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Ano 3 - n.º 40 - julho 2018
Preço 0,01€
Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
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INTERIOR
A Lembrança do esquecimento Entre 1960 e 2016 o interior perdeu cerca de 1 milhão de pessoas As soluções do Movimento Pelo Interior para o setor empresarial, ensino superior e ciência e ocupação do território pelo Estado > Págs. 16, 17 e 18
Reportagem VivaDouro
Sernacelhe
Douro
Feira Medieval leva milhares de visitantes à vila de Penedono
Cavaco Silva homenageado pela autarquia local com a Medalha de Honra do município
Encerramento de 48 camas no CHTMAD gera indignação
> Págs. 10 e 11
> Pág. 20
> Pág. 28 PUB
2 VIVADOURO JULHO 2018
Editorial
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org
José Ângelo Pinto
Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário
Caros leitores,
Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-873) miguel.almeida@vivadouro.org Redação: Carlos Almeida carlos.almeida@vivadouro.org Departamento comercial: Carlos Rodrigues Tel.: 962 258 630 Tel.: 910 599 481 Ana Pinto Tel.: 910 165 994
NEGATIVO Depois das já anunciadas percas devido ao mau tempo, o Douro debate-se agora com a possibilidade de agravamento da situação com a proliferação de doenças na vinha como o míldio ou o oídio.
Sumário: Breves Páginas 4 e 5 Vila Real | Foz Côa Página 6
“Constituição e Ajudas Europeias à Agricultura”
Tabuaço Página 8 Penedono Página 9 Reportagem VivaDouro Páginas 10 e 11 Vários Concelhos Páginas 12, 13, 15, 19 e 28
Paginação: Rita Lopes
Sernancelhe Página 14
Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Administrador: José Ângelo da Costa Pinto Estatuto Editorial: http://www.public. vivadouro.org/vivadouro Detentores com mais de 10% do capital social: Lógica & Ética, Lda. Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Colaboradores: António Costa, António Fontainhas Fernandes, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Paulo Silva, Pedro Ferreira, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Silva Fernandes, Tiago Nogueira. Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org
Destaque Vivadouro Páginas 16, 17 e 18
Próxima Edição 22 AGOSTO
Inacabado há mais de 30 anos, o edifício do Hotel do Parque parece finalmente ter um fim à vista após ser vendido em leilão por cerca de 2 milhões de euros.
FOTO: DR
(des)alimentar a inteligência para investirem no contacto com os vossos Estamos no Verão. A região é forte- familiares e amigos distantes então mente animada pela visita dos turistas qual é que pode ser a dúvida sobre a e dos muitos portugueses e seus des- melhor opção? cendentes e consortes que se espalharam pelo mundo em busca de melho- Procurar entender os outros para res condições de vida. perceber as suas opções e ajudar com bons conselhos e boas alternativas é Não é preciso aqui dizer, pois o povo desafiante e obriga a esforço. Manter duriense sabe muito bem receber to- amigos e familiares, que não se vêm dos os que nos visitam, mas mesmo há muito tempo, no nosso coração é assim para os mais distraídos é uma fácil, mas alimentar estas amizades época de sarar feridas velhas e de fa- e fraternidades com inteligência e zer amigos novos pois é a altura do emoção que sejam úteis aos visados ano em que as famílias se conseguem já não é para todos! juntar, celebrar e por vezes até se reconhecer. Mas o esforço é recompensado com um muito maior conhecimento dos Aproveitar bem este tempo, distri- outros e de si próprio e o saldo é muibuindo o esforço dos afazeres pelo to positivo. esforço do investimento nos amigos e família é um forte desafio. Se tiverem Investir nos amigos e familiares comque deixar de jogar no computador al- pensa! gumas vezes ou deixar de assistir aos desafios com que a televisão nos tenta Cumprimentos,
FOTO: DR
POSITIVO
Lamego Páginas 20 e 21 Vila Real Páginas 22 e 24 Alijó Página 23 Torre de Moncorvo Página 25 Carrazeda | Mesão Frio Página 26 Sabrosa Página 27 Nacional Página 29 Opinião Página 30 Lazer Página 31
Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil
Tive de consultar a Constituição da República Portuguesa para esclarecer matérias relacionadas com a descentralização, tendo compreendido a vontade clara dos constituintes de instituir o escalão autárquico regional. Por exemplo, na parte II (Organização Económica) quando trata do planeamento económico e social, define os objectivos dos planos, tendo o cuidado de esclarecer que os planos nacionais podem integrar programas específicos de âmbito territorial e de natureza sectorial. Quanto à execução dos planos nacionais determina que “é descentralizada, regional e
sectorialmente” (art.º 91.º). De facto, é muito redutor que o actual debate político sobre a descentralização, se confine ao nível municipal. Não era isso que estava no espírito de quem aprovou a Constituição. No mesmo capítulo da Constituição acabei por encontrar um outro preceito surpreendente e que, apesar de traduzir o ambiente vivido no primeiro ano da era democrática, pode ser hoje explorado de uma forma distinta. No role das incumbências prioritárias do Estado, no âmbito económico e social, ainda figura textualmente: “eliminar os latifúndios e reordenar o minifúndio” (alínea h, art.º 81.º). Vem isto a propósito dos resultados da avaliação do PDR 2020 (Programa de Desenvolvimento Rural, no actual quadro de ajudas europeias a Portugal) no que respeita à floresta (medida 8) e que foram conhecidos na semana passada. Da leitura deste relatório resultou uma surpreendente distribuição regional dos apoios aprovados, por NUT II. Feitas as contas resultaram para o Alentejo 45%, enquanto o Norte se ficou pelos 13%! Não esqueçamos que a floresta em Portugal foi dramaticamente afectada pelos incêndios de 2017 e que o Alentejo não está entre as regiões mais problemáticas. Infelizmente, se passarmos das medi-
das florestais para os restantes sectores agrícolas, o panorama não é muito diferente. Afinal não se eliminaram os latifúndios, nem se reordenou o minifúndio. Pelo contrário, a forma como os fundos foram aplicados revela uma tendência inversa. Com isto não estou a defender que se regresse à reforma agrária de 1975. Mas antes que, num momento em que se inicia o processo de desenho do próximo período de programação, para depois de 2020, se acautele que o desenho e a programação dos fundos de apoio à agricultura e ao desenvolvimento rural não fiquem reféns das organizações mais poderosas e influentes, que afinal não agem a favor do interesse colectivo. É sabido que o actual PDR 2020, apesar de estar neste momento muito comprometido, ainda vai vigorar para além de 2020. Havendo atrasos na aprovação do novo quadro, ainda corremos o risco de as actuais regras serem aplicadas durante mais algum tempo para os adiantamentos, que Bruxelas fizer. Seria muito importante, para evitar este comportamento, que as medidas fossem regionalizadas e que para o desenho do novo quadro fosse convocada uma comissão técnica independente, tal como aconteceu com os incêndios florestais.
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Breves
CIM Douro apresenta plano de ação para as alterações climáticas
“Apologia para Guilherme” em apresentação inédita O Mosteiro de São João de Tarouca é palco no próximo dia 28 de julho da reconstituição da leitura da carta de São Bernardo da Claraval ao abade Guilherme, numa iniciativa que traz à luz do dia um texto com mais de 800 anos. Até agora nunca apresentado cenicamente, este é um projeto inédito que recria o momento da leitura da “Apologia para Guilherme” que no século XII foi lida em todos os mosteiros cistercienses e que agora volta a ter voz na Sala do Capítulo do primeiro mosteiro de Cister a ser construído em território português.
O Plano de Ação para as Alterações Climáticas no Douro (PAIAC - Douro) está a ser promovido pela CIM Douro, que agrega 19 municípios. Na quinta-feira, dia 19 de julho, em Tabuaço, distrito de Viseu, vai ser apresentado o resumo das principais orientações decorrentes da estratégia defenida pelo PAIAC, que tem enfoque na relação com o Alto Douro Vinhateiro. O PAIAC Douro consiste, segundo informações da CIM Douro, num “estudo multissetorial onde se pretende caracterizar, aos níveis municipal e intermunicipal, os impactos e as oportunidades colocadas pelas alterações climáticas”.
6ª Concentração Grupo Motard Os Amigos Binantes O Grupo Motard “Os Amigos Binantes”, de Vila da Ponte, Concelho de Sernancelhe, organiza, de 20 a 22 de julho, a 6ª Concentração Motard no parque de Festas da Vila da Ponte, na margem direita do Rio Távora, um espaço dominado por uma paisagem extraordinária, equipado com anfiteatro, parque de estacionamento, barraquinhas de venda de produtos regionais e servido por uma pequena ilha para recreio dos moto turistas.
Blaya ‘Faz Gostoso’ no Côa Summer Fest Além de Jimmy P, Putzgrilla e Mundo Segundo, também Blaya, a primeira mulher portuguesa a atingir o número um no Spotify das 50 músicas mais tocadas em Portugal, vai atuar no “maior festival da juventude do interior”, que se realiza entre 2 e 4 de agosto em Vila Nova de Foz Côa. A cantora de ‘Faz Gostoso’, que em menos de dois meses já atingiu a marca dos 18 milhões de plays no Youtube, vai atuar no dia 3 de agosto. Além dos concertos, o festival conta com outras atividades como a Côa Bubble Run, uma corrida repleta de espuma, uma Somersby Pool Party, com música até ao sol se pôr e um MiniFut Fest, um torneio de futebol em dimensões reduzidas.
Marcha e Corrida a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro Vão ser 5 quilómetros por uma boa causa! Todas as mulheres e todos os homens estão convidados a aderir à 9ª Marcha e Corrida da Mulher Duriense, uma caminhada solidária que será percorrida na manhã de 2 de setembro, a partir das 10h30. No final, as três primeiras mulheres a cruzarem a meta recebem um prémio. Uma parte do valor de cada inscrição reverte a favor da Liga Portuguesa Contra o Cancro. Os interessados podem inscrever-se em www.mulherduriense.pt ou no Complexo Municipal de Piscinas. Até 15 de agosto, o valor de cada inscrição é de apenas 3€.
VI passeio de motorizadas antigas de Guedieiros
FOTO: DR
O grupo Caracóis da Calçada, da pacata localidade de Guedieiros, concelho de Tabuaço, organizou o seu VI Passeio de Motorizadas Antigas, no passado dia 1 de julho. Cerca de 120 participantes amantes das 2 rodas invadiram Guedieiros para usufruir de um passeio pela região duriense, que já é considerado um dos melhores eventos do género na região. Apesar das condições atmosféricas adversas previstas para o grande dia, os participantes não se deixaram inibir, colocaram os seus capacetes, atestaram o depósito das suas motorizadas antigas com gasolina mistura, e partiram para o local da concertação, o Parque de Merendas de Guedieiros. FOTO: DR
Festival das Migas e do Peixe do Rio A Associação de Comerciantes e Industriais de Moncorvo (ACIM) com o apoio do Município de Torre de Moncorvo, organiza mais uma edição do Festival das Migas e do Peixe do Rio, nos dias 20, 21 e 22 de Julho. Para além das amêndoas cobertas, Torre de Moncorvo é conhecido a nível gastronómico pelas famosas migas e peixes do rio. Esta iguaria é confecionada com os peixes dos rios Douro e Sabor, pescados diariamente na única aldeia piscatória de Trás-os-Montes, a Foz do Sabor, pelos pescadores nos tradicionais barcos rabelos. A atividade piscatória é ainda o sustento de várias famílias desta freguesia, que durante a noite pescam o peixe, e que logo pela manhã entregam nos restaurantes e vendem à população local.
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Breves Milhares de motards na V Concentração Motard do Douro Entre os dias 13, 14 e 15 de julho, teve lugar em Peso da Régua, a V Concentração Motard do Douro. organizada pelo Motoclube da Régua, em parceria com o Município do Peso da Régua e várias entidades locais, esta iniciativa contou com a presença de milhares de motards, naturais de várias zonas do país, que eletrizaram o ambiente da cidade ao longo do fim de semana, com bandas como Ledderplain, Progeto Aparte, Banda Larga e os míticos Moonspell a energizarem o ritmo deste evento. A V Concentração Motard do Douro é mais uma iniciativa a decorrer em Peso da Régua no presente ano de 2018, consolidando a cidade como um destino de eventos diferenciados na região do Alto Douro Vinhateiro.
O Centro Interpretativo da Máscara Ibérica (CIMI) é, cada vez mais, um ponto de paragem obrigatório para todos aqueles que se interessam pela temática da Máscara e do Entrudo de Lazarim. A partir desta semana está patente ao público a nova exposição “Máscaras de Lazarim”, na qual o público pode apreciar cerca de 80 exemplares esculpidos em madeira de amieiro por diferentes artesãos desta pequena vila do concelho de Lamego. Reveladora de um saber fazer original e de um viver genuíno, esta exposição resulta do contributo de várias pessoas particulares e de artesãos que cederam, por empréstimo, estas máscaras. Recorde-se que a Câmara Municipal de Lamego pretende candidatar a máscara de Lazarim a Património Mundial da UNESCO, para que esta tradição ancestral e identitária seja preservada para as gerações vindouras.
A Escola do Douro - Lamego enviou para Lisboa uma delegação para receber formação na Academia ‘18 - Formação de Formadores. Este ano o tema central é o Futuro no Ensino para o Turismo. Foram 3 dias de formação intensiva que visou melhorar e inovar a forma de transmitir conhecimento aos nossos alunos.
ContoContigo em Paradela de Guiães, Sabrosa O ciclo de contos encenados pela Peripécia Teatro “ContoContigo” apresentou-se na aldeia de Paradela de Guiães no passado sábado, 14 de julho, e contou com uma casa cheia de público muito participativo. Num ambiente descontraído e pessoal, ao longo da encenação dos vários contos apresentados o público presente foi participando e interagindo neste evento, indo ao encontro de uma das principais caraterísticas do ContoContigo.
Séniores de Murça em passeio por Lamego O Município de Murça promoveu no passado sábado, 14 de julho, um passeio às termas da Curia e Nª. Senhora dos Remédios em Lamego, destinado à população sénior do concelho. O programa iniciou-se com a celebração da Eucaristia no Parque de Merendas da Curia, que antecedeu um almoço convívio. A tarde continuou bem divertida com animação musical no Parque das Termas da Curia, onde a boa disposição e alegria foram uma constante. Já de regresso a Murça, ainda houve tempo para um lanche convivo no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios em Lamego. Esta iniciativa foi realizada com a principal finalidade de estimular a vida ativa e a confraternização entre as pessoas que compõem esta faixa etária, e contou com o apoio das Juntas de Freguesia, dos Bombeiros Voluntários de Murça e da APPACDM de Sabrosa.
FOTO: DR
CIMI tem nova exposição dedicada às “Máscaras de Lazarim”
Academia ‘18 - Formação de Formadores
Férias ativas para os mais jovens em Santa Marta
Paulo Barradas apresenta “Martyrologium Lamecense” nos Paços do Concelho A Câmara Municipal de Lamego continua a apoiar ativamente todas as manifestações culturais existentes no concelho, através, por exemplo, da promoção de um vasto conjunto de ações de divulgação de obras da autoria de personalidades locais e regionais e de livros que se debruçam sobre a realidade sociocultural da nossa região. Neste sentido, o Salão Nobre dos Paços do Concelho foi, na tarde de 13 de julho, o palco escolhido para a apresentação pública do livro “Martyrologium Lamecense - Edição crítica de Paulo Barradas”. Esta obra é uma edição da Academia de Ciências de Lisboa.
Iniciaram-se no dia 9 de Julho, as atividades do projeto Férias Ativas 2018 promovido pelo Município de Santa Marta de Penaguião e que este ano conta com a participação de mais de trezentos jovens entre os 6 e 16 anos. Neste âmbito, e durante dois meses, são muitas as atividades propostas pela organização. Os jovens poderão participar em jogos desportivos, caminhadas, iniciação ao tiro com arco e flecha, idas à praia, gincanas com carros de pedais, práticas aquáticas, cinema, bem como ter um primeiro contacto com o roteiro pela EN 2, assistir a peças de teatro da Filandorra -Teatro do Nordeste e visitar o Centro de Tropas de Operações Especiais, em Lamego - CTOE.
Rampa Porca de Murça Entre os dias 28 e 29 de julho, em Murça realiza-se mais uma Rampa Porca de Murça. A prova é já paragem obrigatória para muitos pilotos que, ano após ano, discutem a vitória na mesma. A prova faz parte do calendário do Campeonato Nacional de Montanha e é organizado pela FPAK com o apoio do município local.
