O papel das visitas de estudo no ensino das ciências – O ambiente marinho entre-marés Ferreira & Silva, 2010
2.3. Aula Posterior à Visita de Estudo A aula posterior à visita de estudo é um momento crucial na execução deste tipo de actividade prática, na medida em que permite que os alunos organizem e inter-relacionem a aprendizagem efectuada durante a visita de estudo com os conhecimentos pré-adquiridos (Keown, 1984; Rudmann, 1994) e se auto-avaliem. Para tal, é necessário que os materiais fornecidos pelo professor sirvam para a realização de actividades de aplicação e consolidação do processo de ensino-aprendizagem desenvolvido na visita de estudo e iniciado na aula anterior, colmatando falhas e dificuldades de aprendizagem. A ficha de auto-avaliação (Quadro 2.4) terá como finalidade promover a reflexão dos alunos sobre o trabalho por eles realizado, dando-lhes a possibilidade de tomar consciência das competências que conseguiram, ou não, mobilizar. Esta ficha também permite que o professor tenha acesso a alguma informação sobre a evolução das capacidades metacognitivas dos alunos (Leite, 2000). Nesta aula não se pretende que haja a discussão exaustiva de todas as questões abordadas no guião do aluno. Pretende-se sim que se evidenciem alguns aspectos da visita de estudo, nomeadamente nas questões onde o professor verificou, após a avaliação do guião, que os alunos da turma apresentaram maiores dificuldades. Deste modo, torna-se possível a consolidação de algumas indicações referidas nas sugestões para o professor apontadas nas questões da visita de estudo seleccionadas. Sugere-se, por exemplo, que o professor realize a discussão das questões 19 e 20, relacionadas com o impacte ambiental provocado pelo petroleiro Prestige e com a sobreexploração de recursos marinhos, respectivamente, para introduzir a temática “Perturbações no equilíbrio dos ecossistemas” (Ministério da Educação, 2002). A sugestão de discussão destas questões nesta parte da visita de estudo deve-se ao facto de que esta, muito dificilmente, será possível de realizar durante a visita de estudo. No final da aula posterior, pretende-se, sobretudo, que os alunos fiquem a compreender que o ecossistema marinho entre-marés é definido pela existência de uma distribuição específica dos organismos de acordo com a sua capacidade de adaptação a determinados factores abióticos. Este padrão espacial é designado por zonação. Por exemplo, os organismos que suportam facilmente a exposição ao ar serão encontrados na parte superior da praia e, aqueles que são mais sensíveis a este factor limitante, serão encontrados na parte inferior. Para além disso, os alunos devem constatar que neste ecossistema, como em outro qualquer, ocorrem relações bióticas, fluxos de energia e ciclos de matéria, estando também sujeito a perturbações no seu equilíbrio. Assim sendo, de modo a 73