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Ano 2 - n.º 30 - setembro 2017
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Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
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Douro desespera com falta de mão-de-obra
> Colheitas sobrepostas agravam situação > Trabalhadores de leste minimizam problemas > Agricultura e Turismo são os setores mais afetados
> Págs. 16, 17 e 18
Douro
Reportagem VivaDouro
Vila Real
VineScout: Robôs começam a trabalhar nas vinhas do Douro
Laboratório de Realidade virtual inaugurado na UTAD
Greve dos enfermeiros do Douro concentrou-se em Vila Real
> Pág. 8
> Pág. 22
> Pág. 25 PUB
2 VIVADOURO SETEMBRO 2017
Editorial
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org
José Ângelo Pinto
Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário Caros leitores,
Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-873) Redação: Carlos Almeida
NEGATIVO Chuvas colocam populações afetadas pelos incêndios em sobressalto
Sumário: Breves Páginas 4 e 5
“A Sensibilidade da Paisagem do Douro”
Autárquicas 2017 Páginas 6, 7, 12, 13 e 15
Departamento comercial: Ana Pinto Tel.: 910 165 994 Sofia Lourenço Tel.: 917 120 684
Vila Real Página 11
Paginação: Rita Lopes
Destaque Vivadouro Páginas 16, 17 e 18
Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Administrador: José Ângelo da Costa Pinto Estatuto Editorial: http://www.public. vivadouro.org/vivadouro Detentores com mais de 10% do capital social: Lógica & Ética, Lda. Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Colaboradores: António Costa, António Fontainhas Fernandes, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Pedro Ferreira, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Silva Fernandes. Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org
Reportagem VivaDouro Página 22
Próxima Edição 18 OUTUBRO
4,7 milhões de euros em fundos europeus para Enoturismo no Douro
FOTO: DR
As autárquicas de 2017 têm sido caracterizadas por uma geral falta de interesse por parte dos cidadãos. Tirando aqueles que são candidatos ou são bastante ativos nos partidos políticos, o cidadão comum parece estar-se nas tintas para os desfechos destas eleições. Algumas das razões apontadas pelos politólogos é que estas eleições são bastante complexas e que motivam sempre picardias entre candidatos, fruto da proximidade e do conhecimento pessoal que muitas vezes existe entre as pessoas que concorrem. Mas o país político está mesmo muito interessado no resultado destas eleições. No caso provável de uma vitória clara do PS (em aumento de numero de camaras e de votos em relação às eleições autárquicas anteriores; mesmo com descidas significativas em Lisboa e uma grande descida no Porto), estas eleições vão dar ao governo a legitimidade própria que até agora só consegue com o apoio incondicional dos partidos mais à esquerda e vão consolidar definitivamente o estado de graça do Primeiro Ministro no seu partido. Do lado do PSD os sinais dados pela lide-
rança que os resultados destas eleições não contam para efeitos internos são a melhor prova de que contam e que muito há a fazer internamente após as eleições. Os resultados vão mostrar onde é que o Partido está bem e onde é que está mal e o que se espera é que saiba mudar rapidamente onde está mal, para poder vir a constituir-se como alternativa séria de governo, coisa que atualmente as pessoas do chamado voto flutuante não conseguem ver. No CDS, basta à líder ultrapassar a percentagem atingida pelo anterior líder nas mesmas circunstâncias para poder cantar vitória pessoal. Mas a “ambição máxima” passa por poder ser a alternativa em Lisboa (e é a acreditar nas sondagens que se conhecem) e é pena que alguns não tenham percebido que podia mesmo ser a alternativa. Claro que apelar agora para que um partido com ambição de poder possa desistir a duas semanas das eleições, apesar de se tratar de um gesto patriótico e provavelmente interessar muito à liderança nacional do PSD pois deixava de ser possível fazer contas a votos… Ou seja este apelo é um ato isolado e inútil. Espero que se possam eleger os melhores. Cumprimentos ■
FOTO: DR
POSITIVO
Moimenta da Beira | Vila Real Página 14
Vários Concelhos Páginas 8, 10, 19, 20, 21, 24 e 25 Opinião Páginas 28, 29 e 30 Lazer Página 31
Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil
Mesmo que o Vale do Douro não tivesse vinha e não fosse paisagem vinhateira, mesmo assim, constituiria um cenário majestoso. Seria garantidamente um monumento natural, testemunho de colossal erosão de origem fluvial, como o Grande Canyon, do Arizona. Antes disso, aquele território natural poderia ter sido uma simples continuidade dos territórios centrais da meseta. Mas, sem a posterior humanização do vale do Douro, apenas nos impressionaria o fenómeno natural que corresponde ao colossal volume de maciço
rochoso que a erosão retirou e desfez nas areias, que acabaram por guarnecer as praias da costa litoral a sul do Porto. Mas as encostas do Douro foram transformadas pelo homem, numa sábia e heróica gesta de dezenas de gerações, que fizeram terraços, fabricaram solo, contrariaram o défice de água. Este esforço continuado permitiu a instalação de vinhedos com uma das melhores aptidões vitícolas do mundo. A paisagem natural foi valorizada pelo homem por uma conjugação de arte, ousadia técnica e ambição. Houve também o uso do rio como corredor de transportes, acessibilidade e energia: a navegação tradicional, o caminho de ferro, os aproveitamentos hidroeléctricos, a navegação comercial e turística. Em minha modesta opinião, a impressiva motivação pela paisagem duriense continua a ter por base a vastidão dos cenários que se desdobram perante os nossos olhos, independentemente do ponto em que o observador se coloque. O Douro revela-se sempre pelos seus espaços abertos. Há vastidão do Douro acrescenta-se o silêncio por efeito da rarefacção da sua ocupação humana.
No Douro, num dia claro e límpido, a transparência do ar não se manifesta apenas na visibilidade de pontos distantes. Também qualquer ruído se distingue muito longe - um latido de cão, o silvo do comboio, a espadela do rebelo... Os estímulos sensoriais são completados pelos aromas das estevas, das adegas, do solo de xisto. No Douro tudo é muito sensível e, por isso, mais frágil. Um dia, ouvi ao Presidente Jorge Sampaio esta justa consideração: “Há um risco no Douro. Quando deixamos o nosso olhar perder-se a vaguear por esta paisagem sublime e perfeita, onde é que os nossos olhos se quedam? Fatalmente naquilo a que corresponde uma imperfeição: uma casa sem qualidade, pintada de uma cor aberrante, um aterro mal feito, ou o que não está em harmonia com tudo o resto.” De tudo o que fica dito, resulta uma muito maior responsabilidade pelo ordenamento físico do território duriense. O Douro ainda é genuíno e sincero, pelo menos ao olhar afinado de um observador distante. Foi isso que em 2001 foi reconhecido pela UNESCO e que importa sobretudo agora preservar. ■
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4 VIVADOURO SETEMBRO 2017
Breves Horários de voos em Vila Real podem ser alterados
Workshop sobre cultura do sabugueiro FOTO: DR
A ligação aérea entre Bragança e Portimão, com escalas em Vila Real, Viseu e Cascais, pode sofrer alterações de horários, caso a certificação para voos noturnos no aeródromo de Viseu tenha luz verde da entidade reguladora.
Adriana Henriques expõe em Moimenta da Beira Serão dez telas e fragmentos soltos que vão estar expostas no átrio dos Paços do Concelho durante a Expodemo, a festa da maçã, que se realiza de 22 a 24 de setembro em Moimenta da Beira. A exposição/instalação “Cor, luz e maçã”, é da autoria de Adriana Henriques, artista plástica nascida em Salamonde, concelho de Vieira do Minho.
Final 4 da Taça de Portugal Seniores em Andebol na Régua FOTO: DR
A Inovterra – Associação para o Desenvolvimento Local, vai realizar no próximo dia 30 de setembro, em Vila Pouca – Salzedas, Tarouca, o workshop ‘Cultura do Sabugueiro – Plantação’. Para além do contexto de palestra, fazem ainda parte do programa, a participação na plantação de um pomar de sabugueiro e a visita a algumas propriedades onde este é produzido, no concelho de Tarouca. A iniciativa está limitada a 25 participantes e as inscrições terminam a 28 de Setembro.
Feira da Maçã em Armamar A Feira da Maçã de Armamar realiza-se entre os dias 20 e 22 de Outubro. https://www.facebook.com/events/136550686949640/permalink/136551183616257/
In DOURO WINE EXPORT BUSINESS em Vila Real A edição deste ano do In Douro Wine Export Business terá lugar no Hotel Quinta do Paço, em Vila Real, entre os dias 19 e 21 de outubro. Para o evento estão já confirmadas as presenças de 24 importadores de 14 países, entre eles China, Reino Unido, Canadá, Japão e Alemanha.
A assinatura de um protocolo entre o Município de Peso da Régua, a Federação Portuguesa de Andebol, e a Associação Desportiva de Godim, garantiu a realização do evento no Pavilhão Municipal nos dias 26 e 27 de maio de 2018. A realização de uma prova desta importância é, para o município reguense, não só uma montra para o exterior como também uma forma de promover a prática desportiva, em especial junto dos mais jovens.
Six Senses Douro Valley recebe distinção da Condé Nast Traveler 2017 O hotel Six Senses Douro Valley, situado nas margens do Rio Douro recebeu a distinção de Melhor Hotel da Europa, Turquia e Russia, atribuída pela Condé Nast Traveler, prestigiada revista de viagens internacional.
Douro Ultra-Trail com mais de mil inscritos FOTO: DR
TOP 10 europeu de jovens em ténis de mesa realiza-se em Vila Real FOTO: DR
O regresso do Douro Ultra-Trail está marcado para 7 de outubro, dia em que mais de um milhar de participantes vão competir numa prova que abrange os concelhos de Santa Marta de Penaguião, Peso da Régua, Mesão Frio e Baião. Segundo a organização, entre os inscritos estão atletas vindos de países como Espanha, Brasil, Bélgica, África do Sul, entre outros.
A prova que reúne os melhores cadetes e juniores da modalidade irá realizar-se na cidade de Vila Real, decisão tomada pela União Europeia de Ténis de Mesa (ETTU)
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Breves Licenciados trabalham nas vindimas
14.ª edição do Douro Jazz arranca a 4 de outubro FOTO: DR
A Adega Cooperativa de Sabrosa, com o aumento de movimento na altura de vindimas, vê-se obrigada a contratar pessoal extra. É o caso de quatro licenciados, em áreas tão diversas como a enfermagem ou a engenharia agronómica, que por estes dias trabalham na adega
Vintage House Hotel celebra final das vindimas A unidade hoteleira do Pinhão vai celebrar, pela primeira vez, o final das vindimas no próximo dia 30 de setembro, entre as 17 e as 22 horas. A Vintage House Party será recheada de momentos culturais e musicas espalhados pelo terraço e jardins do Hotel. A entrada nesta celebração está sujeita a reserva e tem um valor de 50 euros.
Torneio das Vindimas em voleibol Realiza-se, nos dias 23 e 24 de setembro o XVI Torneio das Vindimas em voleibol no Centro Multiusos da cidade de Lamego. As equipas envolvidas na competição são: Vitória S. C., S. C. Espinho, S. L. Benfica e Sporting C. P.
A edição deste no do festival Douro Jazz, que tem lugar no Teatro Municipal de Vila Real arranca já no próximo de 4 de outubro. Do cartaz fazem parte nomes como: Maria João que atuará com o trio Budda Power Blues, Beatriz Pessoa e Carmen Souza, entre outros.
FOTO: DR
Club de Vila Real pode encerrar O mítico Club de Vila Real poderá estar próximo do fim. Instalado no centro da cidade, num edifício com cerca de 500 anos, o Club conta já com 124 anos de existência. Depois de alguns anos onde a atividade era reduzida, Mário Pinto, atual gestor impulsionou do espaço transformando-o num marco da cultura vila-realense por onde passaram artistas e clientes de mais de 70 países.
Exposição de Ilustração Vanda Romão expõe, em Freixo de Espada à Cinta, mais de 100 ilustrações integrantes de várias publicações em que tem participado. A exposição estará patente no Auditório Municipal entre os dias 16 de Setembro e 31 de Outubro.
Visitas ao museu de Lamego aumentam Segundo dados da Direção Regional de Cultura do Norte, as visitas ao Museu de Lamego, até Agosto deste ano, aumentaram 94,8%, comparativamente com 2016, num total de 30.787 visitas.
Árvore com mais de 50 metros preocupa Teatro em Torre de Moncorvo
Os moradores do bairro da Araucária, em Vila Real, estão preocupados com a falta de estabilidade de uma árvore com mais de 50 metros de altura. Segundo alguns relatos já se registou a queda de um ramo de grandes dimensões e com as recentes intempéries tem sido notória uma inclinação da árvora na direção de um dos blocos habitacionais. FOTO: DR
Sernancelhe terá Museu da Pessoa Projetado pelo Centro Social Paroquial de Lamosa, o Museu da Pessoa será instalado no município de Sernancelhe com o objetivo de resgatar as memórias do concelho e das suas gentes.
Desconto de 50% nos transportes em Tabuaço
A vila de Torre de Moncorvo irá receber, entre os dias 5 e 8 de outubro duas iniciativas teatrais, o XIX Fórum Permanente de Teatro e o IV Festival Ibérico de Teatro.
Todos os passageiros, com idade igual ou superior a 65 anos, do concelho de Tabuaço, podem usufruir de um desconto de 50 %, no preço do bilhete simples, em todas as carreiras regulares de serviço público. Para o efeito, no ato de aquisição do título de transporte, os passageiros deverão apresentar um cartão emitido para o efeito, que deverá ser solicitado nos Serviços de Ação Social da Câmara Municipal de Tabuaço.