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Vila Real | Foz Côa
49º Circuito Internacional de Vila Real foi um sucesso curva era para a esquerda ou para a direita, estava um bocado confuso”, brincou. Apesar de estar no ambiente dos carros, nomeadamente os da Taça do Mundo de Carros de Turismo (WTCR), Miguel Oliveira tornou-se numa das principais atrações do circuito para os fãs do desporto motorizado. No final de mais um fim de semana de corridas, o presidente da câmara de Vila Real, Rui Santos, garantiu desde logo a continuidade das provas do campeonato mundial de velocidade, que voltarão ao circuito ci-
tadino no próximo ano. Já o regresso das motas será mais complicado, uma vez que a segurança exige outros requisitos. “Vila Real continuará a ter provas do campeonato mundial de velocidade do melhor que há”, garantiu o autarca, revelando que ao nível das motas é necessário investir mais na segurança. “Os riscos estão a ser analisados, mas precisamos de algum investimento, vamos ver o que acontece no futuro. Não é apenas uma questão de reforço da segurança”. ■
> Tiago Monteiro FOTO: JCM PHOTO
O momento mais marcante desta 5ª etapa do Campeonato do Mundo de Carros de Turismo, promovida pela FIA, foi mesmo o acidente que envolveu diversos carros, um acidente aparatoso, poucos metros após o arranque da primeira corrida que chegou mesmo a obrigar ao transporte de dois pilotos para o Hospital de Vila Real. O acidente aconteceu depois de um toque entre os Volkswagen do britânico Robert Huff (#12) e do marroquino Mehdi Bennani (#25), que estavam na frente da corrida, provocando um choque em cadeia, com os carros que se seguiam. A corrida foi imediatamente suspensa e houve entrada em pista de duas ambulâncias e das equipas médicas que prestaram assistência no local aos pilotos que foram depois levados ao hospital onde fizeram exames complementares. Além dos Volks-
wagen Golf, também os Honda Civic e os Seat Leon Cupra sofreram danos, o que levantou desde logo dúvidas sobre que pilotos estariam na discussão pela vitória em Vila Real. Fora da pista esteve Tiago Monteiro, o piloto português sofreu um acidente grave em setembro de 2017, durante a preparação para o campeonato não podendo correr na pista de Vila Real o que, afirmou ao VivaDouro, o deixou “bastante triste” até porque “gostaria de agradecer o apoio que recebeu de toda a gente com uma vitória ‘caseira’”. Vencedor deste circuito em 2016, Tiago Monteiro fez questão de estar presente em Vila Real, “é sempre bom estar aqui. A tristeza de não poder correr acaba por se dissipar pelo tempo que tenho para estar com as pessoas, é bom receber todo este apoio e carinho, também faz parte da recuperação”. Outra figura do fim de semana em Vila Real foi Miguel Oliveira. O piloto de motociclismo viveu um “dia único” no Circuito Internacional de Vila Real onde se tornou numa das principais atrações apesar do dia ser de corridas de carros. Miguel Oliveira, que a partir de 2019 vai competir no Mundial de Moto GP, associou-se à 49.º edição do Circuito de Vila Real, onde participou num festival de motos, distribuiu sorrisos, autógrafos e posou para ‘selfies’ com fãs de todas as idades. O piloto disse que viveu “um dia único” na cidade transmontana, onde experimentou o traçado, embora a “velocidades muito reduzidas”, que rondaram os 40 a 50 quilómetros hora. “Sobre a pista, tenho que ser honesto porque não sabia se a primeira
FOTO: JCM PHOTO
Uma vez mais, Vila Real foi palco de uma prova do, agora renovado, WTCR, um fim de semana intenso, marcado por um acidente grave que envolveu vários pilotos, a ausência de Tiago Monteiro da pista, ainda a recuperar de uma lesão grave, e a homenagem da cidade ao piloto do Moto GP2, Miguel Oliveira.
Vale do Côa liga-se a Altamira e Lascaux sob chancela da UNESCO O Vale do Côa vai juntar-se a Altamira (Espanha) e Lascaux (França) para integrar um roteiro europeu de arte pré-histórica sob a chancela da UNESCO, informou a Fundação Côa Parque. “Com a entrada do Vale do Côa nesta rede europeia dedicada à arte rupestre, ficamos unidos aos sítios mais emblemáticos desta cultura milenar, existentes na Europa e que partilham entre si problemas muito semelhantes, todos eles relacionados com a salvaguarda, valori-
zação e divulgação turística deste património”, disse à comunicação social o presidente de fundação, Bruno Navarro. Uma vez que os locais em causa estão classificados como Património da Humanidade, os responsáveis pela gestão da Arte do Côa, Altamira e Lascaux, acreditam que deve ser criado “um plano de gestão integral deste património”. “Queremos partilhar conhecimentos entre os técnicos que acompanham os três santuários mais emblemáticos da arte pré-histórica na Europa, para que este tipo de património seja gerido de uma forma mais integrada e sustentável”, vincou o responsável. Para Bruno Navarro, o património que existe no Vale do Côa, na Dordonha (França) e na Cantábria (Espanha), é testemunho de que as
manifestações artísticas não têm fronteiras. “Esta evidência existe desde os tempos mais remotos da ocupação humana”, sublinhou. Os responsáveis pelos três sítios da arte pré-histórica europeia manifestaram por escrito que o desígnio da mobilização de todos os agentes públicos e privados, das áreas da cultura, turismo e desenvolvimento rural, é que contribuam positivamente para impulsionar estratégias alargadas de cooperação internacional, visando a valorização económica e social destes territórios e destas populações. A Arte do Côa faz também parte de um Itinerário Cultural do Conselho da Europa, onde estão igualmente representados sítios como Altamira (Espanha), Lascaux, Chauvet, Niaux (França) ou Valcamónica (Itália).
Os sítios de arte rupestre do Vale do Côa situam-se ao longo das margens do rio Côa, sobretudo no município de Vila Nova de Foz Côa, estendendo-se por uma área de 20 mil hectares que abrange ainda os municípios vizinhos de Figueira de Castelo Rodrigo, Meda e Pinhel, no distrito da Guarda. A arte rupestre do Côa, inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO desde 1998, foi uma das mais importantes descobertas arqueológicas do Paleolítico Superior, em finais do século XX, em toda a Europa. Aquando da descoberta “Arte do Côa”, em 1994, os arqueólogos portugueses asseguraram tratar-se de manifestações do Paleolítico Superior (20 a 25 mil anos atrás) e estar-se perante “um dos mais fabulosos achados arqueológicos do mundo”. ■
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Tabuaço
São João durou nove dias em Tabuaço A vila de Tabuaço celebrou, uma vez mais, o São João. A festa é já centenária neste concelho e, ano após ano, tem sido um foco de atração turística e de celebração para todos os tabuacenses. Ao longo dos nove dias de festa foram diversos os momentos de interesse, desde os momentos musicais aos desportivos e culturais, numa programação que abrangeu diversos gostos e interesses. Para Carlos Carvalho, presidente da Câmara Municipal de Tabuaço, “a festa correu muito bem. Os pontos altos, qua atraíram mais gente, foram a Marcha Luminosa, a procissão e a festa de S. Pedro”. O autarca destacou ainda a excelente participação de todo o concelho, em especial das 22 freguesias que estiveram sempre presentes ao longo das festividades. “Tivemos uma ótima participação ao nível das freguesias com 16 das 22 a participarem na Marcha o que revela uma taxa de participação muito boa e com muita qualidade. Na procissão estiveram os 22 padroeiros presentes e uma participação massiva da nossa população. Tivemos também uma participação muito ativa das instituições do nosso concelho”. O São João é celebrado em diferentes concelhos da nossa região, contudo, a importância que tem para o concelho e a forma como este é organizado e promovido é sempre um pólo de atração para muita gente vinda de outros locais.
“Aqui à volta existem diversas localidades que celebram o S. João e tivemos também o circuito de Vila Real nesta altura mas, mesmo assim, consideramos que tivemos bastantes visitantes de fora o que nos deixa o desafio para no futuro pensar ainda mais neste público e em novas formas de o atrair”, afirmou o autarca. Carlos Carvalho refere ainda a excelente oportunidade que a organização desta festa representa a nível de promoção turística, para o autarca a tradição e a promoção turística podem e devem andar lado a lado, “é uma excelente forma de promovermos os nossos produtos locais, seja o vinho, o azeite, a cereja, etc. No fundo o que pretendemos é que dentro da tradição consigamos dinamizar a festa para que seja apelativa para quem nos visita”. ■
> A procissão em honra de S. Joao percorreu as ruas da vila
> A marcha luminosa encheu Tabuaço de luz e animação
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Penedono
Ricardo Vasconcelos é o novo selecionador de andebol britânico
Numa visita à sua vila natal, para participar com a sua equipa num torneio da modalidade, Ricardo esteve à conversa com o VivaDouro, dando-nos a conhecer um pouco mais do seu percurso e das ambições para o futuro. Onde nasce a paixão pelo andebol? A paixão nasce por influência do meu pai. O meu pai esteve envolvido no andebol desde jovem e obviamente eu acompanhava-o para todo o lado, ele treinava equipas da Associação de Andebol da Guarda e foi assim que tive o primeiro contacto com a modalidade. Foi nessa altura que o Núcleo de Andebol de Penedono (NAP) teve as suas primeiras experiências ao nível desportivo, foi assim que entrei no andebol. O meu pai formou um clube e eu e os meus amigos juntamo-nos e fomos a primeira equipa do NAP a competir. O NAP é um dos clubes que o município apoia, esse apoio é importante? Sem dúvida. O politicamente correto obrigar-me-ia a dizer que é suficiente mas não é, nunca é, nós queremos sempre mais e o desporto precisa sempre de mais mas é obvio que o apoio que o município tem dado ao clube tem sido fundamental e continuará a ser importante na evolução que o clube pode ter e para o sucesso que tem apresentado e que continuará a apresentar no futuro. Numa vila como Penedono, e outras da nossa região, faz mais sentido a promoção de desportos chamados de segunda linha ou, no futebol, por exemplo? Isto é uma opinião pessoal, obviamente, mas para mim faz todo o sentido apostar neste tipo de desportos, precisamente porque o futebol é um desporto muito mais “mainstream” o que facilita a angariação de patrocínios, ou atenção mediática, por exemplo. Um desporto como o andebol tem mais dificuldade nesses campos, daí eu achar que este apoio faz mais sentido nos desportos com menos impacto mediático. Este torneio que se realiza em Penedono é um estímulo para os jovens que praticam a modalidade, em especial com a presença de equipas com maior desenvolvimento? Obvio que sim, para além de que é também uma boa forma de “vendermos” o concelho
de Penedono e todas suas valências. O torneio vai já na nona edição e é um torneio que tem tido uma enorme importância no desenvolvimento da modalidade e na dinamização do concelho pela quantidade de gente que por aqui anda durante esse fim de semana. E não são apenas portugueses, isto porque temos também diversas equipas estrangeiras vindas de Espanha, por exemplo, e agora a seleção britânica. Como foi sair de Penedono e fazer carreira no estrangeiro? Foi interessante. Foi um desafio, mas um desafio que se coaduna com a minha personalidade. Sempre tive a ambição de me dedicar exclusivamente ao andebol, tanto como jogador como na posição de treinador. Estava à procura de uma oportunidade que me permitisse seguir esse sonho enquanto dava aulas de educação física, que é a minha formação, e treinava o NAP. Finalmente essa oportunidade surgiu, vi um anúncio online e concorri. Depois fui sendo chamado para as entrevistas e, o grupo inicial que era de 50 foi sendo reduzido à medida que o processo ia avançando. Também um desafio a nível logístico porque eu soube com quatro dias de antecedência que teria de estar em Inglaterra para uma entrevista. E à chegada, qual era o cenário no andebol na Grã-Bretanha? Este oportunidade surgiu com o “boom” da modalidade que se sentiu no pós Jogos Olímpicos. Londres organizou os jogos em 2012 e como nação organizadora tem direito a ter acesso a todas as modalidades sem qualificação, o andebol não foi exceção e a federação desenvolveu duas equipas, uma masculina e uma feminina, para participar. Essas equipas foram feitas com base em jogadores que já jogavam, muitos deles no estrangeiro e nem todos eram realmente britânicos, mas tinham um avô com passaporte britânico, por exemplo. Este trabalho gerou a necessidade de se fazer um trabalho mais específico, mais profissional. E já na Grã-Bretanha, qual é o percurso que fazes? O anúncio a que eu respondi procurava um “Handball development officer”, basicamente eu fui contratado, e transpondo isto para a nossa realidade, para desenvolver a modalidade num distrito, que no caso tinha aproximadamente 2 milhões de habitantes. Aí o meu objetivo era promover a modalidade, ia a escolas falar com alunos e professores, apoiava alguns clubes que já existiam e treinava a seleção distrital. Na sequência desse trabalho participamos num torneio distrital onde estavam algumas pessoas da federação a detetar talentos. A
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Ganhou gosto pelo andebol enquanto acompanhava o pai, um dos fundadores do Núcleo de Andebol de Penedono (NAP). Hoje, aos 34 anos, Ricardo Vasconcelos é selecionador da Grã-Bretanha.
nossa equipa teve um bom desempenho e no final essas pessoas vieram falar comigo para saber se eu estaria interessado em treinar os sub-16. A partir daí as oportunidades foram surgindo, passei depois para os sub-19, sub-21 e depois os seniores onde estou agora. Eu entrei no momento certo, na onda certa e consegui aproveitar, com muito esforço e trabalho, a oportunidade que me foi dada. E agora, qual é o desafio, quais são os patamares que pretendes atingir com a seleção da Grã-Bretanha? Analisando do exterior, o desenvolvimento de uma modalidade passa por dois aspetos fundamentais: quantidade e qualidade. Primeiro os números, depois a qualidade. Os meus primeiros três anos e meio foram de arranjar números, praticantes, ir a escolas falar com os miúdos, etc. Agora, na performance o objetivo já é filtrar essa quantidade, para melhorar a qualidade podendo a médio, longo termo almejar uma qualificação para um grande torneio internacional, por agora só participamos nos Jogos Olímpicos, como país organizador. O próximo grande torneio é o Mundial em 2019 mas nós nem sequer entramos na qualificação, isto porque não achamos que fosse o palco ideal para desenvolver o nosso nível até onde queremos. Por exemplo, em Janeiro vai haver qualificação para o Europeu, e aí já vamos estar presentes. Dizes que a qualificação para o Mundial não é o palco ideal. O desequilíbrio que existe para outras equipas podia perspetivar resul-
tados muito dilatados, podendo pôr em causa o equilíbrio moral da equipa? Isso depende sempre do que se faz antes. Os objetivos têm que ser delineados e claros para toda a gente. A desilusão só existe se nós nos focarmos no objetivo em vez do processo. O objetivo seria a qualificação, o que é impossível, por isso o objetivo agora é o processo para que daqui a 5, 6 anos possamos ter objetivos mais ambiciosos. No fundo o que quero dizer é que sim, pode realmente funcionar contra nós mas isso se os objetivos não forem realistas e conhecidos por todos, e todos inclui os atletas, os treinadores, a direção, e claro os clubes de onde os atletas vêm. Amanhã tocava o telefone e era da Federação Portuguesa de Andebol com um convite para ser selecionador, qual seria o sentimento? Acima de tudo orgulho… Mas esse é um objetivo? Sem dúvida. Nós queremos sempre mais e melhor e, se pudermos contribuir para quem nos deu tanto, melhor ainda. Considero que a Federação está bem servida a nível de treinadores neste momento mas é algo que, sendo ambicioso como sou, não fecho a porta e trabalho para que um dia essa oportunidade, ou outra, possa surgir. E um jogo Grã-Bretanha vs Portugal contigo no banco da seleção britânica? (risos) Vamos adiar essa resposta para um dia que o jogo aconteça. Poderá acontecer mas talvez à porta fechada nesta fase (risos). ■
10 VIVADOURO JULHO 2018
Reportagem VivaDouro
O município de Penedono realizou
> Jograis do Magriço FOTO: DR
> Espetáculo piromusical sobre o castelo
beneficiada com este tipo de iniciativas, por isso preocupamo-nos em fazê-la e, fazê-la com que modo? Com que motivo? Ora nada mais do que ir o peso da história de Portugal para, efetivamente, trabalharmos este fim de semana e afirmarmos a identidade do nosso concelho, que é sustentada na história de Portugal.
> Carlos Esteves de Carvalho
No final da cerimónia inaugural da Feira Medieval deste ano, o VivaDouro esteve à conversa com o presidente da Câmara Municipal de Penedono, Carlos Esteves de Carvalho que nos falou um pouco mais do certame e da importância que este tem na afirmação do seu concelho. Qual a expectativa para estes três dias de festa? A aposta do município nesta recriação é uma aposta muito forte. Forte e cheia de convicções. Entendemos que a economia local sai sempre
FOTO: DR
FOTO: DR
O município de Penedono realizou mais uma Feira Medieval, dedicada, este ano, à celebração dos 600 anos da libertação do Magriço. Ao entrar no centro da vila mergulhamos no tempo e recuamos nos séculos da história, nenhum detalhe é deixado ao acaso, alguns elementos mais recentes são cobertos, o cheiro do porco no espeto paira no ar, misturado com o pão que vai cozendo nos fornos, tudo isto animado pela música dos diversos grupos que vão circulando por entre a multidão que vagueia pelas tendas de venda dos mais diversos produtos. O ambiente é alegre e a simpatia que surge estampada nos rostos com que nos cruzamos é convidativa, essa será mesmo uma das razões que trazem cada vez mais visitantes a este certame que se pretende afirmar pela autenticidade.
A recriação levada ao detalhe é uma identidade que esta Feira Medieval pretende ter como marca identitária? Tem sido uma preocupação nossa tratar este assunto com muita seriedade. Eu costumo dizer que Feiras Medievais há muitas no nosso país, de facto, e isso pode resultar numa banalização destes eventos. No nosso caso, a Feira Medieval de Penedono tem características que nos permitem uma afirmação com particularidades muito singulares, muito ímpares. Basta-nos olhar para este enquadramento, o castelo, este centro histórico e a afetividade que ele próprio transmite, permitindo às pessoas que se sintam bem e, de facto, transformar um pequeno evento num grande evento. O simples pormenor da placa rodoviária que é escondida porque não existia na época, por exemplo, leva a que esta viagem ao tempo medieval seja mais sentida, mais real, dentro da virtualidade da fantasia, como é evidente, mas ajuda a viver um ambiente que se pretende que seja, de facto, um recuo
> Animatrium
no tempo. Estamos no início do certame deste ano, eu espero que no final isso possa ser confirmado, em especial com uma ajuda do tempo mas, sou um homem confiante e acredito sempre. Estou confiante que vamos ter um fim de semana em pleno, e o único que irá lucrar com isso é o nosso concelho, é Penedono. Tem sido uma aposta determinante para nós. Temos conseguido afirmar esta Feira com algumas particularidades fidedignas, conscientes que temos todo um caminho pela frente, com muitos passos a dar, de forma gradual, para que este eventos não venha a desvalorizar-se. E essa envolvência da população é importante? A câmara não conseguem fazer as coisas de forma isolada, precisamos que as pessoas interiorizem isto e que realmente sintam as mais-valias que podemos obter se todos trabalharmos em conjunto. Vêm-se na rua diversos turistas. De onde chegam estes visitantes? São pessoas de vários sítios que vêm até nós. Hoje posso dizer que, de Portugal, vêm até nós pessoas de vários pontos. Sentimos também já a presença de vários estrangeiros, em especial da zona da Galiza e da Raia espanhola.
