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Romances e contos
from Revista Ler - nº 16
by Vera Cruz
Romances e contos
GARCÍA MÁRQUEZ, Gabriel. O amor nos tempos do cólera. Traduzido por Antônio Callado. 47. ed. Rio de Janeiro: Record, 2016. 432 p.
Narra a paixão do telegrafista, violinista e poeta Florentino Ariza por Fermina Daza. Ainda muito jovem, Florentino se apaixona por Fermina, mas o romance enfrenta a oposição do pai da moça, que tenta impedir o casamento enviando a filha ao interior numa viagem de um ano. Tudo isso ocorre enquanto a Colômbia enfrenta uma epidemia devastadora de cólera. Fermina acaba por se casar com Juvenal Urbino, médico conceituado por erradicar a doença. Inesperadamente, após 53 anos da separação, ela reencontra Florentino.
GOTTHELF, Jeremias. A aranha negra. Traduzido por Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: Editora 34, 2017. 168 p.
Nessa novela, escrita em 1842, inspirada em lendas e sagas medievais, além da Bíblia, e nos surtos de peste negra que assolaram a vila de Sumiswald nos séculos 14 e 15, a festa de batizado de uma criança dá ensejo ao relato, por parte do avô da família, da terrível história da aranha negra, que aterroriza e dizima a população local após a quebra de um pacto com o diabo, e cuja superação exigirá igualmente coragem, fé, astúcia e sacrifício.
KING, Stephen. A dança da morte. Traduzido por Gilson B. Soares. Rio de Janeiro: Objetiva, 2005. 940 p.
Após um erro de computação no Departamento de Defesa, um vírus é liberado, e um milhão de contatos casuais formam uma cadeia de morte: é assim que o mundo acaba. O que surge em seu lugar é um ambiente árido, sem instituições e esvaziado de 99% da população. É um lugar onde sobreviventes em pânico escolhem seus lados – ou são escolhidos. Os bons se apoiam nos ombros frágeis de Mãe Abigail, com seus 108 anos de idade, enquanto todo o mal é incorporado por um indivíduo de poderes indizíveis: Randall Flagg, o homem escuro. Nesse livro, King cria uma história épica sobre o fim da civilização e a eterna batalha entre o bem e o mal.
BOCCACCIO, Giovanni. Decamerão. Traduzido por Torrieri Guimarães. São Paulo: Abril Cultural, 1970. 582 p. (Os imortais da literatura universal).
Estruturada em cem contos escritos por Giovanni Boccaccio entre 1348 e 1353, é certamente a principal obra literária de referência para entender o período da peste negra na Europa, pois foi escrito no auge da crise. No livro, Bocaccio, considerado uma das principais vozes do Renascimento italiano, traz muitas passagens descrevendo os flagelos da peste, que chamava de “mortífera pestilência”.
CRICHTON, Michael. O enigma de Andrômeda: o futuro (bem) próximo. Traduzido por Fábio Fernandes. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 306 p.
Um satélite espacial cai na Terra. Com o objetivo inicial de investigar possíveis vidas alienígenas, o satélite militar acaba saindo de órbita antes do tempo previsto. A 20 quilômetros do local da queda, cadáveres abarrotam as ruas de uma cidadezinha no deserto do Arizona. Equipes de busca, responsáveis por localizar a sonda, encontram apenas dois sobreviventes: um idoso viciado e um bebê recém-nascido. Para investigar o ocorrido, o governo dos Estados Unidos mobiliza o Projeto Wild Fire, um protocolo de emergência ultrassecreto. A fim de encontrar uma solução para o problema das mortes súbitas, quatro dos cientistas mais importantes do país são levados para um laboratório subterrâneo secreto no deserto, equipado com um sistema de autodestruição atômica para o caso de contaminação. Mas o enigma de Andrômeda se revela diferente de tudo o que a ciência já viu – e, se os cientistas não descobrirem rapidamente como agir, uma catástrofe mundial sem antecedentes pode acabar acontecendo.
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira: romance. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 310 p. Um motorista parado no sinal se descobre subitamente cego. É o primeiro caso de uma “treva branca” que logo se espalha incontrolavelmente. Resguardados em quarentena, os cegos se perceberão reduzidos à essência humana, numa verdadeira viagem às trevas. O “Ensaio sobre a cegueira” é a fantasia de um autor que nos faz lembrar “a responsabilidade de ter olhos quando os outros os perderam”. José Saramago nos dá, aqui, uma imagem aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti.
