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Ano 2 - n.º 31 - outubro 2017
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Diretor: Miguel Almeida - Dir. Adjunto: Carlos Almeida
Contacte-nos em: geral@vivadouro.org - www.vivadouro.org
MUNICÍPIOS DA CIM-DOURO
CONTINUAM A SER DOMINADOS PELO PPD/PSD > Nove municípios PSD > Seis municípios PS > Três municípios coligação PSD-CDS > Um município independente > Págs. 16, 17, 18 e 19
Fontaínhas Fernandes eleito presidente do CRUP > Entrevista exclusiva ao VivaDouro > Págs. 21 e 22 PUB
2 VIVADOURO OUTUBRO 2017
Editorial
Alerte para o que está bem e denuncie o que está mal. Envie-nos as suas fotos para geral@vivadouro.org
José Ângelo Pinto
Administrador da Vivacidade, S.A. Economista e Docente Universitário
Caros leitores,
Infelizmente não é possível concebermos o Vivadouro deste mês sem manifestar a nossa profunda mágoa pelos recentes incêndios que abalaram todo o país e que deixaram um sentimento de revolta e de desânimo também um pouco por toda a a nossa região. Um desânimo que fica ainda mais vincado quando vemos altos responsáveis pela política nacional a terem discursos inacreditáveis sobre este assunto, mostrando um absoluto desprezo pelas populações e pelos que todos os dias têm que lutar para terem uma vida um pouco melhor e para conseguirem ter o sustento que permite que as famílias sobrevivem. Mesmo quando alguns corrigem a direção das palavras e moderam posteriormente a linguagem, a verdade é que o mal estar já fica. Está na hora dos responsáveis políticos de topo perceberem que não podem fazer e dizer tudo o Cumprimentos,
Registo no ICS/ERC 126635 Número de Registo Depósito Legal 391739/15 Diretor: Augusto Miguel Silva Almeida (TE-873) Redação: Carlos Almeida
Sumário: Breves Páginas 4 e 5
NEGATIVO
Vaga de incêndios em Outubro que devastou o norte e centro de Portugal “A Tunísia e os 40 anos de Poder Local em Portugal”
Lamego Página 7
Departamento comercial: Ana Pinto Tel.: 910 165 994 Sofia Lourenço Tel.: 917 120 684
Moimenta | Tarouca Página 8
Paginação: Rita Lopes
Peso da Régua Página 11
Administração e Propriedade do título: Vivacidade, Sociedade de Comunicação Social, S.A. Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Administrador: José Ângelo da Costa Pinto Estatuto Editorial: http://www.public. vivadouro.org/vivadouro Detentores com mais de 10% do capital social: Lógica & Ética, Lda. Sede de Redação:Rua Poeta Adriano Correia de Oliveira, 197 4435-778 Baguim do Monte Tel.: 916 894 360 / 916 538 409 Colaboradores: António Costa, António Fontainhas Fernandes, Guilhermina Ferreira, José Penelas, Luís Alves, Manuel Cabral, Paulo Costa, Pedro Ferreira, Ricardo Magalhães, Sandra Neves e Silva Fernandes. Impressão: Unipress Tiragem: 10 mil exemplares Sítio na Internet: www.vivadouro.org Facebook: www.facebook.com/ jornalvivadouro E-mail: geral@vivadouro.org Agenda: agenda@vivadouro.org
São João da Pesqueira Página 14
Próxima Edição 15 NOVEMBRO
Eleições autárquicas registam quebra na abstenção
Sernancelhe Página 9
Armamar Página 15 Destaque Vivadouro Páginas 16, 17, 18 e 19 Reportagem VivaDouro Páginas 21 e 22 Vila Real | Régua Página 23 Vários Concelhos Páginas 6, 13, 20, 24 e 25 Opinião Páginas 28, 29 e 30 Lazer Página 31
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que lhes apetece e que as ações que fazem e as palavras que proferem tem impactos muito para lá do ciclo íntimo de amigos e subservientes, que até podem achar imensa piada naquela altura à enorme capacidade oratória e de verbalização que os liderzinhos pequeninos têm mas que vão ser os primeiros a ajudar a fazer os acertos finais quando for essa altura. Confesso que também me causa muita irritação tantos apelos à ação…. Em vez de palavras agora queremos ações. Acho bem, mas já me parece despropositado e até ridículo que sejam aqueles que estiveram inativos durante tanto tempo que agora vêm apelar às ações. E peço desculpa aos nossos leitores por fazer, acho que pela primeira vez, um editorial irritado e mal disposto. Mas o assunto infelizmente merece esta irritação.
FOTO: DR
POSITIVO
Luís Braga da Cruz Engenheiro Civil
Em 2016, fui convidado a participar numa iniciativa portuguesa na Tunísia sobre o tema “Poder Local, Democracia e Desenvolvimento: Partilha de experiências”, pela qual alguns portugueses foram convidados a testemunhar o que foram aprendendo sobre estas matérias. Fiquei surpreendido com o interesse dos tunisinos, pelo nosso processo da transição para a Democracia e pelas nossas experiências de desenvolvimento territorial. Como se sabe, da chamada “Primavera Árabe” apenas um caso não redundou em fracasso - justamente o da Tunísia. Por-
que aconteceu assim? A Tunísia já tinha, mesmo nos tempos do ditador Ben Ali, uma sociedade civil, activa e preocupada com questões do nosso tampo: tolerância, igualdade de género, capacidade de fazer convergir posições contraditórias, valorização da cultura e dos símbolos de identidade. Todavia foi no período que se seguiu à revolução de 2011, que ela se manifestou a favor de uma via democrática, participada, pacífica, evitando o risco de uma guerra civil. O esforço desta sociedade civil foi reconhecido, ao ser atribuído o prémio Nobel da Paz, em 2015, ao chamado “ Quarteto de Diálogo para a Tunísia” constituído por quatro organizações que foram decisivas na busca de modelo pluralista: a central sindical União Geral dos Trabalhadores da Tunísia, a Confederação da Indústria, Comércio e Artesanato, a Liga dos Direitos Humanos da Tunísia e a Ordem Nacional dos Advogados. Curiosamente, é com frequência invocado que a solução constitucional alcançada teve a Constituição Portuguesa como uma das suas referências. Disse-o em Serralves, em Outubro de 2015, o presidente da Assembleia Constituinte, Mustapha Ben Jafar, uma das personalidades mais respeitada no país, pela capaci-
dade revelada de negociar e de conciliar, nesse período crítico. Para além da nossa constituição ter sido invocada como referência, a Tunísia também manifesta um especial interesse pelo processo da instalação e evolução do Poder Local, designação que também preferiu para qualificar o exercício da soberania ao nível mais próximo do cidadão, estando as primeiras eleições municipais já marcadas para Março de 2018. Apesar dos muitos problemas internos, de natureza económica, social, política e de segurança, os tunisinos reconhecem o carácter instrumental do Poder Local, entendendo que só depois dele estar estabelecido estarão reunidas as condições de plena participação e de responsabilização, para consolidar a sua jovem democracia. Entre nós, levamos 40 anos de Poder Local, uma dos nossos grandes sucessos e de oportunidade para que um tão grande número de cidadãos se comprometam civicamente na análise de problemas locais e sejam agentes nas soluções que contribuíram para o bem-estar das populações. Num momento em que uma nova leva de autarcas foi eleita a ambição da Tunísia merece ser motivo de orgulho para nós, pelo percurso que soubemos percorrer. ■
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Breves FOTO: DR
ADVID promove workshop “Plataforma de Conhecimento Winetwork”
Vila Real entre as zonas que mais população perderam na UE O 7º Relatório sobre a coesão económica, social e territorial da Europa mostra que as zonas de Vila Real, Bragança, Beira Alta e Alto Alentejo estão entre as que perdem mais população na UE. Este documento é elaborado de três em três anos pela União Europeia.
Seminário para a igualdade de oportunidades entre géneros
Dinamizado em Portugal pela ADVID, O Winetwork,é um projeto europeu colaborativo que visa o intercâmbio e a transferência de conhecimento inovador entre regiões vitícolas europeias, no sentido de fomentar a produtividade e a sustentabilidade do setor vitícola. O evento realiza-se a 23 de outubro, em Vila Real, para transferência de boas práticas sobre Doenças do Lenho da videira e Flavescência Dourada.
A Câmara Municipal de Tabuaço em parceria com a Associação Portuguesa para a Qualidade de vida, esta a organizar o primeiro seminário “Perspetivas da igualdade de género na promoção da qualidade de vida”, com o objetivo de promover a igualdade de oportunidades para a melhoria da qualidade de vida das populações. O seminário terá lugar no dia 27 de Outubro, no Auditório do Centro de Promoção Social, em Tabuaço.
Regia Douro Park recebe Dia Aberto do projeto ModelVitiDouro FOTO: DR
Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego recebe Bandeira Verde Eco-Escola Atribuído pela Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE) em reconhecimento das boas práticas ambientais desenvolvidas ao longo do ano lectivo 2016-2017, o galardão distingue diversas escolas de Hotelaria e Turismo do Turismo de Portugal, entre elas a de Lamego-Douro.
Castanha de Sernancelhe em Lisboa Exportações de Vinho do Porto para o Brasil em crescimento As vendas de vinho do Porto no mercado brasileiro ascenderam a 1,6 milhões de euros nos primeiros sete meses deste ano, mais 15% do que no mesmo período do ano passado, segundo dados do IVDP – Instituto dos Vinhos do Douro e Porto. A recuperação das exportações para o mercado brasileiro, depois de nos últimos anos elas terem encolhido, não foi, contudo, suficiente para voltar a pôr o Brasil no Top 10 dos maiores mercados internacionais de vinho do Porto, mostram os mesmos dados.
Sernancelhe irá até Lisboa, mais concretamente até à Praça Luís de Camões para mostar a sua gastronomia e cultura, com destaque para a castanha. A Festa da Castanha de Sernancelhe na capital está marcada para o dia 24 de Outubro. Do programa da festa fazem parte sessões de showcooking, animação musical e uma happy hour (12:30 – 13:30) com oferta de castanhas.
Moimenta recebe Portugal-Roménia em andebol FOTO: DR
O Pavilhão Municipal de Moimenta da Beira irá receber nos próximos dias 25 e 27 de Outubro, dois jogos entre as seleções de Portugal e Roménia, em andebol. Estes jogos estão incluídos no estágio que ambas as seleções estão a fazer na região com vista à preparação da participação no Mundial de 2019. O primeiro jogo, dia 25, às 11 horas, terá nas bancadas do pavilhão uma assistência de alunos de toda a comunidade escolar do concelho. O segundo, a 27, às 21 horas, será aberto a toda a comunidade em geral. A entrada em ambas as partidas é livre.
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Breves Rede PT com problemas devido aos incêndios A rede PT tem apresentado diversos problemas em alguns dos concelhos abrangidos pela CIM-Douro, em especial nos distritos de Viseu e Guarda. Segundo fontes da empresa de comunicações, cerca de 6% da rede fixa ficou afetada pelos incêndios de Outubro. Já nos incêndios de verão este problema foi vivido por deversos concelhos como Alijó, Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta, entre outros.
Realizador vila-realense com três filmes em Cardiff O realizador José Paulo Santos, de Vila Real, terá os seus 3 filmes (“...além da sala de espera”, “Circunstâncias” e o “Observador”), em exibição no Cardiff International Film Festival entre os dias 27 e 29 de outubro.
Exposição “Permutações Lineares” na Pesqueira O Museu do Vinho de São João da Pesqueira terá patente, até 3 de Dezembro, a exposição “Permutações Lineares” de Monica Pennazzi, com curadoria de Nuno Ribeiro e o apoio à produção da Câmara de São João da Pesqueira.
Algures a Nordeste estreia ‘Vestígio’ Em Vila Real e Bragança ‘VESTÍGIO’ é o primeiro de dois espectáculos originais criados no âmbito do projecto Algures a Nordeste, por encomenda dos Teatros Municipais de Vila Real e Bragança. Estreia em Bragança a 27 de Outubro e tem representações em Vila Real a 3 e 4 de Novembro. Seguir-se-á o espectáculo ‘Barro’, com estreia absoluta no Teatro de Vila Real e 17 Novembro.
III F.I.T.U. “Cidade de Lamego” Sabrosa estrita laços com cidade geminada Uma delegação da cidade francesa de Cadaujac, geminada com Sabrosa, composta por cerca de cinquenta pessoas, visitou recentemente a vila duriense Sabrosa. A sua presença inseriu-se no âmbito das comemorações dos 20 anos da geminação entre os dois municípios, e serviu para fortalecer intercâmbios e traçar novos caminhos em várias áreas.
Jornadas do Internato Médico a 9 de Novembro no CHTMAD A Comissão de Internos do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) vai realizar, no próximo dia 9 de novembro, mais uma edição das Jornadas do Internato Médico JIM. O evento, aberto a todos os internos deste centro hospitalar, mas também de todo o país, pretende ser, “uma vez mais, um marco na formação médica de Trás-os-Montes”.
Após duas edições plenas de sucesso, reconhecimento e envolvimento de toda uma cidade e região, realiza-se, no dia 4 de Novembro, a 3ª edição do F.I.T.U. “Cidade de Lamego”, no palco do sublime Teatro Ribeiro Conceição, com a apresentação dos Jograis Vinhateiros.
Dia do Douro celebra-se a 21 de outubro O Museu do Douro associa-se à primeira edição do Dia do Douro, dia 21 de outubro, com um programa aberto entre as 18h00 e as 20h00, e com a participação musical dos Sons do Douro, pelas 21h00, no Cais da Régua.
