NOV/DEZ 2016 Nº 18
Novembro Azul ESMO 2016
Pesquisa clínica: caminho para maior entendimento da doença As pesquisas clínicas em seres humanos embasadas em questões éticas são responsáveis pela descoberta de tratamentos inovadores. Com base nas análises clínicas feitas por médicos pesquisadores, é possível, por exemplo, investigar alternativas de medicamentos, técnicas cirúrgicas e procedimentos terapêuticos. Tudo sob o controle da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), criada pela Resolução nº 196/96, do Ministério da Saúde, que analisa e acompanha os princípios morais das pesquisas em seres humanos e desenvolve a regulamentação para proteção dos participantes. De acordo com Rogéria Moreira, diretora do Instituto COI de Pesquisa, Educação e Gestão, as oportunidades para os pacientes brasileiros têm crescido muito nos últimos anos, mas a participação deles como voluntários em estudos poderia ser maior: “Pesquisas clínicas estão relacionadas à evolução e ao grau de desenvolvimento de novidades, que
se traduzem em benefícios; elas são fundamentais para a criação de medicamentos seguros e eficazes”. A diretora destaca que os Estados Unidos já conseguem envolvimento de até 5% da população nas pesquisas, enquanto, no Brasil, nem 0,5% das pessoas participa dos estudos clínicos. Rogéria diz que a existência do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para o participante da pesquisa é uma etapa importante do processo. Entende-se como “Livre” por não poder haver nenhum tipo de influência na tomada de decisão do participante da pesquisa, e “Esclarecido” por considerar que o compromisso com o pesquisado não é apenas o de informar, mas o de elucidar as etapas. Os médicos especialistas dedicados aos estudos identificam as pessoas com perfil para cada investigação, propõem a participação e só as incluem se elas consentirem. “O indivíduo deve encarar as pesquisas como mais uma opção, não como um caminho desconheci-
Campanha Pesquisa Clínica
do, pois elas permitem maior entendimento do câncer, dos sintomas e dos cuidados”, afirma. A proposta do Instituto COI é gerar informações em saúde e promover estudos sobre novos medicamentos para o tratamento de diferentes tipos de câncer ou formas diferentes de utilização dos já conhecidos. Desde o início de 2016, o número dos protocolos de pesquisa subiu de três para 22 e continua em ascensão. As pesquisas são acompanhadas por uma equipe alinhada com a qualidade científica, os processos regulatórios e o comprometimento em oferecer o melhor aos pacientes. “Estamos satisfeitos, mas podemos sempre melhorar. Os estudos abrem um grande leque de opções e mostram como podemos ajudar o maior número de pessoas”, completa Rogéria. Quem tiver interesse em mais informações sobre o tema ou em candidatar-se para estudos clínicos, basta acessar o site do Instituto COI: www.institutocoi.org
Um novembro para incentivar você a se cuidar mais Homens e mulheres que precisam de um incentivo para se cuidar melhor no dia a dia e fazer check-ups médicos periódicos têm, no mês de novembro, quatro oportunidades: o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata (17/11) e a campanha Novembro Azul, que orientam a população masculina sobre a doença; o Dia Nacional de Combate ao Câncer (27/11); e o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Pele (29/11). Saúde integral do homem O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, em 2016, serão diagnosticados mais de 60 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil – o segundo tipo de tumor mais comum entre os homens, que fica atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Fábio Affonso Peixoto, oncologista do COI, explica que o avanço do câncer de próstata é lento, e os sintomas, como são silenciosos, podem se confundir com a hiperplasia benigna da próstata, por exemplo – um aumento do órgão que acontece com a idade. “O mais comum mesmo é o homem não sentir nada. Por isso, é fundamental fazer o exame de toque retal e a dosagem do PSA no sangue anualmente, a partir dos 45 anos. O toque é insubstituível e o PSA é apenas complementar”, ressalta Fábio. O oncologista afirma, ainda, que não existe prevenção propriamente dita, mas diagnóstico precoce. “Um homem que faz exercícios físicos regulares, tem uma dieta
saudável e controla o estresse certamente tem menos chances de adoecer que alguém com qualidade de vida ruim. Devemos dedicar o mês à saúde masculina como um todo. Isso é o mais importante”, completa. Não por acaso, esse é norte da campanha Novembro Azul de 2016, “De Novembro a Novembro Azul - Movimento permanente pela saúde integral do homem”, criada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida. Em todo o país, serão feitas atividades de orientação sobre o câncer de próstata e a saúde do homem, além de ações para estimular a atividade física. Haverá ainda a distribuição de material informativo, e prédios e grandes construções serão iluminados com a cor azul, como o Viaduto do Chá, em São Paulo, e o Congresso Nacional, em Brasília. No Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, 17/11, o Cristo Redentor também ficará azul. Controle o Sol O final de novembro, quando a temperatura começa a subir, não poderia ser mais oportuno para o Dia Nacional de Combate ao Câncer de Pele (29/11), segundo Gélcio Mendes, oncologista do COI. “O câncer de pele é o mais comum no Brasil. O INCA prevê quase 176 mil casos em 2016. O fato de termos um evento para lembrar a importância dos cuidados com a pele é muito válido, além de reforçarmos hábitos que devem se prolongar durante o ano todo”, diz.
