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CENTRO DE APOIO PARA
ADOLESCENTES COM DEPRESSÃO
CAROLINA ALMEIDA SOMBRA
FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA - UNIFOR CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS - CCT ARQUITETURA E URBANISMO
CAROLINA ALMEIDA SOMBRA
CENTRO DE APOIO PARA
ADOLESCENTES COM DEPRESSÃO
Fortaleza - Ceará 2018
CAROLINA ALMEIDA SOMBRA
CENTRO DE APOIO PARA
ADOLESCENTES COM DEPRESSÃO Trabalho de Concusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito à obtenção do título de Graduação. Orientador: Prof. MSC Marcos Bandeira de Oliveira
Fortaleza - Ceará 2018
CAROLINA ALMEIDA SOMBRA
CENTRO DE APOIO PARA ADOLESCENTES COM DEPRESSÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza como requisito à obtenção do título de Graduação. Fortaleza, ____ de Dezembro de 2018. BANCA EXAMINADORA ________________________________________ Arq. Marcos Bandeira de Oliveira Orientador ________________________________________ Arq. Nathalie Guerra Castro Albuquerque Membro da Banca Examinadora ________________________________________ Arq. Alesson Paiva Matos Membro da Banca Examinadora
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“A depressão é a doença mais frequente na adolescência.” - Organização Mundial de Saúde (OMS)
RESUMO A depressão é uma doença que pode trazer danos físicos e psicológicos à vida de uma pessoa, e tem uma incidência cada vez maior de casos em adolescentes. Tendo isso em vista, foram estudados os efeitos da arquitetura e do paisagismo no tratamento dessa doença, a fim de projetar um Centro de Apoio Psicológico para Adolescentes com Depressão. O projeto traz o contato com a natureza como o principal ponto de partida, além do aproveitamento da luz natural e da criação de espaços dinâmicos e integradores, que proporcionem a interação entre os pacientes e equipe. O programa de necessidades contempla espaços de hospedagem (para os pacientes que precisam ficar internados), descanso (para os que forem apenas passar o dia), apoio psicológico aos pacientes e familiares, espaços para atividades artísticas e esportivas, espaços de convivência, entre outros. Palavras-chave: Arquitetura; Depressão; Psicologia Ambiental; Centro de apoio.
ABSTRACT Depression is a disease that can bring physical and psychological damage to a person’s life, and has an increasing incidence of cases in adolescents. Taking this into consideration, the effects of architecture and landscaping in the treatment of this disease were studied in order to design a Psychological Support Center for Adolescents with Depression. The project brings the contact with nature as the main starting point, as well as the use of natural light and the creation of dynamic and integrating spaces that provide the interaction between the patients and the staff. The needs program include accommodation spaces (for patients who need to be hospitalized), rest (for those who just spend the day), psychological support to patients and families, spaces for artistic and sports activities, living spaces, among others . Keywords: Architecture; Depression; Environmental Psychology; Support center.
LISTA DE figuras Figura 1: Lotação no Colônia, maior Hospício do Brasil Figura 2: Paciente bebendo água do esgoto Figura 3: Crianças mantidas em berços no Colônia Figura 4: Cela de isolamento com pequena abertura na porta Figura 5: Doente coberto por moscas no Colônia Figura 6: Criança doente e coberta por moscas Figura 7: CAPS existentes em Fortaleza Figura 8: Jardim com cores vivas Figura 9: Espaços que propiciam maior interação Figura 10: Vegetação muito densa, não permitindo a permeabilidade visual Figura 11: Vegetação menos densa, permitindo a permeabilidade visual e criando espaços mais agradáveis. Figura 12: Mobiliário em módulos versáteis Figura 13: Lago artificial com peixes, elemento do paisagismo do jardim Figura 14: Horta proporcionando maior interação entre as pessoas
Figura 15: Aproveitamento da iluminação natural. Figura 16: Incentivo da atividade física inclusive nos ambientes internos Figura 17: Incentivo da atividade física inclusive nos ambientes internos Figura 18: Claraboias triangulares permitindo a entrada da luz natural e cultivo de plantas em estufa Figura 19: Planta baixa Centro de Tratamento de Câncer Figura 20: Edifício cercado por jardins Figura 21: Uso de vidro nas paredes Figura 22: Criação de pátio central Figura 23: Implantação Centro Psiquiátrico Friedrichshafen Figura 24: Planta Baixa Centro Psiquiátrico Friedrichshafen Figura 25: Uso do concreto aparente e da madeira Figura 26: Pátio interno com vegetação Figura 27: Visualização do espaço externo Figura 28: Implantação diminuindo a necessidade do uso de cercas e muros Figura 29: Áreas de lazer Figura 30: Áreas de convivência internas Figura 31: Planta baixa Centro Hospitalar
Adolescente Figura 32: Setorização dos espaços Figura 33: Fluxograma Figura 34: Bairros considerados centrais na cidade de Fortaleza Figura 35: Localização do terreno Figura 33: Bairros considerados centrais na cidade de Fortaleza. Figura 34: Localização do terreno. Figura 35: Imagem do terreno. Figura 36: Localização do terreno no bairro. Figura 37: Terreno escolhido. Figura 38: Uso do solo nos entornos. Figura 39: Diagnóstico mobilidade. Figura 40: Terreno escolhido. Figura 41: Propostas de setorização. Figura 42: Propostas de implantação. Figura 43: Tipos de interações desejadas. Figura 44: Fluxograma. Figura 45: Evolução do projeto. Figura 46: Setorização. Figura 47: Alteração na topografia. Figura 48: Situação e coberta. Figura 49: Implantação. Figura 50: Vista aérea. Figura 51: Entrada Principal. Figura 52: Planta Baixa.
Figura 53: Planta Mezanino. Figura 54: Cortes. Figura 55: Fachadas. Figura 56: Ampliação 1. Figura 57: Expositores. Figura 58: Recepção. Figura 59: Ampliação 2. Figura 60: Ampliação 3. Figura 61: Perspectiva 1 sala de estar. Figura 62: Perspectiva 2 sala de estar. Figura 63: Perspectiva 1 mezanino sala de estar. Figura 64: Perspectiva 2 mezanino sala de estar. Figura 65: Ampliação 4. Figura 66: Ampliação 5. Figura 67: Ampliação 6. Figura 68: Sala de dança e teatro. Figura 69: Sala de ioga e meditação. Figura 70: Bloco de lazer e terapias. Figura 71: Anfiteatro. Figura 72: Vista superior do anfiteatro. Figura 73: Detalhe trilhos fachada. Figura 74: Modelo placa fachada dinâmica. Figura 75: Perspectiva 1 pátio interno. Figura 76: Perspectiva 2 pátio interno. Figura 77: Perspectiva 3 pátio interno.
Figura 78: Perspectiva isomĂŠtrica escultura interativa. Figura 79: Planta baixa escultura interativa. Figura 80: Esquema cortina de brises. Figura 81: Tipos de quartos. Figura 82: Perspectiva hospedagem. Figura 83: Apoio hospedagem. Figura 84: Elementos quartos. Figura 85: Modelo esquadrias Figura 86: Planta Hospedagem. Figura 87: Cortes Hospedagem. Figura 88: Evolu;ĂĄo da coberta. Hospedagem. Figura 89: Detalhe Calha. Figura 90: Perspectiva 2 hospedagem. Figura 91: Perspectiva 3 hospedagem. Figura 92: Estrutura explodida.
LISTA DE TABELAS Tabela 1: Efeitos das cores nos pacientes em ambientes hospitalares Tabela 2: Programa de necessidades Tabela 3: Pré-dimensionamento do programa de necessidades Tabela 4: Legislação ZOP 1 Tabela 5: Quadro de áreas Tabela 6: Quadro de esquadrias
LISTA DE abreviações OMS - Organização Mundial de Saúde CAPS - Centro de Apoio Psicossocial ZOP1 - Zona de Ocupação Preferencial 1
SUMÁRIO
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INTRODUÇÃO .........................................................................................................20
3
AS TERAPIAS COMPLEMENTARES E A ARQUITETURA .............................................. 36 3.1 O AMBIENTE COMO TERAPIA .................................................................. 42 3.2 WELL-BEING DESIGN ............................................................................. 44
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ESTUDOS DE CASO .................................................................................................48 4.1 CENTRO DE TRATAMENTO DE CÂNCER NO REINO UNIDO ........................ 50 4.2 CENTRO PSIQUIÁTRICO FRIEDRICHSHAFEN ........................................... 54 4.3 CENTRO HOSPITALAR ADOLESCENTE .................................................... 58
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O TERRENO .......................................................................................................... 62 5.1 ESCOLHA DO TERRENO .......................................................................... 64 5.2 DIAGNÓSTICO DO TERRENO E ENTORNO ................................................ 66 5.3 LEGISLAÇÃO VIGENTE ............................................................................ 71 5.4 O TERRENO E AS CONDICIONANTES FÍSICAS .......................................... 72
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PROPOSTA CONCEITUAL E PROJETUAL ..................................................................76 6.1 DIFERENÇAS ENTRE OS CENTROS DE APOIO E OS HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS ................................................ 76 6.2 CONCEITO/ PARTIDO .............................................................................. 76 6.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES .............................................................. 81
OBJETIVOS DE PESQUISA ...................................................................................... 32 2.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 32 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...................................................................... 32 2.3 PROCEDIMENTO DE PESQUISA .............................................................. 32
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O POJETO ..............................................................................................................86 7.1 EVOLUÇÃO DO PROJETO ....................................................................... 86 7.2 SITUAÇÃO E COBERTA ................................................................................... 88 7.3 IMPLANTAÇÃO ....................................................................................... 90 7.4 O EDIFÍCIO ............................................................................................ 94 - PLANTAS .............................................................................................. 96 - CORTES ................................................................................................ 98 - FACHADAS .......................................................................................... 100 7.5 BLOCO SOCIAL .....................................................................................102 7.6 SERVIÇO E ADMINISTRAÇÃO ................................................................ 114 7.7 LAZER E TERAPIAS ............................................................................... 116 7.8 PÁTIO ENTRAL ..................................................................................... 124 7.9 HOSPEDAGEM ...................................................................................... 128 7.10 QUADRO DE ESQUADRIAS .......................................................................... 136 7.11 ESTRUTURA ...................................................................................... 138
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CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 140 REFERÊNCIAS ......................................................................................................144
INTRODUÇÃO
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1. INTRODUÇÃO A depressão é uma doença comum que, muitas vezes, tem seu início na adolescência e se manifesta de maneira semelhante à observada nos adultos. Para essa pesquisa, será adotada a faixa estabelecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que trata adolescentes como pessoas entre 10 e 19 anos de idade. A cada ano, o número de casos aparenta estar aumentando de maneira descontrolada em toda a população, inclusive nessa parcela mais jovem, sendo esta uma das principais preocupações no setor da saúde pública na atualidade. Com o maior conhecimento da quantidade de casos de depressão nessa faixa etária, o tema tem passado a ser mais estudado e difundido, facilitando novos diagnósticos e tratamentos. De acordo com a OMS, em 2016, o Brasil era o quinto país com maior número de pessoas com depressão, aproximadamente 11,5 milhões de brasileiros. Segundo a Associa-
ção Brasileira de Psicanálise, aproximadamente 10% dos adolescentes brasileiros sofrem dessa doença. Já em relação ao transtorno de ansiedade, o país ocupava a primeira posição. Normalmente, não existe um motivo específico para que uma pessoa desenvolva depressão, existem fatores que podem ser influenciadores e agravantes, como a morte de um dos pais, divórcios, problemas com os pais, abusos, dificuldade de fazer amigos, dificuldades de adaptação à escola, a puberdade, bullying, entre outros, além dos fatores hereditários, que podem deixar o adolescente em situação mais vulnerável a esses transtornos. Também vale ressaltar a influência da pressão, cada vez maior, sofrida tanto pelos padrões impostos pela sociedade, nos quais esses adolescentes nem sempre se encaixam, quanto por períodos de muito estresse e ansiedade, como é o caso de alunos pré-
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vestibulandos, que passam pela pressão de serem aprovados em uma faculdade, além da dúvida comum de qual curso devem escolher.
