Dispersão de Rutherford Michael Fowler Universidade de Virgínia Rutherford como Macho Alpha [Rutherford era] um "chefe tribal", como referiu um estudante. (Richard Rhodes, The Making of the Atomic Bomb, página 46) Em 1908 Rutherford foi galardoado como o Prémio Nobel da Química! A nota que justificava a atribuição do prémio referia: “pelas suas investigações sobre a desintegração dos elementos e a química das substâncias radioativas.” Enquanto esteve na Universidade McGill, descobriu que o elemento radioativo Tório emitia um gás que era também radioativo, mas se a radioatividade do gás fosse monitorizada separadamente da do Tório, verificava-se que esta diminuia geometricamente, para aproximadamente metade do seu valor a cada minuto que passava. O gás que Rutherford descobriu era um isótopo de Radon, com um tempo de vida curto, tendo efetuado a pirmeira determinação de meia-vida para um material radioativo. Os químicos estavam impressionados, pois Rutherford estava a dar nova vida ao sonho ancestral da alquimia de transmutar elementos, ou pelo menos a demonstrar que era possível fazê-lo. O próprio Rutherford observou, na cerimónia de atribuição do Prémio Nobel, que “tinha visto muitas transformações de variada duração, mas a mais rápida com que se deparou foi a sua transformação de físico para químico”. Ainda assim, o Prémio Nobel, seja de que “disciplina” for, é sempre bom de receber, por isso designou a sua palestra oficial, aquando da atribuição do Prémio, de “A natureza química das partículas alpha de substâncias radioativas”. (Rutherford referiu que a sua partícula favorita era um átomo de Hélio ionizado, que por remoção de eletrões se torna numa partícula alpha. Após a compressão deste gás raro, procedeu a uma descarga elétrica que atravessou o gás, o que lhe permitiu observar o espetro do Hélio na luz emitida.) Rutherford era quem mais se destacava no estudo da física das partículas alpha. Em 1906, na Universidade McGill, foi o primeiro a detetar pequenos desvios das partículas alpha ao atravessar a matéria. Em 1907, tornou-se professor na Universidade de Machester, onde trabalhou com Hans Geiger. Isto ocorreu apenas um ano após o seu antigo chefe, J. J. Thomson, ter escrito a sua tese sobre o modelo atómico do pudim de passas, sugerindo que o número de eletrões num átomo era semelhante ao seu número atómico. (Algum tempo depois, especulou-se que os átomos continham milhares de eletrões. Assumia-se que os eletrões contribuíam para grande parte da massa do átomo.) A forma como os eletrões se distribuíam no átomo continuava a ser um mistério. A experiências de Mayer com o magnetismo eram fascinantes, mas não levavam a nenhuma conclusão quantitativa sobre a distribuição dos eletrões no átomo. A descoberta de Rutherford, em 1906, de que as partículas alpha eram ligeiramente desviadas ao passar pelos átomos, ocorreu quando este procurava a relação entre a massa e a carga, ao medir o desvio por efeito de um campo magnético. Detetou as partículas alpha quando estas chocaram com filme fotográfico. Quando as levava a atravessar uma folha fina de mica antes de atingirem o filme, descobriu que a imagem estava “desfocada” nas extremidades, tornando-se evidente que a mica provocava um desvio das partículas de um ou dois graus. Rutherford também sabia que o desvio provocado nas partículas alpha pelos eletrões do átomo não seria possível de determinar, já que a massa das partículas alpha é de cerca de 8000 vezes maior que a dos eletrões, o número de eletrões no átomo é de apenas algumas dezenas, e as partículas alpha movem-se a velocidades muito elevadas. A massa do átomo deveria estar relacionada