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Autárquicas 2017: Vila Nova de Foz Côa
Gustavo Duarte: “Falta consolidar Foz Côa como destino turístico de excelência” Natural de Peso da Régua, Gustavo Duarte sempre viveu em Foz Côa. Está à frente do município desde 2009 e avança para o terceiro mandato com a mesma vontade que iniciou esta caminhada. Que balanço faz dos últimos oito anos de governação? No que diz respeito aos indicadores económicos de Foz Côa, penso que é claramente positivo. Desde o volume de investimento - quer público quer privado -, exportações, poder de compra, qualidade vida... todos os rácios do INE atestam que Foz Côa tem crescido imenso. Há poucos concelhos do interior que conseguem atingir o nosso nível, no que toca às exportações. No investimento, só o Município investiu mais de 25 a 30 milhões de euros, acompanhado por um grande investimento privado também. Só no nosso concelho investiram-se mais de 60 milhões de euros de privados. Fizemos o Centro de Alto Rendimento (CAR), que é um dos melhores do mundo, segundo os atletas que passam por lá. De resto, a arquitetura do CAR tem merecido várias distinções, por isso não se resume ao impacto desportivo. Temos ainda o Museu, que está com uma nova dinâmica, graças à nova direção. Os dois vetores de desenvolvimento deste concelho assentam na
potencialização dos recursos ativos - azeite, amêndoa e o xisto - e o turismo. Somos um concelho totalmente integrado na Região Demarcada do Douro. Para um concelho do interior, esta dinâmica que enunciou é importante no combate à desertificação? Esse tem sido o principal obstáculo. Estamos a perder população, mas temos alguma satisfação ao verificar que todos os investimentos que temos realizado têm dado os seus frutos. O turismo terá um papel importante na fixação da população. Obviamente, o nosso principal desafio é fixar as pessoas neste território. Julgo que o poder central tem culpa nesta matéria. Havendo
poucos votos, há pouco investimento. No entanto, existem alguns pormenores inéditos neste concelho como, por exemplo, a existência de 32 desfibriladores automáticos, ou seja, em todas as freguesias. Além disso, temos internet gratuita em praticamente todo o território. Já recebemos um prémio de Cidade Amiga dos Idosos e temos um grande apoio à terceira idade. O nosso salário médio anda à volta dos 900 euros. Estou no meu segundo mandato e gostaria de avançar para o terceiro. Património, natureza, desporto e produtos são os principais ativos de Foz Côa? Sem dúvida. O turismo, a cultura e o desporto completam as áreas de interesse deste concelho. Estas componentes aliadas ao clima e paisagens tornam este local magnífico. O Douro é único e Foz Côa tem cerca de 60 quilómetros ribeirinhos. Temos um barco e trazemos aqui muita gente de fora. Se eu ganhar as eleições, espero melhorar a comunicação dos nossos equipamentos. Assumo que existe algum défice nesse sentido. Existe aqui um grande potencial, que com meia dúzia de tostões poderia ser potenciado até pelo Governo central. Temos 30 mil pessoas em Foz Côa, mas algo está a falhar. Sou otimista e tenho motivos
para o ser, por isso é que me proponho a realizar mais um mandato. Ao fim de oito anos, o que falta cumprir? Falta consolidar Foz Côa como destino turístico de excelência, porque existem essas potencialidades. Queremos que a Fundação, o museu municipal e o CAR tragam mais pessoas ao nosso território, a nível internacional, inclusive. Também temos que iniciar novos projetos no que toca à produção de vinhos e ao doce da amêndoa. Temos que criar também alguma centralidade, através de sessões de esclarecimento ou workshops, sobre o património do Douro. Existe a necessidade de se apostar mais em Foz Côa e estou convencido que vamos ganhar as eleições e concretizar esse investimento. A ligação ferroviária a Espanha é uma luta que vai continuar? Está no meu programa eleitoral dar continuidade a essa luta. A linha está encerrada há cerca de 35 anos. Sei que é um investimento avultado, mas ou se faz ou não se faz. Serei o primeiro a cavalgar essa onda. A medida não depende exclusivamente da nossa ação, mas tudo farei para que isso aconteça. Quais são as expectativas para o dia 1 de outubro? As expectativas são boas, mas eu sou suspeito [risos]. Tenho consciência que fiz o melhor que soube fazer e, analisando de qualquer ângulo, o Município tem vindo a melhorar substancialmente. O investimento que tem sido feito neste território tem vindo a crescer e posso dizer-lhe que a dívida, neste momento, é zero. Obviamente, dependemos dos subsídios comunitários e do financiamento do Estado. Ainda há muito por fazer, se não houvesse eu não me candidataria novamente, mas creio que a população está ciente do que ainda podemos vir a fazer. ■
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Autárquicas 2017: Sabrosa
Domingos Carvas: “Gostava de pôr em prática um novo paradigma: a aposta nas pessoas” Assumiu a presidência em janeiro deste ano após a saída de José Marques. Nos 10 meses que leva à frente do executivo tem tentado mudar o paradigma de governação colocando as pessoas em primeiro lugar. Não tendo sido eleito presidente em 2013, acaba o mandato como edil da autarquia. que balanço nos faz destes últimos quatro anos? Embora pertencendo já ao executivo anterior este é um regime presidencialista, há quem não concorde, que diga que o regime é democrático e está certo mas o sistema é presidencialista. O presidente é o presidente, depois existem os vereadores e nunca é a mesma coisa, executamos um projeto que, não sendo exclusivo do presidente, são as ideias destes que na maioria das vezes são tidas em conta, obviamente que sendo sempre discutidas em reuniões do executivo mas no final é o presidente que manda. São as ideias dele que são apresentadas a sufrágio e que em caso de vitória irão vigorar durante esse período. No meu caso eu não tive esse programa, fiz parte da tal equipa que ajudou o presidente a realizar o seu trabalho mas o programa de ação era dele. Em janeiro, quando tomei posse, a aposta no desenvolvimento tinha que assentar num novo paradigma, em que as pessoas estivessem à frente da obra. Se a obra faz falta eu não preciso dela se não tiver pessoas. Daí esta vontade em me candidatar, gostava de
pôr em prática este novo paradigma, a aposta nas pessoas. É esse o caminho de desenvolvimento que pretendo. Tendo em conta essa visão para o concelho, quais são as principais ideias que os eleitores podem encontrar no seu programa eleitoral? Tendo em conta que o paradigma são as pessoas, nós temos que trabalhar para lhes dar o melhor. Por isso vamos fazer uma forte aposta no turismo, queremos novas e melhores rotas turísticas, um novo posto de turismo, mais atrativo e que fique situado na zona do Pinhão. Queremos dar mais valor à loja interativa mudando-a de sítio para uma zona mais central. Dinamizar as rotas existentes da museologia, tendo em conta o
espaço interpretativo arqueológico da garganta, rotas com Aires Torres, com o Espaço Miguel Torga. Este eixo Vila-Real – Sabrosa – Pinhão, tem que ser melhorado, em especial a estrada que liga Sabrosa ao Pinhão, tem que ser alvo de uma intervenção de fundo, em especial ao nível de segurança, sem essas vias de comunicação as pessoas não nos vêm visitar e se as pessoas não vêm perde-se no dinamismo económico do concelho. Pretendemos ainda criar um espaço onde irá funcionar uma mostra de produtos regionais, produtos endógenos como a vinha e o vinho, uma espécie de multiusos. Não para uso desportivo que nesse campo estamos bem servidos mas sim para um uso cultural, que nos ajude a tornar mais atrativos. Sem estas infraestruturas não podemos pensar em segurar aqui as pessoas ou trazê-las de fora para o nosso território, e isso é importante para nós. Um município pequeno como Sabrosa não tem força para reivindicar essas infaestruturas ao governo central, faria aqui sentido uma maior intervenção da CIM Douro? A CIM Douro não existe, se ninguém lhe disse isto digo-lhe eu, é um flop. O governo criou esta CIM, tal como as outras, sem lhes ser dada uma capacidade técnica. O presidente é também presidente de câmara, isto é como um músico querer tocar duas violas ao mesmo tempo, não é possível, ou toca as duas mal ou toca melhor numa do que noutra. O presidente da CIM não pode ser um presidente da câmara, tem que ser alguém eleito e que recebe um salário, só assim lhe podemos exigir mais atenção para fazer chegar os nossos problemas a
quem de direito. Só assim a CIM poderá ser uma instituição que traga valor à região. Eu sou do tempo dos GAT’s, os Gabinetes de Apoio Técnico, que apenas davam apoio técnico da região mas mesmo assim faziam mais do que a CIM faz neste momento. A CIM não passa de uma caixa de correio das Comissões de Coordenação. Eu tive aqui dois incêndios de grande dimensão, o que é que a CIM fez? Nada. O Presidente da Republica ligou-me 3 vezes, a sra Ministra da Administração Interna ligou 2 vezes, o Secretário de Estado da Administração Interna também duas vezes… da CIM Douro nem sequer me perguntaram se precisava de alguma ajuda, isto é claramente uma grave falta de liderança. Na questão dos fundos europeus também era importante ter uma CIM forte, o Porto fica com 51% dos fundos que vêm para o norte de Portugal, os restantes 49% são para dividir pelos restantes municípios. Eles até podem ter mais gente, mas nós temos uma área maior que nos faz ter custos mais elevados com qualquer coisa que se faça, por isso deve haver uma melhor distribuição destes fundos. Só com uma CIM forte é que isso se consegue, para fazer pressão sobre o governo central na hora de aprovar os projetos postos a discussão. No fundo, temos que ser mais unidos e a CIM podia fazer esse trabalho, para negociarmos, por exemplo a recolha de lixo como um todo, entre outras questões. Voltando atrás na nossa conversa, tudo isto é importante para fixar população, de que nos adianta fazer tudo que está ao nosso alcance se o que realmente precisamos não conseguimos ter como empresas e projetos de grande dimensão? É assim que aumentas as assimetrias regionais. Quais são as suas expectativas para o dia 1 de outubro? Se fosse como o João Pinto, antigo jogador do FC Porto, “prognósticos só no fim do jogo”. Agora mais a sério, a nossa expectativa é a melhor, acreditamos que temos feito tudo para vencer as eleições mas a decisão final pertence ao povo que vai votar, e isso é o mais importante, a vontade deles. ■
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Vários Concelhos
VineScout: Robôs já trabalham nas vinhas do Douro Diversos parceiros tecnológicos, universitários e empresariais juntaram-se para desenvolver um robô para apoio à vitivinicultura na região do Douro, projeto financiado pelo fundo de Investigação e Inovação da Comissão Europeia, englobado no Programa-Quadro Comunitário de Investigação e Inovação da Comissão Europeia. Sob o nome de VineScout o projeto foi iniciado em dezembro de 2016 e tem por objetivo o desenvolvimento de um robô acessível, fiável e fácil de operar, com capacidade para fazer medições de parâmetros chave da vinha (como a disponibilidade de água ou o vigor das videiras), sendo um apoio para o viticultor. A Symington Family Estates é o único parceiro do setor vitivinícola, a nível europeu, envolvido no projeto contribuindo com o conhecimento adquirido ao longo dos anos em que desenvolve a sua atividade. Em parceria com a Symington estão mais quatro instituições: Universidade de Valencia e Universidade de La Rioja (Espanha); Wall-YE Robots & Software (França); e Sundance Multiprocessor Technologies
(Reino Unido). A coordenação deste projeto, que está orçado em mais de dois milhões de euros (sendo 1,7 financiados pela União Europeia), está a cargo de Francisco Rovira-Más, professor da Universitat Politécnica de Valencia e especialista em robótica e engenharia agrícola. No início do mês de setembro o VineScout “esteve a ser testado no terreno nas vinhas da Coleção de Castas da Quinta do Ataíde (Douro Superior) da Symington, permitindo aos investigadores perceber a usabilidade do robô em contexto real de forma a avançar para a próxima etapa de desenvolvimento”, revela um comunicado da empresa vinícola. De acordo com o mesmo comunicado, durante os dias em que o ensaio se realizou decorreu também a iniciativa “Dias de Agronomia” na qual participaram outras empresas nacionais produtoras de vinho, universidades e institutos de investigação e ‘start-ups’ tecnológicas, que puderam ver o robô em ação e depois participaram de uma mesa redonda onde foram partilhadas algumas ideias sobre o projeto. Fernando Alves, responsável da Symington para Investigação e Desenvolvimento Viticultura, afirma estar muito satisfeito com o desenrolar dos ensaios práticos e considera que o contributo dos participantes foi de grande valor para o avanço do projeto. “A Symington tem estado na vanguarda da investigação da viticultura no Douro, de forma a alavancar a qualidade dos vinhos e encontrar soluções pioneiras para os de-
safios que se avizinham. A empresa tem apostado em vinhas experimentais que foram estabelecidas na Quinta da Cavadinha, na década de 1990, e, mais recentemente, foram plantadas coleções de castas na Quinta do Ataíde (2014) e na Quinta do Bomfim (2015), respetivamente com 53 e 29 variedades diferentes, algumas das quais quase desconhecidas”, adianta o referido comunicado. A Symington Family Estates é uma empresa de propriedade e gestão familiar, detentora da Graham’s, uma das 10 marcas de vinho mais admiradas no mundo, segundo a revista Drinks Internacional, bem como
Misericórdia de Lamego promove formação para desempregados A pensar, em especial, nos desempregados de longa duração, a Misericórdia de Lamego vai promover dois cursos de formação, capacitando os formandos de competências específicas para o desempenho das profissões em questão. Os interessados em participar nos cursos “Agente em Geriatria”, com uma duração prevista de 100 horas, e “Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade”, de 175 horas, devem
ter mais de 18 anos, habilitações inferiores ao 9º ano e devem estar inscritos no Centro de Emprego de Lamego há mais de um ano. Sendo financiados, os cursos atribuem a cada um dos formandos um conjunto de três apoios sociais: bolsa de formação de valor até 147,46€/ mês (com acerto para beneficiários do subsídio de desemprego, subsídio social de desemprego ou RSI), subsídio de alimentação (4,52€/dia) e subsídio de transporte que poderá ir até 63,20€/ mês. Os cursos a serem ministrados pela empresa “Tecla – Formação Profissional”, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lamego, terão lugar nas instalações da Misericórdia, no centro da cidade entre os dias 18 de setembro e 14 de novembro em horário laboral. ■
as marcas Dow’s, Cockburn’s e Warre’s, e os vinhos DOC Douro: Quinta do Vesuvio, Quinta do Ataíde, Altano e P+S, sendo atualmente a maior proprietária de quintas na região do Douro e um dos principais produtores de vinho do Porto de qualidade superior. A família Symington está presente no Douro há cinco gerações, desde 1882, mas, se seguirmos a linhagem da família através da bisavó da atual geração, a ligação dos Symington aos vinhos do Douro recua no tempo 14 gerações, transportando-nos até meados do século XVII e aos próprios primórdios da história do vinho do Porto. ■
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10 VIVADOURO SETEMBRO 2017
Vários Concelhos
Casa de Miguel Torga Torre de Moncorvo será recuperada para museu assina protocolo e polo turístico de geminação Segundo anúncio da Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN), a casa de Miguel Torga, em São Martinho de Anta, Sabrosa, vai ser recuperada e adaptada a um espaço museológico e de memória do escritor e médico.
