Carlos Antonio Papai Lobato
Olhar sobre o dinheiro
O design grรกfico no papel-moeda brasileiro
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Carlos Antonio Papai Lobato
Olhar sobre o dinheiro
O design gráfico no papel-moeda brasileiro
São Paulo – 2013
L796o
Lobato, Carlos Antonio Papai
Olhar sobre o dinheiro. O design gráfico no papel-moeda brasileiro. / Carlos Antonio Papai Lobato – São Paulo, 2013. 66 f. Orientador: Prof. Jorgson Ksam Smith Jr. Trabalho de Conclusão de Curso – Centro Universitário Senac – Unidade Lapa Scipião, São Paulo, 2013. 1. Design gráfico 2. Papel-moeda braslero 3. Dinheiro I. Jorgson Ksam Smith Júnior (Orient.) II. Título CDD. 741.6
Resumo A necessidade de criar uma forma de pagamento para facilitar o comércio, fez surgir o papel-moeda na sociedade. Baseado em conceitos de linguagens visuais de Donis A. Dondis e da semiótica formulada por Charles Sanders Peirce, o estudo faz uma análise do design gráfico que caracteriza o papelmoeda brasileiro a partir de 1970 até 2013, na construção da identidade e história do País, por meio dos diversos planos econômicos que foram implantados para conter a inflação. Palavras-chave: design gráfico, linguagem gráfica, cédula, papel-moeda, numismática, representação. Abstract The need to create a form of payment to facilitate trade, brought about paper money in society. Based on concepts of visual languages Donis A. Dondis and semiotics formulated by Charles Sanders Peirce, the study analyzes the graphic design that characterizes the Brazilian currency from 1970 until 2013, the construction of identity and history of the country, through various economic plans that were implanted to contain inflation. Keywords: graphic design, graphic language, ballot paper money, coins, representation.
sumário
Introdução 7 Metodologia de Pesquisa
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1o período – Ditadura Militar
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1.1 Milagre econômico?
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1.2 EFEITO SEGURO
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1.3 Cédulas do baralho
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1.4 início da redemocratização
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2o período – Democracia
2.1 inflação crônica
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2.2 plano verão
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2.3 novas temáticas
2.4 impeachment
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3o período – Estabilidade econômica
3.1 Segunda família do Real
A Casa da Moeda do Brasil
4.1 Departamento de Cédulas
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91 92
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Conclusão 119 Referências 122
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Introdução Desde que a atividade comercial teve início, diversos materiais foram usados como moeda de troca: conchas, sal, entre outros, mas principalmente metais preciosos, na forma de moedas. No livro O que É Dinheiro?, da Série Educativa publicada pelo Banco Central do Brasil, a autora María Elena Maggi afirma: “Os metais – especialmente os metais preciosos, como a prata e o ouro – começaram a ser utilizados como instrumento de troca para facilitar o comércio”. Mas, para transportar grandes quantidades, era muito trabalhoso, além de ser um alvo fácil para assaltos. Nesse momento, surge o papel-moeda na sociedade, devido à necessidade de representar o valor monetário das mercadorias. Tendo um valor nominal, não precisaria ser feito de materiais raros para que obtivesse o valor agregado. Por ser um material impresso de grande circulação, fazem parte do papel-moeda figuras representativas da história, cultura, riquezas naturais, pois é a representação da economia de uma região. Uma ligação significativa entre o passado e o presente da cultura de um povo. Essas características passam importantes informações relacionadas ao espírito de época de uma sociedade. Na década de 1980 e início dos anos 90 do século XX, o País passava por uma grande instabilidade econômica, que obrigou os governantes a lançarem diversas medidas e pacotes econômicos a fim de conter a inflação. A cada novo plano econômico, o padrão monetário era alterado, e com isso
a necessidade de uma nova comunicação visual no projeto numismático vigente. Os diversos padrões monetários, dessa época, ilustram bem a instabilidade econômica e mostram como o design gráfico tem papel fundamental na construção das informações da cédula, por meio do uso de diversos elementos da linguagem visual. O período abordado, é um intervalo que tem início em 1970 e vai até o ano de 2013. Desde 1970, quando o designer gráfico Aloísio Magalhães vence um concurso aberto pela Casa da Moeda, o papel do designer está cada vez mais importante na elaboração dos projetos numismáticos. Por trás de cada projeto, existe todo um alinhamento de comunicação, e estudos são feitos para melhor retratar o tema proposto. A abrangência das cédulas permite que o design gráfico atinja toda a população brasileira, como também, tenha alcance no exterior, tornando-se referência de qualidade no cenário mundial. Assim, este estudo pretende abordar o design gráfico no papel-moeda brasileiro, desde a concepção até a produção, por meio da análise das linguagens visuais e questões socioeconômicas.
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Metodologia de Pesquisa A visão humana é o principal sentido usado para aprender, compreender e reagir ao meio ambiente onde estamos inseridos. As pessoas são bombardeadas diariamente com incontáveis estímulos visuais. Para que uma mensagem importante não se perca nesse mar de informações, ela deve ser corretamente construída para passar a exata informação que se pretende, sem que a pessoa tenha que perder tempo para entender a mensagem. Isso só acontece quando o designer gráfico tem pleno domínio do uso das linguagens visuais. As análises do papel-moeda brasileiro, serão baseadas na linguagem visual, contidas no livro Sintaxe da Linguagem Visual (1997, p.2), de Donis A. Dondis, onde ele afirma: “A expressão visual significa muitas coisas, em muitas circunstâncias e para muitas pessoas”. As técnicas analisadas, são as enumeradas a seguir, conforme cita o autor: “São muitas as técnicas que podem ser aplicadas na busca de soluções visuais. Aqui estão algumas das mais usadas e de mais fácil identificação, dispostas de modo a demonstrar suas fontes antagônicas”.
Contraste Harmonia Instabilidade
Equilíbrio
Assimetria
Simetria
Irregularidade Regularidade Complexidade Simplicidade Fragmentação Unidade Profusão
Economia
Exagero Minimização Espontaneidade Previsibilidade Atividade
Estase
Ousadia Sutileza Ênfase
Neutralidade
Transparência Opacidade Variação Estabilidade Distorção Exatidão Profundidade Planura Justaposição Singularidade Acaso Sequencialidade Agudeza Difusão Episodicidade Repetição
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Além disso serão analisados também os elementos que compõem o papelmoeda, Dondis (1997, p. 51) afirma: “A estrutura da obra visual é a força que determina quais elementos visuais estão presentes, e com qual ênfase essa presença ocorre”. e continua: Os elementos visuais constituem a substância básica daquilo que vemos, e seu número é reduzido: o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento.
Dominando as linguagens visuais, o designer deve usar o seu conhecimento em ciência da comunicação, especialmente a semiótica, para obter sucesso na transmissão da mensagem. No artigo O Real Significado: Análise Semiótica das Cédulas do Plano Real, publicado na revista Idea, v.1, n.1, jul./dez., as autoras Renata Rinaldi e Vanda Cunha Albieri Nery afirmam:
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A primeiridade é o contato imediato do usuário com a cédula. São as impressões sensórias advindas das cores, formas, texturas. A secundidade pertence às relações que se farão a partir das características observadas na primeiridade. Nesse segundo momento, já são iniciadas as interpretações como, por exemplo, as relações que se fazem entre as cores das cédulas e os numerais que indicam seus valores. Na terceiridade, chega-se à interpretação obtida das qualidades observadas e das relações estabelecidas. (NERY, RINALDI, 2009, p.4).
Para uma melhor compreenssão da semiótica, Lucia Santaella (1983, p. 34), define a semiótica como os estudos dos signos da linguagem: A semiótica é a ciência que tem por objetivo de investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno como o fenômeno de produção de significado.
Segundo a autora (1983), o termo semiótica deriva da palavra grega semeion, que quer dizer signo. Decorrente do grande aumento de linguagens e códigos,
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a partir da Revolução Industrial, o estudo da semiótica é baseado em três linhas de pensamento, que surgiram praticamente ao mesmo tempo, nos Estados Unidos, na Rússia e Europa. Descreve Santaella (1983), “Pierce (1839-1914), foi um matemático, lógico e filósofo, que desenvolveu uma ampla arquitetura filosófica. A semiótica integra essa arquitetura, a qual está alicerçada na fenomenologia”. A fenomenologia é descrita por Santaella (2005), como uma quase-ciência que explica o processo de como compreendemos o mundo ao nosso redor. Ela é base para três ciências normativas: a estética, a ética e a lógica, as quais por sua vez, são base para a metafísica. Com conceitos lógicos, gerais e abstratos, tornando-o, assim, complexo. Como é muito abstrata, Santaella (2005) explica que a semiótica trabalha principalmente o campo da linguagem, permitindo mapear os diversos aspectos gerais que a constituem. Para uma análise afinada, a aplicação semiótica necessita de diálogo com teorias mais específicas dos processos de signos, decorrentes da generalidade, característica dessa ciência. Para que suas análises surtam efeitos, é necessário que o repertório de informações do receptor seja condizente com a mensagem ou fenômeno.
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Caso esse repertório seja desproporcional, muito baixo, a semiótica não pode produzir, para esse receptor, as diversas interpretações além do senso comum. Se, Santaella (2005) diz que a semiótica é o estudo dos signos, de onde eles surgem? Tudo o que aparece em nossa mente é um fenômeno. Segundo a autora, a fenomenologia tem como função apresentar as categorias formais e universais de como os fenômenos são aprendidos pela mente. Qualquer coisa que esteja presente na mente, tem a natureza de um signo. Afirma, a autora (2005), que nos fenômenos que se apresentam à percepção e na mente, não há mais do que três elementos formais e universais, para Pierce. São eles: primeiridade, secundidade e terceridade. Ela explica que: A primeiridade aparece em tudo o que estiver relacionado com acaso, possibilidade, qualidade, sentimento, originalidade, liberdade, mônada. A secundidade está ligada às ideias de dependência, determinação, dualidade, ação e reação, aqui e agora, conflito, surpresa, dúvida. A terceiridade diz respeito à generalidade, continuidade, ao crescimento, à inteligência. 14
Dessa maneira, a terceiridade apresenta-se como um signo que vai provocar algum efeito interpretativo ao receptor, mas antes ele indicou algo, a secundidade, representado por ele mesmo no primeiro contato, na primeiridade. O signo é qualquer coisa de qualquer espécie (uma palavra, um livro, uma biblioteca, um grito, uma pintura, um museu, uma pessoa, uma mancha de tinta, um vídeo, etc.) que representa uma outra coisa, chamada de objeto de signo, e que produz um efeito interpretativo em uma mente real ou potencial, efeito este chamado de interpretante do signo. (Santaella, 2005, p.08).
Através do correto uso das linguagens visuais, conhecimento da teoria dos signos e amplo repertório de informações, o designer gráfico tem condições de produzir uma peça gráfica que reflita o clima da sociedade em determinado momento. Para facilitar o entendimento, o período analisado a partir da década de 1970 do até os dias atuais), foi dividido em três períodos menores. São eles: 1o período – Ditadura Militar Lançamento do Cruzeiro (Cr$).
