte competitividade nestes trades, há ainda oportunidades para quem se dedica e entrega um serviço diferenciado ao cliente. Atualmente, a Empresa detém significativo “share” no setor automotivo e apesar da queda sofrida neste 1º semestre do ano, entende que as montadoras estão preparadas para produzir ao menos 4 milhões de veículos/ano e que o setor sairá revigorado da crise que atravessa, independente dos “atuais solavancos” na economia e mercado brasileiro. “Acabamos de conquistar dois novos grandes clientes do setor e isso demonstra que nossos investimentos e esforços contínuos estão sendo reconhecidos por esta indústria e, portanto, continuarão de forma acelerada neste e nos próximos anos, onde ampliaremos nosso escopo de atuação no segmento”, completa o Diretor. Como parte dos projetos efetivos na nova gestão, a JAS investe agressivamente na área comercial para o ganho de “marketshare” em segmentos que ainda não participa tanto
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quanto Apolinario entende ser necessário para o crescimento vertiginoso da Empresa, como no segmento farmacêutico e alimentício. Para 2015, a empresa anuncia a utilização de seu sistema de gestão operacional, “EDI/CargoWise”, que permitirá maior integração em suas atividades em distintos países, dispondo aos seus clientes informações em tempo real e controle de seus estoques à distância. Ainda dentro do plano de desenvolvimento estratégico para este e próximos anos, a empresa investe no crescimento de suas estruturas para a exportação aérea e marítima, no mercado Latino Americano, onde possui escritórios próprios; “Atualmente nossa participação é significativa na exportação aos países da região, sobretudo Peru e Chile, e estamos investindo em recursos para ampliar negócios na região e principalmente Colômbia, investindo para que o Brasil ocupe o papel de “país feeder” para a região, comenta Apolinario. No Brasil, a empresa busca ampliar sua participação em regiões ainda não presentes. “Em breve, teremos novos escritórios na região centro-oeste e nordeste, possibilitando atender as demandas de nossos clientes nestas regiões. “Estamos trabalhando continuamente para permanecer entre as dez maiores empresas de Forwarding do setor e, para este semestre, capitalizar as ações de vendas que iniciamos no 1º semestre. Estamos preparados para aproveitar as oportunidades de crescimento que virão nos próximos anos, dispondo ao mercado serviços eficazes, ágeis e sobretudo, profissionais que entendem e se comprometem com a necessidade de nossos Clientes, o que nos permitirá gerar crescimento, oferecendo oportunidades no mercado brasileiro” finaliza Apolinário.
Elder Apolinário, diretor-presidente da JAS no Brasil
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OPINIÃO
BRICS – O Surgimento de uma nova ordem econômica mundial?
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No primeiro ano deste século, composto inicialmente por Brasil, Rússia, Índia e China, surge a sigla BRIC, criada pelo economista Jim O’Neill da Goldman Sachs. Entretanto, em 2010, mais especificamente em abril daquele ano, a África do Sul (South Africa) foi convidada a unir-se ao grupo, passando desde então a ser conhecido como BRICS, porém, esta é apenas uma contextualização histórica para elucidar o marco zero do que pode vir a ser uma ruptura no atual desenho do sistema econômico mundial.