sintomas com os adultos, os adolescentes costumam ficar mais problemáticos, instáveis e isolados, se tornando mais vulneráveis ao uso de drogas.
Adolescentes deprimidos costumam ter baixa autoestima, apatia, alterações no nível de sono e uma visão negativa do mundo e do futuro. Grande parte deles também têm déficits nas habilidades sociais, sendo consideradas normalmente menos populares e menos eficientes na escola, entretanto, é difícil definir se essas questões são motivos ou resultados da depressão. Apesar das semelhanças nos
Além dos prejuízos e limitações causados nas crianças e jovens pela depressão, existe também o risco de suicídio, uma das grandes preocupações decorrentes da doença. Ainda segundo a OMS, as taxas de suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos e são responsáveis por uma morte a cada 40 segundos no mundo. No Brasil, são 32 mortes por dia, número superior às vítimas da AIDS e da maioria dos tipos de câncer. A OMS ainda calcula que, em vinte anos, a depressão ocupará o segundo lugar no ranking dos males que mais matam. Já o 10º Anuário de Segurança Pública, produzido e publicado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostra que no ano de 2015 o Ceará ficou em 5º lugar no ranking de suicídios do Brasil, com um número médio de casos superior ao nacional.
AS TAXAS DE SUICÍDIO AUMENTARAM 60% NOS ÚLTIMOS 45 ANOS APROXIMADAMENTE 10% DOS ADOLESCENTES BRASILEIROS SOFREM COM A DOENÇA
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Apesar da depressão também se apresentar em crianças, o risco de suicídio se torna mais elevado à medida que elas crescem e têm um aumento na sua capacidade de planejá-lo. Portanto, a faixa de maior risco, ainda segundo a OMS, é a entre os 10 e os 19 anos de idade, se fazendo necessário um cuidado especial com essa parcela, visto que, de acordo com a OMS, o suicídio se tornou a segunda principal causa de morte nessa faixa etária. Mesmo a maioria das tentativas de suicídio sendo planejadas, existem casos em que ele ocorre de maneira compulsiva, e estes, normalmente, estão ligados ao consumo de álcool ou drogas. O desafio da prevenção do suicídio consiste em identificar os jovens em situação de vulnerabilidade psicológica, encaminhá-los ao tratamento, entender as circunstâncias que influenciam seu comportamento e estruturar intervenções eficazes. Os
adolescentes,
por
não
serem
completamente independentes, podem ter dificuldades na busca por ajuda médica para identificar e tratar esses problemas. Assim, os adultos mais próximos a eles, como pais, médicos e professores, passam a ter o importante papel de identificar comportamentos depressivos ou diferentes e encaminhar as crianças a um especialista. Souza e Lacerda (201-) afirmam que até o início do século XIX, distúrbios psiquiátricos como a depressão e a esquizofrenia não eram reconhecidos como doenças. Os portadores não recebiam cuidados adequados e, caso fossem agressivos, acabavam vivendo nas ruas ou em cadeias. Na antiguidade, a loucura e a melancolia (como era denominada a depressão) eram relacionadas a questões místicas e a punições divinas. Mesmo com toda a crença mitológica, começou a surgir uma maior observação da natureza e a difusão do conhecimento. Hipócrates, por exemplo, criou a teoria
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humoral, que falava do equilíbrio entre quatro humores: bile, fleuma, sangue e bile negra. Acreditava-se que cada um dos fluidos estava ligado a um humor, sendo eles coléricos, fleumáticos, sanguíneos e melancólicos, respectivamente, e que o desequilíbrio entre eles acarretava doenças. A predominância da bile negra seria responsável pela melancolia em uma pessoa. Ainda segundo Souza e Lacerda, apenas durante o iluminismo, com o surgimento da anatomia, as ideias acerca do assunto passaram a ser mais racionais. Nesse período foi utilizado pela primeira vez o termo “neurose”. A melancolia passou então a ser entendida como uma alteração da função nervosa, e não dos humores, como dizia a teoria de Hipócrates. Com a maior evolução da medicina e da filosofia, a percepção acerca das doenças mentais sofreu modificações. Somente na metade do século XIX as casas de
misericórdia passaram a receber e cuidar de doentes psiquiátricos, após o surgimento do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, criado pela Associação Americana de Psiquiatria, que definia como era feito o diagnóstico de transtornos mentais. O termo depressão só passou a ser utilizado 1680, sendo considerado relativamente novo na história. De acordo com Nardi (2013), no Brasil, o primeiro hospital psiquiátrico foi inaugurado em 1852 no Rio de Janeiro, por conta da pressão decorrente dos problemas ocasionados pela presença dos pacientes psiquiátricos nas Santas Casas de Misericórdia, o Hospício Pedro II, também conhecido como Palácio dos Loucos. Mesmo com o reconhecimento dos transtornos mentais como doenças e com os existentes hospitais psiquiátricos, os doentes sofriam de preconceito e, muitas vezes, de maus tratos. Diversos foram os hospitais que usavam tratamentos violentos
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“Não existiam trocas sociais entre trabalhadores de saúde e os internos, como comunicação, afetividade e acolhimento, os portadores de transtorno mental não recebiam tratamento digno, muitas vezes eram tratados com violência e, por não serem estimulados, suas potencialidades eram reduzidas até se tornarem incapazes de regressar ao convívio social.” (GUIMARÃES, 2013).
Figura 2: Paciente bebendo água do esgoto. Fonte: Veloso, 2016.
Figura 1: Lotação no Colônia, maior Hospício do Brasil. Fonte: Arbex, 2013.
e invasivos, causando grande sofrimento nos pacientes. Choque cardiazólico, insulinoterapia e eletroconvulsoterapia eram alguns dos tratamentos utilizados para controlar a agitação dos pacientes, assim como o uso dos lençóis de contenção, de camisas de força, da contenção no leito por faixas de tecido de algodão e da colocação dos pacientes em celas de isolamento.
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Diversos eram os motivos para encaminhar alguém a um hospital psiquiátrico, epilépticos, homossexuais, alcoólicos e prostitutas, por exemplo, eram considerados doentes que precisavam de tratamento (Arbex, 2013). Assim, o número de instituições era insuficiente para atender a demanda, variante entre crianças, adultos e idosos [Fig. 3]. Segundo Borges (2013), a superlotação era uma característica comum entre os hospitais psiquiátricos [Fig. 1]. Em alguns, era necessária a improvisação de camas no chão para a internação de pacientes (Serrano, 1998 apud Borges, 2013). Existiam celas de isolamento para os pacientes mais agressivos, cubículos fechados por portas de materiais reforçados, que continham uma ou duas aberturas, para que o profissional observasse o paciente e para a entrega das refeições [Fig. 4]. Normalmente possuíam apenas um vaso sanitário no chão e um colchão de capim. (Guimarães, 2013) Arbex (2013) mostra que em muitos
hospícios, assim como no Colônia, maior do Brasil, era comum a presença de esgoto a céu aberto, onde alguns pacientes faziam suas necessidades enquanto outros retiravam de lá água para beber, contraindo doenças que ocasionavam mortes frequentes [Fig. 2, 5 e 6]. Ainda no caso do Colônia, milhares de peças humanas dos mortos chegaram a ser vendidas, gerando lucros para o hospital com a morte de seus pacientes. “O que acontece no Colônia é a desumanidade, a crueldade planejada. No hospício, tira-se o caráter humano de uma pessoa, e ela deixa de ser gente. É permitido andar nu e comer bosta, mas é proibido o protesto qualquer que seja a sua forma” (psiquiatra do Colônia apud ARBEX, 2013).
Estabelecimentos psquiátricos e psicológicos deveriam ser, supostamente, espaços de caráter terapêutico, limpos e adequados às necessidades dos pacientes. Entretanto, a grande maioria dos relatos indica o contrário.
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Figura 3: Crianças mantidas em berços no Colônia. Fonte: Arbex, 2013.
Após os anos 2000, com a reforma psiquiátrica no Brasil, a situação desse setor passou por grandes modificações e melhorias. Apesar disso, ainda existem locais que possuem instalações inadequadas e utilizam de tratamentos arcaicos e invasivos. A reforma psiquiátrica no Brasil pretendia modificar o sistema de tratamento clínico, extinguindo os manicômios e os hospitais psiquiátricos, passando a oferecer melhores condições para a integração e cidadania de pessoas
Figura 4: Cela de isolamento com pequena abertura na porta. Fonte: Arbex, 2013.
com distúrbios mentais, por meio de serviços como residências terapêuticas, centros de atenção psicossocial (CAPS), centros de convivência e cultura assistidos, oficinas de geração de renda, entre outros. Mesmo com tais iniciativas, ainda é muito comum que os doentes sofram preconceito. A depressão, por exemplo, ainda é vista por muitos como fraqueza ou “frescura”, e não como uma doença que merece atenção e tratamento.