O município de Torre de Moncorvo conta, a partir deste mês de setembro, com uma nova parceria internacional, desta vez com a vila francesa de Gournay-sur-Marne. O protocolo de geminação foi assinado nos Paços do Concelho pelos dois presidentes da câmara, Nuno Gonçalves e Eric Schlegel, com o compromisso de manter laços permanentes entre os municípios e de favorecerem e incentivarem o intercâmbio entre os seus habitantes. Considerando os laços de amizade e cooperação existentes entre os dois países,
Portugal e França, este tratado comprova a vontade de ambas as partes em colaborarem solidariamente para o bem-estar dos seus cidadãos e o desenvolvimento das relações mútuas. Gournay-sur-Marne é um município situado nos subúrbios orientais de Paris, nomeadamente, em Seine-Saint-Denis que conta com aproximadamente 6.246 habitantes. A parceria entre as duas vilas consiste na promoção de trocas económicas, culturais, sociais, educativas, entre as populações dos municípios. Este tipo de protocolos constituem um passo básico para que as associações e as autoridades locais de diferentes países possam trocar experiências e propor soluções. ■ Foto DR
Foto DR
Datada de 1950, a casa é um edifício térreo doado em 2014 pela filha do escritor, Clara Crabbé Rocha, à DRCN. Para o espaço composto por possuir um ‘hall’, uma cozinha e sanitário, uma sala de estar e três quartos. A DRCN desenvolveu, um projeto que visa a sua transformação num espaço de visita, dedicado à vida e obra de Miguel Torga, bem como a implementação de um plano de comunicação turístico-cultural do espaço, através da dinamização dos roteiros torguianos. A ideia passa por transformar este projeto no ponto de partida para uma rota turística dedicada a Miguel Torga, roteiro esse que poderá permitir aos turistas visitar a região, guiando-se pelos lugares que inspiraram o escritor, desde o largo do Eirô,
a capela de Nossa Senhora da Azinheira, o santuário rupestre de Panóias, os miradouros de São Leonardo da Galafura ou de São Salvador do Mundo. O projeto, que compreende um investimento total de 341 mil euros, será objeto de financiamento em 90% pelo Turismo de Portugal, através da Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior do programa Valorizar - Programa de Apoio à Valorização e Qualificação de Destino. Miguel Torga, cujo nome de batismo era Adolfo Correia da Rocha, nasceu a 12 de agosto de 1907 em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa (Vila Real), e morreu a 17 de janeiro de 1995, em Coimbra. ■
Denominação de origem Antigo mercado transformado em incubadora Porto em perigo após decisão da Justiça europeia de empresas Com o objetivo claro de criar uma forte dinâmica económica no concelho, o município de Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, transformou um antigo mercado, que nunca funcionou, numa incubadora de empresas. Segundo o presidente da câmara local, José Luis Correia, o número de candidaturas, feitas através de concurso público, superou a oferta, estando já ocupados os 10 espaços disponíveis. A aposta recaiu em empresas que trabalham com os produtos locais, em especial os mais emble-
máticos como a maçã, o vinho e o azeite. A incubadora, para além do espaço destinado às empresas, conta com vário serviços gratuitos prestados pela Câmara, que ainda oferece o equivalente ao salário mínimo durante dois anos, por cada posto de trabalho criado, e metade do salário mínimo, pelo mesmo período, para o segundo posto de trabalho. “Queremos criar uma nova dinâmica económica virada para os produtos regionais para criar esperança e que as pessoas não comecem a desanimar. Em Carrazeda há formas de ganhar a vida”, afirmou o autarca. O processo de instalação desta incubadora de empresas está a ser acompanhado pelo Instituto Politécnico de Bragança, através de uma parceria com a Câmara Municipal. ■
A justiça europeia deu permissão a uma marca de uísque britânica para usar a denominação “Port”, prejudicando assim os interesses das denominações de origem de vinhos nacionais. Segundo um comunicado do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), “O Instituto, discordando desta decisão, foi até onde era possível na defesa dos interesses da denominação de origem Porto, uma decisão que prejudica os interesses das denominações de origem de prestígio”. O instituto refere ainda que vai analisar “exaustivamente as implicações deste acórdão
e adaptar a estratégia de defesa da denominação de origem Porto e do seu prestígio ao enquadramento jurídico atual”. No acórdão entretanto divulgado, o Tribunal de Justiça da UE assinala “que não se pode considerar que a incorporação numa marca de uma denominação protegida, como a denominação de origem ‘port’, seja suscetível de explorar a reputação dessa denominação de origem quando a referida incorporação não leve o público relevante a associar essa marca ou os produtos para os quais foi registada à denominação de origem em causa ou ao produto vitivinícola para o qual esta é protegida”. O litígio original opôs o IVDP ao Instituto da Propriedade Intelectual da União Europeia (EUIPO) por este ter registado como marca da UE o sinal distintivo ‘Port Charlotte’, da empresa britânica Bruichladdich Distillery, pedido para identificar uísque. ■
VIVADOURO SETEMBRO 2017 11
Vila Real
UTAD assina protocolo com Santander Totta O acordo, assinado no início do mês de setembro, vai estender o mecenato universitário deste banco àquela instituição de ensino superior que pretende investir na criação do primeiro campus ecologicamente sustentável do país. Apoio social a estudantes, intercâmbio com universidades estrangeiras e o fomento da inovação são outras das áreas em que as duas entidades vão trabalhar em conjunto. “Este acordo reforça atividades em curso e abre novas oportunidades para a comunidade académica”, resumiu António
Fontainhas Fernandes, reitor da UTAD. Concretizando os benefícios que vão resultar para a UTAD desta parceria, Fontainhas Fernandes avançou que a mesma “reforça medidas emblemáticas, como o fundo de apoio social que permite ajudar alunos com dificuldades económicas, bem como o fomento da mobilidade dos estudantes e de atividades de inovação e de empreendedorismo”. Além disso, salientou o reitor, está também previsto o apoio do banco no “fomento de novas iniciativas da comunidade académica” dando o exemplo da “Eco Universidade para o Futuro”, um projeto que, segundo diz, dá cumprimento a “um dos principais desígnios do plano estratégico para o próximo quadriénio” da universidade. Quando cumprido, este projeto dará origem àquele que será o primeiro eco-campus português, isto é, um recinto
“Este acordo reforça atividades em curso e abre novas oportunidades para a comunidade académica”
Foto CA
universitário com a menor pegada de carbono possível. “A UTAD ambiciona a transformação do campus num laboratório experimental vivo e evolutivo com soluções inteligentes, pensadas à luz do conceito de ‘smart cities’, que respeitem a identidade da universidade e a sua imagem de marca associada ao Jardim Botânico, com formatos inovadores de convívio, de interatividade, de lazer e de desporto, que estimulem estilos de vida saudáveis”, afirma António Fontainhas Fernandes. Criar emprego e apostar na inovação Outra das áreas em vista com esta parceria diz respeito a iniciativas de aproximação ao mercado de trabalho. Neste âmbito, segundo fontes do banco, o mesmo irá facultar à UTAD, durante os primeiros três anos de vigência deste acordo, o acesso ao Programa de Bolsas de Estágio Santander Universidades. A promoção do emprego segue a par do fomento da inovação e da transferência
tecnológica, também visadas pelo acordo entre as duas instituições. “As novas atribuições das universidades passam pelo reforço da área do empreendedorismo e da inovação, quer em matéria das competências dos estudantes, quer no fomento de dinâmicas que se traduzam na criação do emprego e de empresas pelos estudantes”, explicou o reitor da instituição. “Esta parceria vai permitir apoiar a formação dos estudantes nesta área, mas também gerar dinâmicas de transferência do conhecimento produzido para novos negócios, em articulação com o tecido empresarial”, concluiu. Outra das áreas abrangidas por este protocolo é o reforço do grau de internacionalização universitária da UTAD – através da mobilidade de estudantes, docentes e investigadores. A emissão de um Cartão Universitário Inteligente para agilizar os procedimentos da comunidade académica, reduzir custos e aumentar a segurança de pessoas e património da universidade, será também uma realidade à luz deste acordo. “A UTAD é uma universidade de excelência e uma instituição de ensino superior do nosso país com uma crescente reputação a nível nacional e internacional”, disse Marcos Soares Ribeiro, diretor-coordenador do Santander Universidades. “É agora também um parceiro muito importante para o Santander Totta, com quem o banco espera manter uma relação cada vez próxima nos próximos anos”, rematou. Após a assinatura do acordo, também a diretora de Relações Institucionais e Projetos Universitários do Santander Totta, Cristina Dias Neves, elogiou a parceria firmada e exaltou o envolvimento do banco com o meio académico. “Este convénio é mais um passo no aprofundamento da nossa excelente relação institucional com as universidades portuguesas, e que muito nos orgulha”, disse. ■
12 VIVADOURO SETEMBRO 2017
Autárquicas 2017: Vila Real
Rui Santos: “Acredito que a população terá um forte sentido de justiça” Assumiu a presidência em 2013 e desde então Vila Real tem assumido um papel de maior relevância no panorama nacional. Que balanço faz deste mandato? É importante começar por dizer que cumprimos 50 das 54 propostas que apresentamos aos vila-realenses, sendo que as quatro restantes estão em fase de conclusão. Portanto, direi que cumpri com o que prometi. Dentro do que prometi, importa registar algumas coisas: há quatro anos o Regia Douro Park estava praticamente abandonado, hoje estão mais de 50 empresas instaladas nessa incubadora, com mais de 150 postos de trabalho criados, quase todos altamente qualificados, em diversos setores; há quatro anos, tínhamos uma zona empresarial perdida pelo executivo anterior, hoje temos uma zona empresarial aprovada e prestes a arrancar; destaco também que a capacidade de atrair empresas estava parada em Vila Real, hoje temos investimento de diversas empresas, lojas e serviços; Isto significa que Vila Real é atrativa para os que cá estão e para os que são de fora? Criamos uma via verde para os investidores, baixamos os impostos municipais, criamos um regulamento que beneficia as empresas que decidem instalar-se aqui e isso resulta também numa descida do número de desempregados, reduzimos em cerca de 1000, o número de desempregados, face a 2013. Antes, a cidade estava parada. Hoje, através de uma parceria com o Turismo do Porto e Norte de Portugal, temos a Loja Interativa de Turismo a funcionar, temos dois hóteis concluídos e três deram entrada para construção nos próximos anos. Há quatro anos as corridas eram um sonho utópico, quatro anos depois tivemos três vezes o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo em Vila Real. Além disso, investimos 20 milhões de euros em saneamento básico. Este valor poderia ter sido direcionado para outros investimentos, mas a governação é feita destas decisões. Esta é uma obra estruturante para quem não beneficiava de saneamento básico. Baixamos as faturas da água e do IMI. Permitimos que existissem isenções de IMI para imóveis inferiores a 66.500 euros e um rendimento bruto inferior a 15.650 euros.
Pavimentamos 183 quilómetros da nossa rede viária e continuamos a pavimentar. Portanto, direi que em quatro anos fomos muito para além daquilo que prometemos. Hoje, Vila Real tem dinâmica, energia e é cosmopolita. Fizemos tudo isto com excelentes indicadores económicos: pagamos a dívida herdada - na ordem dos oito milhões de euros -, reduzimos o prazo de pagamento a fornecedores para dois dias, não temos dívida a curto-prazo e nos últimos dois exercícios terminamos o ano com resultados positivos, pela primeira vez na história da autarquia. Acresce que criamos outra dinâmica na cidade. Trouxemos os santos populares, a Festa do Imigrante e a passagem do ano para o centro da cidade. Não é por acaso que Vila Real colocou 89% dos seus alunos na UTAD, na 1ª fase de candidatura. Estes dados significam que a cidade se tornou apetecível. Não se pode esperar que em quatro anos se faça tudo o que não foi feito em 37 de democracia. O que falta cumprir? Há sempre novos e velhos problemas por resolver. Vamos avançar com a construção de novas piscinas municipais, com a remodelação da Escola de São Pedro, com o Centro Escolar de Lordelo, com a modernização do Pavilhão Desportivo Diogo Cão, com a construção de um novo comando da PSP, com a construção do Centro Distrital de Proteção Civil, com a expansão da rede de saneamento básico, com a construção de uma nova zona industrial, entre outros projetos. Queremos avançar com um mercado municipal, com as corridas internacionais em Vila Real, com um novo parque de estacionamento no centro histórico, com as marchas populares. Vamos reequacionar o projeto de agregação das freguesias, que não estão a corresponder aos anseios das populações. O melhoramento do aeródromo também tem sido recorrente, bem como a questão do Túnel do Marão. Estas acessibilidades são fundamentais para o crescimento de Vila Real?
Claro que sim. No que diz respeito ao aeródromo, já existe um projeto com parecer positivo, está em fase avançada e é para concretizar. O Túnel do Marão tornou Vila Real o centro do Norte. Com a rede viária que temos, estamos a poucos minutos do Porto, de Espanha, de Viseu… Nessa área também vamos ter novidades num futuro próximo. De tudo o que se propôs fazer, o que ficou por concluir? Há coisas que se atrasaram como, por exemplo, a Loja do Cidadão. Contudo, o Governo anterior cancelou a criação de
novas Lojas do Cidadão até 2015. Como impediu essa abertura, tivemos que esperar pelo novo Governo e isso atrasou a abertura desse espaço no centro histórico de Vila Real. Estes espaços na esfera pública irão alavancar o centro histórico. A perda de População em Vila Real é uma realidade? Diríamos que a perda de população de que se fala não corresponde à verdade. O último indicador que temos é do CENSOS 2011 e o próximo será publicado em 2021. Pelo meio temos estimativas. O conjunto do país vai perder população e o único dado objetivo que temos é o recenseamento eleitoral. Perdemos menos eleitores que os concelhos vizinhos, o que será um dado significativo fase a esse rumor. Nas últimas eleições, em 2013, a vitória foi à justa. Acredita que este ano os resultados serão diferentes? Acredito que a população terá um forte sentido de justiça e acredito no seu julgamento. É preciso que votem e que não decidam optar pela abstenção. Não se pode achar que a vitória é certa. ■
VIVADOURO SETEMBRO 2017 13
Autárquicas 2017: Moimenta da Beira
José Eduardo: “Até às eleições luto pelos votos, a partir daí luto pelo meu concelho” Depois de 8 anos à frente do executivo, José Eduardo afirma não ter iniciado, nem querer terminar qualquer projeto. No seu entender os projetos devem ser pensados a longo prazo, transversais a qualquer presidente, a bem do município. Ao final de dois mandatos, o que o faz avançar para uma nova candidatura? Durante estes oito anos eu estabeleci uma relação de proximidade com as pessoas que faz com que se justifique que esteja disponível para as servir durante mais quatro anos. Verdadeiramente, o que eu tenho feito até agora, é aproveitar a energia de toda a gente no conselho de Moimenta da Beira, colocar-me ao lado dessas pessoas, empresas e organizações, fazendo com elas aquilo que Moimenta precisa. Durante os últimos quatro anos, as iniciativas que fomos tomando foram tendo uma grande adesão por parte da população mas também das instituições e empresas e isso faz com que seja natural que eu tenha que me disponibilizar para caminhar lado a lado com esta gente. De alguma forma eu acho que devemos isso uns aos outros, eu devo às pessoas o tempo que se avizinha, o esforço que temos de fazer em conjunto, é uma questão de cumplicidade. Reconheço que esta função é muito difícil, em especial no que diz respeito à nossa disponibilidade de tempo, um presidente de câmara não consegue ser mais nada que não isso mesmo, pondo em causa qualquer outra atividade, por
exemplo, durante estes oito anos não tenho praticado desporto e, para além dos documentos necessários também não tenho lido mais nada. Dedico-me completamente a esta função, mas nem sequer ponderei não me candidatar porque devo esta entrega às pessoas. Recandidata-se com o sentimento que falta terminar algo? Habitualmente olha-se para uma recandidatura como pretendendo terminar alguma coisa, vejo diversas abordagens do género, “eu lancei este projeto e agora quero terminar” ou “lancei esta obra que pretendo concluir”, e isso para mim é uma visão errada. Eu não terminarei nada, cada iniciativa que formos tomar durante os próximos quatro anos terá uma sequência no futuro, é assim que as coisas fazem sentido. Não vim para aqui começar nada, por isso também não
vou terminar nada. Quando aqui cheguei, há oito anos, encontrei um concelho que tinha um passado bonito, de grandes realizações mas com grandes debilidades e o meu trabalho ao longo destes anos foi diminui-las ou mesmo acabar com elas. Com algumas foi possível acabar como por exemplo a questão financeira que melhorou bastante, no entanto temos que nos continuar a preocupar com o desendividamento. Algumas dessas debilidades não serão sequer colmatadas por nós pois requerem um trabalho a muito longo prazo, o que não faz com que nos esforcemos para melhorar ao máximo dentro das nossas possibilidades, criando melhores condições para quem vier no futuro.