E existe resposta hoteleira para essa procura? Quando se fala de hotelaria eu procuro generalizar falando em restauração. Este é o segundo ano que a Feira se realiza com o Hotel Medieval aberto, o que para nós constitui uma enorme mais valia, permitindo-nos ter mais 24 camas disponíveis, apesar de sentirmos que ainda é insuficiente. E esta dinâmica é necessária! Eu gostaria, ambicionava que a situação se alterasse significativamente, que as pessoas acreditassem que é possível e que a iniciativa privada acontecesse e se viesse a afirmar, amanhã, com projetos nesta área. A câmara cá estará para ajudar naquilo que for possível, nunca nos demitindo das nossas responsabilidades. A Autarquia investiu nesta unidade cerca de um milhão e meio de euros, sem qualquer financiamento, com a justificação de que nos estávamos a substituir à iniciativa privada. Eu gostava que quem tomou essa decisão nos apresentasse um investidor disposta a fazer o investimento. Esta compreensão, era importante que fosse tida por quem nos governa. Uma norma para Lisboa, Porto, Faro ou demais grandes centros urbanos, pode não ser a norma ideal e pertinente para Penedono. Não digo que se façam leis com exceções mas a sua leitura deveria permitir ter outros diversos aspetos em atenção. Estaríamos a ter muita atenção para com o interior de Portugal ■
VIVADOURO JULHO 2018 11
Reportagem VivaDouro
mais uma Feira Medieval FOTO: DR
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> Hoste do Magriço
Carla Cabral
Vendedora de produtos Regionais
Vendedora de pão
Érica Jesus
José Macieira
É muito bom estar aqui, a vila vive dias diferentes, mais animados. Eu sou emigrante em França e faço questão de vir nestes dias até para ajudar os meus avós a poderem ter aqui este espaço de promoção do seu negócio.
Somos daqui e temos um negócio familiar, por isso para nós é importante estar aqui presentes. É sempre importante para divulgar os nossos produtos até porque esta Feira é visitada por muita gente. Como Penedonense é um orgulho ver a vila assim em festa, cheia de gente.
Temos estado presentes nesta feira nos últimos quatro anos para dar a conhecer os nossos licores que é a minha mãe que faz. É uma forma de divulgar mas também de fazer algum negócio, com as pessoas que já nos conhecem e com aquelas que aqui provam estes licores caseiros.
Vendedor de licores
12 VIVADOURO JULHO 2018
Vários Concelhos
Eduardo Graça Presidente da Direcção da CASES
Cooperativa na hora Pela celebração do Dia Internacional das Cooperativas, em 7 de julho passado, cuja cerimónia pública decorreu em Mirandela, ficou disponível, e operacional, a “Cooperativa na Hora”. No balcão “Cooperativa na Hora” podem ser criadas cooperativas e designados os respetivos órgãos sociais, de forma imediata e num único local, conforme o determinado pelo Decreto-Lei 54/2017, de 2 de junho. Trata-se de um passo em frente no processo de criação de cooperativas dos ramos cooperativos previstos na lei. O Balcão “Cooperativa na Hora” funciona atualmente em 5 serviços de registo, sendo que progressivamente, irá proceder-se ao alargamento a todo o território nacional: •Conservatória do Registo Comercial de Lisboa; •Registo Nacional de Pessoas Coletivas; •Conservatória do Registo Comercial do Porto; •Conservatória do Registo Comercial e Automóvel de Coimbra; •Conservatória do Registo Predial, Comercial e Automóvel de Évora
O Douro sabe bem...
O número de visitantes nos museus e monumentos integrados na Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) registou, durante o primeiro semestre de 2018, uma subida de 12,2% em relação ao período homólogo de 2017, totalizando 622 mil entradas. É sem dúvida um aumento que acompanha a tendência global do último ano, já que em 2017, e pelo 4º ano consecutivo, aumentou o número de visitantes nos museus e monumentos tutelados pela Direção Regional de Cultura do Norte, registando, uma subida de 6,1% em relação ao ano anterior. O Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, continua a ser o espaço museológico que mais visitantes atrai, registando, nos primeiros seis meses deste ano, um total de 174.892 entradas, o que se traduz numa subida de 9,3% por comparação com o mesmo período de 2017. Quanto ao monumento mais visitado, o Castelo de Guimarães continua a liderar a tabela, com um total de 135.310 entradas durante o primeiro semestre de 2018, mais 9,4% do que no ano anterior. De 2013 a 2017, registaram-se cerca de 2,7 Milhões
de visitantes no conjunto museológico composto pelo Museu de Lamego, Museu dos Biscainhos e Museu D. Diogo de Sousa (Braga), Paço dos Duques e Museu de Alberto Sampaio (Guimarães), Museu da Terra de Miranda (Miranda do Douro) e Museu do Abade de Baçal (Bragança). Se a estes resultados se somarem os registos de entradas nos principais monumentos geridos pela DRCN, constata-se um valor próximo dos 5 Milhões de visitantes, sendo de destacar a posição de relevo ocupada pelo Paço dos Duques de Bragança, em Guimarães, que nos últimos cinco anos registou mais de 1,5 Milhões de entradas. A Direcção Regional de Cultura do Norte desenvolve a sua actividade num território geográfico com caraterísticas únicas e onde, por exemplo, existem quatro locais classificados como Património Mundial pela UNESCO: o Centro Histórico do Porto, o Centro Histórico de Guimarães, o Alto Douro Vinhateiro e o Sítio de Arte Rupestre Pré-Histórica do Vale do Côa. Tem sob a sua responsabilidade os seguintes museus: Museu do Abade Baçal (Bragança), Museu de Alberto Sampaio (Guimarães), Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa (Braga), Museu dos Biscainhos (Braga), Museu de Lamego, Museu da Terra de Miranda (Miranda do Douro) e Paço dos Duques de Bragança (Guimarães); e um vasto conjunto de monumentos, composto por castelos, mosteiros, igrejas e sítios arqueológicos. ■
FOTO: DR
Com a criação da «Cooperativa na Hora», são comunicadas aos interessados informações que antes implicavam várias deslocações a diversos serviços da Administração Pública. É o caso da informação constante do registo comercial, que agora passa a estar disponível através da certidão permanente da cooperativa, acessível gratuitamente em sítio da Internet pelo período de três meses e da comunicação aos interessados do número de identificação na segurança social da cooperativa. A medida «Cooperativa na Hora» permite ainda o acesso a outros serviços úteis para os cidadãos, nomeadamente a criação automática de um registo de domínio na Internet a partir da denominação da Cooperativa. Desta forma, a cooperativa criada passa a poder usufruir, desde logo, do acesso a ferramentas tecnológicas indispensáveis ao desenvolvimento das suas atribuições, como o endereço de correio eletrónico ou uma página na Internet num curto espaço de tempo. Tendo sido a CASES que tomou a iniciativa de propor a criação desta medida muito nos congratulamos pela sua operacionalização em benefício dos cooperadores e do movimento cooperativista português. Todas as informações úteis estão disponíveis nos sítios eletrónicos do IRN e da CASES.
Número de visitas a Museus e Monumentos continua a aumentar no Douro
VIVADOURO JULHO 2018 13
Vários Concelhos
Mudança de concessão do IC5 preocupa região A concessão do IC5, entregue até agora à Ascendi está a terminar e a passagem da concessão para a responsabilidade do estado tem gerado alguma preocupação, o assunto foi mesmo levado à Assembleia Intermunicipal do Douro por Rui Lopes, deputado intermunicipal do CDS da coligação Afirmar a Nossa Terra PSD/CDS. Foi na última reunião da Assembleia Intermunicipal que Rui Lopes, deputado eleito por Alijó, levantou a questão. Para o deputado, a principal preocupação “prende-se com a manutenção da qualidade da via”, uma vez que são diversos os exemplos em que “o Estado, enquanto gestor das vias públicas, descura o seu trabalho, em especial no que diz respeito à limpeza e à manutenção das vias”. Para Rui Lopes, esta é uma via essencial ao desenvolvimento da região, uma vez que “começa no concelho de Alijó e estende-se até Miranda do Douro”.
Para o vice-presidente da CIM-Douro, e autarca de Sabrosa, Domingos Carvas, esta “é uma estrada recente e foi concessionada em nova, agora começa a ter necessidade de alguma manutenção, quer ao nível do piso, da sinalética vertical e horizontal ou de limpeza das bermas, por exemplo”. “Isto pode trazer-nos dois pensamentos: um, mais positivo é de que se está a gastar muito dinheiro e que nós, com menos, vamos conseguir fazer o mesmo e vamos manter a qualidade. O outro é que enquanto tudo estava bem, a concessão manteve-se, agora que é necessário fazer melhorias, o estado assume esse papel e mais tarde, já com essas melhorias feitas, volta a concessionar”. “Não é suficiente um Governo chegar e afirmar que poupa x milhões em determinada concessão, é preciso ver onde esse dinheiro é retirado e muitas vezes reflete-se numa perca de qualidade. Se me garantirem que com este fim da concessão se mantém a qualidade do troço e tudo o que isso implica, tudo bem, isso é que nos interessa, não importa quem o faz. Contudo, eu duvido disso, basta olhar para o exemplo da A24, mesmo aqui ao lado. A renovação da concessão resultou numa perda de qualidade, numa menor qualidade da prestação do serviço, basta ver que em todos os nós de ligação a outras vias não existe
Sernancelhe é partida para a 6ª etapa da Volta a Portugal É uma das novidades da prova deste ano e a única estreia da 80.ª edição da Volta a Portugal em Bicicleta. Sernancelhe vai receber pela primeira vez um início de uma etapa da prova rainha do ciclismo nacional, a 8 de agosto, um dia depois do descanso da caravana. Esta etapa terá um total de 165,4 quilómetros, um constante sobe e desce, que conta com uma contagem de primeira categoria a menos de 20 quilómetros da meta, que se situa na vila transmontana de Boticas. O presidente da autarquia, Carlos Santiago, diz que o município “não faz mais do que a sua obrigação” ao associar-se a este evento desportivo para “promover a
região, os seus produtos, as suas gentes e o seu território através da corrida. Cada vez mais não podemos desperdiçar estas oportunidades de colocarmos os nossos territórios, as nossas regiões no mapa, que muitas das vezes estão esquecidos”, defende. Moimenta da Beira, Tarouca, Lamego, Peso da Régua e Vila Real são outros concelhos visitados pela caravana da Volta a Portugal na sexta etapa. Em Moimenta da Beira haverá uma meta volante, em frente ao edifício da Câmara Municipal, onde a hora de chegada está prevista para as 13h30. Já os restantes concelhos serão pontos de passagem, de uma etapa que passa ainda pelos concelhos transmontanos de Vila Pouca de Aguiar, Vidago e Boticas, onde será determinado o vencedor da etapa. Moimenta da Beira, recordamos, recebeu, há oito anos, uma das etapas da 72.ª edição da Volta a Portugal, enquanto ponto de partida. ■
iluminação, o que, para além de poder ser confuso para quem não conhece tão bem estas vias, é certamente mais perigoso para quem ali circula. Isto não é renegociar uma concessão, isto é desvirtuar a razão pela qual esta via foi criada, para dar mais qualidade a quem aqui vive e trabalha”, afirmou o autarca. Domingos Carvas dá ainda um outro exemplo do quão negativa pode ser esta transferência, “um exemplo de passagem de responsabilidades sobre as vias que também foi mal pensado é o caso das estradas nacionais, como a que liga Sabrosa ao Pinhão, que passou para a responsabilidade da autarquia e a sua degradação tem sido evidente. Por exemplo, agora são precisos lá gastar cerca de 2 milhões de euros e nós não temos essa verba, e o estado assobia para o lado. Muito provavelmente teremos que recorrer ao crédito bancário até porque temos que intervir naquela estrada e a nossa preocupação é a segurança de quem ali passa. Lançamos agora um concurso para um dos troços, sobretudo para melhorar as condições de segurança, em especial nos taludes inferiores que recentemente sofreram mais alguns danos com o mau tempo. Esta estrada nunca devia ser da responsabilidade da autarquia até porque é uma importante via para toda a região, é uma estrada regional”.
Os presidentes de câmara de Alfândega da Fé, Alijó, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Vila Flor, concelhos abrangidos por esta via, estiveram reunidos para debater as consequências desta mudança. Fernando Barros, presidente do município de Vila Flor, e porta-voz do grupo explicou que os autarcas exigem garantias de que não ficará em causa a segurança da via e dos utentes: “Estamos preocupados com a transferência da concessão, e quando digo a concessão, digo a manutenção, a segurança e todo o processo de vigilância da Ascendi para a Infraestruturas de Portugal. Teoricamente não temos nada contra, desde que sejam garantidas todas as questões de segurança. Como representantes de toda a região, sentimo-nos um pouco ultrapassados”. “Nós não entendemos porque não nos foi explicado como estas coisas acontecem. A confirmar esta decisão é muito má. Não a conhecemos e não sabemos qual é a razão”, manifestou Fernando Barros. Os oito autarcas queixam-se ainda de não terem sido ouvidos neste processo: “ninguém falou connosco e consideramos tal facto estranho”, acrescentou o autarca. ■
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14 VIVADOURO JULHO 2018
Sernancelhe
Cavaco Silva homenageado em Sernancelhe instituído para a atribuição de Medalhas, concretamente as intervenções, no caso do antigo Presidente da Câmara, José Mário Cardoso, do atual, Carlos Silva Santiago, e do Presidente da Assembleia, José Agostinho Aguiar, tendo, todos eles, mencionado o papel de Cavaco Silva na criação da mar-
ca “Sernancelhe Terra da Castanha”. A cerimónia ficou concluída com um concerto pelo Conservatório Regional de Música de Ferreirim, que juntou em palco cerca de centena e meia de músicos, recriando o sucesso que foi a apresentação recente na Casa da Música do Porto. ■
> Oferta de produtos locais nos Paços do concelho FOTO: CA
Oito anos após a sua última visita ao concelho, Cavaco Silva regressou a Sernancelhe, vila que visitou por quatro vezes, em funções governativas e em campanha. Em 2005, escolheu mesmo este município para apresentar a sua candidatura oficial à presidência da República. Aliás, todos os momentos que ligam Cavaco Silva a Sernancelhe foram recordados na cerimónia: em 1992, na qualidade de Primeiro-ministro, inaugurou em Sernancelhe a Escola C+S “Padre João Rodrigues”; em 1993, autorizou a abertura da Escola Profissional, justificada pelo facto de o concelho não dispor de ensino secundário; em 2005, escolheu o município para apresentar a sua candidatura oficial à presidência da República; em 2007, já na qualidade de primeiro magistrado de Portugal, assinou a autenticação da cerimónia de trasladação do escritor sernancelhense Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional, momento histórico para o Concelho e para o País. Em 2010, regressaria para inaugurar o Expo Salão, ato inserido dos roteiros pelo País que instituiu durante a sua Presidência. Cavaco Silva teve ainda oportunidade de conhecer um pouco melhor o concelho, um
dia organizado pela autarquia que incluiu a participação, durante a manhã, na missa dominical na Igreja Românica de Sernancelhe, um almoço com atuais e antigos autarcas no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em Freixinho e a receção no Salão Nobre pelas associações do Concelho. Antes da cerimónia oficial da entrega da Medalha de Honra do concelho, o antigo Presidente e Primeiro-Ministro, inaugurou o Monumento à Terra da Castanha, junto ao edifício da autarquia. Já durante o seu discurso de agradecimento pela distinção, Cavaco Silva recordou as memórias que guarda das gentes calorosas, alegres, e dedicadas de Sernancelhe, referindo que são as castanhas de Sernancelhe que mais o unem a este concelho beirão, reafirmando tratarem-se das “melhores castanhas de Portugal”. O professor, lembrou ainda que o Concelho é muito mais do que a “Terra da castanha”, é a “capital da castanha”, certeza justificada pela cultura e impacto que o fruto tem na economia local e da região, concretamente na Denominação de Origem Protegida “Soutos da Lapa”. Aos autarcas do Concelho elogiou o trabalho e a estratégia que colocam ao serviço das pessoas, recordando os governantes que o interior continua a ser exemplificativo dos desequilíbrios do País. Por isso formulou o desejo de que agora que tanto se fala dele não vá para “a gaveta do esquecimento” dos governos e continue a ser adiado o seu desenvolvimento. E deixou a certeza de que a infraestruturação do Interior está concluída, desafiando os poderes públicos a criarem condições para que os casais do interior tenham mais filhos, pois são precisas crianças. A sessão solene cumpriria o protocolo
FOTO: CA
Cavaco Silva, que foi primeiro-ministro entre 1985 e 1995 e Presidente da República entre 2006 e 2016, foi agraciado com a Medalha de Honra do Município de Sernancelhe, presidido por Carlos Silva, no passado dia 1 de julho.