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Figura 5: Doente coberto por moscas no Colônia. Fonte: Arbex, 2013.
Com tais mudanças, diversos tipos de terapias alternativas vêm sendo implantadas nos tratamentos dessas doenças. Juntamente com o tratamento médico, essas terapias buscam, por meio de atividades variadas, melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O ambiente em que os pacientes vivem também pode ter grande influência no tratamento e no humor deles. Atualmente, na cidade de Fortaleza, existem os CAPS, sendo seis gerais, sete
Figura 6: Criança doente e coberta por moscas, confundida com um cadáver. Fonte: Arbex, 2013.
para usuários de álcool e drogas e dois infantis, que atendem crianças com problemas psiquiátricos diversos e usuárias de drogas, totalizando quinze centros espalhados pela cidade [Fig.7]. Fortaleza conta com outros locais públicos para atendimento psicológico e psiquiátrico, como o Hospital de Saúde Mental de Messejana, além de alguns institutos e de algumas clínicas particulares. Mesmo com o número razoável de instituições para pacientes psiquiátricos, não foi encontrado
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nenhum registro de local para tratamento especifico de depressão. Foi localizado apenas o Instituto Bia Dote, que é voltado para a prevenção do suicídio e oferece suporte psicológico, além de palestras e de grupos de apoio aos familiares. Entretanto, o Instituto não dispõe de espaço adequado para realização de suas ações. Portanto, com base nos dados coletados e na atual situação da depressão, apresentando um número de casos cada vez mais alarmante, inclusive entre uma parcela mais jovem da população, pretende-se propor a criação de um centro de apoio para adolescentes com depressão, trazendo a arquitetura e o paisagismo como auxiliadores no tratamento dos pacientes.
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LEGENDA: CAPS GERAL Figura 7: CAPS existentes em Fortaleza. Fonte: Elaboração própria a partir de Prefeitura de Fortaleza, 2018.
CAPS ÁLCOOL E DROGAS CAPS INFANTIL
OBJETIVOS DE PESQUISA
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2. objetivos 2.1. OBJETIVO GERAL
2.3. PROCEDIMENTO DE PESQUISA
Conceber a proposta de um centro de apoio a adolescentes de 10 a 19 anos com depressão que contribua no tratamento da doença por meio da arquitetura e do paisagismo.
Essa pesquisa foi realizada inicialmente através de uma revisão bibliográfica, buscando informações pertinentes em livros, livretos, artigos científicos, sites, além de outras fontes disponíveis na internet.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Entender de forma abrangente a depressão, suas causas, efeitos e terapias, além de como a arquitetura e o paisagismo podem interferir no psicológico humano e contribuir para uma melhor recuperação dos pacientes; - Investigar as referências técnicas sobre centros de tratamento psiquiátricos e psicológicos e realizar uma análise crítica de projetos de referência que auxiliem na elaboração do programa de necessidades; - Analisar o terreno escolhido com base em suas condicionantes físicas e ambientais. - Desenvolver espaços que reflitam os conceitos e necessidades estudados.
Posteriormente, foi realizada uma análise crítica de três edificações com propósitos semelhantes à ideia do Centro de apoio para adolescentes com depressão, selecionadas com base em critérios detalhados no capítulo 4. Para a definição do programa de necessidades, foram tomados como base os investigados nos estudos de caso. Eles foram adaptados de acordo com o julgado necessário para atender as necessidades do tipo de edificação proposto. Após a sondagem de todo conteúdo teórico
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pertinente, foi elaborado a projeto do Centro de Apoio para adolescentes com depressĂŁo.
AS TERAPIAS COMPLEMENTARES E A ARQUITETURA
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3. AS TERAPIAS COMPLEMENTARES E A ARQUITETURA É cada vez mais comum o uso de diversos tipos de terapias que complementam e auxiliam o tratamento convencional, buscando por meio de atividades variadas melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Caires et al. (2015) aponta as terapias utilizadas para aliviar diversos sintomas, sendo destacados entre eles a ansiedade, a depressão e a dor. Dentre as mais eficazes, foram destacadas a cromoterapia, ioga, meditação, massagem, reiki, musicoterapia e terapia da dança. A prática de atividades físicas também propicia a redução dos sintomas da doença, principalmente se realizadas em meios naturais, onde a paisagem e a vegetação ajudam a criar ambientes terapêuticos. Esses espaços verdes têm efeitos positivos sobre as pessoas deprimidas, amenizando
os sintomas e causando sensações de felicidade. Sabemos que as cores têm efeitos no psicológico humano, como mostra Pedrosa (1977). A partir disso, surgiu a Cromoterapia, “ciência que usa a cor para estabelecer o equilíbrio e a harmonia do corpo, da mente e das emoções” (SUI,1992 apud SILVA, 2006). Ela trata do estudo de cada cor e de seus efeitos nas pessoas, podendo ser utilizada na arquitetura de modo a propiciar a criação de ambientes adequados à diversos usos, como locais de descanso, trabalho, entre outros. Para a o tratamento da depressão, foco dessa pesquisa, foram analisadas cores que funcionem como antidepressivas, que criem espaços alegres e que estimulem a criatividade, confiança, comunicação, afetividade e vitalidade, além de cores com efeitos calmantes, que visem induzir o relaxamento e reduzir o nervosismo e a ansiedade, tendo cuidado com a utilização
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delas, como pode-se ver na tabela 1. “As pessoas que sofrem de distúrbios mentais reagem às cores azul e laranja; essas cores se complementam e se equilibram mutuamente.” (LACY, 2000)
Assim como as cores, outros elementos podem auxiliar na criação de espaços que contribuam para o bem-estar das COR
EFEITOS
VERMELHO Motivador, energizante. Eleva a pressão arterial.
LARANJA
pessoas. As plantas, por exemplo, têm sido muito estudadas. Elas proporcionam diversos efeitos positivos no psicológico humano devido aos estímulos sensoriais provocados por suas cores e formas, além da alegria que elas propiciam ao atraírem borboletas, pássaros e outros animais. Existem inúmeros estudos sobre os efeitos dessas plantas criando “jardins OBSERVAÇÕES Deve ser usado com cautela nos ambientes internos, pois pode ~ dos pacientes. causar alterações nas emoçoes
Estimula a alegria, a movimentação, a Indicado para casos de instabilidade emocional, medo, depressão criatividade e a comunicação. Considerada uma e melancolia. Equilibrar com tons de azul esverdeado para não cor antidepressiva. causar nervosismo.
AMARELO
Afeta a mente e transmite alegria.
VERDE
Tem efeito calmante e relaxante.
AZUL
Transmite tranquilidade, relaxamento, sono e anestesia (tons esverdeados aliviam estresse e tensão).
ROXO
Em longas exposições, proporciona efeito analgésico. Remete a magia e meditação.
AZUL TURQUESA
Acalma o sistema nervoso, aliviando o estresse e a tensão. Liberta dos sentimentos de inaptidão ou insuficiência.
Em excesso, pode causar tensão e agitação. Utilizado no tratamento de doenças mentais e insônias, além de outras doenças. Da´ acesso as emoções profundas, podendo ajudar na superação de traumas. Deve ser usado com cuidado em depressivos e pessoas em situação de apatia. Se colocada com uma cor quente, trará equilíbrio ao ambiente. Deve ser usado em casos onde seja necessário levantar o ânimo sem causar irritabilidade. Em excesso, gera ou agrava a depressão. Ajuda a pessoa a lidar com a vida. Ideal para ser usado em estabelecimentos de saúde, principalmente se utilizado junto a cores quentes, como o laranja.
Tabela 1: Efeitos das cores nos pacientes em ambientes hospitalares. Fonte: Elaboração própria com base em Lacy, 2000.
Figura 8: Jardim com cores vivas. Fonte: Edição do autor a partir de Momentum, 2014.
terapêuticos”, auxiliando no processo de cura de doenças e na redução do estresse, contribuindo para o bem-estar e para a saúde das pessoas. Um desses trabalhos é o realizado pela Universidade de Essex, que mostra que o contato direto com a natureza reduz de maneira significativa a pressão sanguínea e que a prática de atividades físicas nesses espaços evita situações de estresse, aumenta a autoestima e diminui a incidência da depressão.
Figura 9: Espaços que propiciam maior interação. Fonte: Edição do autor a partir de Momentum, 2014.
De acordo com Billington (2000, p.55), os jardins terapêuticos possuem elementos que os tornam capazes de modificar o humor das pessoas. Dentre esses elementos, os de maior importância são plantas, flores, cores e árvores que se destaquem por seu porte ou por sua idade [Fig.8]. Em seguida, é atribuída grande importância aos elementos que estimulem os sentidos, como animais, vento fresco, espaços alternados com luz e sombra, água e aromas. Logo após, são levados em
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consideração os aspectos sociais, vistos em locais que permitam a privacidade, interação [Fig.9] e observação, além das qualidades visuais do espaço, que deve ter diferentes texturas, formas e dimensões, a fim de tornar o ambiente mais agradável e permeável visualmente [Fig. 8, 10 e 11], visto que, no caso de vistas não permeáveis, é comum o desencadeamento de receios e medos. Devem conter também um sistema de caminhos com rotas mais longas e mais curtas, que sejam contemplativas. Por fim,
esses jardins devem possuir subespaços que permitam a privacidade e a interação de grupos, contendo de preferência um mobiliário móvel, que permita modificar o arranjo no espaço de acordo com a necessidade [Fig. 12]. “Os jardins não são propostos como um modelo alternativo de terapia – eles não curam. Mas os jardins de hospitais são essenciais para contribuir com o bem-estar dos pacientes, auxiliando a medicina terapêutica” (CONSTANTINO, 2010, p.07 apud MATOS; CONSTANTINO, 2015).
Figura 10: Vegetação muito densa, não permitindo a permeabilidade visual, podendo causar medos. Fonte: Elaboração própria.
Figura 11: Vegetação menos densa, permitindo a permeabilidade visual e criando espaços mais agradáveis. Fonte: Elaboração própria.
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Figura 12: Mobiliário em módulos versáteis. Fonte: Edição do autor a partir de Baratto, 2015.