Os dois principais fatores de risco para o câncer de pele são a exposição ao sol e as características da pele de cada pessoa quando exposta ao sol. Aqueles que frequentemente se queimam ao sol e raramente se bronzeiam e têm olhos e cabelos claros correm maior risco do que pessoas que se bronzeiam, têm cabelos escuros e pele morena. “Chapéu, roupa e sombra são essenciais. O protetor solar potencialmente diminui o risco de câncer de pele, mas poucos são os estudos que avaliam isso no uso do produto a longo prazo. Recomendamos usar filtro fator 30 e seguir todas as recomendações do fabricante, como, por exemplo, aplicar e esperar, pelo menos, 20 minutos pra se expor e prestar atenção às áreas onde geralmente as pessoas se esquecem de passar, como nuca, orelhas e atrás dos braços”, explica Gélcio. Além disso, segundo ele, é preciso visitar o dermatologista se a pessoa suspeitar ou notar o aparecimento de lesões, manchas acastanhadas ou enegrecidas e feridas na pele que não cicatrizam. A Sociedade Brasileira de Dermatologia mantém o hotsite www.controleosol.com.br, que faz parte da campanha #dezembrolaranja e traz dicas de medidas fotoprotetoras, entre outros serviços para a população. Alguns dos principais monumentos do Brasil também costumam participar da campanha. Em 2015, o Cristo Redentor, o Congresso Nacional e o Morro da Urca (RJ) foram iluminados com a cor laranja.
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Editor Médico do Grupo COI Fernando Meton
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Imunoterapia é destaque no ESMO 2016 O congresso anual da Sociedade Europeia de Oncologia Clínica, ESMO, é a principal plataforma científica de apresentação de pesquisas em oncologia e une todas as partes interessadas – pesquisadores, médicos e pacientes – em encontrar as soluções mais eficazes de tratamento para o câncer. Em 2016, o ESMO foi na cidade de Copenhague, na Dinamarca, de 7 a 11 de outubro, e teve a presença de vários médicos do Grupo COI. Confira o que eles consideraram de mais promissor no evento: GENITURINÁRIO Para o oncologista Humberto Cottas, um dos destaques do ESMO 2016 em tumores geniturinários foi a atualização do estudo CHAARTED, que confirmou o benefício da quimioterapia combinada à hormonoterapia para câncer de próstata metastático com alto volume de doença, porém nenhum ganho real da estratégia para o grupo com metástase e baixo volume. Por sua vez, Gisele Marinho, coordenadora do Grupo COI, selecionou o SPECT, que avaliou o Sunitinib no tratamento adjuvante de pacientes com câncer renal de alto risco, concluindo que o medicamento aumenta a sobrevida livre de doença, mas ainda sem dados sobre maior sobrevida global do paciente; e, ainda, o estudo CABOSUN, que comparou o tratamento-padrão
com Sunitib x Cabozantinib e cujo resultado foi maior sobrevida livre de doença e global. PULMÃO Durante a Sessão Presidencial, foi apresentado o estudo KEYNOTE 024, que, segundo Mauro Zukin, diretor técnico do COI, muda completamente a vida dos pacientes com câncer de pulmão. A terapia com imunoterapia (Pembrolizumab) foi comparada ao uso da quimioterapia (combinação de platina) e mostrou superioridade não só em eficácia, mas também em efeitos efeitos colaterais. Pessoas com câncer de pulmão avançado receberam Pembrolizumab e tiveram sobrevida global superior e maior sobrevida livre de progressão. COLORRETAL “Um dos pontos mais importantes do congresso foi a apresentação da análise retrospectiva de estudos clássicos sobre tratamento do câncer colorretal, no que se refere à localização anatômica do tumor”, conta Fernando Meton, diretor médico executivo do Grupo COI. “Foi confirmado que os tumores do lado direito do intestino têm pior prognóstico e podem responder melhor aos tratamentos com Bevacizumabe; já os tumores do lado esquerdo têm melhor prognóstico e podem responder mais ao Cetuxi-
mabe ou ao Panitumumabe. “Fica evidente que as diferenças das características moleculares dos tumores é que devem ser os marcadores que nos ajudarão a definir o melhor tratamento e a entender a agressividade de cada tumor”, explica Fernando. NÃO COLORRETAL Do ESMO 2016, o oncologista Alexandre Palladino escolheu o CHECKMATE-040, que avaliou o uso da imunoterapia (Nivolumab) em pacientes com câncer de fígado cujo tratamento prévio com Sorafenib havia falhado. A taxa de resposta foi de 15%, com excelente tolerância à droga. “Pode parecer pouco, mas, em se tratando da doença bastante avançada e levando em consideração a baixa toxicidade, é um bom avanço na área”, pontua Alexandre. MAMA O estudo FALCON foi o destaque do evento para a oncologista Miriam Chueke. Demonstrou superioridade na sobrevida livre de progressão em favor do tratamento com Fulvestranto, quando comparado ao Anastrozol, principalmente em doença de baixo volume, ou seja, quando não havia doença visceral. O FALCON foi realizado com pacientes portadoras de câncer de mama avançado, na pós-menopausa, com receptor hormonal positivo e sem exposição prévia à terapia hormonal.