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2o período – Democracia e Inflação Neste período, está concentrada a maior parte dos planos econômicos que tiveram como missão controlar a inflação. 3o período – Estabilidade Econômica Período em que a inflação está controlada e quando é lançado o Real. Áreas das cédulas Abaixo segue exemplo com as principais áreas das cédulas e suas respectivas terminologias.
Efígie Valor numeral da cédula Ilustração secundária Microchancelas Valor nominal por extenso Ilustração de registro Marca tátil
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1o período – Ditadura Militar Em agosto de 1969, com afastamento médico de Costa e Silva, Presidente da República, pouco menos após 9 meses da decretação do Ato Institucional 5 (AI-5), que dava ao presidente poderes de fechar o Congresso, impor censura prévia à imprensa, prender dissidentes, entre outras coisas, os militares não estavam dispostos a passar o poder para um civil, que era o vice-presidente. Diante dessa situação, foi criada uma junta militar, composta pela mais alta patente de cada Força Armada. A junta divulga uma nota oficial comunicando o afastamento definitivo de Costa e Silva e é responsável por escolher o nome de sucessão. O general Médici foi o escolhido. A repressão aumentava dia após dia, da mesma maneira que a luta armada ganhava força, afirma Oscar Pilagallo, autor de A História do Brasil (1960 1980), 2009, editora Publifolha, p.71: “A luta armada atraía muitos jovens, sobretudo universitários de classe média. Quase todos careciam de prática militar e teoria política”. O governo deu total liberdade para o aparato de repressão enfrentar a luta armada. Esse período registra o maior número de pessoas assassinadas sob tortura e outras “desaparecidas”.
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Na área econômica, o País vivia um dos períodos de maior crescimento, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro crescia a um ritmo de mais de 10% ao ano, coincidentemente nos cinco anos mais duros do período militar, e esse período ficou conhecido como “milagre econômico brasileiro”. 1.1 Milagre econômico? A dependência de recursos estrangeiros para o crescimento da economia fez a dívida externa triplicar, naquele período, e logo um problema começava a dar seus primeiros sinais: a inflação. Segundo Pilagallo (2009, p. 78). “O milagre não favoreceu igualmente toda a sociedade. Enquanto o País crescia, a renda se concentrava”. Mas o controle de preços e a manipulação do cálculo do índice, fez com que não houvesse maiores transtornos. Com o crescimento forte da economia, o apoio popular ao presidente Médici só aumentava, a conquista do tricampeonato da Copa do Mundo, em 1970, e o acesso da população aos bens materiais faziam um contrapeso à ditadura. Esse crescimento também atingiu as indústrias, e com melhores equipamentos, a Casa da Moeda voltou a produzir o meio circulante brasileiro. Devido às limitações tecnológicas e por ser um impresso que exigia segurança máxima, até os anos 60 o papel-moeda do Brasil era produzido no exterior, na Europa e nos Estados Unidos. Por causa das guerras mundiais, as dificuldades enfrentadas na Europa e nos Estados Unidos fizeram com que o Brasil produzisse algumas cédulas, em que tentaram manter o padrão usado na 20
época, mas a simplicidade dos traços e detalhes não passavam a segurança necessária para a época. De acordo com o autor João de Souza Leite, em A Herança do Olhar – O Design de Aloisio Magalhães (2003, p.193), no ano de 1966, após a decretação da reforma monetária, o governo decide nacionalizar a produção de papel-moeda. A partir daí são estabelecidas as regras para a abertura de um concurso fechado para os profissionais de artes gráficas, de programação visual e profissionais da própria Casa da Moeda. A comissão julgadora é formada por profissionais da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi) do Rio de Janeiro, da Casa da Moeda e do Banco Central. Os principais participantes foram os designers Aloisio Magalhães e Gustavo Goebel Weyne, do Rio de Janeiro; e Ludovico Martino, de São Paulo. A intenção era conceber a nacionalização completa da produção do papel-moeda. O autor João de Souza Leite (2003, p.193), faz a seguinte observação, relacionada à falsificação: Basicamente, a grande maioria de tentativas de falsificação de papel-moeda utilizava-se dos meios de reprodução fotográfica e da reticulação para obter melhores resultados a cores. Por outro lado, os processos de impressão do papel-moeda eram o
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tradicional offset, impresso simultaneamente na frente e no verso das cédulas, a gravura em talho-doce, ou calcografia, e a tipografia usada para a numeração. Outras garantias eram conferidas pelo papel filigranado e por um ou outro artifício, naquela ocasião, ainda não muito desenvolvidos.
1.2 EFEITO SEGURO A superposição não exata, ou indevida, das retículas, causa um efeito chamado de moiré. Aloisio Magalhães percebeu que o desenho gerado a partir do moiré, já era um empecilho para a falsificação. Pois era praticamente impossível, ou inviável do ponto de vista econômico, a reprodução exata desse efeito. Seguindo essa linha de raciocínio, Aloisio foi declarado ganhador do concurso. O autor Chico Homem de Melo (2012, p.331), no livro Linha do Tempo do Design Gráfico no Brasil, fala sobre a proposta vencedora: “Ela representa uma mudança radical em relação ao padrão vigente, e coloca o Brasil entre os primeiros países do mundo a adotar uma visualidade modernista em seu papel-moeda” . O desenvolvimento completo leva três anos, e as novas cédulas produzidas pela Casa da Moeda entram em circulação em 1970. Esse foi um importante passo do design gráfico brasileiro, mostrando ao mundo a capacidade de projetar e produzir seu próprio papel-moeda. Apesar da inovação visual, não houve mudança nos personagens representados nelas, os grandes “vultos” 22
da história permaneceram, Homem de Melo (2012, p.331) destaca: “Há aqui uma discussão de fundo em relação à ideia de identidade nacional, uma vez que cédulas são um espaço privilegiado para a construção de uma galeria de referências simbólicas”. Os tamanhos diferenciados de cada cédula são um fator relevante, pois ajudam na identificação dos valores pelos os deficientes visuais. No ano de 1972, foi lançada uma cédula comemorativa ao Sesquicentenário da Indepedência do Brasil, seguindo alguns princípios do primeiro projeto de Aloísio Magalhães, mas é considerada uma cédula avulsa, com linguagem própria. A imagem do anverso, chamada de Evolução da raça brasileira, causou polêmica, como explica Homem de Melo, (2012, p. 430): “Foi acusada de privilegiar o homem branco, supostamente apresentado como o ponto mais alto da evolução”. Em 1973, foi anunciado o general Geisel, como sucessor de Médici. No final desse ano, houve um conflito nos países árabes o que culminou com o aumento significativo do preço do petróleo, com um efeito devastador nas economias mundiais. Geisel, ao contrário da maioria dos dirigentes dos países que, para enfrentar essa crise, entraram em recessão, apostou na continuidade da expansão do crescimento. Afirma o autor Oscar Pilagallo (2009, p. 85):
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No primeiro ano de governo Geisel, o PIB aumentou quase 10%, ritmo pouco inferior à média do milagre e muito mais intenso que o registrado por seus parceiros comerciais.
Só no seu primeiro ano de governo, os gastos do País com a importação de petróleo duplicaram e a inflação também começou a pressionar. No âmbito político, Geisel deu início ao processo de redemocratização. Mas a linha dura seguiu, pois ele não queria abrir mão do poder que detinha, dessa maneira a sociedade não tinha plena confiança nessa distensão do regime, e o plano parecia muito lento. Esse descontamento foi refletido nas eleições parlamentares de 1974; se a população não podia eleger o presidente, elegeu a maioria dos deputados da oposição, fazendo com que o governo deixasse de ter mais de dois terços necessários na Câmara para a aprovação de emendas constitucionais. O assassinato do jornalista Wladimir Herzog, no ano de 1975, morto pelos militares, provocou a indignação popular, que, pela primeira vez, se manifestou publicamente contra o regime, desde o AI-5. A derrota nas eleições parlamentares, a repercussão negativa do assassinato do jornalista e o crescimento da oposição, fizeram com que Geisel lançasse mão de um pacote de ações que ficou conhecido como Pacote de Abril. Nele, o presidente 24
usou toda a força que o regime militar dispunha para assegurar a aprovação de emendas e dessa forma diminuir a força da oposição. Entre as medidas, estavam a redução do número necessário para aprovação de emendas, passando de dois terços para maioria simples, continuidade das eleições indiretas para governador. 1.3 Cédulas do baralho Aloísio Magalhães continuava a sua parceria com a Casa da Moeda e uma nova série começou a ser projetada. A primeira cédula foi lançada sozinha em 1978 e trazia a imagem do barão do Rio Branco e logo ficou conhecida como “barão”. A casa da Moeda exigiu algumas mudanças no projeto e a família ficaria completa somente em 1981. Essa série tornou-se conhecida como cédulas do baralho e a originalidade do projeto a torna caso único na história do design numismático mundial. Homem de Melo (2012, p.430), destaca: A engenhosidade do projeto reside no fato de que a cédula está sempre posicionada no sentido da leitura, não importando o modo como o usuário a coloque na carteira. Para isso, tanto as informações do anverso como do reverso foram duplicadas, ao modo de uma carta de baralho – aliás, elas se tornaram conhecidas exatamente como cédulas do baralho.
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1.4 início da redemocratização No primeiro dia de 1979, por decreto de Geisel, o AI-5 foi extinto e o cenário estava pronto para a sucessão. Em maio, o general João Baptista Figueiredo assume a Presidência e deixa claro que daria continuidade ao processo de redemocratização. Diz Pilagallo (2009, p.94) sobre o novo presidente: Conhecido pelo estilo direto, que com frequência resvalava em grosseria, o presidente se manifestava com ênfase na defesa da redemocratização. Prendo e arrebento, afirmava ele, referindo-se aos que se opunham ao processo.
Em agosto do mesmo ano, é sancionada a lei da anistia, que inclui tanto terroristas como torturadores, e cerca de 5 mil pessoas são beneficiadas. Após 15 anos de regime militar, dos quais 10 sob o AI-5, já era possível perceber que os anos mais duros da ditadura haviam ficado para trás. No final de 1979 e começo de 1980 o clima era de festa, mesmo tendo pela frente um mandato inteiro militar. Em meados da década de 1980, os projetos numismáticos de Aloísio Magalhães, começam a serem substituídos e a “Casa da Moeda do Brasil (CMB), passa ser responsável pelo design das cédulas brasileiras”, afirma Homem de Melo (2012, p.537). 26
Padrão Monetário: Cruzeiro – Cr$ Lançamento: 15/5/1970 Base Legal: Resolução 144, de 31/3/1970, do Conselho Monetário Nacional. Fabricante: Casa da Moeda do Brasil
Análise Visual As cédulas da família do Cruzeiro possuem uma leitura predominantemente horizontal. Dois eixos verticais, posicionados à esquerda da cédula, dão equilíbrio à composição, em relação à efígie colocada à direita. Existe um nivelamento das informações apresentadas: valor da cédula, valor por extenso e efígie, mas com um ponto de tensão nas linhas verticais. Com o contraste, derivado do espessamento de pontos especifícos das linhas, surge o valor numérico na parte inferior da cédula, causando tensão. A maior parte das informações está contida em aproximadamente 60%
Anverso
da área da cédula, ocupando as partes central e direita. Nas efígies, são apresentados o busto da República e grandes vultos da história, ambos em relação de símbolo com o objeto. Nota-se o moiré, que forma a textura do fundo da cédula e um grafismo artístico que serve de suporte para o numeral. No reverso, a estrutura de leitura permanece a mesma do anverso, assim como as principais características. O peso da nota agora está do centro para a esquerda e dentro da moldura estão representadas cenas do cotidiano, arquitetura e economia.