3.1. O AMBIENTE COMO TERAPIA A fim de criar ambientes que melhorem a saúde mental, psicológica e social das pessoas que nele habitam, surgiu o conceito de placemaking. Trata-se de um processo de criação e planejamento totalmente voltado às necessidades e aos desejos dos usuários, criando espaços que incentivem a interação entre as pessoas e as transmitam sensação de felicidade. De acordo com o livreto The Case for Healthy Places: Improving Health through Placemaking (2016), para criar esse tipo de ambiente, podem ser seguidas diversas estratégias que são divididas em cinco áreas: suporte social e interação, recreação e entretenimento, ambiente natural e verde, comida saudável, além de caminhadas e ciclismo.
Ao trazer o suporte social e interação como uma das áreas a serem contempladas nesse tipo de ambiente, o livreto sugere oferecer espaços com mobiliário e atividades que incentivem essa interação, além de permitir que os usuários possam montar e modificar esses espaços, sendo interessante, quando possível, a utilização de mobiliário móvel. Além disso, também é mencionado como importante a criação de locais para promover a exposição dos talentos e das atividades realizadas pelos usuários, como mostras de arte. Outra área abordada é a de recreação e entretenimento, que trata de como o espaço, se bem projetado, pode fomentar
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Figura 13: Lago artificial com peixes, elemento do paisagismo do jardim. Fonte: Haus, 2017.
Figura 14: Horta proporcionando maior interação entre as pessoas. Fonte: Arqfashion, 2017.
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a prática de atividades físicas. Mostra como os ambientes devem ser limpos, seguros e de fácil acesso, além de possuir atividades e espaços atrativos para usuários de todas as idades. No ambiente natural e verde a vegetação é mostrada como o principal elemento dos espaços livres de qualidade, visto que diminui os níveis de ansiedade, estresse e depressão. Também é ressaltada a importância de outros elementos como água, espaços para caminhar e fauna [Fig. 13]. Ainda de acordo com o livreto (2016), a alimentação saudável também é uma importante área a ser tratada quando se busca criar espaços que melhorem a saúde mental das pessoas. Por meio do cultivo de alimentos saudáveis e orgânicos em hortas, os usuários tendem a interagir mais uns com os outros e, normalmente, passam a ter mais vontade de ingeri-los quando os cultivam, passando então a
experimentarem uma melhor alimentação, tornando-os mais saudáveis e dispostos [Fig. 14]. Por fim, o livreto traz a área de caminhadas e ciclismo, que mostra como os espaços se tornam mais atrativos à medida que são acessíveis a pé ou de bicicleta.
3.2 WELL-BEING DESIGN Existem atualmente alguns tipos de certificações para edifícios, um deles é o Well Building Certification, sendo o primeiro certificado do mundo focado no bem-estar e na saúde humana. O conceito WELL surgiu como uma união da arte e da ciência com o objetivo de proporcionar o bem-estar de seus usuários. Criado de forma semelhante aos conceitos BREEAM e LEED, que buscam combater as mudanças climáticas e alcançar a eficiência energética ideal em edifícios, ele coloca as pessoas como centro do processo de projeto e busca melhorar a relação delas com o edifício.
Figura 16: Incentivo da atividade fĂsica inclusive nos ambientes internos. Fonte: Walsh, 2017.
Figura 15: Aproveitamento da iluminação natural. Fonte: Walsh, 2017.
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Figura 17: Incentivo da atividade fĂsica inclusive nos ambientes internos. Fonte: Walsh, 2017.
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“WELL aborda sete conceitos relacionados à saúde humana no ambiente construído - ar, água, alimentação, luz, aptidão física, conforto e mente. Um espaço com este certificado, portanto, pode melhorar a alimentação, humor, padrões de sono e desempenho dos seus ocupantes. ” (WALSH, 2017).
As intervenções para alcançar o conceito estabelecem requisitos para a limpeza do ar e para a minimização da poluição, assim como para a água limpa e implementação de técnicas adequadas de filtração. Exige a disponibilidade de alimentos frescos e saudáveis, que deem suporte a uma alimentação consciente e equilibrada. O conceito WELL também trata da utilização de janelas, a fim de melhorar a iluminação e a relação dos usuários
com o ambiente externo [Fig. 15], implicando no aumento da produtividade e na melhoria da qualidade do sono. Os espaços também devem promover a integração dos usuários por meio da atividade física, desencorajando estilos de vida sedentários [Fig. 16 e 17]. Os ambientes internos ainda devem ter condições agradáveis de conforto térmico, acústico, ergonômico e olfativo. Por fim, o WELL-BEING DESIGN prioriza a saúde cognitiva e emocional por meio do design, da tecnologia e de estratégias de tratamento, fazendo com que os indivíduos sintam o apoio psicológico oferecido pelo edifício, e assim, tenham maior apego a ele.
estudos de caso
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4. ESTUDOS DE CASO Neste capítulo faremos uma análise de três projetos, com base no que foi visto e de acordo com os critérios: presença de iluminação natural, presença de vegetação e uso de materiais e elementos adequados. Para a escolha dos projetos, buscouse encontrar projetos que trouxessem a arquitetura como uma tentativa de contribuir para o bem-estar dos usuários, ajudando-os no processo de recuperação de doenças, assim como no projeto proposto.
4.1. CENTRO DE TRATAMENTO DE CÂNCER O Centro de Tratamento de Câncer foi projetado pela equipe de arquitetos Foster + Partners em Manchester, no Reino Unido, em 2016. A ideia do projeto era criar um refúgio longe de casa, a fim de dar suporte emocional e prático às pessoas que estão passando por algum tipo de câncer. Seu projeto busca trazer a arquitetura como
forma de animar as pessoas e ajudá-las no processo de terapia, criando para isso, um ambiente doméstico, acolhedor e simpático em um cenário de jardim, sem nenhuma referência a edifícios hospitalares. O edifício é térreo e recebe iluminação natural por meio de claraboias no telhado [Fig. 18], que é suportado por vigas triangulares que também atuam na divisão dos ambientes. O centro foge das referências de sinalização hospitalar, ele busca criar uma atmosfera doméstica onde a cozinha é o coração do edifício. A ampla utilização do vidro, tanto no telhado quanto nas paredes externas, permite uma grande interação entre o espaço interno e o externo [Fig. 18 e 21], assim como as portas deslizantes, que abrem o edifício para jardins, aumentando o contato dos pacientes com a natureza, criando uma atmosfera mais propícia à
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Figura 18: Claraboias triangulares permitindo a entrada da luz natural e cultivo de plantas em estufa. Fonte: Edição do autor a partir de Sbeghen, 2016.
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recuperação e ao bem-estar, como tratado no Capítulo 3. Além disso, o edifício conta com uma estufa, onde as pessoas podem ter uma interação mais direta com esse meio natural cultivando plantas e flores [Fig. 18]. O projeto cria espaços entre alguns cômodos, criando uma extensão do jardim, de forma a criar uma ligação direta entre ele e praticamente todos os ambientes [Fig. 19].
Figura 19: Planta baixa Centro de Tratamento de Câncer. Fonte: Edição do autor a partir de Sbeghen, 2016.
Assim, o edifício resolve bem as questões da luz natural, do visual e da vegetação, e, mesmo não podendo ser fielmente replicado no clima da cidade de Fortaleza, pela abundância do vidro, mostra a intenção de proporcionar aos pacientes os benefícios e as qualidades terapêuticas da natureza, de forma semelhante a vista no capítulo 3.
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Figura 20: Edifício cercado por jardins. Fonte: Sbeghen, 2016.
Figura 21: Uso de vidro nas paredes. Fonte: Edição do autor a partir de Sbeghen, 2016.
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4.2. CENTRO PSIQUIÁTRICO FRIEDRICHSHAFEN O Centro Psiquiátrico Friedrichshafen foi projetado no ano de 2011, pelos arquitetos Huber Staudt Architekten em Friedrichshafen, na Alemanha. O edifício fica integrado ao campus do Hospital Friedrichshafen. O prédio é cercado por janelas, que integra os ambientes internos aos externos, Figura 22: Criação de pátio central. Fonte: Edição do autor a partir de Delaqua, 2014.
aumentando o contato dos usuários com o meio natural, além de permitir a entrada de iluminação natural e propiciar um espaço tranquilo e relaxante tanto nas áreas internas quanto externas. A implantação do prédio cria um pátio central, dispensando a utilização de cercas e muros, a fim de criar espaços seguros e agradáveis [Fig. 22, 23 e 26]. Além do contato com o meio natural, salientado como de grande importância no capítulo 3, foram criadas
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Figura 23: Implantação Centro Psiquiátrico Friedrichshafen. Fonte: Edição do autor a partir de Delaqua, 2014.
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salas multifuncionais para a realização de atividades terapêuticas [Fig. 25], onde vemos um espaço amplo e adequado para diversas atividades também citadas no capítulo, como ioga, meditação e dança.
no edifício [Fig. 25], criando um espaço agradável e arejado que, ao mesmo tempo, se tornam um pouco frios, sem o uso de muitas cores, apenas na passarela [Fig. 27], criando um ambiente que remete ao hospitalar.
O uso do concreto aparente e da madeira como revestimentos são abundantes LEGENDA: Administração/Consultórios Convivência Dormitórios Figura 25: Uso do concreto aparente e da madeira. Fonte: Edição do autor a partir de Delaqua, 2014.
Figura 24: Planta Baixa Centro Psiquiátrico Friedrichshafen. Fonte: Edição do autor a partir de Delaqua, 2014.
Figura 26: Pátio interno com vegetação. Fonte: Delaqua, 2014.
Figura 27: Visualização do espaço externo. Fonte: Edição do autor a partir de Delaqua, 2014.
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4.3 CENTRO HOSPITALAR ADOLESCENTE O Centro Hospitalar Adolescente fica localizado em Corvallis, nos Estados Unidos, e foi projetado pelos arquitetos do grupo TVA Architects no ano de 2015. O edifício oferece espaços para o tratamento e o internamento de adolescentes que sofrem de problemas de saúde mental e comportamental. Localizado em uma casa de fazenda das Crianças, que era originalmente um orfanato e seu projeto não atendia às necessidades de segurança
necessárias para esse novo uso, surgindo a necessidade de uma nova instalação. A ideia deste edifício era criar um ambiente que ao mesmo tempo fosse seguro e adequado aos usuários, trouxesse uma atmosfera acolhedora, terapêutica e adolescente. Assim como no Centro Psiquiátrico Friedrichshafen (tópico 4.2), o prédio foi posicionado criando um pátio central e minimizando a utilização de cercas e muros, tornando os espaços seguros e cercando-os apenas pelos próprios edifícios [Fig. 28]. Se trata de uma ótima solução para ambientes desse tipo, visto que cercas e muros trazem uma sensação de prisão e enclausuramento, podendo gerar sensações ruins aos usuários, principalmente pacientes. Ainda com esse tipo de
Figura 28: Implantação diminuindo a necessidade do uso de cercas e muros. Fonte: Edição do autor a partir de Cavalcante, 2017.
