SANTO OU ASCÉTICO

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_______________________________________________________________________Por Carlos Coléct SANTO OU ASCÉTICO ? Ser santo não é privar-se de TODOS os prazeres da vida.ser santo é ter a capacidade de DISCERNIR (SEPARAR) entre o prazer lícito e o ilícito.Ser santo no contexto hebraico bíblico é viver os mandamentos do Eterno , e isto vê-se claramente em Lv 20, é ser separado dos mandamentos do Egito(mundo fora do Eterno) para viver a INSTRUÇÃO(TORAH) do Eterno.Ser santo não é NÃO TER falhas, este é o pensamento grego de “perfeição”.Ser perfeito em hebraico é “tamim”, que significa ser integro, inteiro, cumprir a função pelo qual existe. Lv 20.9,8 Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Elohim. 8 Guardai os meus estatutos e cumpri-os. Eu sou o Senhor, que vos santifico (separo). O Eterno, estabelece uma lista ética , moral e cerimonial, a qual possibilita o homem ser separado das práticas do povos estranhos a Ele.Por exemplo, quando o mundo tem por prática o "matar", a mim não cabe o matar, e quando eu não mato, estou sendo santo , ou seja, estou sendo separado de tais praticas. Mas isto não significa privar-se de tudo no mundo terreno, e de todos os prazeres, mas é saber separar o que é lícito e o ilícito, como Shaul disse: "tudo posso , mas nem tudo convém", ou seja, é saber discernir entre o que convém e o que não convém, e isto de acordo com a Instrução(torah) do Eterno, a qual nos possibilita sabermos o que convém e o que não convém através de seus princípios estabelecidos. Ser santo é não compactuar com o pecado, mas sabemos que pecado é o desvio da Instrução(torah) do Eterno, e lógico que quando nõ se examina a Instrução, a Constituição (Torah), então se perde o verdadeiro sentido de "pecado", e acabe-se tendo tudo por "pecado" e sem diferenciação alguma.Mas o Eterno na Torah faz diferenciação entre "pecado" (transgressão) e suas conseqüências. E uma observação a se fazer é que a Torah veio do Céu, ou seja, foi revelada no Sinai, mas veio do Alto, portanto, não se pode receber a revelação da Torah se não for do Alto,.A Torah está no plano do Espírito e só pode ser compreendida no campo do Espírito, e não no campo da natureza terrena caída de Adão, isto é, no plano de baixo.Se querer apenas compreender com os olhos humanos, não verá muita coisa. E por conta desta falta de conhecimento da Torah, entende-se muitas vezes que santidade é ter uma vida isolada e ascética, onde ser santo é LER A BÍBLIA (ESCRITURAS) por várias horas, é ORAR por muito tempo, JEJUAR por vários dias, não VER televisão, NÃO CORTAR o cabelo, enfim, tudo aquilo que de alguma maneira me prive do mundo lá fora E ME TRAGA UMA "FALSA" SENSAÇÃO DE SER


MAIS ESPIRITUAL.Todas estas práticas possuem a sua verdade, mas precisam estar no contexto certo e não no contexto ascético. Privar-se de todos os prazeres se chama ASCETISMO(ramificação da filosofia de Platão), ascetismo este que como PAULO(sHAUL) fala aos colossenses " tem aparência de sabedoria, mas não tem valor algum contra a sensualidade".Shaul(Paulo) está falando dos ascéticos na carta aos Cl 2, daqueles que dizem "não toque isto, não proves aquilo outro". Col 2:21 não manuseies isto, não proves aquilo, não toques aquiloutro ... Col 2:23 Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria, como culto de si mesmo, e de falsa humildade, e de rigor ascético; todavia, não têm valor algum contra a sensualidade. Esta visão ascética é a que mais percorre sobre santidade e sobre o pensamento do Messias, ou seja, vê-se na maioria das vezes um Messias ascético e gnóstico(sem humanidade) , sem prazer algum na vida e que condena todo prazer . Esta visão vem desde o séc IV / V a. C com a filosofia de PLATÃO denominada "os universais e os particulares".Esta filosofia se vê em muitas religiões que buscam a santidade. E no cristianismo medieval este tipo de comportamento ascético é muito visto com o celibato, as auto- flagelações, as práticas de jejuns ,enfim, um afastamento de TUDO o que se constitui por terreno afim de se alcançar uma maior espiritualidade. Juntamente com o pensamento ascético e gnóstico , também a o CINISMO, que segue com o mesmo pensamento , ou seja, seu pensamento era a autarquia e o desprezo pelo prazer. Diógenes de Sínope – o maior nome do cinismo, vivia em um barril. Pregava essencialmente o desapego aos bens materiais e externos. E dentro de tudo isto, precisamos reafirmar que o santo é aquele que sabe DICERNIR entre o prazer LÍCITO E O ILÍCITO, não é aquele que vai para o extremo, e agora vive todos os prazeres que se apresentam diante dele sem discernir, pois nisto irá cair em uma outra ramificação da filosofia grega, ou seja, o HEDONISMO, onde “ O bem estar físico é o sumo bem; e o prazer, o que de fato move a vida”.

Shalom Carlos Coléct www.centroteshuva.blogspot.com


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