Reverso 27
As cédulas a seguir estão no tamanho original e em ordem cronológica.
Valor: Cr$ 1,00 Anverso: Efígie simbólica da República Reverso: Edifício histórico situado na cidade do Rio de Janeiro (Av. Rio Branco, 30). Nele funcionaram o Ministério da Fazenda, a Caixa de Conversão, a Caixa de Estabilização e a Caixa de Amortização, atualmente é ocupado pelo Banco Central (Departamento do Meio Circulante) Período de Circulação: 15/5/1970 a 30/6/1984
Anverso
Formato: 147mm x 66 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso
Valor: Cr$ 5,00 Anverso: D. Pedro I (1798-1834) Reverso: Quadro atribuído ao pintor Leandro Joaquim, pintado entre 1779 e 1790 Período de Circulação: 15/5/1970 a 30/6/1984 Formato: 152mm x 69 mm Cores Principais:
Reverso
Foto: Acervo pessoal
Anverso
Valor: Cr$ 10,00 Anverso: D. Pedro II (1825-1891) Reverso: Escultura representando O Profeta Daniel, de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (provavelmente em 1730-1814) Período de Circulação: 15/5/1970 a 30/6/1984 Formato: 157mm x 72 mm Cores Principais:
Foto: Acervo pessoal
Anverso
Reverso
Valor: Cr$ 50,00 Anverso: Marechal Manuel Deodoro da Fonseca (1827-1892) Reverso: Painel de autoria de Cândido Portinari, representando a colheita do café. A obra, com 2,80 m x 2,97 m, integra o conjunto de 12 afrescos do Salão Portinari do Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, executado em 1944, retratando os ciclos históricos do trabalho no Brasil Período de Circulação: 15/5/1970 a
Anverso
30/6/1984 Formato: 162mm x 75 mm
Reverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Valor: Cr$ 100,00 Anverso: Marechal Floriano Vieira Peixoto (1839-1895) Reverso: Vista do Congresso Nacional, em Brasília (DF), obra projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer Período de Circulação: 15/5/1970 a 30/6/1987 Formato: 167 mm x 78 mm Cores Principais:
Foto: Acervo pessoal
Anverso
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Reverso
Valor: Cr$ 500,00 Anverso: Figuras representativas da evolução étnica brasileira, numa seqüência das dirversas raças, por ordem de precedência histórica Reverso: Sequência de Cartas Geográficas históricas, representando a evolução do espaço físico territorial brasileiro, nas suas diferentes fases - descobrimento, comércio, colonização, independência e integração Período de Circulação: 15/11/1972 a
Anverso
30/6/1987 Formato: 172 mm x 78 mm
Reverso
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Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Padrão Monetário: Cruzeiro – Cr$ Lançamento: 6/12/1978 Base Legal: Resolução 144, de 31/3/1970, do Conselho Monetário Nacional. Fabricante: Casa da Moeda do Brasil
análise visual É evidente a simetria na composição das informações, no anverso e reverso, dessa família do Cruzeiro. Essa simetria confere equilíbrio à composição. As efígies não possuem mais moldura, sua relação com o objeto é simbólica. No reverso, as ilustrações são um fator indicial da relação da efígie com o fato histórico. Tarjas horizontais nas partes superior e inferior, no anverso, composta
Anverso
por linhas contínuas e entrelaçadas sugerem movimento. A área branca nas extremidades da cédula causam um ponto de tensão. Abaixo dessa área, existe uma pequena ilustração geométrica abstrata, apenas como apoio. As cédulas a seguir estão no tamanho original e em ordem cronológica.
Reverso 34
Valor: Cr$ 1.000,00 Anverso: Retrato do barão do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos - 1845-1912), inspirado em fotos oficiais da época em que era ministro de estado (1902-1912) Reverso: Painel baseado no taqueômetro utilizado na Questão das Missões e no mapa da fronteira definitiva entre Brasil e Argentina, feito por Dionísio Cerqueira, em 1904 Período de Circulação: 6/12/1978 a Anverso
15/1/1989 Formato: 154 mm x 74 mm Cores Principais:
Reverso
Valor: Cr$ 100,00 Anverso: Retrato do duque de Caxias (Luís Alves de Lima e Silva - 1802-1880), inspirado em litogravura original de S. A. Sisson Reverso: Painel baseado em detalhe da gravura Villa de Queluz, de autoria de Heaton & Rensburg. No centro, dividindo as duas imagens, a espada que pertenceu a Caxias Período de Circulação: 8/9/1981 a 30/6/1987 Formato: 154 mm x 74 mm
Anverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
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Valor: Cr$ 200,00 Anverso: Retrato da Princesa Isabel (18461921), inspirado em fotos pertencentes à coleção de D. Pedro Gastão, Palácio GrãoPará, Petrópolis, Rio de Janeiro Reverso: Painel reproduzindo a fotolitografia La Cuisine à la Roça, de Victor Frond Período de Circulação: 8/9/1981 a 30/6/1987 Formato: 154 mm x 74 mm Cores Principais:
Reverso
Foto: Acervo pessoal
Anverso
Valor: Cr$ 500,00 Anverso: Retrato do marechal Manuel Deodoro da Fonseca, inspirado em fotos oficiais da época da Proclamação da República Reverso: Painel inspirado no óleo de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo Compromisso Constitucional, datado de 1896 Período de Circulação: 8/9/1981 a 30/6/1987 Formato: 154 mm x 74 mm Cores Principais:
Foto: Acervo pessoal
Anverso
Reverso
Valor: Cr$ 5.000,00 Anverso: Retrato do marechal Humberto de Alencar Castelo Branco (1900-1967), baseado em foto da coleção de Paulo Castello Branco Reverso: Painel representando o desenvolvimento do País no campo da energia hidrelétrica e das telecomunicações Período de Circulação: 8/9/1981 a 15/1/1989 Formato: 154 mm x 74 mm Cores Principais:
Reverso
Foto: Acervo pessoal
Anverso
Padrão Monetário: Cruzeiro – Cr$ Lançamento: 1o/11/1984 Base Legal: Resolução 144, de 31/3/1970, do Conselho Monetário Nacional. Fabricante: Casa da Moeda do Brasil
análise visual Aqui nota-se o surgimento de uma ilustração secundária, indicial, em relação à efígie simbólica. O conjunto das ilustrações ocupa cerca de 50% da área, posicionada ao centro-direito da cédula, na parte superior. Na parte inferior, uma tarja formada por ilustrações é suporte para as informações de valores da nota. À esquerda, existe uma faixa vertical branca que muda o sentido de leitura, pois, na parte inferior, existe uma ilustração com o valor nu-
Anverso
meral da cédula. Arabescos abaixo da inscrição Banco Central do Brasil dão leveza à composição. No reverso, uma ilustração, indicial ao tema, ocupa cerca de 60% da área e outras ilustrações dão apoio na ocupação da área à esquerda. Na área em branco, o ponto de tensão está no valor numeral e a tarja horizontal na parte inferior foi simplificada. As cédulas a seguir estão no tamanho original e em ordem cronológica.
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Valor: Cr$ 10.000,00 Anverso: Retrato de Rui de Oliveira Barbosa (1849-1923), tendo à esquerda composição representativa de sua mesa de trabalho Reverso: Composição baseada em fotografia cedida pela Casa de Rui Barbosa, mostrando o homenageado discursando na Segunda Conferência da Paz, realizada em Haia, em 1907 Período de Circulação: 1o/11/1984 a Anverso
15/3/1990 Formato: 154 mm x 74 mm Cores Principais:
Reverso
Valor: Cr$ 50.000,00 Anverso: Retrato de Oswaldo Gonçalves Cruz (1872-1917) Reverso: Vista do edifício principal do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, construído pelo homenageado Período de Circulação: 1o/11/1984 a 15/3/1990 Formato: 154 mm x 74 mm Cores Principais:
Foto: Acervo pessoal
Anverso
Reverso
Valor: Cr$ 100.000,00 Anverso: Retrato de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976), ladeado por composições representando realizações de seu governo (energia elétrica, transportes, agricultura) Reverso: Composição que representa, em primeiro plano, os prédios que compõem o Congresso Nacional, tendo como fundo, à esquerda, o Catetinho e à direita, vista do Palácio da Alvorada Período de Circulação: 3/10/1985 a
Anverso
15/3/1990 Formato: 154 mm x 74 mm
Reverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
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2o período – Democracia Com a extinção das duas siglas existentes, a Aliança Renovadora Nacional (Arena – situação) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), no final de 1979, começa o movimento de criação de partidos. O objetivo era que, com o pluripartidarismo, mesmo com a redemocratização, a oposição perdesse força e a situação continuasse no governo. Com diversas manobras políticas, o governo obtém êxito, ao conter o ímpeto da oposição, o que permite a continuidade da abertura política. O autor Oscar Pilagallo, de A História do Brasil (1980 - 2000), 2009, editora Publifolha, p.14, afirma: Tendo como objetivo precípuo favorecer a situação – e não redemocratizar o País –, o pluripartidarismo foi planejado nos mínimos detalhes para limitar o desempenho eleitoral das novas agremiações oposicionistas”.
No dia 25 de janeiro de 1984, milhares de pessoas lotam a praça da Sé, para um comício. Esses comícios começam a se espalhar pelo Brasil, e participam políticos de todos os partidos, sindicalistas, estudantes e artistas.
2
Esse movimento fica conhecido como Diretas-Já, cuja principal figura é o presidente do PMDB, Ulysses Guimarães. Mesmo com toda essa manifestação da sociedade, as eleições de 1985 ainda ocorrem de forma indireta. Nela, Tancredo Neves, ex-governador de Minas Gerais, e seu vice José Sarney, vencem com folga. A sociedade comemora, afinal, a ditadura militar havia ficado para trás. Assim que foi eleito, Tancredo vai viajar, visitando diversos países , inclusive os Estados Unidos, dessa forma estaria neutralizada qualquer resistência militar à sua posse. Quando retorna ao Brasil, interna-se às pressas, com suspeita de apendicite e não pode assumir. Seu quadro clínico piora consideravelmente e na realidade Trancredo tivera um tumor benigno. Após 38 dias e após sete intervenções cirúrgicas, Trancredo Neves morreu em 21 de abril de 1985. 2.1 inflação crônica José Sarney assume e sem opção e força política, tenta fazer o que imaginava que Tancredo faria. Fora todas as dificuldades políticas que enfrentava, Sarney tinha outra prioridade de ordem econômica: a inflação herdada do governo anterior, que estava na casa dos 300% anuais. Comenta o autor Pilagallo (2009, p.33): “Sarney, presidente fraco, não tinha cacife político para pedir sacrifícios à sociedade”.
