O BRASIL JUDAICO DESCONHECIDO

Page 1

1

O Brasil judaico desconhecido _______________________________________________________________________Por Carlos Coléct Crescemos aprendendo nas nossas escolas sobre um Brasil indígena e negro, mas nada ouvimos sobre o Brasil judaico.História esta que nos foi ocultada desde o início da descoberta, pelos portugueses ,da terra do Pau Brasil.Madeira que passou a ser conhecida na Europa como “ madeira judaica, devido aos judeus que desempenharam um papel fundamental na exploração desta madeira, mas quando aprendemos sobre este segundo nome do Pau Brasil? Muitos brasileiros hoje não sabem da sua própria história judaica, pois não lhes foi permito pelos homens ter este conhecimento, mas o Eterno nestes dias nos permite saber , pelo seu Poder, o que está escondido nas trevas, pois o seu propósito e Plano não pode ser frustrado pelo homem ou pelo Adversário. A terra até então dos indigenas foi encontrada por Cabral na época em que se vivia a inquisição, encabeçada pelo cristianismo católico e iniciada em 1231 a.C, quando o papa Gregório IX dá início ao “santo ofício”.Esta inquisição chega na penísula Ibérica no séc XV (1478) , surgindo a inquisição espanhola e perdurando até o séc XIX (1834) Nesta época, de uma forma mais explicíta e declarada, tudo o que se opunha ao Cristianismo nascido em Roma, era considerado herege, e condenado a várias punições nos chamados “auto de fé”.Essas punições variam da exposição pública até a pena de morte em fogueiras e outros meios de torturas. Segundo estudiosos a Inquisição foi considerada um importante instrumento na política chamada limpeza de sangue contra os descendentes de judeus e de muçulmanos convertidos e difundia um ideologia anti-semita.Sabe-se que os candidatos a ocupação de um cargo no Tribunal do Santo Ofício deveria comprovar a pureza do sangue, ou seja, não deveria ter descendência judaica.Houve muita perseguição para com os judeus por parte da Igreja. Os judeus que tem origem na peninsula Iberica(Espanha / Portugal) são chamados de Sefarditas, e dentro desse grupo surgem com a inquisição os chamados Maranos, que vem da junção de duas palavras em hebraico “mar + anuss” , que significa “conversos a força”, são os judeus convertidos á força, mas não conversos de coração, estes são os Anussim.O Termo “Maranos” ainda tinha um termo pejorativo entre os perseguidores, pois significa “porco” em espanhol. E estes judeus convertidos a força juntamente com os mulçumanos eram e são denominados de “Cristãos – novos”. Segue o extrato de conversão de um judeu ao Cristianismo Católico na inquisição. “Eu, aqui e agora, renuncio a todo rito e observância da religião judaica, detestando todas as suas mais solenes cerimônias e dogmas, os quais outrora eu guardei e mantive. No futuro, eu não praticarei nenhum rito ou celebração relacionada com essa religião, nem qualquer costume do meu erro passado, prometendo não busca-la ou cumpri-la...[Eu] prometo nunca retornar ao vômito da superstição judaica. Nunca mais eu realizarei nenhum dos ofícios das cerimônias judaicas as quais eu fui ligado, nem nunca mais as apreciarem. [Eu] evitarei todo relacionamento com outros judeus, e manterei meu círculo de amizades entre apenas outros cristãos. [Nós não] nos associaremos com os judeus amaldiçoados, que se mantém sem batismo...Nós não praticaremos a circuncisão carnal, ou celebraremos


2 a páscoa, os sábados, ou outros dias de festas relacionadas com a religião judaica...Com relação a carne de porco, prometemos observar a seguinte regra: De que se devido a um antigo costume, não somos capazes de comela, não iremos por melindre ou erro, recusar as coisas que são cozidas com ela... E se em todos os pontos tratados acima fomos achados culpados de qualquer forma... [então] aqueles entre nós que forem achados culpados, ou perecerão pelas mãos de nossos companheiros, por fogueira ou apedrejamento ou, [se nossas vidas forem poupadas], perderemos imediatamente nossa liberdade, e vocês nos entregarão juntamente com toda nossa propriedade a quem lhes convier para a escravidão perpétua... [Eu] renuncio a toda adoração dos hebreus, à circuncisão, todos os seus legalismos, pão na levedado, a páscoa, o sacrifício de cordeiros, as festas das semanas, os jubileus, as trombetas, a expiação, os tabernáculos, e todas as outras festas hebraicas, seus sacrifícios, orações, aspersões, purificações, expiações, jejuns, sábados, luas novas, comidas e bebidas. E [eu] renuncio a todo costume e instituição das leis judaicas...Em uma palavra, eu renuncio a absolutamente tudo o que é judeu...Juntamente com os antigos, eu excomungo também os rabinos chefe e os novos doutores malignos dos judeus...Se eu me desviar do caminho reto em qualquer modo e profanar a santa fé, e tentar observar a qualquer rito da seita judaica, ou se eu enganar a vocês, de qualquer forma, nos juramentos desse voto...Então que caiam todas as maldições da Lei sobre mim...Caiam sobre mim, sobre minha casa, e todos os meus filhos, todas as pragas que feriram o Egito, e para o horror de outros, que eu sofra em acréscimo, o destino de Data e Abirão, ou seja , que a terra me engula vivo, e depois de eu ter sido privado desta vida, serei ainda entregue ao fogo eterno, na companhia do diabo e seus anjos, compartilhando com os habitantes de Sodoma, e com Judas a punição do fogo; e quando eu chegar diante do tribunal do temível e glorioso juiz, nosso Senhor Jesus Cristo, possa eu ser contado naquela companhia a quem o glorioso e temível juiz, com semblante ameaçador dirá: Apartai vos de mim, malditos para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos"( Dubnow, Simon. Manual de la história Judia. Buenos Aires, Ed. S. Sigal, 4ª Ed. 1955.)