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Vários Concelhos
Concurso “Master of Port” em Paris O concurso ‘Master of Port’, que distinguiu em Paris a romena Iulia Scavo como a melhor escanção especialista em vinho do Porto, ficou marcado por palavras de condolências para as vítimas dos incêndios ocorridos em Portugal. No discurso de vitória, na Embaixada de Portugal em Paris, Iulia Scavo fez questão de transmitir uma mensagem para o povo português, um povo que lhe “transmitiu um produto de cultura que lhe é muito caro, o vinho do Porto” e agradeceu a oportunidade que lhe foi dada de poder ser uma “embaixadora do vinho do Porto” em França. Em entrevista à Lusa, a mulher que trocou a matemática e a engenharia pelo mundo dos vinhos e que se apaixonou por Portugal e pelo Porto, reforçou a mensagem de solidariedade para os portugueses. “No final de agosto estive em Portugal e doía-me ver o que se passava. Solidarizo-me com toda a nação portuguesa relativamente a esta catástrofe e a este luto nacional. Na altura, foi uma dor muito grande ver o que se passava e ver que está a acontecer de novo deixa-me ainda mais triste. Apesar de
estar feliz hoje [com o prémio], metade de mim está devastada pelos acontecimentos trágicos”, declarou à Lusa. Quanto ao concurso ‘Master of Port’, José Filipe Moraes Cabral lembrou que “a França é o primeiro cliente de vinho do Porto fora de Portugal”, cuja exportação “tem vindo a crescer” e representa “várias centenas de milhões de euros”, afirmando que lhe cabe mostrar o que Portugal tem “de qualidade e o [vinho do] Porto é indubitavelmente uma dessas coisas”. Manuel de Novaes Cabral, presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), reforçou à Lusa que desde 1963 “a França é o principal mercado para o vinho do Porto”, mas “infelizmente não é propriamente um mercado com o preço mais elevado, pelo contrário”, daí a importância do concurso ‘Master of Port’. “Este concurso ‘Master of Port’ a partir do momento em que atrai muitos ‘sommeliers’ de muita qualidade e que se preparam muito, os consumidores obviamente que ficam melhor servidos com este tipo de serviços”, vincou Manuel de Novaes Cabral. Na lista de quatro finalistas da 17.ª edição do concurso ‘Master of Port’, esteve um só nome português, o lusodescendente Micaël Morais, que disse à Lusa que vai voltar a tentar ganhar a distinção. “Agora, há que começar daqui a dois anos outra vez. Quero o concurso e tentar ga-
nhar porque não gosto de perder e gosto também de ser o embaixador português do vinho do Porto aqui em Paris”, afirmou o escanção de 31 anos, nascido em Paris e com origens familiares em Miranda do Douro, onde em criança vindimava com os pais e os avós. Micaël Morais, ‘sommelier’ e sócio do restaurante Tomy & co, no 7.º bairro de Paris – onde faz harmonizações de vinhos do Porto com diferentes pratos – tem como
sonho abrir um “grande restaurante português” ‘gourmet’ na capital francesa no qual sirva também vinho do Porto. O júri do concurso, presidido por Philippe Faure-Brac, antigo melhor escanção do mundo, foi constituído por Fabrice Sommier e Denis Verneau, antigos ‘Master of Port’, Benjamin Roffet e Antoine Woerlé, antigos “Melhor Sommelier de França”, e pelos escanções Jean-Pascal Paubert, Didier Bureau e Julien Dos Santos. ■
Douro na Feira Internacional de Macau
Orçamento Participativo Jovem Portugal em votação
A 22ª edição da Feira Internacional de Macau decorre naquela cidade asiática entre 19 e 21 de Outubro, com a participação da Associação para o Desenvolvimento Douro Generation.
Desenvolvido pelo Governo português, o Orçamento Participativo Jovem Portugal (OPJP), consiste num processo de participação democrática destinado aos jovens, que poderão apresentar e votar diversos projetos.
Numa parceria com a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) e com a FELP – Federação de Empresários de Língua Portuguesa a DG quer apresentar,
naquela zona do globo, cerca de 100 empresas, produtos e serviços da região do Douro. Além da promoção externa na Ásia com a participação na feira internacional de Macau, a Douro Generation conta também estabelecer um estreitamento das relações com o Centro Histórico de Macau com vista ao estabelecimento de acordos de cooperação. A Feira internacional de Macau integra o Fórum Cidades Sustentáveis, que decorre no dia 20 de Outubro e onde estarão presentes representantes dos governos de Portugal, Angola e, claro, Macau, bem como alguns presidentes e representantes de diversas associações, instituições e empresas. ■
Com uma dotação de 300 mil euros, esta é uma iniciativa pioneira no panorama mundial que decorre até ao dia 29 de Outubro, estando aberta aos jovens portugueses ou estrangeiros (dos 14 aos 30 anos), a residir legalmente no nosso país. Os projetos apresentados deverão ter um valor máximo de 75 mil euros, devendo beneficiar mais do que um município numa das seguintes áreas: desporto inclusivo, educação para as ciências,
inovação social e sustentabilidade ambiental. A apresentação das propostas deve ser realizada online (na página opjovem. gov.pt), ou de forma presencial nos serviços do Instituto Português do Desporto e da Juventude, I.P. De forma a esclarecer as dúvidas dos possíveis participantes, estão a ser organizados diversas sessões de esclarecimento nas capitais de distrito. Em Vila Real o encontro terá lugar no dia 21 de outubro, pelas 10:30H, nas instalações do Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P. ■
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Lamego
Escola secundária de Lamego será remodelada Segundo anúncio da autarquia lamecense, a Escola Secundária de Latino Coelho, em Lamego, vai ser modernizada, depois de o Tribunal de Contas (TC) ter dado o visto prévio ao contrato de empreitada de requalificação.
que marca o início da obra e a respetiva contagem do prazo contratual. Para o município esta obra permitirá “solu-
cionar, em definitivo, os problemas básicos que esta infraestrutura apresenta e que resultam do facto de não terem ocorrido, ao
O visto prévio do TC foi dado no início do mês, “após a confirmação do montante e a programação do financiamento comunitário, aprovado no âmbito do NORTE 2020, bem como do cabimento e a contribuição de 7,5% de financiamento” a cargo do Ministério da Educação, informa o comunicado da autarquia. A obra foi adjudicada pelo valor de 3.748.356 euros, ficando agora a faltar apenas a assinatura do auto de consignação
longo dos últimos anos, intervenções relevantes que visassem a sua modernização”. “Os trabalhos vão abranger a intervenção total da cobertura de todos os edifícios que compõem a Escola Secundária Latino Coelho, com a colocação, por exemplo, de isolamento térmico e de um novo sistema de caleiras, a substituição integral das caixilharias, a instalação de novas redes de águas pluviais e residuais, a requalificação da rede elétrica substituindo as luminárias por LED, a criação de um elevador no exterior e a remodelação do piso e do sistema de aquecimento”, pode ainda ler-se no comunicado. Prevista está ainda a colocação de piso sintético no campo de futebol e a requalificação da zona exterior envolvente. “Esta intervenção tem a ambição de servir os alunos do ensino secundário do concelho ao nível do melhor que existe no país e integra um conjunto de seis intervenções em escolas, estabelecidas entre o NORTE 2020 e a CIM-Douro”, conclui o comunicado. ■
Modernização do Centro de Operações Especiais de Lamego já começou
Misericórdia de Lamego chega a acordo para receber rendas em atraso
As obras de requalificação e modernização do Aquartelamento de Santa Cruz do Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE), instituição que forma os conhecidos “rangers”, já começaram no terreno, com a criação de novas áreas de alojamento.
A Misericórdia de Lamego é detentora de uma dívida, por rendas em atraso, do antigo Hospital Distrital de Lamego, que funcionava em instalações propriedade da instituição, e que agora poderão ser recebidas após a assinatura de um acordo.
O Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Francisco Lopes, acompanhado pelo restante executivo camarário e pelo Coronel de Infantaria Valdemar Lima, Comandante do CTOE, efetuou ontem, segunda-feira, uma visita de trabalho ao local, com o objetivo de avaliar o andamento desta intervenção. Recorde-se que a empreitada que visa melhorar as condições disponibilizadas às forças militares surge na sequência da visita que o Ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, efetuou a Lamego, em setembro de 2016, durante a qual anunciou que esta unidade de elite do exército português vai ser objeto de um projeto
de reorganização das suas infraestruturas, com um conjunto de obras associadas. Esta “aspiração antiga” prevê a concentração das componentes operacional e de formação no Aquartelamento de Penude e a criação de alojamento em áreas de trabalho no Aquartelamento de Santa Cruz, onde serão investidos 2,9 milhões de euros. Em simultâneo, o Aquartelamento da Cruz Alta será “libertado” para outros fins. No total, serão investidos 11 milhões de euros. ■
O documento foi alvo de “intensas e difíceis negociações” entre a Misericórdia, o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Administração Regional de Saúde do Norte, permitindo agora à instituição credora ser “ressarcida dos valores que eram devidos”, adianta o Provedor António Marques Luís. De recordar que o antigo Hospital Distrital funcionou naquelas instalações durante mais de 100 anos, sendo responsável pela prestação de cuidados à população do Douro Sul. Em Abril de 2013 esta unidade foi desativada, data a partir da qual entrou em funcionamento o novo Hospital de Proximidade de Lamego. Com o objetivo de rentabilizar as instalações
agora abandonadas e devolutas, uma ala já foi alugada para a instalação de um centro de hemodiálise, através de um acordo alcançado com um grupo de médicos nefrologistas. “Continuamos a trabalhar intensamente para captar potenciais investidores e garantir, deste modo, a ocupação do restante espaço livre”, afirma Marques Luís. Para o restante edifício, o provedor adianta que existem já “várias opções em aberto”, lembrando que a instituição que lidera privilegiará a criação de novos serviços que apoiem a proteção e o desenvolvimento da comunidade onde se situa. “Queremos que esta instituição seja uma referência na prestação de cuidados nas diferentes áreas em que atua, a custos economicamente comportáveis e sustentáveis, e que seja uma alavanca do crescimento económico e social do concelho de Lamego”, explica. ■
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Moimenta da Beira | Tarouca
Prémio “António Arnaut” Município de Tarouca entregue a investigador recebe Bandeira Verde moimentense ECOXXI O moimentense Mário de Figueiredo Bernardino é o vencedor deste ano do prémio “António Arnaut”, um dos prémios mais prestigiados no âmbito da investigação em sistemas de saúde. O galardão, que será entregue no próximo dia 27 de Outubro na Fundação Calouste Gulbenkian, distingue o trabalho de investigação “Gestão em Saúde. Organização Interna dos Serviços”. O “Prémio António Arnaut”, instituído pela Edições Almedina, é constituído por uma remuneração pecuniária de três mil euros, assegurada integralmente pela Fundação Calouste Gulbenkian, e pela publicação do trabalho premiado, assegurada pela Edições Almedina. Mário Bernardino é licenciado em Direito, tem uma Pós-Graduação em Administração Hospitalar na Escola Nacional de Saúde Pública e o Curso Avançado de Gestão Publica (CAGEP) no Instituto Nacional de Administração. Integrou e presidiu vários
Conselhos de Administração de hospitais. É Professor Auxiliar convidado da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, em Lisboa. Na argumentação da decisão que sustentou a atribuição do “Prémio António Arnaut” a Mário Bernardino, o júri escreve que “os serviços de saúde são organizações diferentes que exigem respostas singulares a reiterados desafios importantes e imprevistos. O objetivo da gestão é criar as condições para, sem perda de eficiência, majorar a flexibilidade e a capacidade de adaptação aos processos contínuos de mudança nas organizações. Como instituições peculiares e tendo em consideração a complexidade e diferenciação dos serviços de saúde, há necessidade de antecipar a evolução das práticas instituídas para seleção das técnicas de gestão adequadas. Este trabalho (de Mário Bernardino) apresenta uma sistematização dos conceitos sobre função e estrutura das organizações de saúde e propõe-se reunir os conhecimentos fundamentais sobre a organização interna dos serviços. Ambiciona-se dispor de um manual com reflexões sem intenção de elaborar conceitos, mas sugerir perspetivas e constituir-se como um auxiliar de gestão desses serviços”. ■
Reconhecendo o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo município duriense suportado em políticas de desenvolvimento sustentável, a Associação Bandeira Azul da Europa (ABAE), distinguiu Tarouca com a bandeira verde ECOXXI.