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Sua primeira decisão foi a redução de despesas, pois tinha como premissa que a inflação era causada pelo déficit público, ou seja, o governo gasta mais do que arrecada. Outras teorias surgiram, entre elas, uma ganha força e dela surgiu o Plano Cruzado. E, por consequência, surge a necessidade de uma mudança no padrão visual das cédulas. O design das cédulas passa a ter uma liguagem visual mais solta, não havendo limitadores, como molduras ou fios, e grandes vultos da história passam a ser o tema central da nota; as efígies são colocadas em fundos formados por fusões de imagens. Homem de Melo (2012, p. 537), exemplifica: “A cédula de Cecília Meireles é o melhor exemplo dessa linguagem mais leve e colorida, que evita uma estrutura visual excessivamente demarcada”. O formato das cédulas também diminuiu, passando de 154mm x 74mm para 140mm x 65mm. No quadro de inflação crônica que o Brasil passa naquele momento, os preços sobem porque no dia anterior haviam subido. Uma teoria do autor Chico Lopes ganhou força, ela propõe que em vez de medidas recessivas, um choque apague a memória da inflação passada, congelando os preços. A memória inflacionária apresenta vida própria, alimentada pela indexação da economia, assim, cada aumento de preço era incorporado permanentemente e retransmitido em cadeia. A solução proposta para quebrar esse círculo era que o governo, através do congelamento de preços, estancassem os aumentos. Mas nem todos no governo estavam de acordo com a solução encontrada. 47
Em 1986, a projeção da inflação passou dos 500% e assustou o governo. Mesmo com o plano incompleto, Sarney marca a data para a divulgação, 28 de fevereiro. Os técnicos envolvidos ainda tinham dúvidas, pois haveria mudança de moeda, congelamento de preços e, abono salarial e caso não desse certo, seria difícil desfazê-lo. 2.2 plano verão O resultado foi imediato, a inflação caiu e a popularidade do presidente subiu. O plano não queria somente acabar com a inflação, havia também ambições de justiça social com redistribuição de renda. Com o congelamento de preços, a população saiu às compras, mas o País não estava preparado para a onda de consumo, destaca Pilagallo (2009, p. 38): “Da festa do consumo à crise de abastecimento , porém, foi um passo: de uma hora para outra, simplesmente não havia produção que desse conta de tanta demanda”. Nesse cenário, em que a procura supera a oferta e com a economia superaquecida, aperece o ágio. Para a compra de certos produtos, era necessário pagar um valor acima da tabela. O governo tentava esfriar o consumo, mas o presidente não queria tomar nenhuma medida impopular, pois estava às vésperas das eleições estaduais, e não queria pôr em risco a sua popularidade, por isso manteve o congelamento de preços e o resultado foi sentido nas urnas. O PMDB elegeu governadores em todos os Estados, menos em Sergipe; obteve maioria no Senado e na Câmara, dominando o Congresso, que teria como principal tarefa elaborar a nova Constituição. 48
Passada as eleições, o governo elevou os impostos indiretos; na prática acabou com o congelamento e, com isso, a inflação disparou. Em 1987, sem reservas em dólares para pagar a dívida externa, o governo decreta a moratória do pagamento dos juros da dívida. Com isso vem o fim do Plano Cruzado. Em 5 de outubro de 1988, é promulgada a Constituição, na qual a defesa dos direitos individuais é privilegiada. No mesmo ano, a inflação atinge quatro dígitos e não mostra nenhum sinal de queda. Na tentativa de contê-la, o governo, em 1989, lança o Plano Verão, com nova moeda: o Cruzado Novo. Novamente não funciona. A avaliação do presidente Sarney vai de mal a pior, era 1989 e ano eleitoral. Os candidatos que vão para o segundo turno são Fernando Collor de Mello, a imprensa o rotulava como o “caçador de marajás”, e Luiz Inácio Lula da Silva, ex-metalúrgico e sindicalista. A mídia apoiava Fernando Collor; com edições tendenciosas dos debates ocorridos na televisão, manipulava a opinião pública. Com mais recursos e apoio de uma grande parcela da população, Fernando Collor se torna o presidente mais votado e mais jovem da história, com cerca de 35 milhões de votos e aos 40 anos.
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Logo no início de governo, seu discurso era de facilitar as importações, privatizar as estatais, como também a modernizar a economia. Também anuncia o maior plano de combate à inflação, o Plano Collor, com o congelamento de preços e salários, mudança na moeda (volta a se chamar Cruzeiro), aumento de impostos e tarifas e, o que surpreende a população, o confisco da poupança. Segundo Pilagallo (2009, p.49): Sem dinheiro na praça, não havia como, num primeiro momento, a inflação não ceder. Como no Cruzado, porém, logo voltaria a subir sem controle e em meio a nova recessão”.
2.3 novas temáticas As mudanças no design das cédulas também acompanham as mudanças econômicas. A fim de não perder mais dinheiro, o Banco Central decide carimbar as notas existentes de Cruzados Novos, cortando três zeros do seu valor de face. Continuam a ser retratadas figuras importantes da nossa história científica, cultural e, pela primeira vez, o anverso de uma cédula é dedicado à fauna brasileira, retratada por um beija-flor alimentando seus filhotes. Homem de Melo diz (2012, p.537) diz: “Há aqui a manisfestação de uma outra visão de história e de brasilidade, veiculada em um suporte que permite sua ampla difusão”. 50
Com novas temáticas sendo exploradas, o papel do designer gráfico passa a ter maior peso na concepção das cédulas. Marise Ferreira da Silva, gerente da área dos Analistas e Projetistas de Valores da Casa da Moeda, explica o processo: O brienfing é passado pelo Banco Central. São eles que decidem quais são as temáticas das cédulas. A equipe de criação da CMB prepara alguns estudos, isso depende da disponibilidade das pessoas, que podem estar envolvidas em outros projetos. São 24 pessoas trabalhando na área de criação, formadas em Belas-Artes e Comunicação Visual, são Analistas e Projetistas de Valores. Aqui são elaborados além de cédulas, todos os papéis de segurança, selos entre outros materiais.
A partir da estampa da Cecília Meireilles, as cédulas começam a sair com a moeda correta, ou seja, por um período, circularam as cédulas carimbadas com as de Cruzeiro. Em 1992, as efígies crescem e passam a ocupar aproximadamente 35% do anverso da cédula. Homem de Melo (2012, p. 627), destaca: “... em closes que criam um efeito de escala – os rostos ampliados chegam a dar a impressão de que o formato das cédulas cresceu”.
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2.4 impeachment O descontentamento dos empresários, que, em um primeiro momento, acreditaram nas promessas de modernidade do presidente, somado à crise econômica, o deixava cada vez mais isolado no poder, pois também não tinha apoio parlamentar. Em maio de 1992, uma grave acusação feita por seu irmão caçula, Pedro Collor, abala ainda mais o seu governo. Pedro o acusava de ser líder de um esquema de corrupção sem precedente, onde o seu ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, extorquia empresários, cujos negócios dependiam do governo federal. O esquema teria rendido cerca de US$ 1 bilhão. Por iniciativa do PT, se obteve o número necessários de assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e início das investigações. Com a intenção de proteger, o presidente, das denúncias, foi feito um acordo para limitar as investigações às atividades de PC Farias. A princípio, deu certo, mas a imprensa, em junho de 1992, divulga uma entrevista do motorista da secretária particular do presidente, que cuidava das suas finanças pessoais. Nessa entrevista, o motorista afirma que PC Farias pagava diversos gastos e contas pessoais não só do presidente, como também da primeira-dama Rosane. A imprensa estava atenta a qualquer novidade sobre o escândalo presidencial.
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Luciano Suassuna e Luís Costa Pinto, em Os Fantasmas da Casa da Dinda (São Paulo: Contexto, 1992, p. 80) afirmam: Iniciava-se aí uma sequência de inverdades que levaram o presidente a se envolver de forma cada vez mais direta nas apurações da CPI. Quanto mais Collor se explicava mais ficava provada a estreita ligação financeira entre o empresário Paulo César Farias e a Casa da Dinda.
Collor tenta se explicar, mas a cada explicação a situação se complica cada vez mais. Dois dos principais jornais do País pedem a sua renúncia. No final de agosto, a CPI termina o relatório e nele o presidente é considerado passível de indiciamento em cinco crimes: prevaricação, defesa de interesses privados, corrupção passiva, formação de quadrilha e estelionato. Uma votação na Câmara autoriza a abertura do processo de impeachment. No dia 2 de outubro de 1992, Fernando Collor de Mello assina o documento que oficializa o seu afastamento, em uma situação inédita na América Latina. Assume o seu vice, Itamar Franco, e a sociedade comemorou a vitória da democracia.
53
Itamar assume a presidência com grande apoio parlamentar, mas havia a desconfiança dos mais liberais por causa da sua fama de ser um político de ideias estatizantes. Pilagallo (2009, p. 64), diz: “Seu passado político indicava que ele sempre seria refratário às concepções liberais em voga no mundo, as mesmas que tinham ajudado a eleger Collor”. Mas essa desconfiança passa quando ele não se opôs à política de privatizações e nem aos acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI). A crise econômica ainda existia e podia ser medida por meio da troca dos ministros da Fazenda. Foi quando Itamar convida Fernando Henrique Cardoso para assumir a pasta da Fazenda. No final do ano de 1993, é apresentado parte de um plano econômico, que consiste na criação de um indexador, a Unidade Real de Valor (URV), o embrião de uma nova moeda. Estava em circulação o Cruzeiro Real e, meses depois, após alguns ajustes, a URV começava a cumprir o seu papel, que era estabilizar os preços; com isso, em 1o de julho de 1994, a nova moeda é lançada, o Real, a décima na história do País.
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Padrão Monetário: Cruzado – Cz$ Lançamento: 28/2/1986 Base Legal: Decreto-Lei 2.283, de 27/2/1986, substituído pelo Decreto-Lei 2.284, de 10/3/1986. Resolução 1.100, de 28/2/1986, do Conselho Monetário Nacional
análise visual
Fabricante: Casa da Moeda do Brasil
Manteve-se o uso de uma ilustração secundária, indicial em relação à efígie. A estrutura de construção e o formato (154mm x 74mm) permanecem os mesmos da última família do Cruzeiro. O ponto de tensão está localizado na área branca vertical, à esquerda, dando equilíbrio à composição, destacando o valor numérico da cédula, na parte inferior. Compõe, ainda, uma ilustração indicial em relação ao simbolismo da ilustração principal, no segundo plano, conferindo mais destaque à informação. As ilustrações no anverso ocupam cerca de 70% da área. A tarja inferior continua, mas houve simplificação na sua construção,
Anverso
contrastando com as ilustrações mais livres, dessa maneira, dando mais peso nessa área. Na cédula de 10 mil cruzados, ela foi suprimida. O arabesco, formado por linhas sinuosas, continua, aplicado tanto no anverso como no reverso da nota. No reverso, a ilustração principal continua indicial ao tema, agora ocupando cerca de 75% da área. A tarja está mais leve, contendo apenas o valor nominal por extenso da cédula. O ponto de tensão está na parte superior, à direita, na faixa vertical branca, no valor numérico da nota. Ilustrações secundárias e abstratas compõem a construção da cédula.