Existem estimativas de que os países do BRICS vão significar 37% do crescimento global até 2016, com destaque para a China que, isoladamente, poderá contribuir com 22%. No que se refere à produção mundial, o bloco passará de 19% para 23% enquanto a riqueza gerada pelas potências tradicionais das economias do G7 cairá de 48% para 44% durante o mesmo período. Sendo assim, vamos entender um pouco mais sobre o BRICS. Trata-se de um grupo político internacional, uma forma de aliança entre nações emergentes que objetivam traçar estratégias de desenvolvimento para suas economias. Entre os objetivos apresentados, podemos dar des-
Chayene Martini, professor da Faculdade Metrocamp do Grupo IBMEC
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taque à necessidade entendida pelos membros em “fazer frente às grandes potências econômicas e proteger nações em desenvolvimento”. No entanto, existem especialistas que sob o crivo das percepções otimistas, afirmam não estarmos longe do dia em que estes países emergentes formarão uma aliança comercial mais estreita e intensa. Pois em quatro anos, de 2010 até os dias atuais, em detrimento de um empenho compartilhado entre os integrantes, o BRICS evolui em sua agenda, a qual passa a incluir além de temas como comercio internacional, desenvolvimento, energia e terrorismo, questões de maior escala referentes à economia, política, segurança internacional e um plano de ação intergovernamental. Uma das características marcantes entre os países que compõem o BRICS pode ser notada em virtude de suas amplas extensões geográficas, o que podemos entender, depois de sua consolidação e ampliação, como um movimento estratégico, de cunho geopolítico, o mais importante do século XXI, até então. Uma reportagem recente da revista britânica, The Economist, afirmou de forma não muito otimista, o óbvio de que, tirando o fato da similaridade por se tratarem de grandes potências emergentes, o BRICS segue sendo um bloco com pouco em comum, onde fica fácil notar disparidades como renda per capita e regimes políticos de cada nação, democráticos como o Brasil, a Ínwww.cargonews.com.br
dia e África do Sul e, do outro lado, os autoritários como Rússia e China. No calor das notícias frequentes acerca do enfraquecimento da hegemonia norte-americana, pode-se notar que diferentes perspectivas sobre a criação do referido grupo se distorcem e geram rumores, tanto otimistas quanto pessimistas. No apogeu do seu império, os EUA, através de organismos financeiros multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial, ditavam a frequência e o volume de recursos destinados aos países da semiperiferia do sistema. A questão é que ainda hoje, esses organismos são o dínamo que sustentam a ‘coroa do império’ e qualquer forma alternativa de financiamento em escala global, assustam os donos da casa branca. Tendo essa certeza, o que não exige muito, juntando-se o fato da percepção por parte dos países emergentes de que dificilmente conseguiriam progressos em uma proposta de reforma que concederia mais poderes nas votações dentro da cúpula do Fundo Monetário Internacional (FMI) e com a ampliação de suas cotas não aprovadas, a Cúpula de Líderes do BRICS aprovou a criação do banco de desenvolvimento do BRICS e do fundo de reservas para auxílio de países emergentes. Formalizado durante a 6ª reunião de cúpula do bloco em julho deste ano, dizem alguns, para rivalizar com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mun-
dial ao avançar na criação de um montante de reservas na ordem de aproximadamente US$ 100 Bilhões para atuar em momentos de dificuldade econômica, disponibilizando linhas de crédito a países que encontram dificuldades em suas contas externas. Com a criação do Novo Banco de Desenvolvimento do BRICS, sob a sigla NDB, ficam espaços consideráveis para questionamentos sobre os efeitos e o futuro do comércio mundial em seu status e a criação de novas alianças. Em tese, o bloco é composto por países diferentes, mas cada qual com realizações notáveis em diversos campos que poderiam ser objeto de mecanismos peculiares de cooperação. De certo ângulo, as diferenças acabam por sugerir cooperação, não obstante, existe uma disparidade tecnológica entre, de um lado a China e Rússia, do outro, os demais membros em escala decrescente no quesito ‘alta tecnologia’. A cooperação é atraente para os cinco membros e serviria para consolidar essa ‘parceria’ tomando força para no futuro, terem condições e possibilidades reais em modificar a própria forma como se organiza e se configura o sistema internacional. Por fim, embora essas sejam considerações especulativas, deixa aberta toda uma agenda de debates, para quem gosta de se aventurar nas discussões, que se desdobram em detrimento da possibilidade do surgimento de uma nova Ordem Mundial.