Para a atribuição deste galardão, foram avaliados diferentes parâmetros, entre eles: educação ambiental, ao turismo sustentável, passando pela qualidade da água e do ar, gestão de resíduos e saneamento, mobilidade e ordenamento do território e ainda a participação pública, emprego e informação ao munícipe, entre outros. Esta é a primeira vez que o município liderado por Valdemar Pereira recebe este galardão. Para além de Tarouca, a ABAE distinguiu ainda mais 47 municípios, todos eles fora do território da CIM-Douro. ■
GNR promove iniciativa junto de população idosa A Guarda Nacional Republicana (GNR), tem em curso durante todo o mês de Outubro a operação “Idosos em Segurança 2017”, em todo o território nacional. Durante a operação estarão empenhados militares das Secções de Programas Especiais e dos postos territoriais, que irão contactar pessoalmente o maior número de
idosos, quer nas residências, quer em locais onde seja possível a sua concentração, nomeadamente em centros de dia, lares, misericórdias, igrejas e em diversas entidades de saúde. O objetivo desta ação é sensibilizar esta população, que muitas vezes vive só e em locais isolados, dos comportamentos a adotar para não serem um alvo dos criminosos, com especial atenção para alguns casos de burla. Em Março deste ano as autoridades levaram uma outra ação a cabo que permitiu conhecer alguns dados mais exatos sobre a
população mais idosa. Durante a “Operação Censos Sénior”, foram sinalizados mais de
45 mil idosos que vivem sós e/ou em locais isolados. ■
VIVADOURO OUTUBRO 2017
Festa da Castanha de Sernancelhe celebra 25ª edição O programa da edição deste ano da Festa da Castanha de Sernancelhe conta com algumas novidades. Apesar dos problemas vividos na região com o longo período de seca e calor que afetará a quantidade e a qualidade do fruto a organização espera mais um evento de sucesso. Este ano é a 25ª edição, de que forma este ano pretende marcar aqui o evento em Sernancelhe? Obviamente que esta é uma data comemorativa, porque são 25 anos e há todo um historial, uma progressão da festa da castanha, mas ela vai manter a genuinidade que sempre teve. Esta festa sempre se marcou por ser uma festa genuína, tradicional, onde os produtores de castanha têm um papel de destaque. O fruto, os seus produtores, transformadores e comerciantes são aqueles que assumem o papel de figura principal do certame. Teremos sempre algum apontamento, uma ou outra questão que tentamos evoluir. Tentamos ter um programa diverso com uma forte aposta na nossa cultura e nas nossas tradições.
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Sernancelhe
Os 25 anos são para reforçar e evidenciar a genuinidade desta festa, onde a castanha é a rainha, e quem a ela esta associada também.
à festa, perguntam aos produtores se ela foi toda encerada ou se lhe foi dada alguma parafina, como fazem em outros produtos alimentares.
ria muito importante para nós até porque o desafio foi agarrado com muito entusiasmo fazendo surgir novas receitas desde as entradas até às sobremesas.
Tendo consciência que a castanha é o principal produto da região, qual é a importância que esta tem para os produtores desta região? Deixe-me só fazer esta referência, a castanha torna-se o produto principal pela sua diferenciação e pela sua qualidade, não pela sua capacidade produtiva. A nossa maior produção é o vinho, segue-se a maçã, o azeite e só em quarto lugar é que surge a castanha. Aqui a aposta é na martaínha, uma qualidade diferenciadora que dá ao nosso concelho uma capacidade única e por isso nos apelidam de terra da castanha. Obviamente que este produto tem uma importância máxima em especial pelas suas características.
Ou seja, quem procura esta castanha fá-lo pela qualidade, não olhando ao preço. É correto dizer isto? É, porque depois das suas características de sabor ou de constituição, ela também tem outra característica, é uma castanha fácil de descascar, aspeto que nem sempre se encontra em outras variedades. O que acontece é que esta castanha é muito direcionada para a exportação, excluindo aquela que se vende aqui durante o certame, o restante da produção é vendida para fora do país.
A população aceitou bem a introdução deste novo fruto? A população aceitou bem. Mas não foi só a população, também a restauração local está alerta para a importância deste produto, durante a campanha da castanha toda a restauração local tem incluído nas suas ementas um prato com castanha e eles trabalham isso de uma forma bastante interessante.
É suspeito falarmos sobre isto mas, podemos dizer que é a melhor castanha que se come em Portugal ou é abusivo dizê-lo? Não, isso é um facto, é mesmo a melhor castanha. É a melhor castanha que se come no país, pelas características que tem: seja a qualidade do fruto, o seu sabor e a sua textura, ou a sua apresentação externa: é uma castanha de calibre bastante elevado, com um brilho e um lustro exterior acima do comum, seja pela qualidade que apresenta. Muitas vezes os consumidores que vêm
Qual o valor por quilo que pode atingir esta castanha? Comprada ao produtor no início de campanha, arranca no valor de 3 euros o quilo. Depois, no decorrer da campanha, o que é que se vai verificar, se for um ano de maior produção o preço vai ter uma queda, se for um ano de menor produção o valor tem tendência a subir. No entanto é preciso ter em atenção outros fatores podem também ajudar a baixar o preço, como por exemplo o facto de ela ter mais ou menos parasitas. Normalmente esse parasita é eliminado através de um choque térmico antes do embalamento, no entanto, em anos de seca como este que vivemos ele desenvolve-se mais cedo não dando tempo de o eliminar. Quantas toneladas de castanha se produzem no concelho? Produzimos em média entre 800 e 1000 toneladas de castanhas, num bom ano de produção, por tanto este ano apontamos para metade. Garantidamente iremos ficar por metade ou abaixo de metade desse valor. Faz sentido usar a castanha nos doces tradicionais, na própria gastronomia, ou em outras finalidades? Completamente, a Câmara Municipal de Sernancelhe com a festa da castanha promove essa diversidade. Já tivemos o concurso do melhor doce e melhor produto de pastelaria de castanha, uma iniciativa que tem tido uma maior adesão a cada ano que passa. Este tipo de iniciativas também faz com que as pessoas reinventem o próprio fruto e as suas finalidades. Há quem pegue em receitas tradicionais e lhe adicione a castanha, por exemplo. O obrigatório para participar nesta iniciativa é que o fruto esteja sempre presente. Este é um desafio que a câmara também lançou aos formadores e formandos da escola profissional: que trabalhassem e valorizassem a castanha, não só de o incluir nas receitas mas dar-lhe um lugar de destaque no prato. Esta tem sido uma parce-
Como pretendem marcar este 25º aniversário? Os nossos 25 anos irão basicamente ser marcados por um aspeto visual, interessa-nos a nós que quem visite os espaços tenha a noção que estamos a festejar os 25 anos do certame. Teremos várias tarjas e bandeiras alusivas à data permitindo que o espaço seja também ele mais dinâmico. Ao nível da animação, ela irá sair para fora do espaço da feira permitindo a quem chega a Sernancelhe perceber a oferta cultural que temos para mostrar. Também o espaço dedicado à gastronomia será aumentado tendo em vista o número crescente de visitante que temos vindo a receber ano após ano. Qual é a fasquia para este ano? Nós nunca temos esse número contabilizado na sua globalidade. Temos alguns eventos que fazem parte do programa e obrigam a uma inscrição prévia, o que nos ajuda a perceber qual poderá ser o número de visitantes. Por exemplo, temos uma prova de BTT que já esgotou as inscrições e só aí serão 1200 participantes, é um número que não queremos aumentar para conseguirmos manter uma qualidade acima da média na organização. Também a caminhada atrai muitas atenções e os 400 participantes inscritos para este ano são todos de fora do concelho. A capacidade de Sernancelhe quer de restauração, quer de hotelaria é claramente diminuta? Completamente diminuída e diminuta. Mensagem Se querem um evento genuíno, se querem um evento não meramente visual, mas um evento que tem cheiro, que tem tato, que tem paladar é vir à festa da castanha. Quem chega à festa da castanha, sente os assadores das castanhas, o cheiro de castanha assada no ar, sente a música de uma concertina, sente o fado e a desgarrada ou um rancho. Tudo isso são cheiros, são sensações que só se sentem na festa da castanha. ■
10 VIVADOURO OUTUBRO 2017
Peso da Régua
David Mendes: “O Sucesso medido em prémios” Natural de Peso da Régua, David Mendes desde cedo tinha o seu objetivo profissional bem definido, trabalhar em novas tecnologias. No ano 2000, com apenas 17 anos David dá o seu primeiro passo rumo ao seu futuro criando a sua primeira empresa, em conjunto com o irmão (o ilusionista Mário Daniel) a Mário Daniel Produções (MDP) que rapidamente se torna numa das maiores empresas nacionais ao nível da produção de espetáculos de ilusionismo. Ainda no mesmo ano, a entrada na universidade coloca-o num dilema, que curso escolher? À época ainda eram poucos os cursos ligados às novas tecnologias e o curso de Engenharia Eletrotécnica pareceu a escolha mais indicada. “Saí da Régua no ano 2000 para estudar Engenharia Eletroténica no Porto onde estive durante 4 anos enganado, é a realidade. Mas é claro que, quando se começa a pensar em coisas tecnológicas no ano 2000 era pouca a informação que existia, hoje as universidades e cursos têm websites e outras formas de comunicar, é mais fácil escolher o caminho de forma mais acertada.” No entanto a licenciatura não ficou terminada, o trabalho com o irmão permitiu-lhe experimentar o lado da produção e frequentar alguns programas televisivos que lhe pareciam indicar que era aquele o caminho que realmente queria seguir. “Faltavam literalmente meia dúzia de cadeiras para terminar a licenciatura quando tive mesmo a certeza que não era aquilo que queria. Já frequentava ambientes de teatros, espetáculos empresariais e televisão a trabalhar com o meu irmão e aquele mundo fascinava-me. Quando fui ao Herman Sic, nos estúdios da Valentim de Carvalho dei por mim a pensar: ‘mas há cursos disto?’ Na altura estava desiludido com o que estava a fazer, estava a tirar aquela licenciatura por tirar. Estava a estudar para o último exame do ano quando se deu o verdadeiro click e decidi mudar de rumo e decidi tirar o curso de Tecnologias de Comunicação Audiovisual no Instituto Politécnico do Porto (IPP).” A partir deste momento David sentiu que estava agora no caminho certo mas o passado não podia ficar esquecido e a sua ligação com o irmão não podia ser quebrada, havia muitos projetos em mente que queriam levar por diante “Desde a entrada no curso que sabia que queria fazer mais alguma coisa com o meu irmão, até porque continuava a trabalhar com ele. A meio do curso, durante umas férias de verão decidimos que era hora de arrancar e gravamos o episódio piloto do
que viria a ser o programa Minutos Mágicos. Filmamos e editamos todo o programa mas ainda demoramos quase um ano até o apresentar às televisões.” Apesar deste trabalho, o programa ainda demorou até chegar ao grande público, foi um processo longo com alguns avanços e muitos recuos mas a certeza do que queria fazer não lhe permitiu baixar os braços. “A RTP, assim que viu o programa quis adquiri-lo mas, a falta de dinheiro, acabou por atrasar o avanço do processo. Era necessário arranjar um patrocinador, fomos à luta e conseguimos um acordo com a Coca-Cola que iria suportar os custos do programa. Reunimos então as três partes (RTP, Coca-Cola e a MDP) no entanto o negócio acabou por não avançar quando a direção comercial do canal televisivo o inviabilizou ao pedir um valor superior àquele que havia sido falado anteriormente.” O falhanço desta negociação foi uma desilusão mas David acreditava que o programa tinha potencial e não desistiu. Dois anos mais tarde o programa acabaria por ser adquirido pela SIC e o sucesso do formato acabou por confirmar as crenças do produtor. “Depois de dois anos a acreditar que o negócio ia avançar acabamos por desistir. Ainda não tínhamos ido a nenhum outro canal por respeito mas era hora de procurar outra solução. Fomos à SIC e em menos de 24 horas estavam a pedir as minutas do contrato para poderem exibir o programa.” O nascimento da Ideias com Pernas Em paralelo com o reboliço destas negociações, David terminou a sua licenciatura e foi desenvolvendo alguns trabalhos como freelancer na área audiovisual. Os contactos feitos até então, a licenciatura e a vontade de fazer algo diferente da oferta que existia no mercado levaram-no a criar uma nova empresa, a Ideias com Pernas. “A Ideias com Pernas nasceu quase de uma maneira natural. Eu e o Pedro (que entretanto acabou por sair), éramos amigos da faculdade e já aí tínhamos a ideia de criar uma empresa no fim do curso. Durante um ano fomos fazendo alguns trabalhos como freelancers até que surgiu a oportunidade de criar a produtora com ajuda do IEFP através de um programa de apoio à criação de empresas. Tudo isto ainda demorou algum tempo, cerca de um ano, tempo esse que usamos para desenvolver mais alguns trabalhos, criar toda a imagem e comunicação da nova empresa, etc. Quando estamos prontos para arrancar surgiu então o negócio da SIC com o Minutos Mágicos o que nos permitiu arrancar logo com um grande projeto que se estendeu por 5 anos.” Dos Minutos Mágicos aos novos desafios Depois da entrada no mercado pela por-
ta grande, foram sendo colocados novos desafios à Ideias com Pernas. A produtora granjeava sucesso e com ele novos contactos que foram permitindo levar a produção audiovisual para outros segmentos, como são exemplo a produção de vídeos institucionais e promocionais. “Com o Minutos Mágicos ganhamos muita visibilidade, era um programa visto por milhões de pessoas e a partir daí começamos a fazer alguns filmes empresariais. Depois também começou a surgir um novo mercado, os vídeos promocionais de cariz mais turístico, também impulsionado pelas redes sócias e pela forma como agora conseguimos visualizar um vídeo em qualquer dispositivo. O sucesso medido em prémios “Os prémios começaram em 2014 através do nosso cliente “moscatel de Setúbal” que enviou o vídeo para um concurso de filmes de turismo, o Finisterra em Sesimbra. Tínhamos já alguns trabalhos e muitos projetos mas nunca tínhamos pensado nos prémios, não era esse o nosso objetivo principal, não faziam parte da nossa estratégia. Daí em diante acabamos por ter conhecimento de mais concursos e começamos a enviar os nossos trabalhos e os prémios foram surgindo cada vez em maior número.” David reconhece a importância dos prémios contudo assume que não trabalha a pensar neles, apesar de muitas vezes os clientes, logo nas primeiras conversa perguntarem se aquele vídeo será premiado. Brasil, Turquia, Azerbaijão, Croácia, Roménia são alguns dos países onde os vídeos produzidos por David e a sua equipa já receberam prémios, no entanto os mais importantes da lista são um urso conquistado no Festival de Berlim e mais recentemente um golfinho de prata conquistado no famoso festival Cannes Corporate Media & TV Awards, com o filme “Live a Day in Alcácer”, sobre Alcácer do Sal. Um desejo por cumprir Apesar dos vários anos que já leva a produzir vídeos, David tem um desejo que ainda não foi possível concretizar, realizar um vídeo na sua região, o Douro, e mais concretamente na sua cidade, Peso da Régua. “Apesar de ser do Douro e adorar a minha região, a verdade é que até hoje ainda não tivemos