Em 1481, os reis espanhóis Fernando e Isabel mandaram chamar Tomás de Torquemada, um inquisidor espanhol, para investigar denúncias sobre a presença de judaizantes, ou seja, cristãos-novos judeus convertidos e batizados pela Igreja Cristã Católica, mas que continuavam a praticar sua fé judaica de forma escondida.O shabat era observado de forma camuflada, e assim outros costumes e mandamentos da Torah também eram observados de tal forma que não fosse descoberto pelos inquisidores.Mas com a perseguição culminou na expulsão dos judeus da Espanha em 1492. E ordenamos previamente neste édito que todos os judeus e judias de qualquer idade que residem em nossos domínios e territórios, que saiam com os seus filhos e filhas, seus servos e parentes, grandes ou pequenos, de qualquer idade, até o fim de julho deste ano, e que não ousem retornar a nossas terras, nem mesmo dar um passo nelas ou cruzá-las de qualquer outra maneira. Qualquer judeu que não cumprir este édito e for achado em nosso reino ou domínios, ou que retornar ao reino de qualquer modo, será punido com a morte e com a confiscação de todos os seus pertences( Alvará de expulsão dos judeus da Espanha).1

1

Alvará de expulsão dos judeus da Espanha assinado em 1º de março de 1492 pelo Rei Fernando e pela Rainha Isabel da Espanha. Traduzido do Inglês por Thiago Costa. Disponível em http://www.geocities.com/brasilsefarad/.


3 A partir desta data, um número de aproximadamente 120.000 judeus se refugiaram no Reino visinho de Portugal sob o reinado de D.Manoel I, mas com o seu casamento com Isabel, a qual era filha do reis espanhóis católicos, acabaram surgindo novas leis em portugal a cerca dos judeus.E desta forma, também a situação se agravou em Portugal, continuando a conversão forçada e quando estes eram batizados pela Igreja Cristã Católica, recebiam os nomes dos padrinhos.Vários sobrenomes conhecidos no Brasil como: Cruz, Soares, Carneiro, Oliveira, Brandão, Souza, Silva, Castanho, enfim, são diversos os nomes. Neste período inquisitorial de quase 3 séculos, muitas crianças também sofreram com a horrível situação.D. João II (1455-1495), durante seu reinado em Portugal que teve inicio em 1477, mandou pegarem as crianças de 2 à 10 anos e lançarem na Ilha de São Tome(África) pra serem mortas pelas feras.E D Manuel, seu sucessor(1495 -1521), tirou as crianças de 14 anos do seio de suas famílias para serem criadas pelas famílias cristãs. “Em navios providenciados pelo monarca, esses judeus foram obrigados a se retirar [...]. Aqueles que permaneceram no país, após o prazo dado para emigrar, foram transformados em escravos, e seus filhos, crianças entre dois e dez anos, foram transportadas para as ilhas de São Tomé ou Perdidas. A maioria das crianças morreu durante a viagem e as que sobreviveram tornaram-se, segundo os cronistas, ricos plantadores” (Carneiro, 2005, p. 42).