FOTO: CA
> Cavaco Silva recebe a medalha de honra do município
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Supressão de comboios no Douro preocupa autarcas Vários autarcas durienses mostraram-se preocupados com a supressão de comboios anunciada pela CP, enquanto a empresa de transportes já veio garantir que não haverá redução da oferta. A Câmara de Peso da Régua e a Junta de Freguesia do Pinhão, no concelho de Alijó, mostraram-se contra uma alegada intenção da CP - Comboios de Portugal de suprimir, a partir do próximo mês de Agosto, cinco comboios diários na linha do Douro. A Junta do Pinhão referiu, em comunicado, que os horários divulgados nos sites da CP e da Infraestruturas de Portugal (IP), prevêem a “redução de 40% da oferta” no trecho entre o Peso da Régua e o Pocinho, o que considerou “inexplicável numa altura em que a procura tem, por diversas vezes, excedido a oferta”. Já o presidente da Câmara da Régua, José Manuel Gonçalves, afirmou que já solicitou uma reunião urgente com o presidente da CP, a quem quer pedir esclarecimentos so-
bre a linha ferroviária do Douro. O autarca referiu não entender a decisão da CP, a concretizar-se, já “que surge numa altura em que o fluxo de turistas aumenta” e pode condicionar “a mobilidade de quem quer vir ao Douro e compromete o desenvolvimento sustentado de vários concelhos, de uma região”. “O desagrado vai mais longe quando pensamos nas pessoas que dependem diariamente da ligação ao Porto, para trabalhar ou estudar. Com esta resolução, todas essas pessoas serão forçadas a alterar as suas vidas”, referiu. Também Sandra Moutinho, presidente da Junta de Freguesia do Pinhão, se mostrou “muito preocupada” com aquilo que considerou ser um “ataque à região, aos cidadãos e ao potencial turístico do vale do Douro” e apelou ao Governo que interceda junto da CP para obter “uma solução que vá de encontro aos interesses de todas as partes”. Em declarações à agência Lusa, o gabinete de comunicação da CP garantiu que “não vai haver redução de oferta na linha do Douro” e explicou que estão a ser feitas actualizações à base de dados e que, por isso, ainda não foram introduzidos todos os horários no site. O que se verificou, referiu, foi um “erro de pesquisa”. ■ FOTO: DR PUB
Vários Concelhos PUB
16 VIVADOURO JULHO 2018
Destaque VivaDouro
Interior, a aposta esquecida A aposta no interior, na fixação de populações e na melhoria da sua qualidade de vida é uma bandeira que, eleição após eleição, vai sendo Texto e Fotos: Carlos Almeida
São diversas as Unidades de Missão e os grupos de trabalho entretanto criados sem que os resultados efetivos da sua existência sejam notórios no território. É neste contexto que sete personalidades do interior se juntaram para criar o Movimento pelo Interior – em nome da coesão, para o qual solicitaram o alto patrocínio a Sua Excelência o Senhor Presidente da República. “De acordo com projeções do Instituto Nacional de Estatística, a população residente em Portugal tenderá a diminuir até 2080, passando dos atuais 10,3 para 7,5 milhões de habitantes, ficando abaixo do limiar dos 10 milhões em 2031. Segundo dados do Banco Mundial, em termos relativos, só em 2014, Portugal registou a quinta maior perda populacional do mundo. Acresce a esta preocupação o facto de, segundo o INE, 50% da população se concentrar em 33 municípios da faixa litoral, que representam apenas cerca de 11% do total dos municípios portugueses”, lê-se no documento de apresentação do Movimento. “É um movimento heterogéneo e apartidário e realista, que envolve o setor empresarial, o saber, através dos presidentes do CRUP e do Ensino Politécnico. Envolve ainda autarcas e pessoas que, por exemplo conhecem bem os meandros europeus como por exemplo Silva Peneda”, afirma Rui Santos, presidente dos autarcas socialistas e presidente do município de Vila Real. O autarca continua afirmando que “este Movimento tem a consciência de que, a falha das políticas que ao longo de anos e anos foram sendo implementadas no interior, não podem ser resolvidas de um momento para o outro. Por isso é que quisemos que ele fosse transversal
> Rui Santos, presidente dos autarcas socialistas
à sociedade e transversal ao espectro político porque, para além das vantagens óbvias dessa transversalidade, achamos que estes problemas e as soluções que apontamos para os resolver, nomeadamente o problema demográfico que é o maior de todos, precisa de estabilidade porque só pode ser resolvido em duas ou três legislaturas”. Portugal é um país coeso em termos de valores, de identidade e de cultura mas, simultaneamente, apresenta muito impressivas e graves desigualdades em termos de desenvolvimento regional e de ocupação territorial. A história, a geografia, o comércio e o uso do solo levaram a que, ao longo do tempo, uma estreita faixa de terra com apenas 40 quilómetros de largura viesse a concentrar a larga maioria da população, do emprego, da atividade económica e da riqueza. Retrato de um país desequilibrado A tendência de litoralização territorial tem décadas fazendo Portugal mergulhar num desequilíbrio evidente que arrasta consigo outros problemas estruturais como o desaparecimento de serviços e a perda de riqueza. “É bom lembrar que entre 1960 e 2016 a população no litoral aumentou 52% e o interior diminuiu cerca de 38%, é um valor absolutamente arrasador. Olhemos para outro número, ainda mais preocupante, a população no continente com menos de 25 anos. 82,4% reside no litoral, em comparação com os 17,6% que residem no interior, são dados muito preocupantes, e esta questão tem sobretudo a ver com emprego, emprego, emprego. Havendo emprego fixam-se pessoas e fixando essas pessoas cria-se a necessidade de haver serviços, cria-se economia e o território cresce.
> Fontainhas Fernandes, presidente do CRUP
Entre 1960 e 2016 a população em Portugal cresceu cerca de 20%, passamos de cerca de 8 para 10,5 milhões de habitantes. Neste mesmo período, o interior diminuiu em cerca de 37%, um total de cerca de 1 milhão de pessoas que partiu. Agora que se perspetiva que o país perca cerca de 20% da população nos próximos 40 anos, à semelhança de toda a Europa, então pela lógica o interior irá perder ainda mais gente. A perspetiva não é boa”, afirma Rui Santos. Só as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto concentram 45% do total da população residente no continente, correspondente a 2,8 milhões de habitantes na área da capital e 1,8 milhões na área da cidade nortenha. Outro fator que evidencia esta tendência de concentração de população no litoral, em especial nas duas principais cidades, Lisboa e Porto, prende-se com o ensino superior. A concentração de alunos nos estabelecimentos de ensino superior é, de longe, a mais elevada em toda a Europa. Em Portugal, a concentração em Lisboa e Porto é de 54%. Em Itália, a concentração em Roma e na Lombardia é de 27%, em Espanha Madrid e Catalunha concentram 23% dos alunos e, em França 20% dos estudantes estão em Paris e Lyon, por exemplo. O ensino superior como uma solução Para Fontainhas Fernandes, reitor da UTAD e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), também signatário do Movimento pelo Interior, as universidades têm um papel fundamental na atração e fixação de população. “A atração e a retenção de talentos são fatores determinantes para o desenvolvimento das regiões. O futuro passa pela fixação de trabalhadores do conhecimento, que o criem e apliquem no desenvolvimento de atividades que estimulem o crescimento económico. Neste cenário, a Universidade
tem vindo a assumir, progressivamente, um papel mais interventivo no desenvolvimento económico e social das regiões onde se inserem, num contexto da economia e sociedade baseadas no conhecimento. A formação, investigação e a divulgação têm vindo a ser organizadas, de forma a dar resposta aos novos desafios de uma economia cada vez mais globalizada”. “Os desafios das Universidades do chamado “arco do interior” passam por colocar o conhecimento e a formação ao serviço do desenvolvimento das regiões, sendo vital conhecer o potencial e as necessidades de conhecimento, de inovação, bem como de qualificação da população.
“A atração e a retenção de talentos são fatores determinantes para o desenvolvimento das regiões.” Fontainhas Fernandes A identificação do potencial de desenvolvimento das regiões do “interior” não se pode limitar ao setor agroalimentar e florestal, às indústrias tradicionais ou ao turismo. Devem ser identificadas outras atividades na área dos bens e serviços transacionáveis, que possam ser desenvolvidas em cada uma das regiões, tendo em conta o contributo que as Universidades possam prestar, as infraestruturas disponíveis, as entidades públicas ou privadas existentes e as condições sociais, físicas, ambientais ou outras do respetivo território”, afirma o reitor. Para Fontainhas Fernandes, a solução pode passar mesmo pela ligação das instituições nacionais ao outro lado da fronteira, a Espanha. As instituições de ensino superior localizadas no “interior” devem, entre outras estratégias,
VIVADOURO JULHO 2018 17
Destaque VivaDouro
usada por todos os partidos, contudo, essa aposta parece nunca se concretizar e, ano após ano, o interior vai ficando mais e mais esquecido. privilegiar a ligação com Espanha nas dimensões do ensino, da investigação e da transferência de conhecimento. Esta estratégia exige contextos de maior aproximação e de cooperação entre o poder politico português e os governos regionais de Espanha, os quais financiam a componente de ensino das suas Universidades.
“Entre 1960 e 2016 a população no litoral aumentou 52% e o interior diminuiu cerca de 38%” Rui Santos Do lado das Universidades, é fundamental aproximar os modelos de organização da oferta educativa, privilegiar mecanismos de cotutela de doutoramentos e de reconhecimento de títulos, bem como potenciar programas de mobilidade transfronteiriça. Ao nível da investigação, a aproximação entre os dois países poderá traduzir-se no acesso a infraestruturas científicas, na partilha de serviços e de infraestruturas mais avançadas, na participação conjunta em projetos de investigação, mas essencialmente na promoção de programas específicosque tenham impacto na economia do território. No relatório feito pelo Movimento pelo Interior, onde estas assimetrias são analisadas, a conclusão é de que esta tendência tem de ser alterada o quanto antes sob pena de ver o interior ficar irremediavelmente esquecido e abandonado. “Se nada for feito, o país vai continuar a perder por duas vias. O congestionamento do litoral vai continuar a exigir mais e mais investimento em infraestruturas de todo o tipo, que nunca chegarão a ser suficientes para o afluxo populacional que continuará a ter como destino o litoral, com a consequente deterioração da qualidade de vida da população aí residente. As desigualdades, quando assumem proporções desta natureza, são elas próprias um sério obstáculo ao desenvolvimento, à consagração do princípio constitucional da igualdade de oportunidades e à justiça social”, lê-se no documento. O problema demográfico “Todos percebemos, e percebemos bem, que hoje o interior tem qualidade de vida, que nos últimos 40 anos melhorou imenso. Temos boas redes viárias, temos boas escolas, temos alguns serviços de saúde de qualidade, temos boa qualidade de vida, o grande problema é a questão demográfica. A questão demográfica porquê? Porque não há empregos e, não havendo empregos, não se fixam pessoas. Não se fixando pessoas não há economia, não havendo economia há uma degradação dos serviços e isto é um ciclo vicioso”, afirma Rui Santos. Para Luis Ramos, deputado do PSD, eleito por
Vila Real, “todos temos a consciência que não é possível travar um processo que tem décadas, um processo que está numa dinâmica de ‘pescadinha com rabo na boca’, como diz o ditado popular ou o ciclo vicioso das baixas densidades como designam os académicos. Ou seja, há menos pessoas, por essa razão fecham serviços que levam ao abandono de mais gente ainda e por aí fora”.
“Os partidos deviam olhar para as propostas do Movimento pelo interior e procurar entendimentos.” Luís Ramos Para o deputado, o problema está na falha em conseguir obter consensos entre as diferentes forças políticas com vista à aplicação de medidas a longo prazo.
razões de ambos os lados e acho que o Presidente da República poderia ter aqui um papel mais ativo começando por coisas mais simples como a questão da saúde e que será a questão mais importante nos próximos anos. Os partidos deviam olhar para as propostas do Movimento pelo interior e procurar entendimentos, se não em todas as propostas, na sua maior parte. Mas um entendimento pré eleitoral, depois das eleições tudo fica mais difícil. Os partidos têm medo de perder a sua identidade ao apoiar e aprovar medidas de outros partidos”. Descentralização, emprego e desenvolvimento rural são essenciais “Eu acho que o interior nesta fase está na ordem do dia dos interesses mas do ponto de vista do trabalho muito longe da ação. Eu estou convencido de que estamos num momento derradeiro, ou há realmente medidas que mudem a nossa dinâmica ou não sei o que esperar do futuro. O interior é um território de excelência onde se
> Luís Ramos, deputado do PSD, eleito por Vila Real
“O problema que se coloca sob o ponto de vista político é que este problema exige intervenções e apostas de longa duração. Nós sabemos que cada vez mais a política vive no tempo de imediato, de satisfazer interesses e vontades que exigem soluções imediatas, ora, as soluções para o interior têm que ser estáveis, têm que ser de longa duração e têm que ter um largo consenso e isso não tem acontecido. Há um conjunto de dificuldades para esse consenso e sobretudo em encontrar medidas que sejam sustentáveis e duradouras. Eu acho que não tem havido até agora um verdadeiro entendimento. Os dois maiores partidos deveriam ser obrigados a entenderem-se quanto à matéria fiscal, por exemplo, ou com as questões relacionadas com a saúde ou a educação. Se me perguntar porque é que não tem sido possível, eu digo-lhe que não é um problema fácil nem é de um ou outro partido. Há com certeza
trabalha o dobro para atingir o mesmo que no litoral, nós, no Douro estamos habituados a trabalhar, por isso, com um pequeno impulso podemos criar uma dinâmica muito diferente. Eu estou muito crente no que diz respeito a estas novas dinâmicas. Eu espero que este novo Orçamento que se vai preparar no final de 2018 possa trazer estratégias bem definidas e vincadas para o interior, especificamente medidas fiscais que abranjam as empresas que já cá existem e as que possam para cá vir. Não há fixação de gente sem emprego, o emprego é mesmo a palavra de ordem quando falamos de fixação de populações. Não são os municípios, nem as juntas de freguesia nem o Governo que têm que criar emprego, têm sim que criar as condições para que o emprego possa aparecer, e para isso é preciso deslocalizar empresas, se as deslocalizarmos
para o interior do país, e refiro-me ao verdadeiro interior, então poderemos ambicionar um futuro melhor. Sou um homem crente e acredito que o processo de descentralização será uma realidade e acredito que comece ainda este ano, se assim não for significa o fracasso total deste Governo que assumiu de forma muito veemente esta questão do interior.
“O interior é um território de excelência onde se trabalha o dobro para atingir o mesmo que no litoral.” Carlos Silva Eu estive na apresentação do Movimento pelo Interior em Lisboa e o Sr. Primeiro-Ministro pareceu-me muito convencido, resta agora que ele convença a sua equipa disso, nomeadamente o Sr. Ministro do Planeamento e das Infraestruturas porque repare-se, estamos a falar do interior e está posta quase de parte a estratégia da Linha do Douro, estamos a falar do verdadeiro interior e só agora o IP3 será alvo de uma remodelação, que ainda não sabemos se realmente arranca, o IC26 não se fala… Portanto, um conjunto de estratégias que é preciso ter cuidado. Não devemos desviar os fundos que vêm da UE para a coesão territorial para grandes projetos em Cascais ou o Metro do Porto. Se esta preocupação ficar evidente no próximo orçamento de Estado eu tenho a certeza de que a descentralização será uma realidade”, quem o afirma é Carlos Silva, presidente da CIM-Douro. Para Rui Santos “este Movimento, o que apresentou, foram sobretudo soluções do âmbito económico, empresarial e também da presença do Estado para ajudar a resolver este problema demográfico. Daí termos apresentado um conjunto de medidas de âmbito fiscal, um conjunto de medidas no âmbito da educação, ensino superior e ciência, e um conjunto de medidas para a ocupação do território pelo Estado. E também, porque não dizê-lo, o Programa Operacional Para o Interior (POPI), em que estivesse bem presente a necessidade de usar fundos comunitários para que tal viesse a acontecer. Este conjunto de medidas tem como objetivo criar empregos porque estamos convencidos que criando esses empregos fixamos pessoas e temos uma boa qualidade de vida. Curiosamente no passado dia 15 de julho, o Governo, em Pampilhosa da Serra, apresentou um conjunto de 64 medidas de onde não se consegue tirar uma grande consequência. Consegue-se é perceber que há preocupações nas áreas da coesão, da competitividade, da sustentabilidade, da coesão do interior com o país e o mundo, etc. etc. São medidas que têm alguns verbos: lançar, estudar, criar, promover, robustecer… São medidas que no âmbito teórico se traduzem em esperan-
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Destaque VivaDouro ça, vamos ver se no concreto, e no concreto elas ainda não existem, ainda não foram materializadas, caso o sejam, podem realmente ajudar. São medidas nas três áreas que o movimento também refere, ainda não as conseguimos analisar e perceber porque elas não existem materializadas mas traduzem algumas esperança pelos verbos que utilizam mas, vamos ver o resultado”. Para Pedro Mota Soares, vice-presidente do CDS, o desenvolvimento rural é fundamental para a coesão do território, devendo haver uma melhor aplicação dos fundos europeus que o país recebe nesta área. “O CDS tem dito uma coisa muito clara, nós não nos opomos ao aparecimento de novas políticas europeias mas elas não podem ser aplicadas à custa das verbas da coesão e da agricultura. O desenvolvimento rural é muito importante e não é apenas a agricultura. O enoturismo, por exemplo, no Douro é uma coisa absolutamente fantástica, não conheço ninguém que visite o Douro e não se apaixone. Toda essa dimensão do desenvolvimento rural é muito importante e Portugal tem que lugar pela manutenção desses programas de apoio. É um desafio muito grande que temos pela frente e que não está a correr muito bem, parece-nos que o Governo teve muito pouca ambição no desenvolvimento de todos os programas comunitários que têm que ver com esta dimensão e nós, CDS, somos muito mais exigentes. A primeira vez que se aproveitaram a 100% os fundos europeus para o desenvolvimento rural e da agricultura foi quando a Assunção Cristas foi ministra dessa pasta e deixou tudo preparado para a aplicação deste programa, neste momento sabemos que há dificuldades na sua aplicação porque o Governo, com as cativações não está a pôr a comparticipação nacional numa área tão importante”. Desfasamento entre o discurso político e as políticas implementadas Já diz o ditado, “olha para o que eu digo e não para aquilo que faço”, contudo, no interior esta máxima tem-se traduzido numa degradação das condições à medida que o tempo passa,
esta diferença entre o que se diz e o que se faz não espanta, no entanto, quem vive nesta faixa do território. “Não é contraditório. Na nossa realidade pós-25 de abril tem sido isto que acontece. Estamos próximos de um ato eleitoral, as eleições europeias e fica bem falar deste tema. Temos membros do Governo que se deslocam a certos locais e concentram grandes aglomerados de gente nas suas apresentações, um regresso à era Sócrates por isso estamos nesta fase. Eu ficaria surpreso era se as coisas avançassem, Continuamos a encerrar escolas como o Colégio Salesianos em Poiares, e repare que estamos a falar de uma aldeia, não há nada mais interior e com mais necessidade de uma Infraestrutura destas por tudo o que ela significa, sem fazermos qualquer esforço financeiro para o manter aberto. No interior é preciso tratar diferente o que é diferente. O interior é diferente porque o fizeram assim e isso tem um custo social. Se o Estado quiser, realmente, fazer verter a ideia de que o interior tem valia, então tem que investir, e esse investimento tem um custo, o custo monetário que é o custo social de quem aqui vive e que aqui se quer manter. O encerramento das camas no CHTMAD é a certeza que o país não tem dinheiro, se o Governo anterior se viu obrigado a passar das 35 para as 40 horas de trabalho semanais no setor público é porque esta previsão já tinha sido feita, agora é natural que se encerrem serviços mas mais uma vez isso acontece no interior e em áreas tão importantes como a educação e a saúde. Se isto é o trabalho que o Estado tem para o interior então é uma deceção”, afirma o presidente da CIM-Douro, Carlos Silva. Os fundos europeus e a tecnologia no papel da coesão territorial A crescente preocupação da Europa pela coesão dos territórios levou à criação de diversos programas de financiamento que são essenciais para a sobrevivência e crescimento dos designados territórios de baixa densidade, contudo, muitos desses fundo são aplicados em outros projetos, muitos deles no litoral, desvirtuando a sua existência.