algumas das nossas empresas em feiras nacionais mas temos que reforçar essa presença em termos internacionais com o apoio da câmara e com a minha própria disponibilidade de tempo e intervenção. Outra preocupação a médio-longo prazo é a colaboração que temos que desenvolver com os municípios que são nossos vizinhos. Durante décadas cada um preocupava-se apenas com o seu território, hoje isso não faz sentido, não podemos estar sozinho e muito menos uns contra os outros. Por isso nos próximos quatro anos estarei empenhado no desenvolvimento de iniciativas regionais que sejam também objetivos regionais. Os objetivos locais de cada concelho devem ser partilhados e, no limite, serem submetidos a uma estratégia regional, sob pena de não conseguirmos criar as condições necessárias Quais são os grandes pontos do programa ao nosso desenvolvimento económico. Não com que apresenta ao sufrágio? temos capacidade para competir no mundo De forma a simplificar posso dividir o nosso global se agirmos de forma individual. programa em duas partes: ações a curto prazo e ações a médio-longo prazo. Acredita que nessa estratégia a CIM DouA curto prazo vamos manter-nos ao lado de ro tem um papel a desempenhar? todas as instituições do concelho de forma a Sim, a CIM Douro tem um pepel fundamenalmofadar qualquer dificuldade que as pes- tal nesta estratégia. No meu ponto de vista as soas tenham. Todos os dias a câmara estará comunidades intermunicipais devem avanatenta ao que se passa à sua volta, manten- çar para um novo modelo de gestão. Acredo assim o trabalho que temos vindo a dito que as CIM’s ainda não deram o salto, fazer nos diferentes setores: educação, como se previa quando foram criadas, devisaúde e ação social, por exemplo. do ao seu modelo de governação. Ninguém No médio-longo prazo vamos tentar pode exigir a um presidente de uma comuminimizar um grave problema que nidade intermunicipal, que é eleito para ser temos, a constante desertificação que presidente da câmara, que depois dedique o vamos sofrendo. Vamos criar condições seu tempo à comunidade. para que as pessoas se fixem, e isso não se faz de um momento para o outro, nem só Em 2013 conseguiu mais de 63% dos votos, porque nos apetece. uma maioria inequívoca, acredita que vai Temos por isso planeadas um conjun- conseguir manter este resultado no dia 1 to de ações como uma maior divulgação de outubro? cultural, que consideramos essencial para Do meu ponto de vista o resultado deste o bem-estar das pessoas. Vamos também mandato e o projeto para os próximos quaaportar fortemente na promoção dos nos- tro anos merece o voto de todos, é isso que sos produtos, vendendo mais e com me- vou dizer aos munícipes, bem sabendo que lhores rendimentos podemos também nem todos estarão de acordo comigo. Será aumentar a produção o que consequente- desta fórmula que vai nascer o resultado mente levará a um aumento de postos de destas eleições e desse resultado também eu trabalho. tirarei as minhas conclusões. Se o resultado Durante os próximos quatro anos, for de uma vitória inequívoca então contiMoimenta da Beira irá virar-se nuaremos o nosso caminho, se ganharmos ainda mais para o exterior. por uma margem mais pequena devemos Não vamos esquecer o que adaptar o nosso programa à vontade exprestemos de fazer cá dentro sa nas urnas. como mais e melhores caminhos agrícolas, fazer Qual é a sua expectativa para o dia 1 de chegar a eletricidade a outubro? todas as casas, apoiar A minha expectativa é, claro, ganhar as eleias nossas empresas, ções, até porque acredito que este projeto etc, mas temos que merece o voto de todos. E mesmo aqueles nos virar cada vez que não votarem em mim pode crer que mais para fora dos após as eleições, todos eles serão alvo da minossos limites. nha atenção e dedicação. Tenho tido oportunidade de Até à eleições luto pelos votos, a partir das a c o m p a n h a r eleições luto pelo meu concelho. ■
14 VIVADOURO SETEMBRO 2017
Moimenta da Beira | Vila Real
A “marca” maçã vai a debate na Expodemo
Numa mesa redonda que encerrará este debate estarão presentes O presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVRD), Arlindo Cunha, o reitor da Universidade de Trás-Os- Montes e Alto Douro (UTAD), António Fontaínhas Fernandes, o diretor regional da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, Manuel Cardoso, e Ana Soeiro, diretora executiva da Associação Qualifica/oriGIn Portugal. A moderação do debate com que encerra o certame estará entregue a António Tojal, da Portugal Fresh. A Expodemo é uma mostra de atividades, produtos e serviços da região. Um certame de exaltação à maçã, uma festa ao fruto ‘tentação’ que se realiza anualmente em
Moimenta da Beira, desde 2012, e é mais um elemento de reforço das dinâmicas regionais. Este ano o certame realiza-se entre os dias 22 e 24 de Setembro. A ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, presidirá à cerimónia oficial de abertura da Expodemo 2017, no dia 22 de setembro, às 18h30, em frente aos Paços do Concelho Serão mais de 150 expositores, três palcos e mais de vinte espetáculos num recinto de mais de oito mil metros quadrados que se estende em redor dos Paços do Concelho. Da programação, salta aos olhos o concerto dos “Cock Robin”, a figura maior de todo o cartaz, que depois dos concertos esgotados em Lisboa e no Porto, em março passado, regressam a Portugal para este concerto em Moimenta da Beira, dia 22 de setembro (22h30), primeira noite da Expodemo. De resto, a programação garante animação permanente, alegria contagiante, aprendizagem e convívio. E enaltece também os seus sentidos quando viajar pelos sabores nos nossos espaços, com degustações, provas de maçã e de vinho, showcookings, gastronomia tradicional, gastronomia de ‘autor’, restaurantes e tasquinhas. ■
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As “Jornadas Agro-Frutícolas Engº. Cartageno Ferreira”, que terão lugar em Moimenta da Beira no decorrer da Expodemo, irão discutir este ano a importância da “marca” maçã para a região.
Plataforma de transporte de passageiros desenvolvida em Vila Real
A Chofer junta uma empresa de Lisboa e a 4All Software, uma ‘startup’ sediada no Regia Douro Park -- Parque de Ciência e Tecnologia de Vila Real, que foi criada por um professor e seis ex alunos da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). “Esta plataforma foi desenvolvida integralmente em Portugal e é detida por empresas portuguesas, que pagam cá os impostos, e tem um potencial grande, quer ao nível dos serviços que pode proporcionar, no nosso país, e em paí-
ses para os quais vamos expandir rapidamente”, afirmou Benjamim Fonseca, responsável pela 4All Software, salientando ainda que o projeto foi desenvolvido “integralmente por antigos alunos da UTAD”. Relativamente às plataformas mais conhecidas nesta área (Uber e Cabify), a Chofer apresenta algumas diferenças tendo em vista o utilizador, em especial no que diz respeito ao pagamento das viagens que pode ser feito através do MB Way, permitindo que “as pessoas que não têm acesso a cartões de crédito ou não querem fornecer os dados do cartão possam usar um meio de pagamento mais direto”, referiu Benjamim Fonseca. Outra diferença está nas tarifas, no caso da Chofer a tarifa é única, não sendo alterada devido à procura existente, garantindo assim sempre o melhor preço nas viagens. Inovador é também o facto de os utilizadores poderem ainda escolher o seu “motorista favorito”, fazer “agendamentos de viagens” até 24 horas de antecedência e dar gorjetas. Na Chofer, tanto motoristas como utilizadores vão poder
fazer classificações recíprocas. Num futuro próximo a aplicação pretende estar presente em outras cidades nacionais como Coimbra, Braga, Aveiro e Leiria, havendo ainda a intenção de a exportar para fora do território
nacional. Até ao momento este projeto criou cerca de 1.000 postos de trabalho (diretos e indiretos), possui mais de 500 motoristas, cerca de 3.000 utilizadores e efetuou à volta de 1.000 viagens. ■ Foto DR
Chama-se Chofer, conta já com 500 motoristas e 3.000 utilizadores e é a primeira plataforma, deste serviço, 100% nacional. Pretende concorrer diretamente com outras semelhantes como a Uber ou a Cabify, operando já em Lisboa, Porto e Algarve.
VIVADOURO SETEMBRO 2017 15
Autárquicas 2017: Alijó
Jorge Carvalho: “Haverá maior estímulo do que o amor que temos pela nossa terra? Para mim não” Licenciado em Administração Pública, Regional e local, Poeta, funcionário das finanças e treinador de uma de juniores de futebol, Jorge Carvalho é o primeiro candidato do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Alijó. O que leva a candidatar-se à Câmara Municipal de Alijó? Em primeiro lugar o amor à terra. Em segundo a essência que nasceu comigo de ajudar as pessoas. Haverá maior incentivo do que servir as pessoas? Haverá maior estímulo do que o amor que temos pela nossa terra? Para mim não, ainda assim, a minha candidatura à Presidência da Câmara Municipal de Alijó é um desafio sustentado nos sentimentos mas também na convicção de que posso acrescentar mais e melhor vida a este nosso concelho através de um projecto sustentável em que as pessoas estão em primeiro lugar. Sou de cá. Vivo vá. Investi cá toda a minha vida. Isto por si só não me dá mais créditos, mas dá-me força, sensibilidade e estímulo para acreditar que posso fazer deste concelho um exemplo de evolução a nível nacional. Afinal temos pessoas, temos o coração do Douro, temos o Vale do Tua, temos o Pinhão e temos uma riqueza florestal como muitos desejariam, ou seja, temos tudo para permitirmos um futuro promissor. Estou cá por tudo isso e sobretudo pelo futuro dos nossos filhos. Quais as ideias principais do seu
programa eleitoral? Temos várias e inovadoras. O programa eleitoral já circula pelas mãos das pessoas, estou certo que será reconhecido por ser inovador e totalmente executável. Julgo ser oportuno realçar que desceremos a taxa do IMI, estimularemos a natalidade com incentivos monetários com efeito retroactivo e serão distribuídas casas para casais que regressem e para os casais que queiram fixar-se no concelho. Acabaremos com a Derrama para ajudar as empresas e desceremos o preço da água para um valor justo e suportável às famílias. Investiremos nas cooperativas, por considerarmos serem vitais para o futuro dos agricultores. Abriremos as portas de um gabinete de apoio aos projectos e obras das empresas comerciais
e agrícolas. Construiremos um parque de campismo e auto-caravenismo. Executaremos uma rede de miradouros espectacular e caminhos pedestres ao longo dos rios Pinhão, Tua, Tinhela e Douro. Estaremos ao lado do comércio local com medidas de incentivo e políticas de revitalização. Apresentamos obras de sonho para o Pinhão, zona ribeirinha de Castedo do Douro e do Vale do Tua, mas não esqueceremos nenhuma freguesia ou povoação. Investiremos na prevenção e manutenção da floresta em toda a zona norte do concelho, nomeadamente com a criação de um Parque Biológico devidamente integrado na protecção da fauna e da flora. É um programa detalhado, que aproveito para dizer que foi elaborado com a participação dos munícipes. Somos em tudo uma lista diferente e de inclusão. Não esqueceremos nunca os jovens e lembrar-nos-emos em todos os momentos dos mais velhos. O concelho de Alijó está ainda sob o programa de recuperação de endividamento, o que pretende fazer com vista à saída deste programa? Os 20 anos de governação Socialista foram uma catástrofe que arrastaram o município para uma situação de rotura financeira, é um facto, mas isso, por si só são justifica a inércia e inactividade do PSD dos últimos 4 anos. Há restrições legais que têm de ser respeitadas. Respeitá-las-emos, mas há muitas formas de fazer mais e melhor com menos desperdício. Será esse o nosso princípio. Manter o rigor das contas, mas governar para as pessoas e com as pessoas. O PSD local encarnou a política de Passos Coelho e transformou-se numa espécie de TROIKA tendo abandonado as crianças, os jovens, os idosos, os desempregados, os agricultores, a cultura, o desporto e as terras e virado exclusivamente para as contas bancárias e ajustes financeiros. Estaremos cá para inverter tudo isto mantendo a disciplina financeira e o cumprimento dos acordos existentes. O Turismo, o comércio local e as zonas Industriais do Freixo e de Alijó têm de ter instrumentos de investimento de forma a criarem maior atracção de riqueza económica e emprego, mas com uma intervenção positiva e estra-
tégica da Autarquia. Só assim conseguiremos fazer evoluir o tecido económico local, atrair investidores e criar uma dinâmica totalmente diferente e mais enriquecedora para todos. A desertificação do concelho é um problema? Como o pretende colmatar? Infelizmente a desertificação é um problema a nível nacional, com principal preponderância no interior, mas como referi já anteriormente vamos disponibilizar medidas especificas de incentivo à fixação, desde logo com a criação de uma escola profissional e tecnológica o que evita a saída precoce de muitos jovens que procuram outras saídas profissionais e não mais regressam, bem como através da disponibilização de habitação para jovens casais e incentivos à natalidade. Por outro lado, ao estimularmos o tecido económico, seja através do comércio, industria, agricultura e turismo, estaremos a criar novos empregos e consequentemente a fixar e a atrair mais pessoas. Eu não me resigno que temos de perder centenas de pessoas anualmente e sobretudo perder jovens recheados de valor e conhecimento. Quais são as suas expectativas para o dia 1 de outubro? Comecei esta caminhada sozinho. Entregamos as listas com praticamente uma centena de pessoas. O Bloco de Esquerda nunca teve neste concelho uma candidatura, apresenta-se à Câmara, à Assembleia Municipal e às freguesias de Alijó, Castedo e Cotas, Favaios, Santa Eugénia e Vila Verde, portanto, ter chegado aqui e estar rodeado de tanta gente com tanto valor e com tanta vontade em disputar esta luta e agitar este “mercado pantanoso” que tem sido um cacique do PS e do PSD-CDS só por si já é uma grande vitória. Mas pela receptividade que temos recebido das pessoas, muitas até em silêncio, acredito que podemos eleger um vereador e assim sermos o garante de uma verdadeira democracia que tanta falta nos faz para uma política mais íntegra e equitativa. Eu acredito nos meus conterrâneos. Só espero que eles também acreditem em mim. ■
Candidatura Bloco de esquerda À semelhança do que fizemos nos concelhos onde o atual presidente não se recandidata, ouvimos todas as candidaturas.
16 VIVADOURO SETEMBRO 2017
Destaque VivaDouro
Falta de mão-de-obra levanta problema
Numa região em que o número de desempregados ultrapassa os 12 mil, os motores da economia regional, agricultura e turismo, dep apanha da maçã aumentando ainda mais o problema. Sazonalidade e trabalho ao fim-de-semana são o principal entrave no turismo
Texto e Fotos: Carlos Almeida
Em Julho deste ano, o número de inscritos no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), nos concelhos pertencentes à CIM Douro, era de 12 mil, segundo dados do próprio instituto. Na mesma tabela podemos ainda ver que no mesmo mês, as três posições de topo eram ocupadas pelas três maiores cidades da região: Vila Real com 2.874 inscritos, Lamego com 2.187, e Peso da Régua com 1.143. Já na outra extremidade da tabela encontramos Penedono, Freixo de Espada à Cinta e Sernancelhe, todos com menos de 230 inscritos. É neste cenário que dezenas de empresários, da agricultura e turismo, se têm queixado da falta de mão-de-obra para atividades como a vindima, apanha da
> Apanha da maçã é feita com ajuda de familiares
maçã e castanha, limpeza ou cozinha, dando apenas alguns exemplos. Colheitas sobrepostas agravam a situação O mote foi dado pelo presidente da Câmara Municipal de Carrazeda de Ansiães, José Luis Correia que, em declarações à agência Lusa, no final do mês de agosto. “Nós temos muita falta de mão-de-obra para a vindima e para a apanha da maçã (…), se alguém está desempregado e quiser ganhar dinheiro durante alguns meses, pode vir a Carrazeda”, afirmava o autarca. O excesso de calor e consequente falta de água nos terrenos, registados este verão, foram fatores influenciadores da antecipação da época das vindimas, acabando por coincidir com outra atividade, a colheita da maçã.
Estes dois trabalhos agrícolas são morosos e requerem um largo número de trabalhadores, só em Carrazeda de Ansiães apontava-se para uma necessidade de mais “300 a 500 trabalhadores”, afirmou Duarte Borges, produtor e técnico da Associação dos Fruticultores, Olivicultores e Viticultores do Planalto de Ansiães. Para o fruticultor admite mesmo que essa mão-de-obra “podia ser angariada nas grandes cidades”, no entanto seria também “necessário criar condições para as receber” durante o período que duram os trabalhos, cerca de dois meses no caso da maçã. Nas vinhas, a falta de pessoal também preocupa, “normalmente trazia 30 a 40 pessoas para esta quinta, hoje trago 8”, diz Rui Sarmento, responsável por um grupo composto por 5 mulheres e três homens. “A culpa é do rendimento mínimo, recebem dinheiro para ficar em casa sem fazer nada, por isso é que não querem trabalhar”, afirma uma das mulheres do grupo enquanto vindima. “Estão mal habituados, eu também gostava de ficar em casa mas não posso, tenho uma família para alimentar”, conclui a mesma mulher.
