Retorno a BioGênesis (Carlos Coléct)

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Retorno a BioGênesis

O conto do Gênesis (grego) ou Bereshit (hebraico) acerca da criação do mundo (cosmogonia), ao que parece, segundo a comunidade arqueológica, remonta os tempos da Suméria e foi posteriormente adotado e adaptado pelos Hebreus. Esse texto, muito conhecido, dá margem para muitas interpretações; quero partilhar uma delas dentro de uma perspectiva biofísica, correlacionando os eventos criativos do gênesis com o que tem nos faltado, enquanto humanidade, num mundo contemporâneo ocidental. Vale informar que a reflexão a seguir não está no campo teológico, no sentido de discussão sobre esse ou aquele "deus", por isso, não me atenho as questões que se relacionam a este contexto, embora entenda que o estabelecimento de uma cultura ou comportamento humano está intimamente ligado ao culto que, individualmente ou socialmente, é prestado, assim como se reflete na etimologia da palavra cultura, proveniente de culto. Para recordamos, faço uma síntese do episódio que dá início a civilização Humana, segundo a tradição: um mundo em caos necessita de uma recriação e de uma ordem (Gn 1.2). O primeiro ato de criação faz surgir a Luz (Gn 1.3), e a partir da Luz, as demais coisas são criadas: a diferenciação entre Dia e Noite (Gn 1.5), a separação das águas e terra seca (Gn 1.9), plantas (Gn 1.11), luminares e firmamento (Gn 1.14;16), animais (Gn 1.20), e por fim, o Homem com sua essência retirada da terra que, ainda inanimado, recebe em seu interior um sopro divino, tornando-se uma alma vivente, um ser animado, isto é, passa a ter movimento (Gn1.26 / 2.7). Com esses acontecimentos, cria-se um Jardim, um Éden (lugar de prazeres), um paraíso (Gn 2.8). Para permanência do Homem neste local de bem estar, o mesmo recebe uma ordem: “não comeras do fruto da árvore... certamente morrerás. (Gn 2.17)” Neste ponto, minha proposição é iniciada com um questionamento: segundo a cosmogonia antiga, o que precisaríamos rever para sentirmos um pouco mais a sensação de habitar o Paraíso novamente? Para obtermos a resposta, percorreremos o caminho da criação, introduzido a partir da Luz. O que representa a Luz? Ela é a energia, a eletricidade, o magnetismo que percorre todos os corpos existentes; sem ela nada poderia existir. Posteriormente, o Dia foi separado da Noite e as águas da terra seca; os Luminares e os astros celestes regem os dias e as estações da Terra; o Homem finda a criação após a Luz, o dia, a noite, as águas, a terra seca, o firmamento, os luminares, as plantas e os animais, e a ele foi dado a orientação sobre o que deveria comer e não comer, para que assim lhe fosse preservada a vida. Baseando-me nesses relatos e na nossa biofísica, acredito que precisaríamos desmistificar o magnetismo que existe em nós e em tudo o que há a nossa volta; aproveitar a energia dos corpos, a


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eletricidade, as vibrações, a atração e repulsão; aprender a utilizar a Luz solar para mais qualidade de vida corporal e social; compreender que somos uma máquina que funciona por impulsos elétricos e que esse magnetismo, mecânica quântica e eletricidade são pontos primordiais para todas as demais coisas que envolvem nossa existência. Além disso, a separação dos períodos diurno e noturno é vital no "paraíso", não nos faz bem invertermos a ordem, usarmos a Noite para o descanso e o Dia para o trabalho, ou não fazermos essa diferenciação, emendando o Dia com a Noite. Conforme o segundo dia da criação, mantermos a terra seca e as águas nos seus devidos lugares também nos mantém em ordem. Ordem que, nos últimos anos, tem sido alterada pelas inundações e represas hidroelétricas. Terras secas e habitação de seres vivos estão sendo transformadas em "águas", comprometendo a nossa biodiversidade — em nome do "progresso". No terceiro dia, para além do esoterismo, observar o poder que os astros e luminares exercem sobre a Humanidade e planeta também corrobora para o nosso bem estar; eles orientam e organizam as estações. Outro ponto está em repararmos que o mandamento para o Homem foi: “não comerás do fruto...” para não morrer, isto está relacionado ao alimento. Creio que, nos dias atuais, temos sido expulsos de uma sensação de bem estar (paraíso) por meio de uma alimentação inadequada que acarreta enfermidades como: pressão alta, diabetes, colesterol, obesidade, depressão (deficiência na produção de serotonina no intestino), entre outras. Há, alegoricamente, muitas árvores lícitas (alimento) que podemos comer sem que nos traga algum mal. A vida contemporânea tem sido muito apressada — disto não há quem conteste — e é nessa pressa que temos praticado outro pecado. A ilusão do muito movimento tem nos feito seres inanimados, temos nos esquecido de respirar, não temos absorvido o sopro que nos dá movimento; nossa respiração deixou de ser profunda e diafragmática para ser superficial e acelerada; pouco oxigênio tem entrado em nosso organismo, dificultando o seu funcionamento e interrompendo o seu fluxo de energia, tornando-nos mais cansados e ansiosos. E para finalizar esta simples analogia — restando ainda muitos pontos a serem refletidos —, é importante frisar que o Homem foi o último a ser criado, isto é, ele depende de tudo o que foi criado anteriormente. As plantas, o Sol, os animais continuariam a existir sem o Homem, mas não o contrário. Como declara o conto, tudo o que existe serve para mantimento do Homem e não o Homem para mantimento das demais coisas criadas. Tudo o que existe mantém — sustenta — o Homem vivo. "E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento (sustento); e assim foi". (Gênesis 1:30) Talvez seja este o caminho que precisamos trilhar: um retorno à origem, a BioGênesis.


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