> Pedro Mota Soares, deputado do CDS
“Se pensarmos bem Portugal consegue ir aos fundos europeus para poder convergir com a Europa e só recebemos verbas para determinados setores porque precisamos, só que, quando o dinheiro chega a Portugal deixa de haver convergência, ou seja, grande parte do bolo que vem para a convergência nacional fica retido nos grandes investimentos no litoral, é Lisboa a convergir com Bruxelas. Não nos podemos aproveitar da Europa à custa do interior e depois de ter cá o dinheiro ao interior pouco ou nada chega, isso é que irrita. Por isso é que estes verdadeiros vendilhões de política acabam por descredibilizar a política no seu todo. Há bons políticos e bons autarcas mas o que se tem visto ultimamente é verdadeiramente degradante”, afirma Carlos Silva. Para Pedro Mota Soares, candidato às eleições europeias pelo CDS, a coesão territorial pasa por uma eficaz aplicação dos fundos europeus e numa aposta na indústria tecnológica através da criação de zonas francas tecnológicas no interior do país. “Nós falamos muito de coesão quando falamos da UE, porque são fundos para a coesão mas, nós não podemos pedir mais coesão quando não a aplicamos dentro do próprio país. Muitas vezes colocamos grande parte do dinheiro que vem da UE no litoral, é verdade que é onde estão mais pessoas, não usando essas verbas para combater a desertificação. O que o CDS quer é, de uma forma bem agregada com as verbas da UE e do Orçamento nacional, nomeadamente através dos impostos, criar condições do ponto de vista fiscal e da regulamentação que sejam únicas e excecionais para as empresas poderem de facto vir para o interior. Hoje temos vias de comunicação que abrangem
“Não podemos pedir mais coesão quando não a aplicamos dentro do próprio país.” Pedro Mota Soares
> Carlos Silva, presidente da CIM-Douro
boa parte do território mas não têm servido para levar pessoas para o interior, pelo contrário,
têm servido para levar ainda mais pessoas do interior para o litoral. Portanto, se já temos as Infraestruturas temos que criar condições para as aproveitar e foi com esse pensamento que o CDS apresentou este pacote fiscal. Muitas medidas que servem para criar no interior um regime de exceção positiva. Não há uma medida que seja capaz de mudar o interior, é necessário um conjunto de medidas, sejam elas ficais, regulatórias, de investimento dos fundos comunitários, de aposta no setor industrial em áreas estratégicas de acordo com o território, é assim que podemos realmente mudar as coisas e o CDS está muito, mas mesmo muito focado em mudar o estado de coisas usando este consenso que hoje existe a nível nacional. Hoje as pessoas estão mais conscientes do que é a desertificação, aquilo que aconteceu no ano passado é um caso de abandono, em que as pessoas se sentiram deixadas à sua sorte e o Estado não lhes conseguiu garantir o mais básico que é a segurança. Outra das coisas que falamos muito, são as start-ups e as empresas de tecnologia que muitas vezes precisam de zonas onde a regulamentação seja mais flexível, para que possam experimentar novas ideias e isso nem sempre é possível no litoral, em zonas mais populosas. Nós poderíamos criar no interior de Portugal, algumas das melhores zonas francas para o investimento ao nível europeu, permitindo que uma empresa que tenha uma ideia inovadora a possa experimentar no interior do país, desenvolvendo essa ideia. Ter uma estratégia para o interior do país que não fale do desenvolvimento rural, da agricultura, era exatamente igual que ter uma estratégia para o país que não falasse do mar. Também aí o CDS é um partido que esteve muito focado. Hoje já não temos maioritariamente a agricultura familiar, já temos muito desenvolvimento, por exemplo, no setor dos vinhos que geram riqueza e postos de trabalho”. O deputado conclui dizendo que “não podemos, daqui a 10 anos, olhar para trás e ver que perdemos essa oportunidade”. ■
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Vários Concelhos
Vinhos e animação num sunset na Pesqueira durienses, criando sinergias com outros setores relacionados: Gastronomia, Turismo, Produtos Regionais e Cultura. Neste evento estiveram presentes cerca de 160 pessoas, muitas das quais de várias zonas do país. Trata-se de um evento fortemente vocacionado para a promoção da região do Douro e dos seus produtos endógenos, contribuindo para o aumento
da taxa de ocupação de algumas unidades de alojamento do concelho de S. João da Pesqueira, havendo participantes que estiveram na primeira e segunda edições e que, novamente, quiseram regressar para participar, o que demonstra o grande potencial da oferta existente no nosso território. Ao longo do passei os participantes tive-
ram oportunidade de degustar diversos vinhos do douro, GIN, Porto Tónico, Cocktails de Vinho do Porto, sendo a receção de boas-vindas no icónico Museu do Vinho de S. João da Pesqueira com um “Porto de Honra”. A animação ficou a cargo dos DJ´S Silvia Neitiry e Nuno Garcia, num fim de tarde que deliciou todos os participantes. ■
FOTO: DR
A Capital Douro - Associação Industrial, Comercial e de Serviços de S. João da Pesqueira organizou, no passado dia 14 de Julho, a 3.ª Edição da “Degustação de Vinhos de Verão - Sunset Capital Douro”, num passeio de barco no Rio Douro, entre a Ferradosa e o Cais de Bagaúste. Os eventos de “Degustação de Vinhos” realizados ao longo dos últimos anos revelaram-se um enorme sucesso, tendo havido uma elevada adesão do público e com notas muito positivas por parte de todas as pessoas e entidades envolvidas, à imagem da edição deste ano. Esta iniciativa tem por objetivo dar continuidade à implementação do conceito de vinho a copo, no sentido de mudar hábitos de consumo e de ser uma oportunidade para promover os vinhos dos produtores
Douro vai transformar 116 mil pipas de vinho do Porto em 2018 Em 2017, foram transformadas 118 mil pipas de vinho do Porto na mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo.
de taxas foi “um sinal fantástico”. “Hoje, neste conselho, demos um salto muito grande. Em relação às taxas somos completamente inovadores. É um sistema muito mais fácil porque temos apenas três taxas em três momentos distintos o que vai facilitar imenso a própria contabilidade do IVDP”, considerou. António Lencastre classificou também o processo das taxas como um dos “marcos deste [conselho] interprofissional”. “É a primeira vez que se reestruturam as taxas por iniciativa da região e por comum acordo das duas profissões (produção e comércio). Conseguimos fazer um modelo simplificado e que cria uma coisa completamente nova, que é a taxação das uvas, todas as uvas produzidas na região passam a pagar taxa”, salientou.
Apesar de se manter o paradigma de proibição de rega nas vinhas do Douro, hoje foi também aprovada uma “adaptação à realidade”, nomeadamente à relacionada com as alterações climáticas. Ou seja, até agora os viticultores tinham que fazer um pedido de autorização ao IVDP para regar. Agora, por exemplo, para darem resposta a um golpe de calor os viticultores passam a ter de informar o IVDP e, em determinadas situações, o instituto pode, inclusive, identificar áreas onde passa a ser permitida a rega. A administração pública tem 10 dias para dar resposta, uma situação que poderia criar constrangimentos aos produtores que precisam de dar resposta imediata a certas situações, como, precisamente, os golpes de calor. ■ FOTO: DR
A Região Demarcada do Douro vai transformar 116.000 pipas de mosto em vinho do Porto nesta vindima, menos 2.000 pipas do que na anterior campanha, anunciou o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP). O conselho interprofissional do IVDP, que se reuniu dia 17 de julho no Peso da Régua, fixou em 116.000 o número de pipas (550 litros cada) a beneficiar nesta vindima. O benefício é a quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar à produção de vinho do Porto. Em 2017, foram transformadas 118.000 pipas de vinho do Porto na mais antiga região demarcada e regulamentada do mundo. O presidente do IVDP, Manuel Cabral, afirmou à agência Lusa que a “ligeira diminuição” de benefício se justifica também “pela ligeira diminuição” da quantidade de vinho do Porto vendido e pelo aumento dos ‘stocks’. Ressalvou, no entanto, que se tem assistido “a um aumento do valor e do preço médio, ou seja, a uma valorização do produto”. O responsável salientou que a decisão foi “to-
mada por unanimidade”, por parte da produção e do comércio, que estão representados no conselho interprofissional. “O benefício, mais uma vez, foi obtido por consenso da região. Esta diminuição justifica-se porque as vendas não estão a evoluir positivamente e não poderíamos agir de outra maneira”, afirmou António Saraiva, da Associação das Empresas de Vinho do Porto (AEVP). O objetivo, frisou, é evitar que se “criem excedentes na região”. Para António Lencastre, da Federação Renovação Douro -- Casa do Douro, este é o “benefício que a região precisa”. “A produção baseia-se em saldos de capacidade de venda, ou seja, que vinho não foi vendido no ano passado. Como não foi vendido bastante vinho o ano passado - infelizmente para a região as vendas de vinho do Porto estão em queda -, não podíamos deixar engordar os saldos da capacidade de venda”, frisou. Na reunião de hoje, segundo o presidente do IVDP, foi ainda aprovado um “novo regime relacionado com as taxas da região, em particular as taxas ligadas ao vinho do Porto”. Manuel Cabral salientou que as alterações aprovadas “simplificam o processo”. “Os momentos de aplicação da taxa passam a ser muito mais claros, não há aumentos de taxas, mas efetivamente há uma enorme diminuição do número de taxas”, explicou. Para António Saraiva, esta alteração ao regime
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Lamego
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
A cidade Douro Sul, faz-se com o coração!
Com uma imensa frente ribeirinha, nesta margem do Douro a Sul, até às áreas serranas da Gralheira, Montemuro, Alvite, Leomil e Penedono, o Douro Sul é uma cidade de Aldeias, Vilas e Cidades muito bem estruturadas e com património de excelência, que dão a garantia de serem espaços no Planeta com grande qualidade para se viver! Teremos uma cidade extraordinária, com Cinfães, Resende, Lamego, Armamar, Tabuaço, S. João da Pesqueira, Penedono, Sernancelhe, Moimenta da Beira e Tarouca - estes 10 magníficos, concelhos! “Juntos somos mais fortes” O Douro Sul - Tem futuro.
O município de Lamego vai integrar a Federação Portuguesa dos Caminhos de Santiago, após aprovação de uma proposta em reunião do executivo. O concelho é atravessado pela rota do Caminho Português do Interior, sendo esta uma mais valia para a promoção e divulgação do território. A intenção da criação da Federação Portuguesa do Caminho de Santiago prende-se com a necessidade de uniformizar os percursos, reforçar a promoção conjunta dos vários traçados existentes no país e sua certificação, bem como agregar o maior número possível de entidades, desde municípios, associações, universidades, instituições religiosas, pastorais, organismos de turismo, entre outras, de modo a constituir-se como um órgão representativo do Caminho de Santiago em Portugal, com todas as suas variantes. Como principal objetivo, a Federação pretende revitalizar, promover, estudar e dinamizar as variantes do Caminho Português de Santiago, como
importantes vias de peregrinação a Santiago de Compostela, recuperando, preservando e promovendo também o património histórico-cultural e religioso associado ao caminho, bem como a interculturalidade dos povos, de modo a impulsionar o desenvolvimento económico, social e ambiental das regiões atravessadas. Além de um caminho espiritual, o Caminho de Santiago é também um destino turístico e cultural. No concelho de Lamego, o Caminho Português Interior de Santiago tem início em Bigorne e termo no Lugar do Torrão (junto ao rio Douro), num total de 28,8 quilómetros, devidamente sinalizados com o símbolo da concha amarela em placa de fundo azul. ■ FOTO: DR
É de sentimentos que falamos quando queremos unir para valorizar cada um. É de amor que escrevemos quando queremos abraçar todos e não deixar ninguém para trás. É com a paixão que agimos quando desejámos muito construir um conceito sedutor para a nossa terra - que fixe e traga pessoas. Do berço de cada um de nós, natural ou adotado, queremos caminhar e crescer - juntos! Não queremos ver partir os velhos, os novos e até crianças que os têm que acompanhar. Não queremos ver escorrer com as águas dos nossos rios, também a vida em cada uma das nossas aldeias, vilas e cidades, para o mar. A razão, as leis e a ilusão dos falsos visionários, não trazem ninguém e não impedem de ir os que vão para nunca mais voltarem. Vamos ficar em silêncio neste já silêncio ensurdecedor e não fazemos nada? Não é com a razão que vamos lá..! É com o coração que olhamos com otimismo o futuro, que batalhamos para encontrar a alegria e com ela construirmos o nosso jardim. O Douro Sul pode ser, se quisermos o nosso jardim! Jardim de flores de várias cores e aromas, jardim da esperança e da prosperidade! Com muitos, oito, dez canteiros? Sejam os que forem, dez seria o número de concelhos ideal. Mas que seja uma realidade o que desejamos, que seja - a nossa cidade conceptual e simbólica - que nos une e dá força para sobrevivermos e nos afirmarmos! É com o coração ..! Só o coração ouve bem, olha e sente o que a razão nega e até demonstra ser impossível. Pelo coração vamos lá ..! Vamos derrubar os muros, abrir e fazer único este jardim. Não basta pensar, dizer e até escrever - é preciso fazer! Que mais precisamos perceber para que sintamos que sozinhos não vamos lá e que cada concelho por si, pode até fazer a festa, deitar os foguetes, mas provavelmente ninguém apanhará as canas, porque não vai haver gente para o fazer..! A Associação de Municípios do Vale do Douro Sul, pode ser a âncora deste objetivo de sobrevivermos juntos. Pode fazer deste desígnio uma bandeira e, com os afetos que a política também transporta, declarar iniciado o processo que levará à concretização deste ato de amor pelas pessoas desta região, dando-lhes, particularmente aos jovens, espaço de realização. Uma cidade que de dimensão adequada permita escala para melhores cuidados de saúde, mais cuidados sociais, mais visibilidade aos produtos agrícolas, que crie mais emprego, que faça do turismo uma fonte de rendimento real e não de faz de conta, que associe esta região ao espumante de altíssima qualidade, que daqui seja a melhor castanha, que a cereja seja a primeira, que a maçã seja a mais apreciada, que os vinhos, maduro, do Porto, ou até o verde, sejam únicos, que o investimento de grande impacto e tecnológico seja uma possibilidade..! Nesta cidade, este grande espaço cultural, que nos dá identidade geográfica, que nos aumenta a Alma e a energia para nos afirmarmos e caminharmos juntos. Nesta cidade, este lugar fantástico, nós os cidadãos e as Instituições da sociedade, não deixaremos de retribuir, colocando num lugar nobre dos nossos corações, todos aqueles que disserem SIM à cidade Douro Sul.
Lamego aderiu à federação portuguesa dos Caminhos de Santiago
Anomalias em freguesias são prioridade para a Câmara de Lamego A autarquia lamecense referiu, em comunicado, que realizou um levantamento de anomalias nas freguesias, das quais se destacam o fornecimento de água e saneamento básico e a requalificação de caminhos e muros caídos. A decisão foi tomada numa altura em que o presidente Ângelo Moura organiza um roteiro de trabalho com visitas a todas as freguesias de Lamego, com o objetivo de conhecer em detalhe as principais carências e dificuldades das localidades e definir áreas prioritárias de intervenção. Acompanhado por presidentes de junta de freguesia, técnicos da autarquia e pelo executivo camarário, Ângelo Moura já visitou algumas
das freguesias do concelho como Penajóia, Avões, Ferreiros de Avões e Samodães. Recorde-se que, já em fevereiro deste ano, a autarquia assinou, com as juntas, um conjunto de acordos de delegação de competências no valor de mais de 400 mil euros. Os documentos prevêem que as freguesias passem a tratar da manutenção de espaços verdes, da limpeza e manutenção de vias e espaços públicos e da reparação e substituição de mobiliário urbano, além da comparticipação dos custos de funcionamento e realização de pequenas reparações nas escolas. O município garantiu na altura que os valores atribuídos às freguesias respeitam os “critérios de gestão financeira adequada, tendo em conta os pressupostos de operacionalidade das matérias delegadas”. As juntas são obrigadas a comunicar tudo o que fazem com o dinheiro através de relatórios trimestrais de avaliação de execução, sempre que solicitado pela Câmara. ■
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Lamego
Misericórdia de Lamego diversifica atividades extracurriculares
As novidades são muitas e pretendem que cada criança desenvolva em harmonia as suas componentes físicas, intelectuais e de espírito crítico. Assim, e já a partir de setembro, esta instituição alargará as atividades, oferecendo, pela primeira vez, aulas de hipismo, taekwondo, música, teatro, massagem shantala e contacto com as novas tecnologias. A participação será completamente gratuita. Para além disso, as aulas de natação, dança e introdução ao inglês, realizadas até agora, continuam nos mesmos moldes.