Em meio a este agravamento das relações em Portugal, as terras do Pau Brasil foram descobertas por Pedro Alvares Cabral, trazendo consigo na embarcação alguns judeus de prestígio na corte, tais como: Gaspar Lemos.O qual viu o “Novo Mundo”, como sendo uma “terra prometida” para seu sofrido povo judeu.E neste momento, surge outro nome de esperança para o povo : Fernando de Noranha, um judeu que sendo o primeiro arrendatário do Brasil, mandou chamar mão de obra para a exploração da nova terra, e com isso milhares de judeus fugindo dos males da inquisição vieram para se tornarem os primeiros colonizadores do Brasil. O descobrimento do Brasil em 1500 veio a ensejar uma nova oportunidade para esse povo sofrido. Já em 1503 milhares de “cristãos-novos” vieram para o Brasil auxiliar na colonização. Em 1531, Portugal obteve de Roma a indicação de um Inquisidor Oficial para o Reino, e em 1540, Lisboa promulgou seu primeiro Auto-de-fé. Daí em diante o Brasil passou a ser terra de exílio, para onde eram transportados todos os réus de crimes comuns, bem como judaizantes, ou seja, aqueles que se diziam aparentemente cristãos-novos, porém, continuavam em secreto a professar a fé judaica. De uma simples terra de exílio a situação evoluiu e o Brasil passou a ser visto como colônia. Em 1591 um oficial da Inquisição era designado para a Bahia, então capital do Brasil. Não demorou muito, já em 1624, a Santa Inquisição de Lisboa processava pela primeira vez contra 25 judaizantes brasileiros. (GUIMARÃES.Marcelo .disponível em > http://www.anussim.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id =12&Itemid=27)

Bom, como temos relatos e fatos confirmados pela história, a Inquisição continuou em terras brasileiras, e assim a identidade continuou a se perder em muitas famílias.Muitos hoje no Brasil teem ascendência judaica, porém não sabem disto, por causa das perseguições e conversões ao Cristianismo Católico.Tudo o que se referia a algo judeu, como os costumes, a tradição, palavras hebraicas, a Torah, tudo isto foi removido do contexto de muitas famílias, fazendo com que os netos, bisnetos e tataranetos de


4 “cristãos – novos” não tenham conhecimento dessa identidade judaica, pois nasceram em um ambiente Católico e anti-semita. Logo, surge outro pensamento: “se eu nasci nesse ambiente nada judaico e com um pensamento anti-semita, logo nada tenho de judeu em meu sangue”. Compreendo que hoje é muito difícil saber dessa ascendência judaica somente pelo sobrenome adotado no batismo do “cristão-novo”, mas por observâncias de alguns costumes familiares facilmente se perceberá costumes judaicos ainda preservados nas famílias, ainda que sem conhecimento do porquê de tais costumes.E quanto a isto cabe um estudo mais aprofundado de tais costumes. E além de todo este período inquisitorial, outros eventos imigratórios também trouxeram muitos judeus ao Brasil, um desses foi a 2ª Guerra Mundial, com a perseguição pelos nazistas. Com base em todo este histórico da permanência dos judeus no Brasil, vemos que vários âmbitos da sociedade brasileira foram influenciados por esta cultura, inclusive o campo das artes.A formação da musica popular brasileira recebeu grande influência da música judaica.Vemos isto em algumas canções como o choro “Lamento de idish”, o frevo “klezmer” e a ciranda brasileira “Hoira”.Quem fundou a primeira gravadora do Brasil, a saber a Casa Edison e Odeon foi Fred Figner um tcheco de origem judaica. Bom, com a perseguição acaba-se ocultando a verdadeira identidade, deixando as gerações futuras sem este conhecimento.E quando não se sabe quem é, não se sabe o que deve fazer.Levando em consideração que à Israel o Eterno deu uma vocação irrevogável, para o cumprimento de um chamado específico perante o Eterno em favor das Nações da Terra. Quanto ao evangelho, são eles inimigos por vossa causa; quanto, porém, à eleição, amados por causa dos patriarcas; 29 porque os dons e a vocação de Elohim são irrevogáveis. (Rm 11.28.29)

E por isso não é a toa que sempre houve a investida para se anular a identidade dos Filhos de Israel, e um dos propósitos da vinda do Messias Yeshua é resgatar o que se havia perdido, e isso inclui resgatar a identidade perdida do Povo Judeu, ao qual foi confiado a Palavra do Eterno. Qual é, pois, a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? 2 Muita, sob todos os aspectos. Principalmente porque aos judeus foram confiados os oráculos do Eterno. (Rm 3.1,2) E assim o Eterno tem proporcionado essa Teshuvá, ou seja, esse retorno.Muitos no Brasil tem sido despertados mesmo sem saberem ao certo o que tudo isto significa, mas algo no interior se move para uma volta à identidade judaica, e esta volta não é necessariamente aos costumes e cultura, mas sim um retorno a vocação e chamado que procede desde os tempos antigos, assim estabelecido pelo Eterno. Mas como eu costumo dizer, o despertar pertence ao Eterno, porém o levantar da cama cabe a nossa ação e posicionamento.De nada vale o despertar se não levantarmos da cama.

Shalom Carlos Coléct www.centroteshuva.blogspot.com


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.