Acadêmico
Autor: Horácio Braga LALT - Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes Faculdade de Engenharia Civil UNICAMP
O Marketing no Setor de Transporte de Cargas: Serviços Intangíveis e Sustentabilidade Atualmente, ainda é comum entre os profissionais de diversas áreas o termo marketing ser confundido com outras funções dentro da empresa. Em alguns casos ele é confundido com vendas, noutros é associado às ações publicitárias ou de comunicação. De fato está associado a vendas, publicidade e comunicação, mas também a planejamento estratégico, de projetos, financeiro, enfim, é muito mais abrangente, sendo um departamento que se insere em todas as áreas relacionadas com as estratégias da empresa. Entender a origem da palavra, ajuda a compreender. Vem do verbo em inglês “to market”, derivado do substantivo “market”, que significa mercado, e em “tradução livre” pode ser considerado como “mercadologia”. O sufixo “logia” devida do grego “logos” que é estudo ou conhecimento. Resumindo, marketing é conhecer, pesquisar e estudar a fundo necessidades e desejos de determinado público/mercado, desenvolvendo estratégias em criar produtos e serviços, ofertados e
disponibilizados pelas empresas, que atribuam valor e satisfaçam aos clientes dispostos a pagar por eles. Seguindo essa linha de pensamento, o marketing deve ser uma abordagem de rotinas da estratégia organizacional, ou seja, estar presente em todas as áreas e funções de um negócio, para compreender os motivos que, efetivamente, levam um consumidor a comprar determinado produto ou serviço, podem ser mais abrangentes ao justificar suas escolhas. Estratégia aplicada ao Transporte de Cargas Empresas que têm o marketing como espinha dorsal do seu planejamento de negócios, olham para o mercado, identificam oportunidades a partir de necessidades dos clientes - individuais, coletivos ou sociais - e depois formatam produtos e serviços para atender ou suprir estas necessidades. É a partir dessa abrangência que atualmente o marketing, segundo Kotler, evoluiu para o Marketing 3.0, como sendo “justamente quando as empresas se propõem a fazer diferença na vida dos seus clientes”:
Horácio Braga Mestrando na Fac. Engenharia Elétrica da Unicamp; Espec. em Economia Instituto de Economia da Unicamp; MBA Executivos Financeiros - Insper/IBMEC; Bacharel Adm. de Empresas e Com. Exterior; Atua há 29 anos na Indústria de Intermediação Financeira nacional e internacional, exercendo cargos de analista e gerência no Banco do Brasil S.A. Professor convidado do LALT no curso de Comércio Exterior e Logística Integrada da Unicamp e articulista de Economia do Jornal Correio Popular.
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consumidos simultaneamente; • Perecibilidade: Outra característica elementar dos serviços, embora a execução possa ser programada, é que eles não podem ser estocados ou represados: são consumidos e produzidos simultaneamente;. • Variabilidade: Por ser prestado de forma única, embora possa ser padronizado, cada execução cria resultados específicos: variam conforme a percepção do cliente;
Podemos dizer que o marketing, enquanto ciência organizacional, orienta a empresa para o mercado B2B (Business to Business) a partir das necessidades de seus clientes e os clientes/consumidores finais deles. Enquanto as necessidades das empresas são operacionais e financeiros, de seus clientes são requisitos humanos básicos - necessidade de alimentação, de segurança, de convívio social etc. – diferentes de desejos - derivados da união de necessidades com fatores sociais, o status é um bom e abrangente exemplo. O “Valor” do produto ou serviço pode ser visto como a identificação, criação, comunicação, entrega