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Desafios para o futuro

Mudanças no comportamento das pessoas quanto ao convívio social e aos hábitos de higienes também podem favorecer o fim das epidemias. Embora o medo de ser infectado pela doença possa deixar uma cicatriz psicológica, quando não excessivo possibilita a busca pela boa saúde. “Mas”, observa ainda José Prieto, “quando tudo passar, também chegará o esquecimento, é inevitável” (MEDIAVILLA, 2020).

As mudanças de temperatura e clima representam um potencial para a evolução de novos vírus, que sofrem mutações genéticas para se adaptarem às novas condições ambientais. O calor, por exemplo, aumenta a proliferação de mosquitos transmissores de doenças infecciosas para áreas onde eles até então não existiam.

De acordo com esse raciocínio, acredita-se que o aquecimento global possa contribuir para novos riscos aos seres humanos: o derretimento dos gelos glaciais em regiões como o Ártico e a Antártida, por exemplo, pode trazer à tona antigas doenças e liberar vírus e bactérias ancestrais, que voltam à vida caso encontrem um hospedeiro. Em janeiro deste ano, 28 grupos de vírus desconhecidos foram encontrados por cientistas chineses e estadunidenses em geleiras no Tibete. Na tundra do Alasca, cientistas descobriram fragmentos do DNA da gripe espanhola em corpos enterrados em valas comuns.

Além disso, a destruição de florestas e habitats naturais, para a expansão de zonas habitadas, representa um grande problema, uma vez que expõe os seres humanos a novos vírus desconhecidos, que antes estavam isolados na natureza. Ao se desmatar uma área, exterminando sua fauna e flora, a possibilidade de contaminação aumenta, pois os vírus são liberados de seus hospedeiros naturais. Já em regiões urbanas, a falta de infraestrutura de saneamento básico também pode espalhar doenças, pois existem vírus presentes em água sem tratamento. O saneamento possui um papel fundamental no controle da disseminação e do risco de transmissão.

Um grupo formado pelos maiores especialistas em biodiversidade do mundo, dentre eles o antropólogo brasileiro Eduardo Brondizio, integrante da Coalizão Ciência e Sociedade, publicou um artigo afirmando que se a destruição da natureza não tiver um fim é provável que doenças ainda mais mortais e destrutivas atinjam a humanidade no futuro, de forma mais rápida e frequente. “Podemos sair da crise atual mais fortes e resistentes do que nunca, com ações que protegem a natureza, para que a natureza possa ajudar a nos proteger”, concluem (BRONDIZIO et al., 2020).

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