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Figura 29: Áreas de lazer. Fonte: Edição do autor a partir de Cavalcante, 2017.
Figura 30: Áreas de convivência internas, com o uso de cores vivas. Fonte: Edição do autor a partir de Cavalcante, 2017.
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implantação, foi necessário utilizar cercas, que mesmo permitindo a visualização do lado oposto, podem causar estas sensações. O edifício usa clarabóias para permitir a entrada de luz natural, além de integrar o ambiente interno ao meio externo e natural, dois elementos importantes para propiciar sensação de bem-estar aos usuários, como visto no tópico 3. O projeto faz uso de cores vibrantes, tanto em paredes quanto no mobiliário, criando ambientes alegres e descontraídos, ideais para a função do edifício. O mobiliário usado nem sempre é convencional, em alguns ambientes eles tem um design diferenciado, ajudando a criar essa atmosfera [Fig. 29 e 30]. Outro ponto positivo do projeto é a criação de áreas comuns entre os dormitórios dos pacientes e dos funcionários, aumentando a possibilidade de uma interação boa entre eles, fazendo com que os pacientes de sintam à vontade com eles, possibilitando conversas e uma relação mais próxima, que
pode ser positiva para o tratamento. Além disso, é clara a setorização do projeto [Fig. 31 e 32], dividindo os espaços por funções, a fim de facilitar os fluxos de pacientes e funcionários, mantendo, como dito, ambientes de uso comum dos funcionários e pacientes, a fim de facilitar a interação entre eles. Assim, o edifício cumpre sua função de contribuir para o bem-estar e para o tratamento dos usuários, indo contra a criação de espaços monótonos e impessoais, comuns em instituições semelhantes, assim como tentando criar um ambiente seguro para os pacientes, evitando a utilização de elementos que os façam se sentirem presos, como cercas e muros.
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SALA DE AULA SUPORTE FUNCIONÁRIOS ENFERMARIA QUARTO DE TERAPIA QUARTO DE ISOLAMENTO ESTAÇÃO CENTRAL DE FUNCIONÁRIOS SALÃO COZINHA SALÃO DE CONVIVÊNCIA SALA DE ESTAR DORMITÓRIOS TERAPIA FAMILIAR
ADMINISTRAÇÃO COMUM RESIDENCIAL
Figura 31: Planta baixa Centro Hospitalar Adolescente. Fonte: Tradução do autor a partir de Cavalcante, 2017.
Figura 32: Setorização dos espaços. Fonte: Cavalcante, 2017.
o terreno
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5. o terreno 5.1 escolha do terreno Para a escolha do terreno, foram definidos alguns critérios, tanto com base no referencial teórico analisado em alguns outros: - Localização central e de fácil acesso dentro de Fortaleza, de forma a atender diversas regiões da cidade, facilitando o uso do equipamento principalmente para os pacientes que passariam apenas meio período na instituição (ver figura 33); - Proximidade ou relação com áreas verdes
(afim de proporcionar todos os benefícios que essas áreas têm sobre as pessoas, como visto no Capítulo 4). Os bairros destacados na figura 33, apesar de bem adensados, contam com boa infraestrutura urbana (água, redes de esgotamento, energia elétrica, telefone, entre outras). Além disso, ficam localizados em uma região central da cidade, o que facilita o acesso das pessoas de diversos outros bairros.
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LEGENDA: PRINCIPAIS ACESSOS BAIRROS CONSIDERADOS CENTRAIS NA CIDADE DE FOTALEZA
Figura 33: Bairros considerados centrais na cidade de Fortaleza. Fonte: Elaboração própria a partir de Prefeitura de Fortaleza, 2018.
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Figura 34: Localização do terreno. Fonte: Elaboração própria.
ceará
fortaleza
vila união
5.2 DIAGNÓSTICO DO TERRENO E ENTORNO A escolha se deu a partir dessa facilidade e da presença de vegetação natural. A área do terreno também se fez importante para a escolha, possibilitando a implantação do prédio de forma a manter grandes áreas livres.
vila u
nião
O terreno escolhido localiza-se no bairro Vila União, na porção Noroeste da cidade de Fortaleza (Figuras 34, 36 e 37). Fica próximo a movimentadas avenidas, como a Av. Luciano Carneiro e a Av. Borges de Melo, facilitando o acesso ao local.
Figura 35: Imagem do terreno. Fonte: Google Maps, 2017.
Figura 36: Localização do terreno no bairro. Fonte: Elaboração própria a partir de Google Maps, 2018.
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LEGENDA: TERRENO ESCOLHIDO RIACHO PARREÃO ÁREAS VERDES Figura 37: Terreno escolhido. Fonte: Elaboração própria a partir de Google Maps, 2018.
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O terreno escolhido é uma parcela de um grande terreno vazio. Foi selecionado um trecho que margina a Av. Luciano Carneiro e faz esquina com a Rua Armando Monteiro, de forma a facilitar o acesso e preservar a vegetação de maior porte existente nas áreas adjacentes. A parcela escolhida ainda permitiria futuras ampliações, que poderiam ocorrer de acordo com a demanda observada durante o desenvolvimento do projeto. O terreno têm área total aproximada de 27.110,00m² e possui três frentes para as vias: Avenida Luciano Carneiro à Oeste, Rua Armando Monteiro à Norte e Rua Domingos Jaguaribe ao Sul. Ele fica localizado próximo à importantes equipamentos, como o Terminal Rodoviário Eng. João Thomé, o Colégio Antares, o Hospital Infantil Albert Sabin e o Instituto Peter Pan. Principalmente os três ultimos, são diariamente utilizados por adolescentes. As
quadras
em
seu
entorno
são
principalmente de caráter residencial e comercial, além de alguns edifícios institucionais já citados. Existem também diversos terrenos vazios nas imediações e poucas áreas verdes públicas (Figura 38). A localização do terreno em duas vias arteriais (Figura 39) torna o acesso ao local mais simples, fazendo sua ligação com outros bairros da cidade de Fortaleza. Atualmente, a Rua Abelardo Marinho conta com estratégias de traffic calming (Figura 39), assim como outras próximas ao Hospital Infantil Albert Sabin e ao Instituto Peter Pan. O sistema de transporte público é presente na área, dispondo de uma parada de ônibus no terreno, além de outras bem próximas (Figura 39). LEGENDA: RESIDENCIAL
INSTITUCIONAL
COMERCIAL
Á. VERDES E ESP. LIVRES
VAZIO
TERRENO ESCOLHIDO
Figura 38: Uso do solo nos entornos. Fonte: Elaboração própria a partir de Google Maps, 2018.
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70
71
5.3 LEGISLAÇÃO VIGENTE Segundo o Plano Diretor Participativo de Fortaleza (PDP), o terreno fica localizado na Zona de Ocupação Preferencial 1 (ZOP 1) e segue os parâmetros mostrados na Tabela 4.
são exigidos os seguintes recuos: - Frente = 10 metros - Laterais = 10 metros - Fundos = 10 metros
Ainda de acordo com o PDP de Fortaleza, compatibilizado com a Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS), a Avenida Luciano Carneiro é considerada frente do terreno. Por ficar localizado em uma via Arterial I e pelo projeto destinado ao terreno ser considerado de grande porte,
LEGENDA: VIA ARTERIAL I VIA COLETORA VIA COM TRAFFIC CALMING PARADA DE ÔNIBUS Figura 39: Diagnóstico mobilidade. Fonte: Elaboração própria a partir de Google Maps, 2018 e Luos, 2017.
Zona de Ocupação Preferencial 1 IA BÁSICO IA MÍNIMO IA MÁXIMO TAXA DE OCUPAÇÃO TAXA DE PERMEABILIDADE ALTURA MÁXIMA ÁREA MÍNIMA TESTADA MÍNIMA PROFUNDIDADE MÍNIMA
3 0,25 3 60 30 72 125m² 5m 25m
Tabela 4: Legislação ZOP 1. Fonte: Elaboração própria a partir de PDP-FOR 2009.
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5.5 o terreno e as cOndicionantes físicas Antes de dar início a etapa projetual, foram analisadas as principais condicionantes físicas do terreno de 27.110,00m², como pode ser melhor compreendido na figura 40. - O terreno tem sua frente voltada principalmente para a orientação Oeste, que recebe a insolação mais desfavorável, se fazendo necessária a proteção dessa fachada; - A topografia da área tem um declividade com cerca de 5 (cinco) metros de altura, em direção ao riacho Parreão, que corre nas proximidades. Mesmo com tal diferença de níveis, a topografia é pouco acentuada devido às grandes dimensões do terreno. - A ventilação predominante vem das orientações Sudeste e Leste, com destaque para a primeira. - O terreno vizinho tem uma vegetação densa e abundante.
LEGENDA: VEGETAÇÃO EXISTENTE NO TERRENO TERRENO COM VAGETAÇÃO ABUNDANTE VENTILAÇÃO PRINCIPAL PIOR ORIENTAÇÃO DA INSOLAÇÃO
73
192
88,6
146
5m
,00m
,05m
157
,00m
m
10
, 63
Figura 40: Terreno escolhido. Fonte: Elaboração própria, 2018.
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PROPOSTA conceitual e PROJEtUAL
76
6. proposta conceitual e projetual 6.1 diferenças entre os CENTROS DE APOIO e os HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS A proposta do Centro de apoio para adolescentes com depressão é semelhante à dos CAPS, porém voltada especificamente para o tratamento dessa doença. A concepção desses centros se difere da dos extintos hospitais psiquiátricos a medida que eles se propõem a promover a desmedicalização, o fortalecimento de laços dos pacientes com a família, amigos e com a equipe de saúde. Neles, se busca promover o interesse dos usuários pela prática de atividades físicas, sejam elas artísticas ou esportivas, além de outras atividades, para que se ocupem e se sintam mais entusiasmados e dispostos. No projeto proposto, de acordo com o nível de terapia, o paciente pode passar meio
período na instituição (oposto ao da escola ou faculdade) ou ficar hospedado por um curto período para usufruir de forma mais constante das atividades terapêuticas. Independentemente disso, os pacientes podem levar membros da família e amigos para passarem o dia participarem das atividades do centro.