VARGAS, Fred. Fuja logo e demore para voltar. Traduzido por Dorothée de Bruchard. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. 336 p.
Joss Le Guern é um ex-marinheiro que decidiu recuperar um antigo ofício de família: um de seus ancestrais percorria aldeias da Bretanha levando notícias do Império. Le Guern, porém, instala seu pregão em plena Paris de hoje. Em três edições diárias, ele anuncia declarações de amor, protestos e boas novas de quem lhe deixar bilhetes – e alguns francos – em uma urna instalada em praça pública. Numa época dominada pela alta tecnologia, o pregoeiro torna-se uma atração. Até que mensagens apocalípticas começam a aparecer: as citações, em latim e francês antigo, preveem a chegada de uma onda de peste negra. Ao mesmo tempo, um grande “4” invertido aparece inscrito em tinta preta nas portas de diversos prédios da cidade. Cadáveres não demoram a surgir, enegrecidos e picados de pulga. Jean-Batiste Adamsberg e seu assistente Danglard são chamados para a investigação.
XAVIER, Valêncio. O mez da grippe: e outros livros. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. 324 p., il.
Lançados entre 1981 e 1998, os cinco livros que formam essa edição lembram uma caixa de brinquedos: dão ao observador muitas informações sobre quem os colecionou. Em O Mez da grippe, Valêncio Xavier parte do entrelaçamento entre recortes de jornais, fotografias, depoimentos de sobreviventes e anúncios publicitários do início do século passado, para produzir uma novela a partir das colagens desses fragmentos, numa narrativa que retrata uma Curitiba assolada pela gripe espanhola em 1918.
MANN, Thomas. A montanha mágica. Traduzido por Herbert Caro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. 958 p.
A obra trata da história de um jovem engenheiro naval alemão chamado Hans Castorp. Ele visita o primo Joachim Ziemssen num sanatório destinado ao tratamento de doenças respiratórias localizado em Davos, nos Alpes suíços, pouco antes do começo da Primeira Guerra Mundial. Apesar de ser encaminhado ao sanatório apenas para uma visita e para tratar uma anemia, Hans Castorp vai aos poucos mostrando sinais de que tem tuberculose pulmonar e acaba estendendo sua visita ao sanatório por meses e anos, pois sua saída é sempre adiada por causa da doença, uma das mais devastadoras da Europa entre os séculos 18 e 20.
ROTH, Philip. Nêmesis. Traduzido por Jório Dauster. São Paulo: Companhia das Letras, 2011. 194 p.
Uma epidemia terrível ameaça as crianças de Newark com a paralisia e a invalidez, quando não com a própria morte, nos idos da Segunda Guerra. Esse é o tema do livro de Philip Roth: um surto de poliomielite no verão de 1944 e seu efeito sobre uma comunidade de Nova Jersey. A figura central de Nêmesis é Bucky Cantor: um jovem professor de educação física de 23 anos que é responsável pelo pátio de recreio de uma escola. À medida que a poliomielite começa a devastar o grupo de crianças que frequenta o pátio, não resta opção a Cantor senão absorver a realidade chocante que o cerca, com toda carga de horror, raiva, pânico, sofrimento e dor.
CAMUS, Albert. A peste. Traduzido por Valerie Rumjanek. 23. ed. Rio de Janeiro: Record, 2017. 288 p.
Romance que destaca a mudança na vida da cidade de Orã, Argélia, depois que ela é atingida por uma terrível peste, transmitida por ratos, que dizima sua população. Narrado do ponto de vista de um médico envolvido nos esforços para conter a doença, o texto ressalta a solidariedade, a solidão, a morte e outros temas que auxiliam na compreensão dos dilemas do homem moderno. Nesse clássico do escritor existencialista francês Albert Camus, a cidade argelina tomada pela peste bubônica serve como metáfora dos horrores da Segunda Guerra Mundial.
LE CLÉZIO, Jean-Marie G. A quarentena. Traduzido por Márcia Lúcia Machado. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. 368 p.
Em 1891, Jacques e seu irmão Léon, dez anos mais moço, navegam para a ilha Maurício, onde nasceram e da qual foram afastados ainda quando crianças. Uma suspeita de varíola no navio em que viajam obriga que todos os passageiros sejam postos em quarentena numa ilhota das proximidades. Enquanto Jacques, médico recém-formado, cuidará dos doentes com os meios precários de que dispõe, Léon viverá uma revelação iniciática, ao conhecer a natureza, a vida selvagem e o amor.