Oração - Tefilah

Page 1

ORAÇÃO - TEFILAH Examine-se, pois, o homem a si mesmo...

Oração em hebraico é ‫ תפלה‬tefilah. Palavra que procede da raiz primitiva ‫ פלל‬palal que, no modo

piel, tem o sentido de “mediar, julgar” e expressa uma ação intensiva ou intencional, prolongada ou repetida; piel na forma hitpael significa “interpor-se, interceder” e expressa uma ação reflexiva. Desta forma, oração — no pensamento de um hebreu — vai além das petições e do muito falar, ela abrange um estado meditativo de reflexão e autojulgamento; um ato de mediação entre minha mente (mundo interno) e o mundo que me cerca (externo). A oração Tefilah, neste aspecto, é voltar-se para o interior e encontrar Deus dentro de si e em si mesmo, assim como reflete a prática dita pelo rabino Yeshua: Tu, porém, quando orares, ENTRA no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.

7

E, orando, não useis de fala inútil, como os gentios; porque

presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. 8 Não vos assemelheis, pois, a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade, antes que lho peçais (Mt 6.6-8). Assim, o ato de orar é para si mesmo e não para Deus, porque Deus, sendo Deus, não precisa de orações e nem de alguém que lhe exponha suas necessidades, a humanidade é que precisa orar; é ela que precisa conhecer suas necessidades, examinar-se, sondar a si mesmo, julgar-se, refletir, buscar o Sagrado em seu interior, .... Este ponto de vista se assemelha com as palavras de outro hebreu judeu — Paulo (Shaul) — ao dirigir-se a comunidade de Corinto: Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e, assim, coma do pão, e beba do cálice; 29 pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si. Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. mesmos, não seríamos julgados.

32

31

Porque, se nos julgássemos a nós

Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não

sermos condenados com o mundo (1 Co 11.28-32). Muitos fracos e doentes haviam pela falta do “examinar-se a si mesmo”. As necessidades não eram expostas e conhecidas, produzindo, assim, fraqueza e doença. Quando voltamos os olhos da mente para um autojulgamento (alguns chamam de exame de consciência) interno, de maneira justa, compreendendo e dissernindo os enganos da psique humana, então, conhecemos nossas necessidades, previnimos o enfraquecimento e não somos julgados e condenados com o mundo externo, porque nos autoanalisamos e nos corrigimos sem a necessidade de uma correção externa.

Carlos Coléct


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.