“Procuramos desenvolver, duma forma persistente e continuada, a melhoria do nosso projeto pedagógico para a valência da creche e jardim infantil, razão pela qual vamos introduzir uma série alargada de mais-valias, quer ao nível das atividades pedagógicas curriculares, com a introdução de equipamento informático (computador e quadro interativo), bem como das atividades extracurriculares. Queremos que os pais depositem confiança na nossa instituição pela qualidade do projeto educativo que temos, na certeza que as preparará adequadamente para o futuro, tornando-as ao mesmo tempo crianças felizes”, anuncia o Provedor António Marques Luís. O projeto educativo ministrado na creche e pré-escolar também passará a destacar as temáticas ligadas à educação ambiental para que as crianças desenvolvam, desde tenra idade, hábitos sustentáveis e ecologicamente saudáveis. Para isso, será criada nas instalações da Quinta do Poço uma horta pedagógica para que seja possível abordar conteúdos relacionados com a ali-
mentação, a nutrição e a ecologia. A horta terá ainda uma vertente educacional com o recurso à reciclagem de diversos materiais. Com o objetivo de divulgar o serviço de excelência que diariamente aqui é prestado, a Misericórdia de Lamego já apresentou, em primeira mão, aos pais e encarregados de
educação todas estas novidades e que colocam esta instituição no topo da qualidade de oferta educativa do concelho de Lamego. Com um horário alargado das 7h30 às 19h30, a creche e jardim de infância tem em vigor acordos de cooperação com a Segurança Social que reduzem o valor das mensalidades. ■ FOTO: DR
A Misericórdia de Lamego vai marcar pela diferença em relação ao leque de atividades extracurriculares que passará a disponibilizar, a partir do próximo ano letivo, na creche e no jardim-de-infância.
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22 VIVADOURO JULHO 2018
Vila Real
João Salazar Leite As casas de economia social Parte 2
Atualmente, em Portugal e Espanha assiste-se à chegada de uma nova espécie exótica de peixe a cada dois anos, estando identificadas 20 espécies de peixes exóticos no nosso país. Esta situação está a tornar-se deveras preocupante, na medida em que a invasão de espécies exóticas nos nossos rios, quase todas elas predadoras dos peixes nativos, está a colocar em perigo a biodiversidade piscícola. Rui Cortes, docente e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), alerta para o facto de alguns estudos realizados em albufeiras mostrarem que “a biomassa das espécies exóticas no espaço de um ano pode aumentar na ordem das centenas de vezes, dando-se a concomitante redução das espécies nativas”, pelo que é de temer que, “ao fim de poucos anos, estas sejam completamente marginais nos troços regularizados”. Sobre as espécies de peixes predadoras mais preocupantes, Rui Cortes refere as que são especialmente apreciadas na pesca desportiva, que muito tem contribuído para a sua disseminação: “É o caso
do lúcio ou do achigã, esta última espécie foi mesmo um caso de introdução pelos Serviços Florestais e que escapou completamente ao seu controlo, mas outras há, como a perca-sol, altamente predadoras e muito prolíferas, além de tolerantes à contaminação, e que predam sobre as espécies nativas e até sobre as próprias exóticas com interesse na pesca desportiva, como é o caso do achigã.” Mas há também o peixe-gato, que tem sido muito visto no rio Douro e que chega a ultrapassar um metro e meio de tamanho, comendo mais de dez quilos de outros peixes por dia, Rui Cortes esclarece que “temos nas nossas águas três espécies de peixe-gato, assim denominadas pelos longos barbilhos mas que são muito diferenciadas morfologicamente: o siluro, o peixe-gato-negro e o peixe-gato-americano. A primeira é a que atinge maiores dimensões, podendo ultrapassar os dois metros nas nossas águas, mas na Ásia, a sua origem, pode atingir os 5 metros. Na Europa há registos de exemplares com mais de 100 quilos.” E como se pode controlar este fenómeno e os seus efeitos? “A partir do momento em que se altera radicalmente o ecossistema aquático é completamente impossível controlar as espécies exóticas – sustenta Rui Cortes – O seu potencial de invasão é ainda amplificado pela destruição da vegetação ribeirinha e poluição orgânica, já que falamos de espécies muito tolerantes à degradação da qualidade da água. Assim, a conservação das nossas massas de água é realmente a única possibilidade de limitar o avanço das exóticas invasoras.” FOTO: DR
Se no papel a ideia era interessante, na prática ela ficou curta, por se não terem externalizado ou extinto os serviços que na Administração Pública acompanhavam associações e fundações. Se na cooperativa CASES tínhamos como membros as Confederações e Uniões de todas as famílias, exceto fundações (que se ficaram pela adesão ao CNES), se todas elas discutiam a política do Governo para o setor cooperativo e social, na prática, no dia a dia da vida da CASES, o trabalho continuava a esmagadoramente se dirigir às cooperativas, que haviam ficado sem serviço de acompanhamento público. Isso poderá ter atrasado o entrosamento entre as famílias e suas organizações representativas, mas progressivamente pode-se testemunhar a lenta, mas sólida, adoção de um discurso comum, que uma década depois permitiu a criação de uma Confederação única da Economia Social, na sequência de um 1º Congresso Nacional de Economia Social que se realizou em 5 sessões ao longo do ano de 2017. Dir-se-á que a CASES recebeu do Governo indicações para promover a criação da nova estrutura, mas isso é o que menos interessa. Os resultados não teriam aparecido se não estivesse já suficientemente amadurecido o diálogo entre os atores do setor, e se todos não tivessem um objetivo comum, o de afirmar a economia social como parceiro da concertação social, reivindicando de direito um assento na sua comissão permanente. Ver-se-á como reagem à reivindicação legítima os parceiros que nessa comissão permanente já têm assento, o que será interessante acompanhar nos meses que se avizinham. A Confederação tem as conclusões do 1º Congresso de Economia Social como guia para a sua atividade. A conclusão nona diz: ‘As entidades de economia social estão conscientes de que um verdadeiro setor de economia social passa pelo trabalho em parceria, seja entre as diferentes famílias, seja com os outros setores de propriedade dos meios de produção. Nomeadamente, recomendam o desenho de programas que contribuam para o desenvolvimento local dos territórios em parcerias devidamente concertadas com o poder local’. Porque a base organizativa das entidades de economia social é na esmagadora maioria delas local, por que elas se não deslocalizam, ao contrário do que muitas vezes fazem as sociedades comerciais, os poderes locais sabem que podem contar com elas para desenvolver os seus territórios de influência, e por isso devem olhá-las de modo especial ao desenharem os seus programas eleitorais e, depois, os seus programas concretos de legislatura. Assim sendo, deseja-se que cada vez mais surjam autarquias locais que reconheçam o papel das organizações de economia social e com elas estabeleçam parcerias de atuação em prol das populações locais. Aproveitando edifícios devolutos nas sedes de município e nas principais vilas da circunscrição, por que não permitirem às entidades de economia social do concelho que possam utilizá-los para aí estabelecerem as suas sedes e partilharem serviços? A concretizar esse desiderato surgirá a ‘Casa de Economia Social’. No começo, centralizar-se-ão os serviços administrativos das diferentes entidades, depois cruzar-se-ão os corpos de filiados e fomentar-se-ão serviços cruzados entre as organizações. Mais para a frente, uma vez ganha confiança entre direções e corpos de membros partir-se-á para a incubação de novas entidades em setores que sejam essenciais para o desenvolvimento do município e que ainda não estejam cobertos por nenhuma empresa, gerando novos postos de trabalho, fixando populações, desenvolvendo a localidade. O potencial será enorme e o trunfo consistirá na mobilização das populações, das entidades vivas, para um desenvolvimento partilhado entre eleitos e eleitores. Faz sentido que numa localidade em que por exemplo exista uma cooperativa agrícola e outra de consumo, uma mutualidade e uma misericórdia e várias associações de cultura e recreio, os filiados na cooperativa possam utilizar o hospital da misericórdia, façam os seus seguros na mutualidade e assistam aos espetáculos das bandas ou pratiquem desportos nos clubes recreativos, e inversamente os filiados nas mutualidades e associações comprem diretamente na cooperativa agrícola ou na de consumo, sempre em condições tão favoráveis como as disponibilizadas aos membros de cada uma das organizações referidas. É esse o objetivo último da Casa, que disponibilizará informação, proporcionará proveitos económicos, estudará novas oportunidades, terá salas para eventos e espetáculos, dinamizará o concelho em comunhão com as populações. Acresce que às autarquias locais caberá estudar a sua participação neste processo, por exemplo através da filiação em cooperativas de interesse público, possibilitando uma influência direta na escolha de caminhos a seguir, democrática e responsavelmente. Desejavelmente essa participação como iguais nas cooperativas durará tanto tempo, ou apenas o tempo necessário, para que a dinâmica da sociedade civil consiga por si própria desenvolver as atividades pretendidas, mas os eleitos locais, como cidadãos, continuarão sempre ativos nas ‘Casas’. A participação dos responsáveis máximos das Associações de Municípios e de Freguesias no CNES – Conselho Nacional de Economia Social permite-lhes mesmo discutir as principais linhas de ação do Governo central para a economia social e influenciar a tomada de medidas de caráter legislativo pelo parlamento ou pelo próprio governo. E uma vez implantado um verdadeiro processo de regionalização do país, estou certo de que os autarcas contarão com a economia social e suas ‘Casas’ para o desenvolvimento territorial e melhoria do nível de vida das populações. Ver-se-á qual a autarquia que dará o pontapé de saída, que acolherá a ideia e a desenvolverá em conjunto com os seus munícipes. Creio poder prever que após uma experiência de sucesso outras se montarão e que sobretudo no interior de Portugal se assistirá à progressiva implantação de ‘Casas’. Porque tenho abordado a temática nas Jornadas Cooperativas da Pesqueira, sei que haverá autarcas alertados para o que deixei escrito. Apenas posso esperar, mas sei que sem economia social não haverá desenvolvimento do interior de Portugal, se não reduzirão as disparidades litoral/interior, se não criarão empregos no interior, se não fixarão populações nas zonas em progressiva desertificação humana e económica.
Invasão de espécies piscícolas predadoras preocupa investigador da UTAD
VIVADOURO JULHO 2018 23
Alijó
Alijó em festa com Alifeira e Sons no Parque
Ao longo dos três dias foram mais de 140 os expositores presentes na Alifeira, entre produtores de vinho, azeite, enchidos, associações culturais e desportivas, foram muitos os expositores que deram vida a esta primeira edição do certame. A animação foi também uma presença sempre notada e as provas comentadas por Luís Lopes, criador da Revista de Vinhos há 28 anos e atualmente à frente da publicação Vinho Grandes Escolhas, tiveram a participação de dezenas de curiosos e produtores. Bruno Rocha, um dos produtores de vinho presentes no certame destacou a importância de participar neste evento, desde logo para mostrar o que de bom se produz em Alijó. “É sempre importante participar neste tipo de eventos, ainda para mais sendo nós naturais daqui. Vendo a quantidade de pessoas que têm vindo até cá fica ainda mais evidente essa importância, até porque esta é mais uma forma de podermos promover os
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A vila de Alijó viveu, entre os dias 13 e 15 de julho, um fim de semana intenso de festa com dois grandes eventos, a Alifeira e o festival Sons no Parque, iniciativas que levaram até à vila duriense milhares de pessoas.
> A animação foi presença constante no recinto da feira
nossos produtos. Depois há ainda a questão de nem todos os produtores terem a capacidade em certames de maior dimensão e aqui podem mostrar o seu trabalho”. Também positiva foi a presença para Sérgio Alves, um produtor de azeite local que destacou ainda a importância de se realizar novamente um evento com estas características em Alijó. “Sendo daqui é importante estar presente, aliás, às vezes as empresas esquecem-se se promover os seus produtos nas zonas onde estão inseridos e este tipo de eventos ajuda a suavizar essa lacuna. Depois é também FOTO: FOTO: DR DR
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importante para apoiar esta iniciativa, já há alguns anos que não se realizava nada do género em Alijó e agora que volta a haver é importante que as pessoas participem para que tenha continuidade”. O encerramento deste certame foi feito com o concerto extravagante dos UXU KALHUS com a Banda Filarmónica de São Mamede de Ribatua, uma experiência única que agradou a todos quantos assistiram pela diferença marcada. Em paralelo à realização desta feira, Alijó recebeu também a segunda edição do Sons no Parque, um festival de música composto por bandas emergentes, com entrada gratuita e que, uma vez mais, se pautou pelo sucesso, sublinhado pelos milhares de pessoas que assistiram aos dois dias de concertos. Pelo palco localizado no parque da vila
passaram seis bandas. No primeiro dia a atração foi Marta Ren & The Groovelvets a quem se juntaram os espanhóis Sexy Zebras e os nacionais Iron Fist Blues Band. No segundo dia foram os portugueses Moonshiners, oriundos de Aveiro, seguindo-se os espanhóis Aurora & The Betrayers, como cabeça de cartaz deste dia e, por fim, os franceses Datcha Mandala. Mafalda Mendes, vereadora da cultura mostrou-se também bastante satisfeita com esta realização. “As pessoas ainda se estão a habituar à ideia da feira mas a verdade é que tem sido um sucesso. As pessoas estão muito contentes e os expositores têm afirmado que é bom voltar a ter um certame com estas características aqui em Alijó. Tenho a certeza que no futuro teremos uma adesão ainda maior”. ■ FOTO: DR
> O Sons no Parque marcou as noites de Alijó
> Manuel Novaes Cabral e José Paredes inauguraram o certame
24 VIVADOURO JULHO 2018
Vila Real
UTAD e Direção Regional de Cultura unidas em projeto sobre contos e lendas transmontanos O ato oficial de assinatura decorreu no passado dia 3 de julho, no Teatro de Vila Real, na presença do Diretor Regional de Cultural, António Ponte, e diversos autarcas, estando a UTAD representada pelo vice-reitor Artur Cristóvão. O projeto tem em vista desenvolver uma coleção de narrações infantis que retratem, na sua dimensão e distribuição geográfica, um universo representativo dos concelhos de Bragança e Vinhais. À UTAD cabe a fase de arranque do projeto, que passa pelo levantamento, registo e contextualização, até ao final de 2018, dos contos e lendas dos dois concelhos, junto de fontes credíveis. Contribuir para o estudo, salvaguarda e divulgação do património imaterial do nordeste transmontano, no que respeita às tradições orais e escritas, é a grande aposta da Universidade. ■
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Um dos projetos vencedores do primeiro Orçamento Participativo, lançado pelo governo em 2017, designado “Contos e Lendas Transmontanos”, vai ser implementado pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) juntamente com a Academia Ibérica da Máscara, no âmbito de um protocolo assinado com a Direção Regional de Cultura do Norte.
Vila Real conquistou Clericus Cup
Na final da competição, disputada no Pavilhão do Colégio João Paulo II, em Dume, e num frente-a-frente entre as duas melhores equipas do torneio, a seleção da Diocese de Vila Real bateu a da Arquidiocese de Braga por 5-4, após
grandes penalidades, e depois de as equipas chegarem empatadas ao final do encontro e do prolongamento (3-3). Vila Real marcou primeiro por Meira, o homem do jogo e autor dos três golos dos transmontanos, mas Marco Gil empatou a partida ainda antes do intervalo. Na segunda parte, Paulo Sá fez o 2-1, mas Meira voltou a marcar e fez o 2-2. Depois foi a vez de Zé António colocar Braga de novo em vantagem (3-2), mas o “inevitável” Meira restabeleceu o empate perto do final e levou o jogo para prolongamento. Nesse período, os golos não apareceram pelo que houve necessidade de se recorrer às grandes penalidades, e aí, Vila Real acabou por ser mais feliz, vencendo por 5-4 e garantindo assim o título de campeã nacional de futsal para o clero.
A equipa de Vila Real converteu duas grandes penalidades (em quatro), por Meira e Ricardo, e Braga apenas uma, por Nuno Vilas Boas. Na decisiva, Paulo Sá falhou, e tudo ficou decidido. Importa salientar o desportivismo que imperou em todo o torneio e particularmente na final, presenciada por cerca de duas centenas de adeptos que praticamente esgotaram o pavilhão.
D. Jorge Ortiga, Ricardo Rio e Firmino Marques (Câmara de Braga), Mário Paulo (Colégio João Paulo II), José Vasconcelos (treinador da seleção nacional de padres), Wender e Artur Jorge (Sporting de Braga) foram algumas presenças notadas nesta final. No final foi confirmado que a próxima edição da Clericus Cup será disputada na cidade do Porto. ■ FOTO: DR
A seleção de padres da Diocese de Vila Real sagrou-se campeã nacional de futsal, ao conquistar a 13.ª edição da Clericus Cup, que se realizou em Braga, numa final com pavilhão esgotado e decidida nas grandes penalidades.
Escuteiros de S. Pedro já têm nova sede O Presidente da Câmara Municipal, Rui Santos, entregou, dia 12 de julho, as chaves da habitação do Parque Florestal, recuperada pela Câmara Municipal de Vila Real, que servirá de sede para o Agrupamento de Escuteiros de S. Pedro. Tratou-se de um ato simbólico que pretendeu marcar um momento tão importante
para este Agrupamento de Escuteiros que há muitos anos ansiava por ter um espaço próprio. Como referiu o Chefe Barros daquele Agrupamento de Escuteiros, “esta será a nossa nova casa, foram vinte anos à espera de um espaço que nos pudesse acolher dignamente”, “agradeço à Câmara Municipal, na pessoa do Sr. Presidente, que nos ajudou e se entusiasmou connosco em todo este processo”. Para meados de setembro, altura em que tem início o ano escuteiro ficou a promessa de “uma festa rija” para inaugurar a nova sede. Por sua vez o Presidente da Câmara Municipal, Rui Santos referiu que “este projeto estava na nossa cabeça há muito tempo, o parque precisava de ser usufruído
pelos cidadãos”. O autarca referiu ainda que a intervenção efetuada no parque florestal “é um bom exemplo da descentralização”, pois o acordo de cedência da gestão do parque florestal estabelecido entre o ICNF e o Município Vila-realense permitiu à autarquia pegar no parque e dar-lhe uma nova vida. Recorde-se que nos últimos dois anos e meio a autarquia procedeu à melhoria da iluminação e à limpeza do parque, com vista a proporcionar maior segurança e visibilidade. A autarquia procedeu também, em setembro de 2017, à entrega do Armazém do Rio ao Grupo de Montanhismo de Vila Real para o desenvolvimento da sua Escola de Escalada.
