Poema exato

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Salvador, SÁBADO, 12 de setembro de 2009

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Ano 5

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n° 205

EDITOR-COORDENADOR | Adalberto Meireles

Cientistas chegaram mais perto de descobrir a vacina contra o vírus HIV, que causa a Aids

SUPLEMENTO INFANTIL DE A TARDE. NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

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ILUSTRAÇÃO BRUNO AZIZ

A história da cor que ganhou o espaço está fazendo aniversário; a Lua ainda é Flicts!

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Páginas 4 e 5


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Salvador, SÁBADO, 12 de setembro de 2009

Há quarenta anos, Ziraldo nos contava pela primeira vez a história de Flicts, uma cor rara que procurava seu lugar no mundo

CARLA BITTENCOURT atardinha@grupoatarde.com.br

Flicts não cabia nas caixas de lápis-de-cor, não estava nas bandeiras nem no arco-íris. Não tinha com quem brincar. Quando o mundo ficou pequeno, Flicts zarpou... e ganhou a Lua. Há quatro décadas, Ziraldo fez cor virar poesia. Sua inspiração: uma foto do satélite natural da Terra, feita do espaço. Uma imagem da Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos. “O chão da Lua era dessa cor, meio bege. Gostei”, contou Ziraldo. O livro é colorido, cheio de formas e de versos tão lindos, que Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) chamou de “poema exato”. “Tudo é cor”, escreveu o poeta. E foram as cores que vieram primeiro, depois o desenho. O último a ser pensado foi o nome. “Flicts”, palavra que Ziraldo tinha inventado, era usada como onomatopeia em suas histórias em quadrinhos. As onomatopeias imitam o som das coisas, como BUM!, em uma explosão. “Quis um nome para ser lido em todas as línguas”, explicou. ASTRONAUTA – Em 1969, ano em que Flicts foi

publicado, o homem tinha ido à Lua, a bordo da nave Apollo 11. O astronauta norte-americano Neil Armstrong, dono da bota que estreou nossas pisadas em solo lunar, leu uma versão em inglês e disse a Ziraldo: “A Lua é Flicts”. “Foi muito emocionante! Ele me deu parabéns e eu disse: ‘Quem merece é você’. Mas aí, ele falou: ‘Só fui à Lua. Você fez um livro”, lembrou o autor. TEATRO – Nestes 40 anos, Flicts teve diversas versões para o teatro. Em cada lugar que Ziraldo chegava, havia um Flicts: “Ele já foi capoeirista e até Jesus Cristo”. Em outubro, a adaptação de Aderbal Freire volta a cartaz em Salvador. ”Essa história mostra como é importante aceitar o diferente“, disse o diretor Fernando Guerreiro. Para Ziraldo, o mundo está menos cinza (e ranzinza). ”Já fomos mais racistas. Os Estados Unidos que separavam negros e brancos nos ônibus têm hoje um presidente negro“.

Um bolo do tamanho da lua

Vovô maluquinho é inventor de muitas histórias O nome dele é uma mistura dos nomes da mãe e do pai. Zizinha + Geraldo = Ziraldo. Desde sempre, Ziraldo Alves Pinto sabia que queria desenhar e contar histórias. Nos anos 60, fez a revista em quadrinhos A Turma do Pererê. Também fundou O Pasquim, jornal que combatia o governo do Brasil, na época, uma ditadura militar. Em 1969, lançou Flicts, seu primeiro livro infantil e, nos anos 80, o personagem mais famoso: O Menino Maluquinho (leia a tirinha da página 8). No dia 24 de outubro, este desenhista de cabelos brancos e ideias novas vai fazer 77 anos!

As cores têm a idade do mundo

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A ciência explica assim: cor é como o nosso olho “entende” a luz que vem de um objeto já iluminado. No século 17, o físico inglês Isaac Newton (1642-1727) fez várias experiências com cores. “Estudamos isso até hoje”, contou o físico Fábio Freitas, colunista de A Tardinha. A relação do homem com as cores vai ainda mais longe. “Desde os desenhos rupestres nas cavernas”, disse a arquiteta Alejandra Muñoz. Um grande marco, ela explicou, foi no século 19, quando as cores passaram a ser industrializadas. Com os

computadores, hoje temos “caixas” de lápis de sete milhões de cores. A base de todas, acredita Alejandra, ainda é a natureza. “Há tantos tipos de verde nas plantas, não um só. A gente perdeu a capacidade de ver isso. Por que todos os carro têm que ser cinza? O meu é vermelho”, riu. E a Lua, é mesmo Flicts? O astrônomo Paulo César Poppe não foi ao espaço, mas explicou que, vista da Terra, a a cor da Lua depende da sua posição no céu. “Ao nascer é mais amarela e branca quando está mais alta”.

[ n a in t e r n e t ] No site de Zira ldo tem mais: livros, cartun s, piadas. Conh eça melhor o auto r de Flicts, qu e acha mais im portante ler do que estudar: “Est udar sem ler é como cantar sem vo z, impossível”. Visite: www.z iraldo.com.br


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