e monitoramento de valor para o cliente, refletindo os benefícios tangíveis e intangíveis percebidos pelo consumidor. Transporte de Cargas: O serviço e suas características Um serviço é qualquer ato ou desempenho, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer a outra e que não resulta em propriedade de nada. Quando contratado o transporte do ponto A ao ponto B, esta compra não dá a propriedade de nada, o que se contrata é um desempenho, tão somente. Características dos serviços: • Intangibilidade: Por não serem vistos, sentidos ou provados, os serviços passam por um processo de avaliação bem diferente dos produtos: o resultado esperado; • Inseparabilidade: É característica elementar dos serviços em relação aos produtos: são produzidos e
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A Sustentabilidade é estratégica Compreender as necessidades e os desejos do comportamento do mercado e avaliar a implantação das ações que possam trazer os resultados esperados pelo negócio, entendendo que conquistar os clientes somente com qualidade e preços baixos não será mais suficiente. A realidade está mudando e os clientes estão e estarão mais exigentes, por si mesmo ou por força de seus consumidores finais. Eles escolherão empresas que satisfaçam suas necessidades mais profundas de ética, valores e idealismo. Cada vez mais os consumidores estão em busca de soluções para satisfazer seu anseio de transformar o mundo globalizado num mundo melhor. Esse novo comportamento é definido como Sustentabilidade. Por esse motivo é que tem sido cada vez mais difícil satisfazer e fidelizar os clientes e consumidores, dados que esse comportamento por parte da sociedade advém da conscientização veloz de ser a razão da cadeia produtiva, ou seja, sustentabilidade é uma série de ações e discussões locais com o desafio de causar resultados em âmbito mundial. O ponto ao qual uma empresa de serviços deve estar constantemente atenta é à expectativa dos consumidores em relação ao que é oferecido. Mensurar constantemente a opinião dos seus clientes e a percepção deles sobre os serviços prestados é uma decisão estratégica com o objetivo de tentar oferecer sempre atrações que superem as expectativas das pessoas envolvidas no processo. A fórmula para a satisfação do cliente pode ser reduzida a equações bastante simples: • Qualidade experimentada < Qualidade esperada = Frustração • Qualidade experimentada = Qualidade esperada = Satisfação
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Acadêmico
• Qualidade experimentada > Qualidade esperada = Superação A União Europeia formulou os três pilares da sustentabilidade na Conferência de Cúpula de Copenhague e no Tratado de Amsterdã de 1997. Esse princípio, denominado “Modelo de Sustentabilidade de Três Pilares”, declara que a sustentabilidade não apenas abrange a herança da natureza que transmitimos para as próximas gerações, mas também inclui as realizações econômicas e as instituições sociais. Portanto, funda-se em cada um dos pilares – ecológico, econômico e social. Se um dos três pilares se rompe, a “construção da sustentabilidade” desmorona. Informação a favor do Setor de Transporte Qual a sinergia dos argumentos apresentados com o serviço de transporte de cargas no Brasil? Uma das grandes preocupações do setor de transporte é quanto à redução da emissão de GEE (Gases de Efeito Estufa). O setor de transporte rodoviário de cargas no Brasil é pulverizado, sendo 95% de empresas de pequeno e médio porte e ainda os transportadores autônomos que atuam prestando serviços para transportadoras ou, diretamente, para empresas privadas diversas. A frota nacional de caminhões é estimada em 2,0 milhões de unidades.