Com a instalação da sede do Agrupamento de Escuteiros de S. Pedro no Parque Florestal fica assim concluída a operação de recuperação e reabilitação daquele espaço e das principais instalações que se encontravam abandonadas. A intervenção global envolveu um investimento municipal superior a 250 mil euros. Estas ações inserem-se na estratégia municipal de recuperação de um espaço verde central da cidade de Vila Real, dotando-o de condições atrativas de utilização quotidiana, nomeadamente de segurança, que através da atividade contínua destas entidades neste espaço se procura assegurar. ■
VIVADOURO JULHO 2018 25
Torre de Moncorvo
Relatório de conformidade ambiental para projeto mineiro de Moncorvo já foi entregue O relatório de conformidade ambiental para a exploração das minas de ferro na zona do Carvalhal, em Torre de Moncorvo, foi entregue na Direção-Geral de Energia e Geologia, segundo anúncio do presidente da Câmara de Torre de Moncorvo, Nuno Gonçalves. O autarca acrescentou que o Recape (Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução) foi apresentado pela empresa MTI – Ferro de Moncorvo, SA, e reporta-se à área mineira situada nas uniões de freguesias de Felgar/Souto da Velha e Felgueiras/Maçores, bem como nas freguesias de Mós, Carviçais, Larinho, Torre de Moncorvo e Açoreira, no concelho de Torres de Moncorvo, distrito de Bragança. “O Recape é um documento essencial para se reiniciar a exploração mineira no concelho de Moncorvo. Trata-se de um projeto privado de exploração mineira que tem o seu andamento próprio, mas que se está a cumprir dentro dos prazos que lhe são exigidos pelo Estado português”, explicou
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à comunicação social o autarca social-democrata. Nuno Gonçalves frisou a Câmara Municipal tem projetos entregues pela MTI para abertura de caminhos e aceiros de acesso aos sítios de exploração mineira, bem como a reabilitação de alguns imóveis de apoio que se encontram no lugar de uma antiga mina, no Carvalhal. A MTI desenvolveu já trabalhos de prospeção e pesquisa prévios ao abrigo de um contrato de 2008, bem como atividade de exploração experimental no âmbito de outro contrato, este de 2013. Em novembro de 2016, altura em que assinado o contrato definitivo relativo a esta concessão, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, realçou “o empenho colocado pelo Governo para agilizar este projeto”, salientando ainda a sua “importância para a região e para o país”. A empresa concessionária da exploração mineira em Torre de Moncorvo espera investir 114 milhões de euros até 2026 e produzir seis milhões de toneladas de minério nos primeiros cinco anos de laboração. Segundo a MTI, numa primeira etapa considera-se a criação de mais de 200 postos de trabalho diretos, a que acrescerão mais de 250 nas etapas seguintes. Estima-se ainda a criação de 800 postos de trabalho indiretos. Para já, ainda não há data concreta, para o arranque da exploração mineira. ■ FOTO: DR
26 VIVADOURO JULHO 2018
Carrazeda de Ansiães | Mesão Frio
Tiago Nogueira Jornalista / licenciado em psicologia
Não trago boas notícias
Queria trazer-lhe boas notícias. Queria mesmo. Mas a hora da despedida é sempre muito delicada. Resta um pequeno resumo daquilo que foi a final deste Campeonato do Mundo, recheado de surpresas e de bolas paradas:
Uma palavra, também, para o técnico Didier Deschamps, que igualou o brasileiro Mário Zagallo e o alemão Franz Beckenbauer, ao conseguir conquistar o Mundial como jogador e como treinador. De notar que a França somou apenas um empate em toda a prova, sendo que foi a equipa mais sólida ao longo do torneio, deixando pelo caminho Argentina, Uruguai, Bélgica e Croácia. Haverá dúvidas quanto à justiça deste título?!
A presença do IPB em Carrazeda de Ansiães resulta de um acordo estabelecido entre esta instituição de ensino superior e o município que disponibilizou para o efeito as instalações onde o curso vai ser leccionado. Os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTESP) são cursos superiores de curta duração que têm como objectivo conferir qualificação do nível cinco de acordo com o Quadro Nacional de Qualificações (QNQ). Um CTESP tem 120 créditos e a duração de quatro semestres, sendo o último em contexto de trabalho. Os titulares destes diplomas podem prosseguir os estudos de Licenciatura, através de um concurso
especial de acesso. Parte da formação efetuada no CTESP será creditada na futura Licenciatura. Podem concorrer aos CTESP os titulares de um curso secundário ou de habilitação legalmente equivalente, os estudantes maiores de 23 anos que tinham sido aprovados nas provas especiais de acesso, os titulares de um diploma de especialização tecnológica, os titulares de um curso técnico superior profissional e os titulares de um grau de ensino superior que pretendam a sua requalificação profissional. As inscrições podem ser efectuadas em http:// candidaturas.ipb.pt até ao dia 31 de agosto. ■
Rancho da Casa do Povo de Barqueiros realizou Festival de Folclore A Avenida Conselheiro Alpoim juntou milhares de pessoas, para assistir ao Festival de Folclore organizado pelo Rancho Folclórico da Casa do Povo de Barqueiros que se realizou no passado sábado, dia 14 de julho. Com o apoio da Câmara Municipal de Mesão Frio, o evento contou com as atuações do rancho folclórico anfitrião e de mais três grupos etno-
gráficos convidados. Para expressar e memorar as diferentes tradições e raízes populares subiram ao palco, com as suas brilhantes performances, o Grupo Folclórico de Danças Regionais de Santa Iria, de Ribeira de Santarém, o Rancho Folclórico do Centro Social, Cultural e Recreativo Arvorense, de Vila do Conde e o Rancho Folclórico da ACR Tabuado, de Marco de Canaveses. Como sempre, o tradicional festival anual teve início com o desfile dos grupos, pelas principais artérias da vila porta do Douro, numa simbiose de intercâmbio cultural entre residentes e visitantes. ■ FOTO: DR
Vinte anos depois, a seleção francesa sagrou-se, novamente, campeã do mundo, derrotando a Croácia por 4-2. Uma final equilibrada, onde os vice-campeões demonstraram, uma vez mais, o enorme talento que existe em território croata. Tiveram o melhor jogador do Campeonato do Mundo (Luka Modrić) e uma admirável surpresa: Kolinda Grabar-Kitarovic, a presidente da Croácia. Ela que colecionou várias peripécias ao longo da competição. Desde a viagem até à Rússia, em económica, paga do seu próprio bolso, para ver as meias finais frente à Inglaterra, até aos jogos vistos da bancada e não da tribuna, com a camisola da seleção vestida, ignorando vestidos exuberantes e as cerimónias habituais.
Carrazeda de Ansiães, através do Instituto Politécnico de Bragança, vai ter, já no próximo ano lectivo, um Curso Técnico Superior Profissional (CTESP) na área das Energias Renováveis e Instalações Elétricas.
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Lamento informar mas já pode voltar à sua rotina. A hora de almoço no trabalho deixou de ser flexível. A hora do jantar voltará a ser sagrada, não existirão mais interrupções para ver golos, bolas na trave ou defesas fabulosas. O pretexto preferido para juntar amigos e cervejas à volta da mesa congelou na Rússia. É verdade, acabou a maior competição de futebol do mundo. E só voltaremos a esta alucinante aventura daqui a quatro anos, no Qatar. Terminaram os hinos nacionais antes dos jogos, no estádio, nas ruas ou mesmo em casa. Com milhares ao lado ou sozinhos. Sempre assentes num arrepio profundo na espinha e/ou em lágrimas que transportam a união e a capacidade lutadora de cada país. Porque todos têm a sua história. Umas mais sofridas, outras mais risonhas. Mas o sentimento está todo lá. No entretanto, as crianças desceram, em definitivo, dos ombros dos seus pais e, por sinal, fizeram-nos entender que o Mundial terminou mesmo. Isto de carregar um filho ao longo de 90 minutos nem custa tanto quando estamos a ver e a defender as nossas cores.
Ensino superior em Carrazeda de Ansiães
VIVADOURO JULHO 2018 27
Município de Sabrosa iniciou trabalhos de limpeza junto à rede viária municipal O município de Sabrosa já começou a executar os trabalhos de limpeza das faixas de gestão de combustível, com 10 metros, junto à rede viária, com o abate de pinheiros e eucaliptos, como decretado pela lei 114/2017, no seu artigo 153º e que determina o regime excecional das redes secundárias de faixas de gestão de combustível, em conjugação com o decreto-lei 124/2006. Os trabalhos estão a ser executados nos locais onde os proprietários, responsáveis pela gestão, não os executaram no prazo
estabelecido, que terminou a 31 de maio. Segundo o autarca, Domingos Carvas, “nesta altura faltam limpar cerca de 40 hectares de um total de 370. Conseguimos que os privados, com muita ação da nossa parte e dos GIPS e com muita comunicação, limpassem cerca de 80% do que havia para limpar”. “Dividimos este trabalho em duas fases. Na primeira fase concentramo-nos nos perímetros urbanos que era a situação que mais nos preocupava e aos GIPS, que têm feito um excelente trabalho, agora é a segunda fase em que tratamos das faixas de gestão junto às vias de circulação”. Os trabalhos iniciaram-se na estrada que liga a aldeia de Roalde ao lugar das Fragas e continuarão nas vias das freguesias consideradas prioritárias na intervenção deste regime excecional, identificadas pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). Depois de terminados na via já referida, os trabalhos continuarão na estrada muFOTO: DR
nicipal (EM) 323-2 até ao limite da União de freguesias de São Martinho de Anta e Paradela de Guiães; no caminho municipal (CM) 1265, que liga a EM 323-2 a Sobrados; na EM 587, que liga Paradela de Guiães a Provesende; na estrada que liga Fermentões a Vilela; na EM 323 até ao limite do concelho, que termina na ponte de Parada; e no CM 1263-3, que liga Sabrosa a Feitais. Nas restantes vias, não havendo tantos locais com pinheiros ou eucaliptos para abate, os trabalhos também serão executados em conformidade com a lei em vigor. “O facto de andar no terreno um camião e as máquinas de corte tem levado a que alguns particulares se cheguem à frente. Estas pessoas não trataram dos seus terrenos por falta de cuidado mas, muitas vezes porque desconheciam o que era preciso cortar. Ao estarem todos juntos no terreno, os proprietários têm decidido por pagar ao cortador, ficando com a lenha para si. Isto aconteceu já em cerca de um terço do terreno limpo por nós até ao momento”. Domingos Carvas acredita ainda que a tragédia que aconteceu no ano passado serviu para alertar consciências, fazendo com que os proprietários se tornem mais cuidadosos, não deixando de criticar o Governo que acusa de abandono daqueles que no ano passado sofreram graves percas, em especial no maior fogo do concelho que aconteceu no mês de agosto. “As pessoas estão mais sensibilizadas desde o que aconteceu no ano passado. Por exemplo, em Parada do Pinhão, muitos habitantes apontavam o dedo a uma família que
Sabrosa
tem muitos terrenos que não eram limpos, e isso prejudica toda a comunidade”. “A casa de primeira habitação que ardeu no ano passado foi recuperada por nós em 15 dias, sem qualquer ajuda do Estado ou de seguradoras, um investimento de algumas dezenas de milhares de euros. Para nosso espanto esta habitação não foi contemplada com nenhum apoio porque não ardeu durante os dois grandes incêndios do ano passado, em junho e outubro”. “Andamos mais de duas semanas no terreno com diversos técnicos, a fazer o levantamento dos danos causados pelo fogo para nada, uma perca de tempo, com a agravante de que andamos a alimentar nas pessoas a esperança que iriam receber algum apoio, a verdade é que, como ficaram no dia a seguir aos incêndios, assim estão hoje, a câmara vai ajudando onde pode mas não conseguimos chegar a todo o lado. A verdade é que o Governo nos deixou ao abandono, esquecendo-se que as pessoas aqui também são portuguesas. Felizmente aqui não morreu ninguém mas os danos materiais são imensos”. Nos locais onde irão ser executados os trabalhos são colocados avisos nos pinheiros, de forma aleatória, com o mínimo de cinco dias de antecedência relativamente à data de início dos trabalhos. Toda a biomassa resultante dessa limpeza rever-te a favor do município para pagamento dos serviços. “Fizemos um contrato com uma empresa que faz o corte dos pinheiros e leva logo a madeira, deixando o terreno limpo, isto agiliza o trabalho e evita qualquer celeuma que possa surgir”. ■
40 mil euros para Orçamento Participativo As propostas terão de ser apresentadas de 14 de julho a 15 de agosto de 2018, e para participar é necessário um registo na plataforma eletrónica, disponível em op.cm-sabrosa.pt, que pode ser também acedida através do site do município. Nesta iniciativa podem participar todos os cidadãos naturais, residentes, trabalhadores ou estudantes de Sabrosa com idade igual ou superior a 16 anos. As propostas serão apresentadas por via eletrónica através da plataforma, podendo ser submetidas presencialmente no Balão Único de Atendimento do Município, que apoiará a submissão assistida das mesmas. Com a criação deste Orçamento Participativo o Município de Sabrosa espera poder incentivar o diálogo entre eleitos, técnicos municipais, cidadãos e a sociedade civil organizada, na procura das melhores soluções para as necessidades, tendo em conta os recursos disponíveis; Contribuir para a
educação cívica, permitindo aos cidadãos integrar as suas preocupações pessoais com o bem comum, compreender a complexidade dos problemas e desenvolver atitudes, competências e práticas de participação; Adequar as políticas públicas municipais às necessidades e expectativas das pessoas, para melhorar a qualidade de vida no con-
celho; Aumentar a transparência da atividade da autarquia, o nível de responsabilização dos eleitos e da estrutura municipal, contribuindo para reforçar a qualidade da democracia. A apresentação dos resultados finais acontecerá entre os dias 23 e 30 de setembro de 2018. ■ FOTO: DR
O Município de Sabrosa, numa estratégia de reforço do envolvimento dos cidadãos nas dinâmicas de governação do concelho, procurando promover uma melhor adequação das políticas municipais às necessidades e aspirações dos cidadãos, decidiu criar um Orçamento Participativo (OP), com uma verba disponível de 40.000,00€, a ser aplicada num projeto das áreas temáticas do turismo, cultura, desporto e ação social.
28 VIVADOURO JULHO 2018
Vários Concelhos
CHTMAD vai encerrar 48 camas
> Hospital de Proximidade de Lamego
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Em comunicado o CHTMAD anunciou o encerramento de 30 camas nas áreas da Medicina, Cirurgia e Mulher/Criança, sendo que em Lamego encerram seis em Cirurgia e Medicina, e em Chaves encerram 12 na área de Medicina. “Reitera-se que o encerramento destas camas tem caráter provisório, sendo que a tutela já autorizou a contratação de mais 59 profissionais das várias classes, esperando que estas novas contratações possam ajudar a reduzir o impacto destas 35 horas”, sublinha a nota. O CHTMAD garantiu que o Centro Oncológico, a Urgência e os Cuidados Intermédios/Intensivos não serão atingidos por esta redução de número de camas, mantendo-se com a atividade assistencial em pleno. “Esta medida provisória visa garantir a continuidade da qualidade e segurança da prestação dos cuidados de saúde, quer dos utentes, quer dos profissionais”, ressalvou o CHTMAD. Foi também através de um comunicado conjunto que os autarcas de Vila Real, Lamego e Chaves se manifestaram quanto a este encerramento. No documento enviado às redações os autarcas congratulam-se “com a implementação do horário de trabalho que, repondo os direitos dos profissionais envolvidos, contribuiu para a valorização e dignificação dos trabalhadores”, contudo, informam que, “de imediato foram desenvolvidas, de forma articulada, as diligências necessárias, junto do Ministério da Saúde, no sentido de serem garantidos os recursos humanos adequados ao normal funcionamento do CHTMAD para, deste modo, assegurar a continuação da qualidade dos cuidados de saúde prestados aos utentes”. Os três autarcas informam ainda que na sequência desses contactos, “o Ministério da Saúde assegurou que irá ser efetuado um acompanhamento de proximidade à concretização do plano definido para aplicação do período das 35h, através das estruturas centrais, regionais e locais, tendo em conta as especificidades do CHTMAD, nomeadamente as decorrentes da limitação do número de recursos humanos, garantindo que esta instituição será objeto de uma discriminação positiva”. A finalizar o comunicado os autarcas afirmam ainda que se vão manter atentos à
situação no CHTMAD, garantindo que as necessidades da população são atendidas, “continuaremos a acompanhar, durante os próximos dias, o funcionamento das Unidades Hospitalares de Chaves, Vila Real e Lamego, nomeadamente no que diz respeito ao processo relativo ao impacto da aplicação das 35h, sem prejuízo de serem adotadas outro tipo de medidas que garantam a qualidades dos serviços prestados, a gestão racional dos recursos e a satisfação das necessidades das nossas populações”. Também por comunicado, diferentes estruturas partidárias distritais têm manifestado a sua preocupação com este encerramento de camas. O PCP de Lamego/Tarouca, afirma que a culpa desta situação deve ser repartida entre o Governo e a administração do CHTMAD, lamentando que as recomendações de mais contratações que foram feitas, não tenham sido ouvidas pelo executivo de António Costa. “As responsabilidades repartem-se entre a o governo central e a própria administração do CHTMAD. Se por um lado o anúncio da redução do número de horas semanais constituiu a conquista de um direito laboral e equiparando os enfermeiros aos restantes funcionários públicos, humanizando a profissão e reconhecendo-lhes a fadiga física e psicológica de quem tanto dá ao SNS, o governo de António Costa ficou aquém na contratação de novos profissionais de saúde para colmatar a redução de horários. De facto, o governo socialista não ouviu a recomendação do levantamento efetuado pelos serviços sobre a necessária quantidade de novos enfermeiros, refugiando-se como outras tantas vezes, nas metas orçamentais. Por outro lado, para a administração do CHTMAD o assunto parece de menor importância, já que assume a sua própria decisão sem implementar a contestação e luta necessária para a manutenção das condições atuais. O que reforça, que para a atual administração hospitalar o economicismo é o pilar em que assenta a sua gestão, e que os horários dos enfermeiros são apenas uma conveniente e circunstancial justificação para encerrar camas”. Antes de uma reação oficial, os deputados do PSD eleitos pelos círculos de Vila Real e Viseu reuniram com a administração do Centro Hospitalar, de onde saiu um documento com três preocupações. “Grave carência de recursos humanos, um total de 159, tendo sido autorizada apenas a contratação de 59, correspondendo a 32 enfermeiros, 15 assistentes operacionais e 12 técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica. Contudo, há atraso na contratação destes profissionais porque o despacho de autorização é de 29 de junho. Salienta-se ainda a falta de autonomia e autorização para repor falhas originadas por rescisão, aposentação, gravidez, doença. Situação financeira deficitária, muito preocupante, com um subfinanciamento crónico
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O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) vai encerrar 48 camas, em diferentes especialidades, devido à entrada em vigor das 35 horas semanais, informou esta unidade de saúde.