55
Reverso
As cédulas a seguir estão no tamanho original e em ordem cronológica.
Valor: Cz$ 10,00 Anverso: Retrato de Rui de Oliveira Barbosa (1849-1923), tendo à esquerda composição representativa de sua mesa de trabalho Reverso: Composição baseada em fotografia cedida pela Casa de Rui Barbosa, mostrando o homenageado discursando na Segunda Conferência da Paz, realizada em Haia em 1907 Período de Circulação: 22/4/1986 a 15/3/1990 Formato: 154 mm x 74 mm
Anverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso
Valor: Cz$ 50,00 Anverso: Retrato de Oswaldo Gonçalves Cruz (1872-1917) Reverso: Vista do edifício principal do Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, construído pelo homenageado Período de Circulação: 22/4/1986 a 15/3/1990 Formato: 154 mm x 74 mm Cores Principais:
Reverso
Foto: Acervo pessoal
Anverso
Valor: Cz$ 100,00 Anverso: Retrato de Juscelino Kubitschek de Oliveira (1902-1976), ladeado por composições representando realizações de seu governo (energia elétrica, transportes, agricultura) Reverso: Composição que representa, em primeiro plano, os prédios que compõem o Congresso Nacional, tendo como fundo, à esquerda, o Catetinho e à direita, vista do Palácio da Alvorada. Período de Circulação: 22/4/1986 a
Anverso
15/3/1990 Formato: 154 mm x 74 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso
Valor: Cz$ 500,00 Anverso: Retrato de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), ladeado por representação de vitórias-régias, em alusão à Amazônia Reverso: Villa-Lobos regendo; ao fundo, vista de uma floresta brasileira, fonte de inspiração permanente do artista, baseada em gravura de Rugendas Período de Circulação: 20/10/1986 a 31/10/1990 Formato: 154 x 74 mm
Anverso
Foto: Acervo pessoal
Reverso
Cores Principais:
Valor: Cz$ 1.000,00 Anverso: Retrato de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), tendo à esquerda o emblema da Academia Brasileira de Letras Reverso: Estampa representativa da Rua Primeiro de Março, no Rio de Janeiro, (antiga Rua Direita), baseada em foto de 1905 Período de Circulação: 29/9/1987 a 31/10/1990 Formato: 154 mm x 74 mm
Anverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso
Valor: Cz$ 5.000,00 Anverso: Retrato de Cândido Torquato Portinari (1903-1962), tendo, à esquerda, gravura com trecho final do painel épico Tiradentes, concluído em 1949 Reverso: À esquerda, gravura baseada em foto que mostra Portinari desenhando o painel Baianas. À direita, outra gravura lembra elementos do painel Paz, que evoca cenas da infância do artista em Brodósqui (SP) Período de Circulação: 15/9/1988 a
Anverso
31/12/1990 Formato: 154 mm x 74 mm
Reverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Valor: Cz$ 10.000,00 Anverso: Retrato de Carlos Chagas (18791934), baseado em foto de 1931, tendo, à esquerda, gravura representando esquema clássico do ciclo evolutivo do protozoário Trypanosoma cruzi (o barbeiro). Reverso: Gravura mostra Carlos Chagas trabalhando em laboratório Período de Circulação: 24/11/1988 a 31/12/1990 Formato: 154 x 74 mm
Anverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso
Padrão Monetário: Cruzado Novo – NCz$ Lançamento: 16/1/1989
análise visual
Base Legal: Medida Provisória 32, de 15/1/1989, convertida na Lei 7.730, de 31/1/1989.
Essa família passa a ter um novo formato, menor, pois passou de 154mm x
Resolução 1.565, de 16/1/1989, do Conselho Monetário Nacional
74mm para 140mm x 65mm. O anverso permanece com duas ilustrações,
Fabricante: Casa da Moeda do Brasil
sendo que a principal, uma efígie de personalidades, e a secundária, é indicial em relação à primeira. Elas ocupam cerca de 70% da área. O sentido de leitura segue horizontal, reforçado pela tarja inferior, que contém o seu valor nominal por extenso. Por causa do nome da moeda ser composto, ele é construído em duas linhas, dessa maneira, se sobrepõe à efígie, o mínimo possível, no anverso. O valor numérico causa um ponto de tensão, pelo seu posicionamento na parte inferior da faixa branca vertical, que contém a marca d´água, O fundo das cédulas passa a ser mais elaborado e dinâmico; com traços sobrepostos, formam uma textura ótica que embeleza e dá suporte para
Anverso
as figuras principais. Ilustrações secundárias completam a construção. No reverso, a ilustração principal é mais livre, em grande parte formada por uma fusão de imagens, ocupando de 70% a 85% (em alguns casos), ela é indicial à personalidade abordada. Uma ilustração, em escala menor, à esquerda do reverso, é o negativo da existente no anverso da cédula, tornando-se assim um desenho de registro, posicionada sempre próximo às microchancelas, no anverso, sendo indicial ao tema. A tarja, no reverso, é suporte para o valor nominal da cédula. Os arabescos continuam, mas de uma forma mais discreta.
Reverso
As cédulas a seguir estão no tamanho original e em ordem cronológica.
Valor: NCz$ 1,00 Anverso: Retrato de Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908), tendo à esquerda o emblema da Academia Brasileira de Letras Reverso: Estampa representativa da Rua Primeiro de Março, no Rio de Janeiro, (antiga Rua Direita), baseada em foto de 1905 Período de Circulação: 16/1/1989 a 31/10/1990 Formato: 154 mm x 74 mm
Anverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso
Valor: NCz$ 5,00 Anverso: Retrato de Cândido Torquato Portinari (1903-1962), tendo, à esquerda, gravura com trecho final do painel épico Tiradentes, concluído em 1949 Reverso: À esquerda, gravura baseada em foto que mostra Portinari desenhando o painel Baianas. À direita, outra gravura lembra elementos do painel Paz, que evoca cenas da infância do artista em Brodósqui (SP) Período de Circulação: 16/1/1989 a
Anverso
31/10/1990 Formato: 154 mm x 74 mm
Reverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Valor: NCz$ 10,00 Anverso: Retrato de Carlos Ribeiro Justiniano das Chagas (1879-1934), baseado em foto de 1931, tendo, à esquerda, gravura representando esquema clássico do ciclo evolutivo do protozoário Trypanosoma cruzi (o barbeiro) Reverso: Gravura mostrando Carlos Chagas trabalhando em laboratório Período de Circulação: 16/1/1989 a 31/10/1990
Anverso
Formato: 154 mm x 74 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso
Valor: NCz$ 50,00 Anverso: Efígie de Carlos Drumond de Andrade (1902-1987), aparecendo, ao fundo, o casario e as montanhas de Itabira (MG) Reverso: Uma gravura representa o poeta em sua mesa, no ofício de escrever. À direita da gravura, estão reproduzidos os versos do poema Canção Amiga Período de Circulação: 17/3/1989 a 30/9/1992 Formato: 140 mm x 65 mm
Anverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 67
Valor: NCz$ 100,00 Anverso: Retrato de Cecília Meireles (1901-1964), tendo, à esquerda, a reprodução de desenho de sua autoria, ao qual se sobrepoem em alguns versos manuscritos extraídos de seus Cânticos. Reverso: A gravura, à esquerda, representa o universo da criança, suas fantasias e o momento da aprendizagem. O painel é completado, à direita, com a reprodução de desenhos feitos pela escritora, representativos de seus estudos e pesquisas sobre folclore, músicas e danças populares Período de Circulação: 19/5/1989 a 30/9/1992 Formato: 140 x 65 mm Cores Principais:
68
Valor: NCz$ 200,00 Anverso: Efígie simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura. À esquerda, gravura simbolizando a reunião de ideais republicanos, onde aparecem as personagens históricas de Silva Jardim, Benjamim Constant, marechal Deodoro da Fonseca e Quintino Bocaiúva Reverso: Detalhe do quadro Pátria, do pintor Pedro Bruno (1888-1949), onde aparece a bandeira do Brasil sendo bordada no seio de
Anverso
uma família Período de Circulação: 8/11/1989 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 69
Valor: NCz$ 500,00 Anverso: Efígie do cientista Augusto Ruschi (1915-1986), ladeada por alegorias de flora e fauna, destacando-se uma representação da Cattleya labiata warneri, orquídea que, com dezenas de variedades, é a mais típica do Espírito Santo e a maior flor do gênero no Brasil Reverso: Ruschi examinando orquídeas, aparecendo em destaque a figura de um beija-flor
Anverso
Período de Circulação: 8/2/1990 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 70
Padrão Monetário: Cruzeiro – Cr$ Lançamento: 16/3/1990 Base Legal: Medida Provisória 168, de 15/3/1990, convertida na Lei 8.024, de 12/4/1990.
análise visual
Resolução 1.689, de 18/3/1990, do Conselho Monetário Nacional
Nessa família de cédulas, novamente chamada de Cruzeiro, o formato
Fabricante: Casa da Moeda do Brasil
permanece o mesmo (140 mm x 65 mm). O sentido de leitura, tanto no anverso como no reverso continua sendo horizontal, tendo como apoio uma tarja, principalmento no reverso. Em algumas cédulas, a temática das ilustrações passa a simbolizar a fauna e as belezas naturais. Há, também, uma releitura da cédula de um Cruzeiro (1970), feita por Aloísio Magalhães. A efígie tem seu tamanho alterado em duas cédulas e, pela primeira vez, a ilustração ultrapassa o grid e tem parte do topo cortado. As ilustrações secundárias, indiciais ao tema, são formadas por uma fusão de imagens, que ocupam cerca de 80% da área. A ilustração de
Anverso
registro fica mais evidente nessa família. O fundo se faz cada vez mais complexo, com linhas sinuosas e entrelaçadas que formam belas texturas e, juntamente com a paleta cromática, sugerem movimento à composição. Mesmo com o encurtamento do nome do padrão monetário vigente, o valor nominal por extenso da cédula continua sendo composto em duas linhas. No reverso, a ilustração principal é normalmente ambientada, com ilustrações secundárias que reforçam a representação temática. O ponto de tensão continua no valor numérico da nota, sempre no canto superior direito.
Reverso 71
As cédulas a seguir estão no tamanho original e em ordem cronológica.