nenhuma oportunidade de fazer algum trabalho naquele cenário maravilhoso. Não só as autarquias mas também as empresas de turismo e vinhos fazem este tipo de trabalhos mas parece que os ‘santos da casa’ não fazem milagres e vão preferindo contratar outras empresas sem ligação à região. Espero que esse convite ainda surja mas, se não surgir, tenho também alguns projetos pessoais que quero desenvolver por isso mais cedo ou mais tarde vou conseguir fazer algo no Douro.” ■
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12 VIVADOURO OUTUBRO 2017
Vários Concelhos PUB
Fogos do Verão considerados como catástrofe natural O Governo reconheceu como “catástrofe natural” os incêndios ocorridos entre Julho e Agosto e que atingiram mais de 30 concelhos em Portugal, tendo ainda ativado um fundo de 10 milhões de euros, segundo um despacho publicado agora em Diário da República. O despacho do ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Manuel Capoulas Santos, reconhece “a dimensão e gravidade dos danos e prejuízos causados” pelos incêndios florestais de Julho e Agosto, o que justifica “a qualificação desta situação como catástrofe natural”. Esta qualificação permite o acesso a um apoio excepcional à “reconstrução ou reposição do potencial produtivo das explorações” agrícolas danificadas, em especial no que diz respeito a animais, plantações plurianuais, maquinaria agrícola, equipamentos, armazéns e outras construções de apoio à atividade. O acesso a este apoio está limitado a empresas que tenham sido afetadas em 30% ou mais do seu potencial produtivo, sendo válida apenas uma candidatura por exploração. O critério de prioridade é tido em função do volume de danos registado, sendo o
apoio dado em forma de subvenção a fundo perdido. O apoio cobre 100% da despesa, quando igual ou inferior a 5.000 euros, e 50% da restante despesa no caso de beneficiários que tenham recebido pagamentos directos de valor igual ou inferior a 5.000 euros no ano anterior e tenham tido prejuízos superiores a 80% do potencial agrícola. O apoio cobre ainda 50% da despesa “no caso das restantes explorações agrícolas”. O montante mínimo de investimento é de cem euros. Os pedidos de apoio devem ser apresentados através de formulário eletrónico disponível no Portal do Portugal 2020 (www.portugal2020.pt) ou do Plano de Desenvolvimento Regional 2020 (www. pdr-2020.pt) até 30 de Novembro. Apesar de apenas serem apoiadas as candidaturas aprovadas, os beneficiários poderão iniciar os investimentos antes da verificação e validação da mesma. Contudo, o início dos trabalhos deve ser comunicado à Direcção Regional de Agricultura e Pescas, com uma antecedência mínima de 72 horas. No território abrangido pela CIM-Douro estão englobados neste diploma os concelhos de: Alijó, Freixo de Espada à Cinta, Penedono, Sabrosa e Torre de Moncorvo. Os incêndios florestais atingiram este ano mais de 215 mil hectares, o valor mais elevado dos últimos 10 anos, segundo o mais recente relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), recentemente divulgado, e que analisa o período compreendido entre 1 de Janeiro e 30 de Setembro. ■
VIVADOURO OUTUBRO 2017 13
Vários Concelhos
Centro de tratamento de resíduos não avança
Melhor restaurante de Portugal fica em Armamar
Em Santa Marta de Penaguião eclodiu, ainda durante a corrida autárquica, uma discussão em torno de um projeto camarário para a construção de uma Unidade de Triagem de Resíduos Sólidos Urbanos Não Perigosos, no entanto a obra não irá avançar.
O site TripAdvisor, especialista em recomendações ligadas ao turismo, elegeu os melhores restaurantes do Mundo com base nas avaliações dadas pelos seus utilizadores, classificando o restaurante DOC, do chefe Rui Paula na 15ª posição.
autarquia em “aumentar o preço das taxas e tarifas ligadas ao saneamento do concelho”, condição obrigatória para a aprovação da candidatura. A unidade estava a ser planeada para uma área de cerca de 22 mil metros quadrados, dentro da Reserva Ecológica Natural, situação que levou vários populares a manifestarem-se contra a obra, apresentando mesmo queixa à associação ambiental QUERCUS. ■
Situado na freguesia de Folgosa do Douro, mesmo ao lado da Estada Nacional 222, o DOC é o único restaurante português que aparece nesta lista de 25 nomes. A encabeçar a lista encontramos um pub britânico em North Yorkshire, o The Black Swan in Oldstead, que entrou diretamente nesta lista para a posição cimeira. Outro restaurante britânico, o Belmond Le
Apesar de o despacho relativo à construção da Unidade ter sido publicado em Diário da República, o projeto chumbou o acesso ao apoio esperado por parte da União Eupeia, no âmbito da candidatura ao Eixo Prioritário 3. Em declarações ao Viva Douro, o presidente da autarquia, Luis Machado, afirmou que o chumbo do projeto se deveu à recusa da
Manoir aux Quat’Saisons (Oxfordshire), do chef francês Raymond Blanc, surge em segundo lugar. Tem duas estrelas Michelin. O pódio fica completo com o Maison Lameloise, em Chaigny (França), do chef Éric Pras, que tem três estrelas Michelin. O restaurante do chef basco Martín Berasategui, em Lasarte-Oria (País Basco), que desde 2015 liderava o ranking, surge agora em quinto na lista. “O DOC integra um dos percursos panorâmicos mais belos e românticos do país. O edifício, assente em estacas, prolonga-se por um elegante deck de madeira sobre o rio, e integra uma estrutura fluvial também composta por dois cais - com capacidade para 15 barcos - uma garrafeira e um parque de estacionamento”, lê-se no site do restaurante, apresentado como “uma janela sobre o Douro”. O DOC é um dos três restaurantes do chef Rui Paula, que tem também o DOP no centro histórico do Porto e foi distinguido em 2017 com uma estrela Michelin na Casa de Chá da Boa Nova (Leça da Palmeira). Na televisão foi jurado do programa MasterChef na TVI.
Penedono festeja o Magriço
Tabuaço abre inscrições para Universidade Sénior 2017/18
Com o objetivo de fomentar o empreendedorismo, valorizando as iniciativas locais, realiza-se este ano a oitava edição da Festa do Magriço em Penedono, entre os dias 10 e 12 de novembro.
A Universidade Sénior de Tabuaço (UST), criada em maio de 2014, vai retomar a sua atividade com uma sessão de apresentação no dia 23 de outubro de 2017, pelas 14h30, na nova sala da Biblioteca Municipal de Tabuaço (Parque Municipal do Lago).
O certame terá lugar no Pavilhão Gimnodesportivo Municipal onde os participantes podem usufruir de várias atividades programadas para o espaço: provas de cogumelos, doçaria e licores, assistir a artesãos trabalhando a sua arte ao vivo e um magusto comunitário. No recinto será ainda possível experimen-
tar a gastronomia local num dos restaurantes que têm já presença assegurada. Parte integrante do programa para a Festa do Magriço deste ano são ainda: a caminhada “Na rota do azeite” e uma montaria ao javali que fará certamente as delícias dos apaixonados pela caça. Habitual neste tipo de certames é também a musica e nesta festa ela não irá faltar. No dia 10, o primeiro, o palco ficará entregue ao artista setubalense Toy, já no dia seguinte (11), as honras ficam entregues a Ana Malhoa. Depois de, no ano passado terem sido ultrapassados os registos máximos no número de participantes, a organização do evento conta também este ano com uma boa adesão por parte de expositores e visitantes. ■
A UST tem, como objetivo fundamental, oferecer aos cidadãos, com mais de 50 anos, a possibilidade de tomar contato com diversas áreas do conhecimento e da cultura, da saúde e do exercício físico, da sã confraternização e convi-
vência. Para o ano letivo de 2017/18 as disciplinas a lecionar serão: Artes Decorativas, Educação Física / Hidroginástica, Expressão Dramática, História e Geografia de Portugal, Informática, Inglês, Música, Património Cultural e Imaterial, Saúde e Cuidados Básicos e Teatro. As aulas da UST funcionarão de segunda a quinta-feira das 10:00h às 17:00h, durante todo o ano, havendo interrupção no período do Natal, no Carnaval, na Páscoa e nos meses de julho a setembro. O início efetivo das aulas está marcado para o dia 24 de outubro de 2017, decorrendo o ano letivo até Junho de 2018. As inscrições estão abertas na Biblioteca Municipal de Tabuaço. ■ PUB
14 VIVADOURO OUTUBRO 2017
São João da Pesqueira
Marquês de Soveral homenageado em Paris Os Município de São João da Pesqueira em conjunto com o Consulado Geral de Portugal em Paris homenagearam, no passado dia 13 deste mês, um dos filhos mais famosos do Concelho de S. João da Pesqueira, Luis Maria Pinto de Soveral, conhecido como o Marquês de Soveral.
família de proprietários durienses da nobreza regional ligada à Corte e à diplomacia, Luís Pinto de Soveral viria a ser o diplomata mais famoso de Portugal e, como tal, ainda hoje é lembrado em Inglaterra. O Marquês de Soveral foi, em meados da década de 1890, o mediador da disputa da Inglaterra com o Brasil pela Ilha de Trindade, que a Inglaterra ocupara por julgar abandonada. Após analisar a questão, concluiu o Marquês favoravelmente ao Brasil, decisão que foi acatada pela Inglaterra. Tendo frequentado no Porto a Academia Politécnica, matriculou-se na Escola Na-
A homenagem decorreu no cemitério de Père Lachaise, na capital francesa, local onde recentemente se descobriu a sepultura do Marquês de Soveral, sem que existisse qualquer referência visível a este famoso pesqueirense. Com vista a prestar a devida homenagem o executivo de São João da Pesqueira encetou, junto da Câmara Municipal de Paris, as diligências necessárias para a colocação de uma placa a ele, permitindo que os milhares de visitantes daquele cemitério, onde se encontram também sepultados alguns famosos como: Jim Morrison, dos The Doors, Oscar Wilde, Maria Callas, Chopin, Marcel Proust, Modigliani, Edith Piaf, Gertrude Stein e muitos outros. Presentes na cerimónia estiveram: a Vereadora da Cultura da Câmara Municipal de São João da Pesqueira, Delfina Tavares, pelo Consulado Geral de Portugal em Paris, o Cônsul Geral Adjunto, João Melo Alvim e o Adido Social, Joaquim Rosário e pelo Municipio de Paris, a Conservadora, Martine Lecuyer. Nascido em 1851 em São João da Pesqueira na Quinta de Cidrô, filho de uma
val em Lisboa na Companhia dos Guardas Marinha, mas tudo leva a crer que a sua formação de marinheiro foi feita na armada britânica. Doutorou-se depois em Lovaina em Ciências Políticas, iniciando logo a seguir a carreira diplomática, tendo passado pelas legações de Berlim e Madrid, até se fixar em Londres, onde se empenhou na resolução da difícil situação das relações luso-britânicas logo após o Ultimatum, que culminaram no 2º Tratado de Windsor de 1899. Conheceu e conviveu com todos os reis e imperadores da Europa, incluindo o Papa e o Presidente da República Francesa e, como Ministro dos Negócios Estrangeiros do governo português, teve um importante papel nas relações de Portugal com as potências europeias e com as respectivas colónias africanas. Nos anos oitenta fez parte de “Os Vencidos da Vida”, o grupo jantante de intelectuais que acreditava que Portugal se poderia modernizar e colocar ao nível da Europa de então, do qual faziam parte Eça de Queiroz, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, entre outros, os quais consideravam o próprio Rei
D. Carlos confrade suplente do grupo. A 21 de Fevereiro de 1902, sendo Conselheiro de Sua Majestade Fidelíssima, Par do Reino, Ministro e Secretário de Estado Honorário, foi designado Conselheiro de Estado. Durante a sua estadia em Inglaterra tornou-se íntimo do Rei Eduardo VII e das mais importantes personalidades da sua corte. A Rainha Victória condecorou-o e a Rainha Alexandra tinha, por ele, um enorme apreço. São várias as histórias e peripécias, por vezes inusitadas, entre a ousadia e o charme, que acabaram por originar o adjectivo soveralesco. Porém, na realidade, quase só se conhece a sua vida pública, pois, já depois de retirado, recusou um generoso pagamento de um jornal americano para escrever as suas memórias. Permaneceu como uma figura incontornável da Bèlle Époque, que podemos encontrar num livro de Sherlock Holmes, em quase todas as revistas ilustradas do seu tempo ou, mais recentemente, numa série da BBC. Era tido como o homem mais elegante de Londres que ditava a moda em Piccadilly e, para as senhoras, the most charming man. Para além destes atributos, pelo menos em jovem, tocava guitarra e cantava o fado e, quando no estrangeiro oferecia um jantar, aos amigos brindava-os com um prato de bacalhau acompanhado com champanhe. Demitiu-se do seu cargo após a implantação da República, passando a ser uma
espécie de conselheiro de D. Manuel II no exílio, partilhando com ele o seu amor à pátria e a defesa dos interesses de Portugal no mundo. Como homem do Douro, onde foi proprietário e produtor de vinhos, participou oficialmente na defesa da denominação “Porto” a nível mundial, e jamais esqueceu a sua terra natal e os seus anseios. Grande português sem dúvida, acabou os seus dias em Paris, em 1922, tendo a acompanhá-lo nos últimos momentos a Rainha D. Amélia, que por ele nutria grande estima desde os anos de dedicação ao serviço do Rei D. Carlos e de Portugal como diplomata, como ministro, como conselheiro, como amigo de todas as horas. Foi sepultado como um príncipe na cripta da igreja de Saint Piérre de Chaillot e, anos depois, quando esta sofreu grandes obras, foi transladado para jazigo particular no cemitério Père Lachaise. Na embaixada de Portugal em Londres existe o seu retrato pintado por Medina, mas, fora das memórias da diplomacia, é hoje praticamente desconhecido aquele que foi um dos portugueses mais famosos do seu tempo a nível internacional. Segundo a escritora inglesa Virgínia Cowes, o Marquês de Soveral era um homem «encantador, urbano, polido e espirituoso. Adorava mulheres e era tido como o melhor dançarino da Europa». O Rei D. Manuel II disse: «…Morreu como viveu, um grande português.” ■
VIVADOURO OUTUBRO 2017 15
João Paulo Fonseca: “Este ano a maçã será de altíssima qualidade” Realiza-se entre os dias 20 e 22 de outubro mais uma edição da Festa da Maçã em Armamar. O VivaDouro foi falar com o presidente da autarquia para perceber a importância deste produto e do certame na economia local. Na edição do ano passado destacou a forte presença de público de fora do concelho, acredita que essa adesão se irá registar novamente este ano? Acredito que sim, até porque nestes anos tem se afirmado cada vez mais, quer a nível regional quer a nível nacional. Nós também fizemos nestes últimos três anos um trabalho de promoção da feira, através de meios de comunicação importantes, no ano passado tivemos a TVI24 a fazer um programa especial, este ano vamos ter a TVI, mas com o programa da tarde, com certeza que a gente vai captar algum publico. Já temos esse feedback, e não temos dúvidas que este ano iremos aumentar o número de visitantes, até porque este certame já é uma referência na região, focado num produto que é a maça. Uma maçã com características diferenciadoras, mas também por tudo aquilo que a feira tem para mostrar, desde dos vinhos, aos queijos, passando pelos agentes económicos da região.