> Hospital de Vila Real
de 8 milhões de euros que se agrava nesta conjuntura por não se fazer a transferência de 2 milhões de euros correspondente ao aumento da despesa com os novos contratos. Este acumular de situações e perda de competências e financiamento levaram a que o contrato-programa de 2018 fosse assinado unilateralmente. Mantendo-se esta linha de opções políticas, para o próximo, também não assinarão o contrato-programa. Preocupação na gestão dos centros de referência que se tem revelado um ataque ao interior do país com encaminhamento de doentes para o litoral. Esta perda de diferenciação poderá levar à saída de profissionais qualificados e à perda de qualidade num serviço de saúde de proximidade. A título de exemplo, referiu-se a situação do centro oncológico, no que concerne aos centros de referência do cólon, reto e do esófago”. Para os deputados do PSD, “este é o resultado de 3 anos de más opções politicas de um Governo do PS, BE e PCP que se traduzem numa diminuição da qualidade no acesso aos cuidados de saúde, como se pode veri-
ficar no aumento do tempo de espera para consultas, cirurgias, tratamentos e exames”. O deputado do CDS-PP Hélder Amaral, por sua vez, quer que o ministro da Saúde confirme o encerramento de seis camas no Hospital de Proximidade de Lamego, quer saber com que critérios a decisão foi tomada e se é consequência da entrada em vigor das 35 horas semanais. “Apesar das várias promessas feitas pelo Ministério da Saúde, esta situação arrasta-se e prejudica cada vez mais o bom funcionamento das unidades hospitalares que integram o CHTMAD. As dificuldades associadas à nova realidade provocada pela recente medida do Governo de implementação das 35 horas semanais, sem o justificado planeamento e compensação de profissionais que, naturalmente, seria necessário fazer de forma metódica e adequada, levou a que o CA do CHTMAD decidisse encerrar 48 camas, das quais seis são no Hospital de Proximidade de Lamego (HPL)”, pode ler-se num comunicado que o CDS enviou às redações. ■
VIVADOURO JULHO 2018 29
Nacional
Governo atualiza zonas de intervenção prioritárias para controlo de doença na vinha
“Em resultado dos trabalhos de prospeção entretanto desenvolvidos em 2017, de acordo com o plano nacional para o controlo da doença, verificou-se a necessidade de atualização das listas, pelo que se impõe proceder à publicação de novo despacho com a listagem das freguesias que constituem as zonas de intervenção prioritária”, lê-se no diploma. Desta forma, as ZIP da Região Norte abrangem freguesias que fazem parte dos municípios de Melgaço, Monção, Valença, Amarante, Amares, Arcos de Valdevez, Barcelos,
Braga, Cabeceiras de Baixo, Celorico de Baixo, Esposende, Fafe, Felgueiras, Guimarães, Lousada, Maia, Mondim de Baixo, Paços de Ferreira, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Póvoa de Lanhoso, Ribeira da Pena e Santo Tirso. Fazem ainda parte das ZIP da Região Norte freguesias dos municípios de Terras de Bouro, Valongo, Viana do Castelo, Vieira do Minho, Vila Nova de Famalicão, Vila Verde, Vizela, Castelo de Paiva, Cinfães, Marco de Canaveses, Paredes, Penafiel, Vila Real, Santa Marta de Penaguião e São João da Pesqueira. Por sua vez, fazem parte das ZIP da Região Centro freguesias dos municípios de Mealhada, Anadia e Cantanhede. Da mesma forma, o Governo atualizou a listagem das freguesias onde foi detetada a presença do inseto ‘Scaphoideus Titanus Ball’, responsável pela flavescência dourada. Na Região Norte, encontram-se freguesias dos concelhos de Alijó, Amarante, Amares, Armamar, Arcos de Valdevez, Arouca, Baião, Barcelos, Braga, Cabeceiras de Baixo, Caminha, Castelo de Paiva, Celorico de Basto, Chaves, Cinfães, Esposende, Fafe, Felgueiras, Gondomar, Guimarães, Lamego, Lousa-
feito por escrito, em qualquer altura do ano letivo, à direção do agrupamento escolar. O despacho de Ação Social, que entra em vigor a partir de setembro, alarga também a distribuição de fruta às crianças do pré-escolar. A Associação Nacional de Municípios considera a medida positiva, mas sublinha que é preciso esclarecer como será financiada. ■ Foto: DR
Capoulas Santos, ministro da Agricultura, anunciou, no final do mês de junho, a abertura de um novo concurso para jovens agricultores, dotado com 43 milhões de euros. O anúncio deste lançamento aconteceu durante uma audição parlamentar na Comissão de Agricultura e Mar, onde o ministro não adiantou mais informações, referindo
apenas que o concurso será aberto já no mês de julho. No decorrer da audição o ministro foi ainda questionado sobre os atrasos verificados no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR 2020). Capoulas Santos respondeu justificando a demora com o número de candidaturas excecionais recebidas devido aos incêndios. “Entraram no PDR 48 mil candidaturas, só as excecionais [relativas aos incêndios] foram 25 mil, que foram passadas à frente e que já estão encerradas. Estamos, por isso, a tratar dos atrasos do programa”. ■ Foto: DR
O Ministério da Educação determina agora, avança o Jornal de Notícias, que a manutenção das cantinas abertas durante o período das férias do Natal e da Páscoa seja alargada a todos os estabelecimentos públicos de ensino. É para valer já no próximo ano letivo. As autarquias, responsáveis pela gestão de algumas destas escolas, não se opõem, mas pedem ao governo que fique consagrada a possibilidade de não abrirem os refeitórios se não houver alunos interessados. Há outra novidade. O Ministério da Educação quer também que os estabelecimentos de ensino passem a disponibilizar pacotes de leite sem lactose e bebidas vegetais alternativas ao leite. Pelo menos, 5% de bebidas vegetais, desde que solicitado pelos encarregados de educação. O pedido deve ser
de quarentena ‘Flavescence dorée phytoplasma’ e pelas respetivas freguesias limítrofes e não limítrofes que foram abrangidas pelo perímetro definido em informação obtida através do sistema de informação da Vinha e do Vinho”. A listagem completa das freguesias afetadas pela doença ou onde foi detetada a presença do inseto está disponível na página do Diário da República Eletrónico (DRE). ■
Novo concurso para jovens agricultores arranca em julho
Cantinas escolares abertas nas férias de Natal e Páscoa A medida já tinha sido aplicada este ano letivo nas escolas onde existe uma maior percentagem de crianças com carências económicas.
da, Maia, Marco de Canavezes, Matosinhos, Melgaço, Mesão Frio, Monção, Mondim de Bastos, Murça, Oliveira de Azeméis, Paços de Ferreira, Paredes, Paredes de Coura, Penafiel, Peso da Régua, Ponte da Barca e Ponte de Lima. Fazem igualmente parte da listagem, na Região Norte, freguesias dos concelhos de Póvoa de Lanhoso, Póvoa de Varzim, Resende, Ribeira de Pena, Sabrosa, Santo Tirso, Santa Maria de Penaguião, Terras de Bouro, Trofa, Valença, Vale de Cambra, Valongo, Viana do Castelo, Vieira do Minho, Vila do Conde, Vila Nova de Cerveira, Vila Nova de Famalicão, Vila Real, Vila Verde e Vizela. Na Região Centro, verificou-se a presença do inseto em causa em freguesias dos concelhos de Anadia, Cantanhede, Coimbra, Mangualde, Mealhada, Nelas, Pinhel, São Pedro do Sul, Tondela, Viseu e Vizela. Já na Região Autónoma da Madeira, encontram-se freguesias dos concelhos de Machico, Porto Moniz, Santana e São Vicente. De acordo com o despacho, as zonas definidas correspondem a “áreas do território nacional constituídas pelas freguesias onde são detetas cepas contaminadas com o fitoplasma
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O Governo atualizou a lista de freguesias que fazem parte das zonas de intervenção prioritárias (ZIP) para a proteção e erradicação da doença flavescência dourada, que afeta a vinha, segundo um despacho publicado hoje em Diário da República.
30 VIVADOURO JULHO 2018
Opinião
Os estudantes no epicentro da agenda da Universidades
António Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD
A agenda politica da ciência e do ensino superior tem sido centrada nas questões da investigação e do emprego científico.
Contudo, o estudo “Times Higher Education University Teaching Ranking”, recentemente publicado, leva-nos a olhar para o tema da qualidade do ensino superior em Portugal. Trata-se do primeiro ranking direcionado para o ensino e o ambiente de aprendizagem dos estudantes, que revela nos locais cimeiros as Universidades de Oxford, de Cambridge e Sorbonne. Mas, integra oito instituições de ensino superior portuguesas, entre as quais a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Este estudo baseia-se no desempenho das instituições em treze indicadores que avaliam o ambiente de ensino e apren-
dizagem, a interação entre o estudante e o docente, o comprometimento do estudante com o estudo, o sucesso académico, as oportunidades para desenvolver novas competências e a preparação para o mercado de trabalho. Baseado no princípio de que a educação melhora as competências e prepara os jovens para a vida ativa, os estudantes devem ser o epicentro da Universidade. Esta orientação exige recentrar as instituições para um ensino vocacionado para o desenvolvimento de atitudes e de competências favoráveis a mudanças tecnológicas e sociais, à inovação, à capacidade criativa e empreendedora, à afirmação da autonomia reflexiva e
responsável, sempre pautada por elevados valores éticos. Mas, a centralidade no estudante exige também apostar em mudanças organizacionais, que incluam métodos de trabalho colaborativo para adquirir competências multidisciplinares que favoreçam uma cultura de responsabilidade, de civilidade e de cidadania. Exige também apostar em politicas públicas, face aos encargos das famílias, designadamente com propinas e alojamento. Se pretendermos aumentar o número de estudantes no sistema, incluindo estrangeiros, é fundamental apostar na ação social e aumentar a oferta de residências, em que as autar-
quias devem ter um papel central. É crucial que as autarquias assumam uma forte interação com as Universidades, enquanto âncoras de atração e de retenção de talentos para a região. A qualidade do ensino das Universidades revelada no mencionado ranking e a perceção de que os seus diplomados têm boa capacidade de inserção no mercado de trabalho, é uma notícia motivadora para os jovens que pretendem ingressar no ensino superior. Mas, a aposta no ensino superior deve ser uma prioridade do Governo e das autarquias, atendendo ao valor económico e social para o Futuro do território envolvente e do país.
de Provadores. Foram apresentados, pelo Chefe do Serviço de Prova do IVDP, exemplos pedagógicos de amostras anónimas de vinhos de diferentes estilos e categorias, que passaram pela Câmara de Provadores recentemente. Os participantes, de várias empresas, tiveram oportunidade de provar e discutir os vinhos propostos para, de uma forma prática, terem uma noção muito concreta dos critérios de avaliação deste órgão do IVDP. Foi num ambiente de diálogo aberto com os produtores, auscultando-se todas as opiniões e sugestões, que decorreu esta ses-
são. Sendo do interesse de todos a partilha de informação e a transparência nos processos de análise, certificação e fiscalização, o envolvimento dos operadores é fundamental para o IVDP. Assim, consta do plano deste ano, a realização de uma nova edição, em data a anunciar, para o próximo mês de novembro. O IVDP pretende alargar e aprofundar o âmbito das sessões de esclarecimento, promovendo o contacto direto e o acompanhamento das empresas e produtores nas diversas vertentes da sua atividade.
Acresceu a oportunidade assim reconfirmada para colocar o Douro, uma região que é Património da Humanidade, nos olhos do mundo. À boleia da emoção das corridas, espetadores dispersos por todo o planeta acederam ao ambiente em que os carros competem, conhecendo os atributos e as marcas desta paisagem única, evolutiva e viva – os socalcos, os terraços, os taludes, essa “simbiose perfeita entre a natureza, o rio e o homem”.
Por fim, sublinhe-se ainda o feliz e virtuoso cruzamento de todo este entorno como possível canal de consagração de uma Região Norte de Portugal que, a uma cidade do Porto que se é a sua principal força de reconhecimento e porta de entrada, tem de somar a diversidade e a pujança de outros destinos. O Interior Norte de Portugal, o Alto Douro Vinhateiro e Vila Real merecem estar no centro dessa estratégia e o Circuito foi também parte dela.
A Câmara de Provadores do IVDP
Manuel de Novaes Cabral Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP)
A certificação é um dos pilares essenciais da ação do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP) para defesa e proteção das Denominações de Origem Porto e Douro. A Câmara de Provadores tem um papel determinante no processo de certificação. Criada com o próprio Instituto, em 1933, a Câmara de Provadores do IVDP é um órgão colegial integrado no Serviço de Prova e foi a primeira no mundo a implementar um processo de acreditação. O seu trabalho tem por base a análise sensorial e cabelhe pronunciar-se, do ponto
de vista organoléptico, sobre a qualidade dos Vinhos e Aguardentes que lhe são apresentados pelos operadores do setor. É ao crivo do Serviço de Prova, com um desempenho altamente profissional, isento e rigoroso, que são submetidos todos os vinhos da Região Demarcada do Douro (RDD), com vista à sua certificação. No passado mês de junho decorreu, no auditório do IVDP, na Régua, uma sessão aberta aos produtores da RDD, com o intuito de dar a conhecer e prestar esclarecimentos sobre o modo de funcionamento da Câmara
Para além das corridas…
Freire de Sousa Presidente da CCDR-N
No mundo global em que vivemos a afirmação competitiva das cidades, das regiões e dos países depende cada vez mais de um conjunto multifacetado de fatores, neles se incluindo necessariamente a realização de eventos com visibilidade internacional, com potencial de atratividade de públicos internos e externos e com efetivo impacto nas economias locais. Todos estes ingredientes estiveram bem presentes no Circuito Internacional de Vila Real, que
este ano realizou a sua 49ª edição. Trata-se de uma prova do prestigiado e afamado Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCR), um dos principais eventos desportivos a nível mundial, trata-se de uma iniciativa cuja massificação se faz largamente nas dezenas de horas de transmissão televisiva em dezenas de canais internacionais e trata-se de uma realização cujos números já alcançados falam por si em termos de eficácia do retorno do investimento.
VIVADOURO JULHO 2018 31
Lazer
B OA S FE ST AS
Piadas de bolso:
RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO
Estavam dois maluco a conversar e gaba-se um: - Ontem evitei um roubo! Diz a outro: - Então, apanhaste o ladrão em flagrante? Responde o maluco: - Não! Tirei o dinheiro da carteira antes do ladrão…
Escola de Hotelaria e Turismo do Douro - Lamego ARROZ DE TAMBORIL
Ingredientes 1 tamboril fresco 1 cebola grande 2 dentes de alho 3 tomates Arroz agulha 1 folha de louro 1 cálice de vinho branco Coentros Azeite 1 caldo de marisco Ameijoa branca Foto: DR
“Em nome da Câmara Municipal de Tabuaço desejo um Natal Feliz e um ano de 2018 pleno de realizações pessoais e profissionais” O Presidente da Câmara
Preparação
(Carlos André Teles Paulo de Carvalho)
Cozer a cabeça do tamboril e o fígado ( muito importante, porque o fígado dá muito gosto ao arroz e também serve para ver se o tamboril é fresco, se não tiver rejeite)com água e sal. Depois de cozido, limpar de espinhas e peles e reservar. Reservar também a água da cozedura. Entretanto, partir o resto do tamboril em cubos e temperar com um pouco de sal. Fazer um refogado com a cebola, os alhos, a folha de louro, o azeite. Quando a cebola estiver translucida acrescentar os tomates partidos aos bocados, coentros picados, o vinho branco e uma pitada de pimenta, tapar e deixar apurar mexendo de vez em quando. Quando o refogado estiver apurado, retirar a folha de louro. Juntar ao preparado anterior a água da cozedura do tamboril na quantidade que ache necessária para cozer a quantidade de arroz pretendida, para que fique com caldo. Se sobrar alguma água não a deite fora pois pode vir a ser necessário acrescentar calda ao arroz. Retifique o sal. Acrescente o arroz e o tamboril, e deixe cozer. É nesta altura, que se acrescenta os bocadinhos de tamboril que se aproveitou da cabeça, e o fígado esfarelado e as ameijoas. Por fim apague o lume, não deixe o arroz cozer muito, e acrescente um molho de coentros picados. Tape o tacho e deixe apurar mais 2 ou 3 minutos antes de servir.
SOLUÇÕES:
HORÓSCOPO
Maria Helena Socióloga, taróloga e apresentadora 210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt
Amor: Este período é um teste à forma como lida com as outras pessoas. Saúde: Durante este período lutará para alcançar os seus objetivos a nível de forma física e ajudará quem lhe está próximo a fazer o mesmo. Dinheiro: Situação financeira favorável.
Dois bêbados estão sentados num banco num parque, quando um par de freiras se aproximava. Uma das freiras vinha de muletas e com a maior parte de sua perna engessada. Um dos bêbados pergunta: - Desculpe, mas o que aconteceu? A freira a mancar responde: - Eu escorreguei, caí na banheira e parti a tíbia. O médico disse que eu vou ter que ficar com o gesso durante duas semanas. Diz o bêbado: - Deve ter sido forte… Deus a abençoe! Responde a freira: - Obrigado, meu filho E lá continuam no seu caminho. Quando elas estão fora do alcance da voz, o primeiro bêbado pergunta ao outro: - O que é uma banheira? Responde o segundo: - Como eu posso saber? Eu não sou católico…
Concurso de Fotografia VivaDouro | Luso Meteo VENCEDOR: Hugo Vaz Pinto - Peso da Régua