Esse tipo de transporte responde por cerca de dois terços da movimentação de mercadorias que transita no território nacional. Quando se trata de toneladas transportadas, o modal é responsável por aproximadamente 61% do total transportado. O frete representa entre 0,8% e 2% do preço final dos bens de maior valor agregado e entre 15% e 20% no caso das mercadorias de baixo valor, como alimentos e produtos agrícolas. De acordo com o IBGE, o setor de transportes de cargas brasileiro produz uma receita líquida que contribui com aproximadamente 2,0 % do PIB nacional, que em 2013 alcançou R$ 4,8 Trilhões, ou aproximadamente R$ 96 Bilhões. 34 | RCN
Com a evolução do transporte de carga no País, considerando estudos realizados, um veículo pesado produz em média CO² Kg 0,1864 p/ Km urbano, e CO² Kg 0,0497 p/ Km interurbano, equivalente a um veículo médio com motor bicombustível. O setor de cargas é considerado um grande gerador de resíduos, motivo pelo qual a partir de 2012 a frota de caminhões e de transporte de passageiros passou a utilizar o diesel S-1, considerado “limpo”, pois contém 10 partes por milhão (PPM) de enxofre em sua composição, ao contrário do atual diesel S-1800 com 1800 PPM. Esta é uma informação que deve ser considerada como estratégica pelas empresas do setor, utilizada a seu favor e divulgada junto aos clientes e consumidores, podendo ser da seguinte forma: • Publicação em web sites: Os clientes e consumidores dos clientes passam a conhecer mais sobre a empresa e seu engajamento como atitude de empresa socialmente responsável; • Incluir nos dados financeiros e contábeis da empresa: Estas informações passam a ser consideradas na política de crédito por parte das instituições financeiras no Brasil, conferindo ótimo poder de negociação na redução de custos financeiros em linhas de crédito; www.cargonews.com.br
• Confiabilidade de dados e rastreabilidade: Aumenta a credibilidade da empresa na qualidade do serviço conforme prometido/vendido; • Empatia e poder de fidelização: Capacidade da empresa em se colocar no lugar do outro, ganhando maior identificação de interesses comuns e consequente fidelização; • Segurança: Capacidade tanto dos funcionários quanto do ambiente em transmitir segurança e confiabilidade dos serviços. A conclusão deste artigo é chamar a atenção para um fato conhecido que é do consumidor, o “cliente do cliente” do transportador, se tornou muito mais exigente, consciente de sua importância e de sua capacidade de manifestação sobre satisfação ou frustração. As ações de comunicação permitem que
as empresas conectem suas marcas a outras pessoas, lugares, ideias, valores e experiências. As redes sociais ganham cada vez mais importância na comunicação entre consumidores e os fornecedores de produtos, o que em breve deve chegar até aos prestadores de serviços, especialmente do transporte de carga. Este é um fato que não merece atenção por diversas razões (culturais, sociais, educacionais e econômicas), o consumidor em todo o mundo vem exigindo mais e mais de empresas, produtos e serviços com engajamento para a sustentabilidade e aquelas que se anteciparem a estas exigências certamente poderão usufruir dos benefícios que uma boa gestão de marketing pode trazer: fidelização de clientes, lucratividade por cliente, respeito e admiração com os quais realiza seus negócios.
Legislação
Lei dos Motoristas: após dois anos, a “nova lei” ainda causa polêmica Empresas criam setores específicos para fiscalização de horas trabalhadas
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Passados cerca de dois anos da criação da “Lei dos Caminhoneiros” que veio para regulamentar a profissão e atividade dos motoristas, ainda há muito a ser falado, e muito a se compreender. “Basicamente, a Lei 12.619/12 estipulou limites à jornada de trabalho dos motoristas profissionais, tanto no transporte de passageiros, como de cargas. Determinou também a necessidade de rígida observância de intervalos no meio da jornada de trabalho dos motoristas. É preciso dizer que a lei é de grande complexidade e buscou prever uma série de situações no dia a dia nas estradas. Em linhas gerais, determinou que a jornada máxima de trabalho de um motorista é igual a de qualquer outro trabalhador: 8 horas, prorrogáveis por apenas mais duas horas. Determinou também a pausa de, no mínimo, 30 minutos a cada 4 horas de direção efetiva, além do intervalo de 11 horas entre um dia e outro de trabalho”, explica Rodrigo Lestrade Pedroso - procurador do Trabalho. Mas, apesar de se tratar de uma lei que visa melhorar a qualidade de trabalho dos motoristas, como as empresas estão fazendo para coloca-lá em prática? “A DEICMAR é uma companhia que atua no segmen36| RCN