- REMÉDIOS + ATIVIDADES + CONTATO COM A NATUREZA 6.2 CONCEITO/ PARTIDO Com base na análise dos capítulos 3 e 4, foi observada, principalmente, a importância de elementos naturais como auxiliares no tratamento de diversas doenças, como a depressão. Não só se faz importante a presença de vegetação, mas de iluminação natural e de animais, como pássaros e borboletas, que normalmente são atraídos pela vegetação. O projeto busca então trazer 3 (três)
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características principais como ponto de partida. São elas: - Contato com a natureza; - Aproveitamento da iluminação natural; - Ambientes dinâmicos e integradores, propiciando a interação entre os pacientes, a família e a equipe. Também foi abordado na pesquisa as desvantagens do contato direto dos pacientes com cercas e muros, prezando então pela minimização desse contato e pela atenuação dele, quando existente, por meio de elementos naturais. Para isso, foi pensada na criação de um pátio central cercado por edificações, para que o usuário, ao estrar nessa área, não tivesse tanto contato com os muros e cercas, tornando o próprio edifício um divisor do espaço público e privado. (Figuras 41 e 42) Nesses estudos também foram considerados a implantação do prédio deixando uma faixa livre na parte Oeste do terreno, de forma a criar um espaço de
contato com a natureza
ambientes dinâmicos
iluminação natural
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Figura 41: Propostas de setorização. Fonte: Elaboração própria, 2018.
estudos iniciais de setorização
LEGENDA: ÁREAS COMUNS DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ADMINISTRAÇÃO
HOSPEDAGEM SERVIÇOS LAZER E TERAPIAS
ESTACIONAMENTO ACESSO PRINCIPAL VENTILAÇÃO PREDOMINANTE
79
Figura 42: Propostas de implantação. Fonte: Elaboração própria, 2018.
estudos iniciais de implantação
transição entre a Avenida Luciano Carneiro, uma avenida de fluxo intenso, e o edifício, afim de afastar o local de convívio dos pacientes do barulho dessa via, além de criar um ambiente agradável nessa região,
tanto para que quem chegue se sinta melhor acolhido, quanto para melhorar a relação do prédio com seu entorno e o deixar cercado de áreas verdes. (Figuras 41 e 42)
80
Além disso, puderam ser brevemente entendidos alguns tipos de terapias complementares e os benefícios trazidos por elas. Um exemplo é a cromoterapia, que usa as cores para contribuir para o bemestar das pessoas. No caso de pessoas com depressão, foram vistas algumas cores e seus benefícios, dando destaque ao laranja e ao azul esverdeado (azul turquesa), que são complementares no tratamento de pessoas depressivas. Essas cores foram adotadas como as principais do projeto a fim de transmitira os efeitos desejados. Além delas, outras diversas seriam usadas nas áreas internas, afim de criar ambientes mais alegres e dinâmicos.
Outros tipos de terapia vistos como eficazes para a depressão são ioga, meditação, música, teatro, dança e qualquer outro tipo de atividade física, principalmente se realizada em ambiente natural. Atividades como essas podem tanto proporcionar um entretenimento momentâneo quanto gerar interesse por parte dos adolescentes de se desenvolver mais em alguma delas. Por esse motivo, espaços para a realização delas foram adicionados ao programa de necessidades.
paciente família
equipe
Figura 43: Tipos de interações desejadas. Fonte: Elaboração própria, 2018.
Foram apresentadas também algumas outras características consideradas adequadas a este tipo de ambiente, como o suporte social, que pode ser alcançado por ambientes que propiciem a interação, tanto dos pacientes entre si. (Figura 43)
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6.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES Para a definição do programa de necessidades do centro de apoio para adolescentes com depressão, foram tomados como base os programas dos três estudos de caso analisados, de onde foram tirados os ambientes e as características pertinentes ao projeto proposto. É o caso, por exemplo, da criação de áreas comuns entre os dormitórios dos pacientes e da equipe de funcionários, visto no Centro Hospitalar Adolescente, no tópico 4.3. Com a análise do Capítulo 3, foi confirmada a necessidade de alguns espaços já listados e foram acrescentados alguns outros, complementando o programa de necessidades e o tornando mais próximo de sua finalidade, visto que nenhum dos estudos de caso tem a temática exata do edifício proposto. Assim, foram incluídos no programa de necessidades espaços como a horta, os espaços para a prática de ioga e meditação, as salas de artes, o anfiteatro (como espaço para apresentar as
atividades realizadas nas aulas de dança, teatro e música), assim como alguns outros, relacionados principalmente às terapias complementares que serão utilizadas. O uso dos estudos de caso e do Capítulo 3 também auxiliaram no desenvolvimento do fluxograma, que traz, por exemplo, diversos setores ligados diretamente ao jardim do pátio central, principalmente os relacionados às terapias complementares e ao lazer. (Figura 44) Além disso, para a definição do programa de necessidades, atentou-se para a criação de espaços que atendessem às diferentes demandas: pacientes que passariam só meio período na instituição e outros que necessitariam ficar em hospedados.
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ESTAR PACIENTES LAZER E TERAPIAS
PRAÇA PÚBLICA RECEPÇÃO
PÁTIO INTERNO
DIAGNÓSTICO E APOIO AUDITÓRIO
HOSPEDAGEM
ESTUDOS
REFEITÓRIO
SERVIÇOS
APOIO HOSPEDAGEM
ENFERMARIA
COZINHA
RECEPÇÃO SERVIÇOS
ESTACIONAM.
ADMINISTR.
PRAÇA PÚBLICA
Figura 44: Fluxograma. Fonte: Elaboração própria, 2018.
fluxograma
programa de necessidades e prĂŠ dimensionamento
83
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o projeto
86
7. o projeto 7.1 Evolução do projeto Os blocos do edifício foram criados de maneira setorizada e posicionados de forma a criar um pátio, minimizando o contato direto dos pacientes com cercas e muros.
A organização dos espaços de convívio dos pacientes foi pensada para evitar a criação de corredores e espaços que transmitam sensação de enclausuramento, prezando pelo contato com a natureza e pela iluminação natural sempre que possível. Por esse motivo, a área que sofreu mais alterações ao longo da etapa projetual foi o setor de hospedagem. (Figura 45)
Figura 45: Evolução do projeto. Fonte: Elaboração própria, 2018.
Foram pensados em 5 setores principais, são eles: Setor Social, Hospedagem, Lazer e Terapias, Administração e Serviços.
87
Figura 46: Setorização. Fonte: Elaboração própria, 2018.
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7.2 SITUAÇÃO E COBERTA Todos os blocos tem sua coberta de telha metálica, principalmente pela pequena inclinação necessária em suas águas, de forma a reduzir a altura da platibanda e facilitar a resolução com a inclinação desejada em alguns blocos, detalhados posteriormente. Pelo terreno se situar em uma movimentada avenida como a Luciano Carneiro, e devido à necessidade de um ambiente mais tranquilo, foi criada uma praça púbica nas imediações do edifício. Ela possibilita uma transição mais tênue entre as ruas e o
Figura 47: Alteração na topografia. Fonte: Elaboração própria, 2018.
QUADRO DE ÁREAS ÁREA TOTAL DO TERRENO: ÁREA DE OCUPAÇÃO: TAXA DE OCUPAÇÃO: ÍNDICE DE APROVEITAMENTO: TAXA DE PERMEABILIDADE: ÁREA TOTAL CONSTRUÇÃO:
27.110,00m² 6368,20m² 30 0,27 70% 7.327,85m²
Tabela 5: Quadro de áreas. Fonte: Elaboração própria, 2018.
edifício, criando uma área mais arborizada e agradável. (Figura 48) Para a implantação do edifício foram necessárias movimentações de terra, como é mostrado na Figura 47.
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Figura 48: Situação e coberta. Fonte: Elaboração própria, 2018.
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7.3 implantação O edifício tem um acesso principal, próximo a área de embarque e desembarque, e um acesso de serviço pela lateral, como mostra a figura 49. A área de carga e descarga fica na Rua Armando Monteiro. Existe uma parada de ônibus no terreno, e próximo a ela foram colocados expositores para exibição dos trabalhos artísticos realizados no centro. Assim, pessoas que caminhassem pela praça ou estivessem à espera de um transporte poderiam apreciar as obras produzidas. Para atender a essa área, foram criados dois estacionamentos na parte posterior do terreno, para que não ficassem tão visíveis na fachada principal. No pátio interno, ao invés de um parquinho convencional para os adolescentes mais novos (10 a 12 anos), foi colocada uma escultura interativa, que será posteriormente detalhada. Além da
escultura, o pátio possui quadras esportivas, um anfiteatro, hortas coletivas e outras áreas de lazer nas áreas internas dos blocos. O terreno extenso e arborizado permite a realização de atividades ao ar livre, como caminhadas e passeios de bicicleta.
LEGENDA ÁRVORE FRUTÍFERA DE PEQUENO PORTE ÁRVORE DE PEQUENO PORTE ÁRVORE DE MÉDIO PORTE COM FLORAÇÃO ROSA OU VERMELHA ÁRVORE DE MÉDIO PORTE COM FLORAÇÃO AMARELA ÁRVORE DE MÉDIO A GRANDE PORTE ÁRVORE DE GRANDE PORTE
LEGENDA PISOS PISO DRENANTE MARROM CLARO PISO DRENANTE BEGE CLARO PISO INTERTRAVADO GRAMA ESMERALDA Figura 49: Implantação. Fonte: Elaboração própria, 2018.
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Para o paisagismo da praça e do edifício, foram propostas espécies de diversos portes e tipos. No pátio interno, foram colocadas espécies frutíferas, para criar pomares, onde os usuários pudessem colher as frutas e comer em diversas áreas do centro. Além disso, também seria de bom grado a utilização de espécies que atraiam animais como beija-flores e borboletas, visto que a presença deles também é considerada um ponto interessante. O edifício tem apenas térreo e mezanino, assim gabarito não destoa do dos entornos, que é composto basicamente por térreo mais um ou dois pavimentos. Além disso, o baixo gabarito torna a área mais segura para os usuários. (Figura 50) Para fazer a separação do espaço público e privado, foi colocada uma cerca com vegetação trepadeira, atenuando ainda mais o contato dos usuários com ela, que
Figura 50: Vista aérea. Fonte: Elaboração própria, 2018.
já havia sido reduzido pela presença de edifícios cercando o pátio central, fazendo com que ela só fosse vista e acessada por locais específicos.