Armamar
Há uma quebra de produção e qualidade derivada das condições climatéricas adversas registadas este ano? Há uma quebra de produção devido às intempéries de 7 de julho, isso há, porque houve pomares que ficaram completamente destruídos pelo granizo, e eu acho que esse é o maior fator para esta quebra. Em termos da qualidade do produto, ela não foi afetada pela seca que se regista este ano, temos uma albufeira própria que é a barragem de mil lobos, que felizmente tem tido um comportamento normal o que permitiu irrigar os pomares. Pelo que eu sei estamos em plena época de apanha, e dito pelos produtores, será um ano de altíssima qualidade. Foi então possível aos produtores reverter as perdas registadas com o granizo de Julho? Sim os produtores já foram ressarcidos de uma parte dos prejuízos que tiveram, através das seguradoras. É óbvio que nunca são ressarcidos da totalidade dos prejuízos, ate porque há regras nos seguros agrícolas que assim definem, mas grande parte deles, já recebeu boa parte das indemnizações a que tinha direito. Qual a fatia entregue à exportação para a maçã de Armamar? Neste momento posso dizer que 50% da nossa maçã é exportada, grande parte da europa, essencialmente Espanha, mas também temos para França, para o Brasil e para
a Rússia. O que distingue a maçã de Armamar das outras maçãs? Essencialmente a doçura mas também o facto de serem produzidas em climas adversos, um inverso muito frio e um verão muito quente, o que consegue dar ao fruto uma textura e uma dureza que não se consegue obter em outras regiões.
tem aceitação no mercado já tem outro tipo de aproveitamento. As maçãs que são usadas na transformação são aquelas que não têm o calibre suficiente para entrarem no mercado, são esse tipo de maçãs que são usadas para fazer outro tipo de produtos.
Além da maçã que outro produto se pode encontrar na feira? Essencialmente podemos encontrar os vinhos, os fumeiros e os queijos que nós também produzimos em Armamar. Também vai ser possível encontrar diversas propostas do setor do turismo e uma forte representação do nosso tecido empresarial.
O que é que se pode esperar da feira? É uma feira de três dias à imagem da aposta feita por nós já no ano passado. Este ano haverá uma maior envolvência das instituições culturais do concelho, em especial na parte da animação, foi um objetivo que traçamos, que a animação da feira fosse feita através das nossas associações culturais. Esta é uma feira que além de quer promover os seus produtos, quer também dar a conhecer às pessoas aquilo que é a nossa cultura, e o trabalho desenvolvido nessas associações.
Neste momento já é possível pegar na maçã e transformá-la na própria gastronomia? Sim, nós temos por exemplo um puré de maçã, também as nossas pastelarias começam a apostar em diferentes formas de apresentar este fruto como por exemplo as broinhas de maçã, que são já muito conceituadas. Temos também a cidra e o sumo biológico de maçã. Mesmo a maçã que não
Uma mensagem as pessoas que querem visitar. Essencialmente dizer, visitem Armamar, por vários motivos, primeiro pela feira, pelo certame em si, mas essencialmente porque as pessoas de Armamar sabem receber como ninguém. Estaremos todos de braços abertos para quem nos visitar, tem todas as condições para passarem 1, 2, 3 dias em Armamar, com a certeza de que serão bem recebidos. ■
16 VIVADOURO OUTUBRO 2017
Destaque VivaDouro
PSD domina eleições na CIM-Douro
Após as eleições autárquicas de 1 de Outubro, fica a evidente que o PSD continua a ser o partido dominador no território da CIM-D independentes do PNT. Texto e Fotos: Carlos Almeida
Quanto às juntas de freguesia, o domínio mantém-se pelo PSD com 85 freguesias conquistadas, a fechar o pódio ficam o PS, com 78, e a coligação PPD-PSD/CDS-PP com 34. Ao nível de freguesias podemos ainda encontrar 5 executivos que serão geridos pela coligação CDS-PP/PPM e 15 com gestão de movimentos de cidadãos. As Câmaras Municipais A grande novidade da noite é o movimento independente “Pela Nossa Terra” (PNT) que, em São João da Pesqueira, ganhou a autarquia com 54.09% dos votos. Liderado por Manuel Cordeiro, o PNT já se tinha apresentado a eleições em 2013, chegando a eleger dois vereadores, entre eles o atual candidato.
Em Murça a noite também foi de mudança. José Maria Costa, atual presidente, falhou a reeleição para Mário Artur Lopes, candidato do PSD e atual Diretor Geral da Adega Cooperativa de Murça, CRL., que venceu com 47,82% dos votos, sensivelmente o mesmo resultado obtido pelo atual edil em 2013. Em Lamego a festa do Partido Socialista só arrancou mesmo no final da contagem dos votos. Os resultados foram sofrendo diversas alterações à medida que as freguesias iam sendo apuradas, com PS, PSD e CDS-PP a disputarem o cargo autárquico. Ângelo Moura acabou por ser o vencedor da noite com 37.93% dos votos, contra os 26.99% de Ernesto Rodrigues do PSD e os 24.97% de António Pinto Carreira do CDS/PP – PPM. Nas restantes autarquias as vitórias foram
o mote principal com destaque para alguns concelhos como Vila Real onde Rui Santos obteve uma vitória histórica. Quatro anos após a sua primeira eleição, o atual autarca vila-realense, ganhou as eleições desta noite com 67.35% dos votos, garantindo 7 dos 9 vereadores autárquicos. “Este resultado é um resultado histórico, é um resultado muito acima das nossas melhores expectativas, é um resultado que não era expectável, mas é um resultado que mostra que muitos mais acreditam neste grande projeto de felicidade para Vila Real”, afirmou Rui Santos ainda na sede de candidatura. Resultado histórico foi também aquele que teve lugar em Peso da Régua com o PSD, liderado por José Manuel Gonçalves, a ganhar a autarquia pela quarta vez consecutiva, com 55.14% dos votos, dando assim continuidade
a um projeto iniciado em 2005 com a eleição como numero dois de Nuno Gonçalves. “É um sentimento de reconhecimento e gratidão dos reguenses para com este projeto que já tem 12 anos, a minha eleição é isso, é um projeto de continuidade, temos muito orgulho no passado e muita confiança no futuro”, afirmou José Manuel Gonçalves em exclusivo ao Viva Douro. Ao Viva Douro, José Manuel Gonçalves afirmou ainda que, “apoiado em infra-estruturas sólidas e modernas como as que existem”, a grande preocupação no próximo mandato será o crescimento da “economia local”. Em Sabrosa, Domingos Carvas viu a sua liderança legitimada nas urnas com uma vitória expressiva de 53.33%, cerca de 15 pontos percentuais à frente do segundo co-
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Destaque VivaDouro
Douro com 12 câmaras municipais conquistadas (três em coligação com o CDS-PP), contra seis do Partido Socialista e uma para os locado, o PSD de António Araujo. Em Alijó, José Paredes, atual vice-presidente da autarquia, venceu as eleições apoiado pela coligação PPD/PSD-CDS/PP, com um total de 44.69% dos votos. “Lutamos contra dinossauros da política, pessoas que estiveram 20 anos no poder e que o queriam conquistar de novo, foi uma luta muito grande mas que conseguimos ganhar”, afirmou o novo autarca lijoense. José Paredes destacou ainda “muito motivado” para o trabalho que se avizinha nos próximos anos, ate porque, como faz questão de sublinhar, “esta eleição traz uma grande responsabilidade”. Em Mesão Frio, o destaque não são apenas os 61.55% com que Alberto Pereira venceu as eleições, no município duriense apresentou-se este ano, pela primeira vez, um candidato
apoiado pelo Bloco de Esquerda, Mário Sousa Pinto, que conseguiu 12.78% dos votos. Nos restantes concelhos a vontade pela continuidade acabou por ser regra, com um pequeno susto em Carrazeda de Ansiães onde o PSD caiu de uns confortáveis 64.01% dos votos em 2013, para os 48.44% nestas eleições, apenas 4 pontos percentuais acima do movimento de cidadãos, “Unidos por Carrazeda” (UC). No que diz respeito aos dados da abstenção, a nível global da região atingiu os 34,19%, resultado melhor do que em 2013 onde foram ultrapassados os 36%. O resultado mais alto de abstenção registou-se em Moimenta da Beira onde este valor chegou aos 43,8%, seguindo por Tabuaço e Tarouca com 40,6% e 40%, respetivamente.
No prato oposto da balança encontramos Freixo de Espada à Cinta onde a abstenção se ficou pelos 25,5%, crescendo mesmo assim em comparação com 2013 onde se registou apenas o valor de 23,22%. A completar o pódio dos concelhos com menor abstenção temos Mesão Frio com 29,6% e S. João da Pesqueira que ficou pelos 31,3%. Relativamente à distribuição das autarquias por partido, a vitória vai para o PSD que conseguiu um total de 9 câmaras, seguido pelo PS com 6, a coligação PPD/PSD-CDS/PP com 3 e os independentes do PNT com uma. As Juntas de Freguesia Ao nível das freguesias, tal como acontece com os municípios, o domínio é do PSD com 85 vitórias asseguradas. Nos concelhos de Armamar, Freixo de Es-
pada à Cinta, Penedono e Tarouca, todas as Juntas de Freguesia ficaram entregues ao PSD, superiorizando-se uma vez mais ao PS que apenas conseguiu fazer o pleno em três concelhos, Mesão Frio, Santa Marta de Penaguião e Vila Real. No entanto, o partido liderado por António Costa pode gabar-se de ter conseguido o pleno no maior concelho, Vila Real, num total de 20 freguesias. —As cinco autarquias conquistadas pela coligação CDS-PP/PPM pertencem todas ao concelho de Lamego, conseguidas após o fim da coligação com o PPD-PSD que se registou nas três eleições autárquicas anteriores. As 15 Juntas de Freguesia conquistadas por independentes são nos concelhos de Carrazeda de Ansiães (7), São João da Pesqueira (7) e Moimenta da Beira (1). ■
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Vários Concelhos
Vila Real quer mexer no mapa das freguesias
Wine Museum Centre inaugura no Douro
Entre os compromissos com que se apresentou às últimas eleições, o Partido Socialista pretende mexer no mapa de freguesias do concelho, procurando uma melhor gestão dos meios e uma maior satisfação das populações.