Da esquerda para a direita: Dr. Alexandre Palladino, Dra. Gisele Marinho, Dr. Fernando Meton, Dra. Mirian Chueke, Dr. Humberto Cottas e Dr. Mauro Zukin
Histórias de Superação: Maria Fernanda Gomes de Paulo
Com apenas cinco anos, uma nova certidão de nascimento Uma simples batida na perna, normal entre crianças durante as brincadeiras, pode ter salvado a vida de Maria Fernanda Gomes de Paulo, de cinco anos. Depois do incidente, em meados de dezembro de 2015, ela começou a sentir dores no local, e seus pais, Andréa Georgina Gomes e João Paulo de Paulo, levaram a menina ao pediatra. O diagnóstico foi dor de crescimento e Maria Fernanda tomou os medicamentos indicados para resolver o problema. “Antes da batida com a perna, ela se alimentava bem, não tinha febre, não tinha nada”, relembra Andréa. Como as dores continuaram fortes no Natal e no Ano-Novo, Maria Fernanda foi levada, então, para um serviço de emergência, onde foi feita uma radiografia. O médico de plantão identificou o que poderia ser um tumor e pediu que os pais investigassem. Andréa conseguiu uma consulta na manhã do dia seguinte e outro diagnóstico equivocado: osteomielite. A menina foi internada numa clínica infantil para receber antibiótico e marcar a cirurgia de retirada do pus da suposta infecção. No dia do procedimento, a ortopedista olhou o exame e não viu pus algum. A intervenção foi cancelada e a médica solicitou uma ressonância e uma cintilografia. Os exames foram feitos no Hospital Vitória, na Barra, onde o Grupo COI é responsável pela oncologia pediátrica. Os resultados comprovaram a desconfiança do médico do pronto-socorro: havia um tumor na tíbia esquerda. A biópsia do material foi realizada pelo ortopedista oncológico Rodrigo Cardoso, também no Vitória, e o diagnóstico foi sarcoma de Ewing. Os médicos foram unânimes na orientação aos pais: como a doença atingiu a placa de crescimento e Maria Fernanda ainda é uma criança, não poderia ter uma prótese interna. A única solução era desarticular a tíbia e amputar até a altura do joelho. Todos alertaram para a urgência da cirurgia, já que esse tipo de câncer pode se espalhar rapidamente pelo corpo. Em fevereiro começaram as sessões de quimioterapia e, três
meses depois, houve a retirada do osso, que passou por outra biópsia. “Graças a Deus, nenhuma célula cancerígena ficou. A médica nos disse que era uma nova certidão de nascimento da nossa filha”, diz Andréa, aliviada. Maria Fernanda inicia agora uma nova vida junto dos pais e das duas irmãs. Seus sonhos ganham novamente a possibilidade de serem concretizados e ela já fala até em ser médica quando crescer. A influência parece vir da equipe pela qual a pequena tem muito carinho: as oncologistas pediátricas do COI Anna Carolina Paes e Flávia
Vasconcellos, a enfermeira Camila Telles, do Vitória, e o ortopedista Rodrigo Cardoso. Em breve, Maria Fernanda terá uma prótese “cor-de-rosa”, como fez questão de contar durante a entrevista ao Boas Novas. “Foi muito difícil quando descobrimos o tumor, mas a vida é mais importante do que uma perna e ter a nossa filha conosco é motivo de grande agradecimento”, comemora Andréa. “Ela encarou o tratamento muito bem, sem dores, sem abatimento e continuou com um sorriso lindo que impressiona a todos.”