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7.4 o edifício O acesso principal ao edifício é marcado por um pórtico de alvenaria pintada
hospedagem e lazer e terapias, além de outras.
na cor laranja para que ele tenha um destaquem em relação ao restante do bloco social. (Figura 51) Ele fica recuado em relação à rua e a transição ocorre por meio da praça, tornando tanto a área mais agradável quanto o prédio mais
Nos cortes e fachadas é visível a relação das alturas dos diferentes blocos da edificação e dos desníveis do terreno. (Figuras 54 e 55) O bloco de lazer e terapias, por exemplo, tem um pé direito mais alto que os demais, por conta da existência de espaços que
visível.
exigem isso, como a sala de dança.
Nas figuras 52 e 53 pode ser visto uma setorização um pouco mais detalhada dos espaços, facilitando a compreensão dos fluxos e os espaços que tem uma maior interação com o pátio central, como é o caso da recepção, das áreas de estar, estudos, refeitório, serviços,
Ainda nessas imagens, é mostrado o elemento mais alto do edifício como sendo a caixa d’água, com um nível de +11,50m. Os demais blocos têm apenas pavimento térreo ou térreo e mezanino, como é o caso do bloco social e do bloco de lazer e terapias.
Figura 51: Entrada Principal. Fonte: Elaboração própria, 2018.
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PLANTA BAIXA TÉRREO ESCALA: 1/750 01
5
10
Figura 52: Planta Baixa. Fonte: Elaboração própria, 2018.
escala 1:750
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PLANTA MEZANINO ESCALA: 1/750 01
5
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Figura 53: Planta Mezanino. Fonte: Elaboração própria, 2018.
escala 1:75
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Figura 54: Cortes. Fonte: Elaboração própria, 2018.
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Figura 55: Fachadas. Fonte: Elaboração própria, 2018.
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7.5 bloco social O bloco social foi ampliado em algumas imagens, de forma a facilitar a compreensão e a visualização dos espaços. Na figura 56 a ampliação é da área de recepção, diagnóstico e apoio e auditório. A área de recepção conta com uma área de espera com dois lavabos acessíveis e, após o controle de entrada, uma sala de estar para os visitantes.
Ao lado, fica a área de diagnóstico e apoio, onde os jovens são examinados e admitidos na instituição, além participarem de sessões de terapia em sua estadia, tanto individuais, quanto com a família e em grupo. Contando então com salas de psicólogos, psiquiatra, terapias de grupo e familiar. Tanto essa área quanto a do auditório são também de suporte aos pais, familiares e amigos, instruindo-os acerca de como lidar com a doença.
103
Figura 56: Ampliação 1. Fonte: Elaboração própria, 2018.
104
As salas do diagnóstico e apoio tentam ainda trazer algum contato com a natureza, inclusive por pequenos jardins internos, quando aberturas diretas para as áreas externas não são possíveis. (Figura 56) Na figura 57 são mostrados os expositores na praça pública, onde seriam expostos os trabalhos artísticos feitos pelos os adolescentes no centro, chamando atenção da comunidade e das pessoas que passam pela praça, tornando a área mais interessante e divertida. Como pode ser observado nas fachadas (Figura 55) e nas perspectivas, tanto nas áreas externas quanto internas, diversas cores são utilizadas, principalmente aquelas consideradas terapêuticas, vistas ainda no capítulo 3, com destaque para laranja, azul esverdeado e amarelo, como ocorre na recepção. (Figura 58) Elas acabam tornando os ambientes mais dinâmicos e criativos.
Figura 57: Expositores. 105 Fonte: Elaboração própria, 2018.
Figura 58: Recepção. Fonte: Elaboração própria, 2018.
106
A ampliação 2 (Figura 59) mostra as áreas de estar, estudos e o refeitório. Na área de estar existe um pé direito duplo, onde foi colocada uma árvore, que poderia ter entre pequeno e médio porte e que não precisasse de iluminação direta, como a jabuticabeira. Nessa área existem ambientes como a sala de TV, que pode ficar integrada à sala de estar ou fechada por meio de portas de correr. Existem duas salas de descanso coletivas,
sendo uma feminina, no pavimento térreo, e outra no mezanino, masculina. Nelas, tanto os funcionários quanto os adolescentes que passam apenas meio período na instituição podem relaxar ou dormir. Para essas pessoas, existe uma área com armários, onde eles podem guardar seus pertences. Existem também vestiários, sala de estudos, biblioteca, um refeitório com cozinha e uma pequena lanchonete para pequenos lanches.
107
Figura 59: Ampliação 2. Fonte: Elaboração própria, 2018.
108
O acesso ao mezanino se dá pela escada ou pela plataforma elevatória para cadeirantes. (Figura 60) Essa área conta com uma sala de oficinas e trabalhos manuais, um espaço de estar e jogos, além do já mencionado quarto de descanso coletivo. As áreas com vazios permitem a visualização da sala de estar do térreo e da biblioteca. No outro vazio existente foi colocada uma rede para leitura e relaxamento. (Figura 64)
109
Figura 60: Ampliação 3. Fonte: Elaboração própria, 2018.
110
Nos espaços internos foram utilizadas cores vivas, a fim de deixá-lo mais alegre e dinâmico, como já mencionado.
Figura 61: Perspectiva 1 sala de estar. Fonte: Elaboração própria, 2018.
Para essa mesma finalidade, também foram utilizados diferentes tipos de mobiliários. (Figuras 61 a 64)
111
A grande quantidade de aberturas cria uma maior integração com o meio externo e modelo de esquadria usado (a ser
detalhado adiante) permite a entrada de ventilação e iluminação natural.
Figura 62: Perspectiva 2 sala de estar. Fonte: Elaboração própria, 2018.
112
Figura 63: Perspectiva 1 mezanino sala de estar. Fonte: Elaboração própria, 2018.
No mezanino as aberturas também estão presentes e o contato com a natureza também se ocorre pela visualização e
proximidade da copa da árvore interna. (Figura 63)
113
Figura 64: Perspectiva 2 mezanino sala de estar. Fonte: Elaboração própria, 2018.
As cores e funções dos espaços criam um
diferente, tem uma inclinação e cria algumas
ambiente jovem e aconchegante. Além da laje
áreas com o pé direito mais alto e em outras
nervurada, que além de trazer uma estética
mais baixo.
114
7.6 SERVIÇO E ADMINISTRAÇÃO Os setores administrativo e de serviço ficam posicionadas em um mesmo bloco. A entrada nessa área se dá por uma recepção exclusiva, que da acesso aos dois setores. A chegada de materiais acontece pela área de carga e descarga, que é monitorada pela sala de controle. De lá eles são distribuídos para salas de recebimento específico, para serem armazenados. (Figura 65)
115
Figura 65: Ampliação 4. Fonte: Elaboração própria, 2018.
116
Figura 66: Ampliação 5. Fonte: Elaboração própria, 2018.
117
7.7 LAZER E TERAPIAS A proposta era criar um espaço de diversão, com salas e espaços para atividades artística e esportivas. Para incentivar e gerar mais interesse nos jovens, as salas têm grandes janelas de vidro para se tornarem visíveis para que passa do lado externo. A sala de dança e teatro, por exemplo, tem abertura dos dois lados, sendo um deles para a área do anfiteatro, onde a escada foi pensada para ser também uma arquibancada, que serve tanto às pessoas que vão assistir algo no anfiteatro quanto às que desejam observar as atividades que acontecem na sala de dança. (Figuras 69, 71 e 72)
118
Figura 67: Ampliação 6. Fonte: Elaboração própria, 2018.
119
SALA DE DANÇA E TEATRO SALA DE IOGA E MEDITAÇ ÃO
Figura 68: Sala de dança e teatro. Fonte: Elaboração própria, 2018.
Figura 69: Sala de ioga e meditação. Fonte: Elaboração própria, 2018.
120
121
Figura 70: Bloco de lazer e terapias. Fonte: Elaboração própria, 2018.
Figura 72: Vista superior do anfiteatro. Fonte: Elaboração própria, 2018.
Figura 71: Anfiteatro. Fonte: Elaboração própria, 2018.
122
123
FACHADA DINÂMICA
1,50m
ELEMENTOS PERFURADOS DE ALUMÍNIO PINTADOS EM 3 TONS DE LARANJA
Figura 74: Modelo placa fachada dinâmica. Fonte: Elaboração própria, 2018.
* TRILHOS INFERIORES EMBUTIDOS NO PISO
Figura 73: Detalhe trilhos fachada Fonte: Elaboração própria, 2018.
A parte superior da acesso visual tanto à outras salas (de música e multiuso), como mostra a figura 67, quanto ao anfiteatro. (Figuras 71 e 72) Além das salas de atividades e do anfiteatro, o bloco conta com alguns espaços de estar, como o redário na parte inferior. (Figura 70)
Tanto o térreo quanto o mezanino são compostos por espaços semiabertos, mantendo a relação com o meio natural mais próxima, aproveitando ao máximo a ventilação natural, e com um controle da entrada de luz por meio de uma fachada móvel que corre sob trilhos. (Figuras 69 a 72)
124
7.8 pátio central A área central do terreno fica cercada por edificações e permite em poucos locais o acesso visual às cercas. Essa região é bem ampla, permitindo a realização de atividades ao ar livre, como caminhadas, passeios de bicicleta, entre outros. (Figuras 75, 76 e 77) Nela, ao invés de um parquinho para atender aos mais novos, foi colocada uma escultura interativa, que permite diferentes formas de uso e de apropriação, estimulando a criatividade. (Figuras 78 e 79)
Figura 75: Perspectiva 1 pátio interno. Fonte: Elaboração própria, 2018.
125
126
Figura 76: Perspectiva 2 pátio interno. Fonte: Elaboração própria, 2018. Figura 77: Perspectiva 3 pátio interno. Fonte: Elaboração própria, 2018.