Um novo museu nasceu no Douro pelas mãos de Fernanda Ramos Amorim, com o objetivo de cumprir um sonho: preservar a memória cultural da região do Douro partilhando-a com todos os amantes de vinho que a visitam.
fíceis e em que não há também ligação entre as pessoas. O resultado da noite eleitoral de 1 de outubro foi histórico para a equipa que lidera a autarquia acabando por reforçar as pretensões do executivo quanto a este projeto, para Rui Santos, este foi “um sinal claro de que os cidadãos aderiram às ideias que foram apresentadas na campanha”. ■
acervo representativo do ciclo produtivo do Vinho do Porto com peças dos séculos XIX e XX, reunidas ao longo vários anos pela mentora do projeto. Este projeto museológico faz da Quinta Nova um dos projetos de enoturismo mais completos no panorama nacional, aumentando assim a oferta para ao mais de 12.000 turistas que recebe anualmente, reforçando também a sua posição e visibilidade no mercado internacional. ■
Segundo o presidente da autarquia, Rui Santos, Vila Real vai “voltar a mexer no mapa das freguesias. Configurar de outra forma, em alguns casos reverter em outros casos reconfigurar o mapa. Vamos repensar esse mapa mas de acordo, obviamente, com a vontade das populações”. Para o autarca, um dos exemplos mais flagrantes da forma errada como o anterior ordenamento aconteceu, vive-se na União de Freguesias de Ermida e Nogueira, em que as ligações viárias entre as duas aldeias são di-
Localizado na Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo, o Wine Museum Centre Fernanda Ramos Amorim, resulta da intervenção de três entidades: o arquiteto Arnaldo Barbosa, conhecido como um dos “arquitetos do Douro”, desenhou o espaço, ficando os conteúdos sob a alçada da empresa de museologia MUSE, com a colaboração da Fundação Museu do Douro. Quem visitar o espaço, com 200 m2 de área bruta, terá acesso a um espólio único, que reflete a tradição secular do Douro, num
Estilista reguense distinguido na ModaLisboa
Relatório de explosão em empresa de Lamego já aponta conclusões
Filipe Augusto, estilista reguense que trocou a sua cidade natal pelo Porto para estudar Design de Moda viu o seu trabalho distinguido na edição deste ano da ModaLisboa com uma menção honrosa no concurso Sangue Novo. O júri responsável por esta distinção foi composto por Eduarda Abbondanza, pela editora de moda da Vogue Portugal, Cláudia Barros, pelo designer de moda Filipe Faísca e por um jornalista estrangeiro Aos 24 anos de idade, Filipe recebeu ainda o prémio Fashion Clash, anunciado e escolhido pelo diretor do festival de moda holandês Fashion Clash, Branko Popovic. Este prémio dá ao jovem designer português a oportunidade de apresentar a sua coleção em junho de 2018 em Maastricht, na Holanda. O jovem afirmou, no final do evento, que se sentia orgulhoso com o prémio, assumindo que quer dar a conhecer o país lá fora”, um país que considera ter “capacidade ao nível do produto”. Filipe Augusto terminou o curso de Design
de Moda em Outubro de 2016 e, por ter sido um dos melhores alunos, teve oportunidade de apresentar algumas criações no Portugal Fashion, na plataforma Bloom. Também após o término dos estudos o jovem reguense teve oportunidade de realizar um estágio de seis meses com um dos mais conhecidos estilistas nacionais, Luís Buchinho. ■
Segundo notícia avançada pelo jornal Correio da Manhã, o relatório da explosão da pirotecnia de Avões, em Lamego, onde morreram 8 pessoas na tarde de 4 de abril deste ano, aponta que na origem do sinistro poderá ter estado o excesso de laboração da empresa nesse dia. Ainda segundo a mesma fonte, o documento elaborado pelo Departamento de Armas e Explosivos (DAE) da PSP terá ficado concluído ainda antes das férias judiciais, entregando-o ao Ministério Público de Lamego. Recorde-se que no incidente perderam a vida, Egas Sequeira (dono da empresa) e uma filha, três genros e uma sobrinha, para além de dois funcionários da firma. Informações avançadas logo após o in-
cidente davam a conhecer que o primeiro dos rebentamentos terá ocorrido no momento em que uma carrinha estava a ser carregada com pólvora, originando depois outras explosões. Caberá ao Ministério Público determinar se, por exemplo, existe prova suficiente para encontrar a prática de crimes como explosão, ou até homicídio por negligência. ■
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Reportagem VivaDouro
Fontaínhas Fernandes é o novo presidente dos reitores Aos 55 anos de idade, Fontainhas Fernandes é o escolhido para liderar o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas. Em entrevista ao VivaDouro, o reitor da UTAD fala do que o levou a apresentar uma candidatura a este órgão e quais os seus objetivos na sua gestão. A UTAD é hoje uma universidade reconhecida pelo seu público-alvo. De que forma é que as políticas por si implementadas ajudaram a este resultado? As linhas essenciais de governação assentam no programa de candidatura a Reitor, resultante de um amplo e participado debate que acolheu a participação da academia. Nesta trajetória, tem sido determinante o envolvimento das pessoas nas decisões e a articulação entre as diferentes estruturas de governação. É evidente que no atual contexto global em permanente mudança, também tem sido vital o reforço da ligação com os
agentes da administração, do conhecimento, as empresas e a sociedade. O sucesso registado logo na 1ª fase das candidaturas este ano (cerca de 90% das vagas preenchidas) é um reflexo direto deste reconhecimento? A notoriedade e a visibilidade da Universidade tem contribuído para a dinâmica de atração de estudantes. Mas, é fundamental que a Universidade continue a demonstrar à sociedade a sua aposta na qualidade de ensino, vocacionado para o desenvolvimento de atitudes e de competências favoráveis a mudanças tecnológicas e sociais, à inovação e capacidade criativa, bem como a sua ligação ao mercado de trabalho. Em março deste ano foi reconduzido no cargo de Reitor da UTAD. Quais serão as linhas orientadoras deste ciclo? O programa assume como objetivos principais para o novo ciclo a diversificação e crescimento no ensino, a focalização e reforço da investigação, e ainda a valorização do conhecimento com impacto no território. O
cumprimento destes desígnios tem subjacentes estratégias de intervenção transversais, caso da internacionalização, da avaliação e qualidade, e a capacitação do campus enquanto laboratório vivo e uma marca distintiva. Sente que o reconhecimento expresso pelos seus pares resulta da
forma como se entrega à causa universitária, em especial do ponto de vista do interior do país? A UTAD, enquanto instituição situada num território desafiante do chamado “arco do interior”, deve continuar a ser uma âncora de esperança para o desenvolvimento económico e social da região, promotora da fixação de população e de criação de em-
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Reportagem VivaDouro prego. O seu papel é determinante no fomento de uma região inovadora e competitiva, com uma base económica assente nos recursos endógenos e em pessoas qualificadas e inovadoras. Já este mês de outubro foi eleito Presidente do CRUP. O que motivou a sua candidatura? No conhecido cenário de globalização, de crescente mudança e de incerteza, a ação do CRUP deve potenciar a centralidade do conhecimento e da formação superior no desenvolvimento do país e da sua afirmação internacional. Mas, deve também ambicionar mecanismos de discriminação positiva para as universidades localizadas em territórios com maior dificuldade de atração de estudantes e com custos de formação superiores, umas das minhas principais bandeiras. Do ponto de vista do Presidente do CRUP, quais são os principais desafios do ensino universitário público português? A agenda do CRUP deve ser pautada por uma participação ativa na formulação e acompanhamento das políticas nacionais de educação e ciência, ambicionar maior autonomia num quadro de uma missão crescentemente contratualizada, reclamar a correção do crónico subfinanciamento das universidades pelos orçamentos públicos. É vital defender políticas de
valorização e rejuvenescimento de recursos humanos e a justa integração e progressão de docentes, investigadores, técnicos e administrativos, articulados com estratégias que contrariem a drenagem de talentos e promovam o mérito, além de consolidar o mencionado papel dinamizador das universidades situadas em regiões periféricas e do interior. Um dos objetivos do CRUP são as “’ações integradas’, projetos de in-
vestigação e desenvolvimento que visam estimular projetos científicos e estudos pós-graduados”. Pode ser a investigação o fator diferenciador do ensino superior público português? O Futuro das universidades exige o reforço da investigação, enquanto fator estruturante de um ensino e de uma interação com a sociedade diferenciados. Mas, exige também o aprofundamento das dinâmicas de internacionalização e de interação com o tecido económico, produtivo e social. Deve, de igual modo, contemplar a consolidação de linhas de atuação ativas de abertura à sociedade e à inovação, de acesso e partilha de informação e a participação em redes de conhecimento. Tendo em consideração que o CRUP deve “pronunciar-se sobre questões orçamentais do ensino universitário públi-
co”, quais são as suas expectativas quanto ao OE2018 para este setor? Em primeiro lugar, importa garantir no presente ano o montante correspondente às alterações legislativas entretanto ocorridas, designadamente as despesas associadas ao reposicionamento remuneratório do título de agregado, a alteração do salário mínimo e do subsídio de refeição, bem como as despesas associadas à revisão do regime transitório da carreira docente politécnica. Quanto ao orçamento de 2018, é desejável consagrar a responsabilidade política de iniciar um processo de correção do mencionado crónico subfinanciamento das universidades pelos orçamentos públicos e, tendencialmente, alcançar a equiparação a referenciais europeus. O CRUP é membro da Associação Europeia de Universidades. A esta escala, que medidas poderiam as instituições europeias implementar para fomentar, e melhorar, o ensino superior? O Futuro passa, indubitavelmente, por dinâmicas de internacionalização em tudo o que a Universidade faça, no posicionamento, nas parcerias e nos referenciais de melhores práticas. Não devem, porém, tais dinâmicas serem isoladas nem ficar apenas confinadas no seio da Europa, na qual a Associação Europeia de Universidades tem particular relevância. De facto, no presente contexto de globalização, devemos considerar outros espaços, para além do europeu a que pertencemos e com cujo desenvolvimento estamos comprometidos, nomeadamente: o da língua portuguesa, do Mediterrâneo, do extremo oriente e das parcerias com instituições norte-americanas. ■
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Vila Real | Régua
Club de Vila Real encerra portas Nascido há 124 anos, o Club de Vila Real, encerrou portas deixando em Vila Real uma lacuna cultural que dificilmente poderá ser colmatada pela diversidade cultural que a sua programação apresentava. O espaço, situado na Avenida Carvalho de Araújo foi gerido nos últimos anos por Mário Pinto que lamenta agora o seu encerramento, lembrando que este é um espaço que lhe era familiar, até porque o seu pai foi um dos seus fundadores. Nos últimos seis anos foram mais de 550 os artistas que passaram pelo palco do club
que recebeu formas de expressão artística e cultural tão diversas como: teatro, dança, apresentações de livros, poesia, marionetas, concertos, entre muitas outras. O acesso era garantido a todos por um custo quase residual (havia concertos a custar 3 ou 5 euros, por exemplo) e a programação tinha atividades quase diárias: “Nós não parávamos. De repente mudava-se de punk para jazz, de jazz para fado, de rock para pop. Os concertos eram de um dia para o outro, sem parar” afirmou Mário Pinto em declarações à imprensa. O sucesso do espaço atingiu um nível de tal forma elevado que já não era Mário a procurar os artistas mas sim estes a pedirem uma oportunidade para se apresentarem no club. Por entre as bandas que passaram por aquele palco, contam-se várias nacionais mas também houve espaço para outras oriundas de mais de 70 países. O Club de Vila Real passou a ser uma es-
pécie de Meca em especial para os seguidores de uma cultura mais alternativa, que apostava na diferença em comparação com as agendas culturais normalmente apresentadas na região. Para Mário, as razões do encerramento prendem-se com a falta de apoios e o desinteresse que a autarquia vila-realense sempre demonstrou pelo espaço: “Nunca conseguimos ter um apoio que fizesse jus à actividade que tivemos (…) Quando eu entrei, o clube já tinha um apoio de 800 euros anuais e, com esta câmara, subiu para 1000. Mas não dá para nada, nem para um mês. Davam-nos os parabéns, mas reflectia-se em zero nos apoios”, afirmou numa nota publicada na sua página do Facebook. Diversas missivas foram enviadas pelo responsável do espaço à vereadora da cultura, Eugénia Almeida, no entanto o desinteresse da autarquia parecia aumentar, não colocando sequer a programação mensal do espaço na programação cultural do município. Para o programador, a evidência de que a Câmara Municipal não se interessava pelo espaço e pelo trabalho ali realizado ficou mais patente nos últimos meses: “Quando eu comecei, a câmara não fazia concertos de música alternativa. Agora já fazem, com os meios deles, mas fazem. Imensas vezes à porta do clube, de graça, à mesma hora que os meus concertos. É uma total ignorância sobre a actividade do clube. E é impossível competir.” Mesmo no decorrer do ano passado em que a cidade foi uma das Capitais do Eixo Atlântico (a par com Matosinhos), o clube pareceu despertar o interesse das autoridades locais: “Houve 300 eventos. Nós fizemos mais de 70. Não fomos apoiados em nada”, afirmou Mário Pinto. Mais recentemente o clube recebeu outra má notícia, “uma carta do advogado do senhorio a dizer que ele não queria renovar e que nós teríamos de sair. Esta ameaça de despejo afectou o nosso futuro”. Apesar da ameaça Mário decidiu contactar um ad-
vogado por sua conta que o informou da existência de uma lei de Junho deste ano que diz “que os locais históricos ou com actividade cultural têm mais cinco anos para permanecer nos sítios. Isso permitia que o clube ficasse nas instalações. Mas alguns membros da direcção do clube, cansados com a situação, optaram por entregar o clube [ao senhorio].” No entender de Mário, este é um problema estrutural da cidade: “Não há aqui uma estrutura cultural que permita que haja na câmara, entre as pessoas eleitas, uma percepção do que se passa aqui. Estão vocacionados para ser políticos, não são pessoas ligadas à cultura e, de maneira nenhuma, ligadas à cultura alternativa.” Acrescentando: “Na verdade, o clube é mais aclamado fora de Vila Real do que dentro. O pessoal de Vila Real que estuda no Porto rapidamente se apercebe do que está aqui a acontecer porque vêem as bandas que cá actuam também no Porto. Vêem-nas a actuar na Casa da Música, no Plano B, nos Maus Hábitos. E percebem o trabalho que está aqui a ser feito, orgulham-se.” Também a comunicação social merece um reparo na forma como sempre olhou para o espaço: “Nunca houve um jornal a vir aqui fazer uma reportagem sobre um concerto. E estamos a falar de concertos que são reportados em Lisboa e no Porto em vários jornais constantemente. É uma luta do interior, isto. É um país bastante desigual. Na cobertura jornalística, nos apoios, em tudo.” Uma das artistas que passou pelo palco do clube, em três ocasiões diferentes, afirmou após saber da notícia do seu encerramento que “O Club de Vila Real foi um sítio marcante tanto para mim, enquanto músico, como para 90% dos meus colegas. Porque o Mário conseguia fazer uma agenda com alta qualidade quase sem apoios. A malta ia lá porque era bem recebida e já era um sítio de culto para os músicos. Não íamos lá ganhar rios de dinheiro e, no entanto, toda a gente queria ir lá tocar.” ■
Casa da Companhia Velha na Régua classificada Monumento de Interesse Público A Casa da Companhia Velha, localizada no centro histórico de Peso da Régua, foi classificada como Monumento de Interesse Público, de acordo com uma portaria publicada em Diário da República no dia 17 de outubro.