Para Paulo, o mais novo do grupo com apenas 17 anos, esta é “uma oportunidade de ganhar algum dinheiro”. Com apenas uma disciplina para concluir este ano, confessa que tem “bastante tempo livre, por isso é melhor trabalhar e ganhar algum do que andar a fazer asneiras”.
VIVADOURO SETEMBRO 2017 17
Destaque VivaDouro
as à agricultura e ao turismo no Douro
param-se com graves problemas de falta de mão-de-obra para as suas atividades. Calor antecipou vindimas que se sobrepuseram à o.
“Era bom que andassem aqui mais jovens, hoje em dia eles já não querem vir para a vindima, é pena”, afirma Rui Sarmento. A mesma opinião é partilhada pelo enólogo Paulo Coutinho, “a falta de jovens na vindima não é apenas uma questão de trabalho, é também uma questão cultural”.
Para o enólogo, os vinhos e o turismo estão intrinsecamente ligados, em especial numa região como o Douro. Aos que chegam é vendido um turismo de emoções e sensações mas para Paulo Coutinho “essa forma de receber está em risco, como é que um jovem pode descrever a um turista como é a vindima se nunca trabalhou realmente numa? Temos que experimentar para sentir e aí sim, transmitir a nossa cultura com todo o sentimento que ela nos desperta”. Para Paulo da Mariana, produtor de maçã da zona de Moimenta da Beira, acentua outro problema que sente devido à falta de gente para a colheita: “tenho 14 hectares de pomar, queria aumentar a produção para também ter mais rendimento mas fico a pensar se será boa ideia porque depois não tenho quem apanhe a maçã e acaba por se estragar”. Este é, aliás, uma questão que se coloca a “vários outros produtores”, remata Paulo, que vai dando instruções ao pequeno grupo de 6 ajudantes, todos eles familiares. Para José Eduardo Ferreira, autarca do município de Moimenta da Beira, “este problema é grave para a região (…), é como uma bola de neve, falta mão-de-obra porque não há dinâmica económica, e falta dinâmica económica porque não há mão-de-obra que permita as empresas crescer” afirma, mostrando-se de alguma forma surpreendido porque “continua a haver desemprego na região, só que as pessoas procuram empregos numa área diferente de onde ele falta”. Mão-de-obra vinda do frio É da Europa de Lesta, terra de invernos rigorosos, que chegam muitos dos trabalhados que por estes dias andam pela região. Vêm em busca de melhores condições de vida e salários mais altos, mesmo que isso implique desistir da carreira de professor para andar na colheita da maçã, o como é o caso de Yuri, um romeno de 36 anos que trabalha num pomar em Moimenta da Beira. “Lá (na Roménia) trabalhava como professor, aqui estou na agricultura,
ganha-se melhor e o trabalho apesar de difícil faz-se bem”, afirma Yuri enquanto despeja mais um balde cheio de maçã. “Conheço muita gente que veio do meu país para aqui, como somos muitos é mais fácil aguentar as saudades de casa”, conclui. Esta mão-de-obra tem sido essencial para a sustentabilidade da agricultura na região, garantindo que os trabalhos são executados atempadamente. Gustavo Duarte, presidente da Câmara Municipal
de Foz Côa afirma que “na agricultura não se tem feito sentir a falta de mão-de-obra porque há no concelho uma comunidade de leste bastante vasta”. Já no que diz respeito a outros serviços mais técnicos, “na área do turismo, por exemplo, onde é necessária outra formação”, aí a falta de trabalhadores já se faz notar. Restauração e Hotelaria são os mais afetados no turismo Com a chegada do verão e a época das
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Destaque VivaDouro vindimas o Douro enche-se de gente vinda um pouco de todo o Mundo. Hotéis e restaurantes estão sempre cheios mas a qualidade do serviço prestado pode ser posta em causa pela falta de trabalhadores, em alguns casos trabalhadores que devem ser especializados. Carlos Cardoso é proprietário de uma pequena unidade hoteleira em Tabuaço, com 9 quartos chega a ter 25 hóspedes a quem é necessário servir o pequeno-almoço e jantar, nesta unidade não se serve almoço, “inicialmente ainda o fazíamos mas a falta de pessoal obrigou-nos desde logo a cortar esse serviço, decidimos prolongar um pouco mais esse serviço e durante a tarde, aos clientes que ficam pela piscina podemos sempre servir uns snacks e outras coisas mais simples”. Para o empresário essa gestão tem que ser bem feita porque a cozinha depende de Madalena, a sua mulher, e dele. “Às 6 da manhã estamos aqui a começar a preparar o pequeno-almoço, que se prolonga até às 12:30, hora em que habitualmente se termina de arrumar tudo, depois temos que ir ao supermercado e ao mercado quase todos os dias para podermos servir os produtos frescos, acabamos por almoçar já por volta das 4 da tarde, pouco depois é hora de começar a preparar o jantar que só vai terminar próximo da meia-noite. Pelo meio ainda
> Rogas reduzidas em menos de metade dos elementos habituais
temos que fazer check-ins e check-outs, garantir que os quartos estão bem arrumados, etc”, descreve Carlos, terminando com a ideia de que “assim é difícil aguentar, o sacrifício pessoal e familiar é muito grande”. Mas não é só na cozinha que falta ajuda, também na limpeza e arrumação se sentem problemas, “todos os anos temos funcionários novos, a sazonalidade não ajuda mas mesmo com um contrato sem termo acabam por ir embora a meio do
verão, quando temos mais trabalho”, confessa o empresário. A mesma ideia é partilhada por David Almeida, gestor de eventos da Quinta Branca e do Lamego Hotel & Life, “ninguém quer trabalhar no verão nem aos fins-de-semana mas neste setor essas são as alturas em que mais precisamos de colaboradores, eu não tenho um dia de descanso desde junho”. Para o gestor neste momento o problema é a falta de qualificação da mão-deFonte: site do IEFP, dados de julho de 2017
-obra, “agora finalmente conseguimos ter uma equipa mais estável mas muitos deles são de fora, Porto, Santa Maria da Feira, etc. São aqui colocados por uma empresa que contratamos e assim não temos essa preocupação mas nota-se muita falta de qualificação, mesmo nos que chegam aqui vindos das escolas profissionais.” Empresário de restauração há mais de 20 anos, Carlos Antunes diz que nunca viu “uma situação destas, não há quem queira trabalhar”, diz-nos enquanto se prepara para servir mais uma mesa cheia de clientes. “Hoje em dia é difícil arranjar gente para trabalhar, seja na cozinha seja a servir Às mesas. Depois também era preciso mais formação, recebemos muitos estrangeiros e para falar com eles é muito difícil, às vezes fico com a sensação que a pessoa não vai satisfeita, e se calhar foi porque queria alguma coisa que eu não percebi”. Quer na agricultura, quer na restauração e hotelaria, muitas vezes o dia é pago em valores acima da média, no entanto outros fatores são mais decisivos. A sazonalidade e o crescimento de trabalho ao fim-de-semana são fatores que muitos apontam como influenciadores na decisão de não querer trabalhar que alguns tomam. O Douro continua a crescer, quer ao nível das exportações, sinal que há mercado para produzir mais, quer em reconhecimento pela beleza e paixão que desperta a quem o visita, por isso é de prever que nos próximos anos este dilema se mantenha na região. ■
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Vários Concelhos
Enoturismo é pedra basilar no desenvolvimento do Douro Numa cerimónia que serviu para a assinatura de 11 contratos de financiamento a projetos de enoturismo, num total de 4,7 milhões de euros, o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, defendeu que este setor pode dar um contributo “muito importante” para a criação de emprego, a valorização das regiões do interior e do produto vinho. “O enoturismo pode dar um contributo muito importante para trazer valor às regiões e mais emprego e também para valorizar o produto mais importante destas regiões que é o vinho”, afirmou o ministro, no final da cerimónia, que decorreu na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real. Segundo o ministro, as exportações de vinho em Portugal cresceram cerca de 8% no primeiro trimestre deste ano, um crescimento que não foi apenas na quantidade mas também no valor do produto. Sobre os projetos que serão apoiados pelo Programa Valorizar para o Douro, o ministro disse que vão alavancar o enoturismo neste território, ajudá-lo a crescer mais rapidamente e de forma mais organizada e estruturada, apelando a um trabalho “em conjunto” de todos os agentes públicos e privados, concluindo que o “interior do país não é uma zona que tenha que ficar condenada a ficar parada”. Entre os projetos que irão receber financiamento está o “Douro Valley Center”, da UTAD, num investimento total de 400 mil euros. Este projeto visa a requalificação da
casa da quinta da academia para acolhimento ao visitante, para centro cultural e histórico, ponto de chegada e partida para percursos pedonais, de bicicleta e de fruição enológica. Em Vila Nova de Foz Côa, o município vai aplicar dois milhões de euros no “Foz Côa Story House”, que contempla a reconstrução e reconversão de um edifício municipal em ruínas para um espaço cultural de exposição e promoção dos recursos endógenos, para eventos, winebar e alojamento. Em Peso da Régua dois projetos foram contemplados, o “Aneto Wine” e o “Inclusivo”. O primeiro propõe a remodelação do interior de uma loja no cais de mercadorias da estação ferroviária. Já o segundo é da responsabilidade do Museu do Douro que inclui uma aposta no turismo acessível (museu inclusivo) e o desenvolvimento e promoção de projetos em rede. Outros projetos aprovados são: o solar dos Araújo Coutinho, em Sernancelhe, que será reabilitado para a criação de cinco unidades de alojamento de turismo de habitação; Em Alijó a Quinta de La Rosa irá aplicar o investimento no restaurante “Cozinha da Clara”; Já no Parque Natural do Alvão, na aldeia de Arnal, nascerá um projeto de turismo de habitação que pretende proporcionar experiências ligadas à paisagem e à prática de atividades de natureza; Em Favaios, a aposta é da adega que vai apostar no enoturismo; Em Sabrosa será a casa do escritor Miguel Torga que irá ser transformada numa unidade museológica e polo turístico. Os projetos que vão ser concretizados nesta região, por entidades públicas e privadas, estão ligados a enotecas e quintas, apoio à investigação e promoção no domínio do enoturismo. Os contratos de financiamento foram assinados no âmbito da Linha de Apoio à Valorização Turística do Interior -- Programa Valorizar. ■
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Foto DR
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Vários Concelhos
Caça proibida em zonas afetadas pelos incêndios A caça nas zonas afetadas pelos incêndios deste ano está proibida desde o dia 16 de setembro, segundo diploma aprovado pelo governo. “Durante a época venatória de 2017/2018 não é permitido o exercício da caça a qualquer espécie cinegética nos terrenos situados no interior da linha perimetral da área percorrida por incêndio, ou grupos de incêndios contínuos de área superior a 1000 hectares, bem como numa faixa de proteção de 250 metros”, pode ler-se no decreto-lei aprovado pelo Ministério da Agricultura. Das áreas afetadas, e que constam no decreto-lei, podemos encontrar os seguintes concelhos pertencentes à CIM Douro: Alijó, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Murça, Penedono, Sernancelhe, Torre de Moncorvo e Vila Nova de Foz Côa No próximo ano, as zonas de caça associa-
tivas e turísticas concessionadas cujos terrenos se encontrem abrangidos pela proibição de caça “ficam isentas do pagamento da taxa anual (...) proporcionalmente aos hectares, ou fração de hectare, afetados pela proibição de caçar, correspondendo às áreas onde não é permitido o exercício da caça na época venatória de 2017/2018”, acrescenta o diploma. Cabe agora ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) determinar a área das zonas de caça concessionadas que se encontra abrangida pela isenção e publicitá-la no seu sítio da Internet, calculando-se a isenção em função da área interdita à caça à data de 01 de janeiro de 2018. A época de caça, que deveria abrir a 20 de agosto acabou por ser suspensa tendo em conta uma declaração de calamidade pública com efeitos preventivos, no entanto a mesma ficou sem efeito no dia seguinte, 21 de Agosto, mesmo contra a vontade da Federação Nacional de Caçadores e Proprietários (FNCP) que, a 19 de Agosto, denunciava a indignação dos caçadores com a abertura da época de caça.
“A abertura da caça à rola e pombos, prevista para o dia seguinte, após o país ter uma devastação das florestas por causa dos incêndios é algo que indigna os próprios”, afirmava na altura a FNCP em comunicado, defendo tratar-se de “uma completa de-
monstração de incompetência” do ministro da Agricultura. Segundo a Proteção Civil, os incêndios florestais consumiram este ano 75.264 hectares de florestas, a maior média de área ardida da última década. ■
Filandorra avança com projeto “o teatro e as serras”
Peso da Régua recebe Final Four da Taça de Portugal em Andebol
Contemplado no primeiro Orçamento Participativo de Portugal, com um investimento de 100 mil euros, este projeto permitirá “salvar a Filandorra”, afetada pela ausência de apoios do Ministério da Cultura desde 2012, afirma a companhia em comunicado.
A Câmara Municipal de Peso da Régua, a Federação de Andebol de Portugal e a Associação Desportiva de Godim assinaram um protocolo com vista à realização da Final Four da Taça de Portugal em Andebol, que terá lugar nos dias 26 e 27 de maio de 2018. Para José Manuel Gonçalves, vice-presidente da autarquia reguense, a realização deste evento é uma ótima opor-
tunidade para a promoção do desporto na região e desta modalidade em específico, agradecendo a colaboração da Associação Desportiva de Godim. Para a Federação de Andebol de Portugal, representada na cerimónia pelo seu presidente, Miguel Laranjeiro, a escolha da régua para palco da competição justifica-se pelo excelente trabalho que a autarquia tem desenvolvido, considerando-a mesmo um exemplo de sucesso. Nos últimos anos, Peso da Régua tem sido palco de várias provas nacionais e europeias de diferentes modalidades. O andebol volta a Peso da Régua para disputa de uma das provas nacionais mais importantes. ■ Foto DR
“O teatro e as serras” é um projeto com a duração de dois anos, tempo durante o qual a companhia teatral pretende levar esta arte até às populações serranas do Gerês, Montesinho, Alvão e Marão, valorizando os territórios do
interior “como espaços naturalmente dignos de experiências no domínio da criação literária e artística, em contraponto com os tradicionais centros de criação nas zonas urbanas”, lê-se ainda no comunicado da Filandorra. Parte integrante desta iniciativa é ainda a implementação de quatro polos de criação artística que irão envolver equipas multidisciplinares nas áreas da escrita e dramaturgia. Para estes polos foram desafiados escritores com ligação à interioridade e aos territórios como José Luís Peixoto, Pires Cabral, Alexandre Parafita e José Rentes de Carvalho. Deste trabalho resultarão alguns espetáculos que circularão no território, cruzando entre si as experiências desenvolvidas. O lançamento do projeto será feito na Festa da Montanha de Sambade, no sopé da Serra de Bornes, em Alfândega da Fé, entre os dias 04 e 05 de novembro. ■ Foto DR
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Vários Concelhos
Sabrosa apresenta Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar
O projeto tem, para além do aspeto educativo e pedagógico, uma preocupação de capacitação e integração sociocultural sendo transversal no que diz respeito aos graus de ensino a que se refere. Candidata ao programa NORTE 2020 Programa Operacional Regional do Norte, este acordo irá abranger um total de cerca de 850 alunos desde o ensino pré-escolar até ao secundário. O início deste plano é coincidente com a
abertura das atividades letivas deste ano, com várias medidas que se traduzem em algumas iniciativas que serão levadas a cabo para os diferentes graus de ensino: “Pequenos Cientistas ”- abrangendo alunos do pré-escolar, 1ºCEB e 2ºCEB; “Saber Mais ”- no âmbito da matemática e do português (2º CEB, 3º CEB e Secundário); “Falar Mais e Melhor ”- português para os alunos do 5º ao 7º ano; “Experimenta Mais ”- para os alunos do 2º e 3º ano do CEB, contando ainda com o envolvimento dos encarregados de educação. O Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar de Sabrosa, PIICIES, contempla ainda, dentro das suas variadas ações, a criação de uma equipa multidisciplinar de apoio permanente aos alunos e docentes e a referência incontornável a Miguel Torga, numa medida direcionada para a Promoção Integrada do Português, e a Fernão de Magalhães, nas áreas de Matemática, Geografia e Biologia. O Presidente da Câmara Municipal de Sa-
brosa, Domingos Carvas, considera este projeto educativo como um instrumento exponencial de valorização da comunidade escolar, “todas estas ações visam otimizar o sucesso escolar dos alunos do concelho, pois como se sabe a taxa de insucesso escolar no concelho é pouco significativa. Numa sociedade evolutiva no conhecimento e competitiva nas aptidões, a qualificação é decisiva para alcançar objetivos.