to logístico desde 1945, conduzindo suas atividades empresariais de forma ética, transparente e com absoluto respeito à legislação. Somos certificados na norma OHSAS 18001, que avalia a convergência das nossas ações em relação à segurança do trabalho e saúde ocupacional, além de possuir certificações ISO 14001 e ISO 9001, o que traduz que a empresa conduz suas atividades de maneira alinhada a toda a legislação vigente, principalmente no que diz respeito à legislação trabalhista e de saúde dos seus funcionários. No tocante ao cumprimento da referida ‘Lei dos Motoristas’, nossa companhia dá integral cumprimento às suas determinações, o que é parte de sua política institucional”. Já a Rodovisa Transportes também encontrou uma forma de controlar os horários e assim dar segurança ao trabalho de seus profissionais. “A Rodovisa está preparada para cumprir a lei e foi criado um departamento de controle de jornada. O controle é feito pelas planilhas preenchidas pelos próprios motoristas, além de um software de controle. Como nossas rotas são mais curtas, temos mais controle dos horários, já que a Rodovisa está mais presente no sudeste, principalmente, no estado de São www.cargonews.com.br
Paulo”, conta Luiz Guimarães – vice-presidente da Rodovisa. Outro aspecto que precisa ser pensando é com relação a sua aplicabilidade. Sabemos que em tempos de grande safra as estradas ficam congestionadas e os caminhões respondem a agendamentos para entregar os produtos. Será que nesses casos ela é 100% possível de ser aplicada? Além disso, pensando na estrutura das estradas brasileiras, será que existem áreas de recuo suficientes? Segundo o procurador do trabalho, algumas coisas precisam ser organizadas e oferecidas pelas empresas como previsto em artigo do CTB. “A responsabilidade nesses casos limita-se, a meu ver, somente à obrigação prevista no § 7º do artigo 67-A do CTB que não deve permitir a saída de motorista que está dirigindo há mais de um dia sem que este descanse por, pelo menos, 11 horas entre um dia e outro. Há de se observar também que a lei determinou que os chamados “embarcadores” devem garantir condições sanitárias e de conforto aos motoristas, de acordo com as normas técnicas expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Entendo que se as indústrias cumprirem essas duas obrigações, de modo geral, não poderão ser sancionadas pelas autoridades”. Já Guimarães, comenta que em alguns casos a lei precisa de revisões, “cargas marítimas são uma dificuldade, pois, quando o motorista entra no terminal portuário, ele não pode ser substituído. O caminhão e o motorista são vinculados. Essa é uma situação atípica em que a lei precisa ser revista, o governo tem que ter um olhar especial para o comércio exterior e, nesses casos, a lei precisa ser mais flexível, pois a liberação do motorista não depende dele e nem da empresa em que ele trabalha, mas sim dos órgãos portuários e aeroportuários nos casos de cargas aéreas. Já em viagens de transporte interno nacional, os motoristas têm que ter à disposição áreas de descanso seguras, onde ele possa encostar o caminhão e esteja assegurado pela polícia. Tanto o motorista quanto a carga que ele leva. Além disso, essas áreas de descanso precisam ser maiores e em maior quantidade, para que os motoristas possam viajar, já sabendo onde realizar esse descanso”. Há pouco tempo algumas notícias foram veiculadas sobre punições às empresas. Uma delas se referindo a DEICMAR, que explica o que de fato aconteceu: “No tocante à condenação em primeira instância por horas excessivas de trabalho de motoristas, objeto de divulgação por parte do Ministério Público do Trabalho – MPT, ação que foi proposta no ano de 2008 e nada tem a ver www.cargonews.com.br