De acordo com o documento, este solar setecentista, onde esteve sediada durante mais de dois séculos a Companhia Geral de Agricultura e das Vinhas do Alto Douro, que em 1756 criou a primeira zona vinícola regulada do mundo, constitui hoje o edifício principal do Museu do Douro. “Projetado para acomodar áreas de vinificação e armazenamento de vinhos, bem como um tribunal, serviços admi-
nistrativos e acomodações para funcionários e produtores, o edifício, de sóbrio modelo pombalino, apresenta uma tipologia heterogénea, combinando as estruturas produtivas e comerciais com a feição habitacional de um tradicional solar rural”, lê-se na portaria, assinada pelo ministro da Cultura. O edifício foi ampliado e remodelado entre 2007 e 2008, de forma a receber espaços expositivos e de apoio.
De acordo com a portaria, “a classificação da Casa da Companhia Velha reflete os critérios constantes do artigo 17.º da Lei n.º 107/2001, de 08 de setembro, relativos ao caráter matricial do bem, ao seu interesse como testemunho notável de vivências e factos históricos, à sua conceção arquitetónica, urbanística e paisagística e à sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva”. ■
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Preço das casas desce Economia Social e Coesão Territorial em debate na UTAD em Vila Real e Viseu No próximo de 4 de novembro, no auditório de Geociências da UTAD, realiza-se o seminário “A Economia Social, a Coesão Territorial e a Valorização do Interior”. Organizado pela Associação Portuguesa de Management (APM), em conjunto com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Departamento de Economia, Sociologia e Gestão - DESG), este encontro tem como principal objetivo trazer ao debate e discussão o tema da Economia Social como motor da coesão territorial e da valorização do interior. Este seminário, é resultado e consequência das Jornadas Cooperativas que, há dez anos, se realizam em S. João da Pesqueira e Penela da Beira. Para além das instituições organizadoras, este evento conta ainda com o apoio de outras entidades, entre elas: a Associação dos Amigos de Pereiros, as Cooperativas Agrícolas de São
João da Pesqueira, Castanheiro do Sul e Penela da Beira, Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES). Organizado pela Associação Portuguesa de Management (APM), em conjunto com a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (Departamento de Economia, Sociologia e Gestão - DESG), este encontro tem como principal objetivo trazer ao debate e discussão o tema da Economia Social como motor da coesão territorial e da valorização do interior. Este seminário, é resultado e consequência das Jornadas Cooperativas que, há dez anos, se realizam em S. João da Pesqueira e Penela da Beira. Para além das instituições organizadoras, este evento conta ainda com o apoio de outras entidades, entre elas: a Associação dos Amigos de Pereiros, as Cooperativas Agrícolas de São João da Pesqueira, Castanheiro do Sul e Penela da Beira, Cooperativa António Sérgio para a Economia Social (CASES). Na sessão de abertura do evento a organização contará ainda com a presença do Dr. José António Vieira da Silva, Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. A participação é gratuita, mas de inscrição obrigatória. ■
Contrariando a tendência da região Norte, que registou um aumento de 6,8% no terceiro trimestre de 2017, os distritos de Vila Real e Viseu, foram dos que mais desceram os preços da habitação com os valores a caírem 1,7%, em ambos os casos. Ainda assim, os dois distritos não entram no TOP 3 dos mais baratos para comprar casa que é liderado pela Guarda (646 euros por m2), Bragança (657 euros por m2) e Portalegre (687 euros por m2). Os dados, recolhidos segundo o índice de preços do idealista, apontam ainda para uma subida de 7% no global do país, alcançando assim um valor médio de 1.602 euros por metro quadrado. O aumento registado na região norte é fortemente impulsionado pelo Porto que continua
a liderar a tabela das subidas, registando neste trimestre um aumento de 11,1%. Em termos europeus, Portugal ocupa o oitavo lugar no ranking das maiores subidas com um total de 3.2%, bastante mais do que os 1,5% registados pela zona Euro ou os 1,8% da União Europeia. ■
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Jornal Vivadouro 18/10/2017
A ECONOMIA SOCIAL A COESÃO TERRITORIAL E A VALORIZAÇÃO DO INTERIOR 4 de Novembro | UTAD | Auditório de Geociências | VILA REAL PROGRAMA 4 de Novembro (Sábado) 09:30 Abertura do Secretariado | Receção dos participantes 10:00 SESSÃO DE ABERTURA Dr. José António Vieira da Silva – Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social* Prof. Doutor Fontainhas Fernandes – Reitor da UTAD Eng.o Rui Santos – Presidente da Câmara Municipal de Vila Real Dr. Eduardo Graça – Presidente da CASES (Cooperativa António Sérgio para a Economia Social) Prof. Doutor J. Borges Gouveia – Presidente da APM (Associação Portuguesa de Management) Dr. Fernando Reis – Presidente da DRN-APM A. Silva Fernandes – Presidente da Associação dos Amigos de Pereiros 10:30 A ECONOMIA SOCIAL Prof. Doutor Emídio Gomes – Vice-reitor da UTAD 11:00 Coffee break 11:20 A ECONOMIA SOCIAL: A COESÃO TERRITORIAL E A VALORIZAÇÃO DO INTERIOR Moderador: Dr. João Leite – CASES (Cooperativa António Sérgio para a Economia Social) Dr. Altamiro Claro – Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Valpaços Dr. João Ferreira – Presidente da Cooperativa Agrícola de Penela da Beira Prof. João Silva – Presidente da Cooperativa Agrícola de Moimenta da Beira Eng.o Licínio Pina – Presidente da Caixa de Crédito Agrícola* Dr.a Célia Quintas – Associação Cultural e Social do Amieiro 12:15 INTERAÇÃO DAS DIVERSAS ENTIDADES EM PORTUGAL Dr. Eduardo Graça – Presidente da CASES (Cooperativa António Sérgio para a Economia Social) 12:45 ENCERRAMENTO Prof. Doutor Fontainhas Fernandes – Reitor da UTAD Prof. Doutor J. Borges Gouveia – Presidente da APM A. Silva Fernandes – Presidente da Associação dos Amigos de Pereiros Dr. João Luís Peixoto de Sousa – Vida Económica * A confirmar
INSCRIÇÕES GRATUITAS, MAS OBRIGATÓRIAS: Associação Portuguesa de Management direcao.apm@gmail.com APM Cooperativa Agrícola de S. João da Pesqueira UTAD Cooperativa Agrícola de Castanheiro do Sul Associação dos Amigos de Pereiros Cooperativa Agrícola de Penela da Beira
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Opinião
Congresso Nacional da Economia Social – 14 de novembro
Eduardo Graça Presidente da Direcção da CASES
No dia em que passa um ano sobre a decisão do plenário do Conselho Nacional para a Economia Social (CNES), reunido em 14 de novembro de 2016, no sentido da realização do Congresso realizar-se-á a sua sessão final.
O Congresso, cujos trabalhos têm vindo a desenvolver-se ao longo do presente ano, prossegue os seguintes objetivos: - Reforçar o sector da economia social no plano institucional, legal e organizacional promovendo o reforço do seu papel na economia e na sociedade portuguesa; - Promover, e aprofundar, um debate alargado em torno de temas nacionais e internacionais relevantes para a economia social portuguesa e para as entidades que a integram; - Formular, sob forma de declaração comum, um conjunto de recomendações que, no respeito de diversidade, contribuam para uma melhoria qualitativa da representatividade do sector
da economia social perante os poderes públicos, a sociedade em geral e, em particular, as instâncias de concertação social. Na sessão final do Congresso que se realizará ao longo do próximo dia 14 de novembro no grande auditório do ISCTE, em Lisboa, será apresentado um documento de recomendações resultantes das atividades desenvolvidas, em que avultam quatro sessões temáticas, assim como um ato formal de compromisso entre as entidades da economia social, que integram o CNES, da maior importância para o futuro do setor da economia social em Portugal. Deverão, assim, cumprir-se em plenitude os objetivos traçados, acima enunciados, dando um passo muito rele-
vante para o reconhecimento da economia social aos níveis associativo, institucional e político, concretizando
dupla M. Num clube onde muitas vezes se dá todo o destaque a Cristiano Ronaldo, existem dois jogadores que, seguramente, não o merecem. O lateral-esquerdo, Marcelo, passeia classe dentro de um relvado. Parece que está a jogar futebol com os amigos num areal do seu “querido” Rio de Janeiro. Com uma energia invulgar e o futebol a correr-lhe nas veias, Marcelo consegue dar ao desporto rei o que ele mais precisa neste momento: magia, alegria e imprevisibilidade. Roberto Carlos - o cantor, não o seu ídolo - diz numa das suas músicas o seguinte: “Se eu chorei ou se eu sorri o importante é que emoções eu vivi”. E Marcelo leva ao expoente máximo as emoções dos verdadeiros adeptos do futebol. Mais à frente um pouco, embora
apenas no terreno de jogo, mora Modrić. O pequeno génio croata tem uma qualidade de passe tremenda. Tudo fica mais simples e sincronizado quando a bola passa pelo médio de 32 anos. Ritmo, classe e precisão, assim se descreve na perfeição este predestinado. Luka Modrić é um perfume
uma antiga aspiração que, por vicissitudes diversas, vinha sendo adiada ao longo das últimas décadas.
O Douro sabe bem...
Taça em tempo de seca
Tiago Nogueira Jornalista / licenciado em psicologia
A festa da Taça traz ainda mais à memória o sonho de quase todas as crianças do mundo. Porque o futebol no seu estado puro é a coisa mais importante das menos importantes. Muitos ousam afirmar que não entendem o porquê de ter que jogar em sintéticos. Ao que nós che-
gamos. As “vedetas” não entendem. Mas isso é porque têm memória curta. Quando tens somente o sonho de ser futebolista e não tens tempo sequer para pensar nas burocracias do futebol, jogas em qualquer lado. Com qualquer bola. Com 50 mil pessoas a ver-te ou apenas com o teu pai a ficar sem voz por ti. É uma questão de memória. Nunca nos devemos esquecer de onde vimos, seja lá qual for o lado para onde vamos. Nesta terceira eliminatória da Taça de Portugal, nota para as grandes surpresas da prova: Vilaverdense e Farense, que eliminaram o Boavista e o Estoril, respetivamente. Já o Vila Real deu muita luta ao Desportivo das Aves, que só conseguiu o golo da vitória perto do minuto 90. Decidi, desta vez, trazer-vos algo um pouco diferente. A
muito raro que este desporto nos traz somente em alturas especiais. Numa altura em que o tempo de “seca” tem sido prejudicial para o nosso país, isso também se aplica àquele verdadeiro conteúdo no jornalismo. Esforço-me e espero, por isso, que chova. Que chova muito.
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Opinião
Que futuro para a Política de Coesão?
António Fontainhas Fernandes Reitor da UTAD
O governo português lançou uma reflexão sobre o Portugal 2030 e o “Futuro da Política de Coesão”. Os indicadores apontam para os
efeitos positivos sobre a economia portuguesa, atenuando os efeitos sociais da crise e alavancando condições para o crescimento económico, em especial baseado nos bens transacionáveis, incluindo aqui o turismo. A economia conseguiu avançar para um processo de regeneração que urge solidificar, apesar das dificuldades, designadamente ao nível da banca. Contudo, persistem problemas estruturais que o país tem de resolver e que vão condicionar esta geração, casos do endividamento público e do próprio endividamento externo. A nível social, também persistem desequilíbrios que importa resolver, se pretendermos ser uma sociedade mais equitativa e, no
mercado de trabalho, mantêm-se os desafios do desemprego jovem e de longa duração. É neste cenário que deve ser perspetivado o próximo quadro de programação, cujos princípios deverão centrar-se no reforço da competitividade e na coesão social. A posição nacional deverá defender a manutenção do caráter estrutural e do financiamento da política da coesão, o reforço da competitividade enquanto fator vital para a coesão e convergência e, indubitavelmente, o desenvolvimento competitivo dos territórios. Indubitavelmente, é vital reforçar os fundos de coesão para a inovação, qualificação e emprego, privilegiando políticas diferenciadoras para os territórios periféri-
Vindima 2017, novidade e constante.