Valor: Cr$ 50,00 Anverso: Efígie de Carlos Drumond de Andrade (1902-1987), aparecendo, ao fundo, o casario e as montanhas de Itabira (MG) Reverso: Uma gravura representa o poeta em sua mesa, no ofício de escrever. À direita da gravura, estão reproduzidos os versos do poema Canção Amiga Período de Circulação: 15/4/1990 a 30/9/1992 Formato: 140 mm x 65 mm
Anverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 72
Valor: Cr$ 100,00 Anverso: Retrato de Cecília Meireles (1901-1964), tendo, à esquerda, a reprodução de desenho de sua autoria, ao qual se sobrepõem alguns versos manuscritos extraídos de seus Cânticos Reverso: A gravura, à esquerda, representa o universo da criança, suas fantasias e o momento da aprendizagem. O painel é completado, à direita, com a reprodução de desenhos feitos pela escritora,
Anverso
representativos de seus estudos sobre folclore, músicas e danças populares Período de Circulação: 15/4/1990 a 30/9/1992 Formato: 140 x 65 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 73
Valor: Cr$ 200,00 Anverso: Efígie simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura. À esquerda, gravura simbolizando a reunião de ideais republicanos, onde aparecem as personagens históricas de Silva Jardim, Benjamim Constant, marechal Deodoro da Fonseca e Quintino Bocaiúva Reverso: Detalhe do quadro Pátria, do pintor Pedro Bruno (1888-1949), onde aparece a bandeira do Brasil sendo bordada no seio de
Anverso
uma família Período de Circulação: 15/4/1990 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 74
Valor: Cr$ 500,00 Anverso: Efígie do cientista Augusto Ruschi (1915-1986), ladeada por alegorias de flora e fauna, destacando-se uma representação da Cattleya labiata warneri, orquídea que, com dezenas de variedades, é a mais típica do Espírito Santo e a maior flor do gênero no Brasil Reverso: Ruschi examinando orquídeas, aparecendo em destaque a figura de um beija-flor
Anverso
Período de Circulação: 15/4/1990 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 75
Valor: Cr$ 1.000,00 Anverso: Efígie de marechal Cândido Mariano da Silva Rondon (1865-1958), tendo, à esquerda, gravura em que aparece uma estação telegráfica pioneira, além da representação de uma floresta e de mapa com contornos do Brasil e da América do Sul Reverso: Casal de índios carajás, ladeado pela representação de alimentos e de uma habitação nhambiquara Período de Circulação: 31/5/1990 a
Anverso
15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 76
Valor: Cr$ 5.000,00 Anverso: Efígie da República, tendo, à esquerda, rosácea em guilhochê (desenhos contínuos e simétricos em que a ponta de trabalho retorna ao ponto inicial) Reverso: Representação das Armas Nacionais, ladeada por composição de rosáceas em guilhochê Período de Circulação: 9/4/1990 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
Anverso
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 77
Valor: Cr$ 5.000,00 Anverso: Efígie de Antônio Carlos Gomes (1836-1896), tendo, à esquerda, três figuras que fazem parte do monumento existente no Teatro Municipal de São Paulo, as quais representam O Guarani, Salvador Rosa e O Escravo, três de suas mais importantes óperas Reverso: À direita, parte do monumento já referido no anverso e, à esquerda, um piano que pertenceu ao homenageado Período de Circulação: 11/6/1990 a
Anverso
15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 78
Valor: Cr$ 10.000,00 Anverso: Efígie do cientista Vital Brazil (1865-1950), tendo, à esquerda, gravura que representa cena clássica de extração do veneno, tarefa básica para a produção de soros Reverso: Painel calcográfico mostrando um antigo serpentário, com destaque para a cena de cobra muçurana devorando uma jararaca Período de Circulação: 26/4/1991 a 15/9/1994
Anverso
Formato: 140 mm x 65 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 79
Valor: Cr$ 50.000,00 Anverso: Efígie de Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), tendo à esquerda, cena de jangadeiros Reverso: Cena do Bumba-meu-boi, bailado popular do folclore brasileiro Período de Circulação: 9/12/1991 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm Cores Principais:
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Anverso
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Valor: Cr$ 100.000,00 Anverso: Cena de um beija-flor Amazilia lactea alimentando filhotes no ninho Reverso: Vista das Cataratas do Iguaçu, situada na fronteira com a Argentina Período de Circulação: 24/7/1992 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm Cores Principais:
Foto: Acervo pessoal
Anverso
Reverso 81
Valor: Cr$ 500.000,00 Anverso: Efígie de Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945), tendo, à esquerda, desenho inspirado em fotografia de sua autoria, intitulada Sombra Minha. Acompanhada pelo último verso do conhecido poema Eu sou trezentos... . Reverso: Cena representando Mário de Andrade conversando com crianças, ladeada por prédios que simbolizam o crescimento vertiginoso da cidade de São Paulo na época
Anverso
do escritor Período de Circulação: 29/1/1993 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 82
Padrão Monetário: Cruzeiro Real – CR$ Lançamento: 1o/8/1993 Base Legal: Medida Provisória 336, de 28/7/1993, convertida na Lei 8.697, de 27/8/1993
análise visual As efígies nessa família continuam com a ilustração ultrapassando o
Fabricante: Casa da Moeda do Brasil
limite da cédula, nos dois valores mais altos, passam a retratar tipos da população brasileira, o gaúcho e a baiana. O formato e o sentido de leitura permanecem os mesmos. Mas a tarja horizontal foi praticamente suprimida. As ilustrações secundárias, indiciais ao tema, são formadas por uma fusão de imagens, o que causa unidade na cédula e ocupa cerca de 80% da área. A ilustração de registro continua evidente, nessa família. O fundo formado por padrões geométricos forma texturas que contrastam com as ilustrações. Nota-se o uso da paleta cromática formando gradientes, que sugerem movimento à composição e um contraste de
Anverso
cor. O nome do padrão monetário vigente é longo e o valor nominal por extenso da cédula continua sendo composto em duas linhas. No reverso, houve a maior mudança, nas cédulas do gaúcho e da baiana, as ilustrações mudam o sentido de leitura. A ilustração principal, nesses casos, retrata o dia a dia, indiciais à efígie retratada no anverso. Ilustrações secundárias reforçam a representação temática. Mas a leitura do valor nominal por extenso continua na horizontal. O ponto de tensão continua no valor numérico da nota, sempre no canto superior direito.
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As cédulas a seguir estão no tamanho original e em ordem cronológica.
Valor: CR$ 50,00 Anverso: Efígie de Luís da Câmara Cascudo (1898-1986), tendo, à esquerda, cena de jangadeiros Reverso: Cena do Bumba-meu-boi, bailado popular do folclore brasileiro Período de Circulação: 2/8/1993 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm Cores Principais:
Foto: Acervo pessoal
Anverso
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Valor: CR$ 100,00 Anverso: Cena de um beija-flor Amazilia lactea alimentando filhotes no ninho Reverso: Vista das Cataratas do Iguaçu, situada na fronteira com a Argentina Período de Circulação: 2/8/1993 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm Cores Principais:
Foto: Acervo pessoal
Anverso
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Valor: CR$ 500,00 Anverso: Efígie de Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945), tendo, à esquerda, desenho inspirado em fotografia de sua autoria, intitulada Sombra Minha. Acompanhada pelo último verso do conhecido poema Eu sou trezentos... . Reverso: Cena representando Mário de Andrade conversando com crianças, ladeada por prédios que simbolizam o crescimento vertiginoso da cidade de São Paulo na época
Anverso
do escritor Período de Circulação: 2/8/1993 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
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Cores Principais:
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Valor: CR$ 1.000,00 Anverso: Retrato de Anísio Spínola Teixeira (1900-1971), tendo, à esquerda, vista parcial da Escola Parque, integrante do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, projeto do arquiteto e engenheiro Diógenes Rebouças, sob orientação do próprio Anísio Reverso: Cena alegórica referente à proposta de ensino levada a efeito pela Escola Parque, cujo, fundamento e método defendem a educação como processo
Anverso
constante de reorganização e reconstrução de experiências Período de Circulação: 1o/10/1993 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
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Cores Principais:
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Valor: CR$ 5.000,00 Anverso: Efígie de gaúcho, ladeada por painel que retrata, em visão simultânea, a fachada e o interior das ruínas da Igreja de São Miguel das Missões (RS), construída pelos jesuítas na primeira metade do século XVII Reverso: Painel apresentando cena do gaúcho manejando o laço, na captura do gado. Sob as legendas da margem inferior, reproduções de acessórios típicos que o gaúcho usa em sua lida diária: boleadeira,
Anverso
relho, guampa e esporas Período de Circulação: 29/10/1993 a 15/9/1994 Formato: 140 mm x 65 mm
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Cores Principais:
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Valor: CR$ 50.000,00 Anverso: Efígie de baiana, com torço e colares, tendo a esquerda painel onde figuram alguns de seus mais importantes balagandãs, os quais possuem diversos significados: romã e cacho de uvas (fecundidade); figa de madeira e dentes de animais (proteção); caju (abundância); peixe, cordeiro e pombas do Espírito Santo (elementos resultantes do sincretismo com o catolicismo) Reverso: Cena de baiana, trajada com o
Anverso
requinte dos dias de grande festa, com o clássico tabuleiro, preparando o acarajé. Ao fundo vê-se perspectiva da Igreja do Bonfim, em Salvador, cenário de uma das mais famosas festas do sincretismo religiosos brasileiro: a Lavagem do Bonfim Período de Circulação: 30/3/1994 a
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Formato: 140 mm x 65 mm Cores Principais:
3o período – Estabilidade econômica Com o lançamento do Real, as cédulas permanecem com mesmo formato, 140mm x 65mm, com uma mudança brusca na temática das ilustrações. Saí a efígie de grandes personalidades e entra, no anverso, o busto da República e um animal da fauna brasileira no reverso. Homem de Melo (2012, p.627), destaca: A crença por de trás da mudança parece ser a de que o usuário não está atento a este ou aquele personagem; em outras palavras, aparentemente se acredita que a mudança de personagem não seria uma diferença relevante do ponto de vista da percepção cotidiana. Trata-se de um raciocínio controverso, especialmente se forem lembradas as muitas cédulas brasileiras que ganharam o apelido de suas efígies; no passado, um “cabral” e um “barão” tornaram-se verdadeiras unidades monetárias.
O sucesso do Real permite que Fernando Henrique Cardoso (FHC) se candidate à Presidência da República em 1994. Em outubro daquele ano, FHC obtém 54% dos votos e derrota Lula no primeiro turno.
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Com um conjunto de iniciativas, como ajustes na política cambial, aumento dos juros, entre outras, a correção do Plano Real dá resultado e o País passava por sua primeira grande crise mundial, sem muitos problemas. Novas crises vieram, o governo lança mão de diversas medidas para defender a moeda e estancar a crise. Em 1998, FHC é eleito para seu segundo mandato e o Plano Real completa 4 anos de vigência e estabilidade ecônomica. Nas eleições de 2002, Lula se elege Presidente da República e o Real segue como moeda forte. Pilagallo (2009, p.88), destaca: Em linhas gerais, a política econômica de FHC, de garantir a estabilidade com juros elevados, alvo de críticas por parte do PT então na oposição, foi mantida pelo seu sucessor, o presidente Lula.