com a recente “Lei dos Motoristas”, esclarecemos que o trabalho destes colaboradores sempre foi realizado com integral cumprimento dos regulamentos legais existentes à época, intervalos de jornada e de descanso, pautado também em convenção coletiva de trabalho que era aplicada a todas as empresas de transportes e não só à DEICMAR. O Ministério Público do Trabalho não concordava com tais regulamentos e convenções, razão pela qual resolveu ingressar com esta ação. Temos a plena convicção de que esta decisão será reformada pelas instâncias superiores da Justiça do Trabalho, pois afronta a legislação vigente da época, a doutrina trabalhista e a constituição federal”. Já o procurador coloca que, “a investigação da DEICMAR foi feita em 2008, quando a Lei 12.619/12 não estava em vigor, e diz respeito não só aos seus motoristas, mas também dos trabalhadores de armazém que estavam trabalhando muito além da conta. A única semelhança entre os casos é que o MPT está buscando a tutela da saúde dos trabalhadores”. Para as empresas que ainda tem alguma dúvida em como agir perante a lei, Rodrigo Lestrade Pedroso diz: “o Ministério Público do Trabalho não pode prestar consultoria, uma vez que é vedado pela Constituição Federal. Se puder dar um conselho, diria: consulte sempre um advogado”. E finaliza explicando quais são as sanções para a empresa que descumprir a lei. “Além das multas aplicadas pela Polícia Rodoviária, já que a Lei 12.619/12 também determinou a alteração do Código de Trânsito Brasileiro, a empresa também pode ser autuada pela fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego. Sendo que o próprio Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar ação civil pública para exigir judicialmente o respeito aos limites da jornada de trabalho impostos pela lei.”
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Colunista
O bom momento da indústria farmacêutica no Brasil Por Adauto Roberto Ribeiro
O mercado farmacêutico no Brasil vem apresentando altas taxas de crescimento mesmo com o país tendo um baixo crescimento do seu produto interno nos últimos anos. Trata-se de um setor da economia cujas características foram bastante favorecidas e tende a continuar em crescimento, acima da média do país, por mais anos. É o que demonstram os dados do setor que apontam o mercado brasileiro a caminho de se tornar o quarto maior mercado farmacêutico do mundo, superado apenas pelo mercado norte-americano, chinês e japonês, em uma projeção da IMS Health, para 2016. Para se ter uma dimensão do crescimento do setor no Brasil, observa-se que em 2013, a taxa de crescimento do país foi de 2,3%, quando o setor farmacêutico apresentou crescimento de 17%. Este ano, enquanto o crescimento esperado do PIB situa-se pouco acima de 1%, o setor farmacêutico estima uma expansão acima de 10%. Dentre os motivos que ajudam a explicar este crescimento, estão o aumento da renda ocorrida no país nos últimos anos, elevando uma grande parcela da população para a classe média. Para este segmento de renda os produtos farmacêuticos apresentam elevada elasticidade, ou seja, um pequeno aumento percentual da renda dos consumidores gera um aumento mais que proporcional na demanda de produtos e serviços de saúde. Além disso, agrega-se a este motivo a significativa alteração demográfica que o país vem passando, aumentando sua população adulta e, em especial, a população de idosos, com destaque para o fato que este estrato populacional tende a consumir mais bens farmacêuticos. Desta forma, o aumento da demanda, provocado pelos fatores acima e outros não descritos, estimula o aumento da oferta e com isso a indústria passa a se apropriar dos efeitos benéficos da economia de escala que atinge o setor produtivo, podendo tornar a atividade mais lucrativa e, ao mesmo tempo, 38 | RCN
possibilitando ainda uma expansão nas estratégias de diversificação e segmentação de produtos, dado o aumento do mercado consumidor. Dentro deste contexto, a ampliação da produção também atende a estratégia de ampliação das exportações, dado que a produção local pode atingir um mercado regional mais amplo, com destaque para o MERCOSUL. Esta situação já vem ocorrendo com grande expansão das exportações de medicamentos pelo Brasil. De 2000 a 2013 as exportações alteraram-se, em valores absolutos, de 218 milhões de dólares para US$ 1,5 bilhão. Esta expansão da indústria farmacêutica fica evidente também na Região Metropolitana de Campinas, que continua recebendo investimentos, ampliando seu nível de produção e emprego, bem como o nível de exportação. Como tendência para o setor, espera-se que o ciclo de expansão da renda no país permaneça firme, não necessariamente na mesma velocidade, no entanto, que continue a dar sustentação a gastos privados maiores com bens e serviços de saúde, bem como, espera-se um direcionamento mais eficaz de políticas públicas para a área de saúde, estimulando mais e melhores investimentos governamentais neste setor, da mesma forma que vem ocorrendo com educação. Neste cenário, a indústria farmacêutica terá pela frente um mercado em expansão, caberá, portanto, às empresas a manutenção de mais investimentos em inovação e produção. O potencial de mercado esta aí para ser aproveitado.