É preciso semear para depois colher, e no fundo é isto que o município de Sabrosa está a fazer, em nome de um futuro melhor para os nossos jovens”. Este Plano tem apoio financeiro Comunitário e está inserido em articulação com o Plano Integrado e Inovador de Combate ao Insucesso Escolar, PIICIE-Douro, proposto pela Comunidade Intermunicipal do Douro, CIM DOURO. ■ Foto DR
O município liderado por Domingos Carvas apresentou um protocolo assinado em conjunto com o Agrupamento de Escolas Miguel Torga, com o prazo de 3 anos, tendo em vista o combate ao abandono e insucesso escolares.
Castanha de Sernancelhe Incêndios mataram com plano para valorização milhares de colmeias Tendo por base a valorização da castanha de Sernancelhe, em Portugal e no Mundo, a Associação Comercial e Industrial de Sernancelhe está a promover um plano que engloba todas as fases do fruto, desde o produtor ao distribuidor.
Paulo Russo Almeida, professor e investigador na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro veio alertar para o grave problema que vivem os apicultores após mais um ano em que os incêndios destruíram milhares de colmeias, tanto no interior como no litoral do país. Segundo o professor e investigador, caso a vaga de incêndios se mantenha, ano após ano, em breve os apicultores não terão onde colocar os seus apiários. Segundo a mesma fonte, as zonas ardidas demoram 2 a 3 anos até terem novamente condições para este tipo de exploração. Nos meios mais rurais têm sido destruídas vastas áreas de rosmaninho, urze, torgas, silvas, tomilho, estevas, giestas, entre outras espécies arbustivas. Este tipo de plantas demoram cerca de 3 anos até se regenerarem, afetando não só a produção de mel, em quantidade e qualidade, mas também a polonização. No litoral este problema também é vivido com o desaparecimento dos eucaliptais, em cuja flor as abelhas procura,
a matéria-prima elementar para a produção do mel. Para Paulo Russo torna-se imperativo que os apicultores criem uma zona de segurança em torno dos seus apiários, com cerca de 10 metros de largura, de forma a evitar que os mesmos sejam afetados pelas chamas. O investigador mostra ainda alguma preocupação com o esquecimento a que os apicultores estão sujeitos, em especial no que diz respeito aos apoios recebidos pelos empresários afetados pelos incêndios, Paulo Russo estranha que não se fale “em apoiar também os apicultores que viram os incêndios destruírem as suas colmeias, e que precisam urgentemente de ajudas não só para a reposição dos apiários mas também para a alimentação das abelhas por falta de pasto este ano”. ■ Foto DR
“Todos com a castanha... a castanha com todos”, este é o nome do programa agora em vigor e que teve um investimento de mais de 200 mil euros, sendo apoiado em 85% pela União Europeia através do Programa Operacional Regional do Norte 2014-2020 Para João Aguiar Raínho, presidente da Associação Comercial e Industrial de Sernancelhe, a castanha da região “é diferenciada, doce, tem um sabor próprio, características que têm de ser valorizadas”, afirma. “Havia o hábito de comprar a castanha diretamente ao produtor e vendê-la, sem sequer saber para onde ia, se era para consumo nacional ou internacional, e sem lhe dar a necessária valorização”, explicou ainda João Raínho. O projeto prevê uma série de iniciativas e medidas que serão distribuídas pelo tempo e de onde se destacam, a criação de uma imagem para a castanha de Sernancelhe,
a participação em feiras do setor para promover a troca de conhecimentos entre empresários e o lançamento de um website, dedicado a este produto. Com vista à inovação deste setor, será ainda disponibilizado aos produtores um livro intitulado: o “Manual de modernização da produção, armazenamento e distribuição da castanha - oportunidades de inovação no setor da castanha”. João Raínho afirma ainda que “no culminar deste projeto, vamos editar um livro. Estamos a recolher receitas com as pessoas mais idosas e junto dos restaurantes”. De produto subvalorizado, a castanha conseguiu, em pouco anos, ser um dos produtos com maior procura, atingindo preços elevados e compensadores para os agricultores. Altamente cotada no mercado, a castanha de Sernancelhe distingue-se pela cor, sabor e propriedades nutricionais. Sernancelhe é um concelho caracterizado por uma baixa densidade populacional revelando dificuldades na dinamização do seu tecido empresarial, mas a Associação Comercial e Industrial acredita que a aposta nos seus recursos únicos levará ao crescimento económico e à criação de emprego. João Aguiar Raínho afirmou que os resultados deste projeto já poderão ser visíveis a 01 de novembro, no decorrer de mais uma edição da Festa da Castanha, e também em fevereiro, na Festa das Sopas. ■
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Reportagem VivaDouro
Laboratório de Realidade Virtual inaugurado na UTAD tais, para os quais precisamos encontrar e recolher uma chave que os abra. Os cenários são distintos, desde um campo verdejante até um cenário gelado ou um outro onde a nossa capacidade de lidar com as alturas é posta à prova quando temos que atravessar uma ponte colocada sob um precipício.
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Foi inaugurado, no passado dia 18, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), o MASSIVE Virtual Reality Laboratory, em parceria com o INESC TEC.
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Em oposição aos restantes laboratórios de realidade existentes na península ibérica, onde são privilegiados os sentidos da visão e da audição, no MASSIVE Virtual Reality Laboratory são estimulados e estudados os 5 sentidos, em diferentes aplicações. Estas aplicações não têm por único objetivo o estudo mas também a sua aplicação em áreas tão diversas como a educação, treino e certificação, indústria, turismo ou saúde. Esquipado com as mais recentes tecnologias na área da Realidade Virtual, o laboratório encontra-se dividido em quatro espaços distintos: sala experimental, sala experimental multissensorial, sala de controlo e sala de questionários. O Viva Douro esteve no MASSIVE para perceber o que é este laboratório e como podem estas aplicações ser aplicadas à realidade. Chegados ao laboratório e após uma pequena conversa introdutória onde nos é explicado como surgiu este espaço, somos preparados para uma viagem multissensorial. Esta preparação é feita com a ajuda de alguns alunos, de diferentes mestrados na UTAD, que trabalham no projeto. Depois de tudo pronto somos levados para uma sala onde, nos são dadas mais algumas instruções, um avatar diz-nos que vamos passar por uma série de por-
A grande diferença desta experiência em comparação com o que é feito em outros laboratórios é o facto de, à medida que vamos mudando de cenário, vamos sentindo diferentes cheiros e temperaturas, e sentimos mesmo o chão a tremer quando estamos num cenário de pontes e uma nave espacial passa junto a nós, a sensação de estar a viver aquele momento torna-se quase assustadoramente real. Depois desta experiência somos levados para uma segunda sala onde um outro projeto está a ser explorado, o DouroTUR. Este projeto é mais semelhante às experiências de realidade virtual que conhecemos, com os óculos colocados e uns comandos na mão, somo levados para um cenário real à nossa escolha (de momento ainda só está desenvolvido o cenário do miradouro de São Leonardo de Galafura). A sensação é de que estamos realmente naquele local imortalizado na poesia de Miguel Torga, os detalhes não são deixados ao acaso e, apesar de ainda faltarem alguns pormenores, quem nunca esteve no miradouro real pode perfeitamente ficar com a ideia de como ele é. O objetivo deste proje-
to é colmatar o fosso existente entre as potencialidades do Douro e o seu desenvolvimento, maximizando o papel do turismo na estimulação da economia local, sob uma perspetiva sistémica e holística. Finalmente somos levados para um último espaço onde nos deparamos com uma bola gigante que roda num eixo fixo, a ideia é que nos permita circular pelo espaço virtual sem que saiamos do mesmo espaço real. Para experimentar este cenário somos levados para o interior de um jogo onde, numa floresta as-
sustadora, temos que encontrar algumas pistas que nos permitam ficar a salvo de um homem que nos persegue. Ao longo de todo este percurso, somos levados a experimentar sensações únicas ajudados pelos diferentes cenários a que somos expostos e a estímulos sensoriais que nos são dados. Maximino Bessa, investigador do Centro de Sistemas de Informação e Computação Gráfica do INESC TEC responsável pelo laboratório, que também é docente na UTAD explica-nos que “o objetivo é tornar o laboratório um espaço aberto à colaboração com a comunidade académica e industrial, pretendendo apoiar a competitividade da economia recorrendo às soluções tecnológicas de que o laboratório dispõe”, concluindo que este é um projeto único que “para além de ser multissensorial, aposta também numa equipa multidisciplinar”. Este laboratório é dividido em dois projetos, o MASSIVE, que dá nome ao espaço, e o “TEC4Growth - Pervasive Intelligence, Enhancers and Proofs of Concept with Industrial Impact”, sendo ambos financiados, o primeiro pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e o segundo através do programa Portugal2020, num total de cerca de 700 mil euros. Presentes na inauguração estiveram, entre outros, o Reitor da UTAD, António Fontainhas Fernandes, o presidente do INESC TEC, José Manuel Mendonça, e o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor. ■
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Alijó PUB
GNR de Alijó terá edifício construído de raiz
A notícia foi dada no decorrer das cerimónias do Dia da Unidade da GNR de Vila Real, que decorreu em Santa Marta de Penaguião, durante o discurso do coronel Rocha Marques, indicando ainda que o processo está em andamento devendo as obras ter início durante o ano de 2018. Segundo dados fornecidos durante a cerimónia, o distrito de Vila Real re-
gistou uma nova redução nos índices de criminalidade, em especial no que diz respeito à criminalidade violenta que caiu 45%, comparativamente com igual período do ano passado. Nos crimes contra as pessoas a redução foi na ordem dos 10% no período de julho de 2016 a junho de 2017, comparativamente com o período homólogo de 2015 e 2016. Verificou-se ainda uma redução dos crimes contra o património de cerca de 13% no mesmo período. De destacar, pela negativa, o aumento do número de incêndios que aconteceu este ano na zona de ação da GNR. A esta força de segurança foi ainda atribuída uma maior extensão da Autoestrada 4 (A4), levando a que o coronel Rocha Marques reclamasse a falta de militares no Destacamento de Trânsito.■
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Instalada no edifício de uma antiga cadeia, a GNR de Alijó ficou agora a saber que terá um novo espaço com condições adaptadas ao seu serviço e ao trabalho desenvolvido pelos militares.