3.1 Segunda família do Real Em 2010, é apresentada, pelo Banco Central, a segunda família de cédulas do Real. Segundo Marise: “Os animais continuaram os mesmos da primeira família, assim não se correria o risco da população achar que é uma nova moeda”. Foram
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estudados os hábitats desses animais, seus hábitos, movimentos, tudo para ser o mais fiel possível à realidade. Uma das principais mudanças ocorreu com as ilustrações. Elas mudaram de orientação em relação à primeira família, a pedido do Banco Central, para aumentar as áreas de segurança da cédula. A tipografia usada é uma fonte comercial, modificada a pedido do BC. O formato é diferente para cada valor; existem mais itens de segurança, como holografias, marcas d´água mais elaboradas, marcas táteis mais precisas, para as pessoas com deficiência visual. São usados, na criação das cédulas e em todos os impressos de segurança, computadores com as plataformas Windows e iOS, ambos com programas da Adobe System e um específico para a criação de fundos de segurança. “A equipe está sempre buscando referências no mercado internacional, participando de congressos e feiras, boa parte, voltados para a área de segurança”, diz Marise.
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Padrão Monetário: Real – R$ Lançamento: 1o/7/1994
análise visual
Base Legal: Medida Provisória 542, de 30/6/94. Lei 8.880, de 27/5/1994
No Real, a efígie do busto da república é caracteristíca marcante no anverso de todos
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os valores das cédulas. A leitura continua horizontal, reforçada por uma tarja na parte inferior, que contém somente o nome do padrão monetário, o valor nominal por extenso foi suprimido. Seu formato continua em 140mm x 65mm. O valor numeral da cédula muda de posição, ficando no mesmo nível da éfigie e ocupando uma área mais central; seu tamanho foi aumentado em relação às outras famílias. O fundo é composto por um mosaico que forma diversos padrões geométricos em faixas diagonais na mesma direção, que sugerem movimento. Não existe ilustração secundária no anverso; o foco é na efígie do busto da república e o ponto de tensão é o valor numeral da cédula, no canto superior direito. A ilustração de registro continua nessa família, representando o desenho das armas nacionais. A paleta cromática é formada por diversos tons de uma faixa cromática, sendo que
Anverso
para cada valor é associada a uma cor. No reverso, o sentido de leitura da ilustração se manteve na vertical, como nas últimas cédulas de Cruzeiro Real. A ilustração principal passa a retratar animais da nossa fauna, representando a nossa biodiversidade. Aqui, o valor nominal por extenso da cédula aparece dentro de uma tarja, no final da ilustração, que serve como delimitador da área ilustrada. Os valores numerais da cédula aparecem em duas ocasiões e em tamanhos diferentes; o maior ocorre em cima da tarja, que reforça a associação do animal ilustrado com o valor da nota, e o segundo, menor, aparece no canto superior direito. O fundo é mais simples em relação ao anverso, destacando a ilustração.
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As cédulas a seguir estão no tamanho original e em ordem cronológica.
Valor: R$ 1,00 Anverso: Efígie Simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura Reverso: Gravura de um Beija-Flor Amazilia lactea. O Beija-Flor é típico do continente americano e ocorrem mais de cem espécies no Brasil Período de Circulação: 1o/7/1994 (em circulação) Formato: 140 mm x 65 mm Cores Principais:
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Anverso
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Valor: R$ 5,00 Anverso: Efígie Simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura Reverso: Figura de uma Garça Casmerodius albus, ave pernalta (família dos ardeídeos), espécie muito representativa da fauna encontrada no território brasileiro Período de Circulação: 1o/7/1994 (em circulação) Formato: 140 mm x 65 mm Cores Principais:
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Anverso
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Valor: R$ 10,00 Anverso: Efígie Simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura Reverso: Gravura de uma Arara Ara chloreptera, ave de grande porte da família dos psitacídeos, típica da fauna do Brasil e de outros países latino-americanos Período de Circulação: 1o/7/1994 (em circulação) Formato: 140 mm x 65 mm Cores Principais:
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Anverso
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Valor: R$ 50,00 Anverso: Efígie Simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura Reverso: Figura de uma Onça Pintada Panthera onca, conhecido e belo felídeo de grande porte, ameaçado de extinção, mas ainda encontrado principalmente na Amazônia e no Pantanal Matogrossense Período de Circulação: 1o/7/1994 (em circulação) Formato: 140 mm x 65 mm
Anverso
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Cores Principais:
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Valor: R$ 100,00 Anverso: Efígie Simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura Reverso: Gravura de uma Garoupa Epinephelus marginatus, peixe marinho da família dos serranídeos, e um dos mais conhecidos dentre os encontrados nas costas brasileiras Período de Circulação: 1o/7/1994 (em circulação) Formato: 140 mm x 65 mm
Anverso
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Cores Principais:
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Valor: R$ 10,00 – Cédula Comemorativa dos 500 anos do Descobrimento do Brasil* Anverso: Efígie de Pedro Álvares Cabral, o navegador português que descobriu o Brasil em 22/04/1500 e o mapa Terra Brasilis, uma das primeiras representações da nova terra Reverso: Versão estilizada do mapa do Brasil, formada por quadros. Alguns deles contêm fisionomias típicas do povo brasileiro (índio, branco, negro e mestiço), retratando a pluralidade étnica e cultural do Brasil
Anverso
contemporâneo Período de Circulação: 24/4/2000 (em circulação) Formato: 140 mm x 65 mm
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Cores Principais:
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* A cédula foi projetada por Tereza Regina Barja Fidalgo, com trabalho gráfico de Marise Ferreira da Silva, em parceria com técnicos do Departamento do Meio Circulante do Banco Central do Brasil. As gravuras manuais, feitas por Mário Dittz Chaves e Cláudia Lopes Tolentino, foram baseadas em fotografias de Bruno Alves/Reflexo, Luiz Cavalcanti Damasceno, João Américo Peret e Nízio Fernandes.
Valor: R$ 2,00 Anverso: Efígie Simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura Reverso: Gravura de uma tartaruga marinha Eretmochelis imbricata ou tartaruga-depente. Homenagem a uma espécie que estava em extinção e que, graças ao trabalho desenvolvido pelo Projeto Tamar, agora é preservada no litoral brasileiro Período de Circulação: 13/12/2001 (em circulação)
Anverso
Formato: 140 mm x 65 mm
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Cores Principais:
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Valor: R$ 20,00 Anverso: Efígie Simbólica da República, interpretada sob a forma de escultura Reverso: Figura de um Mico-leão-dourado Leonthopitecus rosalia, primata de pêlo alaranjado e cauda longa nativo da Mata Atlântica, que é o símbolo da luta pela preservação das espécies brasileiras ameaçadas de extinção Período de Circulação: 27/6/2002 (em circulação)
Anverso
Formato: 140 mm x 65 mm
Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
Reverso 103
Padrão Monetário: Real – R$ Lançamento: 13/12/2010 Base Legal: Medida Provisória 542, de 30/6/94. Lei 8.880, de 27/5/1994 Fabricante: Casa da Moeda do Brasil
análise visual Na segunda família do Real, a efígie do busto da república é mantida no anverso de todas as cédulas. A leitura continua horizontal, sendo que a composição das informações é marcada por uma clara divisão em quatro faixas verticais. Uma ilustração secundária vertical, na extremidade esquerda da cédula, reforça essa divisão. O fundo é composto por uma fusão de padrões complexos que remetem a formas orgânicas. O formato é diferenciado para cada valor a fim de facilitar a identificação da nota. A paleta cromática segue o mesmo padrão de cores da primeira família, reforçando a relação cor/valor. Apenas o valor numérico da cédula aparece no anverso, ocorrendo
Anverso
duas vezes, sendo uma delas acompanhada do nome do padrão monetário vigente. Esses dois valores causam pontos de tensão na composição. A marca de registro é um quebra-cabeça que, quando olhado contra a luz, tem a sua forma completada. O reverso é caracterizado por duas ilustrações do animal correspondente da cédula. A ilustração principal ocupa cerca de 30% da área e a secundária cerca de 10%. Ambas representam os animais em seu hábitat natural. O fundo segue o padrão do anverso, com formas orgânicas e microimpressões. O valor nominal por extenso aparece de forma discreta abaixo da da ilustração secundária. O sentido de leitura voltou a ser horizontal e a divisão vertical está sutil.
Reverso
As cédulas a seguir estão no tamanho original e em ordem cronológica.
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Valor: R$ 100,00 (2a família de cédulas do Real) Anverso: A Efígie da República como figura principal; o número “100”, a marca tátil; as expressões REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E DEUS SEJA LOUVADO; as legendas 100 REAIS e 2010, ano de aprovação do design da cédula; a faixa holográfica o quebra-cabeça; o número escondido e o elemento fluorescente. Reverso: A garoupa Epinephelus marginatus como figura principal; as expressões CEM
Anverso
REAIS e BANCO CENTRAL DO BRASIL, o número 100; o quebra-cabeça; as microchancelas e a dupla numeração da cédula, uma localizada no canto inferior esquerdo e a outra, fluorescente, no canto superior direito. Período de Circulação: 13/12/2010 (em circulação) Formato: 156 mm x 70 mm Foto: Acervo pessoal
Cores Principais:
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Valor: R$ 50,00 (2a família de cédulas do Real) Anverso: A Efígie da República como figura principal; o número 50, a marca tátil; as expressões REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E DEUS SEJA LOUVADO; as legendas 50 REAIS e 2010, ano de aprovação do design da cédula; a faixa holográfica; o quebracabeça; o número escondido e o elemento fluorescente. Reverso: A onça-pintada Panthera onca como figura principal; as expressões
Anverso
CINQUENTA REAIS e BANCO CENTRAL DO BRASIL, o número 50; o quebra-cabeça; as microchancelas e a dupla numeração da cédula, uma localizada no canto inferior esquerdo e a outra, fluorescente, no canto superior direito. Período de Circulação: 13/12/2010 (em circulação) Cores Principais:
Foto: Acervo pessoal
Formato: 149 mm x 70 mm
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Valor: R$ 20,00 (2a família de cédulas do Real) Anverso: A Efígie da República como figura principal; o número 20, a marca tátil; as expressões REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E DEUS SEJA LOUVADO; as legendas 20 REAIS e 2010, ano de aprovação do design da cédula; aplicação holográfica no numeral 20; o quebra-cabeça; o número escondido e o elemento fluorescente. Reverso: o Mico-leão-dourado Leonthopitecus rosalia como figura principal;
Anverso
as expressões VINTE REAIS e BANCO CENTRAL DO BRASIL, o número 20; o quebra-cabeça; as microchancelas e a dupla numeração da cédula, uma localizada no canto inferior esquerdo e a outra, fluorescente, no canto superior direito. Período de Circulação: 13/12/2010 (em
Foto: Acervo pessoal
circulação)
Reverso 107
Formato: 142 mm x 65 mm Cores Principais:
Valor: R$ 10,00 (2a família de cédulas do Real) Anverso: A Efígie da República como figura principal; o número 10, a marca tátil; as expressões REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL E DEUS SEJA LOUVADO; as legendas 10 REAIS e 2010, ano de aprovação do design da cédula; aplicação holográfica no numeral 10; o quebra-cabeça; o número escondido e o elemento fluorescente. Reverso: A arara Ara chloreptera como figura principal; as expressões DEZ REAIS e
Anverso
BANCO CENTRAL DO BRASIL, o número 10; o quebra-cabeça; as microchancelas e a dupla numeração da cédula, uma localizada no canto inferior esquerdo e a outra, fluorescente, no canto superior direito. Período de Circulação: 13/12/2010 (em circulação) Cores Principais:
Foto: Acervo pessoal
Formato: 135 mm x 65 mm
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A Casa da Moeda do Brasil Com mais de 300 anos de existência, a Casa da Moeda do Brasil (CMB), é uma das instituições públicas mais antigas do Brasil, vinculada ao Ministério da Fazenda. Quando criada, no Brasil Colônia, pelos portugueses, no final do século XVII, a atividade mineral era muito expressiva e, consequentemente, o comércio também estava aquecido, com isso, não havia suprimento monetário suficiente para as transações comerciais. Para terminar com esse caos, a CMB fica responsável por fabricar moedas, principalmente com o ouro vindo das regiões mineradoras. Um ano após sua fundação, em 1695, com a sede na cidade de Salvador, a CMB dá início às suas atividades, cunhando as primeiras moedas brasileiras, substituindo progressivamente todas as moedas estrangeiras que circulavam por aqui. Desde sempre fazendo parte da história do Brasil, em 1843, tornou o País o terceiro no mundo a emitir um selo postal, o Olho de Boi. Anos depois, a CMB é transferida para o Rio de Janeiro, capital da República, e logo após a sua modernização, em 1969, para garantir a sua autossuficiência de produção de seu meio circulante, surpreendendo especialistas internacionais, são lançadas cinco denominações de cédulas diferentes.