2,14
1,16
127
1,6
0,4
1,4
ESCALA
1/50 0,4
00,15m
0,80
1,5
1,5
1.00
2.86
FMA
FP
1,4
13.00
PISTA DE ROLAMENT
0,4
CALÇADA EM PISO INTERTRAVADO
1,37
1,91
1,8
0,77
0,9
AREIA DE ASSENTAMENTO
2,14
DETALHAMENTO ESCULTURA INTERATIVA - PERSPEC. ISOMÉTRICA
Figura 78: Perspectiva isométrica 2 escultura interativa. Fonte: Elaboração própria, 2018.ESCALA
1/50
1,47
0,4
1,8
1,70
PISO INTERTRAVADO 0,4
.07 .01 .07
1,15
1,50
6.20
1,8
1,4
0,99
0,30 2,00
1,15 0,30
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
1,30
0,80
0,4
1 escultura interativa
DETALHAMENTO ESCULTURA INTERATIVA - PLANTA
0,4
1,16 BRITA COMPACTADA
Figura 79: Planta baixa esculturaDETALHAMENTO interativa. ESCULTURA INTERATIVA - PLANTA Fonte: Elaboração própria, 2018. SOLO COMPACTADO
1 5
OBS: OS ELEMENTOS DA ESCULTURA INTERATIVA POSSUEM ALTURAS E FORMAS VARIADAS.
ESCALA 1/50 DETALHAMENTO PISO INTERTRAVADO ESCALA
Com o acesso visual à todos os blocos, as fachadas encontradas são bem diversificadas, como se pode ver nas figuras 75 a 77.
1/10
1,70
1,15
1,50
0,9
0,30
2,00
1,15
0,30
1,30
0,80
0,80
PRODUCED BY AN AUTODESK EDUCATIONAL PRODUCT
BRISES EM ALUMÍNIO COM PINTURA DE ESMALTE SINTÉTICO NA COR MARROM
Os mesmosDETALHAMENTO brises ESCULTURA INTERATIVA - PERSPEC. ISOMÉTRICA encontrados na 2 ESCALA 1/50 fachada principal, no OBS: OS ELEMENTOS DA ESCULTURA INTERATIVA POSSUEM ALTURAS E FORMAS VARIADAS. bloco social, também aparecem na do pátio interno. (Figuras 77 e 80)
PAREDE EXTERNA DA EDIFICAÇÃO
ESQUEMA CORTINA DE BRISES ESCALA: 1/50 Figura 80: Esquema cortina de brises. Fonte: Elaboração própria, 2018.
1.50
1.50
128
QUARTO ACESSÍVEL ESCALA: 1/125
QUARTO DUPLO ESCALA: 1/125
7.9 HOSPEDAGEM Nesse setor os adolescentes podem ficar hospedados por um curto período e aproveitar de maneira integral as atividades existentes na instituição. Existem 3 opções de quartos para quem deseja ficar nessa área: (Figura 81) - Quartos individuais (com uma cama para o hóspede e bicama para eventuais acompanhantes); - Quartos duplos, para proporcionar
QUARTO INDIVIDUAL ESCALA: 1/125
CORTE QUARTO INDIVIDUAL ESCALA: 1/125
Figura 81: Tipos de quartos. Fonte: Elaboração própria, 2018.
129
maior interação entre os hóspedes (com duas camas e duas bicamas para eventuais acompanhantes); - Quartos acessíveis (com duas camas, uma para o adolescente e outra para um acompanhante fixo). Além dos quartos, existem duas unidades de apoio nesse setor, que contam com: (Figura 83) - Quartos duplos para membros da equipe médica, que estariam como cuidadores, mas a proximidade dos quartos e a maior
Figura 82: Perspectiva hospedagem. Fonte: Elaboração própria, 2018.
convivência possibilitariam estreitar a relação entre eles e os adolescentes; - Enfermarias de apoio para ocasionais necessidades; - Depósitos de medicamentos; - Copas de apoio; - DMLs. Todas as áreas de permanência desse setor foram pensadas de forma a aproveitar ao máximo a ventilação e a iluminação natural. (Figuras 81 e 86)
130
DML
ESTOQUE DE MEDICAMENTOS
COPA
QUARTO EQUIPE MÉDICA + BANHEIRO
ENFERMARIA DE APOIO
APOIO HOSPEDAGEM ESCALA: 1/125
Figura 83: Apoio hospedagem. Fonte: Elaboração própria, 2018.
forro de muxarabi de madeira
terças de madeira para sustentar o forro
quarto
O forro dos blocos de hospedagem são de muxarabi de madeira, com áreas vazadas, possibilitando a entrada de iluminação natural e a exaustão do ar quente dos ambientes internos. (Figura 84) Terças de madeira foram colocadas para apoiar o forro, para que não houvesse a necessidade de tirantes presos à laje nervurada.
Figura 84: Elementos quartos. Fonte: Elaboração própria, 2018.
131
O modelo das esquadrias utilizadas em todo o edifício tem venezianas na parte inferior e superior e vidro na parte central (Figura 85), possibilitando uma livre vizualização das áreas externas. As venezianas permitem a entrada de ventilação e a exaustão do ar quente mesmo que com a parte de vidro fechada. A disposição dos quartos de maneira não linear cria pequenos pátios diferentes entre eles, facilitando a interação entre os usuários. Diferente do que ocorreria em um posicionamento linear. Esses pátios também facilitam o contato com a natureza, à medida que criam áreas gramadas e arborizadas. (Figura 86)
Todas as áreas de permanência desse setor foram pensadas de forma a aproveitar ao máximo a ventilação e a iluminação natural. A coberta dessa área passou por algumas modificações quanto à sua forma, como
DEIXA O AR QUENTE SAIR
DEIXA LIVRE A VISTA
DEIXA O AR FRESCO ENTRAR ampliação modelo esquadria Figura 85: Modelo esquadrias Fonte: Elaboração própria, 2018.
132
PLANTA HOSPEDAGEM ESCALA: 1/500
LEGENDA PISOS
LEGENDA QUARTOS INDIVIDUAIS QUARTOS DUPLOS
QUARTOS ACESSÍVEIS ENFERMARIA + COPA + DML
PISO DRENANTE MARROM CLARO PISO DRENANTE BEGE CLARO GRAMA ESMERALDA
CORTE HOSPEDAGEM ESCALA: 1/500
Figuras 86 e 87: Planta e Cortes Hospedagem. Fonte: Elaboração própria, 2018.
Figura 88: Evolu;áo da coberta. Hospedagem. Fonte: Elaboração própria, 2018.
se pode ver na figura 88. A versão final tem quatro águas inclinadas no mesmo sentido, deixando aberturas para a entrada de ventilação e iluminação, além dos rasgos criados para a passagem da
vegetação. (Figuras 87 e 88) A laje de coberta é nervurada e a telha metálica com inclinação de 10% (como mostra a figura 89), diferenciando-a dos demais blocos, que têm inclinação de 8%.
ALVENARIA CALHA METÁLICA TELHA METÁLICA i= 10% LAJE NERVURADA h= 30cm VIGA EM CONCRETO 20X30CM
DETALHE CALHA ESCALA: 1/25
Figura 89: Detalhe Calha. Fonte: Elaboração própria, 2018.
134
Para dar maior dinamicidade, os blocos foram coloridos de acordo com o tipo. (Figuras 90 e 91) Isso acaba por facilitar
Figura 90: Perspectiva 2 hospedagem. Fonte: Elaboração própria, 2018.
a localização das pessoas dentro desse setor, que seria bem mais difícil com blocos completamente iguais.
135
Figura 91: Perspectiva 3 hospedagem. Fonte: Elaboração própria, 2018.
136
7.10 quadro de esquadrias O projeto conta com diferentes tipos de esquadrias para os diversos locais. Algumas delas com modelos semelhantes, como a apresentada na figura 85, tendo apenas
Tabela 6: Quadro de esquadrias. Fonte: Elaboração própria, 2018.
suas dimensões alteradas. Na tabela 6, esse modelo de janela aparece como J1 e J4. A maioria dos modelos de esquadrias utilizados é de alumínio, vidro e venezianas.
137
138
7.11 Estrutura Como o projeto tem 4 blocos com estruturas praticamente independentes, ela foi analisada de maneira individual para atender às necessidades de casa um. (Figura 92) No setor social e o de serviços puderam ter uma estrutura mais semelhante. Ela é composta por pilares de concreto, vigas em concreto protendido, para atender aos diferentes vãos e laje nervurada. O bloco de lazer e terapias tem pilares circulares, vigas em concreto armado e laje maciça, possíveis devido aos vãos menores mais parecidos. Na área de hospedagem, os pilares são de concreto em “V”, as vigas são faixas e com altura igual à da laje nervurada, para que fiquem embutidas.
Figura 92: Estrutura explodida. Fonte: Elaboração própria, 2018.
139
140
141
consideraçþes finais
142
8. considerações finais O presente trabalho foi realizada a fim de compreender as principais necessidades dos adolescentes que frequentam uma instituição desse tipo, além de entender como a arquitetura e o paisagismo podem ser auxiliadores no tratamento e no bemestar desses pacientes. Com isso e com os dados alarmantes apresentados sobre a doença, poderia ser proposta a criação de um centro de apoio para adolescentes com depressão. Os Capítulos 3 e 4, principalmente, foram de suma importância para o melhor entendimento do tema e facilitaram as etapas de definição do programa de necessidades e do fluxograma, onde se analisou questões importantes, como a presença dos quartos de membros da equipe junto aos dos pacientes, propiciando uma maior interação, melhorando a relação entre eles.
O programa de necessidades e o estudo das condicionantes do terreno escolhido, assim como a relação com o entorno, fundamentaram o desenvolvimento do projeto e uma setorização e zoneamento dos espaços, junto com as atrelada às diretrizes projetuais. Foi observada principalmente a grande importância de elementos naturais, vista como de grande relevância no processo de tratamento da depressão, assim como no de outras doenças. Não só se fez importante a presença de vegetação, mas de iluminação natural. Foram apresentadas também algumas outras características consideradas importantes desse tipo. A primeira delas é suporte social, que pode ser alcançado por ambientes que propiciem a interação, tanto dos pacientes quanto da equipe. A recreação e o entretenimento também são visados, trazendo uma maior distração dos
143
pacientes em relação às suas questões e gerando o interesse deles por algumas atividades. A comida saudável é outro ponto visado em ambientes assim. Para isso, é interessante a existência de hortas, que auxilia inclusive na interação. Por fim, espaços para a prática de atividades físicas e a presença de áreas verdes, como já dito anteriormente, se fazem de grande importância. Por fim, o produto final mostra a materialização das ideias e propostas, além de trazer soluções para algumas questões encontrados no capítulo 3, possíveis apenas devido ao domínio do assunto obtido em toda a etapa de pesquisa. Espera- se também levantar reflexões sobre a questão alarmante da depressão e como a arquitetura e o paisagismo podem auxiliar no tratamento tanto dessa quando de outras doenças.
referĂŠncias
146
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