Adauto Roberto Ribeiro Diretor adjunto do Centro de Economia e Administração PUC Campinas
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Meio Ambiente
Sustentabilidade e ação social A partir da próxima edição estaremos trazendo mais uma seção para a revista, ela será relacionada às ações que as empresas de comércio exterior e logística realizam nas áreas de sustentabilidade e ação social. A empresa que tiver alguma iniciativa e queira contar a respeito, entre em contato com a redação da revista e mande seu material.
Sala de Embarque
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Opinião
Philip Kotler, 83 anos, simples e objetivo Ele anuncia que apesar de toda a tecnologia, as leis básicas do marketing não perderão a validade. Quando pela primeira vez li Kotler, percebi a simplicidade e objetividade do mestre. Percebi a força das pessoas, são elas que movem, sentem, promovem ações e articulações. Entrevistado pela Revista Exame o mestre foi questionado se o marketing atual havia mudado, já que sua principal obra, o livro “Administração de Marketing”, foi escrito no fim dos anos 60. Kotler então respondeu:
“O marketing tem três conceitos centrais, primeiro: foco no consumidor e em suas necessidades; Segundo: criar, comunicar e entregar valor sabendo de antemão suas crenças e percepções; Terceiro: satisfazer essas necessidades com encantamento”. É assim que se conquista e mantém clientes. Ele afirma que isso não mudou e vai ser difícil mudar. O mestre, mais uma vez com clareza, deixa registrado a força da marca que gera a segurança para o consumidor, e este por sua vez, sabe suas reais necessidades, anseios e crenças. O respeito ao consumidor é fundamental. Com a era digital, Kotler foi claro em sugerir o “one to one”, e com a tecnologia podemos conhecer melhor nosso público alvo e construir com ele um relacionamento mais sólido e efetivo. Os canais ofertados pelo mundo digital são vários, mas temos que entendê-los para usá-los com assertiva pontaria. Um dos ensinamentos de Kotler é que o marketing tem como missão melhorar a vida das pessoas. Esse conselho tem sido esquecido por muitas empresas e profissionais, que se vêem forçados a agilizar o lançamento de produtos sem pesquisa ou uma base de informações confiáveis e dão com os burros n’água. Finalizando, Kotler anuncia seu próximo livro para 2015 com muitas novidades. Isso que é viver! Tem gente que não planeja o amanhã. Vamos seguir com esperança os conhecimentos de Kotler, e tem mais, até para conquistar o amor de sua vida tem que agir seguindo os preceitos do marketing. Vamos praticar! Drops Eleição 2014: Após a morte de Eduardo Campos, o quadro político no país tende a esquentar. O desafio do PSB é fazer com que Marina Silva seja PSB e esqueça a Rede Sustentabilidade. Uma tarefa difícil. Já Aécio, vai ser forçado a aprimorar o discurso e sair na hora certa do “paz e amor” com o PSB.
Luiz Antonio Guimarães Publicitário, consultor em comunicação e marketing
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“Serão ajustes de comunicação que darão mais dinâmica à campanha”. www.cargonews.com.br