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Devido à grande demanda, por causa do crescimento econômico, há a necessidade de expansão e um complexo industrial é construído, ocupando cerca de 110 mil metros quadrados de um terreno de aproximadamente 500 mil metros quadrados, no Distrito Industrial de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro São três unidades industriais, o departamento de moedas e medalhas, responsável pela cunhagem das moedas em circulação, além de moedas e medalhas comemorativas. Também possui a gráfica geral que produz os materiais impressos de segurança, selos de controle, selos postais, bilhetes magnetizados, documentos de identificação, além de outros produtos. Por fim, o Departamento de Cédulas, onde são impressas todas as cédulas do meio circulante brasileiro, atendendo ao BCB. Contando com equipamento de última geração, em seus diversos setores de produção, com profissionais altamente qualificados, a CMB tem total condição para concorrer com os mercados interno e externo, exportando cédulas, moedas, entre outros produtos. Tendo como princípios “Inovação, arte e qualidade asseguradas da crição à produção de seus produtos”. Atualmente, a CMB tem programas sociais para adolescentes carentes em parceria com a Fundação para a Infância e Adolescência, além de já ter obtido
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a licença de operação da Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Rio de Janeiro. Renomados e premiados artistas, garantem a demanda e os requisitos exigidos pelos clientes, aliando criatividade artesanal com tecnologia de computação gráfica e gravação de matrizes, que colocam a CMB como “opção de qualidade, segurança, confiabilidade e beleza artística para seus produtos” no mercado. 4.1 Departamento de Cédulas O papel das cédulas brasileiras é fabricado pela Arjo Wings, na cidade de Salto, São Paulo, e embalados em pacotes de 500 folhas. O papel vem com os seguintes itens de segurança: Fibras coloridas, marca d´agua, fio magnético e banda holográfica para os valores de 50 e cem reais. Eunice Pereira da Silva, supervisora do Controle de Produção da Casa da Moeda, afirma: A falsificação só ocorre por desconhecimento nosso do que é verdadeiro. Se conhecêssemos melhor o nosso dinheiro, não receberíamos o dinheiro falso.
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Esses pacotes só podem ser abertos na seção de contagem, junto com um operador do setor e um da fiscalização. A fiscalização faz parte de todo o processo produtivo, junto com os operadores. A fiscalização assiste à contagem dos operadores para validá-la. O processo se inicia com a impressão offset, quando, através dos numeradores da impressora, é realizada mais uma contagem e também detectada alguma folha defeituosa. Nessa etapa, a folha recebe sua coloração respectiva ao valor a ser impresso e também os seguintes itens: fundos especiais, toda microimpressão, os registros coincidentes e, atualmente, as chancelas do ministro da Fazenda e do presidente do BCB. A impressora faz o registro nos dois lados da folha, no anverso e reverso. Depois da impressão offset, começa o processo de secagem desse papel, no mínimo por 24 horas. Colocados em paletes, com pacotes de 500 folhas, o papel é identificado, dessa maneira é possível rastrear quem fez a impressão de qualquer cédula. Coberto com uma capa transparente e levado para um cofre com temperatura ambiente e umidade do ar em torno de 80%.
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Segundo Eunice: Mesmo indo de uma seção para outra, o pelete só sai se estiver lacrado e identificado. Cada gerente é responsável por mandar e receber corretamente para depois prestar conta ao chefe de seção.
Além de todo esse controle interno de produção, ainda existe o monitoramento por câmeras. A aplicação da holografia é a fase seguinte e, aqui não existe tempo de secagem. A banda holográfica da nota de 20 reais da primeira família de Real vinha de fábrica no papel, mas o custo de produção de mil notas de 20 ficava mais caro do que produzir mil notas de cem ou 50 reais. Diz Eunice: A diferença do milheiro da cédula de 100, era de uns 40, 50 reais a mais para o milheiro da cédula de 20, porque não vendemos pelo valor da cédula, nós vendemos por milheiro.
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Diante desse cenário, a CMB decide adquirir uma máquina alemã aplicadora de holografias. Na segunda família do Real, a banda holográfica somente existe nas cédulas de 50 e cem, nas cédulas de 20 para baixo existe uma holografia aplicada pela própria CMB. O passo seguinte, é a impressão calcográfica. É uma impressão de segurança, onde uma chapa é desenhada, com sulcos, e estes são preenchidos por tinta. Quando em contato com o papel, por pressão, a tinta é transferida, ficando em alto-relevo, explica Eunice. Como é um processo em que o papel recebe muita tinta, são necessárias 48 horas de secagem para cada lado. Não se pode empilhar, para não correr o risco de borrar, as folhas são armazenadas intercaladas em pranchas com prateleiras. Só no processo de impressão, são necessárias 60 horas, ou seja, cinco dias, somente para a impressão de uma folha de cédulas. Depois de secas, contadas e validadas, as folhas seguem para a Crítica, onde só trabalham mulheres. Eunice explica o motivo: “Na Crítica, trabalham somente mulheres, por elas serem detalhistas, possuírem uma visão periférica melhor e serem mais concentradas”.
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Com aproveitamente quase total da folha, a máquina de acabamento recorta e individualiza em tiras as cédulas e, posteriormente, em maços. Existem duas contadoras em cada ponta dessa máquina, que cortam, embalam e etiquetam. Depois, esse dinheiro embalado vai fazer parte de um palete. Cada palete comporta 30 arranjos de 20 mil cédulas, ou seja, cada palete comporta 60 mil cédulas, que, se forem de 100 reais, dá o total de 60 milhões de reais, conta Eunice. Depois de pronto, o dinheiro é guardado em um cofre e o Banco Central decide quando levá-lo. Também é o Banco Central que escolhe o que vai nas cédulas, mas o desenho é produzido no Departamento de Matrizes da CMB, pelos artistas.
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Conclusão Na análise feita, foi apresentada a evolução do design gráfico aplicado ao papel-moeda brasileiro. Um suporte relativamente pequeno, com aproveitamento excelente da área disponível. Estão representados nele, por meio de ilustrações, grandes personalidades da história, belezas naturais e a fauna brasileira, além de atender às exigências em relação à segurança do Banco Central. Devido à instabilidade econômica registrada na história do País, o papel do design gráfico foi e continua fundamental na elaboração desse impresso, que é um dos mais manipulados pela sociedade, além de ser uma representação forte do País no estrangeiro. A representação física do dinheiro se dá por meio de moedas, em sua maioria cunhadas em metal, ou por cédulas de papel ou polímero. A cédula é um impresso que tem a comunicação quase perfeita, pois se uma pessoa viaja ao estrangeiro e tem contato visual com uma cédula, ela é capaz de distinguir por suas caractéricas físicas, o seu valor. A composição gráfica, a hierarquia visual, a paleta cromática escolhida e o formato diferenciado para cada cédula, no caso da segunda família do Real, acessível aos deficientes visuais, contando também, com marcas táteis, são os principais atributos gráficos para diferienciação de um nota. Essa pessoa, analfabeta (por desconhecer o idioma local), consegue, por meio dessas associações, atribuir valores para cada cédula. Seguindo esse racíocinio, essas pessoas passam a ser incluídas
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de alguma maneira na sociedade, participando de uma das primeiras atividades humanas, o comércio. Portanto, para que essa comunicação tenha ampla abrangência é uma premissa a comunicação com o mínimo de ruído possível. Um impresso de abrangência mundial é a representação física da economia de um País, ou seja, uma área de trabalho extremamente nobre. Nela, o País é representado. A cédula tem a obrigação de ser segura, de díficil reprodução, para que passe confiança aos seus usuários. Diversas pesquisas, mais o elaborado trabalho de design gráfico e tecnologia de impressão de última geração, possibilitam a criação de um papel-moeda belo e funcional. Linhas sinuosas, que formam diversos padrões gráficos, paleta cromática própria para cada valor e fusões de imagens, são elementos que compõem as características de cada família apresentada. São requisitos que refletem a zeitgeist, o clima socioeconômico e cultural da sociedade em determinada época, e servem como meio de armazenar e transmintir informações do período. Tudo isso sem perder o foco, que é comunicar seu valor. Dessa maneira, o usuário consegue criar associações monetárias para determinado objeto ou serviço. O desenvolvimento e a complexidade da linguagem gráfica aplicada aos projetos numismáticos, constituem a construção indicial e simbólica de cada cédula. São ilustrações, ricas em detalhes, que representam a identidade do País. Com esse material, o indivíduo tem como saber o poder de compra de determinada moeda.
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O designer gráfico Aloísio Magalhães (1970), adotou uma linha modernista na concepção da família do Cruzeiro (Cr$), tornando o País um dos pioneiros em utilizar essas características visuais em seu meio circulante. Também foi o pioneiro em tornar um erro gráfico, moiré, em solução fantástica de segurança. Ele é responsável pela quebra de paradigmas, com a segunda família do Cruzeiro, que ficou conhecida como notas de “baralho”, caso único na numismática mundial. Concluímos, também, ser relevante o papel do design gráfico, não só para a construção da cédula, mas também para a construção de uma identidade única e nacional. Através do design, temos a nossa história representada, por símbolos e índices. O refinamento no uso das linguagens visuais, uma melhor hierarquia das informações e a excelente qualidade profissional são refletidos na beleza e funcionalidade da segunda família do Real, resultado expressiva história do design gráfico brasileiro.
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