Manuel de Novaes Cabral Presidente do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, I.P. (IVDP)
É do conhecimento geral que este ano o tempo quente de dia e fresco à noite obrigou à antecipação da vindima de 2017 como não há memória. Depois de um inicio muito acelerado, obrigando à interrupção de férias de muita gente, constata-se, nesta vindima, um prolongamento à partida não espectável, causado pela escassez de mão de obra e permitido pelo equilíbrio e pela qualidade das uvas tintas. O que não constitui novidade e estará bem presente na memória de todos é que durante a vindima se intensificam as ações de fiscalização do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, IP (IVDP). Sendo missão do IVDP certificar, controlar, proteger
e promover as Denominações de Origem Porto e Douro e Indicação Geográfica Duriense, as operações de controlo da qualidade e quantidade dos vinhos do Porto e de regulamentação e fiscalização do processo produtivo são fundamentais e revestem-se de maior importância e pertinência nesta época. As operações incidiram sobre a atividade nos centros de vinificação, nomeadamente com monitorização dos registos de entrada de uvas, operações de controlo na estrada, com a colaboração da GNR, e acompanhamento das vindimas em algumas quintas e agentes económicos. Todos os dias da semana e fim-de-semana as cinco equipas de fiscali-
cos. Na perspetiva das Universidades, o próximo quadro comunitário pós 2020 deve contemplar instrumentos financeiros que permitam manter as políticas de ação social, assegurar a requalificação e capacitação do seu património edificado, bem como o reequipamento do parque científico. Desta forma, se poderá atenuar os efeitos do crónico subfinanciamento público das universidades, que também tem condicionado a valorização e rejuvenescimento de recursos humanos, bem como a drenagem de talentos. De igual modo, é crucial corrigir as políticas do passado que permitam o acesso mais equitativo aos fundos europeus, bem como
da investigação enquanto fator estruturante de um ensino e de uma interação com a sociedade, tal como o aprofundamento da interação com o tecido económico e social. Finalmente, é fundamental que a futura política de coesão europeia e nacional inclua mecanismos compensatórios para as instituições situadas em territórios com maior dificuldade de atração de estudantes e custos de formação superiores. Só assim, será possível consolidar o papel dinamizador das universidades situadas nas regiões do interior e intensificar o seu papel, enquanto polos catalisadores de desenvolvimento económico e de coesão regional e nacional.
zação do IVDP destacadas levaram a cabo estas atividades em toda a Região com objetivos bem claros que passam por: - Controlo de trânsito de uvas e outros produtos vínicos, sobretudo nas zonas de fronteira da Região Demarcada do Douro; - Verificação do cumprimento das normas em vigor relativamente aos procedimentos que constam do Regulamento do Comunicado de Vindima (RCV) aprovado pelo Conselho Interprofissional do IVDP, IP no dia 18 de julho passado e publicado no dia 14 de agosto em Diário da República (Regulamento no 435/2017); - Acompanhamento das vindimas e do trânsito de produtos vínicos no
exterior da Região; - Cruzamento da informação entre trânsito de uvas, Registos de Entradas de Uvas (REU) e realização de vindima; - Acompanhamento de centros de vinificação de outros vinhos e verificação do cumprimento das normas do Comunicado de Vindima. Demarcação, regulamentação e fiscalização são os três pilares sobre os quais o IVDP assenta a sua atividade. É com o máximo rigor e empenho que as equipas do instituto trabalham, não só em época de vindimas, mas ao longo de todo o ano para garantir a proteção e valorização dos vinhos da Região Demarcada do Douro e o seu reconhecimento em Portugal e em todo o mundo.
Água: um recurso fundamental
Ricardo Magalhães Vice-Presidente da CCDR-N
O que seria mais avisado era escrever sobre os incêndios que nos continuam a martirizar, que nos levam a interrogarmo-nos sobre as políticas públicas em curso que abrangem áreas tão distintas como o ordenamento do território, a agricultura, o turismo, o ambiente, a saúde... Mas acabo por achar que faz mais sentido não nos focarmos apenas nas imagens com que somos confrontados de forma tão explícita, mas também no que está por detrás da “cortina de fumo”. Isto é, não bastará olhar para a torneira que abrimos a todo o momento sem hesitação, para perceber o caminho das pedras que a
água tem de percorrer até chegar à casa de cada um. Na verdade, ainda há quem pense que a água chega por milagre à nossa habitação, mas, seguramente, não é por artes mágicas que temos acesso a esse bem tão precioso. O percurso da água é demasiado “caro” para ser tido como algo adquirido e barato. Ora as imagens falam por si! Cerca de 70% do território estará seco. Não há memória de uma situação tão débil, tão crítica. É tal a amplitude e complexidade da situação que estamos perante um desafio estruturante. É nessa perspectiva que deve ser encarada, a expressão: “Quando “falta a água, falta tudo!”. Tal é a repercussão
com incidência no dia-a-dia de cada um, no impacto que tem em diferentes atividades, em particular, na agricultura, no turismo, na energia, etc. A preocupação com a prevenção, com a racionalização de certos usos e desperdícios fazem todo o sentido. Há que reconhecer a necessidade de rever e apurar a estrutura orgânica e institucional da Água. Recordo que só em 2005 é que o País ficou dotado de uma Lei da Água e, mais tarde, de uma Diretiva Quadro da Água e de cinco administrações hidrográficas que marcaram a estrutura de gestão das Bacias Hidrográficas e a criação
do Instituto Nacional da Água. Administração essa que se vinha afirmando pela crescente eficácia do serviço que prestava. Acontece que, em 2011, a então Ministra da Agricultura, Ambiente, Mar e Florestas desfez de uma penada a estrutura atrás citada, sem aviso prévio... Com essas opções de política perdeu-se conhecimento, experiência, boas práticas e capacidade de valorização do recurso. Em termos práticos a capacidade de agir ficou claramente diminuída. Haverá, pois, que reequacionar um novo modelo de gestão que assegure a perenidade deste recurso fundamental.
30 VIVADOURO OUTUBRO 2017
Opinião
Douro Sul: Desafios num novo ciclo
Domingos Nascimento Presidente da Agência Social do Douro
Começa agora um novo ciclo político e social, em contextos cada vez mais desafiadores. O Douro Sul tem bons protagonistas com uma visão larga e clara para este território e para todo o Douro. Neste novo ciclo apresentam-
-se, todos, com nova vontade, novas ideias e novas soluções. Muita consistência, ompetência e tenacidade, caracteriza os autarcas deste território que viram confirmados os seus projetos para os seus concelhos. Rostos novos em S. João da Pesqueira e em Lamego, também estes certamente com visões frescas e reformadoras. As lideranças deste Douro são esperança para esta região. Precisamos muito que da grande proximidade humana entre eles, se construa a proximidade de soluções que afirmem este território e que permitam a reversão da desertificação humana e que potenciem a criação de emprego e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. Mas também a sociedade civil,
papel na construção da cidade Douro Sul. Nesse propósito, a Agência Social do Douro, estrutura da sociedade civil que junta pessoas de diferentes sensibilidades políticas e sociais, tem promovido um trabalho de alerta e apresentação de soluções para os problemas mais prementes da região. Recentemente desenvolveu-se um trabalho aturado no interior da Agência Social com o objetivo de se contribuir para essa luta sem tréguas contra a desertificação e a favor da melhoria da qualidade de vida dos cidadãos do Douro Sul. De forma sintética, realço alguns dos pontos abordados e as soluções encontradas, em particular referindo o que deno-
a cidadania, tem que ter um
minamos de respostas estrutu-
rantes ou as grandes bandeiras para o Douro Sul. Assim, defende-se um programa para a estruturação do tecido empresarial regional – Douro Sul Trabalho, que tem como objetivo promover o emprego na área empresarial e nas organizações do setor social. Este programa teria ainda um papel fundamental na captação de investimento nacional e internacional para a escala do Douro Sul. A Agência Social do Douro, apresenta também uma estratégia para a potenciação das estruturas da saúde e do apoio social, ousando-se fazer uma proposta de criação de um novo modelo assistencial específico para o Douro Sul, com a formalização da Rede Integrada da Saúde e Social. Queremos melhores cuidados
de saúde com melhor aproveitamento dos recursos disponíveis em particular o Hospital de Lamego, as unidades das instituições e os centros de saúde e as suas unidades orgânicas. Ainda, Fazer nascer o programa Douro Sul TEAR – Turismo, etnografia, ambiente e ruralidade, tendo deste modo a Cultura como fator de desenvolvimento local e regional. Entretanto a Agência Social do Douro vai dar continuidade às conferências da Cidade Douro Sul , com o objetivo de promover a reflexão aberta para o desenvolvimento do conceito de cidade conceptual e simbólica – Douro Sul. Todos, Autarcas e sociedade civil, conseguiremos construir mais futuro para esta região. O Douro Sul – Tem futuro.
trabalho e em casa. Para mais esclarecimentos, não hesite em visitar-nos na MultiOpticas-Óptica Oliveiras Lamego, Régua, S. João da
Pesqueira e Albergaria-a-Velha, em que teremos todo o gosto em esclarecer qualquer dúvida que possa ter e apresentar a melhor solução para si.
Síndrome do olho seco
Optometrista (Ótica Oliveiras Multiopticas Lamego, Peso da Régua, S. João da Pesqueira e Albergaria a Velha)
A lágrima tem um papel muito importante no “equilíbrio” do nosso olho, é formada por várias camadas e constituída por água, sais minerais, proteínas e gordura. Quando pestanejamos o filme lacrimal lubrifica, limpa, oxige-
alguns medicamentos (diuréticos, anti-histamínicos, benzodiazepinas, antidepressivos, analgésicos e anticoceptivos), a idade e a menopausa também podem afetar a lágrima. O olho seco pode ocorrer em pessoas de ambos os sexos e em qualquer idade, embora o sexo feminino seja o mais afetado. A síndrome do olho seco não tem cura, contudo existem formas de tratamento eficazes que ajudam no equilíbrio do filme lacrimal. O tratamento passa essencialmente pela utilização de lágrimas artificiais em gotas (colírios), colocadas no olhos várias vezes ao dia. Evitar os fatores de risco atrás enunciados e tomar medidas preventivas, tais como evitar a mudança de hábitos na utilização do computador e ou-
sição ao ar condicionado, o uso abusivo das lentes de contacto,
tros dispositivos digitais, adaptação da iluminação no local de
Foto: DR
Catarina Rodrigues
na, nutre e torna a nossa córnea uma superfície ótica regular e lisa, visa também proteger a superfície ocular das infeções e efeitos nocivos do meio ambiente. Tanta coisa que acontece num só pestanejo. Na síndrome do olho seco não existe a produção de quantidade de lágrima suficiente ou qualidade necessária para manter os olhos bem lubrificados. Um dos sintomas mais frequentes é o vermelhão, ardor ou comichão ocular, irritação excessiva do olho (ao fumo ou ao vento) e o desconforto e complicações com o uso das lentes de contacto, pode também tornar a visão mais desfocada e com maior sensibilidade à luz. Como causas mais frequentes do olho seco temos: o uso excessivo do computador, a expo-
VIVADOURO OUTUBRO 2017 31
Lazer Piadas de bolso:
RECEITA CULINÁRIA VIVADOURO
No manicómio um maluco passeia uma escova de dentes. Médico: - Com que então a passear o cãozinho, hein? - Cão? Sua besta! Nao se vê mesmo que isto é uma escova de dentes?? O médico afasta-se, embaraçado. E o maluco sussura: - Anda daí Bobi, que já enganámos mais um!!
TIRAMISSU Ingredientes: • 500 g de queijo mascarpone • 5 ovos • 5 colheres de sopa de açúcar • 40 palitos de La Reine • 2 chávenas de café sem açúcar • 2 colheres de sopa de Marsala (vinho doce italiano) • Cacau em pó sem açúcar
Preparação:
Separe as gemas das claras. Bata as gemas com o açúcar até a mistura ficar esbranquiçada. Adicione o queijo mascarpone e misture bem. Bata as claras em castelo e junteas lentamente ao preparado anterior. Misture o café morno e o Marsala numa taça e embeba os palitos de La Reine. Coloque metade dos palitos no fundo de uma taça, cubra-os com metade do preparado feito com os ovos, coloque o resto dos palitos e cubra tudo com o que sobra do preparado. Deixe repousar no frigorífico durante pelo menos 3 horas (o ideal é deixar repousar 12 horas). Antes de servir, polvilhe o Tiramisù com o cacau em pó usando uma peneira.
HORÓSCOPO
Maria Helena Socióloga, taróloga e apresentadora 210 929 000 mariahelena@mariahelena.pt
Amor: Saia mais com os amigos e divirta-se. Saúde: Neste mês a sua saúde andará mais vulnerável. Procure reforçar o seu sistema imunitário integrando na sua dieta mais alimentos que reforcem as defesas naturais. Dinheiro: Tenha em atenção os gastos inesperados.
Diz ele para ela: - Posso não ser rico, não ter dinheiro, apartamentos e carros de luxo, ou empresas, como o meu amigo Anastácio, mas amo-te muito, adoro-te, eu sou louco por ti! Ela olhou-o com lágrimas nos olhos, abraçou-o como se o amanhã não existisse e disse baixinho ao seu ouvido: - Se me amas assim tanto de verdade, apresenta-me o Anastácio!
Desafio VivaDouro
Foto: DR
SOLUÇÕES:
solução: 101
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