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Vários Concelhos
Enfermeiros em greve causam transtornos na saúde Os enfermeiros estiveram em greve entre os dias 11 e 15 de setembro, exigindo melhores condições para a profissão, numa luta que juntou toda a classe apesar do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses não ter estado presente. Foram várias as ações de luta levadas a cabo ao longo da semana mas, para os enfermeiros da região do Douro o primeiro momento teve lugar na cidade do Porto onde se juntaram milhares de enfermeiros junto ao Hospital de São João. Desde as primeiras horas que os serviços de saúde na região se viram afetados por esta greve que mobilizou mais de 90% dos profissionais, atingindo em alguns casos mesmo os 100%, pontualmente em alguns serviços e unidades de saúde. Ana Santos, enfermeira na Unidade de Saúde Familiar Fenix, em Vila Real, afirmava que o seu serviço estava “100% em greve, apenas são assegurados os serviços mínimos, estamos todos unidos nesta luta”. Ao terceiro dia, uma nova ação de protesto, desta vez em Vila Real, frente à câmara municipal estiveram concentrados, em vigília, mais de 250 enfermeiros. “Queremos sentar-nos com o Ministro da Saúde e dialogar, apresentar a nossa pro-
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posta e ouvir, da parte dele, uma contraproposta que possa existir, tentando assim chegar a um consenso”, afirmava a enfermeira Lisete Jesus. Esta “é uma luta de todos os enfermeiros, vemos a classe unida como nunca e isso quer dizer alguma coisa”, afirma Ana Luísa Santos, outra enfermeira em protesto em frente à autarquia vila-realense, concluindo com um resumo da noite de vigília: “correu muito bem, conseguimos juntar um grande número de colegas, estamos muito motivados para lutar pelo nosso futuro”. Na sexta-feira, dia 15, os protestos que estiveram espalhados pelo país, reuniram-se a uma só voz em Lisboa, em frente à Assembleia da República onde exigiam falar com o Ministro da Saúde, sendo um grupo recebido por um assessor. Longe dos protestos esteve o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), situação que, apesar de desagradar os profissionais, não lhes retirou motivação, afirmavam. “O SEP não nos representa e se continuar a dialogar sozinho com o governo não terá o nosso apoio. Temos vários colegas que já renunciaram ao SEP por discordar da posição assumida neste processo”, dizia Lisete Jesus. Apesar da taxa bastante elevada de grevistas, alguns não participam no protesto, “talvez por medo ou então por questões financeiras, uma semana de trabalho tem um peso significativo no nosso salário”, afirma a enfermeira Lisete mostrando-se satisfeita com adesão dos seus colegas ao protesto. ■ Foto DR
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Jornal Vivadouro 21/09/2017
ALIENAÇÃO ITB – INVESTIMENTOS TURÍSTICOS DAS BEIRAS, LDA. Faz-se saber que o Município de Penedono deliberou na sua reunião de Câmara de 6 de fevereiro de 2017 alienar a sociedade comercial ITB – Investimentos Turísticos das Beiras, Lda., da qual detém 100% do seu capital, alienação esta autorizada pela Assembleia Municipal de Penedono em sua sessão ordinária de 17 de fevereiro de 2017. São as seguintes as condições base desta alienação, sem prejuízo de apresentação de qualquer outra proposta para negociação particular, que se venha a considerar como vantajosa: Artigo 1.º (Objeto) 1 – O presente anúncio define os termos em que se procederá à alienação da totalidade do capital social da sociedade comercial por quotas ITB – Investimentos Turísticos das Beiras, Lda., com o número de pessoa coletiva e de matrícula 502 748 214, que é também o número de identificação fiscal, com sede na Avenida Adriano de Almeida, Penedono. 2 – O presente concurso é aberto na sequência do processo de alienação da ITB – INVESTIMENTOS TURÍSTICOS DAS BEIRAS, LDA., no cumprimento das deliberações da Câmara Municipal de 01/02/2016 e da Assembleia Municipal de 26/02/2016, e implica a assunção, pelo cocontratante, de um conjunto de direitos e de deveres decorrentes da execução do contrato a celebrar, nos termos previstos no presente Regulamento. Artigo 2.º (Ativos da sociedade a alienar) 1 – O seu ativo integra a concessão da Zona de Caça Turística de Penedono, (ZCT) – Processo AFN – 1385, a qual abrange vários prédios do Município propriedade de particulares, e que vigorará até ao ano de 2034 nos termos da Portaria nº 3/2010, de 4 de janeiro; 2 – A sociedade não possui qualquer passivo operacional ou financeiro; 3 – A sociedade não possui qualquer trabalhador e a sua gerência não é remunerada. Artigo 3º (Valor Base) As propostas a apresentar versarão sobre a globalidade dos ativos da ITB e não poderão ter preço inferior a € 32.000,00€ (trinta e dois mil euros). Artigo 4º (Critério de adjudicação e modelo de avaliação das propostas) 1 – As propostas serão graduadas de acordo com o seu preço, sendo a alienação efetuada ao proponente cujo preço da proposta for mais elevado. 2 – O Município de Penedono concede o direito de preferência na aquisição das quotas da sociedade comercial ITB – Investimentos Turísticos das Beiras, Lda. ao concessionário da exploração do Hotel Medieval de Penedono, a exercer no prazo de 15 dias a contar da data que for notificado para o efeito. 3 – O Município de Penedono reserva-se o direito de não efetivar a alienação em proposta se, em face da(s) proposta(s) apresentada(s), ocorrerem motivos que a tornem desaconselhável. Artigo 5º Da ITB – Investimentos Turísticos das Beiras, Lda. 1 – A ITB – Investimentos Turísticos das Beiras, Lda., é uma sociedade comercial por quotas, e rege-se pelos seus Estatutos, e pelo Código das Sociedades Comerciais. 2 – O capital estatutário da ITB – Investimentos Turísticos das Beiras, Lda. é de € 139.879,79. Artigo 6º (Deveres do Cocontratante) São condições especiais para aquisição da ITB: 1 – Prosseguir o objetivo de desenvolvimento turístico do Concelho de Penedono e concretamente à exploração efetiva da Zona de Caça Turística de Penedono, mantendo-a em atividade de forma ininterrupta, salvo obstáculo legal, designadamente através da atração de caçadores e turistas. 2 – Proceder ao início da exploração efetiva da Zona de Caça Turística aludida no ponto anterior, no prazo máximo de 60 dias após a formalização da alienação. 3 – Assumir na proposta apresentada a obrigação de cumprir todas as condições de alienação objeto do presente procedimento. 4 – Assegurar o direito ao exercício venatório por parte de todos os proprietários ou usufrutuários de terrenos, que assinaram os acordos que integram a Zona de Caça Turística (conforme lista em anexo) os quais devem comprovar a titularidade dos seus direitos. Artigo 7º (Peças que constituem o processo) 1 – O processo relativo ao presente Procedimento é composto pelos seguintes documentos: a) Estatutos da ITB – Investimentos Turísticos das Beiras Lda.; b) Relatórios e Contas dos últimos três anos (2013, 2014, 2015 e 2016); c) Balancetes; d) Inventário; e) Modelo de proposta propriamente dita (anexo I); f) Documentos que devem acompanhar a proposta (anexo 2). 2 – Devem ser integrados no processo relativo ao presente procedimento os documentos que contenham os erros e omissões aceites, os esclarecimentos e as retificações. Artigo 8º (Fases do procedimento) O procedimento compreende as seguintes fases: a) Abertura do procedimento; b) Apresentação de propostas; c) Ato público; d) Avaliação das propostas; e) Contrato. Artigo 9º (Anúncio do procedimento) 1 – O Procedimento é sujeito a anúncio publicado na página eletrónica do Município de Penedono, através de Edital a afixar nos locais de estilo e através de anúncio publicado num jornal regional, jornal nacional, numa publicação da especialidade. 2 – O procedimento considera-se aberto no dia da sua publicação. Artigo 10º (Júri do procedimento) 1 – O procedimento é conduzido por um júri designado pela Câmara Municipal de Penedono, composto por 3 (três) membros efetivos e 2 (dois) suplentes, na qual se identifica o respetivo Presidente, Primeiro Vogal Efetivo, Segundo Vogal Efetivo, Primeiro Vogal Suplente e Segundo Vogal Suplente. 2 – No exercício das competências previstas na lei e nas peças do presente procedimento, o júri pode solicitar o apoio de entidades com conhecimentos específicos das matérias envolvidas nas decisões que estejam em causa. 3 – Ao Júri competirá: a) Proceder aos esclarecimentos necessários à boa compreensão e interpretação das peças do procedimento; b) Proceder à apreciação das propostas; c) Elaborar o relatório de análise das propostas; d) Conduzir o ato público para avaliação das propostas. Artigo 11.º (Concorrentes) Podem apresentar propostas sociedades comerciais e agrupamentos de sociedades comerciais, bem como pessoas singulares, individualmente ou em grupo. Artigo 12.º (Consulta e aquisição das peças do procedimento) As peças do procedimento encontram-se disponíveis na página eletrónica do Município de Penedono. Artigo 13.º (Esclarecimentos) A prestação de quaisquer esclarecimentos necessários à boa compreensão e interpretação das peças do Procedimento cabe ao júri do procedimento. Artigo 14.º (Prazo de apresentação das propostas) O procedimento mantém-se aberto pelo prazo de 30 dias a contar da publicação do anúncio. Artigo 15º (Inspeção do local objeto do contrato) Todos os interessados poderão inspecionar a área abrangida pela Zona de Caça Turística concessionada à empresa ITB – Investimentos Turísticos das Beiras, Lda., na primeira metade do prazo fixado no art.º 14.º das presentes condições de alienação desta empresa. Artigo 16º (Envio das propostas) 1 – Os concorrentes podem enviar as propostas em formato digital para o e-mail: luis.pais@cm-penedono.pt 2 – As propostas em formato papel podem ser entregues na sede do Município, as quais são devidamente registadas, anotando-se a data e hora em que as mesmas são recebidas, devendo ser entregue ao apresentante um documento comprovativo da receção da proposta. Artigo 17º (Constituição da proposta) 1 – A proposta é constituída: a) Pela proposta propriamente dita, elaborada conforme o modelo que constitui o anexo I ao presente Regulamento; b) Pelos documentos que integram a proposta propriamente dita, identificados no anexo II ao presente Regulamento; 2 – A proposta e os documentos que a integram devem ser assinados pelo concorrente ou seu representante. Artigo 18.º (Data e local de realização do ato público) O ato público realiza-se na sede do Município de Penedono, pelas 10 horas do terceiro dia útil subsequente ao terminus do prazo para apresentação de propostas. Artigo 19.º (Exclusão de propostas) 1 – São excluídas as propostas que não contenham a identificação do concorrente. 2 – O júri do procedimento pode propor à entidade adjudicante a exclusão de qualquer proposta que não reúna quaisquer outros elementos que torne impossível a sua avaliação. Artigo 20.º Informação e documentação A informação detalhada e toda a respetiva documentação pode ser consultada diretamente nos Paços do Concelho, ou mediante solicitação através de e-mail: luis.pais@cm-penedono.pt Artigo 21º (Despesas com a celebração do contrato) Constituem encargos do cocontratante todas as despesas inerentes à celebração do contrato. Artigo 22º (Foro) Em caso de litígio, será competente o Tribunal Administrativo e Fiscal de Viseu. Penedono, 14 de agosto de 2017 O Presidente da Câmara Municipal António Carlos Saraiva Esteves de Carvalho
VIVADOURO SETEMBRO 2017 27
Empresas & Negócios
Emoções Engarrafadas e Mais Negócio promoveram sunset no rio Douro No dia 24 de agosto, as empresas Emoções Engarrafadas/ Wine with Spirit e Mais Negócio uniram-se para organizar um sunset de networking a bordo da embarcação Milénio do Douro. O evento reuniu empresários de diversos setores. Boa disposição, animação, música e um pôr-do-sol na foz do rio Douro foram os ingredientes secretos do Sunset de Networking – Mais Negócio Portugal!, que contou com bons vinhos patrocinados pela Emoções Engarrafadas/Wine with Spirit. O embarque no Milénio do Douro teve lugar na Marina do Freixo e fez o percurso até à foz, por diversas vezes. “A nossa parceria com a Mais Negócio é recente, mas já a consideramos muito valiosa. Este evento, acima de tudo, surge para apoiar a implementação da Mais Negócio, que merece esta oportunidade porque ao longo do ano consegue dar-nos muitas oportunidades de negócio”, afirma Patrícia Sousa, fundadora e sócia-gerente da Emoções Engarrafadas/
Wine with Spirit. Como não poderia deixar de ser, os vinhos foram o tónico do evento, eles que são “impulsionadores do negócio”, aponta a empresária. Ao Vivacidade, Patrícia Sousa mostrou-se orgulhosa com a parceria celebrada com a Mais Negócio Portugal, responsável por “dezenas de oportunidades diárias de negócio”. No que diz respeito ao futuro, Patrícia promete uma novidade que estará inserida na rentrée do Porto Canal, além de uma presença numa companhia de teatro do Porto. ■
28 VIVADOURO SETEMBRO 2017
Opinião
A Conta Satélite da Economia Social 61.000 entidades e 6,1% do emprego remunerado
Eduardo Graça Presidente da Direcção da CASES
A Conta Satélite da Economia Social (CSES) é um documento oficial que permite dispor de informação estatística certificada pelo INE acerca do setor da Eco-
nomia Social em Portugal. Foi assim ultrapassada uma barreira que impedia o conhecimento da verdadeira dimensão e importância socioeconómica deste setor no nosso país. A CSES conta com duas edições, a primeira com dados de 2010 e a segunda com dados de 2013, elaboradas na base de uma parceria do INE com a CASES. Ficámos, assim, a saber que, em Portugal, o setor da Economia Social representa 2,9% do VAB (valor acrescentado bruto) nacional e 6,1% do emprego remunerado a tempo completo, com dados de 2013, tendo, comparativamente com 2010, evidenciado uma forte resiliência à crise com, por exemplo, a subida de 5,5% para 6,1% do emprego remunerado, a tempo completo, a nível nacional. A propósito da CSES, existem três possíveis pontes que interligam a
questão estatística com a estratégia de desenvolvimento da Economia Social: - A estatística contribui para o conhecimento, e reconhecimento, do setor da Economia Social – consagrado na Constituição da República Portuguesa sob a designação de “setor cooperativo e social” – evidenciando o seu peso relevante na economia e sociedade portuguesa; - A estatística fornece, aos poderes públicos, informação credível e certificada sobre o setor, respondendo ao desafio contido numa frase que os franceses vulgarizaram: “sans chiffres, pas de politique”; - A estatística densifica o conceito de Economia Social, aproximando-o da sua realidade operacional, abrindo um espaço para debater o modo e o tempo da
Quando a derrota é um mal menor
Jornalista / licenciado em psicologia
Qualidade a menos, arrogância a mais. Ingredientes desequilibrados nunca dão origem a um bom bolo. O tetracampeão vendeu muito e comprou mal. Embora já o venha a fazer há algumas épocas, a prata da casa ia servindo para colmatar as diversas saídas. Pensou-se que funcionaria sempre. Assim como a incompetência dos principais rivais, que protegia algumas debilidades no processo das águias. Principalmente a incapacidade para gerir o jogo com bola, em ataque posicio-
a sua massa associativa. Este não é um caso isolado no panorama do futebol português. Aqui, temos tanto a aprender com a Premier League e com a mentalidade britânica. E, como alguém muito sábio uma vez disse, “just because you lost doesn’t mean you have to act like a loser”. Uma frase que mora nos antípodas daquilo que o plantel encarnado fez. Sendo que Luisão, o capitão, foi o primeiro a abandonar o terreno de jogo, dando o (mau) exemplo. Tal como fiz questão de destacar no artigo anterior, FC Porto e Sporting estão muito bem orientados e não é de admirar que tenham 6 vitórias em 6 jogos, liderando o Campeonato Nacional de forma justa e clara. Sérgio Conceição e Jorge Jesus já criaram as suas equipas base e, a partir daí, vão construindo um caminho que, com mais ou menos nuances, se augura risonho. E porquê? Porque é essencial criar rotinas de jogo e saber quais os que contam verdadeiramente. O entrosamento e a dinâmica nascem de muito
pectro”, inovadora, comportando os riscos inerentes a uma metodologia que se confronta com a necessidade de congregar informação estatística de entidades tão próximas, pelos princípios e valores que encerram e, ao mesmo tempo, tão diversas, nos planos económico e sociológico, nunca antes estudadas de forma tão vasta e abrangente, em particular, no que respeita ao setor associativo. Esperamos vir a consolidar, em parceria com o INE, o edifício estatístico da economia social estando prevista a concretização uma CSES, com dados de 2015 ou 2016, a divulgar em 2019, criando uma série estatística de grande importância para a definição das políticas públicas e para o conhecimento, e reconhecimento, do setor. ■
O Douro sabe bem... treino e, sobretudo, dos desafios que aparecem jornada após jornada. E é necessário deixar em nota que Rio Ave e Tondela não foram presas fáceis. Aliás, agora poucos são os que na nossa Liga vestem essa pele. O dia 1 de outubro promete ser de emoções fortes. Devido às Autárquicas? Também. É que o Estádio de
Alvalade irá receber o clássico. Leões e dragões medirão forças e, caso vençam os jogos frente a Moreirense e Portimonense, respetivamente, chegarão ao grande jogo invictos. Escusado será dizer (mas dizendo) que, nesse cenário, quem triunfar salta para a liderança isolada do Campeonato. ■ Foto DR
Tiago Nogueira
nal. Os atuais resultados são, por isso, consequências de um paradigma algo desajustado. Depois da ressaca europeia, o último desaire aconteceu no sábado, no Estádio do Bessa. Depois de estar a perder por 1-0, o Boavista deu a volta e conseguiu o triunfo por 2-1, com golos de Renato Santos e Fábio Espinho, a meias com Bruno Varela. Mas - e porque há coisas mais importantes do que os 3 pontos - o mais grave aconteceu depois. A maneira como a formação orientada por Rui Vitória reagiu à derrota. Pedia-se, pelo menos, um agradecimento a todos aqueles que fazem milhares de quilómetros para apoiar uma equipa. Que dispensam parte do salário, que se sacrificam em prol de um amor por um clube. O que se passou no Estádio do Bessa contraria a verdadeira essência do desporto. Os jogadores do SL Benfica perderam o jogo. Acontece, “é futebol”. A pior parte reside no facto de se terem comportado como autênticos perdedores. Foram diretos para o balneário, sem uma única “palavra” para
confluência de vontades das diversas “famílias” da Economia Social, no respeito pela sua autonomia, assim como às novas realidades emergentes no setor. No presente, as CSES portuguesas continuam a ser originais e únicas, distinguindo-se de todas as restantes por abarcarem, no seu universo de estudo, todas as entidades da Economia Social em número de mais de 61.000, com dados de 2013. Acresce que foi concebida como um agregado de subcontas nas quais são tratadas as realidades das diversas “famílias” de entidades da Economia Social: cooperativas, mutualidades, misericórdias, fundações e associações e outras Entidades da Economia Social. A CSES portuguesa é de “vasto es-
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Novas dinâmicas para o turismo do Douro
António Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD
Atualmente viaja-se mais e de forma muito diferente. Viaja-se mais vezes durante o ano, mas em períodos de estadia mais curtos. Hoje, o turista é mais exigente e
informado sobre os destinos e os produtos da oferta turística. Estima-se que em 2020 haverá 1,4 mil milhões de turistas internacionais, ou seja, um em cada dois habitantes do planeta fará, pelo menos, uma viagem internacional. Os mercados turísticos e do lazer tornaram-se mais competitivos, forçando os fornecedores a inovar e a desenvolver novos conceitos e ofertas. Na atual economia da experiência, o turismo tem assumido um papel central, estando a emergir novas atividades e serviços que combinam elementos culturais, criativos, educativos e entretenimento, envolvem os consumidores, transformando-os em cocriadores e coprodutores das próprias experiências que se vão tornando
mais complexas. Como resultado destas mudanças, novas formas de turismo e novos nichos de oferta têm vindo a ganhar relevância, casos do ecoturismo, turismo educativo, turismo desportivo, turismo gastronómico e enoturismo. No caso do enoturismo, os dados do plano estratégico das rotas de vinho (IDTUR, 2016) referem que em Portugal se registaram 2,2 milhões visitantes em 2015, sendo 70% dos visitantes provenientes de fora de Portugal, principalmente do Brasil, Estados Unidos e países da União Europeia. As principais atividades procuradas residiram nas provas de vinhos (80%), as visitas guiadas (63%) e refeições (11%) Na realidade e não obstante o
Opinião
crescimento do turismo em Portugal se notar nos grandes centros urbanos do Porto e Lisboa, pode ser uma oportunidade para lugares mais recônditos, com conhecidas vantagens para a economia local e nacional, caso das regiões do interior e do Douro, em particular. Em territórios desafiantes, mas de grande riqueza paisagística, cultural e patrimonial, casos do Alto Douro Vinhateiro e dos sítios transfronteiriços Pré-Históricos de Arte Rupestre do Vale do Coa e Siega Verda, a chancela UNESCO abre uma janela de oportunidades que devemos valorizar em contextos e dinâmicas internacionais. Sabendo-se que a inscrição na Lista do Património Mundial fun-
ciona com um sinal de informação e atração turística e de reconhecimento público do Bem, deve ser adotada para estes territórios uma estratégia articulada com o anunciado apoio do Turismo de Portugal ao desenvolvimento de programas de incubação, à participação de novas empresas associadas em dinâmicas internacionais e ainda ao contributo das escolas de Hotelaria e Turismo na criação de iniciativas inovadoras. No atual contexto da economia da experiência, o grande desafio está na construção de atividades e serviços inovadores neste sector, que cruzem elementos culturais, educativos e de lazer, e que podem assumir maior relevância em novos formatos de turismo e novos nichos de mercado. ■
nacional deverá registar um acréscimo com vendas no valor de 73,8 milhões de euros. É também expectável que as categorias especiais venham a representar já 42,4% do valor do Vinho do Porto vendido. O total de vendas de Vinho do Porto, nos primeiros 7 meses deste ano, foi de 178 milhões de euros, tendo crescido 3% em relação a igual período de 2016. França lidera os mercados, com 40 milhões de euros representa 23%, segue-se Portugal com 36 milhões e a Holanda nos 20 milhões. Em relação ao ano anterior, destacam-se com maior crescimento Rússia e Polónia, com aumentos de
70% e 34% respetivamente. Já no caso do vinho do Douro - nos 80 milhões de euros de janeiro a julho, 58,7% dos quais vendidos em Portugal - o Canadá representa 6 milhões, seguido do Brasil que, agora nos 3,6 milhões, cresceu 42%. Os mercados que mais aumentaram em percentagem foram a Polónia (+75%) e Angola (+74%). As exportações têm tido um importante peso nos resultados de vendas de vinhos do Porto e Douro e observa-se claramente no mercado nacional um aumento continuado que é de salientar. É com muita satisfação que vemos como no nosso país se consome cada vez mais e melhor Vinho do Porto.. ■
Mercado de Vinhos do Porto e Douro
Manuel de Novaes Cabral Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP)
O valor de vendas de Vinho do Porto tem vindo a crescer todos os anos desde 2014 e os resultados de Douro sobem, acentuada e sucessivamente, desde 2010. Com estas tendências de evolução dos principais vinhos com DOP/ IGP na Região Demarcada do Douro, os valores batem recordes desde 2015, primeiro ano em que o total de vendas de Vinho do Porto, Douro, Moscatel, Espumante e Duriense ultrapassou os 500 milhões de euros. Nos primeiros 7 meses de 2017, um total de 268 milhões de euros marca um crescimento de 5,9% em relação ao mesmo período de 2016. Previsões para 2017, exportações e
categorias especiais, mercados Em 2017 antecipa-se que as vendas de vinho do Douro vão chegar aos 150 milhões de euros, quase dobrando o valor entre 2010 e 2017. Assim, este vinho tem tido um peso de salientar no total de vendas de vinhos da região, que ascendeu a 536,2 milhões de euros em 2016 e que se espera ultrapasse os 550 milhões em 2017. Tendo em conta os resultados dos últimos 12 meses, até julho, espera-se que no fim de 2017 as vendas de Vinho do Porto ultrapassem os 382 milhões de euros (+1,4% que em 2016). Neste total, as exportações deverão atingir os 308,5 milhões e o mercado
Alto Douro Vinhateiro na Carta dos Destinos de Excelência
Ricardo Magalhães Vice-Presidente da CCDR-N
Estamos em plenas vindimas no Douro. Uma época especial do ponto de vista produtivo, mas também económico, ambiente e social. É o culminar de todo um ano de trabalho que se começa a adivinhar. Um momento único neste território que cruza visitantes, turistas, residentes e trabalhadores - as rogas no corte das uvas e na pisa nos lagares ainda são tradição na região duriense. É, também, a altura do ano em que melhor podemos confirmar que os produtores de vinha são também produtores de paisagem, num desenho em permanente renovação. Esta paisagem humanizada do Douro merece, pois, toda a atenção
de quem gere o território. E é notório que nos últimos anos tem havido um maior cuidado no edificado e uma maior atenção aos detalhes. Há uma qualificação na arquitetura. Na última década o Prémio Arquitetura do Douro tem posto em evidência o mérito de projetos, a execução e o entendimento dos arquitetos na construção ou recuperação de algumas obras como são exemplo as novas adegas durienses. Este esforço de qualificação em curso alarga-se, ainda, a toda a rede de aglomerados, sede de concelho. Há um esforço evidente na urbanidade, há a assunção do carácter polarizante dos principais núcleos populacionais, indispensável para
que esta região vinhateira se torne mais competitiva, mais atrativa e mais vigorosa. Os atores começam, finalmente, a entender o conceito de uma paisagem cultural, evolutiva e viva… Tenhamos a noção de que o território e a paisagem (além das pessoas) são os maiores ativos turísticos do Douro! E é exatamente o turismo a pedra de toque na implementação das políticas da valorização do Alto Douro Vinhateiro. Uma região com importantes ofertas como são o património imaterial, a gastronomia, o Barro Preto de Bisalhães... e o Vinho. Nos últimos anos temos assistido
a um processo de qualificação e de reforço da afirmação dos vinhos do Douro a nível mundial e o enoturismo tem vindo a ganhar uma maior escala e importância na economia duriense. Há que aproveitar esta experiência! Desde há muito que o Douro integra dois Mapas Mundi: a “Carta dos Melhores Vinhos do Mundo”, onde se inscreve há séculos o Vinho do Porto, e a “Carta do Património Mundial”, onde se integram o Alto Douro Vinhateiro e as Gravuras Rupestres de Foz Côa. Importa trabalhar para mantermos, por pleno direito, este território na “Carta dos Destinos Turísticos de Excelência”. ■
30 VIVADOURO SETEMBRO 2017
Opinião
Douro Sul: 2 de Outubro de 2017!
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
Numa atitude de liberdade, com alguma ousadia e risco, num exercício de análise subjetiva, decidi antecipar o tempo em duas semanas e acordar no dia 2 de outubro próximo! Em Cinfães o Partido Socialista renova e confirma que o posicionamento de proximidade foi
o fator mais relevante para reeleição de Armando Mourisco. Em Resende, embora sem grande folga, o PSD volta a liderar aquele Município. Jaime Alves chega , na segunda tentativa, à Presidência. Embora estes dois concelhos não estejam integrados na CIM Douro, não poderia deixar de a eles me referir, pois são parte legítima deste Douro Sul! Por Tabuaço, a grande confirmação de Carlos Carvalho como um dos líderes mais carismáticos. A vitória, desta vez mais expressiva, demonstra que a simplicidade e verdade são uma boa forma de estar e fazer política. Em S. João da Pesqueira, a vitória foi de Jorge Rocha, que depois de um bom trabalho como Presidente da Assembleia Municipal, vai agora liderar o governo local. Adivinha-se grande dinamismo! Em Penedono, Carlos Esteves
vence com larga folga e dá a garantia de uma nova abordagem e uma luta sem tréguas contra a desertificação humana. Por Armamar, sem qualquer surpresa, João Paulo Fonseca, reforça a vitória e vinca a sua liderança depois de um primeiro mandato sereno e realizador. De Moimenta da Beira, também sem surpresas, o Partido Socialista com José Eduardo Ferreira, inicia o seu último mandato e reafirma-se como uma das referências regionais. Em Tarouca, Valdemar Pereira reforça a sua posição e promove a permanência do PSD na liderança deste concelho. Deixo para o fim dois concelhos: Sernancelhe e Lamego. De Sernancelhe a notícia é bombástica, Carlos Silva obtém uma vitória histórica. O seu modelo de governo local com premissas do século XXI, com uma ação
próxima e pessoalizada, fazendo de cada cidadão o centro das suas políticas, foi reconhecido por todos. Carlos Silva Santiago é agora o grande responsável pela liderança de um movimento nacional de concelhos de baixa densidade e inicia um combate duro e consistente contra as políticas segregadoras do interior e está determinado a forçar o Governo e a Assembleia da República a iniciarem um processo legislativo e programático, tendente à adoção de políticas de intervenção no interior de Portugal. Atrevo-me a dizer ainda, pelas notícias deste dia 2 de outubro de 2017, que Carlos Silva Santiago será o Presidente de Câmara melhor posicionado para liderar a CIM Douro, o que a verificar-se leva para esta instituição uma nova vitalidade e a afirmação que tarda.
De Lamego, a noticia de que entre balanços fora de tempo e tentativa de fazer perdurar o tempo que já não é o seu, emergiu da sociedade civil uma equipa preparada para o novo tempo. O PS não conseguiu o registo de perceção de mudança, o CDS insistiu no registo da continuidade, o PSD, em equipa, encontrou um registo novo, de modernidade, com proximidade e simplicidade ajustado a esta nova realidade. Ernesto Rodrigues é o novo Presidente de Câmara. A verificar-se qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência! Nesse dia 2 de Outubro, os que o Povo quiser, serão os protagonistas certos para a construção da cidade Douro Sul, a cidade conceptual e simbólica - a que se impõem! A liberdade, exerce-se, com riscos! Adoro liberdade! ■
Dada a enorme diversidade de marcas e de tipos de lentes de contacto, torna-se cada vez mais importante o aconselhamento profissional do que é melhor para si. Por esse motivo, não deve ser levado a comprar lentes de contacto por impulso mais sim com a ajuda de um profissional qualificado. Na
sua MultiOpticas Oliveiras em Lamego, Régua, Albergaria-a-Velha e S. João da Pesqueira tem optometristas que o ajudarão a compreender melhor as suas necessidades e a lente mais indicada para si. E já que o primeiro par é de oferta, porque não vem experimentar você mesmo? ■
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Optometrista (Ótica Oliveiras Multiopticas Lamego, Peso da Régua, S. João da Pesqueira e Albergaria a Velha)
Hoje em dia as lentes de contato são um fantástico instrumento de correção de erros refrativos, em alguns casos podem mesmo auxiliar na sua estabilização e (algumas vezes) reduzi-los. Em acréscimo, dão-lhe a liberdade de escolher qualquer modelo
compatíveis com as qualidades naturais dos seus olhos, proporcionam um elevado conforto durante o dia desde que utilizadas conforme as recomendações do seu profissional de saúde visual. O aconselhamento de cada uma pode ser dado dependendo do tipo de utilização que quer dar às suas lentes (uso esporádico ou continuado) ou de acordo com o seu quadro clínico (tipo de graduação, qualidade da lágrima, etc...). Apesar de terem sido criadas como uma solução complementar aos óculos, se pudermos associá- las à estética, através das lentes de contacto coloridas, conseguimos o equilíbrio ideal entre saúde, conforto e o seu estilo. Desta forma conseguimos “brincar” com a cor dos
cidas, quinzenal. Com materiais cada vez mais
seus olhos, mas sem descuidar da saúde visual.
Foto: DR
Marlene Ramos
de óculos de sol sem ter a preocupação se é ou não possível graduá-los. Apesar do que se possa pensar, por estes e outros motivos, são cada vez mais utilizadas em faixas etárias jovens. Em crianças promovem uma vida mais saudável, permitindo-lhes mais segurança em certo tipo de desportos e atividades ao ar livre. Se forem utilizadas de forma aconselhada, responsável e em complementaridade com os óculos, são um meio de correção igualmente válido. Desde descartáveis a semirrígidas, a versatilidade das lentes de contacto permite encontrar a solução mais adequada para cada caso/paciente. Dentro das descartáveis temos, por exemplo, as de substituição diária, mensal e, menos conhe-
VIVADOURO SETEMBRO 2017 31
Lazer Piadas de bolso:
RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO
- Doutor, como eu faço para emagrecer? - Basta a senhora mover a cabeça da esquerda para a direita e da direita para a esquerda. - Quantas vezes, doutor? - Todas as vezes que lhe oferecerem comida!
Arroz de pato no forno Madalena Almeida Quinta de Santo António Tabuaço Ingredientes: 4 peitos de pato 2 chávenas almoçadeiras de arroz 1 chouriço de carne 150 gr de toucinho fumado 1 cebola média 3 dentes de alho 1 colher de sopa de polpa de tomate ½ dl de azeite 2 folhas de louro Colorau q.b. Sal q.b Pimenta q.b. Noz moscada q.b. Preparação: Num tacho, coza os peitos de pato com bastante água, ½ do chouriço, as folhas de louro e ½ de toucinho fumado, cerca de 40-50 minutos. Entretanto, faça um refogado com o azeite, a cebola e os alhos picados, deixe alourar e acrescente a polpa de tomate, deixe refogar uns minutos. Depois do pato cozido, coe e reserve o caldo, deixe arrefecer os peitos. Desfie os peitos, corte o chouriço às rodelas e o toucinho aos bocados e acrescente tudo ao refogado. Adicione um pouco do caldo, para não queimar, e deixe os sabores se misturarem, acrescente um pouco de colorau e deixe ferver. De seguida, junte o arroz, envolva e deixe fritar uns minutos, em lume brando. Adicione o caldo, em quantidade o dobro da medida do arroz, tempere de sal, pimenta e noz moscada, deixe levantar fervura, depois reduza o lume e deixe cozer mais 10 minutos. Num tabuleiro de ir ao forno, unte-o com um pouco de margarina, coloque todo o preparado e enfeite por cima com a outra metade do chouriço às rodelas e a outra metade do toucinho às fatias. Leve ao forno até ficar douradinho, cerca de 15-20 minutos.
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Maria Helena Socióloga, taróloga e apresentadora 210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt
Amor: A sua capacidade de entrega e sensualidade estarão em destaque e podem trazer muita animação à sua vida amorosa. Saúde: Sentir-se-á muito dinâmico e determinado, cheio de força de vontade para enfrentar os desafios. Dinheiro: poderá receber uma ajuda da parte de um colega de trabalho.
Uma loira está a passear na rua com telemóvel na mão, um ladrão aproxima-se dela, aponta uma arma e diz: – Passa tudo o que tens! A loira questiona: – Mas o seu tem Bluetooth?
Desafio VivaDouro
Foto: DR
SOLUÇÕES:
solução: 41
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